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Ramos_Martins_Moreira_Gueller_2017_O-Profissional-de-Secretariado_47319

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REVISTA INTERFACE 
V.14 Nº 1 - Janeiro a Junho de 2017|ISSN 2237-7506 
 
 
 
ISSN 2237-7506 INTERFACE – Natal/RN – v.14 nº 1 | Janeiro a Junho 2017 
 
O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO COMO GESTOR 
DOCUMENTAL: ORGANIZAÇÃO DE UM ACERVO HISTÓRICO E 
CULTURAL 
 
 THE SECRETARIAL PROFESSIONAL AS A DOCUMENT MANAGER: 
THE ORGANIZATION OF A HISTORICAL AND CULTURAL 
ARCHIVE 
 
Brenda Pereira Ramos
1
 
Cibele Barsalini Martins
2 
Katia Denise Moreira
3 
Maria Gabriela Gueller
4 
 
1
 Secretária Executiva formada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e 
Expressão. Departamento de Línguas Estrangeiras. 
2
 Professora na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Doutora e Mestre em Administração pelo 
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Nove de Julho. Especialista em Qualidade 
nas Organizações (Lato-sensu), graduada em Administração pela Universidade Nove de Julho e graduada 
(1997) em Secretariado Executivo pela Universidade São Judas Tadeu. Presidente da Associação Brasileira de 
Pesquisa em Secretariado - ABPSEC (gestão 2013-2015). É editora científica da Revista Gestão e Secretariado. 
3
 Doutoranda em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra Profissional em 
Administração Universitária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Gestão de 
Pessoas e Processos pela Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis (CESUSC). Graduada em Letras - 
Secretariado Executivo em Inglês pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É Assessora do 
Gabinete da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisadora em Administração, Gestão 
Universitária e em Secretariado. Avaliadora de artigos de revistas e eventos nacionais. Coordenadora do 
Grupo de Pesquisa Institucional: Pesquisa e Prática em Gestão e Secretariado (UFSC) - Link CNPq: 
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1695587511457220. 
4
 Mestranda em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal 
de Santa Catarina (PPGA/UFSC). Graduada em Secretariado Executivo pela UFSC. Membro discente do Grupo 
de Pesquisa Institucional: Pesquisa e Prática em Gestão e Secretariado (UFSC) - Link CNPq: 
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1695587511457220 
REVISTA INTERFACE 
V.14 Nº 1 - Janeiro a Junho de 2017|ISSN 2237-7506 
 
 
 
ISSN 2237-7506 INTERFACE – Natal/RN – v.14 nº 1 | Janeiro a Junho 2017 
 
 
O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO COMO GESTOR 
DOCUMENTAL: ORGANIZAÇÃO DE UM ACERVO HISTÓRICO E 
CULTURAL 
 THE SECRETARIAL PROFESSIONAL AS A DOCUMENT MANAGER: 
THE ORGANIZATION OF A HISTORICAL AND CULTURAL 
ARCHIVE 
 
 
RESUMO ABSTRACT 
O profissional de secretariado desempenha diversas 
atividades no âmbito organizacional e, entre elas está 
à organização, manutenção e o controle da 
documentação gerada ou recebida pelo ambiente em 
que atua. Nesse sentido, este estudo tem como 
objetivo verificar como o profissional de secretariado, 
no papel de gestor documental, pode contribuir para 
com a organização de um acervo histórico e cultural. 
Em termos metodológicos optou-se por realizar uma 
pesquisa aplicada, descritiva quanto aos objetivos e 
de abordagem qualitativa. Em termos de estratégia, 
trata-se de um estudo de caso, realizado em uma 
Instituição responsável por um acervo histórico e 
cultural. Após o diagnóstico da real situação do 
acervo, considerou-se que o programa 5S seria a 
ferramenta mais indicada para solucionar o problema 
de organização do ambiente de estudo. A aplicação 
do método promoveu a reestruturação do acervo, 
fato que o tornou mais ordenado e, supõe-se, mais 
acessível, no entanto, a última ação é passível de 
pesquisa futura, visto que não era objetivo deste 
estudo a observação pós implantação da gestão 
documental. 
 
The secretarial professional performs several 
activities in the organizational scope, among them 
are the organization, maintenance and control of files 
produced or received by the sector in which the 
professional operates. Therefore, this study aims to 
verify how the secretarial professional, in the role of 
document manager, can contribute to organizing a 
historical and cultural archive. The methodology is 
characterized by an applied and descriptive research, 
and qualitative approach. In terms of strategy, this it 
is a case study, carried out in an Institution 
responsible for a historical and cultural heritage. 
After the diagnosis of the real situation of the archive, 
5S program was considered a good tool to solve the 
problem about documents organization in the study 
environment. The method application promoted the 
restructuring of the archive, a fact that made it more 
orderly and, it is supposed, more accessible, 
however, the last action is subject to future research, 
since it was not the aim of this study the observation 
post implantation of the document management. 
 
Palavras-chave: Gestão documental. Programa 5S. 
Profissional de Secretariado. 
 
Keywords: Document management. 5S program. 
Secretarial Professional. 
 
 
 
 
 
O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO COMO GESTOR DOCUMENTAL: organização de um acervo histórico 
e cultural 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 Em tempos contemporâneos, o profissional de secretariado deixou de configurar-se 
como um sujeito que apenas presta assistência ao seu superior hierárquico, assumindo 
outras diversas funções dentro do ambiente organizacional. (BORTOLOTTO; WILLERS, 2005). 
Em outras palavras, o secretário (a) adotou um perfil multifuncional e polivalente, fator que 
o transformou em uma peça chave dentro das organizações, devido à sua flexibilidade e 
competências. 
 Na mesma direção, Lasta e Silva (2007) comentam que o profissional de 
secretariado da atualidade, exerce um papel mais colaborativo. Nesse sentido, as autoras 
apontam que ele(a) é capaz de sugerir mudanças e o aperfeiçoamento das atividades 
administrativas em geral, contribuindo diretamente para com o desenvolvimento da 
organização. 
 No que se refere às atividades no ambiente organizacional, uma das funções 
pertinentes ao cargo de Secretariado é a gestão documental que, segundo Paes (2004) 
permite o acesso às informações, tanto pelo público interno, como dos possíveis 
interessados externos na documentação produzida pela empresa. Sobre a competência para 
tal ação, tem-se na Resolução nº 3, de 23 de junho de 2005, que institui as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Secretariado Executivo, em seu artigo 
4º, incisos que dispõem sobre a essencialidade em desenvolver competências para esse tipo 
de gestão durante a formação acadêmica, como por exemplo: a) VI - domínio dos recursos 
de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos 
processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais e b) IX - 
gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes 
usuários. 
 Diante da possibilidade que a formação concede ao profissional de secretariado 
para a gestão documental e observada a necessidade de melhorias em tal área, em um 
ambiente específico, como o que abriga um patrimônio histórico e cultural público, no 
Estado de Santa Catarina, surge como pergunta de pesquisa: como o profissional de 
secretariado, no papel de gestor documental, pode contribuir para com a organização de um 
acervo histórico e cultural? 
Brenda Pereira Ramos, Cibele Barsalini Martins, 
 
Katia Denise Moreira e Maria Gabriela Gueller 
 
 
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 Para responder à questão de pesquisa tem-se como objetivo verificar como o 
profissional de secretariado, no papel de gestor documental, pode contribuir para com a 
organização de um acervo histórico e cultural. Para auxiliar no alcance doproposto, após 
avaliação inicial da situação do acervo, ocorrida, por meio de pesquisa in loco, considerou-se 
a aplicação do programa 5S como ferramenta organizadora do acervo. 
 Vale destacar, que a Instituição, na qual o estudo foi realizado, atua na preservação 
do patrimônio cultural brasileiro e está vinculado ao Ministério da Cultura. Diante de 
tamanha responsabilidade acredita ser essencial a organização do acervo da Instituição. 
Todavia, esse estudo justifica-se pela observação da não efetividade na gestão documental 
no local e, sendo assim, acredita-se ser necessária a aplicação de uma ferramenta que auxilie 
neste caso, na “[...] avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a 
sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” (BRASIL, 1991, não paginado). 
 Para alcançar o objetivado, o estudo está dividido em sete seções, a primeira está a 
introdutória, que apresenta o tema-problema, objetivos e justificativa. Na segunda, 
apresenta-se matéria sobre a gestão documental, na terceira trata-se das atribuições 
secretariais e na quarta disserta-se acerca da ferramenta 5s. Na sequência são apresentados 
os procedimentos metodológicos, seguidos, na sexta seção, pelos resultados e discussões. 
Na sétima e, última seção, externam-se as considerações finais, seguidas das referências 
utilizadas. 
2 GESTÃO DOCUMENTAL 
 No campo da gestão documental, que tem como propósito, estabelecer normas e 
procedimentos técnicos para a classificação, avaliação, preservação e eliminação de 
documentos, no intuito de contribuir para com a organização e acesso rápido as informações 
em uma instituição (BERNARDES; DELATORRE, 2008), os arquivos são considerados espaços 
para armazenamento da massa documental. 
Guimarães (2012, p.75) especifica o significado de arquivos quando os definem como, 
“espaços de acumulação ordenada dos documentos [...], criados por uma instituição ou 
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pessoa, no curso de sua atividade e preservados para a consecução de seus objetivos, 
visando à utilidade que poderão oferecer no futuro”. Sobre o acervo que um arquivo 
armazena, Rezende e Machiori (1994) ressaltam a possibilidade, entre outras, do 
desenvolvimento de atividades culturais e educacionais em que a informação se caracteriza 
como um recurso social e democratizado. Tal oportunidade, ainda segundo as autoras, 
sustenta a necessidade de o acervo ser mantido atualizado e desenvolvido tanto de forma 
qualitativa, quanto quantitativa. 
 Dessa maneira, acredita-se que os arquivos têm importância para as organizações, 
tanto públicas como privadas, pois preservam sua memória e possibilitam o intercâmbio das 
informações entre diferentes departamentos. No caso de arquivos públicos, caso deste 
estudo, “constituem um tipo de fonte de cultura [e] refletem não apenas a expansão e o 
funcionamento de um governo, mas também o desenvolvimento de um país” 
(SCHELLENBERG, 2006, pp. 31-32). Ademais, de acordo com o mesmo autor, englobam 
experiências oficiais que o governo pode utilizar como base para ações, tomar 
determinações, tratar de problemas sociais e econômicos, como também, problemas de 
organização e métodos. 
 Alinhada a esse contexto, a gestão documental surge para o tratamento e 
preservação da informação organizacional, de modo que seja mantida “[...] viva a memória 
cultural, com acessibilidade e padronização, visando velocidade no fluxo de informações aos 
seus consultores” (ZWIRTES; DURANTE, 2007, p. 03). Ressalta-se ainda, que a gestão 
documental e o acesso às informações são defendidos pela Lei nº. 8.159, de 08 de janeiro de 
1991, que dispõe sobre a Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados, a qual prevê em 
seu Art. 1º a “proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à 
administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e 
informação” (BRASIL, 1991, não paginado). 
 Destaca-se também, em termos de gestão documental, que as organizações, 
atualmente, concedem a ela papel tão relevante quanto à administração de materiais e de 
pessoas, visto que a partir de tal ferramenta é possível potencializar o acesso à informação 
fato que, consequentemente, contribui para com o processo decisório (PAES, 2004). Diante 
de tal perspectiva, acredita-se ser importante a implantação de uma política documental no 
planejamento estratégico das organizações para definir critérios de arquivamento, com o 
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intuito de preservar a autenticidade, funcionalidade e relevância dos documentos, assegurar 
o acesso às informações por parte dos interessados e até mesmo contribuir para o meio 
ambiente. 
 No que tange a implantação da gestão documental é possível utilizar-se de diversas 
ferramentas para aprimorar e facilitar o processo, as quais podem ser aplicadas nas três 
idades, definidas pela teoria, para o arquivo, cuja caracterização é ilustrada na Figura 1: 
Figura 1- As três idades do arquivo
 
 Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Camargo e Bellotto (1996), Zwirtes e durante (2007) e 
Varela e Neumann (2011) 
 
 Vale destacar que a teoria trata da Tabela de Classificação Documental e Tabela de 
Temporalidade como principais instrumentos de organização documental, visto que 
estabelece quais documentos podem passar de uma idade para outra, ou seja, ser arquivado 
em guarda Permanente ou eliminado. No entanto, não há impedimentos para a associação 
com outras ferramentas e, sendo assim, no caso em estudo, por se tratar de um órgão que 
prima pelo planejamento, associado ao objetivo da gestão de buscar sempre a solução para 
os problemas associada à melhoria dos resultados, para alcançar um desempenho ideal, 
constatou-se, por meio de avaliação in loco, a ser descrita em momento oportuno, que o 
programa de melhorias 5S alinhava-se com a filosofia da Instituição. 
• Documentos vinculados aos objetivos imediatos aos quais 
foram produzidos ou recebidos. 
• são mantidos “juntos aos seus órgãos produtores em razão da 
sua vigência e da frequência com que são consultados 
Primeira Idade 
Corrente 
• Documentos originários do arquivo corrente, com uso pouco 
frequente, armazenados para aguardar sua destinação final. 
Segunda Idade 
Intermediária 
• Documentos mantidos em caráter definitivo em função do seu 
valor. 
• Relacionados a preservação de documentos e informações, 
garantindo acesso permanente em um patrimônio documental. 
Terceira Idade 
Permanente 
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3 O PROGRAMA 5S COMO FERRAMENTA PARA A GESTÃO DOCUMENTAL 
 O programa 5 ‘S’ é uma concepção japonesa, criada na década de 1950, com o 
intuito de reestruturar um país que sofria com as consequências da Segunda Guerra Mundial 
(ANDRADE, 2002). Ainda, segundo o autor, trata-se de uma ferramenta que tem como 
objetivo alcançar a qualidade total, com o aprimoramento tanto dos processos 
organizacionais de qualquer tipo de organização, como da vida pessoal de quem a aplica. 
Sobre o programa, Rebello (2005) destaca que se mostrou tão eficaz, que até os dias atuais é 
considerado um dos principais instrumentos para gestão de qualidade e produtividade 
utilizado não só no Japão, mas no mundo. Os 5S ou 5 sensos, de acordo com Andrade (2002) 
são definidos, conforme ilustra o Quadro 1: 
Quadro 1 - Síntese do Programa 5S 
Sensos Descrição Objetivo 
Seiri 
(Seleção/ Utilização) 
Separação do que é útil e a eliminação 
do que é inútil, classificando-ossegundo uma ordem de importância. 
Poupar espaço físico, reduzir custos, 
facilitar o controle dos processos e 
aprimorá-los. 
Seiton 
(Ordenação) 
Organização ou guarda do que foi 
considerado útil. Facilita o acesso às 
informações e, consequentemente 
otimiza o trabalho. 
Facilitar a recuperação de 
informações, promover maior 
racionalização do trabalho e tornar o 
ambiente funcional. 
 
Seisoh 
(Limpeza) 
Eliminação da sujeira em todos os 
aspectos. 
Propiciar satisfação dos funcionários, 
aumentar a disposição, evitar danos 
e melhorar o aspecto do ambiente. 
Seíketsu 
(Higiene/ Padronização) 
Padronização dos procedimentos e 
manutenção das condições de 
trabalho, tendo em vista aspectos de 
higiene, segurança no trabalho e saúde 
pessoal. 
Melhorar o ambiente de trabalho e 
aumentar a disposição e 
consequentemente a produtividade. 
 
Shitsuke 
 (Autodisciplina) 
Aplicação e manutenção do Programa 
5S. É a consolidação de todo o 
processo iniciado, tornando-o assim, 
um hábito. Dar continuidade e sempre 
que possível aperfeiçoar os estágios 
anteriores 
Melhorar as relações humanas, 
aumentar a produtividade e 
aperfeiçoar o ambiente de trabalho. 
 
Fonte: Elaborada pelas autoras, com base em Andrade (2002) 
 
 No Quadro 1 é possível perceber a correlação entre os sensos, que o se pretende 
promover é uma cultura organizacional, no que se refere a qualidade, que visa a 
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Katia Denise Moreira e Maria Gabriela Gueller 
 
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economicidade, a higiene e a disciplina fatores considerados essenciais para a produtividade 
(CAMPOS, 1994). Todavia, a implantação de um programa de melhorias, exige análise e a 
reestruturação de alguns processos. Nesse sentido Rebello (2005, p.169) explica que o 
programa 5S é “[...] uma ferramenta associada à filosofia de qualidade que auxilia na criação 
de condições necessárias à implantação de projetos de melhoria contínua. É um sistema que 
organiza, mobiliza e transforma pessoas e organizações”. 
 Portanto, para se utilizar o programa é essencial à adoção de uma metodologia de 
implantação correta, que vise benefícios maiores, em termos de motivação, criatividade, 
produtividade e lucratividade (REBELLO, 2005). Acredita-se que para alcançar a efetividade 
na utilização da ferramenta, é preciso que todos os membros de uma organização, eliminem 
possíveis barreiras e estimulem um ambiente de trabalho saudável, sempre buscando 
melhorias a fim de atingir a qualidade total. 
 Vale mencionar que na literatura já há associação entre gestão da qualidade e a 
gestão de documentos (JARDIM, 1987; CARDOSO e LUZ; 2005; MORENO, 2008; SILVA, 2010, 
SILVA e FLORES 2011). Os autores refletem sobre o papel essencial da gestão da informação 
para o alcance da qualidade nas organizações, inclusive afirmam que uma não é possível sem 
a outra (CARDOSO; LUZ, 2005). 
 Silva e Flores (2011) lembram, no entanto, que as práticas de gestão da qualidade 
em arquivos ainda são incipientes, mas consideram que não há contestação acerca da 
contribuição metódica mútua entre elas naquilo que se refere à produção documental, uso, 
avaliação e, principalmente arquivamento. 
4 O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO GESTOR - DOCUMENTAL 
 A função de administrar um fenômeno exige do sujeito competências específicas 
(MOTTA, 1997), visto que envolve processos que buscam atingir os objetivos de uma 
organização. Para tanto, segundo o autor, o indivíduo que assume o papel de gestor realiza 
atividades como: controlar, analisar, decidir, comunicar, liderar, motivar equipes de trabalho 
e a si próprio, avaliar, controlar. 
 Na mesma direção, Rodrigues (2004) considera que gerir é uma ação que envolve 
mediar recursos para atingir as metas estabelecidas pela organização e, alinhada a tal 
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afirmativa, está à posição de Rodrigues (2004a), quando diz que o profissional de 
secretariado é um gestor, no momento em que assume o papel de agente transformador de 
insumos, na busca pelo alcance dos resultados institucionais estipulados. 
 Todavia, vale destacar que a competência para gerir foi conquistada pelo 
profissional de secretariado, a partir de uma mudança significante de seu perfil, que deixou 
de ser extremamente tecnicista, para inserir-se em níveis táticos e estratégicos. (ORTEGA, 
2013). Em outras palavras, aquele que era um profissional que oferecia somente suporte aos 
superiores, tornou-se uma peça chave dentro da organização devido à construção de um 
arcabouço de conhecimento, habilidade e atitudes multifuncional. 
 Sobre as competências para a gestão, remete-se ao dito introdutoriamente sobre a 
formação secretarial, isto é, que as Diretrizes Curriculares para o curso de graduação em 
secretariado exigem uma gama de competências, dentre as quais a gestão está inclusa, vide 
o objetivo da formação: 
Art. 3º O curso de graduação em Secretariado Executivo deve ensejar, como 
perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender as 
questões que envolvam sólidos domínios científicos, acadêmicos, 
tecnológicos e estratégicos, específicos de seu campo de atuação, 
assegurando eficaz desempenho de múltiplas funções de acordo com as 
especificidades de cada organização, gerenciando com sensibilidade, 
competência e discrição o fluxo de informações e comunicações internas e 
externas. (BRASIL, 2005, não paginado). 
 Neiva e D’Elia (2009), sobre as competências secretariais, destacam: a capacidade 
de realização; a criatividade e a inovação; o compromisso com resultados; o pensamento 
estratégico; o trabalho em equipe; a liderança; a coordenação de informações, as técnicas 
de gerenciamento, entre outras. Nesse sentido, acredita-se que é confirmado o dito por 
Ramos (2004), sobre as atividades desenvolvidas pelos secretários executivos estarem 
relacionadas ao raciocínio, à inteligência e à percepção. 
 Crê-se que tal fato sustente ainda, o posto por Bortolotto e Willers (2005) acerca de 
as atribuições profissionais de Secretariado Executivo serem complexas e não se 
restringirem apenas a atividades rotineiras de um escritório. Dessa forma, “o secretário 
executivo é um profissional inserido nas organizações, capaz de contribuir para o 
desenvolvimento das mesmas e atua como gestor, tomando decisões importantes”. (LASTA; 
SILVA, 2007, p. 5) 
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 Ortega (2013) diz que o papel do profissional de secretariado tem relevância em 
todo contexto organizacional e que deve buscar ações para alcançar a eficiência operacional, 
estratégica e comportamental. Para tanto, deve possuir conhecimento da estrutura 
organizacional de sua empresa, ou seja, ter conhecimento sobre os processos, pessoas, 
finanças e clientes da organização para que seja capaz de sugerir e gerenciar mudanças. 
 Diante do apresentado sobre a competência secretarial para a gestão, destaca-se 
aquilo definido, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em 
Secretariado Executivo, no que se refere ao desenvolvimento de competências, durante a 
formação, para o campo da gestão documental de uma instituição. Destaca-se que 
subjetivamente todos os incisos tratam da questão da gestão, no entanto, no que se refere a 
informação/documentação os incisos VI e IX do parágrafo 4º são mais objetivos quanto ao 
tema: 
[...] VI - domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis 
com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas 
comunicações interpessoais ou intergrupais [...] IX - gerenciamentode 
informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes 
usuários [...] (BRASIL, 2005, não paginado). 
 À vista disso, acredita-se que o profissional de secretariado deve buscar atualização 
constante de seus conhecimentos e habilidades, principalmente, no que se refere a 
ferramentas que podem auxiliar na efetividade de suas funções, como para o caso da gestão 
documental e também, para adequar-se à realidade atual das organizações, que exigem 
cada vez mais qualidades e competências de seus colaboradores. 
5 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 
 Os procedimentos metodológicos incumbem-se de informar os caminhos que a 
pesquisa percorreu, especificando suas etapas e os procedimentos que serão adotados em 
cada uma delas (GERHARD; SILVEIRA 2009). Sob tal perspectiva, esse estudo é de natureza 
aplicada, cuja finalidade é produzir conhecimento para aplicação prática dos resultados, 
como forma de contribuir para com a solução do problema encontrado (BARROS; LEHFELD, 
2000). Nesse sentido, buscou-se a solução para a organização de um acervo, por meio da 
gestão documental. 
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 Quanto aos objetivos, trata-se de pesquisa descritiva, a qual descreve as 
características de determinada população ou fenômeno (VERGARA, 2007). Neste caso, 
descreveu-se fenômeno da gestão de documental e buscou-se alinhá-lo a uma ferramenta 
que atenta para a qualidade, no sentido de organizar um acervo histórico e cultural. 
 No que se refere à abordagem, este estudo se caracteriza como qualitativo, pois, 
trata de compreender as características de um fenômeno, povo, ou então, o 
estabelecimento de relações entre variáveis. (GIL, 2002). Assim buscou-se conhecer o 
ambiente organizacional e a demanda pela implantação da gestão documental, constatada a 
necessidade, investigaram-se algumas ferramentas de gestão que se adequassem a cultura 
da organização. 
 Em termos de estratégia optou-se pelo estudo de caso, método que se concentra 
na investigação empírica de um fenômeno dentro de seu contexto na vida real. (YIN, 2015). 
Desse modo, alinhado ao objetivo desta pesquisa, procurou-se conhecer o ambiente 
organizacional e, principalmente, o acervo lá armazenado e a necessidade da aplicação da 
gestão documental. 
 Para a coleta de dados, fez-se uso das técnicas bibliográfica, desenvolvida a partir 
de material já elaborado (GIL, 2002), neste caso, sobre o profissional de secretariado, gestão 
documental e o programa de melhorias 5S e documental, que, segundo Gil (2002) vale-se de 
materiais sem tratamento analítico ou ainda, que podem sofrer alterações, como é o caso 
das leis e resoluções utilizadas neste estudo. Outro recurso empregado foi a observação 
participante, uma modalidade em que o pesquisador assume o papel de observador ativo 
(YIN, 2015). Ou seja, neste estudo o pesquisador, atuou em conjunto com o Secretário 
Executivo do local, no sentido de planejar a gestão documental, além de auxiliar o secretário 
na coordenação dos trabalhos de implantação. 
 Acerca da análise dos dados foram definidos os sensos do programa 5S como 
categorias analíticas: Seiri, Seiton, Seisoh, Seíketsu e Shitsuke, as quais serviram como base 
para a construção de uma metodologia a ser aplicada no ambiente de pesquisa. A aplicação 
de cada senso é discutida na seção que segue. 
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6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS E RESULTADOS 
 Anterior à apresentação dos dados e resultados, acredita-se ser importante fazer 
breve relato sobre o ambiente escolhido como caso para este, no entanto, devido a 
questões cautelares, o nome da Instituição é preservado. Assim, trata-se, de acordo com 
histórico da Instituição, disponível em sua página virtual, de um órgão com vínculos 
ministeriais, criado no ano de 1937, que tem como objetivo a preservação e a promoção de 
patrimônio histórico e cultural, certificando sua proteção, a fim de que seja usufruído por 
gerações futuras. 
 Observa-se que o local produz grande quantidade de documentação diariamente e 
para o arquivamento dessa massa documental, conta com um arquivo corrente, no qual são 
encontrados documentos produzidos pela divisão administrativa e pela divisão técnica, que 
tratam de assuntos como: obras de recuperação de monumentos e edificações históricas; 
elaboração de projetos de divulgação dos patrimônios; preservação de sítios arqueológicos; 
preservação de espaços destinados às manifestações artístico-culturais; elaboração de 
planos de ação para cidades históricas; documentação administrativa em geral, entre outros. 
Os documentos em fase intermediária e permanente são transferidos para o arquivo central 
do órgão, visto que no Estado de Santa Catarina está localizada uma das superintendências 
do órgão oficial. 
 Além disso, a instituição recebe documentação produzida por outros órgãos 
regularmente. Esses documentos passam pelo protocolo, setor responsável pelo 
recebimento, registro e distribuição. Como resultado desta produção, o gerenciamento 
documental torna-se uma etapa crucial para o bom desenvolvimento das atividades da 
Instituição, tendo em vista a quantidade de informações a serem administradas e sua 
relevância. 
 Contudo, ao analisar a gestão documental do órgão durante o ano de 2015, foi 
possível perceber a falta de organização e padronização na guarda e, consequentemente, na 
recuperação das informações. Não havia métodos de arquivamento e movimentação 
adotados como forma padrão. A guarda de informações irrelevantes e/ou repetidas 
aconteciam constantemente. Sendo assim, notou-se a necessidade de planejamento e 
execução de normas que otimizem o tempo e as atividades que necessitem do arquivo. 
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 Desse modo, o primeiro passo foi o diagnóstico da real situação do arquivo da 
Instituição. Observou-se que não havia nenhum tipo de método de arquivamento adotado 
como forma padrão, que ocasionava o arquivamento dos processos em ordem errada. 
Documentos com classificação diferente foram encontrados arquivados no mesmo lugar. 
Cópias de diversos tipos de documentos acumulavam-se desnecessariamente, ocupando um 
espaço que poderia ser utilizado de outras formas. Caixas de arquivo não eram identificadas 
com etiquetas padronizadas e em alguns casos não havia sequer identificação de seu 
conteúdo. Documentos identificados por protocolo (documentos recebidos) estavam 
arquivados fora de ordem e também não haviam sido tramitados de forma correta no 
sistema. Com os resultados da análise, verificou-se a necessidade de uma reestruturação da 
gestão documental. 
 Após o diagnóstico, o próximo passo foi definir o programa de melhorias mais 
adequado àquela situação. Notou-se que o programa 5S, ou 5 sensos, era compatível para o 
cenário, tendo em vista que este é um programa de fácil compreensão e simples execução, 
que possibilita progresso para o setor que o aplica. O 5S, conforme descrito no arcabouço 
teórico, defende ideias básicas de organização e limpeza que fazem diferença em um 
ambiente organizacional e preza por um local ou situação ordenado e disciplinado 
(ANDRADE, 2012). Dessa forma, percebeu-se que o programa auxiliaria na reestruturação da 
gestão documental do local em estudo, conforme procedimento descrito a seguir. 
6.1 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO SEIRI (SELEÇÃO/UTILIZAÇÃO) 
 Após o diagnóstico, deu-se início a realização da primeira etapa do programa 5S, 
que se refere à separação do que é útil e a eliminação do que éinútil. Essa etapa do 
processo foi realizada de agosto a setembro de 2015. Para atingir o objetivo, foi necessária a 
verificação do conteúdo de cada caixa de arquivo existente no local, visto que várias 
estavam sem identificação de seu conteúdo e sem relação de como haviam sido arquivadas. 
 Na maioria delas, existia documentação de anos anteriores, como, por exemplo, 
ofícios, memorandos, pareceres técnicos, entre outros. Assim, verificou-se a necessidade de 
realizar uma triagem do conteúdo dessas caixas que ocasionou na identificação da existência 
de várias vias idênticas do mesmo documento, as quais foram consideradas desnecessárias, 
uma vez que ocupavam um espaço que poderia ser melhor remanejado e utilizado para 
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outros fins. Além disso, com a triagem foi possível constatar que o conteúdo havia sido 
armazenado sem ordem cronológica ou qualquer outro método de arquivamento. 
 Dessa maneira, foram eliminadas as cópias, restando assim, um exemplar de cada 
documento. Isso resultou em diminuição de conteúdo e, consequentemente, na quantidade 
de caixas de arquivos utilizadas. Cabe ressaltar que a decisão da eliminação dos documentos 
foi respaldada pela tabela de temporalidade da Instituição, cujos pressupostos para o 
descarte são amparados pela Resolução nº 7, de 20 de maio de 1997 do Conselho Nacional 
de Arquivos (CONARQ), que em seu artigo 1º determina que: “A eliminação de documentos 
nos órgãos [...] do Poder Público ocorrerá após concluído o processo de avaliação conduzido 
pelas respectivas Comissões Permanentes de Avaliação, responsáveis pela elaboração de 
tabelas de temporalidade”. (CONARQ, 1997). Sendo assim, amparado pelo documento e 
pela comissão, restou ao profissional de secretariado somente o trabalho de eliminação de 
documentação desnecessária. 
6.2 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO SEITON (ORDENAÇÃO) 
 A seguir, com o objetivo de ordenar o que foi preservado da primeira etapa, foi 
necessário separar documentos por seu ano de produção e espécie, como, por exemplo, 
memorandos, ofícios, etc. Em seguida, escolheu-se o melhor método de arquivamento para 
a documentação produzida e recebida, assim como para os processos. Tal etapa foi realizada 
no mês de outubro de 2015. 
 Para os documentos expedidos, optou-se pelo método alfanumérico, com letras ou 
palavras unindo-se aos números, um sistema de organização muito utilizado pela 
simplicidade e rapidez que o caracterizam (NEIVA; D’ELIA, 2009), tendo em vista que para 
cada documento produzido, há uma sequência numérica a ser seguida. Já para os 
documentos recebidos, que são identificados por número de protocolo, primeiramente, foi 
necessária a verificação no sistema de Controle de Processos e Documentos (CPROD) de 
cada registro, a fim de verificação dos trâmites. Observou-se que uma quantidade de 
documentos não havia sido inserida corretamente no sistema, fato que prejudicava sua 
localização. 
 Na sequência, com os protocolos tramitados de forma correta, também se optou 
pelo método alfanumérico, considerando que os protocolos atribuídos a essa 
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documentação, assim como os documentos expedidos, também seguem uma sequência pré-
estabelecida. Todos os documentos foram separados por ano e espécie e colocados em 
caixas de arquivo devidamente rotuladas. 
 Para a ordenação dos processos foi preciso somente uma revisão da ordem 
arquivada, com o intuito de confirmar se a sequência numérica estava correta. Diversos 
foram encontrados fora do lugar, fato que tem como consequência, a demora em localizá-
los. Fez-se então, o remanejamento de modo a seguir a numeração crescente atribuída a 
eles. 
6.3 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO SEISOH (LIMPEZA) 
 Considera-se essencial falar de limpeza quando se trata de gestão documental, uma 
vez que ela é umas das responsáveis pela conservação do acervo. Nesse sentido, Paes (2004) 
esclarece que a conservação documental abrange os cuidados higiênicos, tanto em relação 
ao material propriamente dito, como o local de sua guarda. 
Para alcançar os objetivos do terceiro senso, foi necessário empregar algumas medidas para 
amenizar os processos de degradação do acervo e melhorar o ambiente de trabalho. 
Primeiramente, grampos e clipes foram retirados dos documentos, a fim de evitar danos 
devido à oxidação. Caixas e materiais sem uso foram organizados de forma a desobstruir o 
local do arquivo. Materiais inúteis foram eliminados. Uma limpeza geral foi feita pela equipe 
responsável pela faxina da Instituição, resultando em um ambiente sem poeira e outros 
resíduos. Um desumidificador foi instalado e fica ligado 24 horas na área do arquivo para 
evitar danos aos documentos devido à umidade. 
 Lembra-se que o senso Seisoh diz respeito não somente a limpeza do local de 
trabalho, mas também ao comprometimento de cada sujeito em zelar e manter limpos os 
ambientes e os materiais utilizados. Tais medidas além de serem adotadas, devem ser 
constantemente verificadas, no sentido de aplicação, a fim de se atingir o objetivo do senso. 
6.4 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO SEIKETSU (HIGIENE/PADRONIZAÇÃO) 
 O senso Seiketsu diz respeito à padronização dos sensos anteriores e a manutenção 
da higiene. Para alcançar este objetivo, acrescentou-se na rotina de trabalho a 
responsabilidade de manter a ordenação do arquivo, seguindo sempre os sensos 
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precedentes. Também foi divulgado via e-mail para os funcionários que possuem contato 
direto com documentos e processos, um guia, contendo instruções básicas, para a 
conservação de documentos e também, para uma gestão documental eficiente. 
6.5 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO SHITSUKE (AUTODISCIPLINA) 
 Este é o estágio do programa 5S em que as fases anteriores viram disciplina, ou 
seja, são acrescentados na rotina e na cultura da organização. Neste caso, refere-se também 
à autodisciplina do profissional de secretariado enquanto gestor documental. As práticas 
efetuadas anteriormente se tornam algo rotineiro, a fim de preservar a ordenação e facilitar 
a recuperação de informações. 
 Além disso, o secretário gestor documental deve se autodesenvolver para 
consolidar uma gestão em que a efetividade seja uma constante. É necessário 
comprometimento e respeito às normas e procedimentos, uma vez que esses auxiliarão na 
qualidade dos processos organizacionais e também, na vida dos funcionários, que estarão 
em um ambiente organizado e disciplinado. 
 Em Síntese, diante da experiência ora vivenciada, constatou-se que uma das 
funções pertinentes ao cargo de secretário é a gestão documental, ou seja, a organização, a 
manutenção e o controle de arquivos gerados pelo setor e/ou empresa em que atua, 
garantindo, assim, o gerenciamento de informações expedidas ou recebidas (ZWIRTES; 
DURANTE, 2007, p. 07), inclusive, certificou-se que o profissional desenvolve competências 
para tanto. Observou-se ainda, que o secretário, enquanto gestor documental fica 
responsável por analisar e decidir qual o melhor método a ser aplicado, logicamente, 
alinhado a filosofia e objetivos da organização. 
 Neste caso, apurou-se, dentre as diversas ferramentas de gestão, que o programa 
5S, se adequaria a aquilo que o ambiente necessitava em termos de organização. Conforme 
já posto, o 5S ou 5 sensos tem como base fundamental a melhoria da qualidade dos 
ambientes (ANDRADE, 2002) e processos e tem como objetivo atingir um padrão de 
organização. O programa, por nãoser de aplicação complexa, pode auxiliar o profissional de 
forma eficiente a atingir a efetividade de forma rápida. 
 Em conclusão, diante do todo analisado, constatou-se a importância da gestão 
documental, principalmente naquilo que se refere a um ambiente que tem por objetivo zelar 
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por um acervo histórico e cultural. Averiguou-se também, que o secretário, a partir de 
competências desenvolvidas durante sua formação, pode assumir a gestão documental do 
ambiente ora averiguado, visto que planejou e coordenou todo o processo ora descrito, 
contribuindo assim, para com a ordenação efetiva daquilo que a essência da Instituição em 
estudo. 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Observa-se, atualmente, que o papel do profissional de secretariado tem ganhado 
relevância em todo contexto organizacional, tendo em vista a evolução de suas 
competências e, pela viabilidade que a posição lhe oferta de estar em contato direto com 
vários setores e níveis hierárquicos em uma organização. 
 Desse modo, acredita-se que uma das funções que este profissional pode assumir é 
a gestor documental, contribuindo para com a administração da massa documental do 
ambiente em que atua. Dessa maneira, a problemática deste estudo ateve-se a ao 
alinhamento entre gestão documental e a possibilidade de o profissional de secretariado 
assumir tal função, fato que resultou no objetivo deste estudo que buscou verificar como o 
profissional de secretariado, no papel de gestor documental, pode contribuir para com a 
organização de um acervo histórico e cultural. 
 Ao final da pesquisa, averiguou-se que o profissional assumiu a gestão documental, 
visto que identificou um problema, planejou como solucioná-lo, com auxilio de uma 
ferramenta de gestão adequada para o ambiente, contribuindo para com a efetividade da 
administração e com o alcance dos objetivos da Instituição. 
 Vale destacar, que o programa 5S, escolhido pelo Secretário como a ferramenta que 
mais se adequou as necessidades da Instituição, teve como finalidade o melhoramento de 
ambientes e da produtividade de quem o aplica, utilizando fatores como a organização, 
eliminação do que é inútil, limpeza e disciplina. Observa-se que a aplicação dessa ferramenta 
de gestão trouxe grandes melhorias para o ambiente, visto que reestruturou o arquivo de 
forma a facilitar o trabalho, uma vez que o acervo se tornou acessível e ordenado. Crê-se 
diante do vivenciado durante a pesquisa, que todo o processo de reestruturação de gestão 
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documental realizado, por meio dos cinco sensos, mostrou-se essencial para a Instituição, 
pois aprimorou a recuperação de informações e, consequentemente, a execução dos 
serviços prestados pelo órgão. 
 No que se refere às limitações, esse trabalho trata de um estudo de caso, fato que 
não permite generalização, contudo pode servir de parâmetro e auxiliar pesquisas futuras 
sobre a aplicação do programa 5S no âmbito organizacional. Sugere-se ainda, estudo futuro 
para avaliar se o programa, pós-introdução, está sendo eficaz e se os colaboradores estão 
agindo conforme a filosofia do programa. 
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