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 Plano de Aula: 3 - DIREITO CIVIL III – CONTRATOS DIREITO CIVIL III TÃtulo 3 - DIREITO CIVIL III – CONTRATOS Número de Aulas por Semana 2 Número de Semana de Aula 3 Tema Classificação dos contratos e Efeitos dos contratos perante terceiros Objetivos - Distinguir as várias classificações dos contratos; - Estudar a estipulação em favor de terceiros; - Compreender a promessa de fato de terceiro. Estrutura do Conteúdo Unidade 2 - A FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS (continuação)  2.2 Classificação dos contratos 2.3 Estipulação em favor de terceiros 2.4 Da promessa de fato de terceiro Aplicação Prática Teórica Caso concreto 01 Considere o seguinte contrato hipotético:    DO OBJETO DO CONTRATO                      Cláusula 1ª. O presente contrato tem como OBJETO, o bem imóvel X, pertencente ao PERMUTANTE (A), situado na Cidade de Erechim – RS, cujo valor atinge a quantia de R$ 542.00,00 (quinhentos e quarenta e dois mil reais), livre de qualquer ônus ou litÃgio; e o bem imóvel Y, de propriedade do PERMUTANTE (B), situado na Cidade de Pelotas – RS, cujo valor atinge a quantia de R$ 545.000,00 (quinhentos e quarenta e cinco mil reais), livre de qualquer ônus ou impedimento.                      DA PERMUTA Cláusula 2ª. O PERMUTANTE (A) transfere ao PERMUTANTE (B), a partir da assinatura deste contrato, a posse e os direitos sobre o bem imóvel descrito na cláusula anterior, passando o último a se responsabilizar pelos tributos que atinjam o bem.        Cláusula 3ª. O PERMUTANTE (B) transfere ao PERMUTANTE (A), a partir da assinatura deste instrumento, a posse e os direitos sobre o bem imóvel descrito na cláusula 1ª, passando o último a se responsabilizar pelos tributos que atinjam o bem.        Cláusula 4ª. As partes respondem por quaisquer vÃcios contidos nos bens que porventura possam existir, entregando-os desta forma, com todas as garantias.                             DAS OBRIGAÇÕES        Cláusula 5ª. Caso qualquer dos imóveis, objeto do presente contrato, esteja ocupado, o PERMUTANTE deverá desocupá-lo imediatamente após a assinatura do presente, devendo também responder pela evicção do mesmo.                Considerando as cláusulas contratuais acima e tomando por base o direito contratual, classifique FUNDAMENTADA E JUSTIFICADAMENTE este contrato quanto: A)  Ao momento de aperfeiçoamento. B)  Quanto à forma. C)  Quanto ao sacrifÃcio patrimonial das partes.  Caso concreto 02  Pedro perdeu sua mãe, Luiza, em um acidente de ônibus. A empresa de ônibus em que viajava Luiza havia firmado contrato de seguro contra danos pessoais ocorridos durante a viagem (incluindo, obviamente, eventuais acidentes) com a Seguradora S/A. No contrato de seguro, os beneficiários eram indeterminados, não havendo especificação nominal dos passageiros, mesmo porque o contrato foi celebrado antes das passagens serem vendidas. Após a morte da mãe, Pedro ajuizou ação diretamente contra a Seguradora a fim de cobrar o valor do prêmio, mas a sentença julgou improcedente a ação por entender que a Seguradora era parte ilegÃtima, alegando que Pedro deveria ter demandado contra a empresa de ônibus, já que não havia contrato entre Luiza e a Seguradora. A sentença foi confirmada pelo Tribunal de Justiça Estadual, pelas mesmas razões, conforme se extrai do excerto do acórdão ora colacionado: "Ocorre que a relação jurÃdica obrigacional constitui-se pelo vÃnculo jurÃdico entre as partes, que no caso diz respeito apenas a seguradora e o segurado, não cabendo ao terceiro exigir o cumprimento do contrato, que só poderá ser discutido pelos contratantes, muito embora exista cláusula que possa beneficiar terceira pessoa. Tanto isso é verdade, que no caso em tela, pretende a seguradora excluir sua obrigação, inclusive perante o segurado, aduzindo que este violou cláusulas do contrato, como por exemplo, o fato de estar dirigindo embriagado. Ora, tal argumento é claro, não diz respeito ao direito do apelante, caso seja comprovada a culpa pelo acidente do segurado, mas simplesmente à s partes contratantes. [...] Vê-se, pois, que tal obrigação vincula as partes contratantes, não podendo se admitir que os lesados por atos do segurado a acionem diretamente, face ausência de relação jurÃdica material entre as partes, apelante e apelada" Ainda inconformado, Pedro entrou com Recurso Especial contra o acórdão do Tribunal alegando que a Seguradora teria legitimidade passiva na demanda. Neste contexto e tomando como parâmetro a teoria geral do direito contratual, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: A) Identifique e explique a que princÃpio do direito contratual se refere o excerto do acórdão colacionado. B) À luz do direito material, analise se Pedro poderia ter demandado diretamente contra a Seguradora e explique se há possibilidade de o acórdão ser reformado pelo STJ. Procedimentos de Ensino 2.2. Classificação dos contratos A. Contratos de Direito Comum e de Consumo Quanto à qualidade dos sujeitos contratantes, os contratos podem ser:  a) Contratos de direito comum: são regulados pelo direito civil. São considerados contratos paritários, em decorrência do princÃpio da igualdade formal que informa o direito civil.  b) Contratos de consumo: são contratos cuja polarização se dá entre consumidor e fornecedor. Os contratos de consumo são regulados pelas normas do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90). O CDC, em seus arts. 2° e 3°, assim define consumidor e fornecedor:  Art. 2°. Consumidor é toda pessoa fÃsica ou jurÃdica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa fÃsica ou jurÃdica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.   Assim, sempre que restar caracterizada relação de consumo (fornecimento de produto e/ou serviço a um consumidor), o contrato será de consumo e, por isso, reger-se-á pelas regras consubstanciadas no CDC.  B. Contratos Consensuais e Contratos Reais Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato, os contratos podem ser:  a) Contratos consensuais: são aqueles que se aperfeiçoam simplesmente pela declaração da vontade dos contratantes. Ex: contrato de compra e venda.  b) Contratos reais: são aqueles que, para se aperfeiçoarem, precisam da efetiva entrega da coisa (traditio rei). A declaração de vontade é elemento necessário, porém insuficiente, devendo ocorrer a entrega do bem para que o contrato seja celebrado. Ex: contrato de mútuo.  Obs: aperfeiçoamento é diferente de cumprimento.  C. Contratos Solenes Quanto à forma, os contratos podem ser:  a) Solenes: aqueles cuja forma é determinada pela lei. Ex: compra e venda de imóvel cujo valor é supere em trinta vezes o maior salário mÃnimo vigente no paÃs (art. 108, CC/2002).  Insta observar que a desobediência à forma prevista em lei gera invalidade do negócio jurÃdico.  b) Não solenes: aqueles em que não há forma especial para sua celebração, seguindo, pois, o princÃpio da liberdade das formas (princÃpio do consensualismo). Ex: contrato de mandato.  Obs: parteda doutrina diferencia o contrato solene do contrato formal. Segundo esta linha de pensamento, os contratos solenes são aqueles em que há exigência de escritura pública para a sua celebração, como o contrato de compra e venda de imóvel cujo valor é supere em trinta vezes o maior salário mÃnimo vigente no paÃs. Por outro lado, os contratos formais são aqueles em que há regras especiais para sua formação, como a exigência de forma escrita. Neste sentido, Silvio Venosa.   D. Contratos TÃpicos e AtÃpicos Quanto à tipicidade, os contratos podem ser:  a) TÃpicos: regulamentados por lei. Ex: contrato de transporte.  b) AtÃpicos: não regulamentados por lei. Ex: contratos eletrônicos.  Há parte da doutrina que não identifica como sinônimas as expressões tÃpico e nominado, admitindo hipóteses de contratos nominados e atÃpicos, como p.ex. o contrato de locação de garagem ou estacionamento, previsto no art. 1°, parágrafo único, da Lei n° 8.245/90 (Lei de Locação).   E. Contratos de Direito Público e de Direito Privado  Contratos de Direito Público: são os contratos em que a Administração Pública figura em um dos pólos. São regidos pelas normas de direito público e, subsidiariamente, por normas de direito privado, no que não lhe for incompatÃvel. Ex: contratos administrativos, contratos de gestão.  Contratos de Direito Privado: travados entre particulares e regidos pelas normas de direito privado. Os contratos de direito privado podem ser de direito comum, mercantis ou de consumo.  F. Contratos Bilaterais e Unilaterais Quanto à s obrigações recÃprocas, os contratos podem ser:  a) unilaterais: impõem deveres a apenas uma das partes. Ex: contrato de doação. Obs: atentar para os chamados contratos bilaterais imperfeitos.  b) bilaterais: impõem deveres recÃprocos a ambas as partes. São chamados de contratos sinalagmáticos. Ex: contrato de locação.  c) plurilaterais (contratos plúrimos): há direitos e deveres recÃprocos entre todos os sujeitos envolvidos no contrato. Ex: contrato de sociedade.  G. Contratos Onerosos e Gratuitos  Quanto ao sacrifÃcio patrimonial das partes, o contrato pode ser:  a) Gratuito ou benéfico: é aquele em que só há sacrifÃcio de uma das partes. Há uma prestação sem que haja uma contraprestação a ela correlata e proporcional. Ex: doação.  b) Oneroso: é aquele em que há sacrifÃcio patrimonial de ambas as partes, de modo que inexiste uma prestação e uma contraprestação a ela correlata e proporcional. Ex: troca.  Todo contrato bilateral é oneroso, mas nem todo contrato unilateral é gratuito. Ex: mútuo feneratÃcio, que é unilateral, porém oneroso, pois há pagamento de juros.   H. Contratos Comutativos e Aleatórios  Os contratos onerosos podem ser a) comutativos, quando ambas as partes sabem com exatidão suas prestações e contraprestações, e b) aleatórios, quando há a presença do risco (álea), que pode recair tanto na própria existência da coisa (contrato aleatório emptio spei – de coisa esperada), quanto na quantidade da coisa (contrato aleatório emptio rei speratae).  I. Contratos Principais e Acessórios Quanto à s relações recÃprocas, os contratos podem ser:  a) Principais: são independentes, existindo por si só. Ex: contrato de compra e venda.  b) Acessórios: são aqueles que guardam uma relação de dependência com outro contrato, existindo em função dele. Ex: contrato de fiança, que é acessório a um contrato de mútuo.  Aplicação do princÃpio da gravitação jurÃdica.  Obs: contratos coligados. Os contratos coligados constituem situação intermediária entre os contratos principais e acessórios, pois se tratam de dois contratos principais por natureza, mas que, por vontade das partes, estão unidos por um nexo funcional. Ex: A compra de um terreno com imóvel para moradia (contrato principal) e a compra de outro terreno, vizinho, para área de lazer (contrato secundário).  O STJ tem entendido que, em sede de contratos coligados, o inadimplemento do contrato principal não enseja, necessariamente, a resolução do contrato secundário, como ocorreria se fosse contrato acessório, em consonância com o princÃpio da gravitação jurÃdica.   J. Contratos de Execução Imediata e de Execução Sucessiva Quanto ao momento de seu cumprimento, os contratos podem ser:  a) de execução imediata (instantâneos): aqueles cujo vencimento ocorre concomitantemente com o aperfeiçoamento do contrato.  b) de execução diferida: são contratos a termo, que deverão ser adimplidos em sua totalidade na data do vencimento ajustada.  c) de execução continuada (execução sucessiva ou trato sucessivo): aqueles cuja execução se dará de forma periódica.  K. Contratos de adesão Referências legislativas no Código Civil: arts. 423 e 424. Não há correspondência com o Código de 1916.  CaracterÃsticas gerais  Conceito – art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.  O Código Civil não conceitua o contrato de adesão.  O contrato de adesão não é uma espécie contratual propriamente dita, pois nele podem conter diversas modalidades obrigacionais. É um método de contratação (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. p. 58) cuja forma de aceitação de um dos contratantes se dá com a simples adesão a um conteúdo pré-estabelecido pelo outro contratante.  Os contratos de massa suprimem as negociações prévias, cabendo ao aderente aceitar ou recusar em bloco o regulamento contratual que lhe é apresentado. O traço essencial que os singulariza não é tanto a diferença econômica entre as partes, mas o poder de estabelecer unilateralmente as cláusulas que farão parte do instrumento contratual. (AMARAL JUNIOR, Alberto. Proteção do consumidor no contrato de compra e venda. p. 115)  Sujeitos: predisponente ou estipulante – detém o poder negocial              aderente – aceita cláusulas pré-estabelecidas, sem poder de altera-las.                              - predisposição CaracterÃsticas:   - unilateralidade                             - rigidez  Obs: generalidade e indeterminação como caracterÃsticas secundárias.  Interpretação  Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambÃguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.  Qualquer obscuridade na redação das cláusulas de um contrato por adesão volta-se ao estipulante: a interpretação lhe é contrária, prestigiando sempre o aderente, que não teve poder de negociação no ato de celebração do contrato. Proteção do aderente no plano da formação do contrato de adesão.  O art. 47, CDC, é mais amplo, pois estabelece que as cláusulas contratuais serão interpretadas sempre de maneira mais favorável ao consumidor, independente de obscuridade ou ambigüidade da cláusula.  Abusividade das cláusulas  Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.  Proteção do aderente no plano do conteúdo negocial. O estipulante, por ter o poder de estabelecer unilateralmente as cláusulas contratuais, não pode impor ao aderente renúncia antecipada de direito decorrente das caracterÃsticas essenciais do negócio que está celebrando.  A jurisprudência brasileira tem levado à nulidade cláusulas que contrariem não só o conceito de natureza, mas ainda a finalidade econômica do contrato, principalmente quandotal renúncia atinja o cerne mesmo daquele pacto. A lógica de tais decisões não se limita à s relações de consumo, ainda que este tenha sido o seu cenário original; afinal, como já visto, o art. 422 também prescreve a necessidade de se preservar a boa-fé objetiva no âmbito dos contratos paritários. (TEPEDINO, Gustavo (org). Código civil comentado: à luz da Constituição Federal. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 31.)  As cláusulas abusivas são nulas (nulidade absoluta); isso não significa, porém, que necessariamente haverá nulidade de todo o contrato.  2.3. Estipulação em favor de terceiros  PrincÃpio da relatividade dos efeitos contratuais: os contratos geram efeitos apenas entre as partes, nos limites impostos pela lei e pelo exercÃcio da autonomia privada.  A regra geral é, portanto, que os contratos produzem efeitos tão-somente aos contratantes, excluindo todos aqueles alheios à avença. No entanto, situações há em que os efeitos do contrato alcançarão terceiros, tornando-os interessados na relação contratual. Tais efeitos podem lhes ser benéficos ou prejudiciais.  Quando maléficos (contrato em prejuÃzo de terceiros), pode o terceiro interessado opor-se, por legitimação ordinária ou extraordinária, para resguardar seus direitos. Ex: evicção.  É possÃvel, porém, que os efeitos sejam em benefÃcio do terceiro interessado, situação em que há estipulação em favor de terceiro.  Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito à s condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não inovar nos termos do art. 438.  Roberto Senise Lisboa: a estipulação em favor de terceiro é o negócio jurÃdico por meio do qual se ajusta uma vantagem pecuniária em prol da pessoa que não o celebra, mas se restringe a colher seus benefÃcios. (Manual de Direito civil: contratos e declarações unilaterais: teoria geral e espécies. Vol. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 251.)  A gratuidade da relação entre o estipulante e o terceiro interessado (beneficiário), bem como entre o beneficiário e o promitente é caracterÃstica fundamental da estipulação em favor de terceiro, de modo que é inadmissÃvel a exigência de contraprestação por parte do terceiro interessado para que possa este receber os benefÃcios pactuados. A gratuidade, no entanto, não obsta a aposição de encargo ao terceiro.  Compensação: como os efeitos contratuais recairão sobre terceiros, não pode haver compensação entre o promitente e o estipulante. Todavia, há que ser considerada a possibilidade de compensação entre promitente e beneficiário.  Legitimação: deve ser observado eventual impedimento de o benefÃcio ser recebido pelo beneficiário diretamente do estipulante.  Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.  O terceiro interessado pode aceitar ou recusar o benefÃcio que recebe. Uma vez aceitando, deve se submeter à s regras contratuais. Ao direito de exigir o cumprimento da obrigação estipulada, concorrem, regra geral, o estipulante e o beneficiário. Entretanto, pode o estipulante determinar que tal direito seja exclusivo do beneficiário – nessa circunstância, o estipulante não pode mais praticar qualquer ato que importe em perda ou diminuição do direito subjetivo do terceiro interessado em receber o benefÃcio ajustado.  Há, pois, dois momentos na estipulação em favor de terceiro: a)   Antes da aceitação do beneficiário. Nesta fase, o estipulante pode revogar a qualquer tempo o benefÃcio. b)   Depois da aceitação do beneficiário. Nesta fase, a estipulação torna-se irretratável, excetuando somente a situação descrita no art. 438.  Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, indepedentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.  A possibilidade de substituição revela o caráter dispositivo da irretratabilidade da estipulação. Todavia, a substituição deve ser expressa.   2.4. Promessa de fato de terceiro  Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.  A promessa de fato de terceiro é fonte de uma obrigação de fazer, qual seja, fazer com que uma pessoa integre relação jurÃdica com outra. Em outras palavras, o devedor tem a obrigação de convencer que terceiro celebre negócio jurÃdico (facere) com o credor. O adimplemento dessa obrigação, portanto, ocorre com a formação da relação jurÃdica entre o terceiro e o credor (da relação originária), motivo pelo qual o devedor (aquele que prometeu fato de terceiro) não se compromete com o cumprimento do negócio celebrado com o terceiro. Recursos FÃsicos Quadro e pincel; Retroprojetor; Datashow. Avaliação Caso concreto 01 Considere o seguinte contrato hipotético:    DO OBJETO DO CONTRATO                      Cláusula 1ª. O presente contrato tem como OBJETO, o bem imóvel X, pertencente ao PERMUTANTE (A), situado na Cidade de Erechim – RS, cujo valor atinge a quantia de R$ 542.00,00 (quinhentos e quarenta e dois mil reais), livre de qualquer ônus ou litÃgio; e o bem imóvel Y, de propriedade do PERMUTANTE (B), situado na Cidade de Pelotas – RS, cujo valor atinge a quantia de R$ 545.000,00 (quinhentos e quarenta e cinco mil reais), livre de qualquer ônus ou impedimento.                      DA PERMUTA Cláusula 2ª. O PERMUTANTE (A) transfere ao PERMUTANTE (B), a partir da assinatura deste contrato, a posse e os direitos sobre o bem imóvel descrito na cláusula anterior, passando o último a se responsabilizar pelos tributos que atinjam o bem.        Cláusula 3ª. O PERMUTANTE (B) transfere ao PERMUTANTE (A), a partir da assinatura deste instrumento, a posse e os direitos sobre o bem imóvel descrito na cláusula 1ª, passando o último a se responsabilizar pelos tributos que atinjam o bem.        Cláusula 4ª. As partes respondem por quaisquer vÃcios contidos nos bens que porventura possam existir, entregando-os desta forma, com todas as garantias.                             DAS OBRIGAÇÕES        Cláusula 5ª. Caso qualquer dos imóveis, objeto do presente contrato, esteja ocupado, o PERMUTANTE deverá desocupá-lo imediatamente após a assinatura do presente, devendo também responder pela evicção do mesmo.                Considerando as cláusulas contratuais acima e tomando por base o direito contratual, classifique FUNDAMENTADA E JUSTIFICADAMENTE este contrato quanto: A) Ao momento de aperfeiçoamento. Resposta: contrato consensual.  B) Quanto à forma. Resposta: contrato solene (art. 108, CC).  C) Quanto ao sacrifÃcio patrimonial das partes. Resposta: contrato oneroso.  Caso concreto 02  Pedro perdeu sua mãe, Luiza, em um acidente de ônibus. A empresa de ônibus em que viajava Luiza havia firmado contrato de seguro contra danos pessoais ocorridos durante a viagem (incluindo, obviamente, eventuais acidentes)com a Seguradora S/A. No contrato de seguro, os beneficiários eram indeterminados, não havendo especificação nominal dos passageiros, mesmo porque o contrato foi celebrado antes das passagens serem vendidas. Após a morte da mãe, Pedro ajuizou ação diretamente contra a Seguradora a fim de cobrar o valor do prêmio, mas a sentença julgou improcedente a ação por entender que a Seguradora era parte ilegÃtima, alegando que Pedro deveria ter demandado contra a empresa de ônibus, já que não havia contrato entre Luiza e a Seguradora. A sentença foi confirmada pelo Tribunal de Justiça Estadual, pelas mesmas razões, conforme se extrai do excerto do acórdão ora colacionado: "Ocorre que a relação jurÃdica obrigacional constitui-se pelo vÃnculo jurÃdico entre as partes, que no caso diz respeito apenas a seguradora e o segurado, não cabendo ao terceiro exigir o cumprimento do contrato, que só poderá ser discutido pelos contratantes, muito embora exista cláusula que possa beneficiar terceira pessoa. Tanto isso é verdade, que no caso em tela, pretende a seguradora excluir sua obrigação, inclusive perante o segurado, aduzindo que este violou cláusulas do contrato, como por exemplo, o fato de estar dirigindo embriagado. Ora, tal argumento é claro, não diz respeito ao direito do apelante, caso seja comprovada a culpa pelo acidente do segurado, mas simplesmente à s partes contratantes. [...] Vê-se, pois, que tal obrigação vincula as partes contratantes, não podendo se admitir que os lesados por atos do segurado a acionem diretamente, face ausência de relação jurÃdica material entre as partes, apelante e apelada" Ainda inconformado, Pedro entrou com Recurso Especial contra o acórdão do Tribunal alegando que a Seguradora teria legitimidade passiva na demanda. Neste contexto e tomando como parâmetro a teoria geral do direito contratual, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: A)  Identifique e explique a que princÃpio do direito contratual se refere o excerto do acórdão colacionado. Resposta: O princÃpio que serviu de base para a decisão do Tribunal foi o princÃpio da relatividade dos efeitos contratuais, segundo o qual os contratos só produzem efeitos entre as partes que integram a relação jurÃdica contratual, não sendo lÃcita a interferência de terceiros.  B) À luz do direito material, analise se Pedro poderia ter demandado diretamente contra a Seguradora e explique se há possibilidade de o acórdão ser reformado pelo STJ. Resposta: Sim. Segue ementa da decisão do STJ que serviu de base para a formulação da questão: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE SEGURO. AÇÃO AJUIZADA PELA VÃ�TIMA CONTRA A SEGURADORA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO.  DOUTRINA E PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. I – As relações jurÃdicas oriundas de um contrato de seguro não se encerram entre as partes contratantes, podendo atingir terceiro beneficiário, como ocorre com os seguros de vida ou de acidentes pessoais, exemplos clássicos apontados pela doutrina. II – Nas estipulações em favor de terceiro, este pode ser pessoa futura e indeterminada, bastando que seja determinável, como no caso do seguro, em que se identifica o beneficiário no momento do sinistro. III – O terceiro beneficiário, ainda que não tenha feito parte do contrato, tem legitimidade para ajuizar ação direta contra a seguradora, para cobrar a indenização contratual prevista em seu favor. REsp 401718 / PR. Rel. Ministro SÃ�LVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA. T4 - QUARTA TURMA. DJ 24/03/2003 p. 228. Considerações Adicionais
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