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9o. ano Volume 3 ooo Viver com sustentabilidade 2 3 Livro do professor Livro didático © Sh ut te rs to ck /9 co m eb ac k Filosofia 2 3 Viver com sustentabilidade Encaminhamento de atividade. 1 • A tecnologia liberta ou es- craviza as pessoas? • Qual a diferença entre téc- nica e tecnologia? • Qual a relação entre tec- nologia, conhecimento e poder? • Quais impactos o nosso modo de vida pode trazer ao planeta? • Que “marcas” você gosta- ria de deixar no planeta? © Sh ut te rs to ck /P ao lo br us ch i 3 Objetivos • Compreender as implicações políticas presentes nas diversas mídias formadoras de opiniões. • Refletir sobre o papel das ciências com atenção às questões éticas e políticas envolvidas. • Discutir o desenvolvimento tecnológico e suas implicações ético-políticas no mundo contem- porâneo. Tecnologia para quê? Quando falamos em tecnologia, que imagens vêm à sua cabeça? Provavelmente, você e os colegas lembraram-se de citar o smartphone, o computador, o videogame, a inter- net e outros artefatos eletroeletrônicos, não é mesmo? Muitas vezes não nos damos conta, mas objetos simples de nosso cotidiano também são exemplos de tecnologia, como um simples papel ou lápis. Encaminhamento didático.2 Encaminhamento didático.4 Existe, ao nosso redor, uma grande quantidade de objetos que foram criados e produzidos pelo ser humano em uma tentativa de melhorar sua vida. Todos eles refletem a ideia de alguém, foram fabricados por meio da transformação de uma ou mais matérias-primas e percorreram um caminho até chegar a você. Alguns foram “inventados” recentemente; outros, há muito mais tempo. Em especial nas últimas décadas, quase todos os dias vários objetos novos nos são apresentados. Com alguns deles entramos em contato de forma direta e com outros, de forma virtual (por meio de imagens, propagandas, etc.). Observando isso tão de perto, podemos nos questionar: Será que este ambiente em que vivemos, repleto de produtos, pode influenciar nossas formas de pensar, viver e compreender a vida? A ausência ou a diminuição desses produtos ao alcance de nossas mãos faria com que pensássemos de modo diferente? Somos influenciados por essas “coisas” que utilizamos até mesmo sem perceber? Informações complementares sobre o papel e o lápis. 3 © Sh ut te rs to ck /IB P ho to gr ap hy • O papel foi inventado pelos chineses no primeiro século de nossa era, aproximadamente. • O uso dos primeiros lápis com grafite foi registrado na Grã-Bretanha, em 1565. © Sh ut te rs to ck /F en g Yu Conexões Imagine que, de repente, um imprevisto acontecesse, quebrando sua rotina e o uso que você faz de objetos criados pelos seres humanos. Se, nesse momento, você começasse a levantar questões sobre sua vida, o que poderia pensar? Acompanhe, a seguir, as reflexões de alguém que relata uma experiência como essa. Tecnologia: quem vive sem ela? Ontem faltou energia no meu bairro por mais de três horas! Sabe o que é ficar todo esse tempo sem tevê, computador ou videogame? Fora todos os eletrodomésticos parados em casa – não dava nem para preparar um lanchinho... É claro que comecei a reclamar. Quem não reclamaria numa situação como essa?! Mas aí o meu pai comentou, naquele tom que você já deve imaginar: “Há pouco mais de 200 anos as pessoas viviam sem energia elétrica. Nada de lâmpadas, eletrodomésticos, muito menos tevê, computador ou videogame. E ainda assim, vivia-se muito bem!”. “Muito bem”?! Ele só poderia estar de brincadeira! Mas o pior é que toda essa conversa me deixou pensando sobre a vida sem energia elétrica... Não faz muito tempo que vi uma reportagem sobre regiões aqui mesmo, do Brasil, em que a energia elétrica estava acabando de chegar – imagine só, em pleno século XXI! O telejornal mostrava algumas vantagens que essas pessoas passariam a ter, inclusive poderem assistir em casa ao próprio telejornal que as entrevistava naquele momento. De repente, cansei de pensar sobre tudo isso e resolvi buscar um jeito de me distrair. Peguei meu celular e liguei para um amigo, mas ele não atendeu. Então resolvi escutar músicas no MP5 player. Foi quando os pensamentos recomeçaram: “E se, além da energia elétrica, eu estivesse aqui, sem qualquer tipo de tecnologia?”. Isso me pareceu impossível, pois sempre surgem novos aparelhos e, em pouco tempo, a gente não consegue mais ficar sem eles... Eu sei que muitos adultos criticam essa “escravidão”, mas nem assim eles conseguem abrir mão de tantas “maravilhas tecnológicas”. Elas estão por toda parte: no trabalho, nos estudos, e até na saúde ou no lazer. Então, comecei a me lembrar de um filme que mostrava pessoas cercadas pelas mais incríveis inovações tecnológicas, mas completamente sedentárias e isoladas umas das outras. Comunicavam-se apenas virtualmente, por meio de máquinas e botões. De repente, isso tudo me pareceu meio assustador... Estava nesse ponto quando a energia voltou. Imediatamente, ligamos a tevê e outros ele- trodomésticos. Então, corri até o computador e abri meu blog para postar umas ideias sobre tec- nologia. Acho que, apesar de tudo, eu não consigo mesmo viver sem ela... SILVA, Michele C. Tecnologia: quem vive sem ela? Texto não publicado, Curitiba, 2011. a gente a M ar co s G ui lh er m ne . 2 01 9. D ig ita l. 9o. ano – Volume 34 Considerando ideias e fatos apresentados no texto, você também pode refletir sobre o papel da tecnologia na vida das pessoas de diferentes idades e contextos. Para iniciar essa reflexão, comente com os colegas o que essa leitura o fez pensar. Depois, discuta com eles a respeito das questões a seguir e registre suas conclusões: • O texto traz questões em que você também poderia pensar em uma situação semelhante à que descreve a narradora? Em caso afirmativo, quais? • O texto reflete a condição social, econômica e cultural de alguém com idade aparentemente próxima à sua. Será que, diante do mesmo fato (falta de energia), um adolescente de outra condição levantaria questões parecidas? Por quê? • Qual o posicionamento da narradora em relação à tecnologia? • Você se identifica com esse posicionamento? Por quê? • O texto citou o sedentarismo e o isolamento como exemplos de problemas atuais, ligados ao amplo uso da tecnologia. Você identifica outros? Quais? • Você pode citar exemplos, reais e atuais, de dificuldades geradas pela falta da tecnologia? Quais? • Na atividade oral que você e sua turma acabaram de realizar, quais as principais ideias levantadas sobre a tecnologia e a vida das pessoas? Para representar essas ideias, selecione uma ou mais das palavras a se- guir. Depois, compartilhe e comente a sua escolha com os colegas. DEPENDÊNCIA PROVEITO CONFORTO MANUTENÇÃO BENEFÍCIO QUALIDADE DE VIDA ESCRAVIDÃO CONTROLE Encaminhamento de atividade.5 Encaminhamento de atividade.6 Filosofia 5 Hora de filosofar Observando as definições encontradas para técnica e tecnologia, realize um diálogo filosófico, com base nestas perguntas: • Tecnologia é um meio para a aquisição de cultura? • Existe tecnologia sem técnica? • O que é fundamental para o desenvolvimento de tecnologias? • Todas as técnicas resultam em tecnologias? • Tecnologia pode ser entendida como sinal de modernidade? • Uma vida moderna precisa de tecnologia? • Bens materiais estão sempre relacionados à técnica e à tecnologia? • Tudo o que se cria pela técnica é para o bem? • A “evolução” tecnológica é um processo positivo? Por quê? • A tecnologia escraviza ou liberta o ser humano? Por quê? • Registre, no caderno, sua resposta pessoal para a última pergunta desse diálogo filosófico. Encaminhamento de atividade.8 Encaminhamento de atividade.9 Atividades Não é difícil perceber quantas “coisas” foram criadas para melhorar nossas vidas. São inúmeros os bens materiais que a humanidade desenvolveu, com base em estudos, experiências, observação, transforma- ção e produção. Pensar a respeito do processo de geraçãodesses bens pode causar dúvidas acerca do que devemos chamar de técnica e de tecnologia. Para compreender essa diferença, realize uma pesquisa sobre os dois termos e escreva os resultados a que chegou. • Técnica: • Tecnologia: Encaminhamento de atividade e introdução de conceitos. 7 9o. ano – Volume 36 Saiba + Ao longo da história, a humanidade tem inventado e produzido muitos artefatos que modificam a sua forma de viver e de se relacionar com as pessoas, com o meio ambiente, com o tempo e o espaço. Já pensou se as invenções humanas do último milênio fossem representadas em uma régua de 30 cm? Então, observe o infográfico a seguir para ver como seria. Encaminhamento de atividade.10 Ao observar o infográfico, o que se pode concluir com relação: • ao tempo que está compreendido entre as invenções? • à quantidade de invenções do último século? • à complexidade de cada invenção? • a uma invenção ou outra que surgiu posteriormente? Agora, troque ideias com a turma e o professor e registre a conclusão a que você chegou sobre o assunto. Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.11 Ano 1000 – invenção da pólvora Ano 1127 – invenção do canhão Ano 1286 – invenção dos óculos Ano 1439 – surge a prensa móvel Ano 1605 – surge o primeiro jornal Ano 1724 – invenção do termômetro Ano 1814 – invenção da locomotiva a vapor Século XX e início do século XXI – descoberta da energia nuclear, criação de: avião, televisão, computador, telefonia celular, internet e outras tecnologias digitais Ano 1876 – invenção do telefone | Ano 1880 – invenção da lâmpada | Ano 1887: descoberta das ondas de rádio M ar co s G ui lh er m ne . 2 01 9. D ig ita l. Filosofia 7 Com a tecnologia, podemos mais? A condição natural do ser humano é a de uma criatura frágil em relação ao meio em que vive. No entanto, ele se empenha para superar suas limitações, a fim de controlar e transformar a natureza em benefício próprio. Nesse intuito, desenvolve estratégias que ampliam suas possibilidades naturais, como os avanços tecnológicos. Assim, em um passado remoto, o ser humano utilizou a pedra lascada, a pedra polida e a fundição de metais, criando ferramentas que revolucionaram atividades manuais ligadas à sobrevivência. Depois, em um passado mais próximo, criou lentes que estenderam o alcance dos olhos e máquinas que aumentaram o poder dos braços. Atualmente, empenha-se em criar robôs e computadores capazes de pensar e sentir. Tudo isso leva os filósofos a refletir sobre nossos limites e nossas possibilidades em relação à natureza, uma reflexão da qual você também pode participar! © Ca m pu s P ar ty Robô brasileiro CP01. Apesar da aparência de máquina, esse robô é considerado um androide, ou seja, um humanoide, por apresentar habilidades tipicamente humanas. Olhar de filósofo O controle do ser humano sobre a natureza foi um tema que despertou grande interesse nos pensadores do século XVII, entre os quais se destacou o inglês Francis Bacon. Naquele contexto de expansão científica e formação da tecnologia, ele vislumbrava um horizonte de notável progresso. Acreditava que, utilizando o conhecimento, a humanidade poderia dominar e transformar efetivamente a natureza, afirmando seu poder e sua superioridade sobre ela. Bacon expressava essas ideias em afirmações como as seguintes: A pronúncia de Francis Bacon é Frâncis Bêicon. Entre os pensadores de seu tempo, Bacon representou o máximo otimismo em relação ao progresso científico e tecnológico. Nos séculos seguintes, vieram a Revolução Industrial e o Iluminismo – um movimento intelectual que buscava o progresso do conhecimento, das formas de produção e das relações sociais, orientando-se por princípios semelhantes à frase “Saber é poder”. Assim, analisando os pensamentos de Bacon e dos filósofos iluministas, identificamos pelo menos dois aspectos comuns: SABER É PODER! NÃO PODEMOS VIVER À MERCÊ DA NATUREZA: PRECISAMOS DOMINÁ-LA! • Século XVII Da ni el K le in . 2 01 9. D ig ita l. 9o. ano – Volume 38 • a esperança de libertação humana em relação aos limites impostos pela natureza; • a crença de que essa libertação ocorreria por meio do progresso científico e tecnológico. Porém, a partir do século XX, vivendo o auge desse progresso, alguns filósofos notaram que, após do- minar a natureza com o uso da ciência e da tecnologia, o ser humano passou a ser dominado por tais ins- trumentos. Por isso, esses filósofos adotaram uma visão mais pessimista dos avanços tecnológicos. Afinal, observaram que, no passado, a humanidade buscava ampliar o seu poder de decisão e de ação no mundo. Todavia, depois de tantos avanços, enfrentou uma crise em relação a tais possibilidades, já que não conse- guia controlar todo o poder que conquistou e, muitas vezes, este não era utilizado para o bem comum. Entre os pensadores que, nas últimas décadas, refletiram sobre esses problemas se destacam dois alemães de origem judaica: Theodor Adorno e Max Horkheimer. Observe algumas ideias tiradas de obras que eles escreveram juntos: A pronúncia de Theodor Adorno é Teodór Adôrno. A pronúncia de Max Horkheimer é Máx Rôrc-ráimer. Reflita sobre as ideias de Bacon, Adorno e Horkheimer. Então, considere essas ideias para discutir algumas questões com os colegas: • Saber é poder? Por quê? • Que relações você percebe, atualmente, entre a tecnologia e o saber? • Que relações podemos estabelecer entre a tecnologia e o poder? • Exercer poder sobre a natureza é a melhor maneira de se relacionar com ela? Por quê? • Alguma(s) ideia(s) desses filósofos permanece(m) válida(s) para as sociedades do século XXI? Por quê? Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo. 12 • Século XX• Sécul Da ni el K le in . 2 01 9. D ig ita l. AS MÁQUINAS FORAM CRIADAS COMO INSTRUMENTOS PARA NOS LIBERTAR DO TRABALHO, MAS, HOJE, NÃO NOS LIBERTAMOS DELAS NEM NOS MOMENTOS DE LAZER. O PROGRESSO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO ALIMENTOU O DESEJO DE TER. ESSE DESEJO, POR SUA VEZ, PASSOU A ESCRAVIZAR AS PESSOAS, MESMO QUE ELAS NÃO PERCEBAM. A BUSCA DE UM DOMÍNIO SOBRE A NATUREZA RESULTOU EM UM DOMÍNIO EXERCIDO SOBRE AS PESSOAS. Filosofia 9 Reflexão divertida A tecnologia exerce muitas funções na atualidade, e uma das principais é a criação de produtos comercializáveis. O comércio, por sua vez, tende à geração de lucro, estabelecendo fortes relações entre tecnologia e dinheiro nas sociedades regidas pelo capitalismo. Afinal, esse tipo de sociedade se caracteriza pela ênfase no lucro e na acumulação financeira. Utilizado para intermediar trocas de bens na maioria das so- ciedades, o dinheiro surgiu na Antiguidade e já teve diversas for- mas. Foram descobertas moedas metálicas na China e também na Grécia datadas do século VII a.C. Tais objetos facilitaram muito a circulação e a acumulação do dinheiro. Ao observar uma moeda, percebemos que ela tem dois lados. Neles, podem ser cunhadas imagens e inscrições para representar seu valor monetário, elementos naturais e culturais de uma região, personalidades políticas e históricas, etc. Vem daí a expressão “os dois lados da mesma moeda”, utilizada para indicar pontos de vista distintos ou, ainda, os bens e os males, as vantagens e as desvantagens de uma mesma situação. Além disso, as diferenças entre os lados das moedas possibilitaram a criação de um jogo conhecido como cara ou coroa, no qual esses objetos são empregados para se decidir entre duas alternativas, por meio da sorte. Sabendo disso, siga as orientações do professor e utilize o jogo de cara ou coroa para listar “os dois lados da moeda”, no que se refere: • à presença e à aplicação da tecnologia na atualidade; • às relações entre a tecnologia, o saber, o poder, o dinheiro, a natureza e a vida das pessoas. TECNOLOGIAS: OS DOIS LADOS DESSA MOEDA Cara Lado negativo Coroa Lado positivo capitalismo: sistema econômico baseado no lucro e na acumulaçãode capital, ou seja, de riquezas, de bens materiais. Introdução de conceito. 13 Informações complementares. 14 Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.15 © W ik im ed ia Co m m on s/ Sa ilk o © W ik im ed ia C om m on s/ Sa ilk o • Moedas metálicas da Grécia Antiga © W ik im ed ia C om m on s/ Sa ilk o 9o. ano – Volume 310 Ética e cidadania É impossível negar que vivemos em um mundo repleto de inovações científicas e tecnológicas. Mas será que elas só trazem benefícios? E quanto aos problemas gerados por sua existência? Será que eles afetam apenas aqueles que têm acesso a tais inovações? Você já refletiu acerca dos efeitos do excesso e da ausência de tecnologia na vida das pessoas da atualida- de? O texto a seguir apresenta informações úteis para iniciar essa importante reflexão. Leia-o, reflita sobre ele e comente suas considerações com os colegas. A crise dos valores no mundo contemporâneo No processo do desenvolvimento científico-tecnológico, muita coisa foi produzida visando à melhoria da qualidade de vida das pessoas. Mas muita coisa também foi produzida segundo interesses. A bomba atômica é um lamentável exemplo: longe de melhorar a vida, acaba com a vida de milhões de seres humanos. Podemos então perguntar: o que levou os homens a produzi- -la? Se examinamos os homens do governo, a resposta é clara: a bomba atômica serve como um instrumento de poder, intimidação, uma forma de dominar os demais. Mas e os cientistas que se envolveram no projeto também buscavam poder? Alguns provavelmente sim, mas a maioria não; estavam tão envolvidos com o desenvolvimento do conhecimento científico que simplesmente não tinham tempo de se preocupar com as suas consequências. Podemos mesmo dizer que eles foram “usados” pelos homens do governo, que sabiam muito bem o que queriam. Isso só foi possível porque, no centro dos valores, já não estava a promoção da vida humana, mas o lucro e o desenvolvimento do conhecimento (que, por sua vez, pode ser uma ótima forma de ganhar dinheiro). GALLO, Sílvio (Coord.). Ética e cidadania: caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 2012. p. 107. © Sh ut te rs to ck /E ve re tt Hi st or ic al © Sh ut te rs to ck /E ve re tt Hi st or ic al A primeira imagem mostra a explosão da bomba atômica em Hiroshima, no Japão, que pôs fim à Segunda Guerra Mundial, em 6 de agosto de 1945. A foto foi tirada por um fotógrafo que estava em Kure, uma cidade na província de Hiroshima. A segunda imagem retrata a destruição causada pela explosão nuclear nesse local. Filosofia 11 Retorne, agora, ao quadro da seção anterior, no qual você registrou algumas vantagens e desvantagens da tecnologia. Considere as informações do texto e as novas ideias que elas trouxeram. Então, acrescente àquele quadro alguns aspectos positivos e negativos, relacionados à existência e à aplicação da tecnologia e ao acesso a ela no mundo de hoje. Hora de filosofar É hora de aprofundar suas reflexões quanto aos “dois lados da moeda”, representados pelas consequências dos avanços tecnológicos de nosso tempo. Com esse objetivo, discuta algumas questões com os colegas: • Quem é mais valorizado em nossa sociedade: o ser humano ou a máquina? • Qual a relação das ciências com a tecnologia? • Alguns avanços tecnológicos podem ir contra o bem comum? • A tecnologia precisa de controle? • Quem pode controlar a tecnologia? • A tecnologia favorece o consumo? • A tecnologia cria necessidades? • Precisamos realmente de tudo o que a tecnologia nos apresenta? • A tecnologia exclui pessoas? • A tecnologia nos humaniza ou desumaniza? Por quê? Registre, por escrito, sua resposta pessoal para a última pergunta deste diálogo filosófico. • Escolha outra pergunta do diálogo filosófico. Em seguida, registre essa pergunta e sua resposta pessoal a ela. Encaminhamento de atividade.16 Encaminhamento de atividade.17 A importância das questões socioambientais Com as reflexões do capítulo, talvez você já tenha percebido como as relações entre ser humano, tecnologia, meio ambiente e sociedade são importantes e complexas. Importantes porque todos estão envolvidos, existe uma grande interação e, nessas relações, desenvolvem-se processos que nos influenciam, que podem gerar dependência e oportunidades para as pessoas. Complexas porque qualquer ação traz consequências, nem sempre “medidas” ou planejadas, mas que pressupõem responsabilidades e geram reflexões. 9o. ano – Volume 312 Conexões Para auxiliar na compreensão dos temas que se interligam ao refletirmos sobre questões socioambientais, leia, agora, o conceito de ecologia. O termo ecologia evoca duas realidades distintas, embora conectadas entre si [...]: a disciplina científica que, dentro das ciências biológicas, estuda os ecossistemas naturais e as suas complexas interações [...]; o movimento social que defende uma relação entre o meio físico e a ação humana fundamentada no diálogo e no respeito para com a natureza, denunciando os problemas ambien- tais derivados de uma política de consumo de energia e de recursos, que põe em risco a existência da vida no planeta. VILLA, Mariano M. (Dir.). Dicionário do pensamento contemporâneo. São Paulo: Paulus, 2000. p. 231. Ética e cidadania Introdução de conceito. 18 A fim de ampliar seus pensamentos sobre a ecologia, apresentamos um cartaz do designer e artista bra- sileiro Ale Tauchmann composto de imagem e texto sob o título Interdependência ou morte. Por meio desse cartaz, você poderá conhecer um novo conceito, relacionado à ecologia e às garantias para a continuidade da vida humana na Terra: a sustentabilidade. Analise-o, seguindo as etapas indicadas. <SPEfilEF93-F009> Inserir imagem de cartaz, presente na coleção anterior. Interdependência ou morte Atender às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. Esta é uma das definições mais abrangentes de sustentabilidade. Para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Esse assunto é atual e imprescindível nos debates sobre nosso futuro e do planeta, mas ainda é um tema em construção. Há muito que aprender a respeito. Mas já sabemos que tem a ver com atos de nosso cotidiano. Desde o estilo de vida e consumo de cada um de nós, até a forma como lidamos ou deixamos de lidar com o lixo que produzimos. Tem a ver com a maneira como usamos os recursos e energias disponíveis. Tem muito a ver com nossa atitude em cada momento de nossas vidas. Em resumo, para salvar o planeta precisaremos aprender a salvar nós mesmos. © Al e Ta uc hm an n TAUCHMANN, Ale. Interdependência ou morte. 2008. 1 cartaz em papel reciclado, color., 26,5 cm × 18,5 cm. Museu do Cartaz, Solar do Barão, Curitiba. Informações adicionais. 19 Filosofia 13 O artista Vik Muniz, brasileiro radicado em Nova Iorque, é um observador de objetos variados. Com eles, concebe suas obras, que nos levam a refletir, entre outros temas, sobre a sustentabilidade. Cada obra que produz é uma nova forma de representar uma imagem já conhecida. Ele monta e organiza retratos, pinturas e fotografias, dando um novo sentido a eles pela maneira que os compõe e pelos materiais que utiliza. Na obra da página seguinte, que resulta da pesquisa de materiais realizada por Vik Muniz, o artista utilizou como matéria-prima o lixo gerado pelo consumo de diversos produtos. Essa obra, chamada Atlas (Carlão), representa um personagem da mitologia grega, chamado Atlas. 1. Utilizando as questões a seguir, analise a composição da imagem (para perceber mais detalhes, veja o cartaz ampliado no material de apoio). • Que elementos figurativos aparecem na imagem? • O que esses elementos podem simbolizar? • Como eles estão posicionados e relacionados entre si? • O que eles “dizem”, complementando o título? • Vocêpode se imaginar na posição da figura humana retratada pelo cartaz? O que você sentiria e/ou pensaria nessa condição? 2. Leia o texto e sublinhe o conceito de sustentabilidade nele apresentado. 3. Volte a interpretar a imagem, buscando relações entre os seus elementos e as ideias do texto. Com- partilhe seus pensamentos com a turma. Encaminhamento de atividade. 20 Encaminhamento de atividade. 21 Encaminhamento de atividade. 22 Informações complementares. 23 Conexões Atlas, filho de Urano (Céu) e Gaia (Terra), foi punido por Zeus depois de ajudar os titãs em sua luta contra os deuses do Olimpo. Condenado a segurar o mundo nas costas pela eternidade, ele te- ria descansado desse castigo uma única vez. Foi quando o herói Hér- cules (Héracles, em grego) teve de cumprir o 11º. de 12º. trabalhos exigidos pelo rei Euristeu. Hércules pediu a Atlas que o ajudasse, co- lhendo para ele algumas maçãs de ouro que pertenciam à deusa Hera e, enquanto isso, teve de assumir sua terrível tarefa. © W ik im ed ia C om m on s/ Gu st av o Tr ap p • Estátua de Atlas no topo da fachada do Schloss Linderhof. 9o. ano – Volume 314 O que você entende quando entra em contato com a obra a seguir, por exemplo? • Destaque a obra Atlas (Carlão) que está no material de apoio para registrar ideias relacionadas à susten- tabilidade socioambiental. Diante dessas informações, podemos nos perguntar: • O que o artista quis expressar ao relembrar um personagem mitológico, de tão grande força e responsa- bilidade, representando sua condição por meio de um homem que não identificamos oficialmente – um homem chamado Carlão, mas que poderia receber inúmeros nomes, indicando os trabalhadores que vivem (ou sobrevivem) do lixo? • O que essa representação nos faz pensar? Qual é a sua pegada? Anteriormente, no cartaz Interdependência ou morte, você viu uma pessoa em posição intrigante, em uma imagem que defende a ideia de sustentabilidade. Também na obra Atlas (Carlão), é intrigante a posição do homem que carrega o “lixo” do mundo de hoje, em uma associação ao personagem mitológico que sustentava o mundo. MUNIZ, VIK. Atlas (Carlão). 2008. 1 imagem de lixo, color., 129,5 cm × 101,6 cm. Fonte: KAZ, Leonel; LODDI, Nigge (Org.). Vik. Rio de Janeiro: Aprazível Edições, 2009. p. 122. Relação da obra com a mitologia no contexto atual. 24 Encaminhamento de atividade.25 © Ac er vo d o Ar tis ta Filosofia 15 Agora, observe e analise o cartaz a seguir, relacionando-o ao conceito de sustentabilidade. Relembre a atividade realizada sobre “os dois lados da moeda”, no que se refere à tecnologia. Então, reflita: De que modo os exemplos contidos nas imagens do cartaz analisado podem contribuir em relação ao nosso olhar para o mundo e para as pessoas de hoje? E a fim de compreendermos melhor o conceito de sustentabilidade? Encaminhamento de atividade. 27 Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo. 26 Pegada de cachorro © Sh ut te rs to ck /N ik ki G en se rt Pegada de humano © Sh ut te rs to ck /D av id G on za le z R eb ol lo © Sh tt t k/ D id G l R b lllll Pegada de urso-polar © Sh ut te rs to ck /M rc m os 9o. ano – Volume 316 Saiba + Em nossa trajetória de vida, deixamos “marcas”, ou impactos, por onde passamos. A expressão “pegada ecológica” é usada para se referir a essas marcas, ou pegadas, deixadas pelo caminho. A pegada ecológica consiste em um cálculo para avaliar o impacto do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Nesse sentido, leva em conta critérios como biodiversidade, urbanização, produção de energia, uso dos oceanos e das terras para a agricultura e a pecuária. Nossa pegada está relacionada com o estilo de vida que levamos. A unidade de medida usada para calcular a pegada ecológica de um país, de uma cidade ou até mesmo de um indivíduo é hectare global (gha), ou seja, quantos hectares de terras, matas e mar são necessários para manter nosso estilo de vida. Observe, no gráfico a seguir, os critérios adotados para calcular a pegada ecológica. Encaminhamento de atividade e informações complementares.28 PEGADA ECOLÓGICA Biodiversidade: representa a área destinada à preservação da vegetação nativa para fornecimento de madeira, celulose, etc. Áreas urbanas: representam áreas destinadas à infraestrutura das cidades, considerando as construções, os meios de transporte e os recursos hídricos para o abastecimento das populações e para a geração de energia elétrica. Área de energia: representa a área necessária para absorver o dióxido de carbono (CO2) produzido em excesso. Áreas pesqueiras: representam áreas dos ocea- nos usadas para pesca e extração de outros produtos marinhos. Áreas cultiváveis: representam áreas de terras necessárias para a atividade agrícola (planta- ções) e pecuária (criação de gados). M ar co s G ui lh er m e. 2 01 9. D ig ita l. Filosofia 17 Hora de filosofar Reflita sobre a interdependência e a sustentabilidade, participando deste diálogo. Para cada item, res- ponda e justifique. • Você acredita que: • pequenas ações podem trazer grandes consequências? • todas as pessoas influenciam a preservação ou a destruição do planeta? • pensar e discutir sobre questões socioambientais podem contribuir para melhorias planetárias? • o que pensa interfere no mundo? • é influenciado pelo que acontece no mundo? • é possível saber todas as consequências de seus atos? • o mundo pode se tornar um lugar melhor para se viver? • as pessoas podem escolher mudar seus hábitos a fim de buscar um mundo mais sustentável? • depende muito mais dos outros do que os outros dependem de você? • está preso aos acontecimentos mundiais? • pode fazer a diferença? • existe um caminho para se pensar na “interdependência”? • interdependência é vida ou é morte? • sustentabilidade é possível? Encaminhamento de atividades e atividade da seção Hora de estudo.29 Atividades 1. Registre a seguir alguma(s) ideia(s) que você gostaria de divulgar sobre sustentabilidade. 2. Siga as orientações do professor para elaborar um cartaz contendo uma mensagem em defesa da sustentabilidade. Encaminhamento de atividade.30 9o. ano – Volume 318 O nascimento da Bioética A ciência e a tecnologia são exemplos do esforço humano para driblar as dificuldades, o sofrimento e a morte, em busca de uma vida mais longa, confortável e feliz. São também exemplos de nossa interferência no mundo. Elas nascem do exercício de nossa liberdade para agir, criar, escolher. E uma vez que agimos de modo livre, é necessário decidir entre o que parece bom e o que parece mau, além de avaliar as consequências de nossas próprias ações, criações e escolhas. Trata-se de uma responsabilidade exclusivamente humana, já que os demais seres vivos agem determinados pelo instinto natural. Nas últimas décadas, o progresso científico e tecnológico estendeu os limites da ação humana até o espaço sideral e o universo microscópico das células. Isso trouxe novos desafios e dúvidas para a reflexão ética, por cau- sa da grande intervenção humana sobre as diversas formas de vida e, até mesmo, sobre as condições para a continuida- de da vida em nosso planeta. Nesse novo contexto, é preciso refletir acerca dos proble- mas ambientais, do respeito à biodiversidade, do consumo e do desperdício, das formas de preconceito, da desigual- dade social e dos direitos humanos (inclusive de minorias ou de pessoas que ainda não nasceram). Todas essas ques- tões, relacionadas à vida, são investigadas e discutidas pela Bioética, um ramo da Ética voltado a discussões em torno da sustentabilidade e da interdependência envolvendo as pessoas, os demais seres vivos e o meio ambiente. Introdução de conceito. 31 © Sh ut te rs to ck /v ch al Olhar de filósofo A Bioética é um campo recente da Filosofia (esse nome surgiu em 1970), que se ocupa dos mais diversos, complexos e atuais problemas relacionadosà vida. Inúmeros pensadores de nossos dias contribuem para essas reflexões. Entre eles, está o espanhol Fernando Savater, de quem selecionamos algumas ideias que você conhecerá a seguir. Observe-as, na ilustração e no texto a seguir, e depois as discuta com os colegas. Ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente para nós, em oposição ao que nos parece mau e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e os cupins. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que faze- mos, procurando adquirir um certo saber-viver que nos permi- ta acertar. E esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, é o que se chama de ética. SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Planeta, 2005. p. 27. Encaminhamento de atividade.32 • Século XX Da ni el K le in . 2 01 9. D ig ita l. PODEMOS ESCOLHER, EM PARTE, NOSSA FORMA DE VIDA. ISSO EXIGE UMA “ARTE DE VIVER”, QUE SE CHAMA ÉTICA. Filosofia 19 SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Planeta, 2005. p. 141-143. (Fragmentos). Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.33 Na língua castelhana, a palavra huésped significa dois papéis aparentemente contrapostos: o de quem se aloja na casa de outra pessoa, o “hóspede”, e o dessa outra pessoa que o hospeda em sua casa, o “hospedeiro”. Mas talvez esse duplo uso um pou- co desconcertante encerre uma verdade muito profunda sobre a condição humana. Porque todos nós somos ao mesmo tempo o foras- teiro recebido em casa alheia e o anfitrião que o aloja e deve se preocupar com o seu bem-estar. Desde que nascemos – e não se esqueça de que “nascer é chegar a um país estrangeiro”, como disse um antigo grego – de- pendemos da hospitalidade que outros querem nos dar, sem a qual não poderíamos viver. No entanto logo somos nós, também, que de- vemos atender a outros que chega- ram depois, tentando fazer que eles se sintam o mais cômodos possível. Mas as obrigações da hospitalidade estendem-se ainda mais. O bom huésped – nos dois sentidos da palavra – procura não apenas ser fraterno com seus semelhantes como também respeitar e cuidar ao máximo da casa em que hospeda os outros. Essa “casa” de todos é justamente o planeta Terra [...]. Há alguns séculos, quando os seres humanos eram muito menos numerosos e necessitavam de me- nos fontes de energia natural, podia-se habitar a Terra como se suas águas, suas árvores e suas minas fossem inesgotáveis. Hoje esse desperdício é um luxo que não podemos nos permitir, porque nossa economia global produz agora em três semanas mais do que nossos avós produziam em todo um ano. Esse dispêndio de elementos naturais insubstituí- veis constitui um desafio a nossa prudência moral, primei- ro pela injustiça do fato de os países mais desenvolvidos gastarem e poluírem cem vezes mais que todos os outros, e, depois, quando pensamos em nossos próximos des- cendentes... para com os quais temos antecipadamente certas obrigações como huéspedes futuros! De modo que a hospitalidade bem entendida, ou seja, etica- mente entendida – começa com nossa preocupação com a boa manutenção desta “nave” interplanetária na qual todos viajamos pelo cosmo... © Sh ut te rs to ck /D ia na H le vn ja k; M ar co s G ui lh er m e. 2 01 1. D ig ita l. 9o. ano – Volume 320 Atividades 1. Reflita sobre exemplos de atitudes e ideias que demonstrem respeito e cuidado e também desrespeito e falta de cuidado com os seres e os elementos listados na primeira coluna do quadro a seguir. Para isso, considere os problemas abordados pela Bioética. Respeito e cuidado Desrespeito e falta de cuidado Com você mesmo Autoestima, alimentação e hábitos saudáveis, atividades físicas, atenção à saúde, educação, pensar por si mesmo, etc. Autodepreciação, excessos alimentares, uso de drogas, sedentarismo, desatenção à saúde, desinformação, submissão às ideias recebidas, etc. Com a Terra Redução, reciclagem e reutilização de materiais, uso de energias limpas e renováveis, preservação da biodiversidade, etc. Poluição, desmatamento, consumismo, desperdício de recursos não renováveis, desequilíbrio de ecossistemas, etc. Com os seres vivos Manutenção dos hábitats, proteção aos animais, legislação prevendo direitos para as espécies não humanas, etc. Poluição, caça predatória, tráfico de animais silvestres, extinção de espécies, exploração, torturas e maus-tratos, etc. Com as futuras gerações Atenção aos direitos humanos, oportunidades de educação, reflexão sobre os direitos de fetos e embriões, preservação ambiental, desenvolvimento sustentável, etc. Degradação ambiental, descaso com a saúde pública, exploração, experiências médicas não regulamentadas pela Ética, etc. 2. De acordo com as orientações do professor, busque e apresente informações atuais sobre os seguintes assuntos: • Informática no cotidiano das pessoas. • Desenvolvimento da robótica e/ou inteligência artificial. • Avanços em pesquisas genéticas. • Respeito à biodiversidade. Encaminhamento de atividade.34 Encaminhamento de atividade.35 Filosofia 21 Encaminhamento de atividade.36 Organize as ideias No diagrama a seguir, anote cinco ideias importantes sobre o tema “sustentabilidade” e cite dois exemplos para cada ideia anotada. Neste capítulo, você pôde se aproximar de alguns procedimentos fundamentais para alguém assumir seu lu- gar no mundo como indivíduo e cidadão consciente. Destacamos, entre eles, a importância de observar “os dois lados da moeda”, buscando posicionamentos críticos diante das questões que nos dizem respeito – como pessoas, membros de um grupo sociocultural ou, ainda, como espécie viva. Desejamos que você encontre seu próprio equilíbrio entre otimismo e pessimismo, contribuindo para pensar e construir um mundo mais sustentável e feliz. SUSTENTABILIDADE 9o. ano – Volume 322 Hora de estudo Informações complementares e encaminhamento de atividade.37 Cro-ma-nhon (Cro-magnon): a espécie mais antiga do Homo sapiens citada pelos estudiosos e que teria dado origem aos seres humanos modernos. bélica: refere-se à guerra. 1. Já pensou se existisse jornal na Pré-História? Que fatos seriam notícia? O escritor brasileiro Millôr Fernan- des pensou nisso e escreveu com humor e irreverência uma notícia que anunciaria uma das descobertas mais importantes da humanidade. Leia a notícia a seguir para fazer o que se pede. A imprensa antes da imprensa Do “Paleolitical Sunday” DESCOBERTO O FOGO! Depois de três anos de contínuas experiências, o ilustre sábio Cro-ma-nhon, Ut-Ut, anunciou ontem ao mundo civilizado uma descoberta completamente revolucionária – o fogo. A nova des- coberta, com a qual se obtém calor artificial, é capaz de derreter certo tipo de pedras tornando possível amoldá-las de modo especial, o que, compreende-se, é de fabuloso alcance para a in- dústria bélica. Às pedras que já conseguiu dissolver com seu maravilhoso invento, o sábio deu o nome de Ferro. O processo, tremendamente complexo, requer o uso de um pau roçado em outro pau, de tal maneira que, depois de algumas horas, produz fumaça e, outras tantas horas depois, fogo. Círculos militares estão interessados desde já no estudo de um aproveitamento do fogo na fabricação de armas tão potentes que, de uma vez por todas, eliminem o perigo de novas guerras. P.S. Os primeiros críticos da nova descoberta afirmam, porém, que ela tende a poluir todo o ar, tornando impossível a vida na terra. FERNANDES, Millôr. A imprensa antes da imprensa. In: ______. Circo de palavras: histórias, poemas e pensamentos. São Paulo: Ática, 2007. p. 97. (Para gostar de ler, 42). a) Quais as vantagens da mais nova invenção dos Cro-ma-nhon, conforme a notícia e os seus conheci- mentos sobre o assunto? Sugestão de resposta: cozinharos alimentos, aquecer os ambientes, defender-se de outros animais, produzir artefatos de metal. Posteriormente, o fogo foi importante para a socialização e por muitos povos era considerado sagrado. b) No final do texto, aparece o posicionamento de alguns críticos da descoberta do fogo, prevendo uma catástrofe futura (poluição do ar) como consequência de seu mal uso. Na sua opinião, o que poderia ser a causa dessa catástrofe? Pessoal. Esperamos que os alunos concluam que a invenção mencionada pelos críticos, capaz de poluir o ar, impossibilitando a vida na Terra, é o uso bélico do fogo. 23 c) Analise o infográfico da página 7 e escolha uma das invenções do último milênio a fim de produzir uma notícia, como a que Millôr Fernandes escreveu. Pesquise mais informações sobre esse invento para sua produção de texto. 2. O progresso científico e tecnológico despertou diferentes posicionamentos por parte de filósofos ao longo do tempo. Pensando nisso, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira. ( a ) Francis Bacon ( b ) Theodor Adorno e Max Horkheimer ( a ) Posição otimista quanto ao progresso científico. ( b ) Viveu/Viveram no século XX. ( a ) A natureza deve ser dominada pelos seres humanos. ( b ) Posição pessimista quanto ao progresso científico. ( b ) O domínio sobre a natureza se estendeu para o domínio sobre as pessoas. ( a ) Viveu/Viveram no século XVII. ( a ) Saber é poder. 3. A televisão foi mais um invento que mudou a vida das pessoas, trazendo informações e entretenimento para dentro da sala das casas. Sobre ela, leia o texto a seguir. Televisão Retângulo que passa atrações para o povo ficar vendo. As atrações têm que passar aos pedaços para poder caber, entre um pedaço e outro, anúncios para vender coisas assim como bicicletas. A finalidade é encontrar quem queira comprar o que é anunciado, pois com parte do dinheiro da venda, pagam-se os tais anúncios, com parte do dinheiro dos anúncios pagam-se as t ais atrações, e ainda sobra. Mas eles fazem as atrações tão bem-feitas que quem olha assim pensa que a finalidade da televisão são as atrações que passam nela. FALCÃO, Adriana. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São Paulo: Salamandra, 2013. p. 95. De acordo com o texto lido, analise as afirmações a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). a) ( F ) A finalidade da televisão é passar atrações para as pessoas assistirem. b) ( V ) Ao longo da programação, as atrações são interrompidas por anúncios publicitários. c) ( V ) Os anúncios publicitários geram lucro tanto para a emissora quanto para as empresas que os anunciam. d) ( V ) Os anúncios publicitários fomentam o consumismo. e) ( V ) Os espectadores não percebem que a finalidade das emissoras de TV é passar propagandas, não apenas a programação em si. 4. A esperança de vida ao nascer é um índice para calcular quantos anos, em média, as pessoas de certo local vivem. Para saber qual é a expectativa de vida de uma população, deve-se tirar a média aritmética entre a idade das pessoas que já morreram em um determinado período de tempo. Esse índice revela a qualidade de vida da população, uma vez que reflete as condições de saúde, saneamento, violência, poluição, cultura, lazer, educação e renda das pessoas que vivem naquela localidade. Quanto maior a esperança de vida ao nascer, maior a qualidade de vida, e quanto menor a esperança, menor a qualidade de vida. 24 Imagine se a esperança de vida ao nascer fosse medida em passos dados na areia. Veja como seria esse índice nos seguintes países. Uma pessoa que vive em/ no(a)... ... daria, em média... Japão 83,5 passos Canadá 82 passos Brasil 74,5 passos Federação Russa 70,1 passos Síria 69,6 passos Serra Leoa 50,9 passos Fonte: IBGE@países. Disponível em: <https://paises.ibge.gov.br/#/pt>. Acesso em: 1º. nov. 2018. a) De acordo com os dados analisados, qual país apresenta a melhor qualidade de vida? E qual tem a pior qualidade de vida? O Japão apresenta a melhor qualidade de vida e Serra Leoa, a pior. b) Com a ajuda de um geoatlas, encontre os continentes em que os países listados no item anterior se localizam e anote essa informação nas linhas a seguir. O Japão está localizado na Ásia e Serra Leoa, na África. c) Pesquise a situação dos países listados no item a e do Brasil quanto à qualidade de vida, considerando as condições de saúde, educação, violência e saneamento básico. Redija um texto comparativo apre- sentando as informações pesquisadas. d) A expectativa de vida média de um brasileiro é de 74 anos. Que fatores sociais você acredita que poderiam ser melhorados para aumentar os anos de vida da população brasileira? Sugestão de resposta: aumentar a taxa de acesso ao saneamento básico, melhorar a saúde pública, atingir 100% de pessoas alfabetizadas, diminuir a desigualdade social. © Sh ut te rs to ck /R an gi zz z 25 Sugestão de atividades.38 hediondez: qualidade daquilo/daquele que é hediondo, odioso, horroroso, maldoso. 5. Em uma das histórias de terror mais famosas da literatura universal, a autora britânica Mary Shelley relata as experiências do Dr. Viktor Frankenstein para gerar vida com base em matéria inanimada. Obcecado pela possibilidade de dar vida a um ser, ele coletou restos de cadáveres humanos para formar o corpo da criatura e, por meio de correntes elétricas, finalmente lhe deu vida. Nessa obra, a autora questiona qual é o alcance dos avanços científicos e tecnológicos e coloca o ser humano na posição de “Deus”, levantando inúmeros questionamentos. Leia um trecho da obra para responder ao que se pede. [...] percebi na obscuridade uma figura que se esgueirava por trás de umas árvores próxima de mim. Fixei o olhar. Estarrecido, certifiquei-me do pior. Um relâmpago iluminou o vulto e pude ver-lhe as formas nitidamente. Com sua estatura gigantesca, ali estava, em toda a sua he- diondez, o próprio monstro, o demônio a que eu dera vida. Que fazia ali a criatura? Seria ele – estremeci ao pensá-lo – o assassino de meu irmão? Nem bem a ideia me passara pela mente e logo me convencia de que era verdade. Ouvi ranger meus próprios dentes e encostei-me, cambaleante, a uma árvore. O vulto passou rapidamente por mim e perdeu-se nas sombras. A destruição da- quele menino, tal como ocorrera, não podia ter sido obra de um ser humano. Não me era possível duvidar de que aquilo era o assassino! Com essa convicção, pensei em perseguir o demônio, mas percebi que era inútil quando, à luz de um outro relâmpago, o distingui escalando as rochas, na subida quase perpendicular do Monte Salêve, formação que limita Plainpalais no lado sul. Não tardou a alcançar o topo e desaparecer. Permaneci imóvel. Os trovões cessaram, mas as chuvas continuavam no cenário envolto em trevas impenetráveis. Desfilaram pela minha mente os acontecimentos que eu estava em vias de esquecer. As diversas etapas da evolução do meu trabalho de criação, os primeiros movimentos da obra que criara com minhas próprias mãos, seu aparecimento junto a meu leito, sua partida. Quase dois anos haviam transcorrido desde a noite em que recebera o sopro de vida. Fora esse o seu primeiro crime? Ai de mim! Eu pusera à solta no mundo um monstro horripilante, capaz de espalhar a carnificina e a desgraça por onde passasse, tal como acontecera a meu irmão. O que sofri nessa noite, passada ao frio e ao relento, é indescritível. Mas não sentia a intempé- rie. Meus sentidos estavam absortos em cenas de maldade e desespero. O pior é que o ser que eu criara dava mostras de possuir vontade própria e capacidade de conduzi-la no sentido do mal e da destruição, e que primava por dirigir sua ferocidade contra o seu próprio criador, destruindo o que lhe fosse caro, como acabara de ocorrer. SHELLEY, Mary. Frankenstein ou o moderno Prometeu. São Paulo: Martin Claret, s.d. p. 72. a) De acordo com o texto lido, a experiência do Dr. Frankenstein saiu de seu controle. Quais atributos a criatura adquiriu,contra as expectativas do cientista? Que consequências isso trouxe para a família de Viktor? A criatura passou a ter vontade própria e a agir violentamente. Como consequência, a criatura assassinou o irmão do Dr. Viktor Frankenstein. b) Leia o título da obra, na referência do texto, e, com suas palavras, explique a relação da história do Dr. Frankenstein com o mito grego de Prometeu. Prometeu, personagem da mitologia grega, rouba o fogo dos deuses para oferecer aos seres humanos, tornando a vida na Terra possível. O fogo também simboliza o conhecimento, em oposição às trevas da ignorância. Na história de Viktor Frankenstein, em vez de “roubar” o fogo, ele usa descargas de energia elétrica para dar vida à criatura. c) Imagine se fosse possível criar um ser vivo, como fez o Dr. Viktor, mas usando os recursos tecnológicos da atualidade. Que consequências essa situação hipotética poderia gerar? Redija um texto argumen- tativo, apresentando os prós e os contras dessa experiência. 26 Capítulo 3 – Página 13 – Ética e cidadania TAUCHMANN, Ale. Interdependência ou morte. 2008. 1 cartaz em papel reciclado, color., 26,5 cm × 18,5 cm. Museu do Cartaz, Solar do Barão, Curitiba. © Al e Ta uc hm an n 9o. ano – Volume 3 Material de apoio Filosofia 1 Capítulo 3 – Página 15 – Conexões MUNIZ, VIK. Atlas (Carlão). 2008. 1 imagem de lixo, color., 129,5 cm × 101,6 cm. In: KAZ, Leonel; LODDI, Nigge (Org.). Vik. Rio de Janeiro: Aprazível, 2009. p. 122. © Ac er vo d o Ar tis ta 9o. ano – Volume 3 Material de apoio Filosofia 3
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