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Ling_9

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AULA 9 – SOCIOLINGUÍSTICA (AULA 2)
CURSO DE LETRAS – PROFESSORA MARCIA DIAS LIMA DA SILVA
Rio de Janeiro, 11 de junho de 2011.
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SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA VARIAÇÃO
O sociolinguista busca demonstrar que a variação é sistemática e previsível.
Temos dois discursos: 
1. O discurso científico, embasado nas teorias da Linguística moderna: noções de variação e mudança. 
2. O discurso do senso comum, baseado na visão normativa sobre a linguagem e que opera com a noção de erro. 
	Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação linguística cumpre essa função plenamente. 
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SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA VARIAÇÃO
Norma – do latim norma (esquadro) 
Regra - do latim regula (régua)
Regra para a linguística = regularidade.
As pessoas utilizam com muito mais frequência que se pensa as formas ditas ‘erradas’.
A mudança linguística: as formas ‘erradas’ que os falantes cultos começam a usar acabam por tornar-se ‘certas’.
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ESCRITA: MODELO PARA A GRAMÁTICA NORMATIVA
Língua não é representação gráfica da escrita: escrever não é “imitar a fala” e sim reformular a fala em outra gramática.
Fala não é subproduto da escrita.
Escrita possui maior prestígio social na nossa cultura: escrita não serve como fator de identidade grupal. Nossa cultura é grafocêntrica. 
Reflexão: o homem é um ser que fala ou ser que escreve?
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A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E SOCIEDADE
	Exemplos de mudança na passagem do Latim para o Português blandu- brando clavu- cravo duplu- dobro fluxu- frouxo obligare obrigar placere- prazer plicare pregar O suposto "erro" é explicável: trata-se do prosseguimento de uma tendência muito antiga no português (e em outras línguas) que os falantes rurais ou não-escolarizados levam adiante. Esse fenômeno tem até um nome técnico na linguística histórica: rotacismo. 
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A NOÇÃO DE ERRO PARA A SOCIOLINGUÍSTICA
Gramática Normativa Uso
Assisti ao filme x Assisti o filme
Atenda ao chamado x Atenda o chamado
A venda implicou alterações x A venda implicou em alterações
Ela namora ele x Ela namora com ele
Obedeça ao professor x Obedeça o professor
Paguei ao vendedor x Paguei o vendedor
Prefiro bolo a doce x Prefiro bolo do que doce
Respondi ao formulário x Respondi o formulário
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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO
	O preconceito linguístico não possui embasamento científico: 
	1. Cada época determina o que considera como forma padrão. 
	Exemplos. “Dereito”, “despois”, “premeiramente”, encontradas no texto de Pero Vaz de Caminha (1500), faziam parte do português padrão daquela época. 
	
	2. Não há razão linguística para que uma estrutura seja considerada melhor que a outra.
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Gnerre (1985): “Uma variedade lingüística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm (...)”
Variedade padrão (Variedade prestigiada): socialmente mais valorizada; Resultado de uma atitude social diante da língua; estabelecimento do conjunto de normas que definem o modo ‘correto’ de falar.
Definição de uma variedade padrão: ideal de homogeneidade diante da realidade concreta da variação linguística.
O padrão é associado à escrita: a escola associa o padrão a escrita.
	
COMO SURGIU O PADRÃO?
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COMO SE COMPORTA A LÍNGUA PADRÃO?
Língua padrão não é uniforme: variação geográfica; diferenças estilísticas; língua oral x língua escrita.
A língua padrão muda com o tempo: 
Você já filme esse filme?
Portugal: Vi-o ontem. 
Brasil: Vi Ø ontem.
Lusíadas; ajuntar; alevantar; alembrar; avoar
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VARIANTE PADRÃO E 
VARIANTE NÃO-PADRÃO
	Na língua, existe pelo menos:
Uma variedade popular.
	(Variedade não-padrão é a modalidade oral, utilizada em contexto informal, de discurso espontâneo, não planejado).
Uma variedade padrão. Modelo ideal de língua que deve ser usado pelas autoridades, órgão oficiais, ensinado e aprendido na escola.
	Deve ser - envolve padronização.
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VARIANTE PADRÃO E 
VARIANTE NÃO-PADRÃO
Variedade não-padrão ("os fósfro"; "moio ingrês“): errado pelas regras de gramática normativa, mas não pelas regras do grupo a que o falante pertence.
A variedade padrão é o que se costuma chamar de língua portuguesa: possui importância e prestígio social.
Por ter prestígio, pensa-se ser a norma-padrão a única representante da língua.
Português não-padrão (PNP). Utilizado por pessoas de classes desprestigiadas e marginalizadas.
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VARIANTE PADRÃO E 
 VARIANTE NÃO-PADRÃO
	O estigma que certas variedades de uso da língua adquirem não tem relação com fatores linguísticos, mas sim extralinguísticos, tais como desprestígio social, econômico, cultural, político, entre outros.
	Exemplos. 
Nós vamos x A gente vai x x a gente vamos x nós vai.
Há 20 alunos na sala x Tem 20 alunos na sala.
Falei a ele sobre isso x Falei para ele sobre isso.
Vou cantar na festa x VoØ canta Ø na festa.
Vamos lá! X Vamo Ø lá! 
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VARIANTE PADRÃO E 
 VARIANTE NÃO-PADRÃO
	O falante culto decide o que vai ou não usar das regras prescritas.
 Falante culto
Nós vamos A gente vai A gente vamos
 Nós vai
	Entre o que a Gramática Normativa prescreve e a variedade não-padrão há níveis intermediários.
	Tudo passa pelo maior ou menor nível de monitoramente.
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NORMA CULTA E NORMA PADRÃO
Alguns linguistas separam:
Norma padrão. Conjunto de regras que estão na Gramática Normativa.
Norma Culta. Conjunto de uso do falante culto. São as formas que o falante culto REALMENTE utiliza em momentos formais de fala e de escrita.
Aproxima-se da prescrição, mas não a segue totalmente.
Exemplos. Mesóclise, Pronomes tu e vós e as respectivas conjugações.
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VARIANTE PADRÃO E 
 VARIANTE NÃO-PADRÃO
 Regras da Gramática Normativa: norma padrão
 + culto
 - culto
Até a próxima aula!
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