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ATIVIDADE PROCESSO PENAL

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ESTUDO DIRIGIDO: PROCESSO PENAL II
1. Quais são as espécies de Ações Penais (Art. 24 a 62 do CPP)?
A ação penal pública é aquela cujo o titular do direito de ação for o próprio Ministério Público, isto é, o Estado propriamente dito, na figura dos promotores de justiça ou dos Procuradores da República que visa a tutela dos interesses sociais e a manutenção da ordem pública, exercendo esse direito por meio da denúncia.
Ação penal privada, entende-se que a regra é que a iniciativa da ação penal seja pública, pelo fato de que cabe ao Estado tutelar e pacificar a sociedade diante das infrações penais cometidas. Nesse sentido, ao dar à vítima a titularidade exclusiva para propor a ação penal, o Estado passa a abrir mão de tutelar os bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, pois o início da ação restará condicionada à vontade da vítima. O conceito propriamente dito de uma Ação Penal Privada se entende como sendo toda ação movida por iniciativa da vítima ou, se for menor ou incapaz, por seu representante legal. No Artigo 100, § 2º, do Código Penal, diz:
Art. 100, § 2º do CP – A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
2. O que é o chamado “acordo de não persecução penal”?
O acordo de não persecução penal nada mais é que uma espécie de medida despenalizadora, apresentando-se em uma ampliação da chamada justiça negociada no Processo Penal, acompanhado de institutos já previstos no ordenamento jurídico brasileiro, como a transação penal e a suspensão condicional do processo, ambas dispostas na Lei 9.099/95, além da colaboração premiada, prevista na Lei 12.850/13. De toda forma, o acordo de não persecução penal poderá ser proposto pelo representante do Ministério Público, ou pelo acusado, quando o delito em questão for a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, como por exemplo, furto, estelionato, posse irregular e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido etc. Isso posto, não restam dúvidas de que o instituto do acordo de não persecução penal pode se apresentar como uma boa opção ao infrator da lei, como veremos adiante. Antes, porém, vejamos a aplicação do instituto processual no tempo.
3. O que são as medidas cautelares? Apresente a classificação completa e diga onde elas estão previstas no Código de Processo Penal.
O mesmo que liminar. É um ato de precaução. É o pedido para antecipar os efeitos da decisão, antes do seu julgamento. É concedida quando a demora da decisão causar prejuízos (periculum in mora). Ao examinar a liminar, o ministro relator também avalia se o pedido apresentado tem fundamentos jurídicos aceitáveis (fumus boni iuris). O Código de Processo Penal prevê algumas medidas cautelares. Ou seja, medidas que visam a garantia do processo, antes da sentença penal. Entre as medidas cautelares mais comuns, estão algumas espécies de prisões processuais, como a prisão em flagrante e a prisão preventiva por exemplo. Contudo, a medida cautelar não precisa ser de prisão. O art. 319 e o art. 320 do CPP, desse modo, estabelecem outras espécies de medidas cautelares.
As medidas cautelares no nosso Código admite claramente, duas classificações:
I- A primeira divide as medidas cautelares em:
a) medidas cautelares típicas ou nominadas: são medidas prevista em lei, ou seja, estão reguladas sob a denominação de procedimentos cautelares específicos, disciplinados no Capítulo II do Livro III;
b) medidas cautelares atípicas ou inominadas: são medidas que não tem previsão específica, mas são concedidas com base no poder de cautela do juiz, admitida pelo artigo 798 do Código de Processo Penal.
II- A segunda classificação legal divide as medidas cautelares, conforme o momento em que são deferidas, conforme artigo 796 do CPP, em:
a) Medidas preparatórias, conforme artigo 800, in verbis:
Art. 800: As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal.
b) Medidas incidentes, são as que surgem no curso do processo principal.
Portanto, o pedido cautelar está sempre vinculado a um processo principal, do qual é dependente e acessório.
Com base nessa distinção feita no mencionado artigo, temos as cautelares preparatórias e as incidentais.
4. O Presidente da República pode ser preso por prisão cautelar? Fundamente sua resposta.
Não, pois a Constituição Federal, expressamente, dispõe que o Presidente da República, nos crimes comuns, não está sujeito a prisão antes do trânsito em julgado da condenação, ou seja, não pode sofrer qualquer espécie de prisão cautelar (art. 86, § 3º). E de acordo com o Supremo Tribunal Federal esta garantia não pode ser estendida a governadores (nem por via interpretativa, nem por atividade legiferante).
5. Quais são as espécies de citação admitidas no processo penal?
As modalidades de citação possíveis no PROCESSO PENAL são a citação pessoal, a citação por edital e a citação por hora.  A citação pessoal (regra no processo penal) é por mandado (entregue pelo oficial) ou, no caso do JECRIM, via correios com AR, estipulando o CPP, inclusive, os dados essenciais que devem constar no mandado (art. 352) e a forma como deve ser feita a citação (art. 357). 
Citação a por hora certa, que é uma decorrência da impossibilidade de concluir a citação pessoal (art. 362, CPP). Neste sentido, o oficial de justiça se dirige ao endereço do citando e não o encontra em 02 (duas) oportunidades, em horários e turnos distintos (deve-se usar o bom senso e considerar a necessidade de extrapolar o horário comercial), de modo que nesta segunda tentativa infrutífera avisa a vizinho ou parente do acusado que estará no local em certo dia e em certa hora para realizar a citação (o quantitativo de 03 vezes não está no CPP, mas a doutrina e a jurisprudência consideram que deve ser aplicada analogicamente a disposição do CPC que fala expressamente neste sentido).  Por sua vez, acaso o réu esteja em LOCAL INCERTO OU NÃO SABIDO, recorre-se, então, à CITAÇÃO POR EDITAL (2ª espécie de citação ficta), definindo o CPP os dados que devem constar no edital (art. 365) e os prazos para a resposta do réu (art. 364). 
6. Diferencie emendatio libelli (Art. 383 do CPP) de mutatio libelli (Art. 384 do CPP).
A emendatio libelli não se ocupa de fatos novos, surgidos na instrução, mas sim de fatos que integram a acusação e que devem ser objeto de uma mutação na definição jurídica. Já a Mutatio Libelli ocorre quando o fato narrado inicialmente não for observado no âmbito da instrução processual. Ou seja, a denúncia traz fatos diferentes da realidade, apresentando uma narrativa fática errônea. Porém, em decorrência da instrução criminal se tem a narrativa real do que aconteceu, podendo assim, ensejar mudança na acusação.
7. Quais são os procedimentos comuns e quando cada um deles será adotado (Art. 394 do CPP)?
O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 04 (quatro) anos de pena privativa de liberdade. O procedimento comum ordinário (pena igual ou superior a quatro anos) serve de norte para os demais procedimentos, sendo o mais complexo dos procedimentos penais, ressalvado alguns procedimentos especiais. Possui as seguintes fases: a) oferecimento da denúncia ou queixa. Recebimento ou rejeição pelo juiz; b) citação do réu; c) resposta à acusação; d) absolvição sumária (art. 397, CPP); e) audiência de instrução e julgamento. Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 04 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
Sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. Como por exemplo, furto simples, considerado infração penal de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
8. Quais são as principais diferenças entre oprocedimento comum ordinário e o sumário?
As diferenças do procedimento comum sumário com o procedimento comum ordinário são: A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias. (No rito ordinário o prazo é de 60 dias). O número máximo de testemunhas é de cinco (art. 532) e aqui não há a ressalva feita no rito ordinário quanto às testemunhas não compromissadas e referidas, ou seja, esse número de 05 inclui também estes tipos de testemunha. Não há previsão de fase de "requerimento de diligências", como no rito ordinário. Não há possibilidade de apresentação de alegações finais por escrito devendo ser, necessariamente, orais. O rito sumário será aplicável às infrações de menor potencial ofensivo quando, por alguma razão, estas infrações penais não puderem ser julgadas pelos Juizados Especiais Criminais (Quando, por exemplo, é necessária citação por edital, que é modalidade de citação vedada nos Juizados).
9. Quais são os princípios que regem a instituição do Tribunal do Júri no Brasil? Explique resumidamente cada um deles.
A instituição do Júri é formada por quatro princípios básicos, todos eles assegurados no art. 5º, XXXVIII, alíneas a à d, da Constituição Federal, sendo eles: a plenitude da defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competência mínima para julgamentos dos crimes dolosos contra a vida.
A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri, onde poderão ser usados todos os meios de defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive argumentos não jurídicos, tais como: sociológicos, políticos, religiosos, morais etc.
Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas correspondentes aos votos e as não utilizadas.
A soberania dos veredictos é a alma do Tribunal Popular, assegurando-lhe o efetivo poder jurisdicional e não somente a prolação de um parecer, passível de rejeição por qualquer magistrado togado.
Competência mínima para julgar crimes dolosos contra a vida, na sua forma consumada ou tentada: a competência mínima do júri são os crimes dolosos contra a vida (homicídio, induzimento, induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio, infanticídio e o aborto), mas pode ser ampliada, como fez o Código de Processo Penal para outros crimes: os conexos. Exemplo: o goleiro Bruno foi condenado no Júri pelo homicídio de Eliza Samúdio e também pelo seu sequestro, o crime conexo. 
10. Quais são as decisões que podem encerrar primeira fase do procedimento do Júri? Explique resumidamente cada uma delas, indicando seus respectivos artigos de lei.
A primeira fase (preliminar), também denominada de sumário da culpa
(ou judicium accusationis), tem início com o recebimento da denúncia e encerra-se com a preclusão da decisão de pronúncia. Tal etapa traduz atividade processual voltada para a formação de juízo de admissibilidade da acusação. A decisão pela pronúncia é meramente processual e nela não há análise profunda do mérito. Não é necessária prova plena de autoria, mas apenas indícios. Impronúncia: É a decisão que rejeita a imputação para julgamento perante o Tribunal Popular, ou porque o juiz não se convenceu da existência do fato (crime) ou porque não há indícios suficientes de autoria ou participação. Desclassificação: A desclassificação acontece quando o juiz se convence da existência de um crime que não é doloso contra a vida. Absolvição sumária O art. 415 do CPP estabelece que o juiz, fundamentadamente, poderá desde logo absolver o acusado quando: provado não ser ele o autor ou partícipe do fato; provada a inexistência do fato; o fato não constituir infração penal e; demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
11. Como se dá o julgamento do acusado perante o plenário do Júri (crime doloso contra a vida)?
Consiste em produção de provas para apurar a existência de crime doloso contra a vida. Essa fase se inicia com o oferecimento da denúncia ou queixa e termina com a sentença de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária. Os crimes de alçada do Tribunal do Júri são o Homicídio, trazido no artigo 121, e parágrafos, do Decreto-Lei 2.848/1940, Código Penal, tanto o privilegiado quando o qualificado, excluídas as modalidades culposas, que são de competência do Juiz singular, e observados os critérios de competência originária. O induzimento, o auxilio e a instigação ao suicídio. O infanticídio. E todas as modalidades dolosas de aborto traduzido no capítulo I, do mesmo diploma legal, na sua forma dolosa.
12. O que são nulidades absolutas e relativas? Quando elas podem ser arguidas no processo penal?
A nulidade absoluta é aquela que decorre da violação da forma, que visa a proteção do interesse processual de ordem pública. Ou seja, toda vez que for violada uma regra constitucional sobre o processo haverá nulidade absoluta. Como ocorre no caso de violação do contraditório, ampla defesa, juiz natural, motivação das decisões, publicidade dos atos processuais, presunção de inocência, vedação de provas ilícitas, conforme os art. 564, I, II, III, a, b, c, d, f, i, j, k, l, m, n, o, p do Código de Processo Penal. É decretada ex officio, e a ela aplicam-se os princípios do prejuízo ou instrumentalidade das formas e o da causalidade.
Já a nulidade relativa é aquela que decorre da violação de uma determinada forma do ato que vise a proteção do direito privado. Elas estão sujeitas a preclusão, e se não forem alegadas no momento procedimental adequado serão consideradas sanadas (CPP, art. 571 e 572, I). E o rol de nulidades sanáveis encontram-se no art. 564, III, d, e, g e h, IV. Para que esta nulidade seja reconhecida, precisa ser provocada por uma ou ambas partes do processo. E os princípios aplicados a essa nulidade são os princípios da instrumentalidade da forma, da causalidade e do interesse.
13. Quais princípios regem a matéria de nulidades?
Princípio da causalidade: Decretada a nulidade de um ato processual, ela acarretará a nulidade “dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência” (CPP, art. 573, § 1º). Por isso, o juiz, ao pronunciar a nulidade de um ato no processo, deverá declarar também os atos a que ela se estenda (CPP, art. 573, § 2º). Por exemplo, a nulidade da oitiva de uma testemunha não provoca a nulidade de uma perícia realizada posteriormente. O princípio da causalidade aplica-se tanto às nulidades relativas quanto às absolutas. 
Princípio do interesse: Segundo o princípio do interesse, a própria parte que deu causa à irregularidade não poderá pleitear a decretação da anulação do ato. Em outras palavras, só tem interesse na decretação da nulidade quem não tiver dado causa a ela. O princípio somente se aplica às nulidades relativas. Quanto às nulidades absolutas, por se originarem da violação de uma forma instituída pelo interesse público, também é do interesse público sua decretação. 
Princípio da conservação dos atos processuais: O Princípio da conservação dos atos processuais tem por escopo a flexibilização do princípio da causalidade, visando racionalizar o processo. O princípio da causalidade estabelece que uma vez declarado nulo determinado ato processual, os atos processuais que com ele guardam relação de causalidade também serão contaminados, levando assim à nulidade de todos os demais. Por seu turno, pelo princípio da conservação dos atos processuais, entende-se que deve ser preservada a validade dos atos processuais que não dependam de ato anterior declarado inválido.
Princípio da lealdade ou boa-fé : A partir do Princípio da Lealdade, previsto na primeira parte do artigo 565 do CPP, nenhuma das partes pode arguir nulidade a que haja dado causa, ou para a qual tenha concorrido. Não há necessidade de comprovação da má-fé, do dolo da parte em produzir a nulidade para, posteriormente, dela se beneficiar.
Princípio da convalidação: A palavra convalidar tem o significado de remover o defeito, remediar a falha, sanear o vício, a fim de que um ato processual inicialmente imperfeito possa ser considerado válido a produzir os efeitos legais. Assim, tem-se quepelo princípio da convalidação, não se declara a nulidade quando for possível suprir o defeito. 
Princípio da não preclusão e do pronunciamento ex officio: As nulidades não precluem e podem ser reconhecidas independentemente de arguição pela outra parte. Tal princípio é aplicado às nulidades absolutas, que poderão ser reconhecidas de ofício, pelo juiz ou Tribunal, a qualquer tempo enquanto a decisão não transitar em julgado.
14. O que são os denominados “recursos de ofício”? Onde estão previstos? Ainda são admitidos no processo penal brasileiro?
O projeto do novo Código de Processo Penal (CPP) acaba com os chamados recursos de ofício, quando o juiz remete sua decisão ao tribunal competente para necessário reexame da matéria, independente da manifestação das partes. O recurso de ofício é uma espécie de recurso automático, obrigatório, que ocorre mesmo quando a parte se abstém de recorrer. Art. 574.  Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: I - da sentença que conceder habeas corpus; II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.
15. Quais são os requisitos objetivos e subjetivos de admissibilidade dos recursos no processo penal?
Já no Processo Penal, as classificações são diferentes, apesar de englobarem os mesmos conceitos, sendo que os pressupostos serão objetivos ou subjetivos.  Os objetivos são: cabimento, adequação, tempestividade, regularidade procedimental e ausência de impedimentos recursais. Os subjetivos são: interesse jurídico e legitimidade de recorrer. O juízo de Admissibilidade é feito para que se faça uma análise de adequação de requisitos do recurso para que daí se possa julgar o mérito. O Recurso é dirigido ao juízo Ad quem, contudo, passa primeiramente pelo juízo a quo para a análise de admissibilidade. Esta deve ser feita de maneira estrita obedecendo aos pressupostos que serão elucidados. Após tal análise, no caso de cumprir os requisitos, o recurso é remetido ao juízo ad quem, o qual fará novamente uma análise de admissibilidade para, então, proceder com o juízo do mérito.
16. Quais são os recursos ordinários previstos no CPP? Em qual prazo cada um deles deve ser interposto? 
Recurso Ordinário: no ordinário a matéria é de fato ou de direito. Recurso em sentido estrito; Apelação; Embargos de declaração; Carta testemunhável; Agravos; Embargos infringentes; Protesto por novo júri; Correição parcial; Recurso ordinário-constitucional; Recurso extraordinário; e Recurso especial
Prazo para interposição. O RESE poderá ser interposto dentro dos próprios autos da Ação Penal ou por instrumento, em apartado. No prazo de 5 (cinco) dias (art. 586 do CPP), as partes intimadas poderão apresentar o termo de interposição do recurso. O prazo para a interposição do recurso ordinário constitucional contra denegação de habeas corpus será de cinco dias, e contra denegação de mandado de segurança, de quinze dias. No CPP, o prazo do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário é de 15 dias corridos.
17. Como são contados os prazos processuais no processo penal? E no processo eletrônico? Fundamente sua resposta indicando os respectivos textos normativos.
No processo penal contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. Como se vê, portanto, a contagem do prazo processual penal tem início na data da intimação das partes.
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
Se acaso o advogado faz a consulta da intimação dentro de dez dias, o prazo da intimação já pode começar a ser contado. Isto é, a contagem dos prazos ocorre no primeiro dia útil após a consulta da informação. No caso do advogado não realizar a consulta da intimação, o dia seguinte aos dez dias de prazo para consulta passa a ser considerado o dia da publicação daquele ato. Logo, o dia posterior ao décimo dia do envio da intimação, passa a ser o dia da publicação da mesma, e então, o início da contagem dos prazos. Alguns tribunais fazem a publicação da intimação pelos dois meios. Nesse caso, a contagem de prazos deve ser feita de acordo com a data da intimação eletrônica.
18. O que é o princípio da proibição da reformatio in pejus direta e indireta?
Em poucas palavras, o princípio da proibição da reformatio in pejus encontra amparo no art. 617 do Código de Processo Penal e pode ser definido como sendo “a vedação da reforma para pior, ou seja, diante de um recurso da defesa, não pode o tribunal piorar a situação jurídica do imputado. Portanto, diante de um exclusivo recurso da defesa, o tribunal pode dar provimento no todo ou em parte, ou manter intacta a decisão de primeiro grau. Em nenhuma hipótese pode piorar a situação do réu (exceto, é óbvio, se também houver recurso do acusador). A reformatio in pejus consiste no agravamento da situação jurídica do réu em face de recurso interposto exclusivamente pela defesa. Classifica-se em duas formas:
Reformatio in pejus direta: Corresponde ao agravamento da situação do réu, pelo próprio tribunal, ao julgar o recurso exclusivo da defesa. É sempre proibida, conforme se infere do art. 617, 2.ª parte, do CPP. Exemplo: Considere-se que o réu, condenado a dez anos de reclusão, interponha apelação para ver-se absolvido. Todavia, ao julgar este recurso, o Tribunal não apenas indefere o pleito absolutório, como também aumenta a pena para quinze anos de prisão. Este julgamento será nulo, pois implicou agravamento da pena imposta ao réu sem que tenha havido recurso do Ministério Público, importando em reformatio in pejus direta.
Reformatio in pejus indireta: Ocorre na hipótese em que, anulada a sentença por força de recurso exclusivo da defesa, outra vem a ser exarada, agora impondo pena superior, ou fixando regime mais rigoroso, ou condenando por crime mais grave, ou reconhecendo qualquer circunstância que a torne, de qualquer modo, mais gravosa ao acusado. Exemplo: Imagine-se que o réu, condenado a dez anos de reclusão, recorra invocando nulidade do processo. Considere-se, também, que o Ministério Público não tenha apelado da decisão para aumentar a pena. Se o tribunal, acolhendo o recurso da defesa, der-lhe provimento e determinar a renovação dos atos processuais, não poderá a nova sentença agravar a situação em que já se encontrava o réu por força da sentença (v. G., fixando quinze anos de prisão), sob pena de incorrer em reformatio in pejus indireta.
19. Quais são as Ações Autônomas de Impugnação de uso no âmbito criminal?
As ações autônomas de impugnação são sanções cabíveis contra decisões criminais condenatórias já com transito em julgado (diferente dos recursos, que só pode ser interpostos se a decisão ainda não transitou em julgado), ou contra as quais não haja previsão de recurso. São três as espécies de ações autônomas de impugnação: revisão criminal, habeas corpus e mandado de segurança em matéria criminal. No âmbito criminal se assemelha com o que ocorre no processo civil com a ação rescisória, pois seu objetivo precípuo é a desconstituição da coisa julgada material. No entanto, no processo penal, a revisão criminal só pode ser oferecida em favor do réu, em proteção ao seu estado de liberdade, atendendo ao favor rei e à verdade real, não sendo possível, portanto, manejo desta ação pro societate.  
20. Qual órgão é o competente para o julgamento da revisão criminal?
A competência para o julgamento da Revisão Criminal, é sempre do Tribunal podendo ser organizada da seguinte forma: Decisão penal transitada em julgada de Juiz Estadual ou Juiz Federal à compete ao Tribunal de Justiça e ao Tribunal Regional Federal julgar a revisão criminal, respectivamente. Decisão penaltransitada em julgada de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal à compete ao próprio Tribunal de Justiça e ao Tribunal Regional Federal julgar a revisão criminal. (Isto ocorre como decorrência da previsão constitucional do art. 108, I, b da CF que prevê que o Tribunal Regional Federal processará a julgará originariamente as revisões criminais, e, pelo princípio da simetria, tal regra se estende aos Tribunais de Justiça.) Decisão penal transitada em julgado proferida pelo Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal à compete ao próprio Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal proceder a revisão criminal de seus próprios julgados, nos exatos termos do art. 105, I, e e art. 102, I, j da Constituição Federal, respectivamente. Decisão penal transitada em julgado proferida por Juizado Especial Criminal a competência será da Turma Recursal para julgar a Revisão Criminal. No que tange ao procedimento da revisão criminal, a pessoa legitimada encaminhará ao Presidente do Tribunal competente, requerimento, devidamente assinado, em que será exposto com clareza, a pretensão, instruindo a certidão da sentença penal condenatória que se pretende revisar, com a nota de trânsito em julgado, bem como com os documentos comprobatórios dos fatos alegados. Encaminhado o requerimento ao Presidente do Tribunal, poderá este ou o Relator designado indeferir liminarmente o pedido.

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