Buscar

Artigo 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

20
O LÚDICO E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Rosmeri Nascimento Coelho*
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo compreender a importância e as contribuições do lúdico na Educação Infantil para a o desenvolvimento psicomotor das crianças. É importante que a estimulação aconteça no contexto educacional de forma apropriada perante bases fundamentais para a composição emocional, física e social. Dessa forma, pretende-se conhecer o significado do brincar, compreendendo o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos desenvolvendo-se integralmente. Mostra também os benefícios que o lúdico proporciona no processo de desenvolvimento psicomotor e, consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem infantil. Portanto, para realizar este trabalho, foi utilizada uma pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites, bem como pesquisa de autores referente a este tema. Sendo assim, este artigo proporciona uma leitura mais consciente acerca da importância do brincar na vida da criança, principalmente para o seu desenvolvimento psicomotor.
PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Criança. Desenvolvimento Psicomotor.
1 INTRODUÇÃO
Na Educação Infantil um dos temas que tem merecido a atenção dos estudiosos é a relação entre as brincadeiras e os processos de desenvolvimento psicomotor das crianças. As brincadeiras e os jogos são processos que envolvem o indivíduo, adquirindo especificidades de acordo com as necessidades de cada criança, principalmente no desenvolvimento psicomotor.
A escola tem o papel fundamental no desenvolvimento do sistema psicomotor de seus alunos, principalmente na Educação Infantil, pois é nesse período que a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal.
As atividades lúdicas com os alunos devem prever a formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos e brincadeiras cada um se conscientize sobre seu corpo. Através das atividades lúdicas o aluno desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
O lúdico na vida da criança desde muito cedo é de fundamental importância, pois quando ela brinca, manuseia e explora tudo aquilo que está à sua volta, através de esforços mentais e físicos. Jogando ela começa a ter sentimento de liberdade e alegria pelo que faz, dando, consequentemente, atenção às atividades vivenciadas naquele momento. 
Assim, jogos e brincadeiras, são imprescindíveis para o saudável desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança elabora conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento, ou seja, ambos fazem parte da estruturação do sujeito. 
Dessa forma, surgiu a necessidade de realizar esse trabalho, onde foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico, com a intenção de compreender como a aplicação de diferentes atividades lúdicas pode contribuir para o desenvolvimento da Psicomotricidade dos alunos da Educação Infantil. 
A atividade lúdica psicomotora é um instrumento riquíssimo que auxilia o educador a promover meios de intervenção, proporcionando resultados satisfatórios em situações de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, além de proporcionar a reeducação do tônus, da postura, da lateralidade e do ritmo. 
Assim, o desenvolvimento psicomotor na Educação Infantil pode ocorrer através do uso de diferentes atividades lúdicas auxiliando no desenvolvimento psicomotor e aprendizagem das crianças. Entretanto há uma grande apreensão pela forma como devem ser aplicadas para que ocorra o desenvolvimento da Psicomotricidade. É notório que elas não devem ser aplicadas de qualquer maneira, pois estas atividades lúdicas só são significativas quando o professor planeja antes de aplicá-las nas suas aulas, tendo um objetivo a ser alcançado. 
Assim, com base nessas considerações o problema merece uma reflexão: De que forma a aplicação das atividades lúdicas podem proporcionar o desenvolvimento psicomotor aos alunos da Educação Infantil? 
Portanto, esse Artigo tem como objetivo apontar a contribuição das brincadeiras e dos jogos no desenvolvimento psicomotor das crianças. Entender também, as condições e as possibilidades de aplicação dessas atividades lúdicas que provoquem um desenvolvimento global das necessidades psicomotoras. Esta análise será realizada através de pesquisa bibliográfica buscando compreender a importância e valorização por parte dos profissionais da educação sobre o Lúdico como uma ferramenta para se atingir o objetivo principal: o desenvolvimento psicomotor e, consequentemente, a aprendizagem de seus alunos.
Espero que, o presente trabalho oportunize uma discussão e reflexão promovendo um aprofundamento teórico a respeito da utilização de atividades lúdicas para o desenvolvimento psicomotor nas crianças da Educação Infantil, partindo do princípio de que no processo educativo, o professor deve trabalhar de forma planejada, sistematizada, tornando o saber docente uma alavanca desencadeadora de mudanças. 
2 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL SEGUNDO JEAN PIAGET E VYGOTSKY
Piaget (1975) e Vygotsky (1991), em seus estudos, relata a influência das brincadeiras no desenvolvimento e na construção do conhecimento, como ocorre o desenvolvimento infantil, que tipos de comportamentos são mais comuns e como a criança age sobre sua realidade através dos jogos e brincadeiras.
Jean Piaget, psicólogo e biólogo suíço, formulou sua teoria sobre o desenvolvimento humano, inspirado na biologia e trouxe esclarecimentos relevantes ao comparar suas ideias às de Sigmund Freud. Em vários momentos correlacionou os estágios do desenvolvimento cognitivo aos estágios por Freud.
Para Piaget (1975), afeto e cognição são resultantes de uma adaptação contínua e independente; enquanto os esquemas afetivos levam à construção do caráter, os esquemas cognitivos levam à formação da inteligência. Segundo ele, os esquemas são considerados um conjunto de ações interligadas que formam uma totalidade organizada e que funciona por si mesma. Os processos de assimilação e acomodação acabam ocorrendo porque os esquemas pessoais são como os esquemas afetivos e cognitivos, existindo apenas uma diferença de grau, visto que as pessoas provocam reações diferenciadas das reações provocadas pelos objetos. A afetividade representa a fonte energética que mobiliza a inteligência sem alterá-la.
Piaget (1975) define os esquemas como sendo construções mais simples (esquemas sensório-motores, perceptivos e simbólicos) e as estruturas como sendo as construções mais complexas (estruturas lógicas, operativas e de classe). Os esquemas são irreversíveis e as estruturas reversíveis; ambos constituem sistemas ou significados que a pessoa pode utilizar sem que passem necessariamente à consciência.
De acordo com Piaget (1975), fatores como maturação, experiência física e lógico-matemática, transmissão ou experiências sociais e equilibração são dinamizadas da vida cognitiva e afetiva de graus de importância no decorrer da evolução mental e apresentam limitações como fatores isolados. A maturação é o fator que se refere principalmente ao crescimento fisiológico e ao desenvolvimento do sistema nervoso. Para Piaget, a influência da maturação sobre o desenvolvimento mental da criança é maior durante os primeiros anos de vida.
Segundo Piaget (1975), existe dois tipos de experiências: a física e a lógico-matemática. A experiência física é o produto das ações como tocar, cheirar, etc., e a experiência lógico-matemática resultam de uma coordenação de ações que o indivíduo exerce sobre objetos e da tomada de consciência desta coordenação. A experiência física está ligada a lógico-matemática,pois uma é condição para o aparecimento da outra.
Analisando estas ideias de Piaget, percebe-se que a troca ou cooperação entre as pessoas desempenha um importante papel na construção das estruturas mentais da fase operacional concreta e especialmente no início da fase formal. Embora a sociedade transmita desde muito cedo informações, conceitos, regras sociais, a criança começa a usufruir os benefícios da comunicação oral apenas quando está iniciando o período escolar.
Para Vygotsky (1991), psicólogo russo e grande estudioso do desenvolvimento infantil, o processo de desenvolvimento humano é perpetuado e garantido nas relações sociais, sendo a educação um dos principais processos da relação humana se apresentando como uma fonte indutora da constituição das funções psicológicas superiores, por meio da interação e cooperação entre indivíduos, em diferentes espaços e contextos sócios históricos. 
Segundo Oliveira (1999), para Vygotsky são funções psicológicas superiores os mecanismos psicológicos mais sofisticados, mais complexos, que são típicos do ser humano e que envolvem o controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo em relação às características do momento e do espaço presentes, na possibilidade de pensar em objetos ausentes, imaginar eventos nunca vividos, planejar ações a serem realizadas em momentos posteriores. Enfatiza também, que o desenvolvimento e a promoção de desenvolvimento estão vinculados, em grande medida, a uma prática educacional.
Assim, tomando como base esses pressupostos teóricos, é importante citar que, o processo de desenvolvimento se apresenta em dois momentos distintos: o desenvolvimento real que é determinado por aquilo que o indivíduo é capaz de forma autônoma, e o desenvolvimento potencial, caracterizado por aquilo que o indivíduo ainda não pode realizar de forma independente, mas que pode ser executado com algum auxílio, ou seja, o auxílio de alguém com maior experiência. Entre esses dois tipos de desenvolvimento, encontra-se a zona de desenvolvimento proximal, caracterizada pelo momento em que a interação e as relações sociais podem promover o desenvolvimento potencial para o real. Conforme Oliveira:
“A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. É como se o processo de desenvolvimento progredisse mais lentamente que o processo de aprendizado; o aprendizado desperta processos de desenvolvimento que, aos poucos, vão se tornar parte das funções psicológicas consolidadas do indivíduo” (Oliveira, 1995, p.60).
Dessa forma, interferindo constantemente na zona de desenvolvimento proximal das crianças, os adultos e as crianças mais experientes contribuem para movimentar os processos de desenvolvimento dos membros imaturos da cultura.
Vygotsky (1991) descreve em sua teoria que a aprendizagem precede o desenvolvimento, ou seja, o processo de desenvolvimento segue-se ao de aprendizagem e, para isto, é necessário o processo social da educação.
 Daí, a importância de se afirmar que a construção ou o ensino no processo educacional só é bom quando antecede o desenvolvimento, despertando as funções que estão em processo de amadurecimento. Dessa forma, a criança amadurece à medida que é ensinada e educada, ou seja, à medida que, sob a orientação de adultos ou companheiros mais experientes, se apropria da cultura elaborada pela humanidade. Portanto, a criança se desenvolve ao ser educada e formada, de modo que a maturação se manifesta e se produz no processo de educação e ensino.
A ênfase dada por Vygotsky (1991) às situações interativas, ou seja, à ação partilhada, pode auxiliar os educadores a compreender e a valorizar a socialização em grupos e a repensar tanto o seu papel quanto o das outras crianças no contexto da educação e, no qual estão interagindo não só parceiros diversos, como culturas diversas. Isso não significa que basta estar com outros para haver aprendizagem, já que não pode dizer que todas as interações sociais têm caráter formativo.
Vygotsky (1991) afirma que uma compreensão plena do conceito de desenvolvimento proximal deve levar à reavaliação do papel da imitação no aprendizado. Essas considerações poderão desencadear um repensar sobre o papel dos modelos culturais apresentados pelo educador nas situações pedagógicas da educação infantil, pois a criança utiliza-se da imitação para fazer e compreender coisas ou situações.
Assim, no ambiente educacional a imitação possibilita a criação de uma zona de desenvolvimento proximal, ou seja, o aluno realiza ações que estão além de suas capacidades, isto é, na atividade imitativa ele realiza uma variedade de ações que vão muito além dos limites de suas próprias capacidades.
Portanto, segundo estes estudiosos, a Ludicidade se caracteriza como uma atividade importante para o desenvolvimento da criança e, consequentemente, tem um papel fundamental na educação escolar, pois lhe permite colocar em ação a imaginação e operar com um mundo simbólico que não é o da realidade imediata. Desse modo, pode-se concluir que através do lúdico há a possibilidade da criança ter um desempenho muito além do seu comportamento habitual. Por esse motivo, o lúdico é indicado e muito utilizado como recurso pedagógico nas escolas, principalmente na Educação Infantil, favorecendo o desenvolvimento e a aquisição do conhecimento.
3 ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Desde a antiguidade as crianças participavam de diversas brincadeiras como forma de recreação, porém foi na era do romantismo que a brincadeira passou a ser vista como expressão da criança e a infância a ser compreendida como período de desenvolvimento específico e com características próprias. 
A introdução da brincadeira no contexto infantil iniciou-se, com a invenção de jardins de infância, produto da proposta de Froebel (1782-1852), primeiro filósofo a estudar sobre o uso de jogos na educação de crianças pré-escolares, considerando que a criança desperta suas capacidades próprias mediante estímulos. Esta proposta influenciou a Educação Infantil de todos os países. 
Com o surgimento da Companhia de Jesus (uma organização religiosa inspirada em moldes militares, determinados a lutar em prol do catolicismo e que utilizaram o processo educacional como sua arma), o jogo educativo passou a ser um recurso secundário de ensino, se expandindo a partir de Frobel que valorizava a educação baseada no brincar. Decroly elaborou materiais para desenvolver a percepção, motricidade e raciocínio e Montessori desenvolveu uma metodologia de forma a implementar a educação sensorial. Friedrich Frobel foi o fundador do primeiro Jardim de Infância e deu ênfase a questão do brincar e das atividades lúdicas em geral.
De acordo com Ximenes (2000), a brincadeira é a ação ou efeito de brincar, de entreter de distrair, ou seja, um divertimento especialmente de criança. Nesse sentido, entende-se que a brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer.
Dessa forma, a brincadeira é considerada um momento de interação e de confronto. É através dela que a criança e o grupo constroem a sua compreensão sobre o mundo e as ações humanas. Não é atividade espontânea, mas se constrói através das experiências de contato social, primeiro na família, depois nos grupos informais e depois na escola, ou simultaneamente. A brincadeira representa o elo entre a criança e a cultura na qual está imersa, onde ela produz e responde indagações e abre espaço para experiências impossíveis em outros contextos da vida,promovendo comportamentos que vão além das possibilidades atuais da criança, apontando para sua área potencial de desenvolvimento. 
Assim, brincando a criança pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos adequados. Enquanto brinca, a criança expressa suas emoções, tanto de alegria e envolvimento como de angústia, timidez, agressividade, medo, solidão, tristeza, entre outros. Além disso, até para detectar problemas físicos e psicológicos, as brincadeiras são úteis, pois dificilmente uma criança que está bem se nega a entrar em uma atividade lúdica. 
As brincadeiras oferecidas às crianças devem estar de acordo com o desenvolvimento em que ela se encontra, bem como, para contribuir e ampliar a sua capacidade cognitiva. Na educação, o brincar deve ser tão valorizado quanto o cuidado, o amor, o descanso e a nutrição. É importante que a criança tenha um tempo livre, sem atividades agendadas, no qual possa escolher o que quer fazer, inventar coisas, jogar, conviver com amiguinhos sem uma meta estabelecida pelo adulto. O brincar em movimento, para a criança, é a representação de seu cotidiano. Por meio dele, expressa sua criatividade, sentimento e descoberta sobre si mesma, o outro e o meio ambiente. A curiosidade e a agitação, naturais entre as crianças, fazem do movimento um estímulo para o seu desenvolvimento psicomotor, intelectual e emocional. 
Os jogos são atividades dinâmicas que se transformam de um contexto para o outro. Eles foram transmitidos de geração para geração, sendo que muitos preservaram sua estrutura inicial, outros se modificaram, recebendo novos conteúdos. Assim, eles são considerados recursos que desenvolvem a motricidade das crianças. 
Segundo Ximenes (2000), é considerado um jogo toda e qualquer atividade física ou mental, geralmente coletiva, determinada por regras, que define sempre ganhador e perdedor. Portanto, o jogo é uma atividade de caráter espontâneo detentor de uma meta a ser alcançada por seus participantes, que na maioria das vezes procura o prazer. Assim, o jogo como atividade lúdica traz implícito um convite para as crianças expressarem-se de muitas formas, como por exemplo, com movimentos corporais, convivência social, músicas, danças, dramatizações, entre outras. No espaço lúdico, a criança desenvolve suas potencialidades e concretiza uma experiência de funcionamento do indivíduo em uma convivência dinâmica. 
“O mundo do jogo é, então, uma antecipação do mundo das ocupações serias, pois ele é uma atividade com objetivos claros para o desenvolvimento da criança, que constrói, por meio da interação, a percepção futura de mundo do sujeito” (CHATEAU, 1954, p.22). 
Pelo ato de jogar, a criança utiliza-se de uma atividade lúdica que pode desenvolver a confiança em si mesma, sua imaginação, a autoestima, o autocontrole, a cooperação e a criatividade. O lúdico revela o seu mundo interior e a criança aprende fazendo. 
Segundo Piaget (1971), o jogo é uma atividade particularmente poderosa para estimular a atividade construtiva da criança. Ele exercita as possibilidades de agir, podendo ser inovado para justificar a importância da utilização dessa estratégia de intervenção pedagógica nos processos cognitivos de criança com dificuldades de aprendizagem. Assim, pode-se afirmar que os mecanismos subjacentes à ação, estudados por Piaget em todo o processo de equilibração estão presentes no jogar, favorecendo assim o progresso das crianças no desenvolvimento operatório e na aprendizagem de noções aritméticas. Outra razão para se utilizar os jogos é o interesse da criança na atividade. Segundo Piaget (1971), o interesse verdadeiro surge quando o eu se identifica com uma ideia ou objeto, quando encontra neles um meio de expressão e eles se tornam um alimento necessário à sua atividade. 
Dessa forma, o interesse que a criança tem pelos jogos faz com que prazerosamente ela aplique sua inteligência e seu raciocínio no sentido de obter o êxito. Assim, ao jogar ela realiza uma tarefa, produz resultados, aprende a pensar num contexto em que enfrentar os desafios e tentar resolvê-los são imposições necessárias em que ela própria realiza. 
Para o psicólogo Vygotsky (1998), o jogo é uma representação da imaginação da criança. Afirma que não existe brincadeira sem regras, partindo do princípio que os pequenos se envolvem nas atividades de faz-de-conta para tentar entender o mundo em que vivem. Para isso usam a imaginação. Ao brincar de casinha, por exemplo, está se identificando com os papéis sociais, experimentando noções de cuidado com o outro, está tendo conhecimento do que é responsabilidade. Quando necessita definir com os amigos a brincadeira a ser realizada, está aprendendo a negociar, argumentar, ceder, muitas vezes liderar, trabalhar em grupo, respeitar as regras, entre outros. Quando finge que está dirigindo um carro, a criança procura seguir regras de conduta social e de convivência. O brincar de cozinhar, de fazer compras ou de cuidar de bebês, permite que, desde muito cedo, os meninos e as meninas experimentem práticas que ainda estão além de sua capacidade de realizá-las, e torna-se uma maneira de adquirirem segurança para desenvolvê-las de verdade no futuro. Portanto, os jogos são considerados todas as atividades que possuem regras e dinamismos fazendo a criança se exercitar fisicamente, além de expandir sua compreensão sobre o mundo. 
O brincar é um ato imprescindível à saúde física, emocional e intelectual, estando sempre presente em qualquer povo desde os tempos mais remotos. Através dessa atividade, a criança desenvolve sua motricidade, além de outros benefícios como a ampliação da linguagem, desenvolvimento do pensamento, se socializando com outros e aumentando sua autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.
4 CONCEITUANDO A PSICOMOTRICIDADE 
A Psicomotricidade é considerada uma área em que, através de atividades e técnicas, desenvolve a motricidade das crianças, contribuindo para o conhecimento e o domínio de seu próprio corpo. Ela além de constituir-se como indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança, também se constitui como a base fundamental para o processo de aprendizagem dos indivíduos. 
No decorrer do processo de aprendizagem, os elementos básicos da Psicomotricidade (esquema corporal, estruturação espacial, lateralidade, orientação temporal e pré-escrita) são utilizados com frequência, sendo importantes para que a criança associe noções de tempo e espaço, conceitos, ideias para adquirir os conhecimentos. Um problema em um destes elementos pode prejudicar a aprendizagem, criando algumas barreiras. A criança em que apresenta o desenvolvimento psicomotor mal constituído pode apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras, na ordenação de sílabas, no pensamento abstrato e lógico, na análise gramatical, entre outras. 
A escola tem papel fundamental no desenvolvimento do sistema psicomotor da criança, principalmente quando for trabalhada na Educação Infantil, pois é nesse período que a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal.
Para Le Boulch (2001), o desenvolvimento psicomotor é desenvolvido através de ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua personalidade. Através de atividades psicomotoras na escola, há o desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo assim, seus aspectos físicos, mental e emocional.
Assim, de acordo com Silva (2003), a Psicomotricidade é necessária no contexto escolar, tendo por objetivo a formação das habilidades e atitudes, orientando as abordagens psicomotoras trabalhadas na Educação Infantil, proporcionando as práticas corporais para o desenvolvimentopsicomotor das crianças. 
Silva (2003) afirma também que a educação prioriza os conhecimentos formais e, para isso, há elementos importantes para a formação e as práticas corporais têm como objetivo o desenvolvimento das habilidades perceptuais como: coordenação motora, noção de espaço e tempo, sendo considerados como a base de desenvolvimento e de pré-requisitos para o aprendizado. 
Assim, a Psicomotricidade é desenvolvida através de atividades psicomotoras diversas com as crianças para favorecer a formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para que por meio dessas atividades, elas se conscientizem sobre seu corpo. Através dessas atividades a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
Estas atividades na vida da criança desde muito cedo é de fundamental importância, pois quando ela as realiza, manuseia e explora tudo aquilo que está à sua volta, isso se faz através de esforços mentais e físicos. Através destas atividades, ela começa a ter sentimento de liberdade e alegria pelo que faz, dando, consequentemente, atenção às atividades vivenciadas naquele momento. 
De acordo com Levin (1995), a Psicomotricidade tem por enfoque o sujeito com o seu corpo em movimento estando ligada entre o corpo imaginário e o corpo simbólico, diante de seus gestos estabelecendo o equilíbrio desse indivíduo, sendo oferecidas oportunidades para que este encontre o seu espaço e se identifique com o seu meio. 
 Assim, a Psicomotricidade é o estudo da relação entre a motricidade, a mente e a afetividade do corpo, ou seja, a influência entre a mente, o movimento e a afetividade compreendendo como a criança constitui seu esquema, consciência e posterior, imagem corporal. 
“Psicomotricidade se define como uma ciência que estuda a conduta motora como expressão de amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem e tem como um dos objetivos principais fazer com que o indivíduo descubra seu próprio corpo em relação com seu mundo interno e externo, e sua capacidade de movimento-ação” (ARAUJO, 1993, p. 30)
Assim, a Psicomotricidade favorece o procedimento necessário para a formação da criança diante da assimilação que existe entre os artifícios emocionais, cognitivos e motores, os quais são importantes para o aperfeiçoamento da personalidade da criança diante de seu pleno desenvolvimento e, através das atividades psicomotoras a criança é capaz de obter sua formação corporal. 
4.1 Contribuições da Ludicidade para a Psicomotricidade 
Desde o início de sua vida, a criança começa a aprender e a aprimorar suas funções motoras, pois esse processo faz parte da natureza do ser humano, e é através do movimento que a criança desenvolve seus processos motores. 
As habilidades motoras continuam se desenvolvendo também durante toda a escolaridade, devendo sempre estar contextualizadas nos conteúdos didáticos. Do ponto de vista teórico, podem ser observadas e apreciadas principalmente dentro dos esportes, jogos, lutas e danças.
Assim, quando a criança inicia sua vida escolar, começa a fazer parte de mais um grupo social e, nesse período, a mesma necessita aperfeiçoar muito os seus comportamentos e estruturas, como por exemplo, a afetiva, cognitiva, motora e social, para se adequar ao ambiente em que está inserida. 
A Ludicidade contribui para a formação corporal, afetiva e cognitiva das crianças tornando eficiente o seu pleno desenvolvimento psicomotor. Assim, é necessário criar um espaço para estimular a criança a explorar, sentir e experimentar o ambiente ao qual faz parte.
Segundo Sebastiani (2003), a inserção dos jogos e brincadeiras como recursos pedagógicos nos planejamentos podem tornar as propostas pedagógicas mais adequadas para o desenvolvimento psicomotor e aprendizagem dos alunos. Dessa forma, o professor deve elaborar propostas pedagógicas que incorporem as atividades lúdicas, com o objetivo de estimular a liberdade de ação física e mental das crianças. Para isso, é necessário o professor acreditar que o brincar é importante na aquisição de conhecimentos, assim como, no desenvolvimento psicomotor. O professor tem que saber qual é o seu papel e a sua função enquanto as crianças brincam, mediando as atividades entre todas as crianças dentro de um mesmo espaço. 
De acordo com Gurmini (2004), o processo de desenvolvimento começa a partir da concepção e após o nascimento, o sistema nervoso vai se modificando conforme o desenvolvimento da criança. Assim, aos poucos a criança vai adquirindo a motricidade adequada, favorecendo consequentemente, o seu desenvolvimento integral.
 Para Kishimoto (2001), a atividade de brincar se inicia no âmbito familiar, pois o brincar consiste numa linguagem infantil de comunicação com o próximo, assumindo uma função privilegiada de construção e constituição do sujeito. Em seguida, ela continua esta atividade lúdica na escola e, através do brincar, a criança internaliza o mundo que a cerca, e na troca com outros sujeitos se estabelece como pessoa, por meio da assimilação da realidade. 
Assim, a Ludicidade tem a função de proporcionar equilíbrio e prazer emocional infantil, além de consolidar os esquemas já constituídos, porque o ato de brincar compõe o mundo psíquico da criança. 
A prática de atividades lúdicas psicomotoras no contexto escolar ampliou-se nos últimos anos, buscando conquistar legitimidade no campo pedagógico, tendo como objetivo a sua contribuição no desenvolvimento psicomotor dos alunos. Assim, o aluno é visto em sua totalidade e a corporeidade é inerente do fazer pedagógico dos professores, que devem compreender o corpo humano como um sistema organizado.
“Podemos compreender hoje que o corpo humano é um sistema ou uma organização que não se reduz a uma estrutura orgânica-física-motora, mas, sim, um sistema/organização que guarda toda a complexidade presente no universo físico, no universo da vida e no universo social e que se define melhor pela palavra corporeidade, porque enquanto a palavra corpo está associada apenas ao que é orgânico-físico-motor em nós seres humanos, a palavra corporeidade permite compreender as várias partes que compõem o todo de nós seres humanos” (BRITO; JOÃO, 2004, p.61).
Dessa forma, a Educação Infantil vem propondo romper com modelos tradicionalistas e construindo um novo campo teórico e prático centrado no respeito às individualidades e na formação integral da criança, permitindo assim prepará-la quanto ser social, para inserir-se e atuar cada vez mais e melhor na sociedade.
Segundo Fonseca e Muniz (2000), a Ludicidade é inserida no contexto escolar como um recurso pedagógico onde, através desta, o educador pode conhecer seu aluno e a realidade do grupo, suas necessidades, conflitos, dificuldades, estados de espirito e comportamentos em geral, sendo uma ferramenta que o professor dispõe para estimular o desenvolvimento cognitivo, social, moral, físico-motor e propiciar aprendizagens específicas. 
Fonseca e Muniz (2000) afirmam também que as atividades lúdicas promovem avanços no desenvolvimento dos alunos tornando-se assim, recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo de ensino e aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos lúdicos. O jogo deve estar presente entre os recursos pedagógicos capazes de compor uma ação docente comprometida com os processos que se pretende atingir.
Ainda segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), as situações lúdicas, competitivas ou não, são contextos favoráveis de desenvolvimento psicomotor, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente, a possibilidade de repetição para manutenção e por prazer funcional e a oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato de o jogo constituir um momento de interação social bastante significativo, as questões de sociabilidade constituem motivação suficiente para que o interessepela atividade seja mantido.
Assim, percebe-se a importância que as atividades lúdicas psicomotoras têm dentro do âmbito escolar, sendo que quando bem planejada, e utilizando os recursos adequados, promovem momentos de descontração, desenvolvimento motor e aprendizagem significativa. 
Para Freire (1997), existe um rico e vasto mundo de cultura infantil repleto de movimentos, de jogos, da fantasia, quase sempre ignorado pelas instituições de ensino. No entanto, mesmo sabendo dos benefícios alcançados com a Ludicidade, esse enorme conhecimento não é aproveitado como ferramenta escolar. 
Segundo Piaget (2000), as interações proporcionadas pelas atividades lúdicas levam a criança a construir seu conhecimento social, físico e cognitivo, estruturando, assim, sua inteligência e sua interação com o meio ambiente. Estimular o desenvolvimento motor, psicomotor, cognitivo, afetivo na criança através de atividades lúdicas é de extrema importância, para que a mesma não tenha dificuldades quando adulta. 
As atividades lúdicas psicomotoras na Educação Infantil auxiliam também no desenvolvimento global das crianças, como atenção, raciocínio, agilidade e interesse. Por esse motivo podem ser realizadas na sala de aula e também no pátio, proporcionando um melhor desempenho nas demais atividades curriculares, promovendo uma aprendizagem mais significativa associada a satisfação e ao êxito, permitindo a criança participar das tarefas de aprendizagem com maior motivação.
A Educação Infantil, especialista em atividades lúdicas e em cultura infantil, pode utilizar uma maior variedade de brincadeiras como uma importante ferramenta pedagógica na área da Educação. Para que o ensino produza resultados é necessário que os profissionais tenham o devido conhecimento em relação à avaliação motora da criança, assim como manter um acompanhamento contínuo para melhorar o seu desempenho, podendo dessa forma influenciar em seu processo de desenvolvimento e características motoras. Devem também, detectar possíveis problemas de ordem motora, através do acompanhamento das crianças na prática das atividades, observando e analisando suas necessidades e interesse. 
Assim, é essencial que o professor também adapte suas metodologias para que as mesmas satisfaçam às expectativas das crianças e as motivem a participar efetivamente promovendo assim uma aprendizagem mais significativa, onde os conteúdos serão bem mais absolvidos e assimilados.
Segundo Gallahue e Ozmun (2002) o desenvolvimento motor sofre grande influência do meio social e biológico podendo sofrer alterações durante seu processo de formação e desenvolvimento. Assim, a escola é um dos locais que oferecem espaços apropriados para o desenvolvimento motor da criança, tendo em vista que o brincar é um meio essencial para o desenvolvimento do ensino aprendizagem das crianças.
Para Tezani (2011), quando se fala sobre aprendizagem, desenvolvimento, processos de interação e educação escolar não se pode deixar de abordar sobre a vontade de aprender, o desejo de buscar e realizar a construção do conhecimento, podendo ser resgatado através das brincadeiras e dos jogos em sua dimensão afetiva. Diante desse contexto, a atividade lúdica convida a criança a expressar-se de diversas formas, como movimentos corporais, convivência social, dramatizações entre outras.
No espaço lúdico, a criança tende a desenvolver suas potencialidades e compartilhar experiências em um processo de convivência dinâmica. Desse modo, o brincar precisa materializar-se, desprender-se, libertar-se dos discursos, passarem da reflexão à vivência, ser trazido para a realidade através de práticas e atitudes do educador frente aos seus alunos, assumindo as atividades lúdicas em todas as propostas educacionais. 
Portanto, esta reflexão sobre a importância das atividades lúdicas na Educação Infantil, garante que as mesmas auxiliam no desenvolvimento motor da criança, atuando como instrumento de intermediação que relaciona o ensino-aprendizagem ao prazer.
5 O LÚDICO E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Na Educação Infantil, o brincar faz parte do cotidiano sendo considerado um recurso pedagógico essencial no desenvolvimento infantil, tanto físico como motor, cognitivo e afetivo-emocional, no qual a criança vai estabelecendo a base da concepção e uso de sistemas simbólicos (escrita).
 Haetinger (2004) afirma que as brincadeiras consideradas tradicionais ampliavam bem mais a criatividade, a coordenação motora, o raciocínio, a solidariedade e os conceitos de cooperação das crianças do que as brincadeiras atuais. Hoje elas estão brincando no computador, no vídeo game ou permanecendo a maior parte do dia assistindo televisão, não fazendo com que sua imaginação e sua criatividade se desenvolvam. 
Segundo Haetinger (2004), é importante que os educadores mesmo diante de tanta tecnologia insiram em seus planejamentos as brincadeiras tradicionais, pois diante de muita violência e cidade agitada, os pais não estão deixando que seus filhos brinquem a vontade na rua de sua casa, nas praças, em espaços verdes e nos campinhos. Desta forma, as crianças não sabem brincar com as brincadeiras ditas tradicionais como esconde-esconde, pega-pega, passar anel, etc. Diante desta realidade, os professores são incentivados a estimularem as crianças a compreenderem suas culturas através destas brincadeiras que aos poucos foram deixadas de lado, possibilitando um momento de lazer e descontração, além de colocar o corpo em movimento. 
Souza e Martins (2003) destacam que o brincar faz parte do ambiente diário das crianças e, diante desta ação elas exercitam sua imaginação, se relacionando com os interesses e anseios perante suas necessidades que estão envolvidas com a realidade. Desta forma, o brincar tem por função expressar a forma como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo de acordo com o seu entendimento, expressando as fantasias, desejos, medos, sentimentos e os conhecimentos adquiridos diante destas experiências. 
Os momentos das brincadeiras também servem para que o professor avalie e compreenda como seu aluno está se relacionando com o mundo, possibilitando uma mediação adequada quando perceber sentimentos conflituosos. Assim, quando o educador nota que alguma coisa não está bem com o aluno, ele deve compartilhar essas observações com a equipe pedagógica da escola, que vai decidir o melhor momento de conversar com os pais ou, se for o caso, de encaminhar a criança para especialistas.
Por meio da brincadeira, o professor pode se aproximar e observar o comportamento da criança e assim intervir da maneira mais adequada. A criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor. Por isso, a brincadeira tem um papel decisivo nas relações entre a criança e o adulto, entre as próprias crianças e entre a criança e o meio ambiente. 
O brinquedo exerce assim, um grande controle no aprimoramento infantil. O termo “brinquedo” diz respeito à atividade, ao ato de brincar, ressaltando que o jogo de papéis ou a brincadeira de “faz de conta”, faz com que a criança represente e se envolva em uma situação imaginária, ou seja, brinca diante da necessidade de agir perante a realidade dos adultos e através da situação imaginária representa um comportamento além da sua idade, mas mesmo havendo uma distância significativa entre o comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo, impulsionam conceitos e processos do pleno desenvolvimento infantil. 
Portanto, o brincar é muito importante para o desenvolvimento da criança, se tornando uma ação capaz de reproduzir a sua vivência diante da brincadeira, possibilitando o processo de desenvolvimento psicomotor e sua aprendizagem, além de aperfeiçoar a criatividade, constituindo desta forma um instrumento essencial para a aprendizagem. 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Artigo faz refletir sobre a importância do lúdico como ferramenta pedagógica na Educação Infantil, enfatizando que a Ludicidade traz o desenvolvimentopsicomotor das crianças e consequentemente, o desenvolvimento da aprendizagem. Dessa forma, o bom desenvolvimento motor contribui para o desenvolvimento não só físico, mas consequentemente afetivo e cognitivo da criança. 
Mostra também a importância das atividades lúdicas, no qual apresenta-se como principal objetivo, ajudar a criança a se desenvolver da melhor maneira possível, tirando o melhor proveito desse recurso, favorecendo o seu desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo. 
No entanto, vale ressaltar que o desenvolvimento psicomotor só ocorre quando trabalhado na escola, principalmente na Educação Infantil, pois é nessa fase que a criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades, constrói sua personalidade, definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças, tornando-se um ser consciente. 
Portanto, a Ludicidade aliada à Psicomotricidade na Educação Infantil, só atinge seus objetivos, quando o educador, primeiramente, conhece o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, e posteriormente seus alunos, trabalhando as dificuldades apresentadas por eles, através de diferentes brincadeiras, garantindo uma aprendizagem de qualidade e o desenvolvimento da motricidade.
Pode-se concluir também que as contribuições das atividades lúdicas psicomotoras no desenvolvimento da motricidade são importantes para que a criança possa ter desenvolvidas suas necessidades psicomotoras de forma lúdica e prazerosa. Estas atividades são trabalhadas, garantindo às crianças o desenvolvimento dos aspectos psicomotores. Partindo desse princípio, o estudo mostra que as brincadeiras são mais do que atividades sem consequência para a criança. Brincando, ela não se diverte apenas, mas recria e interpreta o mundo em que vive. 
Em síntese, este Artigo demonstra que é possível contribuir com o desenvolvimento psicomotor das crianças através da Ludicidade desde que se tenham bem definidos os objetivos a serem alcançados. 
As atividades lúdicas devem ser priorizadas na Educação Infantil pelos professores, aprimorando o convívio com os alunos e estabelecendo uma relação de cumplicidade, tanto no planejamento, quanto na execução, aproximando cada vez mais a teoria da prática. 
Assim, devem-se utilizar atividades lúdicas como práticas educativas, pois as mesmas contribuem de maneira expressiva para o desenvolvimento da Psicomotricidade, e esta, como consequência, auxilia na prevenção de dificuldades do ensino-aprendizagem. 
Espero que este trabalho possa servir de fundamentação para que professores que queiram inovar sua prática, tendo as atividades lúdicas como aliadas à Psicomotricidade, possibilitando às crianças uma forma de desenvolver as suas habilidades motoras, intelectuais e sociais, de forma prazerosa e participativa, uma vez que estas atividades são de grande contribuição para o processo de desenvolvimento das necessidades psicomotoras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, V. C. O jogo no Contexto da Educação Psicomotora. São Paulo: Cortez, 1993. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília, 1997.
BRITO, M. JOÃO, R. B. Unidade 2 – Percepção Corporal no Esporte. In: Jogo, Corpo e Escola. Brasília: UnB/CEAD, 2004.
CHATEAU, J. O jogo e a criança. 2ª Ed. São Paulo: Summus editorial, 1954.
FONSECA, I. F; MUNIZ, N. L. O Brincar na Educação Física Escolar. Em busca da valorização de diferentes Perspectivas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.21, n.2/3, jan./maio, 2000.
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da Educação Física. Ed. Scipione. São Paulo, 1997.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2002.
GURMINI, J. Fundamentos Biológicos do Desenvolvimento Infantil. Curitiba: IESDE, 2004.
HAETINGER, M. G. Jogos, Recreação e Lazer. Curitiba: IESDE, 2004.
KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e Materiais Pedagógicos nas Escolas Infantis. Educação e Pesquisa, Campinas, 2001.
LE BOULCH, J. Educação Psicomotora: a Psicocinética na idade pré-escolar. Porto Alegre: Artmed, 2001.
LEVIN, E. A Clínica psicomotora: o corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 1995.
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio histórico. São Paulo: editora Scipione, 1995.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro, Guanabara, Roogan, 1971.
______, J. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
_______, J. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, Livro, 2000.
SEBASTIANI, M. T. Fundamentos Teóricos e metodológicos da educação infantil. Curitiba: IESDE, Brasil, 2003.
SILVA, D. V. Psicomotricidade. Curitiba: IESDE, 2003.
SOUZA, M. H; MARTINS, M. A. M. Psicologia do Desenvolvimento. Curitiba: IESDE, 2003.
TEZANI, T. C. R. A Cibercultura no Currículo Escolar: Oportunidade para (re)pensar a Prática Pedagógica, 2011.
VYGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores, São Paulo, Martins Fontes, 1991. 
_________, L. S. A formação Social da Mente. 6ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
XIMENES, S. Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesa. 2ª Ed. reform. São Paulo: Ediouro, 2000.
*Pós-Graduação Lato Sensu em Psicomotricidade pela Faculdade de Educação São Luís, São Paulo, Brasil. E-mail da autora: erica_193@hotmail.com Orientadora: Profa. Taís Regina Desidério.

Continue navegando