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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA FÍSICA EXPERIMENTAL 1 Cleison Adriano de Lima 2 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos cientí- fico (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblio- teca Pearson) relacionados com o conteúdo abor- dado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações im- portantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determi- nados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre ques- tões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidi- ano. 3 CONFIRA NO LIVRO As unidades de grandezas físicas Sistema Internacional de Medidas (SI) Incerteza e algarismo significativos Operações com algarismos significativos Classificação de erros de medida Precisão e exatidão Media e desvio padrão Propagação de erro Tabelas e quadros Gráficos Construção de gráficos Análise gráfica Classificação de erros de medidas Instrumentos de medida de extensão Diferença entre massa e peso Instrumentos de medida de massa e peso Condições de equilíbrio Centro de massa Centro de gravidade Estática Introdução a força e torque Tipos de alavancas Condições de equilíbrio Cálculo das reações 4 INTRODUÇÃO Caro aluno, o conteúdo deste material didático segue a bibliografia básica do curso de Física. O livro texto “Física I, Sears e Zemansky: mecânica” é adotado com principal referencial teórico. Aconselha-se a sempre relacionar o conteúdo deste livro com o estudado nas Físicas básicas. Além do livro texto outras referências usadas serão listadas ao fim do livro para possíveis consultas. Esteja sempre atento! 5 SUMÁRIO UNIDADE DE MEDIDAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS........................ 7 1.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 7 1.2 UNIDADES DE MEDIDA E O SISTEMA INTERNACIONAL (SI) .................................. 7 1.3 INCERTEZA E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ........................................................ 9 1.4 CRITÉRIOS DE ARREDONDAMENTO ..................................................................... 10 1.5 OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS............................................ 11 1.6 ATIVIDADE PRÁTICA ............................................................................................. 12 FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 13 TEORIA DOS ERROS ................................................................................. 16 2.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 16 2.2 CLASSIFICAÇÃO DE ERROS DE MEDIDAS............................................................ 16 2.3 PRECISÃO E EXATIDÃO ........................................................................................ 17 2.4 MÉDIA E DESVIO PADRÃO ................................................................................... 18 2.5 EXEMPLO PRÁTICO ............................................................................................... 20 2.6 PROPAGAÇÃO DE ERRO ...................................................................................... 21 FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 22 CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS................................................................. 26 3.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 27 3.2 TABELAS E QUADROS ............................................................................................ 27 3.3 GRÁFICOS ............................................................................................................. 27 3.4 CONSTRUÇÃO DE UM GRÁFICO ......................................................................... 28 3.5 ANÁLISE GRÁFICA ................................................................................................ 28 3.6 LINEARIZAÇÃO DE FUNÇÕES NÃO LINEARES ..................................................... 30 3.7 CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DE GRÁFICO USANDO UM SOFTWARE GRATUITO .. 33 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 39 MEDIDAS DE EXTENSÃO, MASSA E PESO ............................................... 43 4.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 43 4.2 MEDIDAS DE EXTENSÃO ....................................................................................... 44 4.3 TRENA E RÉGUA MILIMETRADA ............................................................................ 45 4.4 PAQUÍMETRO ........................................................................................................ 47 4.5 MICRÔMETRO ....................................................................................................... 50 4.6 MASSA E A UNIDADE QUILOGRAMA .................................................................. 53 4.7 PESO ...................................................................................................................... 54 4.8 MEDIDA DA MASSA E PESO ................................................................................. 55 FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 58 CENTRO DE GRAVIDADE ........................................................................ 63 5.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 63 5.2 EQUILÍBRIO ESTÁVEL, INSTÁVEL E INDIFERENTE ................................................... 63 5.3 CENTRO DE MASSA............................................................................................... 64 5.4 CENTRO DE GRAVIDADE ...................................................................................... 66 FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 73 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 6 TORQUE, ESTÁTICA E CÁLCULO DAS REAÇÕES ..................................... 77 6.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 77 6.2 INTRODUÇÃO A FORÇA E TORQUE ..................................................................... 77 6.3 TIPOS DE ALAVANCAS ......................................................................................... 79 6.4 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ................................................................................ 80 6.5 CÁLCULOS DAS REAÇÕES ................................................................................... 81 6.6 ATIVIDADE COMPUTACIONAL PRÁTICA .............................................................83 Procedimentos .................................................................................................. 83 FIXANDO O CONTÉUDO ...................................................................................... 86 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ........................................... 91 REFERÊNCIAS ...................................................................................... 92 UNIDADE 06 7 UNIDADE DE MEDIDAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS 1.1 INTRODUÇÃO Pode-se dizer que a física é uma ciência experimental onde o físico observa fenômenos naturais e tenta encontrar os padrões e os princípios que relacionam esses fenômenos. Os experimentos exigem medidas, e normalmente usamos números para descrever os resultados dessas medidas. Qualquer número usado para descrever quantitativamente um fenômeno físico denomina-se grandeza física. 1.2 UNIDADES DE MEDIDA E O SISTEMA INTERNACIONAL (SI) Para cada grandeza física se estabelece uma unidade, e o Sistema Internaci- onal (SI) é o sistema mais difundindo no mundo. Para calcular medidas confiáveis e precisas, necessitamos de medidas que não variem e que possam ser reproduzidas por observadores em diversos locais. O sistema de unidades usado por cientistas e engenheiros em todas as partes do é conhecido oficialmente como Sistema Internacional ou SI (das iniciais do nome francês Système International) (YOUNG; FREEDMAN, 2016, p. 04). Adotaremos o SI como padrão para nossas atividades experimentais e exercícios, já que esse sistema abrange todas as situações práticas e teóricas. As unidades básicas do SI são destacadas no Quadro 1. Unidades derivadas são compostas a partir dessas básicas. Como exemplo a unidade de força é o Newton (N), onde um 1N equivale a 1 kg ∙ m/s , ou seja, o newton é a força que fornece para Os objetivos de aprendizagem da Unidade 1 são: As unidades de grandezas físicas de acordo com o Sistema Internacional de Medidas (SI); Incerteza e algarismo significativos; Operações com algarismos significativos. UNIDADE 8 uma massa de 1 quilograma uma aceleração de um metro por segundo por segundo. O Quadro 1 mostra algumas unidades básicas do SI. Quadro 1: Unidades básicas do SI Grandeza Unidade Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Corrente elétrica ampère A Temperatura kelvin K Quantidade de substância mol Mol intensidade luminosa candela cd Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walker (2018) Unidades maiores e menores podem ser representadas usando notação cien- tífica, ou seja, potências de 10. Toda quantidade deve ser expressa por um número entre 1 e 10, seguido da multiplicação pela potência de 10 apropriada. Para facilitar ainda mais a notação são introduzidas os múltiplos e submúltiplos e um prefixo é adi- cionado ao nome da unidade fundamental de interesse. A Tabela 1 representa al- guns prefixos usados no cotidiano da física. Tabela 1: Alguns prefixos e suas representações Nome Símbolo Potencia Numericamente giga 𝐺 109 1 000 000 000 mega 𝑀 106 1 000 000 quilo 𝑘 103 1 000 hecto ℎ 102 100 deca 𝑑𝑎 101 10 1 deci 𝑑 10−1 0,1 centi 𝑐 10−2 0,01 mili 𝑚 10−3 0,001 micro µ 10−6 0,000 001 nano 𝑛 10−9 0,000 000 001 Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walker (2018) Para usar os prefixos basta juntar o símbolo do prefixo com o símbolo da uni- dade. Como exemplo 1ns (nanossegundo) equivale a 0,000000001s ou 10 s. Podemos descrever, por exemplo, o comprimento de uma avenida como 𝟏 𝐤𝐦 (quilôme- tro) ao invés de 𝟏𝟎𝟎𝟎 𝐦 (metros), ou seja: 𝟏 𝐤𝐦 = 𝟏𝟎𝟑𝐦 = 𝟏𝟎𝟎𝟎𝐦. O mesmo vale para uni- dade de massa, onde 𝟏 𝐤𝐠 (quilograma) equivale a 𝟏𝟎𝟎𝟎 𝐠 (gramas), sendo assim: 𝟏 𝐊𝐠 = 𝟏𝟎𝟑 𝐠 = 𝟏𝟎𝟎𝟎 𝐠. 9 Algumas unidades não pertencentes ao Sistema Internacional são aceitas de- vido as suas utilizações no quotidiano. Vale ressaltar a unidade Tonelada (T) (1T equi- vale a 1000 Kg), e algumas unidades de tempo como o minuto, a hora e o dia por exemplo. minuto (min) → 𝟏 𝐦𝐢𝐧 = 𝟔𝟎 𝐬 hora (h) → 1 h = 60 min = 3600 s dia (d) → 1 d = 24 h = 86 400 s Os americanos adotam a polegada (inch) milesimal, cujo valor foi fixado em 25,4mm a temperatura de 20ºC. É importante ressaltar a polegada em virtude do grande número de máquinas, aparelhos e ferramentas utilizando esse sistema americano. O símbolo da polegada é o IN ou a dupla plica (″) 1 IN=1''=25,4 mm 1.3 INCERTEZA E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS O mensurando é a grandeza a ser determinada num processo de medição. Ao medir a espessura de um objeto com uma régua, por exemplo, sua medida será confiável até o milímetro mais próximo devido as limitações da régua. Portanto as medidas sempre envolvem incertezas que são parâmetros associados ao resultado de uma medição. A incerteza caracteriza a dispersão dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando, indicando o desconhecimento do valor exato do mesmo. É importante ressaltar que a incerteza depende da técnica usada na medida. Para indicar a exatidão de uma medida, se escreve primeiro o valor da medida seguido do sinal ± e um segundo valor indicando a incerteza atribuída a essa medição. A unidade de medida deve ser representada após os parênteses. Grandeza = (medida ± incerteza) Em um exercício é sempre aconselhável fazer uma análise dimensional de suas respostas. Se você notar alguma inconsistência de unidades, certamente você cometeu um erro em alguma etapa da resolução. 10 Em muitos casos, a incerteza de um número não é apresentada explicitamente. Em vez disso, ela é indicada pelo número de dígitos confiáveis, ou algarismos significativos, do valor da medida. A medida deverá conter os algarismos exatos, que são os valores certos da medida, mais o primeiro algarismo duvidoso ou algarismo incerto. O comprimento 𝟑, 𝟒𝟓 𝐦, por exemplo, contém 3 algarismos significativos que são os números 3, 4 e 5 sendo o número 5 o algarismo duvidoso. O zero à esquerda da vírgula decimal não é contado. Zeros à direita são algarismos significativos. Para números muito grandes ou muito pequenos, pode-se representar os algarismos significativos mais facilmente usando notação científica. Na notação cientifica os zeros após a virgula e antes da potência de 10 devem ser contados, sendo assim 𝟕 ∙ 𝟏𝟎𝟗 tem um algarismo significativo, 𝟕, 𝟎 ∙ 𝟏𝟎𝟗 tem dois algarismos significativos e 𝟕, 𝟎𝟎 ∙ 𝟏𝟎𝟗 tem três algarismos significativos. A notação científica geralmente facilita na hora de fazer exercícios e cálculos, além de ser muito útil para fazer comparações de ordem de grandezas. 1.4 CRITÉRIOS DE ARREDONDAMENTO Ao se realizar operações matemáticas os resultados geralmente apresentam uma quantidade de algarismos que não estão de acordo com a precisão da medida. Para isso foram convencionados os critérios de arredondamento. Para casos onde o ultimo algarismo é menor que 5, abandona-se o algarismo final. Por exemplo: 12,23 é arredondado para 12,2. Para casos onde o ultimo algarismo é maior que 5, abandona-se o algarismo Sabe-se que entre a Terra e a Lua, a distância é aproximadamente igual a 𝟑𝟖𝟒. 𝟎𝟎𝟎. 𝟎𝟎𝟎𝐦. Este é um número muito grande, logo sua representação é mais adequada em notação cientifica: 𝟑, 𝟖𝟒 ∙ 𝟏𝟎𝟖𝐦. Com a representação em notação cientifica conclui-se que esse número possui três algarismos significativos. 11 final e soma-se ao algarismo anterior uma unidade. Por exemplo: 12,27 é arredondado para 12,3. Por fim, para casos onde o ultimo algarismo é exatamente 5 e, além disso, seu precedente for um número par, apenas abandona-seo 5. Agora, se seu precedente for um número ímpar, soma uma unidade a ele e o 5 é abandonado. Por exemplo: 12,45 é arredondado para 12,4 e 12,35 é arredondado para 12,4. 1.5 OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS Ao se realizar operações levando em conta os algarismos significativos algumas regras devem ser seguidas e a resposta final deve ser dada levando em conta o critério de arredondamento. Adição ou subtração: se determina o número de algarismos significativos pelo termo com menos algarismos à direita da vírgula decimal, oucom a maior incerteza. Exemplo: 27,153 + 138,2 − 11,74 = 153,613 = 153,6 Multiplicação ou divisão: analisa-se o fator que tem o menor número de algarismos significativos. O resultado não pode ter mais algarismos significativos que esse fator.Exemplo: 0,745 ∙ 𝟐, 𝟐 3,885 = 0,421879021879022 = 0, 𝟒𝟐 = 𝟒, 𝟐 ∙ 𝟏𝟎𝟏 12 1.6 ATIVIDADE PRÁTICA Sabe-se que a constante π é a razão entre a circunferência e o diâmetro de um círculo, sendo, portanto, de fácil obtenção experimentalmente. Segundo a literatura, o verdadeiro valor dessa grandeza com dez dígitos é 𝟑, 𝟏𝟒𝟏𝟓𝟗𝟐𝟔𝟓𝟒. Objetivo: Verificar experimentalmente e de forma simples o valor da constante π, com os materiais: barbante, régua e calculadora. Procedimentos: Pegue um pedaço de barbante e meça o seu comprimento (C) ao milímetro mais próximo com uma régua. Anote: C = _______________. Modele esse pedaço de barbante em um formato circular, unindo as suas extremidades, e meça seu diâmetro também ao milímetro mais próximo, significativos devido ao milímetro mais próximo da régua, portanto, sua medida final só pode ter três algarismos significativos. Sendo assim, represente sua resposta adequadamente: π = _________. Respeitando-se o limite de três algarismos significativos, seu resultado deverá estar de acordo com o valor real 𝟑, 𝟏𝟒. Como exemplo se você obter os valores 𝟒𝟐𝟒𝐦𝐦 e 𝟏𝟑𝟓𝐦𝐦. Usando a calculadora, você chega ao quociente (𝟒𝟐𝟒𝐦𝐦)/(𝟏𝟑𝟓𝐦𝐦) = 𝟑, 𝟏𝟒𝟎𝟕𝟒𝟎𝟕𝟒𝟏. Respeitando-se o limite de três algarismos significativos e os critérios de arredondamento, o resultado deve ser simplesmente 𝟑, 𝟏𝟒. 13 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Ao se realizar operações levando em conta os algarismos significativos a resposta final deve ser dada de acordo com os critérios de arredondamento. Considerando 𝐀 = 𝟏𝟐, 𝟖 e 𝐁 = 𝟏, 𝟎𝟕; podemos afirmar que a soma A+B equivale a: a) 13,87 b) 13,8 c) 13,7 d) 13,9 e) 13 2. Quantos algarismo significativo deve ter a resposta da soma de 6,5 com 3,145? a) 3 b) 5 c) 2 d) 1 e) 4 3. Quantos algarismo significativo deve ter a resposta da multiplicação de 3,05 por 12,45? a) 3 b) 4 c) 5 d) 2 e) 1 4. Uma pessoa deseja calcular o volume de sua piscina circular. Em suas medidas ele chega que a área da piscina equivale a 132,665 m e que a profundidade e exa- tamente 5,0 m. Considerando a teoria dos algarismos significativos e as regras de arredondamento, qual é o valor adequado para o volume desta piscina? a) 663,325 m 14 b) 6,7 ∙ 102 m c) 6,6 ∙ 102 m d) 6,64 ∙ 102 m e) 6 ∙ 102 m 5. (CESGRANRIO) um estudante, tendo medido o corredor de sua casa, encontrou os seguintes valores: Comprimento: 5,7m e Largura: 1,25m. Desejando determinar a área deste corredor com a maior precisão possível, o estudante multiplica os dois valores anteriores e registra o resultado com o número correto de algarismos. Assim fazendo, ele deve escrever: a) 7,12 m b) 7,13 m c) 7,1 m d) 7 m e) 7,2 m 6. (FÍSICA I, SEARS E ZEMANSKY) A densidade de um material é igual à divisão de sua massa pelo seu volume. Qual é a densidade (em kg/m ) de uma rocha com massa de 1,80 kg e volume de 6,0 ∙ 10 m ? Expresse sua resposta com o número correto de algarismos significativos. a) 3 ∙ 10 kg/m b) 3,0 ∙ 10 kg/m c) 3,00 ∙ 10 kg/m d) 3,000 ∙ 10 kg/m e) 3,0000 ∙ 10 kg/m 7. (UPE – Adaptada) um lápis teve seu comprimento medido com uma régua milime- trada (17,25 cm) e o seu diâmetro com um paquímetro (0,750 cm). Utilizando a teoria dos algarismos e as regras de arredondamento, marque a alternativa que repre- senta a área lateral do lápis, considerando-o como um cilindro. A área lateral de um cilindro é dada por: A = 2πrL. Considere π = 3,14. 15 a) 40,62375 cm b) 40,6 cm c) 40,7 cm d) 40,62 cm e) 40 cm 8. (FÍSICA I, SEARS E ZEMANSKY) A energia de repouso E de um corpo em repouso de massa m é dada pela famosa equação de Einstein E = mc , onde c é a veloci- dade da luz no vácuo e seu valor exato é c = 2,99792458 x 10 m/s. Determine E (até três algoritmos significativos) para um elétron para o qual a massa m = 9,11x10 kg. a) 8,18 x 10 J b) 8,18 x 10 J c) 8,19 x 10 J d) 8,00 x 10 J e) 8,19 x 10 J 16 TEORIA DOS ERROS 2.1 INTRODUÇÃO Na física experimental, determina-se uma grandeza a partir de várias medi- ções. O resultado será sempre uma aproximação para o valor verdadeiro dessa gran- deza. “Os objetivos da teoria de erros consistem em determinar o melhor valor possível para a grandeza a partir das medições e determinar quanto o melhor valor obtido pode ser diferente do valor verdadeiro” (VUOLO, 1996, p. 53) Para casos de medidas indiretas, obtido com o auxílio de uma equação, a propagação de incerteza ou propagação de erro é uma forma de verificar a confi- abilidade dos dados de uma certa amostra ou medida, quando esta é submetida a diferentes operações matemáticas. 2.2 CLASSIFICAÇÃO DE ERROS DE MEDIDAS Cada medida tem-se um erro associado. Geralmente, esse erro pode ser as- sociado ao próprio experimentador, e um erros grave se deve a escolha de instru- mentos de medidas incorretos para o experimento. Os chamados erros grosseiros são associados a falta de prática do experimentador, também são associados a erros de leitura nos instrumentos de medição, e como já comentamos a instrumentos incorre- tos ou imprecisos para o experimento. Já os erros sistemáticos ocorrem repetida- mente, sempre de uma mesma maneira. Como exemplos temos: possíveis defeitos no instrumento de medida; o acionamento do cronômetro com atraso ou antecipa- ção; o erro de paralaxe quando se está fazendo uma medida; o erro de calibração; Os objetivos de aprendizagem da Unidade 2 são: Classificação de erros de medida; Precisão e exatidão; Média e desvio padrão; Propagação de erro. UNI- DADE 17 o erro conceitual do experimentador. Temos também os erros acidentais, aos quais o experimentador não tem controle, portanto são imprevisíveis. Esses erros podem ser devidos as variações de temperatura ambiente e vibrações, por exemplo. O erro pode e deve ser corrigido, já a incerteza é uma zona de confiança dessas medidas. Os erros grosseiros e sistemáticos devem sempre ser eliminados. A atenção e o preparo do experimentador são os quesitos fundamentais para elimina- ção desses erros. Os erros acidentais sempre devem ser minimizados, para isso deve se levar em conta o grau de precisão da medida experimental. Após eliminar ou reduzir os erros, as flutuações devem ser estudadas pela teoria dos erros ou erros estatísticos, as quais daremos atenção nos tópicos a seguir. 2.3 PRECISÃO E EXATIDÃO As medidas podem ser classificadas em diretas e indiretas. A medida ou leitura obtida diretamente do instrumento de medida é chamada medida direta. Agora, se o resultado da medida é obtido com equação matemáticas, envolvendo resultadosde medidas diretas, damos o nome de medida indireta. Acurácia ou exatidão é definido como o grau de concordância entre um valor verdadeiro e um valor medido. Precisão seria a proximidade entre resultados de vá- rias medições quando se utiliza os mesmos procedimentos. É bom deixar claro, que O erro de paralaxe é devido ao ângulo de visão entre o observador e o instrumento de medição analógico, resultando numa medida errada. O correto é sempre visualizar a escala de medida perpendicularmente, ou seja, de frente, e não muito distante. Este erro não ocorre em instrumentos digitais. Quando se realiza uma medida, os valores podem mudar de acordo com a temperatura do laboratório devido ao fato dos instrumentos de medida e os próprios objetos a serem medidos dilatarem ou diminuírem. Erros devidos as variações de temperatura em um ambiente, podem ser eliminados usando um laboratório climatizado, por exemplo. 18 sempre temos uma incerteza associada a medição. A Figura 1 retrata a diferença desses dois conceitos. Figura 1: Diferença entre precisão e exatidão Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 2.4 MÉDIA E DESVIO PADRÃO Podemos medir uma grandeza apenas uma vez ou várias vezes sob mesmas condições físicas. Quando se mede apenas uma vez, a estimativa do erro se deve a precisão do equipamento utilizado. Já quando se trabalham com várias medidas e necessário procedimentos matemáticos para análise dos dados obtidos. Para um conjunto de medidas calcula-se a média, ou seja, a melhor estimativa do valor mais provável de um conjunto de medidas. Matematicamente a média arit- mética é o quociente entre a soma dos valores observados e o número de observa- ções, dado pela equação (1) Para as equações a seguir 𝑛 será o número de medidas obtidas ou valor amostral. x = 1 n x (1) A diferença entre o valor obtido (x) em uma medida e o valor médio (x) obtido de diversas medidas, é denominado desvio. Matematicamente, temos a equação (2): δ = x − x (2) 19 O desvio médio absoluto, δ, representa a média aritmética dos valores absolu- tos dos desvios δ: δ = 1 n |x − x| = 1 n |δ | (3) As medidas em geral são diferentes entre si, sendo assim sua variabilidade ou dispersão, é calculada estimando o desvio padrão, que nada mais é que o desvio médio quadrático das medidas, dado pela equação (4). O desvio padrão pode ser considerado uma média das diferenças quadráticas para cada medida até a mé- dia. Sendo assim mais homogênea será o conjunto de medidas quando se tem um menor desvio padrão. σ = 1 n − 1 (x − x) (4) Podemos definir também o erro padrão, que seria a medida de variação para uma média amostral em relação à média. O erro padrão é uma medida que nos auxilia quanto a confiabilidade da média amostral. O erro padrão é calculado pela razão do desvio padrão pela raiz quadrada do valor amostral (equação (5)), logo o valor obtido terá a unidade de medida igual ao do valor amostral. σ = σ √n (5) Sempre que formos representar o valor de uma grandeza, devemos utilizara a seguinte representação: x = (x ± ∆x ) (6) Onde ∆x′ representa o desvio, podendo ser o erro padrão (σ ) ou a incerteza do equipamento de medidas. O escolhido será sempre o de maior valor entre os dois. Esse desvio deve ser escrito apenas com um único algarismo significativo, sendo que o valor médio da grandeza medida deve ter a mesma precisão do desvio. Os critérios adequados de arredondamento devem ser seguidos. A Tabela 2 exemplifica a apre- sentação de forma correta e errada dos valores de algumas grandezas físicas e seus 20 desvios. Sempre apresente seus dados da maneira correta. Tabela 2: Apresentação errada e correta dos valores de algumas grandezas físicas com seus respectivos desvios Grandeza Física Errada Correta Comprimento (3,4563 ± 0,0037) m (3,456 ± 0,004) m Área (54,3524 ± 1,884) m (5,4 ± 0,2) ∙ 10 m Volume (346,43 ± 13,2) m (3,5 ± 0,1) ∙ 10 m Intervalo de Tempo (345765,31546 ± 205,440) s (3,458 ± 0,002) ∙ 10 s Carga Elétrica (0,03464 ± 0,000489) C (3,46 ± 0,05) ∙ 10 C Fonte: Nagashima (2011) Por fim, podemos calcular o erro percentual (E%) entre o valor teórico e o ob- tido experimentalmente pela equação (7). Essa expressão é utilizada quando se com- para uma medida experimental com um valor teórico. O resultado mostra ao experi- mentador o quanto o valor experimentalmente difere de valor conhecido. E% = |valor teórico − valor experimental| valor teórico ∙ 100 (7) 2.5 EXEMPLO PRÁTICO Um experimentador usando um cronometro digital realiza um conjunto de 10 medidas do tempo que um corpo leva para atingir o solo. Na Tabela 3 estão os resul- tados das medidas. Considere que a incerteza do cronômetro digital seja de 0,05 ms. Tabela 3: Dez medidas do tempo de queda de um corpo em 𝐦𝐬. Tempo de queda de um corpo (𝐦𝐬) 4,93 0,77 7,01 3,83 5,40 2,21 6,00 5,17 4,12 2,56 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Com os dados da Tabela 3, pode-se calcular: A média dos tempos de queda utilizando a equação (1): t̅ = 1 n t = 4,20 ms O desvio padrão utilizando a equação (4): 21 σ = 1 n − 1 (t − t̅) = 1,9 ms O erro padrão pela equação (5): σ = σ √n = 1,9 √10 = 0,6 ms Portanto, o tempo de queda médio para 10 medições pode ser escrito como: 𝐭 = (𝟒, 𝟐 ± 𝟎, 𝟔) 𝐦𝐬. Analise a tabela e perceba que as flutuações do tempo de queda foram muito grandes, de onde conclui-se que o erro da medida é grande e provavelmente o experimentador não teve o devido cuidado ao acionar o cronometro, por exem- plo. Pela análise estatística, perceba que o erro padrão teve um valor bem maior que a incerteza do cronômetro digital, por isso foi escolhido para representação final da medida. Note também que tanto a incerteza quanto tempo de queda médio foram escritos com uma casa decimal. Por fim, perceba que tanto o desvio padrão e o erro padrão foram escritos com a mesma dimensão física da média, nesse caso em milissegundo. 2.6 PROPAGAÇÃO DE ERRO O site “O Império dos Números” disponibiliza poderosas ferramentas matemáticas gratuitamente. No link abaixo refaça o exemplo prático 2.5 conferindo as respostas. Link: https://bit.ly/3jzE5gf. Acesso em: 29 out. 2019 Confira mais sobre erros no capítulo 2 do livro “Mecânica Física: Abordagem Experimental e Teórica” de Tavares e Oliveira (2014) disponível na “Minha Biblioteca Única” em: https://bit.ly/3jyHBaK. Acesso em: 29 out. 2019 Como complemento de leitura, acesse os capítulos 6, 7 e 8 do livro “Fundamentos da teoria de erros” de Vuolo (1996) disponível na Biblioteca Virtual em: https://bit.ly/3lADE7r. Acesso em: 29 out. 2019 22 Quando o resultado da medida de uma grandeza é obtido com o auxílio de uma equação, dizemos que temos uma medida indireta, com base em dados de medidas diretas. Para esses casos são necessárias operações matemáticas. A propa- gação de erro ou propagação de incerteza é uma forma de verificar a confiabilidade dos dados de uma certa amostra ou medida, quando esta é submetida a diferentes operações matemáticas. A propagação de erro fornece a melhor estimativa para um conjunto de dados. Após feita as operações, os critérios adequados de arredon- damento devem ser seguidos, apresentando os resultados de forma correta como exemplificado na Tabela 2. Algumas operações básicas são descritas abaixo. Seja 𝑎 = (�̅� ± ∆𝑥) e 𝑏 = (𝑦 ± ∆𝑦) e 𝑐 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒, temos: Adição: a + b = (x ± ∆x) + (y ± ∆y) = (x + y) ± (∆x + ∆y) Subtração: a − b = (x ± ∆x) − (y ± ∆y) = (x − y) ± (∆x + ∆y) Multiplicação por uma constante: c ∙ a = c ∙ (x ± ∆x) = c ∙ x ± c ∙ ∆x Multiplicação:a ∙ b = (x ± ∆x) ∙ (y ± ∆y) = (x ∙ y) ± (x ∙ ∆y + y ∙ ∆x) Divisão: = ( ±∆ ) ( ±∆ ) = ± ( ∙∆ ∙∆ ) Cosseno: cos(a) = cos(x ± ∆x) = cos(x) ± ∆x ∙ sen(x) Seno: sen(b) = sen(y ± ∆y) = sen(y) ± ∆y ∙ cos(y) Logaritmo: log(a) = log(x ± ∆x) = log(x) ± (∆x/x ) Exponencial:c = c ±∆ = c ± (c ∙ ln (c)) ∙ ∆x Raiz quadrada: √b = (y ± ∆y) = y ± ∆ ∙ FIXANDO O CONTEÚDO 23 1. A figura abaixo ilustra a disposição da jogada de dardos de 4 distintos jogadores. Identifique o(s) jogador(es) com baixa exatidão e alta precisão: a) Somente 1 b) Somente 2 c) Somente 3 d) Somente 4 e) Somente 2 e 4 2. A velocidade do vento (em km/h) prevista para a cidade de Viçosa-MG das 15 horas da tarde às 3 horas da manhã de uma terça feira é ilustrada na figura abaixo: Fonte: https://weather.com/ ; Cidade Viçosa-MG; Acesso em 12/11/2019. Determine a velocidade média do vento para esse conjunto de dados: a) 18,6 km/h b) 17,6 km/h c) 22,0 km/h d) 16,4 km/h e) 23,0 km/h 3. Suponha que um experimentador realize 7 vezes a medida do comprimento 𝐿 de um lápis. Essas medidas foram realizadas com uma régua cuja menor divisão é 1 24 mm. A tabela abaixo mostra os valores obtidos nessas medidas realizadas, e o cál- culo dos desvios de algumas medidas. Medidas 𝐋 𝛅 = 𝐋 − �̅� 1 5,37 +0,01 2 5,39 - 3 5,34 -0,02 4 5,36 0,00 5 5,31 - 6 5,37 +0,01 7 5,38 +0,02 Assinale a alternativa que preencha as lacunas da tabela a) −0,03 ; −0,05 b) −0,02 ; +0,03 c) +0,03 ; −0,05 d) −0,02 ; +0,03 e) +0,03 ; +0,02 4. (Enem 2015 - adaptado) Em uma seletiva para a final dos 100 metros livres de na- tação, numa olimpíada, os atletas, em suas respectivas raias, obtiveram os seguin- tes tempos: Raia 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo (segundo) 20,90 20,90 20,50 20,80 20,60 20,60 20,90 20,96 Sabendo que a incerteza nominal do cronômetro vale 0,05 s, assinale a alternativa que representa a forma correta de representar o valor da média dos tempos: a) (20,8 ± 0,06) s b) (20,77 ± 0,06) s c) (20,77 ± 0,05) s d) (20,8 ± 0,05) s e) (20,7 ± 0,05) s 5. Um restaurante vende sucos de laranja caseiros em garrafas com capacidade de 500 mililitros (ml). Alguns clientes estão alegando que a garrafa de suco consumida 25 tinha menos líquido que o informado. Com isso o dono do restaurante faz um con- junto de 10 amostras, medindo o volume exato de suco em ml, e constrói o quadro abaixo. 455 450 552 557 486 498 440 560 451 551 Com base nos dados obtidos pelo dono do restaurante, assinale a alternativa que representa a forma correta de representar o valor da média do volume do suco mais o respectivo erro padrão. a) (500 ± 16) ml b) (5,0 ± 0,2) ∙ 10 ml c) (500 ± 47) ml d) (5,0 ± 0,5) ∙ 10 ml e) (500 ± 0,2) ml 6. Considere as medidas A = (231,03 ± 0,02) mm e B = (12,8 ± 0,5)mm. De acordo com os estudos de propagação de erro, assinale a alternativa que representa a forma correta de representar o valor da soma A + B. a) (243,8 ± 0,5) mm b) (243,83 ± 0,52) mm c) (243,9 ± 0,5) mm d) (243,8 ± 0,52) mm e) (243 ± 0,5) mm 7. (MARQUES; Física mecânica) O comprimento 𝑙 e a largura 𝑑 de um retângulo foram medidos e obtiveram-se os valores de 20,3 𝑚 e 10,6 𝑚, respectivamente, com um erro de 1%. Qual é o valor da área do retângulo? a) (215, 18 ± 4, 15) m b) (215, 2 ± 4, 2) m c) (215 ± 4, 15) m d) (215, 2 ± 4) m 26 e) (215 ± 4) m 8. Considere as medidas de massa e volume de um certo objeto como sendo respec- tivamente: m = (2,14 ± 0,03) kg e V = (1,4 ± 0,1)m . De acordo com os estudos de propagação de erro, assinale a alternativa que representa a forma correta de re- presentar a densidade desse objeto. a) (1,52 ± 0,13) kg/m b) (1,5 ± 0,2) kg/m c) (1,5 ± 0,1) kg/m d) (1,52 ± 0,25) kg/m e) (1,50 ± 0,13) kg/m3 CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS UNIDADE 27 3.1 INTRODUÇÃO Em experiências de física, frequentemente medimos os valores de uma gran- deza em função da variação de outra grandeza. Como resultado, temos uma cole- ção de medidas relacionando ambas as grandezas. Veremos nesta unidade as van- tagens de se utilizar o método gráfico para análise de conjuntos de dados coletados. 3.2 TABELAS E QUADROS Apesar de formatos parecidos, tabelas e quadros tem função diferentes em um texto acadêmico. Tabelas são em geral mais utilizadas para mostrar dados quan- titativos. Devem ser o mais simples possível, com as bordas laterais abertas e o mínimo de linhas verticais e horizontais. A tabela deve ser completa para que o leitor não precise voltar ao texto para ter o entendimento da tabela. Já os Quadros apresentam todas as bordas fechadas e são utilizados para expressar dados em formato de texto, ou seja, dados qualitativos. Este presente livro segue a formatação sugerida acima. 3.3 GRÁFICOS Como ressaltado na introdução, frequentemente medimos os valores de uma dada grandeza em função da variação nos valores de outra grandeza. Como resul- tado, temos uma coleção de medidas relacionando ambas as grandezas, o que gera uma tabela de dados. Para conhecer o comportamento de variáveis que não aparecem na tabela de dados, apresenta-se os dados da tabela na forma de um gráfico. Um gráfico tem a grande vantagem de tornar visível como a variação de 28 uma grandeza afeta a outra, nos permitindo determinar a dependência funcional entre essas variáveis. 3.4 CONSTRUÇÃO DE UM GRÁFICO Para a construção manual de um gráfico as seguintes etapas devem ser se- guidas: I. Os eixos devem ser identificados. No eixo horizontal, chamado abscissa, são lan- çados os valores numéricos da variável independente. No eixo vertical, chamado ordenada, são lançados os valores numéricos da variável dependente. Nesses eixos as variáveis ou grandezas devem ser indicadas com suas respectivas unida- des, que podem ser indicadas por vírgula ou parênteses; II. Escalas apropriadas devem ser escolhidas e marcadas em intervalos iguais para cada eixo, permitindo que todos os pontos experimentais fiquem contidos na re- gião delimitada pelos dois eixos; III. Após escolhidas as escalas, os pares de valores contidos na tabela de dados de- vem ser lançados no gráfico. Cada par de valores da tabela gera um ponto no gráfico; IV. Deve-se colocar barras de erro no gráfico quando as medidas experimentais são acompanhadas dos respectivos erros. Isso é importante para que se tenha uma noção clara do quão preciso são os resultados; V. A última e mais importante das etapas compreende a análise gráfica, ao qual vamos dá uma especial atenção no tópico abaixo; 3.5 ANÁLISE GRÁFICA A análise gráfica consiste basicamente em descobrir a dependência funcional entre as variáveis, ou seja, achar uma formulação matemática adequada que des- creva a sua inter-relação. Por meio dessa analise pretende-se descobrir a lei que rege um determinado fenômeno físico. A relação linear é a dependência mais sim- ples entre duas variáveis. Uma relação linear entre as variáveis x e y, considerando 𝑎 e 𝑏 como constantes, obedece à seguinte equação: y = 𝑎x + 𝑏 (8) 29 O gráfico resultante é uma reta, onde a constante 𝑏 é o coeficiente linear da reta, e seu valor e obtido na interseção da reta com o eixo y, pois quando x = 0, y = B. Já a constante 𝑎 é o coeficiente angular, que exprime a taxa de variação da variável dependente y em relação à variável independente x. Δy Δx (9) No exemplo da Figura 2, o coeficiente angular da reta écalculado a partir da equação (9). Para este caso em particular, o coeficiente angular corresponde ao valor da densidade do material, já que a densidade é o quociente entre a massa e o volume. Portanto 𝑎 = 1 g/cm , o que nos permite intuir que o material em questão e a água a temperatura ambiente. Não se deve confundir o coeficiente angular com a tangente do ângulo formado pela reta com o eixo horizontal. Quando se muda as escalas, também é alterado o ângulo, entretanto o coeficiente angular continua o mesmo. Figura 2: Exemplificação da determinação do coeficiente angular em um gráfico linear Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Podemos esperar, para os dados experimentais, uma pequena dispersão em torno de uma reta representativa. Neste caso, o objetivo principal da análise gráfica é determinar a chamada equação da reta média. As dispersões são representadas por barras de incertezas e refletem o grau de incerteza associado a cada ponto. 30 Para se calcular os parâmetros a e b através da melhor reta visual, basta traçar manualmente uma reta. Essa reta deve se ajustar visualmente melhor aos pontos do gráfico. Assim feito, se analisa o ponto que a reta intercepta o eixo vertical, esse será valor do coeficiente linear. Depois basta calcular a inclinação desta reta utilizando a expressão (9). Os pontos experimentais não precisam necessariamente estarem sobre a reta traçada. Um método mais preciso para o estudo das relações entre as grandezas defi- nidas é o Método da Regressão Linear. Esse método consiste em minimizar os desvios ou dispersões em torno da reta média. A partir desse método calculamos o valor de coeficiente linear 𝑏, o coeficiente angular 𝑎 e também o coeficiente de correlação linear 𝑟. Esse último mede o grau do relacionamento linear entre as variáveis y e x. Sendo n é o número de medidas obtidas, as equações para cálculo desses coefici- entes são: 𝑎 = n ∑ x y − (∑ x )(∑ y ) n ∑ x − (∑ x )² (10) 𝑏 = (∑ y )(∑ x ²) − (∑ x y )(∑ x ) n ∑ x ² − (∑ x )² (11) 𝑟 = n ∑(x y ) − (∑ x )(∑ y ) [ n ∑ x ² − (∑ x )² ][ n ∑ y ² − (∑ y )² ] (12) Para o caso de 𝑟 = 1 as variáveis são diretamente proporcionais. Caso 𝑟 = −1 as variáveis são inversamente proporcionais. E se 𝑟 = 0 as variáveis não dependem linearmente uma da outra. Alguns programas gratuitos de análise e visualização de dados nos possibilita encontrar os coeficientes 𝑎, 𝑏 e 𝑟 através da regressão linear de forma rápida e fácil, como ilustraremos no tópico 3.7. 3.6 LINEARIZAÇÃO DE FUNÇÕES NÃO LINEARES Nem sempre vamos encontrar funções lineares na física. Porém em casos que 31 o gráfico obtido não é uma reta, podemos linearizá-lo através da chamada mu- dança de variáveis. Denomina-se linearização, o processo de transformar um gráfico curvo em uma reta. Suponha que ao se fazer uma medida de duas grandezas, ob- serva-se a relação do tipo potência entre elas: y = kx (13) A linearização para esse caso consiste em aplicar o logaritmo em ambos lados da equação e usar as propriedades de logaritmo log(𝑎𝑏) = log(𝑎) + log(𝑏) e log(𝑎 ) = nlog(𝑎): log(y) = log(k) + nlog(x) (14) Fazendo a mudança de variável log log (y) = y′, log (k) = 𝑏, 𝑎 = n e log (x) = x ′, obteremos: y ′ = 𝑎 x ′ + 𝑏 (15) Para esse caso o gráfico y ′ versus x ′ gerará uma reta (Figura 3). Após a lineari- zação, deve se calcular os valores dos coeficientes linear e angular da reta utilizando a melhor reta visual ou o método de regressão linear como já mencionado. Vale lem- bra que agora considerando as novas variáveis log(y) e log(x). Para esse caso, o co- eficiente linear equivale a 𝑏 = log(k), portanto, usando a propriedade logarítmica, encontramos o valor de que k = 10 da equação (13). Finalmente, o expoente n da equação (13) fica sendo o coeficiente angular a encontrado. Figura 3: Exemplificação de linearização de uma função potência 32 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Suponha agora que fazendo uma medida de duas grandezas, observamos que a relação entre as duas é dada por uma equação do exponencial. y(x) = ke (16) Nesse caso podemos aplicar o logaritmo na relação acima: log (y) = n log(e) x + log (k)) (17) Fazendo: log (y) = y ′ , log (k) = 𝑏, 𝑎 = nlog(e), obteremos: y ′ = 𝑎 x + 𝑏 (18) Em consequência o gráfico 𝐲′ versus 𝐱 gerará uma reta (Figura 4). Como log(e) = 0,4343 (constante), temos que a = 0,4343n. Podemos então encontrar o n da equação 16 através do coeficiente angular da reta. Já a constante k da equação 16 é calculada pelo coeficiente linear. Sendo b = log(k), usando a propriedade loga- rítmica encontramos que k = 10 . 33 Figura 4: Exemplificação de linearização de uma função exponencial. Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 3.7 CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DE GRÁFICO USANDO UM SOFTWARE GRATUITO Vamos agora elaborar um gráfico a partir de uma tabela com dados experi- mentais. Para isso vamos usar o SciDAVis (Figura 5) que é um software gratuito de análise e visualização de dados. Esse programa é voltado principalmente para a plo- tagem de dados científicos de alta qualidade. Figura 5: SciDAVis, software de análise e visualização de dados 34 Fonte: Standish (2017, online) PROCEDIMENTOS: 1) Baixe o programa SciDAVis gratuitamente no link: https://sourceforge.net/projects/scidavis/files/latest/download; 2) Após feito o download, execute o instalador e inicie o programa. Caso a lingua- gem do programa não esteja em Português, Clique na aba “Edit/Editar” depois em “Preferences/Preferências” e altere o item “language/idioma” para “Português Brasileiro”; 3) Estamos prontos para começar. Os dados experimentais que serão utilizados são descritos na Tabela 4, que mostra a relação da posição de um determinado objeto em função do tempo. Tabela 4: Posição em função do tempo para um objeto Tempo (s) Posição (m) 1,2 4,2 5,6 17,5 9,9 33,1 16,1 42,0 20,1 53,3 25,6 65,6 30,2 78,2 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 4) Copie os dados da primeira coluna da Tabela 4 para a primeira coluna do SciDA- Vis. Faça o mesmo para a segunda coluna. Selecione a primeira coluna com um 35 duplo-clique e a renomeie como “Tempo (s)” e clique em aplicar. Renomeie tam- bém a segunda coluna como “Posição (m)” e clique em aplicar. A área de traba- lho do programa deve ficar como na Figura 6 a seguir: Figura 6: A área de trabalho do programa após adicionadas as colunas da Tabela 4 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 5) Para plotar o gráfico mantenha a tecla CTRL pressionada e clique nos títulos das colunas X e Y. Com isso, as colunas selecionadas mudarão para a cor azul. Após selecionadas, clique com o botão direito do mouse sobre o título da coluna Y se- lecionada e escolha a opção “Gráfico” e depois “Dispersão” (Figura 7) Figura 7: A área de trabalho do programa para a elaboração do gráfico dos dados Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 6) No gráfico que se abre, dê um duplo clique sobre o campo “Título”, e o renomeie para “Posição vs Tempo”. Do mesmo modo, renomeie o título do eixo X para “Tempo (s)” e o título do eixo Y para “Posição (m)”. Por fim dê um duplo clique sobre o campo legenda e renomeie para “\c{1} Tabela 4” . Na área de trabalho do programa, o gráfico deve ficar como na Figura 8 a seguir: 36 Figura 8: Gráfico gerado pelo programa após os procedimentos descritos Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 7) Podemos perceber pelo gráfico, para esses dados, um comportamento linear en- tre a posição e o tempo. Para obtero coeficiente angular (𝐚) e o coeficiente linear (𝐛) clique em “Análise” depois em “Ajuste rápido” e na nova aba clique em “Re- gressão Linear”, como ilustra a Figura 9 a seguir: Figura 9: A área de trabalho do programa para a realização da regressão linear Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 8) Feito isso, irá abrir uma aba “Registros de resultados”, como a da Figura 11, e no gráfico aparecera uma reta vermelha. Observe que o coeficiente angular, dado 37 pela interceptação da reta no eixo Y, obtido para esse caso vale aproximada- mente 𝑏 = 3,80. Já o coeficiente angular encontrado vale aproximadamente 𝑎 = 2,46. Ainda tempos o coeficiente de correlação linear 𝑟 = 0,99, que confirma o caráter linear dos dados experimentais, ou seja a posição e diretamente proporci- onal ao tempo. Figura 10: Aba “Registros de resultados” obtidos via regressão linear Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 9) Vamos agora analisar e atribuir sentido físico aos valores dos coeficientes obtidos pela regressão linear. Para isso devemos substituindo os coeficientes na equação (8): y = ax + b y = 2,46x + 3,80 10) Além disso vamos substituir o y por s, onde s representa a posição e vamos tam- bém substituir o x por t, onde t representa o tempo. Reorganizando a equação obtemos: s = 3,80 + 2,46t 11) Essa equação obtida é famosa equação horaria da posição estudada na cine- mática: s = s + v⃗t, de onde concluímos, comparando essa equação com a análise gráfica, que a velocidade do objeto vale v⃗ = 2,46 m/s e a posição inicial vale s = 3,80 m. 38 12) Para finalizar, vamos expor nossos resultados no gráfico final. Para inserir os dados da regressão em uma área do gráfico crie uma caixa de texto indo na barra de ferramentas e clicando sobre o ícone “Gráfico” e depois no item “Adicionar texto” (ou pressione ALT+T). Na janela que se abre, selecione a opção “Na ca- mada ativa” e clique em uma região próxima ao gráfico. A Figura 11 representa o gráfico final para esses dados. Figura 11: Gráfico em seu formato final Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Como se percebe, a análise gráfica é uma poderosa ferramenta de análise de dados experimentais, sendo extremamente útil na comparação de dados teóri- cos e experimentais. Os gráficos científicos devem seguir esse modelo, como descrito na seção 3.4, para uma exposição correta dos dados. 39 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Considere o conjunto de dados explicitados na tabela abaixo: 𝒙 𝟏 𝟐 𝟑 𝟒 𝟓 𝟔 𝟕 𝟖 𝟗 𝟏𝟎 𝒚 42 36 32 25 22 16 12 10 8 5 O gráfico mais adequado para esse conjunto de dados é representado por: https://bit.ly/3hKeUHn. Acesso em: 28 nov. 2019 https://bit.ly/3hSVrV8. Acesso em: 28 nov. 2019 Acesso em: 28 nov. 2019 40 e) nenhuma das alternativas acima. 2. (DPF-UFV - Adaptada) A partir da seguinte tabela de dados, obtenha y como uma função linear de x usando o método de regressão linear. Determine o valor dos coeficientes angular e linear da reta através das equações (10) e (11), com n = 10: 𝒙 𝟏, 𝟎 𝟏, 𝟔 𝟐, 𝟎 𝟑, 𝟎 𝟑, 𝟒 𝟒, 𝟎 𝟓, 𝟎 𝟓, 𝟓 𝟔, 𝟎 𝟕, 𝟎 𝒚 1,4 1,6 2,0 2,3 2,6 3,1 3,4 3,8 4,1 4,6 a) y = 0,54x + 0,82 b) y = 0,82x + 0,54 c) x = 0,54y + 0,82 d) x = 0,82y + 0,54 e) x = 0,82 + 0,54 3. Considere 5 marcas diferentes de suco em pó concentrados. Cada marca possui uma quantidade de pó por pacote, e necessita de uma certa quantidade de água para fazer o suco. Os dados são ilustrados na tabela abaixo: marca 1 marca 2 marca 3 marca 4 marca 5 𝑿 (𝒎𝒈) 100 200 300 400 500 𝒀 (𝒎𝒍) 50 80 100 120 150 Considere a função Y = aX + b, onde Y e a quantidade de água (ml) e X é a quan- tidade de pó (mg). Estime os parâmetros a e b da reta de regressão linear. a) a = 0,24 ml/mg ; b = 28 ml b) a = 0,28 ml/mg ; b = 24 ml c) a = 0,24 mg/ml ; b = 28 mg d) a = 0,28 mg/ml ; b = 24 mg e) a = 0,30 mg/ml ; b = 28 mg 41 4. (MORETTIN; 2017 - adaptado) A mensuração exata (Y) de uma substância do san- gue, por meio de uma análise química, é muito cara. Um novo método mais ba- rato resulta na medida X, que supostamente pode ser usada para prever o valor de Y. Nove amostras de sangue foram obtidas e avaliadas pelos dois métodos, obtendo-se as medidas abaixo. X 119 155 174 190 196 233 272 253 276 Y 112 152 172 183 192 228 263 239 263 Faça o gráfico dos pontos e estime via regressão linear o coeficiente angular da reta. O valor mais próximo do obtido é: a) a = 0,02 b) a = 3,55 c) a = 4,69 d) a = 0,95 e) a = 0,86 5. (MORETTIN; 2017 - adaptado) Os dados abaixo referem-se a meses de experiência de dez digitadores e o número de erros cometidos na digitação de determinado texto. Meses x 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Erro y 30 28 24 20 18 14 13 10 7 6 Represente graficamente esse conjunto de dado e assumindo que um modelo de regressão linear é adequado e determine os coeficientes da equação da reta. a) y = + 2,8 x + 32 b) y = – 2,8 x + 32 c) y = – 32 x + 2,8 d) y = + 32 x + 2,8 e) y = + 2,8 + 32 42 6. Considere a Tabela abaixo para resolver os exercícios 6) e 7): A tabela abaixo mos- tra resultados experimentais obtidos em uma aula de laboratório, da posição de um determinado objeto (x) em função do tempo (t). Tempo (s) Posição (m) 1,4 5,2 4,9 16,5 8,9 32,1 14,1 45,0 19,1 59,2 22,6 65,9 30,5 79,2 A velocidade do objeto obtida via regressão linear equivale a: a) 5,82 m/s b) 2,89 m/s c) 2,58 m/s d) 3,71 m/s e) 5,2 m/s 7. O valor da constante b, ou seja, o coeficiente linear obtido na interseção da reta com o eixo y, equivale a: a) 5,82 m b) 5,82 s c) 2,58 m/s d) 2,58 m e) 1,4 s 8. (DPF UFV – adaptado) Em um laboratório de pesquisa avançada na área de novos materiais, e utilizando-se os equipamentos adequados, os cientistas verificaram como o comprimento (L) de uma barra cilíndrica, feita de uma superliga metálica recentemente descoberta, variava de uma forma inesperada em função da tem- peratura (T). Foi obtida a seguinte tabela após as medidas. L (cm) 50,50 79,20 147,10 248,00 495,50 T (°C) 2,0 23,0 42,0 60,0 90,0 43 Observando o comportamento do gráfico da tabela de dados, se espera uma rela- ção de qual tipo para essas grandezas? a) Linear b) Polinomial de 2° grau c) Logarítmica d) Exponencial e) Polinomial de 3° grau MEDIDAS DE EXTENSÃO, MASSA E PESO 4.1 INTRODUÇÃO Sempre teremos um erro associado a cada medida. Esse erro geralmente é devido ao próprio experimentador ou da escolha de instrumentos de medidas incor- retos para o experimento. Devido a isso nesta unidade daremos atenção aos tipos de erros associados a uma medida. Além disso, no quotidiano experimental o expe- rimentador se depara com várias medidas de extensão, sendo elas de grandes ou pequenas dimensões. Sendo assim é importante saber qual o instrumento de medida mais adequado. UNIDADE 44 4.2 MEDIDAS DE EXTENSÃO No quotidiano experimental o experimentador se depara com várias medidas de extensão, sendo elas de grandes ou pequenas dimensões. Como discutido na Unidade 1, o metro é a unidade padrão de comprimento no Sistema Internacional e seus múltiplos ou submúltiplos são representados por po- tencias de 10 ou por prefixos. A escala de extensão do universo observável, por exemplo, é da ordem de 10 metros. Já o comprimento do raio do núcleo atômico é da ordem de 10 metros. A Figura 12 ressalta essas dimensões de comprimento. Figura 12: Alguns comprimentostípicos no universo Os objetivos de aprendizagem da Unidade 4 são: Classificação de erros de medidas; Entender a diferença entre massa e peso; Aprender sobre os instrumentos de medida: Trena e régua Paquímetro Micrometro Balança Dinamômetro. 45 Fonte: Adaptado de Costa (2016) No contexto do laboratório de física os principais instrumentos de medida de comprimento são a trena ou fita métrica, a régua milimetrada, o paquímetro e o mi- crômetro. A trena é adequada para medir comprimentos da ordem de metros ou dezenas de metros. Não faz sentido medir o comprimento de uma mesa com uma régua milimetrada. O erro associado a essa medida será grande. A medição do com- primento de uma mesa ou da largura do laboratório são exemplos de aplicação da trena. Já para medir o comprimento de um lápis ou o diâmetro de um CD (Compact Disk) o instrumento mais adequado será uma régua milimetrada. Para medidas de comprimentos menores que os citados, é necessário um ins- trumento mais preciso. Por exemplo, para medir a espessura de uma moeda a régua milimetrada não se aplica e é necessário o uso do paquímetro. Já para medidas muito precisas, da ordem de micrometros, que são a milionésima parte do metro, é usado o micrômetro. Nos próximos tópicos vamos detalhar o uso desses importantes instrumentos de medida de extensão assim como suas especificidades. 4.3 TRENA E RÉGUA MILIMETRADA O método mais empregado para medição de comprimento de vários metros é o que utiliza trenas (Figura 13). As trenas são fitas de aço tratadas termicamente e temperadas, o que lhes assegura flexibilidade e estabilidade dimensional. O formato côncavo e o tipo de aço garantem a rigidez da fita ao ser estendida na posição vertical. Coma trena podemos medir o interior de caixas, distância entre paredes, comprimento de uma mesa, altura do teto ao piso, posicionamento de peças em 46 máquinas etc. Em todas as situações, a fita deve ficar apoiada, bem esticada e reti- línea. Já as fitas métricas feitas de tecido como da Figura 13, por serem mais maleá- veis e flexíveis são bastantes utilizadas para medidas curvas, como o diâmetro de uma peça ou a circunferência da cintura de uma pessoa por exemplo. A escala da trena ou fita métrica geralmente é dividida em metros, centímetros e milímetros. A precisão desses instrumentos, portanto, é da ordem dos milímetros. Figura 13: Trena (a) e fita métrica (b) Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) As réguas milimetrada, como o nome sugere, são aparelhos capazes de medir comprimentos com a precisão máxima de milímetros. A diferença básica para as tre- nas ou fitas métricas e que uma régua e geralmente constituída de um material rígido e suas dimensões são menores que um metro. Em laboratórios e oficinas as réguas graduadas são constituídas de aço-carbono ou aço inoxidável, podendo ser flexíveis ou semiflexíveis, tendo sua graduação inicial situada na extremidade esquerda. A escala geralmente é dividida em centímetros e milímetros (algumas mais precisas são divididas em meio milímetro). Algumas réguas também trazem a escala de polega- das. Cada polegada é dividida em seus submúltiplos fracionários como no esquema da Figura 14. Lembrando que uma polegada equivale a aproximadamente 25,4mm. Réguas feitas de plástico, madeira, bambu são muito utilizadas para fazer medidas e desenhos técnicos em escala, mas essas não são recomendadas para medidas pre- cisas. Figura 14: régua graduada em milímetros e em polegadas (Zoom nas divisões das respectivas escalas. A graduação inferior divide 1 polegada em 8 partes iguais, portanto o valor de uma divisão é 1”/8 (um oitavo avos de polegada). 47 Fonte: Adaptado pelo Autor (2019) de http://www.reguaonline.com A incerteza da escala da trena ou fita métrica e da régua milimetrada é me- tade de sua precisão, como mostra a equação (19): Incerteza = (1/2 ∙ precião) = 0,5 mm (19) No caso das réguas centimetrada e decimetrada, as incertezas de escalas são 0,5 cm e 0,5 dm, respectivamente Observe, na Figura 15, o exemplo de medição de um lápis com uma régua milimetrada. O comprimento do lápis é de 5,85 cm ou 58,5 mm, sendo que os algarismos 5 e 8 são exatos e o 5 é o algarismo duvidoso. Portanto, a medida final em milímetros é: L = (58,5 ± 0,5) mm. Figura 15: Exemplo de medição usando uma escala milimetrada Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 4.4 PAQUÍMETRO 48 O paquímetro é um instrumento de precisão que é utilizado para medir vários tipos de dimensões. Entre essas medidas temos as lineares internas, externas e tam- bém de profundidade de um objeto, como ilustra a Figura 16. O paquímetro deve ser finamente acabado, e suas superfícies devem ser planas e polidas. O cursor deve ter livre movimentação, para isso é ajustado à régua com um mínimo de folga. A escala pode ser graduada em milímetro, em polegadas ou em ambas. A escala do cursor é chamada de nônio ou vernier e permite fazer uma medida com precisão de 1/10 a 1/50 de milímetro. Figura 16: Exemplos de medição usando o paquímetro Fonte: Ferramentas Kennedy (2019, online) A divisão do vernier define a resolução do paquímetro. A resolução é obtida 49 ao dividir o valor do menor traço gravado na escala principal (geralmente 1 mm) pelo número de traços gravados no vernier. Para paquímetros em que o vernier está dividido em 20 traços e o menor traço na escala principal é 1 mm, a resolução deste será 1/20 ou 0,05 mm. Para paquímetros em que o vernier está dividido em 50 traços e o menor traço na escala principal é 1 mm, a resolução deste será 1/50 ou 0,02 mm. A medida utilizando um paquímetro e feita seguindo os seguintes passos: 1) Na escala fixa, anote o valor inteiro que fica à esquerda da marcação de zero do nônio. 2) Verifique qual a resolução do instrumento, dividindo 1 mm pelo número de divi- sões do nônio. 3) Verifique a graduação do nônio e encontre aquela que coincide com uma mar- cação qualquer na escala fixa. 4) Adicione as duas leituras obtidas. Figura 17: Exemplo de medida usando paquímetro Fonte: Adaptado de Stefanelli (2016b) 50 4.5 MICRÔMETRO Quando a medição exige uma precisão maior do que a de paquímetro, se usa o micrômetro. As medidas são muito precisas, da ordem de micrometros, que são a milionésima parte do metro. O funcionamento do micrômetro é baseado no des- locamento axial de um parafuso micrométrico cujo passo é de alta precisão dentro de uma rosca ajustável. A circunferência de rosca, também chamada de tambor é dividida em 50 partes iguais, o que possibilita leituras de 0,01mm até 0,001mm. Na Figura 18 é mostrada as principais partes do micrômetro. Figura 18: Partes de um micrômetro Como leitura complementar, acesse o capítulo 5 do livro disponível na “Minha Biblioteca Única” em: https://bit.ly/36grgUz. Acesso em: 30 nov. 2019; Acesse o link https://bit.ly/3jaqr3y para um Simulador com nônio em milímetro 0,05 mm como o exemplo da Figura 17. Acesse e faça algumas medições para treinar sua leitura do paquímetro. Acesso em 30 nov. 2019; Assista um treinamento disponibilizado pela Starrett sobre as partes de um pa- químetro, cuidados e medidas. Disponível em: https://bit.ly/3cDF24Y. Acesso em 30 nov. 2019. 51 Fonte: Fiorio e Henrique (2013, online) O objeto ao qual se queira fazer uma medição deve ser colocado entre as faces de medição. Com o objeto entre as faces, deve-se adicionar a trava e realizar a leitura da medida. A leitura é realizada com na Figura 19. Primeiramente deve se observar quan- tos traços de1mm o tambor ultrapassou. Por exemplo: o tambor ultrapassou o traço de 5mm. Este valor será somado com a medida do tambor que estiver em con- tato com a linha da bainha. Por exemplo: observe que a medida do tambor que melhor coincide com a linha zero da bainha é 0,45mm. Somamos essa medida aos 5mm e temos como resultado 5,45mm. Se o micrometro tiver uma precisão de 0,001 mm, falta analisar a melhor coincidência do tambor com o nônio da bainha para chegarmos a medida final. Por exemplo se coincidir com o primeiro traço do nônio da bainha teremos 5,451mm como ilustrado na Figura 19 abaixo. Figura 19: Exemplo de medida usando micrômetro 52 Fonte: Stefanelli (2016a, online) https://bit.ly/36grgUz. Acesso em: 30 nov. 2019; Acesso em: 30 nov. 2019; Assista ao vídeo disponível em https://bit.ly/2S8QHiE e você terá acesso a um treinamento disponibilizado pela Starrett sobre as partes de um micrometro, cui- dados e medidas. Acesso em: 30 nov. 2019; 53 4.6 MASSA E A UNIDADE QUILOGRAMA A massa é uma das grandezas fundamentais na física. A massa é comumente entendida como a quantidade de matéria existente em um corpo, porém abordare- mos seu conceito com base na dinâmica de Newton. Segundo a dinâmica newtoni- ana a massa de um corpo pode ser definida como a expressão de sua inércia. A massa mede quantitativamente a inércia, quanto maior a massa, mais um corpo “re- siste” a ser acelerado (YOUNG; FREEDMAN, 2016). Quando você segura uma fruta e a joga levemente para cima e para baixo, você está aplicando uma força e observando quanto a fruta acelera para cima e para baixo em resposta. Se uma força produz uma aceleração grande, a massa da fruta é pequena; se a mesma força produz uma aceleração pequena, a massa da fruta é grande. De modo semelhante, se você aplicar a mesma força em uma bola de tênis de mesa e depois em uma bola de basquete, vai notar que a bola de bas- quete possui uma aceleração muito menor porque sua massa é muito maior. A unidade SI de massa é o quilograma (abreviado como kg), e, até o ano de 2019, era definida como a massa de um cilindro específico feito com uma liga de 90% de platina e 10% de irídio (Figura 20). Esse cilindro é mantido e guardado em um cofre sobre redomas de vidro na Agência Internacional de Pesos e Medidas em Sèvres, próximo de Paris. Figura 20: Réplica do Protótipo Internacional do quilograma mantido na Agência Internacio- nal de Pesos e Medidas em Sèvres, próximo de Paris Fonte: Elena (2017, online) Após a 26.ª Conferência Geral dos Pesos e Medidas (CGPM), em Versailles, foi atingido um marco histórico na revisão do Sistema Internacional de Unidades (SI). A 54 partir de 20 de maio de 2019 (data em que se comemora o Dia Mundial da Metrolo- gia) o quilograma passou a ser definido com base na constante de Planck. O quilo- grama poderá ser definido através de qualquer método apropriado, não sendo ne- cessário o cilindro padrão. 4.7 PESO Como vimos, a massa caracteriza a propriedade da inércia de um corpo, e a unidade no SI da massa é o quilograma (kg). No nosso quotidiano os termos massa e peso, em geral, são mal-empregados e considerados sinônimos, porém e extrema- mente importante saber a diferença entre essas duas grandezas físicas. 𝐌𝐀𝐒𝐒𝐀 ≠ 𝐏𝐄𝐒𝐎 O peso, de um corpo, dado pela equação (20), é a força de atração gravita- cional exercida pela Terra sobre o corpo. Logo, o peso de um corpo é diretamente proporcional à sua massa. Em modulo, sendo a g⃗ a gravidade local, temos: P⃗ = m ∙ g⃗ (20) A massa e peso estão relacionados: se um corpo possui massa grande tam- bém possuirá um peso grande. A unidade de medida do peso é o Newton (N = kg ∙ m/s ). O peso e uma grandeza vetorial, ou seja, tem modulo, direção e sen- tido. Na apostila de Física Experimental 2 abordaremos melhor os princípios da dinâ- mica, por agora focaremos apenas na definição de massa e peso, e como podemos fazer medidas dessas duas grandezas. A charge abaixo do Garfield (Jin Davis), mostrada na Figura 21, satiriza o em- prego incorreto da palavra peso ao invés de massa. Como se observa na equação (20), em um planeta em que a aceleração da gravidade seja menor que a da Terra, o gato Garfield apresentará um peso menor, porém sua massa continuará a mesma, não emagrecendo como Jon, seu dono, tentou sugerir. 55 Figura 21: Charge Garfield (Jin Davis) Fonte: Palma (2015, online) 4.8 MEDIDA DA MASSA E PESO Podemos comparar as massas de objetos de modo muito preciso com uma balança de braços iguais (Figura 22), visto que, quando dois corpos possuem o mesmo peso, eles possuem a mesma massa considerando a gravidade local cons- tante. Uma balança de braços iguais determina a massa de um corpo (como uma maçã) comparando seu peso com um peso conhecido. Figura 22: Balança de braços iguais com vários padrões de massa conhecida Fonte: Technologyuk (2019, online) 56 Em laboratórios os equipamentos mais usados para mediar diretamente a massa são as balanças digitais. Elas são equipamentos específicos para medições precisas empregadas em análises, formulações e experimentos que, em geral, reque- rem precisão. As balanças para laboratório são desenvolvidas segundo normas me- trológicas e de qualidade internacionais e controladas pelo INMETRO. Geralmente uma balança digital possui uma precisão de 1 grama e um desvio (incerteza) de 0,1 g. A Figura 23 ilustra alguns tipos de balanças digitais presentes no laboratório da Faculdade ÚNICA. No dia-a-dia as balanças digitais são usadas para medir a massa de alimentos nos supermercados, padarias e açougues por exemplo Figura 23: Balanças digitais disponíveis no Laboratório da Faculdade ÚNICA Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Podemos medir o peso de um objeto indiretamente medindo a sua massa e multiplicando pela gravidade local. Porém, para medidas diretas do peso, temos um instrumento bastante utilizado nos laboratórios, chamado dinamômetro. O cientista inglês Robert Hooke (1635-1703) ao estudar as deformações elásticas e chegou à se- guinte conclusão: em regime de deformação elástica, a intensidade da força é di- retamente proporcional à deformação. Corpos colocados na extremidade de uma mola vertical iram provocar deformações. Com pesos de intensidades conhecidas, pode-se calibrar essas deformações da mola e construir um aparelho que pode me- dir a intensidade de forças. Esse é o princípio básico de funcionamento de um dina- mômetro. Sua escala é dividida em Newtons, unidade padrão para o peso, como ilustrado na Figura 24. Alguns aparelhos populares destacam a escala em quilogra- mas, descontando o valor da gravidade, sendo uma aproximação para a medida da massa do corpo. 57 Figura 24: Dinamômetro com escala em Newtons Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 58 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Considere as medidas abaixo: I. Comprimento de um lápis; II. Diâmetro de um lápis; III. Espessura de uma folha de papel; IV. Altura de uma pessoa. Assinale quais as respectivas ferramentas são mais adequadas para cada me- dida: a) Paquímetro, micrômetro, régua, trena b) Trena; micrômetro, régua, paquímetro c) Régua, paquímetro, micrômetro, trena d) Régua, micrômetro, paquímetro, trena e) Micrômetro, paquímetro, trena, régua 2. Um lápis foi apontado algumas vezes e um aluno curioso resolveu medir seu com- primento, como mostra a figura abaixo. Considerando a incerteza da régua, qual a medida correta do novo compri- mento do lápis? a) (41,0 ± 0, 5) mm b) (41,0 ± 1,0) mm c)(41, 5 ± 0,5)mm d) (42,0 ± 0, 5) mm e) (40,0 ± 0, 5) mm 59 3. Um estudante deseja medir o diâmetro de um lápis em uma aula de física experi- mental. Para isso ele usa um paquímetro como mostra a figura abaixo. Assinale a medida correta encontrada pelo estudante: a) 1,155 mm b) 1,133 mm c) 11,33 mm d) 11,55 mm e) 11,50 mm 4. A profundidade de um ressalto em uma peça é medida com o auxílio de um paquí- metro como ilustrado na figura a seguir. Assinale a medida correta encontrada no paquímetro: 60 a) 15,40 mm b) 14,65 mm c) 15,65 mm d) 14,40 mm e) 14,64 mm 5. Deseja-se medir um ressalto interno de uma peça usando um paquímetro. A rea- lização da medida é ilustrada na figura a seguir. Assinale a medida correta do paquímetro: a) 33,70 mm b) 33,95 mm c) 32,70 mm d) 32,97 mm e) 32,95 mm 6. Um experimentador deseja medir a espessura exata de uma chapa metálica. Na especificação desse material é citado que a espessura da chapa equivale a 1,5 mm. 61 Para conferir esse dado o experimentador usa um micrometro de precisão 0,001mm. A medida é ilustrada na figura abaixo. Assinale a medida correta encontrada pelo experimentador: a) 1,450 mm b) 1,414 mm c) 1,454 mm d) 1,404 mm e) 1,445 mm 7. (TÓPICOS DA FÍSICA - modificada) Considere a charge abaixo: Fonte: https://garfield.com/comic/1994/05/24 Autor: Jin Davis ©Paws, Inc. All Rights Reserved. Traduzido pelo autor Analise as proposições a seguir marcando V para as verdadeiras e F para as Falsas: (X) Num planeta em que a aceleração da gravidade for menor que a da Terra, o gato Garfield apresentará um peso menor. (X) Num planeta em que a aceleração da gravidade for menor que a da Terra, o gato Garfield apresentará uma massa menor. (X) Num planeta de gravidade duas vezes menor que a da Terra , o gato Garfield apresentará um peso equivalente à metade do apresentado na Terra. 62 (X) O peso do gato Garfield será o mesmo, independentemente do planeta para onde ele vá. Assinale a alternativa correta acerca das preposições: a) F, V, F, V b) F, F, V, F c) V, V, F, F d) V, F, V, F e) V, F, F, F 8. (Mackenzie-SP) Quando o astronauta Neil Armstrong desceu do módulo lunar e pisou na Lua, em 20 de julho de 1969, a sua massa total, incluindo seu corpo, trajes especi- ais e equipamento de sobrevivência, era de aproximadamente 300 kg. O campo gravitacional lunar é cerca de 1/6 do campo gravitacional terrestre. Se a aceleração da gravidade na Terra é aproximadamente 10 m/s2, podemos afirmar que: a) A massa total de Armstrong na Lua é de 300 kg e seu peso é 500 N. b) A massa total de Armstrong na Terra é de 50,0 kg e seu peso é 3000 N. c) A massa total de Armstrong na Terra é de 300 kg e seu peso é 500 N. d) A massa total de Armstrong na Lua é de 50,0 kg e seu peso é 3000 N. e) O peso de Armstrong na Lua e na Terra são iguais. 63 CENTRO DE GRAVIDADE 5.1 INTRODUÇÃO Engenheiros e arquitetos se esforçam para alcançar equilíbrios extremamente estáveis para edifícios e outros sistemas que devem suportar vento, terremotos e ou- tras forças da natureza. Além disso, quando se desenvolve qualquer tipo de máquina, como um automóvel ou avião, queremos que esta máquina seja estável e confiável. Para esses exemplos e tantos outros o estudo das condições de equilíbrio e o centro de gravidade são de suma importância e devem ser levados em conta. 5.2 EQUILÍBRIO ESTÁVEL, INSTÁVEL E INDIFERENTE Diz-se que um sistema está em equilíbrio estável se, quando deslocado do equilíbrio, experimentar uma força restauradora que o move de volta à posição de equilíbrio. Uma bola em um vale seria um exemplo. Já um sistema está em equilíbrio instável se, quando deslocado, experimenta uma força líquida na mesma direção que o deslocamento do equilíbrio. Um sistema em equilíbrio instável acelera para longe de sua posição de equilíbrio. Um exemplo é uma bola apoiada no topo de uma colina que, uma vez deslocada, acelera para longe do topo. Um sistema está em equilíbrio neutro ou indiferente se o seu equilíbrio for independente dos desloca- mentos da sua posição original. Um objeto em uma superfície horizontal plana é um exemplo. Na Figura 25 temos exemplos de equilíbrio estável e instável e indiferente. Figura 25: Bola em condições de equilíbrio estável, instável e indiferente UNIDADE 64 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 5.3 CENTRO DE MASSA O centro de massas é definido como o ponto hipotético onde toda a massa de um corpo ou sistema está concentrada. O centro de massa se move como se todas as forças externas estivessem sendo aplicadas nesse ponto. Este conceito será de suma importância para os estudos da dinâmica Newtoniana, onde o uso do cen- tro de massas simplifica movimentos compostos realizados por corpos rígidos. Esses movimentos complexos são transformados em movimentos simples, onde as Leis de Newton podem ser aplicadas para uma partícula. A Figura 26 ilustra o movimento de uma chave inglesa lançada ao ar. O movimento parece ser complicado, mas o cen- tro de massa da chave, que está girando, seguirá a mesma trajetória que uma massa pontual seguiria após o lançamento (uma parábola). Figura 26: Movimento de uma chave inglesa lançada ao ar (Os pontos vermelhos representam o centro de massa que se desloca ao longo de uma parábola) Fonte: Adaptado de Nave (2016) 65 Considere diversas partículas cujas massas são m , m e assim por diante. Su- ponha que as coordenadas de m sejam (x , y , z ), as de m sejam (x , y , z ), e assim por diante. Definimos o centro de massa do sistema como o ponto cujas coordena- das (x , y , z ) são dadas por: x = m x + m x + ⋯ m + m + ⋯ = ∑ m x ∑ m (21) y = m y + m y + ⋯ m + m + ⋯ = ∑ m y ∑ m (22) z = m z + m z + ⋯ m + m + ⋯ = ∑ m z ∑ m (23) Para objetos com forma regular e densidade homogênea, os centros de mas- sas coincidiram com o centroide, ou seja, o centro geométrico do objeto (Figura 27). Figura 27: Localização do centro de massa de um objeto simétrico Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Quando um corpo possui um eixo de simetria, como uma roda, uma polia ou um disco, o centro de massa está sempre situado sobre esse eixo. O centro de massa de um corpo não precisa estar necessariamente na parte maciça do corpo. Por exemplo, o centro de massa de um anel homogêneo está situado exatamente no centro do buraco, como ilustrado na Figura 28. Figura 28: Localização do centro de massa no eixo de simetria. 66 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Se um objeto homogêneo possui um centro geométrico, é aí que o centro de massa está localizado. Se um objeto possui um eixo de sime- tria, o centro de massa se situa ao longo dele. Como no caso do anel, o centro de massa pode não estar no interior do objeto (YOUNG; FREEDMAN, 2016, p. 282). 5.4 CENTRO DE GRAVIDADE A aceleração devida à gravidade diminui à medida que a altitude aumenta. Mas esse efeito não é observado para a maioria das construções humanas. Essa va- riação pode ser desprezada ao longo da vertical do corpo, e o seu centro de gravi- dade coincidirá com seu centro de massa. Essa aproximação é sempre válida para corpos de pequenas dimensões e próximos a superfície da terra. Se a gravidade pos- sui um valor constante em todos os pontos de um corpo, seu centro de gravidade coincide com seu centro de massa (YOUNG; FREEDMAN, 2016). Quando a gravidade atua sobre um corpo suportado ou suspenso em um único ponto, o centro
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