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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA SIBELE RESENDE PRUDENTE Direito Civil III - Contratos 2020-01 Observações gerais sobre o andamento de todo o semestre: - A chamada será realizada a partir das 20:00 hs; - Não serão considerados para efeito de presença os nomes colocados com bilhetes sobre a mesa; - Não haverá abono de faltas; - Não será aceito atestado em sala de aula, devendo o aluno dar entrada no protocolo; - O aluno que for pego “colando” terá nota zero; - Não será permitido nenhum tipo de consulta nas provas: a) V1: 2 ch de V1: b) V2: 2 ch de V2: c) VS: - Durante as provas os alunos deverão permanecer pelo menos até quarenta minutos dentro de sala de aula; - A nota de VT será composta da seguinte forma: a) Prova oral e individual ( ); b) Atividades on-line (data a critério da gestão); c) VT Integrada: ENADE ( ) c) Outras atividades a critério da gestão. - Lembrando que professora e alunos formam um grupo e que a qualidade das aulas depende do interesse e esforço de todos nós; - A professora está aberta para qualquer esclarecimento e sugestões, esperando que todos nós tenhamos um excelente semestre ! DIREITO CIVIL III – CONTRATOS UNIDADE I - INTRODUÇÃO À TERORIA GERAL DOS CONTRATOS 1.1 - CONCEITO DE CONTRATO É uma das fontes das obrigações. É uma das espécies dos negócios jurídicos, ele pode ser bilateral ou plurilateral, de acordo com a ordem jurídica (habitat = ordem legal) e destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes (fundamento), com o objetivo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial (efeito = criar direitos e obrigações). 1.2- REQUISITOS DE VALIDADE : art. 104 1.2.1- Objetivos: a-) Licitude do objeto. b-) Possibilidade física ou jurídica do objeto A impossibilidade pode ser: - absoluta: para todos os homens; efeito liberatório. - relativa: circunstâncias pessoais; não invalida e está sujeito às perdas e danos. - legal ou jurídica: ineficácia do contrato: art. 426. c-) Determinação do objeto: se indeterminável o objeto, o contrato será inválido e ineficaz. d-) Economicidade do objeto: economicamente apreciável. 1.2.2-Subjetivos: a-) Existência de duas ou mais pessoas b-) Capacidade: arts. 3º e 4º. c-) Aptidão: arts. 496 e 497 (legitimidade X capacidade) d-) Consentimento: não pode haver vício 1.2.3-Formais: a regra é a liberdade de forma; art. 107 1.3- FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 1.3.1- Elementos indispensáveis: Um contrato precisa obedecer os requisitos do art. 104. É importante ressaltar ainda, que o acordo de vontades das partes contratantes pode ser tácito ou expresso. O tácito não tem nada escrito, mas o comportamento leva a entender os fatos; ex.:locador recebendo aluguel do sublocatário e dando recibo em seu nome – silêncio conclusivo. O expresso se manifesta de forma escrita; ex.; de um lado pela oferta e de outro pela aceitação. É necessário ainda obedecer à forma e tradição. 1.3.2- Fases da formação do vínculo contratual: a-) negociações preliminares ou tratativas: fase pré-contratual, onde são feitos os ajustes, não há ainda direitos e obrigações. Posteriormente é a fase da minuta, onde já existe responsabilidade: art. 186 e 927. É claro que se houve motivo justo o desistente está no seu exercício regular de direito. b-) proposta, oferta , policitação ou oblação: uma pessoa toma a iniciativa e faz a proposta, que já não faz parte das preliminares, porque já é dirigida a outra parte para que aceite ou não. Salvo se a prestação for infungível a oferta subsiste, mesmo com a morte ou incapacidade superveniente do proponente antes da aceitação; ficando os herdeiros ou representantes responsáveis juridicamente, tendo apenas o direito de retratação antes ou simultaneamente ao conhecimento da outra parte sobre a oferta. Esta força vinculante não é absoluta; art. 428. c-) Aceitação: é o fecho do ciclo contratual, é a segunda fase da formação do contrato. O aceitante é também chamado de oblato. Se este vier a falecer ou se tornar incapaz depois da aceitação, o contrato já está formado. Se ele falecer antes de pronunciar sua resposta o contrato não se poderá formar. A aceitação pode ser tácita; art. 432. A aceitação deve ser formulada dentro do prazo concedido; arts. 430 e 431. Se a oferta for alternativa, o oblato deverá indicar na resposta a sua opção, caso contrário o ofertante poderá entender que constitui qualquer uma delas. 1.3.3- Local da celebração: art. 435 1.3.4- Direito de Arrependimento: art. 433 1.3.5- Proibição do Pacto Sucessório: art. 426 1.4- FORMA E PROVA DOS CONTRATOS A regra é a liberdade de forma: arts. 107; 166, IV e V. Não se pode confundir forma com prova. Forma é o envoltório que reveste a manifestação de vontade; já a prova é o meio de se demonstrar legalmente a existência de um negócio jurídico. Mas quando a lei impõe uma forma o ato só pode ser provado com o documento exigido. As partes podem contratar sobre a forma, mas não preterir forma imposta por lei. 1.5 INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS Arts. 112 ao 114; 423 e 819 Interpretação integrativa: índices monetários e materiais que não existem mais. 1.6 IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO Absoluta, relativa e jurídica, art. 106. A obrigação só se resolve quando for impossibilidade absoluta. UNIDADE II- CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 2.1-CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS a-) considerados em si mesmos: examina os contratos por eles mesmos b-) reciprocamente considerados : examina os contratos uns em relação aos outros. 2.2- CONTRATOS UNILATERAIS E BILATERAIS Essa classificação não leva em conta a quantidade de pessoas envolvidas, mas sim os efeitos que o contrato acarreta. Nos unilaterais um só dos contratantes assume obrigação em face do outro; uma só parte se obriga não havendo qualquer contraprestação da outra parte. Essa espécie de contrato apesar de requerer duas ou mais prestações volitivas, colocam um só dos contratantes na posição de devedor, ficando o outro como credor; ex: doação pura e simples, depósito, mandato (gratuito) e fiança. Já nos bilaterais também chamados de sinalagmáticos existe uma simultânea reciprocidade entre credor e devedor, ambos com direitos e obrigações. A característica principal desse contrato é a sinalagma (que no grego significa reciprocidade), ou seja, a dependência recíproca de obrigações; ex: compra e venda (art. 481), locação, prestação de serviço, troca, etc. Princípio exceptio non adimpleti contractus: dependência recíproca das relações obrigacionais; que é um mero procedimento dilatório, é uma provisória condição de inexigibilidade; art. 476. Esse princípio pode ser renunciado. Art. 477 2.3- CONTRATOS ONEROSOS E GRATUITOS - Onerosos: cada contratante suporta um sacrifício de ordem patrimonial com o intuito de obter vantagem correspondente, de forma que ônus e proveito fiquem numa relação de equivalência; ex: locação; um paga para usar o bem e o outro entrega o bem para receber o pagamento. - Gratuitos ou Benéficos: oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem; ex: doação pura e simples e reconhecimento de filho. Este tipo de contrato é interpretado restritivamente; art. 114. 2.4-CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS - Comutativo: a extensão das prestações de ambas as partes é conhecida desde o momento da formação do vínculo contratual; é certa, determinada e definitiva, apresentando uma relativa equivalência de valores; ex: contrato de compra e venda; o vendedor sabe qual preço receberá e o comprador qual o bem que passará a ter domínio. - Aleatório ("alea" significa sorte): a prestação depende de um evento futuro e incerto; ex: o segurado pode vir a receber indenização se ocorrer um sinistro; ou nada receber se o sinistro não acontecer; arts. 458 ao 461 e 757. O jogo e a aposta são também exemplos de contratos aleatórios. Obs: Há contratos comutativos que podem ser transformados em aleatórios se houver cláusula explícita; ex: se um dono de um imóvel empreita a abertura de um poço que deverá fornecer no mínimo 20 litros de água, e ajusta que o empreiteiro nada receberá se o poço não produzir a quantidade desejada. 2.5- CONTRATOS PARITÁRIOS E POR ADESÃO - Paritários: as partes, colocadas em pé de igualdade, discutem os termos do contrato, eliminando os pontos divergentes mediante transigência mútua com manifestação livre de vontades e fixando as cláusulas contratuais. - Por Adesão: aquele em que a manifestação de vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra. Nesse tipo de contrato não existe liberdade de convenção, debate, nem transigência entre as partes; uma vez que um dos contratantes se limita a aceitar as cláusulas previamente redigidas e impressas pelo outro; ex: contrato de seguro. consórcio, transporte, financiamento bancário, entre outros. Arts. 423 e 424. 2.6- CONTRATOS CONSENSUAIS, SOLENES E REAIS - Consensuais ou Não-Solenes: para que esse tipo de contrato seja válido a norma jurídica exige apenas o acordo das partes, não impondo nenhuma norma especial para a sua celebração; ex: compra e venda de móveis, locação, mandato. - Solenes ou Formais: para que alguns contratos existam perante à lei, será necessário que o acordo se processe por meio de formas estabelecidas pela lei, caso contrário o contrato será nulo, por lhe faltarem requisitos essenciais à sua validade; ex: compra e venda de imóveis depende de escritura pública, art. 108; a fiança e o contrato de seguro devem ser feitos por escrito (arts. 819 e 758). - Reais ("res", "rei" significa coisa): são aqueles que somente se tornam válidos com a entrega da coisa, ou seja, a tradição efetiva do objeto do ato negocial, antes disso será apenas uma promessa de contratar, e não um contrato perfeito e acabado; ex: comodato (empréstimo gratuito para uso de coisa infungível), mútuo (empréstimo oneroso de coisa que pode ser fungível), e o depósito. 2.7- CONTRATOS NOMINADOS E INOMINADOS -Nominado: são os que recebem da ordem jurídica uma denominação legal e própria, estando previstos e regulados, formando espécies definidas. O Código Civil rege e esquematiza 23 tipos de contratos; são eles: compra e venda, troca, contrato estimatório, doação, locação de coisas, empréstimo, prestação de serviço, empreitada, depósito, mandato, comissão, agência, distribuição, corretagem, transporte, constituição de renda, seguro, jogo, aposta, fiança, sociedade, transação e compromisso. - Inominados: são os contratos que não estão disciplinados expressamente no Código, porém são permitidos ante ao princípio da autonomia das partes, para que as mesmas possam criar figuras contratuais que necessitem, desde que não contrariem a lei e os bons costumes; arts. 425, 421 e 422. Por não haver normas que os regulamentem esses contratos deverão detalhar as cláusulas. Exs: troca de alguma coisa por obrigação de fazer; contrato de locação de caixa forte (locação + depósito); contrato de hospedagem (locação de coisas, serviços e depósito de bagagem). 2.8- CONTRATOS DE EXECUÇÃO IMEDIATA E CONTINUADA OU TRATO SUCESSIVO - Imediata: são os que terminam mediante uma única prestação; ex: compra e venda à vista, troca, etc. - Continuada: são os que se caracterizam pela prática de atos reiterados, solvendo-se num espaço de tempo; ex: compra e venda a prazo. Esses contratos também podem sobreviver com a persistência da obrigação; ex: locação, fornecimento de mercadoria em que o comprador paga por período. 2.9- CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS - Principais: são os que existem por si só, exercendo sua função e finalidade independentemente de outro. - Acessórios: são aqueles cuja existência jurídica supõe a do principal, pois visam assegurar a sua execução; ex: a fiança é um contrato acessório que garante a locação que é o contrato principal; logo a fiança não poderá existir sem a locação. A cláusula penal também é um exemplo de contrato acessório. Obs: A nulidade da obrigação principal acarreta a da acessória, porém a desta não implica a da principal; art. 184. Assim como a prescrição da obrigação principal acarreta a prescrição da acessória, mas a prescrição de direito acessório não atinge a do direito principal. 2.10- CONTRATOS CIVIS E MERCANTIS A tendência atual para a unificação do Direito Privado diminui a utilidade prática de se diferenciar as duas espécies de contrato. Contudo, se necessário for, podemos dizer que quando ao menos uma das partes é comerciante ou empresa o contrato é comercial ou empresarial; se nenhuma das partes é comerciante ou empresa o contrato é civil. 2.11- CONTRATO DE CONSUMO Negócio jurídico celebrado entre fornecedor e consumidor, com vistas ao fornecimento de produtos ou à prestação de serviços que visem a satisfazer necessidades desses consumidores. Os elementos da relação de consumo são: a-) sujeitos (fornecedor e consumidor); b-)objeto (produtos ou serviços) c-) finalidade (que o consumidor adquira produto ou se utilize de serviço como destinatário final). No contrato de consumo o ônus da prova, em regra, não é do consumidor, e a interpretação desse contrato é sempre mais favorável ao consumidor; arts. 6º, VIII e 47 do CDC. 2.12- CONTRATO ELETRÔNICO É aquele celebrado por meio de programas de computador com assinatura codificada ou senha. A segurança de tais contratos é feita por biometria, leitura de retina ou processos de codificação secreta, chamada de criptografia ou encriptação; contudo essa última deve ser aperfeiçoada devido à atuação constante dos hackers. Vale dizer, que a contratação em estabelecimento eletrônico é considerada entre presentes quando celebrado em tempo real; e que o local de ocorrência do delito é o local da tela do computador do consumidor ludibriado. As dúvidas em relação a esse tipo de contrato são muitas e vão ser solucionadas com o tempo, mas devemos sempre nos basear nos princípios gerais do direito até que exista realmente uma efetiva regulamentação jurídica. Contudo, usamos muito o Código de Defesa do Consumidor e também os art. 107 e 225 do Código Civil e o Decreto 7.962/2013. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01- Cite e explique os requisitos de validade dos contratos. 02- Diferencie as impossibilidades contratuais: absoluta, relativa e legal. 03- Explique a diferença entre um objeto contratual determinado e determinável. 04- Quais são as fases da formação do vínculo contratual? 05- Explique com suas palavras o artigo 112 do Código Civil. 06- Diferencie contratos solenes e reais. 07- Explique com suas palavras o artigo 422 do Código Civil. 08- (ENADE) Alícia é juíza em uma comarca do interior de instância inicial. Ocorre que a ex funcionária da casa de Alícia entrou na justiça contra ela reclamando várias verbas trabalhistas, e infelizmente, em virtude da comarca ser bem pequena, ela é a única juíza de lá. Portanto, ela estáatuando como juíza no processo que é movido contra ela mesma. Analise a capacidade e a legitimidade dentro do caso concreto. 09- (ENADE) João, menor impúbere, celebrou sozinho um contrato de compra e venda de um filhote da sua cadela de estimação, cobrando R$100,00 pelo filhote. Ocorre que sua cadela é campeã da sua raça e seus filhotes foram avaliados em R$ 2.000,00 cada um. Analise se esse negócio jurídico é nulo ou anulável. UNIDADE III- RENOVAÇÃO DA TEORIA CONTRATUAL 3.1-A CONCEPÇÃO TRADICIONAL DO CONTRATO Essa concepção é formada por uma ideia de contrato absolutamente paritário, onde as partes discutem as cláusulas, uma propõe e a outra contrapropõe. Desta forma, pressupõe no contrato uma igualdade de poder entre as partes. 3.2- CRISE DA TEORIA CONTRATUAL CLÁSSICA É evidente que esse contrato essencialmente paritário ocupa hoje parcela muito pequena no mundo negocial; ex: é o contrato de quem adquire o cavalo do vizinho. Atualmente, contratamos cada vez menos com pessoas físicas e mais com pessoas jurídicas, as quais fornecem os bens e serviços para o consumidor final. Os contratos são hoje negócios de massa, impostos a número indeterminado de pessoas que são influenciadas pela mídia para que estejam sempre renovando seus produtos e serviços. A crise não é do contrato, nem do Direito Privado, é da evolução da sociedade que se transforma rapidamente exigindo dos juristas respostas aos novos desafios. Por isso, o atual Código procura inserir o contrato como elemento social, colocando que ele deve ser cumprido não unicamente em prol das partes, mas em benefício da sociedade; já que uma obrigação descumprida representa uma moléstia social, prejudicando uma comunidade. Por isso, é melhor impor algumas regras de ordem pública, inafastáveis pelo querer das partes, evitando assim o predomínio da vontade do economicamente mais forte; art. 421. 3.3- A NOVA CONCEPÇÃO DO CONTRATO E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR O Código Civil traz uma nova concepção de contrato baseado na função social do contrato. O CDC trouxe, no campo dos contratos, instrumentos eficazes em favor do consumidor, como: a inversão do ônus da prova; a proteção do contratante mais fraco; o princípio geral da boa-fé; e a proteção ao consumidor contra as cláusulas abusivas. UNIDADE IV- PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 4.1- AS MUTAÇÕES PRINCIPIOLÓGICAS DOS CONTRATOS: ASPECTOS GERAIS Um dos mais relevantes princípios em que os contratos sempre se basearam é o da igualdade das partes, mas isto quase nunca é verdadeiro, porque a igualdade que reina no contrato é puramente teórica. É muito comum que exista uma parte mais fraca que é “obrigada” a se submeter às condições do mais forte. Isto levou o legislador a intervir no contrato, para remediar os efeitos da desigualdade, criando, para limitar a autonomia da vontade, novas normas de ordem pública, contra as quais esbarra a liberdade de estipular. É o magistrado que verifica se a ordem é ou não é de ordem pública. 4.2- PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO De acordo com esse princípio basta para o aperfeiçoamento do contrato o acordo de vontade das partes. As pessoas gozam da faculdade de vincular-se pelo simples consenso, fundadas na ética e no respeito à palavra empenhada. Com isso a lei deve, em princípio abster-se de estabelecer solenidades. O consensualismo, portanto, é a regra e o formalismo a exceção. Já se dizia “ os bois se prendem pelos chifres e os homens pela palavra”. Mas, é claro que às vezes a seriedade do caso impõe algumas solenidades, como o casamento. Além disso, o legislador sentiu necessidade de impor alguns requisitos devido à crise da palavra; por ex: se o bem for imóvel há necessidade do registro imobiliário. 4.3- PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE O alicerce desse princípio é a ampla liberdade contratual no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades; tendo a liberdade de contratar com quem quiserem, sobre o que quiserem e de não contratar também. Esse princípio teve origem no Direito Romano, mas o seu apogeu foi após a Revolução Francesa com a predominância do individualismo e a pregação da liberdade em todos os sentidos, inclusive contratual. Com base nesse princípio, os contratantes podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações de espécies contratuais, criando outras formas de contratar. Dessa forma, percebe-se que o princípio da autonomia da vontade serve de fundamento para dar poder aos particulares de auto regulamentação dos seus interesses. Por outro lado, na vida moderna, tem aumentado as limitações à liberdade de contratar em alguns aspectos, tais como: faculdade de contratar ou não e a escolha do outro contratante; ex: fornecimento de energia elétrica, água, licenciamento de um veículo é condicionado à celebração do seguro obrigatório, entre outros. 4.4- PRINCÍPIO DA IGUALDADE Uma das regras do contrato é que exista equidade entre as partes, podendo as mesmas ter até diferenças econômicas, mas sem que a mais forte use dessa posição e vá contra a boa-fé e a função social do contrato. 4.5- PRRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE OU DA FORÇA VINCULANTE OU DA INTANGIBILIDADE Esse princípio representa exatamente a força das convenções, já que pela autonomia da vontade ninguém é obrigada a contratar, sendo a palavra empenhada irreversível. O aludido princípio tem por fundamento: a-) necessidade de segurança nos negócios b-) intangibilidade ou imutabilidade: pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos); art. 389. A única limitação a esse princípio ocorre com o caso fortuito ou força maior; art. 393, parágrafo único. No entanto, após a 1ª Grande Guerra não se podia mais falar em absoluta obrigatoriedade dos contratos, se não havia idêntica liberdade contratual entre as partes. Passou-se a aceitar, em caráter excepcional, a possibilidade de intervenção judicial no conteúdo de certos contratos, para corrigir os seus rigores ante ao desequilíbrio das prestações. A suavização do princípio não significa o seu desaparecimento, o que não se tolera mais é a obrigatoriedade quando as partes se encontram em patamares diversos e disso ocorra proveito injustificado. O próprio Código Civil apresenta a tendência de amenização desse princípio, incorporando os arts. 156 e 157 que permitem a ingerência estatal. 4.8- PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS Tal princípio funda-se na ideia de que o contrato só produz efeito entre as partes. Mostra-se ele coerente com o modelo clássico de contrato, que objetivava exclusivamente a satisfação das necessidades individuais. Essa visão foi abalada pelo atual Código Civil, que não concebe mais o contrato apenas como instrumento de satisfação de interesses pessoais dos contratantes, mas lhe reconhece uma função social. Tal fato tem como conseqüência possibilitar que terceiros que não são propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos. Não resta dúvida de que o princípio da relatividade dos efeitos do contrato, embora ainda subsista foi bastante atenuado pelo reconhecimento de cláusulas gerais de ordem pública, não se destinarem a proteger unicamente os direitos individuais, mas tutelar o interesse da coletividade. A nova concepção da função social do contrato representa, se não a ruptura, pelo menos o abrandamento do princípio da relatividade dos efeitos do contrato. 4.9- PRINCÍPIO DA BOA FÉ Exige que as partes comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimentos do contrato. Esse princípio vai contra o ordenamento revogado, que privilegiava o princípio da autonomia da vontade e da obrigatoriedadedos contratos, seguindo uma diretriz individualista. A boa-fé pode ser: - Subjetiva ou concepção psicológica: baseia-se numa noção de entendimento equivocado, em erro de crença ou ignorância do contratante; ex: casamento putativo e herdeiro aparente. - Objetiva: é a norma jurídica fundada em um princípio geral do direito segundo o qual todos devem comportar-se de boa-fé nas suas relações, tendo honestidade, retidão e lealdade; deixa de ser princípio geral de direito e passa a ser tratada no Código atual nos arts. 422, 113 e 187. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 10- Faça uma análise da teoria contratual clássica. 11- O que é função social do contrato? 12- Fale sobre o princípio da obrigatoriedade frente ao Código Civil. 13- (Juiz-MA) No que diz respeito à formação dos contratos, no âmbito do Direito Civil, a proposta deixa de ser obrigatória, exceto: (0,5) a) se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante. b) se, feita com prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta do conhecimento do proponente. c) se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado. d) se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 14-(OAB) Classifica-se real o contrato, quanto à sua formação, quando: a) para esta é necessária a entrega da coisa b) envolva transmissão de propriedade sobre imóvel c) importe criação de ônus sobre coisa alheia d) a escritura pública é da substância do ato 15- (OAB-2012) Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeito jurídicos.Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta: a) a celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não expressamente regulamentados por lei. b) a atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não. c) a liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os princípios de probidade e da boa fé subjetiva, princípios esses ligados ao voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso Código Civil. d) será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias. UNIDADE V-REVISÃO DOS CONTRATOS 5.1- A CLÁUSULA "REBUS SIC STANIBUS" Na Idade Média, ganhou força a teoria baseada na cláusula rebus sic standibus (enquanto as coisas estão assim), sendo considerada implícita em todo contrato; na verdade ela já existia antes do direito romano no renomado Código de Hamurabi, em seu artigo 48. Segundo a concepção pura do contrato os pactos devem ser cumpridos (pacta sunt servanda), mas a nova concepção contratual exige uma atenuação desse princípio geral. A rebus sic stantibus coloca que a obrigatoriedade do cumprimento de uma obrigação pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta se modificar em razão de acontecimentos extraordinários, como uma guerra, tornando excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação parcial ou totalmente. 5.2- A TEORIA DA IMPREVISÃO E SEUS PRESSUPOSTOS DE APLICAÇÃO O crescimento da cláusula rebus sic standibus veio, efetivamente no período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que provocou um desequilíbrio nos contratos a longo prazo. Entre nós, esta idéia foi adaptada e difundida por Arnaldo Medeiros da Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão. O referido autor incluiu o requisito da imprevisibilidade para possibilitar a sua adoção. É por esta razão que os tribunais não aceitam a inflação e alteração na economia como causas para revisão dos contratos. 5.3- A REGULAMENTAÇÃO LEGISLATIVA DA TEORIA DA IMPREVISÃO O Código de 1916 não regulamentou expressamente a revisão contratual, mas havia uma certa abordagem no art. 401. Na verdade, a cláusula rebus sic stantibus e a teoria da imprevisão eram aplicadas entre nós somente em casos excepcionais e com cautela, desde que demonstrada a ocorrência de fato extraordinário e imprevisível e a conseqüente onerosidade excessiva para um dos contratantes. A introdução da teoria da imprevisão no direito positivo brasileiro ocorreu com o advento do Código de Defesa do Consumidor, que no seu art. 6º, V elevou o equilíbrio do contrato como princípio da relação de consumo. O Código de 2002 consolidou a alteração do contrato em situações específicas com o art. 478, que tem sido muito criticado por exigir vantagem à outra parte; por dizer que cabe ao devedor acionar tal dispositivo e que a finalidade é a resolução do contrato. Vale dizer que para se configurar a alteração de situação que o referido dispositivo pede, é necessário que o acontecimento não se manifeste só na esfera individual de um contratante, mas tenha caráter de generalidade. É preciso que todo um mercado ou um setor considerável seja atingido; como greve na indústria metalúrgica; chuva de granizo que prejudica a lavoura de toda uma região. Devemos observar ainda que o contratante que estiver em mora quando desses fatos extraordinários não pode invocar, em defesa, a onerosidade excessiva, pois, estando nessa situação responde pelos riscos supervenientes, ainda que decorrentes de caso fortuito ou força maior; art. 399. É importante esclarecer que a alegação da onerosidade excessiva em contestação é, em regra, considerada mal soante, vista como desculpa de mau pagador, entendendo-se de melhor tom, que a parte que foi surpreendida por um acontecimento tome a iniciativa antes da cobrança judicial. Deverá, então, invocar a impossibilidade de cumprimento da dívida antes de seu vencimento, e requerer a revisão do avençado ou a sua resolução. É aconselhável também que o devedor atingido pela modificação superveniente, dê aviso ao credor para que se tente uma colaboração mútua na criação das condições que viabilizem o aperfeiçoamento do contrato. 5.5- A APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO PELA JURISPRUDÊNCIA Atualmente, a doutrina e a jurisprudência têm admitido uma intervenção judicial; a sentença substitui a vontade de um dos contratantes. Havendo um elemento surpresa, uma circunstância nova que coloca um dos contratantes em extrema dificuldade opera-se a possibilidade de intervenção judicial para que o contrato seja conduzido a níveis suportáveis de cumprimento. No entanto, a jurisprudência prima pela menor interferência judicial possível, no sentido de tentar resguardar ao máximo o contrato a níveis que os contratantes o suportem. UNIDADE VI - CONTRATOS BILATERAIS 6.1- EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO Esse tema já foi tratado quando abordamos os Contratos Unilaterais e Bilaterais (tópico 2.2), contudo vamos revisar algumas questões. É uma defesa oponível pelo contratante demandado contra o co- contratante inadimplente, em que o demandado se recusa a cumprir a sua obrigação, sob a alegação de não ter, aquele que reclamou, cumprido o seu dever; art. 476. Desta forma, se um deles não o cumprir, o outro tem o direito de opor- lhe em defesa essa exceção, desde que a lei ou o próprio contrato não determine a quem competirá efetuar a obrigação em primeiro lugar; art. 477. A cláusula solve et repete (pague e depois reclame) é uma renúncia à exceção do contrato não cumprido,pois ao convencioná-la o contratante abre mão da exeptio non adimpleti contractus. É usada em pequena escala nos contratos administrativos para proteger a Administração, não é bem vinda nas relações de consumo, por entender que pode colocar o consumidor numa situação ainda mais fragilizada. Fundamentos: equilíbrio das prestações; combate ao enriquecimento indevido. Obs: se a venda for a crédito cessará a possibilidade de opor a exceção. 6.2- DISTRATO OU RESILIÇÃO BILATERAL O distrato é um acordo de vontade onde os contratantes resolvem desfazer o contrato. De acordo com o art. 472 quando o contrato tiver forma especial o distrato deve obedecer a mesma forma. 6.2- ARRAS ou SINAL É uma quantia em dinheiro ou outra coisa móvel fungível, que um dos contratantes entrega ao outro para garantir o negócio jurídico; é como se fosse um sinal. É importante diferenciar arras de cláusula penal. O pagamento das arras é feito antes e já faz parte do preço; já a cláusula penal só será paga depois e em caso de descumprimento obrigacional parcial, total ou mora. As arras podem ser pagas em dinheiro ou outro bem móvel; já a cláusula penal é paga somente em dinheiro. As arras podem se apresentar de duas formas: 6.3.1- Confirmatórias: tem o objetivo de confirmar o contrato, antecipar o pagamento e convencionar antecipadamente as perdas e danos em caso de descumprimento obrigacional. As arras confirmatórias visam impedir o arrependimento de qualquer das partes, dando maior segurança às relações contratuais. 6.3.2- Penitenciais: nelas os contratantes estipulam expressamente o direito de arrependimento e consequentemente a perda do sinal ou de sua devolução mais o equivalente, como bem preceitua o art. 420. Quem deu perde, quem recebeu devolve em dobro. 6.4- ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO Para Orlando Gomes estipulação em favor de terceiro é " o contrato em virtude do qual uma das partes se obriga a atribuir vantagem patrimonial gratuita a pessoa estranha à formação do vínculo contratual". Nesse contrato temos três pessoas envolvidas: o estipulante que é quem convenciona o benefício; o promitente que é quem se compromete a cumprir a obrigação; e o beneficiário que é quem está alheio ao contrato, mas por ele será beneficiado. Um bom exemplo de estipulação em favor de terceiro é o seguro de vida. Vale dizer que o estipulante pode exigir o cumprimento por parte do promitente, como pode também dar poderes para que o promitente assim o faça. O estipulante pode ainda fazer novação e mudar a figura do beneficiário, nesse caso, o último não tem como reclamar o cumprimento do contrato. 6.5- VÍCIOS REDIBITÓRIOS São defeitos ocultos de coisas recebidas em contratos comutativos, ou de doação onerosa ou remuneratória. Os vícios devem existir ao tempo da alienação, devem ser desconhecidos pelo adquirente e seu defeito deve ser de tal importância que prejudique o uso do bem ou lhe diminua o valor. 6.5.1- Ações Edilícias Diante de um vício redibitório o adquirente tem duas opções: ou ele não aceita a coisa, mediante Ação Redibitória; ou aceita a coisa mas exige abatimento no preço por meio das Ações Estimatórias; essas duas ações são chamadas de Edilícias. Contudo, quando ocorrer o perecimento da coisa em razão do vício oculto, o adquirente não tem o direito de escolha e só pode propor Ação Redibitória, art.444. Não se deve confundir vício redibitório com erro quanto às qualidades essenciais do objeto. O primeiro é um erro objetivo, enquanto o segundo é subjetivo, ex: se você compra um relógio pensando em ser de ouro e depois descobre que não é, mas ele funciona perfeitamente; estamos diante de um erro quanto às qualidades essenciais. Nesse caso deve ser proposta ação anulatória, art. 178,II. Mas, se você compra um relógio achando que ele é de ouro e ele realmente é, mas não funciona perfeitamente em virtude de um defeito interno; estamos diante de um vício redibitório, nesse caso deve ser proposta uma ação edilícia, art. 445. 6.5.2- Prazos do Código Civil Os prazos no Código Civil estão regulamentados nos art. 445 e 446. 6.5.3- Prazos de decadência e prescrição no Código do Consumidor Quando estamos diante de um vício redibitório fruto de uma relação entre particulares, o direito será resguardado pelo Código Civil, ex: quando você compra um carro de um particular. Ao contrário, quando o vício se originou de uma relação de consumo, o direito será resguardado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), ex: você comprou o carro de um comerciante desse ramo. É importante observar essa distinção porque as duas leis trazem diferenças técnicas significativas. O CDC considera vício redibitório os defeitos ocultos como também os aparentes. Os prazos são decadenciais. Quando o produto é não durável e o defeito é aparente o prazo é de 30 dias; ex: alimentos. Já quando o produto é durável e o defeito é aparente o prazo é de 90 dias, contados a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Se os defeitos forem ocultos os prazos são iguais, mas a contagem começa no momento em que se tornarem conhecidos; art. 26 parágrafo 3 º do CDC. 6.6 - EVICÇÃO É a perda da coisa por meio de decisão judicial que determina que a propriedade da coisa pertence a outra pessoa, fundado em motivo jurídico anterior. A evicção é uma responsabilidade decorrente da lei independentemente de estar prevista no contrato, portanto é uma garantia contratual, é uma obrigação de fazer do transmitente; ela é a regra geral, podendo ser afastada somente se houver cláusula expressa. Na evicção temos 3 figuras: o evicto, que é o adquirente do bem e sofrerá a evicção; o alienante, que é quem vende a coisa e por isso deverá suportar as consequências da decisão judicial e o evictor, que é o terceiro que entra com ação judicial reivindicando e ganhando total ou parcialmente o bem, objeto prestacional do contrato em questão. Na evicção fica assegurada a restituição integral do preço, mais a indenização dos frutos que tiver sido obrigado a devolver, despesas contratuais e custas judiciais; com prazo de 3 anos, art. 206,parágrafo 3º, V. É importante salientar que o alienante pode estar de boa fé ou má fé, e responderá pela evicção. Contudo, a análise da culpa será importante para mensurar o valor da indenização. - Aquisição em hasta pública (art. 447):subsiste o direito à garantia. - Reforço, diminuição ou exclusão da garantia (art. 448):de comum acordo em as partes, por cláusula expressa. - Cláusula de exclusão: mesmo havendo terá o adquirente direito a receber o preço se não soube do risco ou, dele informado, não o assumiu (art. 449). -Extensão da garantia (art. 450): indenização dos frutos que o adquirente tiver que restituir; despesas dos contratos e prejuízos que resultarem diretamente da evicção; custas e honorários advocatícios. - Subsistência da garantia:ainda que a coisa esteja deteriorada (exceto se houve dolo do adquirente (art. 451). - OBS: adquirente que obteve vantagens das deteriorações: serão deduzidas dos valores a que tem direito a receber (art.452). - Benfeitorias úteis e necessárias feitas pelo adquirente:serão indenizadas pelo alienante (art. 453) - Benfeitorias abonadas ao evicto, feitas pelo alienante:deverão ser compensadas quando da restituição da coisa (art. 454) - Evicção parcial (art. 455): restituição do desfalque sofrido - Evicção parcial considerável (é a perda que, atentando-se para a finalidade da coisa, faça presumir que o contrato não teria se aperfeiçoado se o adquirente conhecesse a verdadeira situação):gera opção ao adquirente de desfazer o contrato e retomar todo o preço. 6.6.1- EVICÇÃO E DENUNCIAÇÃO DA LIDE É o chamamento ao processo que o adquirentefaz contra o alienante, somente pode acontecer depois que o terceiro entra com ação contra o adquirente. Ela é regulamentada pelo Código de Processo Civil. A denunciação da lide é feita no mesmo processo da ação principal, podem acontecer denunciações sucessivas, se o bem já tiver passado por vários adquirentes. - EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 16- Analise a cláusula rebus sic stantibus frente ao princípio pacta sunt servanda. 17- Quais são os pressupostos de aplicação da teoria da imprevisão? 18-Dentro dos contratos bilaterais, analise a exceção do contrato não cumprido. 19- O que é resilição bilateral? 20- Cite e explique as espécies de arras. 21- Qual a diferença entre vício redibitório e erro quanto à qualidade essencial do objeto?. 22- Conceitue evicção. 23-(OAB) Marque a resposta correta: a-)Pode haver resolução por onerosidade excessiva nos contratos de execução imediata. b-)Nos contratos sinalagmáticos existe uma simultânea reciprocidade entre credor e devedor, ambos com direitos e obrigações. c-)Os contratos reais são aqueles que se tornam válidos somente com o acordo de vontade das partes, não exigindo nenhuma solenidade específica. d-)Os contratos atípicos são os que recebem da ordem jurídica um denominação legal própria, estando previstos e regulados no Código Civil. 24- (OAB -2009) Assinale a opção correta a respeito dos vícios redibitórios e da evicção. a) as partes podem inserir no contrato que exclua a responsabilidade do alienante pela evicção. b) o adquirente, ante o vício redibitório da coisa, somente poderá reclamar o abatimento da coisa. c) não há responsabilidade por evicção caso a aquisição do bem tenha sido efetivada por meio de hasta pública. d) se o alienante não conhecia, à época da alienação, o vício ou defeito da coisa, haverá exclusão da sua responsabilidade por vício redibitório. 25- (ENADE) Há mais de dez anos Luzia pagava com regularidade o financiamento da sua casa própria. Infelizmente, no último mês ela foi diagnosticada com uma doença grave e passou a ter que arcar com um tratamento de alto custo. Prevendo, que diante da nova situação, não conseguiria por muito tempo manter seu financiamento em dia, resolveu procurar um advogado para se informar sobre seus direitos. Se você fosse esse profissional, qual seria sua orientação? UNIDADE VII- EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Os contratos podem ser extintos a partir do cumprimento da obrigação, que é a forma correta de ocorrer o término do vínculo contratual, ou infelizmente a partir do seu descumprimento. Nessa segunda hipótese temos que observar se o descumprimento ocorreu antes, durante ou após o vínculo contratual se iniciar propriamente dito. - Extinção do contrato sem cumprimento obrigacional: a) causas anteriores ou atuais: - anulabilidade ou nulidade - cláusula resolutiva - direito de arrependimento: CDC, art. 49 b) causas supervenientes: - resolução: inexecução voluntária, inexecução involuntária e one- rosidade excessiva. - resilição: bilateral (distrato) e unilateral (denúncia) - morte de um dos contratantes - rescisão 7.1- RESOLUÇÃO “É um remédio concedido à parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial” Orlando Gomes - Resolução por Inexecução Voluntária do Contrato Esta resolução decorre de comportamento culposo de um dos contrantes, com prejuízo ao outro; sujeitando o inadimplente às perdas e danos ou à cláusula penal. - Resolução por Inexecução Contratual Involuntária Esta resolução ocorre quando o inadimplemento se dá por fatos alheios à vontade dos contratantes, não cabendo perdas e danos. O contratante terá, entretanto, que restituir o que já recebeu. Vale dizer que mesmo em caso fortuito ou força maior o credor está autorizado a responsabilizar o devedor pelos danos se ele estiver em mora e também se assim se responsabilizou no contrato; arts 393 e 399. - Resolução por Onerosidade Excessiva Esse tema já foi tratado quando abordamos a Cláusula Rebus Sic Standibus (tópico 5.1), contudo vamos fazer algumas observações. A onerosidade excessiva é oriunda de evento extraordinário e imprevisível, que dificulta extremamente o adimplemento da obrigação de uma das partes. É motivo de resolução contratual, por si considerar entendida a cláusula rebus sic standibus, porque nos contratos de execução continuada o vínculo obrigatório ficará subordinado, a todo tempo, ao estado de fato vigente à época de sua estipulação. Para ser declarada a onerosidade excessiva o órgão judicante deverá analisar os seguintes requisitos: a-) existência de contrato comutativo e de execução continuada, que não poderá ser aleatório. b-) alteração radical das condições econômicas. c-) onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício exagerado para o outro. d-) imprevisibilidade e extraordinariedade da modificação. 7.2- RESILIÇÃO É a dissolução do vínculo contratual, deliberada por ambos os contratantes; é um contrato que extingue o outro. Desta forma pressupõe contrato anterior e novo consentimento dos contratantes. Se o contrato que se pretende extinguir foi constituído por escritura pública por exigência legal, o distrato também deve respeitar essa forma. Mas, se o negócio não depende de forma solene e as partes a ela recorreram porque quiseram, poderá ser distratado por qualquer outro meio, como o instrumento particular; art. 472. O distrato, em regra, produz efeito ex nunc, ou seja, a ruptura do vínculo contratual só produzirá efeitos a partir do instante de sua celebração, não atingindo as conseqüências pretéritas, nem os direitos adquiridos por terceiros, que serão respeitados. Deriva da manifestação de vontade e não do inadimplemento contratual. Resilir significa voltar atrás. A resilição pode ser: a-) bilateral: distrato b-) unilateral ou denúncia:pode ocorrer somente nas obrigações duradouras, contra a sua renovação ou continuação. A faculdade de resilição unilateral é suscetível de ser exercida: - nos contratos por tempo indeterminado - nos contratos de execução continuada ou periódica - nos contratos em geral, cuja execução não tenha começado - nos contratos benéficos A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial; para valer deve ser notificada à outra parte, produzindo efeitos a partir do momento em que chega a seu conhecimento. Em princípio não precisa ser justificada, mas em certos contratos exige-se que obedeça à justa causa, caso contrário terá perdas e danos. Análise do artigo 473: em um contrato de comodato (empréstimo) de imóvel, sem prazo, não é razoável que, poucos dias depois do comodatário se instalar, o comodante solicite a sua restituição, sem ocorrência de fato superveniente que justifique. Certos contratos, todavia, não comportam a incidência da regra do dispositivo, por se tratar de relação de confiança como o mandato, não se permitindo o aumento da vigência do contrato. A resilição unilateral pode ainda ser convencional quando, por exemplo, num contrato de trabalho por tempo determinado em que reservam o direito de resilir ante tempus, mediante aviso prévio. 7.3- MORTE DE UM DOS CONTRATANTES Nos contratos personalíssimos havendo morte de um dos contratantes o contrato será extinto. 7.4- RESCISÃO É a dissolução de contratos celebrados em estado de perigo e lesão; arts. 156 e 157. 7.5- EXECUÇÃO A extinção dos contratos dá-se, em regra, pela execução. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor, sendo o meio normal de extinção do contrato. Comprova-se o pagamento pela quitação fornecida pelo credor; art. 320. 7.6-NULIDADEE ANULABILIDADE A nulidade pode ser absoluta quando decorre transgressão de ordem pública baseada em ausência de um elemento essencial do ato, impedindo que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex tunc), como por exemplo: a ilicitude do objeto; a impossibilidade ou a completa falta de determinação do objeto e ainda o fato de não obedecer a forma prescrita por lei. Nestes casos de ineficácia em sentido amplo o ato é nulo, é ineficaz. A nulidade absoluta pode ser requerida em juízo a qualquer tempo, por qualquer interessado, podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou pelo Parquet. A nulidade pode ser relativa, ou também conhecida como anulabilidade quando advém de imperfeição da vontade, como por exemplo: por vícios de consentimento (erro, coação, entre outros). Esses tipos de defeitos no negócio jurídico podem ser sanados, por isso não extinguirá o contrato enquanto não se mover ação que o decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença. Apenas o contratante em cujo interesse foi prejudicado tem legitimidade para pleitear a anulação; art. 177. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 26- Explique com suas palavras o artigo 393 do Código Civil. 27- Conceitue perdas e danos. 28- Cite e explique os requisitos para que seja declarada judicialmente a onerosidade excessiva. 29- Qual a diferença de nulidade e anulabilidade? 30- (OAB-2008) José contratou com João o fornecimento diário de refeições por prazo indeterminado. No entanto, meses depois, João, mediante instrumento particular, cientificou José de que faria a interrupção da entrega das refeições a partir do trigésimo dia subsequente. Na situação hipotética apresentada, o ato jurídico praticado por João caracteriza: a) distrato b) resilição unilateral c) resolução por inexecução voluntária d) direito de arrependimento 31-(OAB-2008) A exceção do contrato não cumprido poderá ser arguida nos: a) contratos sinalagmáticos b) contratos de mútuo c) negócios jurídicos unilaterais d) contratos de comodato 32- (FGV-2011) Nos contratos, os indivíduos devem observar os princípios da probidade e boa-fé. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Nesse contexto, assinale a alternativa correta de acordo com o Código Civil. a) as partes não podem, em qualquer hipótese reforçar, diminuir ou excluir responsabilidade pela evicção b) as cláusulas resolutivas, expressas ou tácitas operam-se de pleno direito c) nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes poderá exigir, antes de cumprida sua obrigação o implemento da do outro d) admite-se que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato e) nos contratos de adesão são nulas de pleno direito as cláusulas ambíguas ou contraditórias. 33- (OAB - 2009) De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito dos contratos, assinale a opção correta: a) a onerosidade excessiva, oriunda de acontecimento extraordinário e imprevisível, ainda que dificulte extremamente o adimplemento da obrigação de uma das partes em contrato de execução continuada, não enseja a revisão contratual, visto que as partes ficam vinculadas ao que foi originalmente pactuado. b) considere que um indivíduo ofereça ao seu credor, com o consenso deste, um terreno em substituição à dívida no valor de R$30mil, a título de dação em pagamento. Nessa situação, se o credor for evicto do terreno recebido, será restabelecida a obrigação primitiva com o devedor, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. c) o evicto pode demandar pela evicção, por meio de ação contra o transmitente, mesmo sabendo que a coisa adquirida era alheia ou litigiosa. d) a resilição bilateral não se submete à forma exigida para o contrato.
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