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Conteúdo - Cultura da Convergência

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DEFINIÇÃO 
Formação de comunidades em rede, configuração das redes sociais e de 
novas formas de participação e interação do sujeito. 
PROPÓSITO 
Refletir sobre como a cultura da convergência permite a compreensão das 
transformações sociais, culturais, políticas e tecnológicas nos cenários 
comunicacional e informacional. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Identificar o novo paradigma da transformação midiática no âmbito das 
inovações tecnológicas e de suas repercussões na sociabilidade 
MÓDULO 2 
Aplicar os conceitos de mobilização social, ágora digital e transpolítica no 
presente contexto socioinformacional 
INTRODUÇÃO 
Pense sobre o papel das redes sociais na sua vida e, principalmente, os 
contextos, as situações e as motivações de uso de cada uma delas. Depois de 
compreender as suas especificidades, analise como a cultura da convergência 
permite que você poste, curta, compartilhe, comente e transite por entre 
assuntos − dos mais leves aos mais complexos. 
 
Por 13_Phunkod | Fonte: Shutterstock 
Vivemos em uma sociedade que, aparentemente, não consegue mais se 
desfazer da internet, com todos os benefícios (e malefícios?) trazidos por ela. 
As convergências chegaram a tal ponto que não basta ter todas as informações 
na palma da mão e a um clique de distância. Atualmente, acompanhamos os 
debates político-partidários acalorados nas comunidades virtuais e os 
compartilhamentos de múltiplas ideologias nas redes sociais. 
É NECESSÁRIO, PORTANTO, QUE NOS 
QUESTIONEMOS: COMO OCORREM ESSES 
PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO? QUAIS SÃO AS 
ESTRUTURAS E OS AGENCIAMENTOS 
ENVOLVIDOS NESSAS QUESTÕES? DE QUE MODO 
PASSAMOS DE USUÁRIOS A ATORES SOCIAIS 
PARTICIPANTES DE UMA CIBERDEMOCRACIA? 
MÓDULO 1 
 
Identificar o novo paradigma da transformação midiática no âmbito 
das inovações tecnológicas e de suas repercussões na sociabilidade 
A cultura da convergência é um novo paradigma no cenário comunicacional, 
não apenas pelas inovações tecnológicas que a acompanham, mas pela forma 
como reelabora as relações sociais, políticas, culturais e econômicas em 
ambientes que integram a vida online com a vida offline. 
É, portanto, um propulsor das muitas transformações midiáticas que 
acompanhamos cotidianamente pelas redes sociais, pelo acesso em 
plataformas de streaming ou mesmo pelo consumo em comércios eletrônicos. 
 
Por SFIO CRACHO | Fonte: Shutterstock 
CULTURA DA CONVERGÊNCIA 
TALVEZ VOCÊ CONHEÇA O 
TERMO CONVERGÊNCIA, MAS SABERIA 
DETERMINAR O QUE FAZ DELE UMA CULTURA 
QUE JÁ É PARTE DA VIDA MATERIAL, 
INTELECTUAL, PROFISSIONAL E SOCIAL DE UM 
NÚMERO IMENSO DE PESSOAS AO REDOR DO 
MUNDO? 
Uma resposta possível para isso, especialmente em contextos comunicacionais 
e informacionais, está em Henry Jenkins. Ele afirma que ao falar em 
convergência se refere: 
(...) AO FLUXO DE CONTEÚDOS ATRAVÉS DE 
MÚLTIPLAS PLATAFORMAS DE MÍDIA, À 
COOPERAÇÃO ENTRE MÚLTIPLOS 
MERCADOS MIDIÁTICOS E AO 
COMPORTAMENTO MIGRATÓRIO DOS 
PÚBLICOS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, 
QUE VÃO A QUASE QUALQUER PARTE EM 
BUSCA DAS EXPERIÊNCIAS DE 
ENTRETENIMENTO QUE DESEJAM. 
(JENKINS, 2008) 
Em outros termos, à cultura da convergência corresponderiam não apenas 
transformações tecnológicas, mas também transformações culturais em escala 
global. Logo, estamos falando de consumidores (usuários ou prosumers) 
instigados a procurar informação, fazer conexões, criar inter-relações e, assim, 
buscar ligações implícitas ou explícitas entre os meios de comunicação 
colocados em dispersão e variabilidade. 
Segundo Jenkins (2008), pensar a cultura da convergência é refletir sobre 
como ela ocorre dentro dos cérebros dos consumidores individuais e em 
suas interações sociais com outros. 
PROSUMERS 
Termo em inglês que une as palavras producer (produtor) 
e consumer (consumidor), caracterizando esse papel duplo. 
MIGRAÇÃO DIGITAL 
javascript:void(0)
Acompanhando as múltiplas transformações causadas pela cultura de 
convergência, temos o crescimento da chamada migração digital. Tal 
expressão conceitual encontra guarida nas explicações do intelectual espanhol 
Lorenzo Vilches que, de forma pioneira, estabeleceu que existe uma migração 
das maneiras de se fazer economia e consumir conectadas às lógicas dos 
meios de comunicação e da sociedade da informação. 
De acordo com Vilches (2001), a migração digital diz respeito, acima de tudo, a 
sujeitos interconectados que chegam à nova fronteira da comunicação e 
do real. Uma fronteira que não separa mais geograficamente o globo, mas 
redefine, inclusive, o conceito de globalização. Um cruzamento não apenas de 
limites geográficos, mas também dos (citados) limites comunicacionais e reais. 
 
Por Phonlamai Photo | Fonte: Shutterstock 
Dessa maneira, vale a pena pensar como as novas conformações dos meios 
digitais aproximam as pessoas, as corporações, os espaços culturais, os 
ambientes educacionais etc. Como tudo, porém, essa não é uma posição 
consensual: há posicionamentos críticos que apontam justamente o oposto − 
como as relações sociais são afetadas por essa migração que, ao fim, acaba 
por produzir distanciamento, isolamento social e exclusão digital. 
NESSE SENTIDO, SOMOS TODOS 
EMIGRANTES DE UMA NOVA ECONOMIA 
CRIADA PELAS TECNOLOGIAS DO 
CONHECIMENTO, QUE SUPÕE O 
DESLOCAMENTO PARA UM PLANETA 
ALTAMENTE TECNIFICADO. 
(VILCHES, 2001) 
Por fim, de acordo com o autor, a migração digital nos mostra que novos 
serviços e novas formas de informação artística, cultural, audiovisual e estética 
começam a fazer parte de metassistemas de informação interconectados, ou 
seja, que são parte de uma cultura da convergência que se moderniza 
diariamente. 
METASSISTEMAS 
Metassistema é um conjunto de elementos/engrenagens, dentro de outro 
sistema maior. Tem por função a descrição, a modelação e a análise de outros 
sistemas com os quais se vinculam. 
METASSISTEMAS DE INFORMAÇÃO 
Pautados pela cultura da convergência e pela migração digital, os 
metassistemas de informação podem ser entendidos como parte de 
javascript:void(0)
uma sociedade em rede, na qual existe a necessidade de interconectar os 
modelos comunicacionais tradicionais e emergentes. 
Caracterizados pela fusão da comunicação interpessoal com a de massa, 
segundo Cardoso (2007), eles possibilitam a conexão entre receptores e 
emissores em uma nova matriz de conhecimento informacional. Essa matriz 
parte de vinculações hipertextuais e as interliga aos mais variados dispositivos 
de mídia usados pelas pessoas no mundo todo. 
 
Por metamorworks | Fonte: Shutterstock 
javascript:void(0)
SOCIEDADE EM REDE 
Sociedade interconectada não apenas pela internet, mas também por outras 
redes informacionais, como de informação financeiras ou governamentais. 
Em consequência aos processos de convergência, os metassistemas de 
informação passam por uma complexificação progressiva de suas estruturas 
internas, tornando essencial a geração de códigos informacionais auto-
organizadores. 
SÃO OS CHAMADOS PROCESSOS DE MACHINE 
LEARNING, ISTO É, OS PROCESSOS DE 
APRENDIZADO DAS MÁQUINAS COMO FORMA DE 
COMPREENSÃO DOS ALGORITMOS E DA 
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL QUE MELHORAM AS 
EXPERIÊNCIAS DOS USUÁRIOS CONECTADOS EM 
REDE. 
Como a migração digital possibilita não apenas uma amplitude de acesso aos 
seus usuários, mas um processo 
de automatização, atualização, aprimoramento e aprendizado 
contínuo interno a esses metassistemas, os processos ocorrem por meio das 
próprias máquinas que fazem parte dos metassistemas (daí a ideia de “meta” = 
aquele ou aquilo que produz reflexão sobre si). 
Mesmo em um cenário de mutações tecnológicas constantes, é preciso lembrar 
a importância dos meios de comunicação tidos como tradicionais (a imprensa, 
a TV, o rádio, entre outros). A justificativa para essa posição é assinalada por 
Cardoso (2007) ao afirmar que os metassistemas de informação também são 
constituídos por ambientes do mundo offline. 
 
Por PhonlamaiPhoto | Fonte: Shutterstock 
POR ISSO TEMOS DE QUESTIONAR SOBRE 
COMO A TELEVISÃO, O RÁDIO E OS JORNAIS 
MUDARAM OS SEUS CONTEÚDOS, AS 
FORMAS DE JORNALISMO E AS 
ESTRATÉGIAS ECONÔMICAS COM A 
CHEGADA DA INTERNET. 
(CARDOSO, 2007) 
Afinal, a cultura da convergência postula justamente a integração entre as 
muitas formas do fazer comunicacional e não apenas entre aquelas já nascidas 
nos ambientes online. 
CENÁRIO E HISTÓRICO DAS REDES 
SOCIAIS 
Na atualidade, com os usos das redes sociais expandidos para além de um 
mero entretenimento, torna-se impossível ignorar o papel das sociabilidades 
digitais desenvolvidas por meio das redes, das comunidades virtuais e dos 
espaços criados originalmente na Web e que, logicamente, não se restringem 
somente a ela. Assim, como resultado direto dos processos de convergência e 
migração digital, é possível vislumbrar, nas redes sociais e nas comunidades 
virtuais, a representação mais nítida de como as transformações midiáticas 
afetam a vida cotidiana dos sujeitos. Pessoas e marcas desejam estar visíveis. 
As redes sociais na internet constroem formas de interação que são únicas do 
ponto de vista de ruptura com as noções de proximidade física. Algo que, na 
visão de alguns teóricos, promove, além da mobilidade simbólica no campo das 
ideias, uma mobilidade muito mais objetiva a partir da ascensão e da 
estabilidade dos celulares (smartphones) e de outros dispositivos móveis como 
parte da vida ordinária. 
 
Por Chinnapong | Fonte: Shutterstock 
 
Por New good ideas | Fonte: ShutterstockAs funcionalidades de um 
smartphone condensam várias das nossas atividades cotidianas e produzem, 
ao fim, processos de mobilidade extremamente significativos. 
Observa-se que a própria dinâmica da industrialização e da urbanização da era 
moderna é responsável por introduzir a noção de que precisamos estar sempre 
em movimento, em ação. Então, nas palavras de André Lemos (2007), as 
mídias reconfiguram os espaços urbanos (dos subúrbios aos centros) e as 
zonas rurais, já que o uso de celulares, o acesso à internet, a participação em 
redes sociais e a construção de comunidades virtuais não se restringem 
apenas ao espaço das urbes. 
EXEMPLO 
Essa reconfiguração de espaços rurais, assim como do alcance e das 
potencialidades da mídia digital, é retratada no premiado filme Bacurau (2019), 
de Kleber Mendonça Filho. Nele, uma comunidade do interior no Nordeste se 
mobiliza através das redes e dos dispositivos móveis para se defender. 
Enquanto drones passeiam pelos céus, e estrangeiros chegam à cidade, os 
habitantes do pequeno povoado percebem que ele não consta mais no Google 
Earth. Diante das ameaças que surgem, os habitantes identificam os inimigos e 
criam coletivamente um meio de defesa. 
Tal fenômeno (conectando as discussões sobre mobilidade e redes sociais) 
também avança ao terreno acadêmico que busca por definições para entender 
o que se passa na sociedade. 
A ATUAL INTERCONEXÃO GENERALIZADA 
ENTRE AS PESSOAS TEM CHAMADO A 
ATENÇÃO (...) SOBRE SEUS EFEITOS NO 
QUADRO DAS RELAÇÕES INDIVIDUAIS E 
IGUALMENTE NA FORMA COMO OS 
COLETIVOS SE COMPORTAM QUANDO SE 
CONSTITUEM COMO REDES DE ALTA 
DENSIDADE. 
(COSTA, 2005) 
Por essa ótica de leitura comunicacional, é relevante observar o exercício 
coletivo de construção da informação providenciado nas comunidades virtuais. 
No campo do jornalismo, por exemplo, acrescentam-se comentários e novas 
análises nas redes sociais, envolvendo usuários e produtores das informações. 
Recuero (2009) afirma que as redes sociais, em última análise, 
acrescentam valor às notícias. 
 
1969 
Em termos históricos, os primeiros relatos de serviços que permitiam algum de 
tipo de compartilhamento ou socialização de dados entre os usuários de um 
sistema informatizado surgiram a partir de 1969. Isso se deu com o 
desenvolvimento da tecnologia dial-up e, por fim, segundo D’Aquino (2012), 
com o lançamento do CompuServe (Serviço comercial de conexão à internet 
em nível internacional muito propagado nos EUA). 
 
1971 
Segundo D’Aquino (2012), outro passo importante nessa evolução foi o envio 
do primeiro e-mail em 1971, sendo seguido sete anos mais tarde pela criação 
do Bulletin Board System (BBS), um sistema criado por dois entusiastas de 
Chicago para convidar seus amigos para eventos e realizar anúncios pessoais. 
Essa tecnologia usava linhas telefônicas e um modem para transmitir os dados. 
 
 
 
1985 
O fato mais marcante que compõe o surgimento das redes sociais e a 
possibilidade de comunidades virtuais se dá a partir da America Online (AOL), 
em 1985, quando as pessoas podiam criar perfis virtuais e comunidades para 
trocar informações e promover discussões sobre assuntos diversos. 
 
1990 
De acordo com D’Aquino (2012), até o início da década de 1990, houve um 
grande avanço na infraestrutura dos recursos de comunicação. Por exemplo, 
em 1984 surgiu um serviço chamado Prodigy para desbancar o CompuServe 
— feito alcançado uma década depois. 
 
 
 
2020 
O uso das redes sociais cresceu a ponto de alguns estudiosos postularem que 
o termo comunidade demonstra peculiaridades nunca antes vistas ou mesmo 
que tenha mudado de sentido. Há quem fale da falência das comunidades e do 
desgaste desse termo, enquanto outros miram as possibilidades e mesmo os 
focos de resistência. 
A SENSAÇÃO DE PERTENCIMENTO NAS 
COMUNIDADES VIRTUAIS 
A busca pelo senso de comunidade é algo que, obviamente, antecede e muito 
o advento das redes sociais. 
Como muito bem explica Zygmunt Bauman (2003), atualizando O mal-estar 
na civilização de Freud, fazer ou não fazer parte de um grupo é algo que a 
evolução humana apresenta em toda a sua trajetória biopolítica e social. 
 
Por Rawpixel.com | Fonte: Shutterstock 
ZYGMUNT BAUMAN 
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Zygmunt Bauman foi um sociólogo polonês de origem judaica nascido em 
1925. Ele teve de se refugiar com sua família na então União Soviética quando 
os nazistas invadiram a Polônia em 1939. Após o término da Segunda Guerra, 
Bauman se formou em Sociologia pela Universidade de Varsóvia, onde 
posteriormente passou a lecionar. Em 1971, ele recebeu uma cátedra em 
Sociologia na Universidade de Leeds, Inglaterra, ocupando-a até 1990. 
Bauman continuou vivendo em Leeds como professor emérito e nesse período 
escreveu suas principais obras e manteve influente presença no debate público 
até sua morte, em 2017. 
 
Por Fonte: Gil C | Fonte: ShutterstockAs comunidades eram o forte da rede 
social mais popular dos anos 2000. 
Algo que é, muitas vezes, complexo e contraditório, pois, como lembra 
Bauman, não ter comunidade significa não ter proteção, ainda que a vida em 
comunidade dependa do cerceamento de algumas liberdades. 
No universo digital, muitas são as semelhanças que acompanham as 
constituições sociais, identitárias, políticas e culturais por entre as comunidades 
pré-redes sociais até a criação das virtuais. 
Estamos em um momento no qual a figura do prosumer que atua nas redes 
sociais ganha novos contornos, especialmente quando o tema da vez são as 
produções jornalísticas. 
 
Fonte: WikimediaProsumers 
Isso se dá, entre outros pontos, porque participantes de comunidades virtuais 
vão atuar nas redes sociais com um papel informativo em diferentes vetores; 
segundo Recuero (2009), como fontes, como filtros ou como espaço de 
reverberação das informações. 
SÃO RELAÇÕES EXTREMAMENTE RELEVANTES 
PARA O JORNALISMO NO ESPECTRO DO ESTUDO 
DAS REDES SOCIAIS. 
Logo, as consequências práticas (no continuum da vida online e offline) são 
vistas, por exemplo, no papel das redes sociais e das comunidades virtuais na 
construção ou deposição de figuras políticas, de regimes de governo, de 
manifestações sociais e uma infinitude de outras práticas de atuação que não 
se prendem mais única e somente ao ciberespaço. 
ESTRUTURA E AGENCIAMENTO DAS 
REDES SOCIAIS 
A estruturadas redes sociais permite que ocorram conexões por um ou vários 
tipos de relações, além de compartilhamento de valores e de objetivos comuns 
entre pessoas, organizações, instituições e mesmo inteligência artificial das 
mais variadas naturezas. 
Como é o caso dos chatbots, programas de computador cada vez mais 
aperfeiçoados que emulam conversas, tons e linguagem coloquial com 
usuários de várias plataformas. 
 
Por denvitruk | Fonte: Shutterstock 
Sob essa lente de análise, Elizabeth Saad ainda mostra que as redes sociais 
colocam como a base de sua estrutura, necessariamente, um termo que se 
tornou a palavra-chave das relações sociais hodiernas: a visibilidade. 
COM O PREDOMÍNIO DE PLATAFORMAS 
SOCIAIS E DOS APPS QUE INCENTIVAM A 
MOBILIDADE PARTICIPATIVA, 
PERSONALIZADA, GEOLOCALIZADA E 
OPORTUNIZADA DE QUEM POSSUI ALGUM 
DISPOSITIVO CONECTADO À REDE, 
ASSISTIMOS A UM EXERCÍCIO (E QUASE 
UMA BATALHA) COLETIVO DE CAPTURA DAS 
ATENÇÕES. 
(SAAD, 2016) 
As formas de agenciamento produzidas pelas redes sociais digitais tangenciam 
a compreensão de que os sujeitos que se movem nesses espaços de 
comunidades virtuais são lidos como atores sociais. 
Em outros termos, o “agir” não está reservado unicamente a uma dimensão 
moral das escolhas voluntárias. Ao contrário, o agenciamento é também uma 
forma de demonstração de como se pode agir de maneira nem sempre 
consciente ou proposital, ainda mais tratando-se do agir coletivo nas 
comunidades virtuais, visto como um reflexo que só é possível pela própria 
estrutura participativa das redes sociais. 
A discussão sobre o coletivo e o individual dentro da estrutura e do 
agenciamento das redes sociais passa por um processo de negociação entre 
as preferências, os valores e as crenças dos atores que fazem parte dessas 
comunidades virtuais. A interconexão deixa mais evidente como nossas 
preferências se relacionam e podem ser moldadas pelas preferências dos 
outros. 
 
Por Julia Tim | Fonte: Shutterstock 
E NÃO PODEMOS ESQUECER QUE TAL 
NEGOCIAÇÃO NÃO É NEM EVIDENTE NEM 
TAMPOUCO FÁCIL. ALÉM DISSO, O QUE 
CHAMAMOS DE PREFERÊNCIAS 
"INDIVIDUAIS" SÃO NA VERDADE FRUTO DE 
UMA AUTÊNTICA CONSTRUÇÃO COLETIVA, 
NUM JOGO CONSTANTE DE SUGESTÕES E 
INDUÇÕES QUE CONSTITUI A PRÓPRIA 
DINÂMICA DA SOCIEDADE. 
(COSTA, 2005) 
Mas se, dentro ou fora da rede, a elaboração das preferências individuais 
envolve o coletivo, como apontado por Saad, a rede traz uma possibilidade − e, 
em alguns casos, uma demanda de visibilidade −, além de uma agilidade na 
interação, que modula diferentemente a relação indivíduo-coletivo. 
Entenda um pouco mais sobre comunidades virtuais, coletivos em rede e redes 
de movimentos sociais. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. OS METASSISTEMAS DE INFORMAÇÃO SÃO 
ENTENDIDOS COMO PARTE DE UMA SOCIEDADE EM REDE 
NA QUAL A INTERCONEXÃO COMUNICACIONAL É A 
PALAVRA-CHAVE QUE GUIA AS RELAÇÕES DE MERCADO. 
POR ISSO, A CULTURA DA CONVERGÊNCIA AGE NOS 
METASSISTEMAS DE INFORMAÇÃO DE MODO A: 
Gerar um cenário de mutações tecnológicas constantes, no qual os meios de 
comunicação tidos como tradicionais são deixados de lado porque já não têm 
audiência. 
Ignorar a forma como os ambientes do mundo offline influenciam e agem na 
sociedade contemporânea em ambientes online. 
Integrar as muitas formas do fazer comunicacional exclusivamente já nascidas 
e desenvolvidas nos ambientes online. 
Interconectar os modelos comunicacionais tradicionais e emergentes e 
possibilitar que receptores e emissores interajam em uma nova matriz de 
conhecimento informacional. 
2. SEGUNDO SAAD (2016), COMO PARTE DAS 
CORRELAÇÕES ENTRE A ESTRUTURA E O 
AGENCIAMENTO PRÓPRIO DAS LÓGICAS 
CONFIGURADORAS DE INTERAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NAS 
REDES SOCIAIS, É CORRETO AFIRMAR QUE A 
“VISIBILIDADE” É UM TEMA MUITO CARO AOS 
PARTICIPANTES DESSES ESPAÇOS DIGITAIS. O PESO E A 
IMPORTÂNCIA DA “VISIBILIDADE” NESSE CONTEXTO SE 
DÃO PORQUE: 
A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas 
sociais e programas de TV que incentivam a mobilidade participativa, ao 
permitirem a discussão político-partidária monológica apenas entre os que 
compartilham dos mesmos valores. 
A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas 
sociais e apps que incentivam a mobilidade participativa, personalizada, 
geolocalizada e oportunizada de quem possui algum dispositivo analógico sem 
conexão à rede. 
A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas 
sociais e veículos de comunicação tradicional que incentivam a volta aos 
hábitos de consumo operacionalizados exclusivamente pela mídia imprensa. 
A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas 
sociais e apps que incentivam a mobilidade participativa, personalizada, 
geolocalizada e oportunizada de quem possui algum dispositivo conectado à 
rede. 
GABARITO 
1. Os metassistemas de informação são entendidos como parte de uma 
sociedade em rede na qual a interconexão comunicacional é a palavra-
chave que guia as relações de mercado. Por isso, a cultura da 
convergência age nos metassistemas de informação de modo a: 
A alternativa "D " está correta. 
 
 
Os metassistemas de informação se modificaram com a interconexão trazida 
pela internet e configurada na cultura de convergência, que envolve a 
comunicação online e offline, tradicional e emergente. Os próprios conteúdos 
da TV, do rádio e dos jornais mudaram, possibilitando novas formas de 
participação e consumo. 
2. Segundo Saad (2016), como parte das correlações entre a estrutura e o 
agenciamento próprio das lógicas configuradoras de interação e 
participação nas redes sociais, é correto afirmar que a “visibilidade” é um 
tema muito caro aos participantes desses espaços digitais. O peso e a 
importância da “visibilidade” nesse contexto se dão porque: 
A alternativa "D " está correta. 
 
 
Na obra Visibilidade e consumo da informação nas redes sociais, de 2016, a 
autora Elizabeth Saad aponta que existe um exercício coletivo, entendido 
quase como uma batalha pela captura das atenções nos ambientes digitais das 
redes e comunidades virtuais. Para a autora, estar visível nas redes digitais 
parece ser um mantra da contemporaneidade para pessoas, marcas e toda a 
expressão comunicativa gerada pelas conexões digitais. (SAAD, 2016) 
MÓDULO 2 
 
Aplicar os conceitos de mobilização social, ágora digital e 
transpolítica no presente contexto socioinformacional 
No jogo de forças citado no módulo anterior, entram em cena os coletivos em 
rede e as redes de movimentos sociais que, na esteira das revoluções digitais, 
têm sido comumente confundidos. Laços sociais, mas também políticos, 
ganham novas configurações diante do atual paradigma informacional e 
comunicacional. 
OS COLETIVOS EM REDE E AS 
REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS 
Antes de prosseguirmos, é fundamental conhecermos os conceitos dos termos 
e saber diferenciá-los. 
Coletivos em rede 
São formas de agrupamento que ocorrem no locus das redes sociais e das 
comunidades virtuais de modo que os sujeitos que dele participam se 
identifiquem ou se projetem uns nos outros por meio de interesses 
compartilhados. 
Redes de movimento sociais 
As redes de movimentos sociais, por sua vez, são agrupamentos e conexões 
entre quaisquer movimentos − como LGBTQI+ ou sem-teto, por exemplo −, 
sem necessariamente uma ligação com redes sociais. 
Dando o exemplo dos coletivos políticos, Francisco Rolfsen Belda e Laiara 
Perin (2017) são categóricos ao afirmar que os canais de comunicação online 
são os principais meios que podem, ao menos em tese, gerar uma apropriação 
dos instrumentos de participação política, o que envolve um novo elo com a 
informação, que potencializa instrumentos de debate e a cidadania. 
De acordo com Belda e Perin (2017), entre as características fundamentais dos 
coletivos de ativismo político contemporâneos queutilizam os chamados 
cibermeios como instrumento de mobilização social estão a participação 
majoritária e a posição de liderança exercida por nativos digitais. 
Dentro da rede de movimento social, a efemeridade dos nós que conectam um 
ator social ao outro é ponto central da discussão de autores como Karine 
Pereira Goss e Kelly Prudencio. Elas defendem que o padrão organizacional da 
ação coletiva atual é uma rede de grupos compartilhando uma cultura de 
movimento e uma identidade coletiva. 
NATIVOS DIGITAIS 
Assim são chamados os indivíduos que nasceram ou cresceram com o uso das 
tecnologias digitais em sua vivência de maneira banal, como parte das 
experiências mais básicas de socialização humana. Estão, portanto, 
familiarizados com os modos de formação de coletivos desse meio. 
E ESSAS REDES FAZEM E DESFAZEM SEUS 
NÓS, TORNANDO PROBLEMÁTICA A 
DEFINIÇÃO DE MOVIMENTOS SOCIAIS COMO 
SISTEMAS FECHADOS. (...) O CAMPO DE 
AÇÃO PERMANECE, MAS NÃO SEUS 
ATORES. 
(GOSS; PRUDENCIO, 2004) 
Olhando por esse ângulo, os movimentos sociais, mesmo os que tiveram seu 
início independentemente dos meios virtuais, não podem mais se omitir perante 
os debates e as decisões políticas, sociais, culturais e econômicas que surgem 
nos fóruns da Web, nas comunidades virtuais e nas discussões suscitadas, por 
exemplo, pelos influenciadores digitais. 
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Demandas específicas como a discussão do racismo e da homofobia, mesmo 
atuando em campos distintos, podem se unir para o debate público que leve ao 
bem comum dos sujeitos que vivenciam em simultaneidade esses processos 
de opressão. 
 
Por Melina Massola | Fonte: Shutterstock 
OS MOVIMENTOS SOCIAIS TEMATIZAM QUESTÕES 
QUE ANTES ESTAVAM MUITO MAIS RESTRITAS À 
ESFERA PRIVADA, DOMÉSTICA E ÍNTIMA (COMO 
AS QUESTÕES DE GÊNERO, DE ORIENTAÇÃO 
SEXUAL, DEBATES SOBRE RACIALIZAÇÃO E 
ETNICIDADE, DISCUSSÕES SOBRE CAPACITISMO 
E DEFICIÊNCIA ETC.). NO ESPAÇO DAS REDES 
SOCIAIS E DAS COMUNIDADES VIRTUAIS, 
GANHARAM MUITA FORÇA DE EXPRESSÃO. 
SEGUNDO GOSS E PRUDENCIO (2004), NENHUM 
ATOR SOCIAL CONTEMPORÂNEO LUTA SOZINHO, 
MAS ATUA EM REDE, NUMA ARTICULAÇÃO QUE É 
GLOBAL E CUJA AÇÃO É LOCAL. 
CONFIGURAÇÃO DAS REDES 
SOCIAIS NA SOCIEDADE DA 
INFORMAÇÃO 
A análise da importância das redes sociais e das comunidades virtuais 
possibilita compreender o papel que elas exercem nas democracias 
contemporâneas. Entre outros pontos, é preciso entender que os usuários das 
redes sociais são atores sociais que estruturalmente podem alterar o cenário 
político de uma cidade, de um estado ou de um país. 
As redes sociais configuram-se como espaços de participação cuja essência 
está naquilo que poderíamos chamar de política do reconhecimento. Nas 
palavras de Costa (2005), trata-se de reconhecer no outro – como uma atitude 
de inclusão e integração – as suas habilidades, as suas competências, os seus 
conhecimentos e os seus hábitos de modo a compartilhar todas essas 
características pela empatia. 
 
Por FERNANDO MACIAS ROMO | Fonte: Shutterstock 
A política do reconhecimento opera de modo a trazer os usuários das redes 
sociais como fomentadores do debate político (não necessariamente partidário) 
na esfera pública emoldurada pela sociedade da informação. E, segundo Costa 
(2005), isso por meio da aptidão de perceber, detectar, localizar numa outra 
pessoa uma característica que não havia sido percebida antes. 
RESUMINDO 
Segundo Costa (2005), quanto mais um indivíduo interage com outros, mais ele 
está apto a reconhecer comportamentos, intenções e valores que compõem 
seu meio. Inversamente, quanto menos alguém interage (ou interage apenas 
num meio restrito), menos tenderá a desenvolver plenamente esta habilidade 
fundamental que é a percepção do outro. Mas reconhecer é também, e ao 
mesmo tempo, dar valor a alguém, aceitá-lo em seu meio, integrá-lo como 
colega ou parceiro. 
A configuração das redes sociais nos contextos da sociedade da informação e 
da politização crescente experimentada nos ambientes online pode ser 
entendida, em uma leitura baseada na obra de Manuel Castells (2000), a partir 
de cinco características muito relevantes (mas não exclusivistas): 
MANUEL CASTELLS 
Manuel Castells é um dos mais importantes sociólogos da atualidade. Nascido 
na Espanha, lecionou na Universidade de Paris e na prestigiosa École des 
Hautes Études en Sciences Sociales. É autor do já clássico A sociedade em 
rede, publicado originalmente em 1996. 
A INFORMAÇÃO COMO MATÉRIA-PRIMA 
Werthein (2000) ressalta que, diferentemente do que acontecia no passado, 
quando a informação era usada com o objetivo de criar novas tecnologias, 
atualmente as tecnologias é que permitem ao homem atuar sobre a 
informação propriamente dita. 
OS EFEITOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS 
Eles se inserem fortemente na vida individual e coletiva, uma vez que a 
informação é parte de toda atividade humana. Logo, não há como não ser 
afetado diretamente pela nova tecnologia. 
A LÓGICA DAS REDES SOCIAIS 
Como consequência das duas características anteriores, tais lógicas 
caracterizam todo tipo de relação complexa implementada nos processos de 
socialização digital: interação, participação, reverberação, compartilhamento e, 
algumas vezes, transformação social. 
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A FLEXIBILIDADE DOS PROCESSOS TECNOLÓGICOS 
A tecnologia favorece os chamados processos reversíveis, ou seja, além de 
permitir modificações e edições na informação colocada ao consumo dos 
usuários, as redes sociais ainda têm a capacidade de reorganização e de 
reconfiguração dos interesses de cada um dos sujeitos partícipes do mundo 
virtual (basta ver, na atualidade, o papel dos algoritmos, por exemplo). 
A CULTURA DA CONVERGÊNCIA 
De acordo com Werthein (2000), o ponto central aqui é que trajetórias de 
desenvolvimento tecnológico, em diversas áreas do saber, tornam-se 
interligadas e transformam-se as categorias segundo as quais pensamos todos 
os processos. 
REDES, SOCIABILIDADE DIGITAL E 
TRANSPOLÍTICA 
 
Por Ekaphon maneechot | Fonte: Shutterstock 
As redes sociais são afeitas aos processos de socialização. Os laços 
construídos por meio das redes possibilitam uma sociabilidade que, nas 
palavras de Santos e Cypriano (2014), atua na prática dos compromissos 
com rosto. 
Ainda que de forma diferente das interações face a face, o cultivo dos laços 
sociais é estimulado pelo reconhecimento de si e do outro (como mostra o 
exemplo das fotos nos perfis, os avatares) como copartícipes de um espaço 
operado pela mesma lógica. Os autores partem da premissa do cuidado 
necessário à criação e manutenção de conexões, o que sempre exige atenção, 
disposição, sutileza etc. 
DECORRE DAÍ MUITO DO QUE SE TEM A 
COMPREENDER SOBRE A INCRÍVEL ADESÃO 
DOS USUÁRIOS QUE FAZ COM QUE O 
FACEBOOK DESPONTE ENTRE AS REDES 
SOCIAIS ONLINE MAIS FREQUENTADAS DO 
MUNDO. É PRÓPRIO DA PLATAFORMA 
OFERECER UM SERVIÇO QUE OPERA COMO 
FACILITADOR NA FORMAÇÃO DE LAÇOS 
SOCIAIS. 
(SANTOS; CYPRIANO, 2014) 
As sociabilidades digitais (ou em rede) possibilitam meios de interação que, no 
ambiente online, constroem formas de comunicação que podem resultar em 
reforço ou desestímulo às sociabilidades vivenciadas fora dessas redes. 
Exemplos disso podem ser vistos quando alguém sai de um grupo de familiares 
no WhatsApp após uma discussão político-partidária naquele espaço ou 
quando um usuário bloqueia outra pessoa no Instagram após o fim de um 
relacionamento conturbado. Essas ações significam sentimentos, emoções e 
atitudes que possuem e produzem efeitos reais, que se sobressaem ao 
universo das comunidades de afetos compartilhados nas redes. 
Pode-se dizer que as sociabilidades digitais transbordam para as relações do 
dia a dia. No exemplo do Facebook, como afirmam Santos e Cypriano (2014), é 
possível ver que quando se compartilha informações em que todos se 
reconhecem, os comentários reforçam os traços comuns e, no mais das vezes, 
sãoefusivos. Ou, como sinaliza Braga (2011), ao pensar sobre a vinculação 
das redes sociais com as dinâmicas de sociabilidade e de relação entre pares: 
nesses ambientes, é conveniente manter relações amistosas, cordiais, mesmo 
com estranhos. Falar de modo formal e frio pode ser entendido como 
arrogância e grosseria, então as relações nessas redes são “pessoalizadas”, 
mesmo que superficialmente. 
 
Por View Apart | Fonte: Shutterstock 
 
Por Wachiwit | Fonte: Shutterstock 
Segundo Recuero (2009), partindo do pressuposto de que as comunidades 
virtuais formadas nas redes sociais são compostas, por extensão, de 
representações dos atores sociais e de suas conexões, é possível afirmar que 
fazer parte desse universo de trocas, ressignificações simbólicas e atuações 
(que podem ser, muitas vezes, militantes) das comunidades é uma forma de 
provar a existência da diferença e dos diferentes em coletividade. Algo 
necessário em meio a um cenário cada vez mais fragmentado, individualizado 
e personalizado. E é justamente nesse espaço que a transpolítica se faz 
presente. 
Um dos maiores estudiosos do tema, Eugenio Trivinho (2006) explica que o 
conceito de transpolítica traz uma demarcação social-histórica, tecnocultural e 
operacional específica: vincula-se exclusivamente ao modus 
operandi dromocrático da cibercultura, que ele defende como cultura 
definidora da nossa época, e ainda define como civilização midiática avançada. 
DROMOCRÁTICO 
Conceito criado e discutido pelo pesquisador brasileiro Eugenio Trivinho, 
inspirado no filósofo francês Paul Virilio (1932-2018). Diz respeito aos 
obstáculos enfrentados pelas pessoas no uso da internet, das ferramentas 
tecnológicas e no acesso aos mecanismos de participação vinculados à 
comunicação digital. No contexto da cibercultura, a dromocracia está ligada aos 
processos de exclusão digital. 
A transpolítica está relacionada à descrença radical em relação ao Estado e, de 
igual forma, à cena política e partidária convencional. Logo, vincula-se também 
um descrédito às instituições herdadas da modernidade (como é o caso, 
mesmo conceitual, da ideia de democracia representativa e do processo 
eleitoral tradicional, por exemplo). 
Segundo Trivinho (2006), grupos sociais e mesmo indivíduos vinculados às 
comunidades virtuais começam, assim, a ter apreço pela transpolítica enquanto 
saída ou mesmo resposta às suas descrenças, uma vez que coincidiram “a 
ruína mais acabada e incontornável do Estado” e a “emergência irreversível da 
transpolítica dos fenômenos tecnológicos”. O autor aponta que tal arranjo 
ocorre na forma-fluxo da comunicação em tempo real como vetor de 
articulação e modulação da vida humana. 
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Por Panchenko Vladimir | Fonte: Shutterstock 
Dessa maneira, não é surpresa que as pessoas participem muito mais 
ativamente de discussões acaloradas na Web e em coletivos em rede do que 
propriamente se organizem por meio de redes de movimentos sociais reais e 
atuantes dentro e fora de cliques, postagens, curtidas e compartilhamentos. 
NOVAS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO 
E INTERAÇÃO: A 
CIBERDEMOCRACIA E A ÁGORA 
DIGITAL 
As participações e as interações no mundo digital, ainda que moldadas em 
grande medida por visões mais pessimistas como a da transpolítica, 
reverberam a possibilidade de outras leituras mais otimistas, como alguns 
desenvolvimentos dos conceitos de ciberdemocracia e de ágora digital. 
Para Dutra e Oliveira Junior (2018), por exemplo, tanto a ciberdemocracia 
quanto a ágora digital são permeadas por participações de sujeitos que 
vislumbram a transformação política da sociedade, dos governos e dos 
representantes eleitos. 
 
Fonte: flickrManifestação no Egito durante a Primavera Árabe (2011), ilustrando 
o que se entende pelos usos sociopolíticos voltados à transformação de 
governos e nações inteiras. 
Uma definição didática e clara sobre o que é ciberdemocracia é trazida pelo 
intelectual espanhol Carballido (2008): 
O TERMO “DEMOCRACIA” TRANSCENDE O 
ÂMBITO DA FILOSOFIA POLÍTICA (UMA 
FORMA DE GOVERNO) E DA FILOSOFIA 
MORAL (UMA COLEÇÃO DE VALORES 
ÉTICOS PARA ORIENTAR A VIDA E O 
COMPORTAMENTO DOS INDIVÍDUOS EM 
SOCIEDADE) PARA TRANSFORMAR-SE EM 
UM CONCEITO COMUNICACIONAL (A 
POSSIBILIDADE DO ACESSO DIRETO À 
INFORMAÇÃO SEM INTERMEDIÁRIOS). 
(CARBALLIDO, 2008) 
Baseando-se em Pierre Lévy (1999, 2004) e em seus estudos sobre o 
ciberespaço, Dutra e Oliveira (2018) acreditam que os indivíduos que transitam 
pelas redes sociais começam a se expressar pelos meios de comunicação 
digital como forma de reavivamento ou mesmo ressemantização das antigas 
ágoras gregas (praças públicas), nas quais os cidadãos realizavam discussões 
públicas, debates, arguições e assembleias para decidir os rumos da 
democracia. Para os autores, a analogia ao conceito da ágora digital seria a 
interação entre os cidadãos em tempo real por meio de ferramentas digitais. 
 
Por Brigida Soriano | Fonte: ShutterstockÁgora, no centro de Atenas, Grécia. 
Interações essas que celebram novas formas de comunicação em um espaço 
que sincronicamente exerce papel de mídia e de local de viver, isto é, o 
ciberespaço. Ou, como Lévy (1999) explica, nas novas ágoras digitais 
coexistem a diferença e os diferentes, mas os sujeitos acabam por se conectar 
a partir de novas formas de comunicação que formam os “processos abertos 
de colaboração”. Logo, é na internet (como um espaço que reflete e refrata o 
tecido social) que a democracia passa por transformações estruturais e 
estruturantes que modificam o modo de se fazer política na 
contemporaneidade: 
OS PARÂMETROS DE COMUNICAÇÃO 
DIGITAL, PROPICIADOS PELA INTERNET, 
ELIMINARAM OS RUÍDOS DA FORMA 
ANALÓGICA E TORNARAM A COMUNICAÇÃO 
MAIS DIFUSA, INFLUENCIANDO A OPINIÃO 
PÚBLICA PARA ALÉM DOS LIMITES 
GEOGRÁFICOS EM VIRTUDE DA 
GLOBALIZAÇÃO, OCASIONANDO UMA 
ALTERAÇÃO ONTOLÓGICA, AFETANDO A 
RELAÇÃO DO CIDADÃO COM O ESTADO E 
TORNANDO POSSÍVEL UM EXERCÍCIO 
DEMOCRÁTICO AMPLIADO, SEJA PELO 
ATIVISMO POLÍTICO NA INTERNET, NAS 
CONSULTAS PÚBLICAS REALIZADAS OU 
REALIZÁVEIS, OU, AINDA, NUM MOLDE 
TANGÍVEL DE EXERCÍCIO DE DEMOCRACIA 
DIRETA, FACILITADO PELO EMPREGO DA 
GRANDE REDE. 
(DUTRA; OLIVEIRA JUNIOR, 2018) 
Alguns teóricos avaliam que um dos aspectos fundamentais de solidificação 
das comunidades em redes (e, por conseguinte, nas ágoras digitais) reside no 
sentimento de confiança mútua entre os indivíduos. Algo que também se 
vincula ao espaço da ciberdemocracia. Para Costa (2005), por exemplo, essa 
confiança e sua construção estão diretamente relacionadas à capacidade que 
cada um teria de entrar em relação com o outro, percebendo-o e o incluindo em 
seu universo de referência. 
Dader (2001) afirma que, por mais otimista que seja essa visão de participação 
da sociedade em espaços digitais e potencialmente transformadores, vale 
ressaltar que estamos falando de uma ciberdemocracia possível, que sai de 
visões idealistas ou utópicas para uma realidade palpável e excetuável. 
 
Por Sergey Nivens | Fonte: Shutterstock 
TEÓRICOS COMO CARBALLIDO (2008) ALERTAM 
QUE PODE SER DEMASIADO FANTASIOSA A IDEIA 
DE QUE A PARTIR DA CIBERDEMOCRACIA 
ESTARÍAMOS ASSISTINDO A UM TIPO DE 
REVOLUÇÃO ELETRÔNICA CONTRA AS 
IMPOSIÇÕES DE AUTORIDADE OU LEVANTES 
AUTORITÁRIOS DE DETERMINADOS GOVERNOS. 
AFINAL, SE OS CIDADÃOS ESTÃO ATUANDO E 
MANTÊM PRESENÇA CONSTANTE NAS REDES, 
NÃO SE PODE ESQUECER QUE TAMBÉM OS 
GOVERNOS E AS FORMAS INSTITUCIONAIS DE 
PODER SABEM COMO AGIR NOS AMBIENTES 
DIGITAIS, PARA O BEM E PARA O MAL. 
Assista ao vídeo a seguir e conheça melhor os desafios da ciberdemocracia. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. COM O ADVENTO CRESCENTE DAS TECNOLOGIAS 
DIGITAIS COMO PARTE DA COTIDIANIDADE, ALGUNS 
AUTORES AFIRMAM QUE A IDEIA DE PARTICIPAÇÃO 
POLÍTICA E O CONCEITO DE DEMOCRACIA TÊM PASSADO 
POR MUITAS REMODELAÇÕES. NESSE ÂNGULO 
ANALÍTICO, PENSADORES COMO LÉVY (1999, 2004), 
DADER(2001) E CARBALLIDO (2008) CHAMAM A ATENÇÃO 
PARA A CONSTITUIÇÃO DE UMA CIBERDEMOCRACIA 
DOMINADA POR NOVAS ÁGORAS DIGITAIS, LOCALIZADAS 
EM ESPAÇOS PECULIARES, COMO É O CASO DAS REDES E 
COMUNIDADES VIRTUAIS. POSTO ISSO, 
É INCORRETO AFIRMAR QUE: 
Caracterizadas como novos espaços de participação e interação social e 
política, as redes sociais podem ser lidas como as ágoras digitais 
contemporâneas, já que nelas coexistem múltiplas diferenças e processos de 
colaboração. 
Para todos os autores, a ciberdemocracia é a saída mais bem aprimorada para 
todos os problemas sociais, já que não existe exclusão digital nesse cenário e, 
por extensão, as ágoras digitais permitem que todas as vozes (de maneira 
idêntica) sejam ouvidas. 
A ciberdemocracia é um assunto complexo, já que alguns autores acreditam 
ser fantasiosa a ideia de que a partir dela estaríamos a contemplar um tipo de 
revolução eletrônica aos problemas sociais. 
As ágoras digitais, na visão dos autores citados, representam a 
ressemantização das antigas praças públicas (ágoras gregas) como espaços 
nos quais os cidadãos realizavam discussões públicas, debates, arguições e 
assembleias democráticas. 
2. AS SOCIABILIDADES DIGITAIS PRODUZIDAS NOS 
AMBIENTES DE INTERAÇÃO VIRTUAL DAS REDES SOCIAIS 
SÃO BASEADAS NO QUE BRAGA (2011) E SANTOS E 
CYPRIANO (2014) CHAMAM, CADA UM AO SEU MODO, DE 
RELAÇÕES “PESSOALIZADAS” OU “COMPROMISSOS COM 
ROSTO”. PARTINDO DAS CONCEPÇÕES DE 
SOCIABILIDADES DIGITAIS (OU EM REDE) DISCUTIDAS 
PELOS AUTORES, É CORRETO DIZER QUE: 
No espaço das sociabilidades digitais, é possível observar que os laços sociais 
não pressupõem o reconhecimento do outro enquanto sujeito coparticipante de 
um mesmo espaço digital, o que é provado pelo grau de agressividade em 
determinadas interações. 
No espaço das sociabilidades digitais, de maneira idêntica ao que se passa nas 
interações analógicas, observa-se que o cultivo dos laços sociais é estimulado 
apenas pelos nativos digitais, isto é, pessoas já nascidas e criadas no ambiente 
digital. 
No espaço das sociabilidades digitais, vê-se que as interações são construídas 
sempre de modo extremamente superficial e efêmero entre os sujeitos (algo 
muito similar ao que ocorre com as interações vivenciadas em ambientes fora 
da rede). 
No espaço das sociabilidades digitais, mesmo que de maneira um pouco 
diferente das interações que ocorrem fora dos meios digitais, o cultivo dos 
laços sociais é estimulado pelo reconhecimento de si e do outro enquanto 
coparticipantes de um mesmo espaço. 
GABARITO 
1. Com o advento crescente das tecnologias digitais como parte da 
cotidianidade, alguns autores afirmam que a ideia de participação política 
e o conceito de democracia têm passado por muitas remodelações. Nesse 
ângulo analítico, pensadores como Lévy (1999, 2004), Dader (2001) e 
Carballido (2008) chamam a atenção para a constituição de uma 
ciberdemocracia dominada por novas ágoras digitais, localizadas em 
espaços peculiares, como é o caso das redes e comunidades virtuais. 
Posto isso, é incorreto afirmar que: 
A alternativa "B " está correta. 
 
 
Apesar de defendidas por alguns autores como lugar de participação e de 
efetivação democrática, outros, como Dader (2001) e Carballido (2008), 
chamam a atenção para a ciberdemocracia e as ágoras digitais não serem a 
solução perfeita para os problemas da humanidade contemporânea. Dader fala 
em uma “ciberdemocracia possível” para se afastar de visões utópicas, 
enquanto Carballido chama de fantasiosa a ideia de uma revolução eletrônica 
salvadora. 
2. As sociabilidades digitais produzidas nos ambientes de interação 
virtual das redes sociais são baseadas no que Braga (2011) e Santos e 
Cypriano (2014) chamam, cada um ao seu modo, de relações 
“pessoalizadas” ou “compromissos com rosto”. Partindo das 
concepções de sociabilidades digitais (ou em rede) discutidas pelos 
autores, é correto dizer que: 
A alternativa "D " está correta. 
 
 
O debate proposto pelos pesquisadores Braga (2011) e Santos e Cypriano 
(2014) toca no tema das sociabilidades digitais (ou em rede) de maneira 
profunda para entender como as interações e participações dos usuários de 
redes sociais se dão enquanto fenômeno sociocultural. Para os autores, as 
redes sociais são afeitas aos processos de socialização e isso pressupõe que o 
reconhecimento de si mesmo e dos outros sujeitos que participam de um 
mesmo ambiente virtual (como é o caso das redes e comunidades) é o ponto 
basilar para o cultivo dos laços. 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As novas formas de participação e interação propiciadas pela cultura da 
convergência são auxiliadas pelos processos de migração digital e 
evidenciadas pelas sociabilidades desenvolvidas nas redes sociais e nas 
comunidades virtuais. De acordo com Werthein (2000), nesse novo paradigma, 
a lógica de redes e as tecnologias digitais permitem modelar resultados 
imprevisíveis da criatividade que emanam da interação complexa, desafio 
quase intransponível no padrão tecnológico anterior. 
Quando o assunto é o espaço de participação política, faz-se necessário refletir 
sobre como as configurações das redes sociais permitem o surgimento da 
“ágora digital” na sociedade da informação. É relevante observar como muitos 
autores pontuam que esse debate não é monológico ou que não se chega a ele 
com uma única resposta, correta e inconteste ao final da discussão. Ao 
contrário, as relações criadas nas redes sociais e nas comunidades virtuais, 
como um todo, são complexas justamente porque estão instauradas em novas 
formas de participação e interação. Formas que são frutos diretos do 
paradigma comunicacional baseado e promovido pela cultura da convergência.

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