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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ANDRÉ LUIZ CARVALHO MACHADO ALESSANDRO RICARDO STANGE RODRIGO RAPHAEL DE ARAUJO CORREIA DA SILVA DESEMPENHO DO CONCRETO ACRESCIDO DE MICROFIBRAS DE POLIPROPILENO MONOFILAMENTO EM COMPARAÇÃO AO CONCRETO CONVENCIONAL CABO FRIO 2021 ANDRÉ LUIZ CARVALHO MACHADO ALESSANDRO RICARDO STANGE RODRIGO RAPHAEL DE ARAUJO CORREIA DA SILVA DESEMPENHO DO CONCRETO ACRESCIDO DE MICROFIBRAS DE POLIPROPILENO MONOFILAMENTO EM COMPARAÇÃO AO CONCRETO CONVENCIONAL CABO FRIO 2021 Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Ronen Antunes ANDRÉ LUIZ CARVALHO MACHADO ALESSANDRO RICARDO STANGE RODRIGO RAPHAEL DE ARAUJO CORREIA DA SILVA DESEMPENHO DO CONCRETO ACRESCIDO DE MICROFIBRAS DE POLIPROPILENO MONOFILAMENTO EM COMPARAÇÃO AO CONCRETO CONVENCIONAL Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil. Aprovado em: _____/_____/______ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ A todos aqueles que nos incentivaram a evoluir através da conquista do conhecimento. Agradecimentos Aos pais e familiares que diretamente contribuíram com sua paciência e incentivo permanente. À Universidade Estácio de Sá que disponibilizou o laboratório de Engenharia Civil e toda sua estrutura disponível. Ao Professor Orientador Ronen Antunes] que, com experiência e bom senso, mostrou com serenidade o Norte a se seguir. Aos colegas de turma do Curso de Engenharia Civil que, sem nenhum interesse senão o da amizade, deram de presente sua ajuda valiosa, compartilhando seu conhecimento e apoio irrestrito. “O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade” Winston Churchill Resumo Com o aumento do custo dos materiais de construção, com a redução da disponibilidade de materiais naturais e novas exigências e limitações impostas nas construções é necessário que os engenheiros e pesquisadores busquem materiais que possam desenvolver boa performance e que acarretem benefícios à natureza. As fibras são materiais que vem cumprir este propósito e estão sendo utilizadas há alguns anos no ramo da construção civil. Porém a falta de conhecimento no mercado ainda é abrangente. Em específico, as fibras de polipropileno, possuem características singulares para o combate a certas patologias que degradam as estruturas de concreto em geral. Elas são constituídas de um material chamado termoplástico, que consiste em uma série de longas cadeias de moléculas polimerizadas, o que garante grande flexibilidade, tenacidade e um considerável aumento da resistência aos materiais a que são incorporadas. O presente trabalho objetiva comprovar o controle e o combate ao aparecimento de fissuras, bem como o aumento da resistência, mediante a adição de fibras de polipropileno, nos compósitos de concreto, abordando a preparação, moldagem e análise dos resultados técnicos destas fibras em referência a uma amostra padrão sem incorporação de fibras. Todos os ensaios necessários foram realizados em laboratório, seus resultados compilados, seguidos de uma análise detalhada com a ajuda de gráficos e tabelas especialmente produzidas para este fim. As análises geradas buscaram a uma melhor compreensão do comportamento mecânico do material, visando o desempenho final adequado do componente. Desta forma, foi possível promover maior entendimento quanto ao uso adequado deste material à indústria da construção civil e à sociedade como um todo. Palavras-chave: Concreto. Fibras. Polipropileno. Resistencia. Abstract The rising cost of building materials in face of the reduced availability of natural materials, besides the new requirements and limitations imposed on the building process, makes necessary for engineers and researchers to develop materials that can do a better performance and which also gives benefits to nature. Fibers are materials that coming to fulfill this purpose and have been used for some years in the construction business. However, the lack of knowledge about fibers in the market is still widespread. In particular, the polypropylene fibers have unique characteristics to the control of certain pathologies that degrades concrete structures in general. They are made of a thermoplastic polymeric material, consisting of a series of long chains of polymerized molecules, what guarantees a great flexibility, tenacity and great increase in resistance of materials they been incorporated. This work aims to demonstrate a control and how to avoid cracks, as well as to increase the resistance of concrete composite by the addition of polypropylene fibers. The approach includes covering the preparation, molding and analyzing technical results of these fibers as references to a standard sample without the addition of fibers. All necessary tests were performed in the laboratory, the results were compiled, and followed by a detailed analysis with the aid of graphs and tables especially produced for this purpose. The analysis generated sought a better understanding of the mechanical behavior of that material, in search of the appropriate final component performance. Thus, it was possible to achieve a better understanding of the appropriate use of such material for the industry construction and for society as a whole. Keywords: Concrete. Fiber. Polypropylene. Resistance. Lista de ilustrações Figura 1: Mecanismo de reforço das fibras………………………………... 16 Figura 2: Placa de concreto reforçado com microfibras de polipropileno... 17 Figura 3: Linha de tensões em concreto sem fibras……………………….. 21 Figura 4: Lina de tensões em concreto com fibras ………………………… 22 Figura 5: Mecanismo das fibras de polipropileno no controle da exsudação…………………………………………………………… 26 Figura 6: Formas dos corpos de provas (CP´s)……………………………... 33 Figura 7: Preparaçao dos corpos de provas (CP´s)………………………… 36 Figura 8: Produçao dos corpos de provas (CP´s)…………………………… 36 Figura 9: Corpos de provas (CP´s)…………………………………………… 37 Figura 10: Ensaio do corpo cilindrico………………………………………….. 38 Figura 11: Ensaio do corpo prismático………………………………………… 39 Figura 12: Fissura na placa sem fibra (28 dias)……………………………….. 42 Figura 13: CP com fibra ainda coeso após o rompimento………………….. 45 Figura 14: CP sem fibras totalmente seccionado após o rompimento……… 46 Lista de tabelas Tabela 1: Quantidade aproximada de fibras por corpo de prova…………… 36 Tabela 2: Data dos ensaios de compressão………………………………..... 39 Tabela 3: Resultado dos ensaios de resistencia a compressão dos corpos de provas cilindricos ………………………………………………... 41 Tabela 4: Resultado dos ensaios de resistencia a compressão dos corpos de provas prismáticos …………… 41 Tabela 5: Resumo dos resultados dos ensaios de compressao dos corpos de provas cilindricos 43 Lista de gráficos Gráfico 1: Resultados das resistências à compressão dos CP’s cilíndricos .........43 Lista de fórmulas Fórmula 1: Resistência à compressão ................................................................. 40 Abreviaturas FIHP CRF PE PP A/C P1 P2 IME CP CP’s NBR ABNT % Kg/m3 cm mm Kg UNID Tf MPa - Federación Iberoamericana de Hormigón Premesclado - Concreto reforçado com fibras - Propeno ou propileno - Polipropileno - Fator água/cimento - Força P1 - Força P2 - Instituto Militar de Engenharia - Corpo de prova - Corpos de prova - Norma brasileira - Associação Brasileira de Normas Técnicas - Por cento - Quilograma por metro cúbico - Centímetro - Milímetro - Quilograma - Unidade - Tonelada força - Megapascal Sumário 1 INTRODUÇAO …………………………………………………………….. 15 1.2 OBJETIVOS……………………………………………………………… 18 1.2.1 OBJETIVO GERAL…………………………………………………… 18 1.2.2 OBJETIVO ESPECIFICO…………………………………………….. 18 2 REFERENCIAL TEORICO……………………………………………….. 19 2.1 HISTORIA DO CONCRETO……………………………………………. 19 2.2 AS FIBRAS………………………………………………………………. 20 2.3 PISOS INDUSTRIAIS EM CONCRETO………………………………. 22 2.3.1 O CONCRETO PARA PISOS………………………………………... 24 2.4 UTILIZAÇAO DA FIBRA DE POLIPROPILENO…………………… 25 2.5 A INFLUENCIA DAS FIBRAS DE POLIPROPILENO NAS PROPRIEDADES DO CONCRETO……………………………………….. 26 2.5.1 EFEITO DA ADIÇAO DE FIBRAS…………………………………... 31 3 PREPARAÇAO DOS CORPOS DE PROVAS…………………………. 33 3.1 CONFCÇAO E PREPARAÇAO DAS FORMAS…………………….. 33 3.2 MOLDAGEM E CURA DOS CORPOS DE PROVAS……………….. 34 4 OBSERVAÇOES E ENSAIOS EM LABORATÓRIO………………….. 38 4.1 NORMAS E METODOLOGIAS………………………………………… 38 4.2 CÁLCULOS E RESULTADOS………………………………………… 40 4.2.1 RESISTENCIA A COMPRESSAO…………………………………... 40 4.3 OBSERVAÇAO DAS FISSURAS E SUAS PROGRESSOES……... 41 4.4 GRÁFICO E SUAS ANALISES………………………………………... 42 4.4.1 RESISTENCIA A COMPRESSAO…………………………………... 42 5 CONCLUSAO………………………………………………………………. 45 ANEXO I – CARACTERISTICAS TÉCNICAS FibroMac12……………………… 48 15 1 INTRODUÇÃO A indústria da construção civil está em constante aperfeiçoamento de suas técnicas e de seus materiais, criando alternativas que atendam às suas necessidades. Neste sentido, observa-se um amplo desenvolvimento em relação ao aperfeiçoamento dos materiais com base cimentícia (concretos, argamassas e groutes). Dentre todas as melhorias já realizadas, apresenta grande destaque a incorporação de fibras. Através da incorporação de fibras, o concreto, caracterizado por um comportamento frágil, passa a apresentar um comportamento pseudo-dúctil. Assim, a técnica de inserção de fibras na matriz cimentícia é utilizada nos casos em que existe a necessidade de melhorias nas propriedades do compósito, resultando em alguns ganhos, como o aumento da resistencia a fisuraçao e a resistência à abrasão. Desde a Antiguidade, a técnica de incorporar fibras para reforçar materiais de comportamento frágil na ruptura, como o concreto, tem sido utilizada. Porém, no último século, isto começou a ser feito em escala industrial, sendo desenvolvidos vários produtos comerciais com fibras (MEHTA; MONTEIRO, 1994). É possível observar esta tendência em casos como os de concretos projetados e peças pré-fabricadas. Em diversos tipos de pisos se pode utilizar o acréscimo das fibras, como é o caso de pisos de aeroportos e em pavimentos de ruas. Pisos industriais em concreto são elementos de grande importância em obras de Engenharia. Por esta razão, fatores como desempenho estrutural, estética, durabilidade e economia devem ser observados a fim de se tomar os melhores cuidados para um bom desempenho do piso. Nestes pisos existem esforços em várias direções, causando diferentes reações. Contudo, ou as propriedades fundamentais devem permanecer inalteradas, ou os danos devem ser mínimos para que o comportamento global do piso industrial não fique comprometido. Existem muitos tipos de pisos industriais, entre eles os pisos em concreto: simples sem armaduras, simples com armadura descontínua de retração, estruturalmente armado, protendidos e reforçados com fibras (CHODOUNSKY; VIECILI, 2007). Neste trabalho, estão em foco os pisos reforçados com fibras. Algumas vertentes de estudo da Engenharia argumentam que as fibras são usadas para controlar o aparecimento de fissuras, bem como aumentar a resistência 16 das peças a serem produzidas com este novo compósito, seja quanto à tração, seja quanto à compressão. FIGURA 1 – mecanismo de reforço das fibras. Fonte: (NUNES; AGOPYAN, 1998). Todos os pisos sofrem com os problemas relacionados anteriormente, porém as cargas estáticas e dinâmicas são as principais causas de patologias. Grandes pallets com cargas na ordem de 10 ou 20 tf/m² são cargas estáticas que causam fissuras. Existem também as cargas dinâmicas, que são o impacto de materiais sobre o piso e veículos como empilhadeiras e carretas, causando também graves danos. Os pisos podem sofrer problemas de expansão. A dilatação do piso é classificada como um grande problema estrutural. Em cidades com uma grande variação térmica, como é o caso de Porto Alegre, este tipo de patologia pode causar danos irreversíveis (CHODOUNSKY; VIECILI, 2007). Devido às características geométricas citadas anteriormente, o concreto utilizado em pisos industriais deve seguir algumas especificações técnicas. Desta forma buscando um melhor desempenho. Algumas destas características como: o tamanho do agregado, a espessura do piso, o teor de argamassa, o slump, a resistência característica, o fator de água cimento e o consumo de cimento, estimadas em valores e percentuais corretos podem melhorar o desempenho da matriz cimentícia. Com base na bibliografia foram escolhidos os melhores fatores para um melhor desempenho do concreto (DAL-MASO, 2008; POLISSENI, 2008). Alguns dos problemas descritos anteriormente podem ser solucionados com a incorporação de fibras à matriz cimentícia, pois a sua inserção melhora muitas propriedades, como a resistência à compressão, à tração na flexão, ao impacto e à abrasão (BERNARDI, 2003). As fibras têm a capacidade de absorver a energia necessária à ruptura, atuando como pontes de transferência de tensões. As fibras também podem colaborar para o controle das fissuras, tornando-as mais estáveis (NUNES; AGOPYAN, 1998). 17 FIGURA 2 – Placa de concreto reforçado com microfibras de polipropileno Fonte: GEOFOCO (2012) Com toda certeza as novas propriedades de qualquer tipo de concreto especial dependem diretamente da interação do concreto convencional e suas características (matriz), com as características e peculiaridades das próprias fibras, ou seja, da interação fibra-matriz. Desta forma, é imperativa uma ampla discussão a respeito do comportamento e limitações desses novos compósitos, bem como o incentivo a criação de métodos novos ou a adaptação de metodologia em uso, que venham a comprovar em laboratório ou fora dele tais características. O estudo principal deste trabalho cita o controle de fissuras de retração e a comprovação de aumento ou não da resistência do concreto à compressão. Dentro deste conceito, as fibras que atendem as características desejáveis são as fibras de aço e as microfibras de polipropileno monofilamento. Como a intenção foi de procurar um caminho essencialmente econômico para se alcançar os resultados esperados, foi escolhida a segunda opção de tipo de fibra, a macrofibra de polipropileno monofilamento, por ser uma fibra de valor mais acessível. Ainda para deixar mais fortalecida esta escolha, pode-se citar o fato de que as fibras de polipropileno nãosão corrosivas, nem magnéticas, além de serem 100% resistentes aos álcalis do concreto, sendo um material apto para substituir as fibras de aço (PORTAL DO CONCRETO, 2015). Por fim, este trabalho se justifica por ainda não existir um consenso em relação aos métodos de ensaio aceitos para o controle da dosagem de fibras de polipropileno, ou que atestem o aumento em sua resistência, como prometem os fabricantes. 18 1.2 OBJETIVOS Realizar testes comparativos entre o concreto convencional e o concreto acrescido de microfibra de polipropileno monofilamento. 1.2.1 OBJETIVO GERAL O objetivo principal deste trabalho é a verificação de teores ótimos de fibras de polipropileno através de ensaios mecanico de compressão para utilização em projetos utilizando concreto. 1.2.2 OBJETIVO ESPECIFICO Estudar as propriedades mecanicas do concreto acrescido de fibras de polipropileno. 19 2 REFERENCIAL TEORICO 2.1 HISTÓRIA DO CONCRETO Concreto é um material de construção feito pelo homem que se assemelha a uma pedra. Combinando cimento, agregado graúdo e água obtém-se o concreto. A água permite a fixação e união dos materiais. Diferentes misturas são adicionadas para que o concreto obtenha específicas características. O concreto é geralmente reforçado com o uso de barras de aço, antes de ser lançado nos moldes. De forma interessante, a história do concreto tem as primeiras evidências em Roma, a aproximadamente 2000 anos atrás. Concreto era essencialmente utilizado em aquedutos e estradas em Roma. Diz-se que os romanos usavam uma matéria prima especial para seus concretos. Tal mistura consistia de cascalho e areia grossa misturados com cal quente e água, e, às vezes, até mesmo sangue de animal. Para reduzir retrações, eles utilizavam cabelo de cavalo. Evidências históricas constatam que sírios e babilônios usavam argila como material ligante. Mesmo os Egípcios antigos são conhecidos por utilizar cal e cimento para o concreto. Argamassa de cal e cimento também foram usadas nas construções das pirâmides mundialmente aclamadas. Contudo, Romanos são conhecidos por terem feito amplo uso de concreto para construir estradas. É interessante notar que eles construíram aproximadamente 5.300 milhas de estradas utilizando concreto. Concreto é um material de construção muito resistente. Evidências históricas também apontam que Romanos usavam pozolana, gordura animal, leite e sangue como aditivos em construções de concreto. O primeiro fato registrado aponta para o ano 1756, quando John Smeaton fez concreto misturando agregado graúdo e cimento. Em 1793, ele construiu o Eddystone Lighthouse in Cornwall (Inglaterra) com o uso de cimento hidráulico. Outro grande desenvolvimento aconteceu no ano 1824. O inventor inglês Joseph Aspdin desenvolveu o cimento portlant. Ele fez concreto queimando giz com terra e finalmente argila, em um forno até que o dióxido de carbono evaporasse, resultando em um forte cimento. 20 Foi na Alemanha que o primeiro teste sistemático de concreto aconteceu em 1836. O teste media a resistência à tração e à compressão do concreto. Outro importante ingrediente do concreto é agregado e isso inclui areia, brita, argila, cascalho, escolha e xisto. Concreto que faz uso de aço/metal é um concreto reforçado ou concreto armado. Foi Joseph Monier quem inventou o primeiro concreto armado em 1849. Ele foi quem fez cubas e tubos de concreto armado com o uso de aço. O concreto armado, portanto, combina a capacidade à tração do metal e à compressão do concreto para suportar elevadas cargas. Ele recebeu a patente por essa invenção em 1867. Em 1886, o primeiro forno rotatório foi introduzido na Inglaterra e tornou constante a produção de cimento. Em 1891, George Bartholomew fez a primeira rua em concreto em Ohio, USA. Por volta de 1920, concreto foi largamente utilizado em construções de estradas e construções. Foi em 1936 que as barragens de concreto Hoover e Grand Cooley foram construídas. Concreto, desde a idade moderna, é um caminho sem volta. Conhecido como o mais resistente material de construção, o concreto encontrou maior emprego em represas, rodovias, prédios, entre outros diferentes tipos de edificações e construções. 2.2 AS FIBRAS De acordo com ACCETTI & PINHEIRO (2000), com o início dos anos sessenta, os materiais reforçados com fibras desenvolveram e receberam novas aplicações, implementando o mercado com uma grande variedade de fibras e de novos materiais. TEZUCA (1989) mostra que em 1971, depois de vários experimentos com materiais sintéticos, surgiram nos Estados Unidos, estudos dirigidos para possíveis aplicações e utilizações comerciais do concreto reforçado com fibras. Outras investigações parecidas ocorreram, logo em seguida, na Inglaterra e na Europa ocidental. De acordo com NAAMAN (1985), esses estudos deram início a um melhor entendimento da mecânica do reforço com fibras (mecânica do compósito, da fratura e do dano), levando à identificação das características desejáveis das fibras para quaisquer aplicações. 21 DOBBIN JR & ROCHA (2011), ainda afirmam que com o início do uso das fibras para o combate a fissuração, ainda são poucas as informações concretas sobre tal assunto. A busca pelo método de dosagem dos compósitos para a obtenção da diminuição de tal problema continua altamente empírica e somente por métodos de tentativas de acordo com o determinado tipo de construção, não havendo uma metodologia empregada para tais dosagens. Já FIGUEIREDO (2000), afirma que o concreto é susceptível à concentração de tensão no surgimento de uma fissura e propagação da mesma, como pode ser visto na figura 3. A fissura representa um escudo a esta propagação da tensão. Após este desvio das forças, uma concentração irá ocorrer no lado da extremidade da fissura. Caso esta tensão supere a resistência da matriz do compósito, irá ocorrer um rompimento abrupto do material. FIGURA 3 - Linha de tensões em concreto sem fibras Fonte: FIGUEIREDO (2000) TANESI & FIGUEIREDO (1999) apontam que uma contribuição das fibras está relacionada ao seu efeito na ponte de transferência de tensões. O aparecimento das fissuras ocorre no momento em que o concreto chega ao seu ponto de ruptura, a tensão aplicada na matriz se transfere para as fibras, desta maneira interceptando a propagação da fissura, controlando a abertura da mesma (Figura 6). Desta forma, um compósito que é reforçado com fibras, possuirá mais fissuras com relação a uma matriz sem fibras, porém, com um controle da abertura das fissuras, tornando-as menores. 22 FIGURA 4 - Linha de tensões em concreto com fibras Fonte: FIGUEIREDO (2000) MEHTA & MONTEIRO (1994), afirmam que o concreto com fibras se torna muito tenaz, ou seja, deformável e mais resistente a impactos. Já MINDESS (1964) defende que: Infelizmente as fibras são imaginadas como sendo uma panaceia para todos os problemas encontrados nas construções de concreto, pelo menos quando se lê os prospectos dos fabricantes de fibras. Isso algumas vezes gera desapontamento entre os usuários quando as fibras não produzem um concreto sem fissuras. Embora as fibras possam de fato produzir melhorias no comportamento do concreto, devemos ser realistas quanto ao que realmente podemos esperar das mesmas, principalmente se a quantidade de fibras for pequena.(Prof. Eduardo C. S. Thomaz 1964 pág. 2/13) 2.3 PISOS INDUSTRIAIS EM CONCRETO Analisando a evolução dos pisos e pavimentos nos últimos vinte anos, observa-se que as dimensões dos panos destes pisos e pavimentos aumentaram, exigindo dos projetistas, construtores e fabricantes de materiais, novas tecnologias, novos métodos de cálculo, novos materiais e novos equipamentos que aliados às boas técnicas, são responsáveis por vencer vãos maiores objetivandoatender às necessidades atuais. 23 Frente a este cenário, pode se dizer que toda a evolução baseia-se na busca de uma maior vida útil de um piso industrial, sendo que entre os principais fatores que contribuem para isto estão: a redução do número de juntas de retração, utilização de concreto com adequada resistência à abrasão e características compatíveis da sub- base. Segundo Vasconcelos (1979), pode-se afirmar que: que a durabilidade de um piso ou pavimento de concreto diminui quando aumenta o número de juntas, seja pelas condições extremas de impacto devido ao trânsito de equipamentos e veículos, seja pela infiltração de água pelas juntas, que percolando pelo terreno, provocando saída das partículas finas, tornando a base mais recalcável e, portanto, favorecendo o aumento das solicitações da placa sob a ação dos carregamentos a que esta está submetida. Os defeitos que aparecem nos pisos e pavimentos de concreto quase sempre aparecem nas juntas ou em fissuras de retração. Segundo Bina e Teixeira (2002), pode-se afirmar que: se a maioria das futuras patologias dos pisos e pavimentos está ligada diretamente às juntas, e se as juntas são as principais responsáveis pelas interdições e redução da vida útil do piso, criou- se a necessidade pela busca de uma solução capaz de atender a esse requisito, neste caso a solução está diretamente relacionada a um melhor método construtivo que permite a redução do número de juntas. Segundo Schmid (1997), “as juntas de dilatação, maior fonte de quebras na placa convencional, podem ser distanciadas de até 150 m umas das outras, sendo, porém de execução mais sofisticada”. Frente a estas considerações, a utilização do concreto com fibra sintética para execução de pisos industriais, constitui-se de tecnologia que pode oferecer uma alternativa tecnicamente superior, com elevada durabilidade e economicamente competitiva. 24 2.3.1 O CONCRETO PARA PISOS Quando falamos em concreto para pisos, procuramos caracterizá-lo como um concreto diferente do concreto empregado em estruturas, o que realmente ele é, pois apresenta distintas formas de aplicação e sempre tem uma grande área, em relação ao seu volume, em contato com o ar, permitindo que ocorra uma perda de água muito mais severa, quer em velocidade como um resultado global, do que o concreto convencional. Como parâmetros mínimos de dosagem, temos: a) Consumo de cimento: 320 kg/m3; b) Teor de argamassa entre 49% e 52%; c) Abatimento mínimo entre 80mm e 100mm; d) Ar incorporado inferior a 3%. A fixação do consumo mínimo de cimento está associada à resistência superficial do piso, pois na fase de acabamento deve haver uma quantidade de pasta suficiente para o fechamento e alisamento superficial, embora este fator não seja o único responsável pela resistência à abrasão. Resumidamente a resistência superficial pode ser correlacionada diretamente com a resistência à compressão, mas pode ser fortemente afetada pela exsudação do concreto, que levaria a uma maior relação água-cimento gerando, portanto, uma menor resistência superficial. A fixação do consumo mínimo de cimento é, muitas vezes polêmica, mas vamos ver o que dizem as normas: a da ABNT (ABNT, 1986) fixa o consumo mínimo de 320kg/m3 ; o ACI 302-1R (ACI, 1996) estabelece valores entre 280kg/m3 , quando a dimensão máxima do agregado for 38mm e 360kg/m3 , quando a referida dimensão for 10mm. Mais objetiva esta norma fixa valores de resistência mecânica entre 21MPa e 31MPa, dependendo da classe do piso. O teor de argamassa está associado a trabalhabilidade necessária nas operações com o rodo de corte e outros equipamentos, para garantir o índice de planicidade do piso. Teores baixos deixam os agregados graúdos muito próximos da superfície tornando-os visíveis em função da alteração de coloração a argamassa que está sobre ele; teores muito elevados podem causar a delaminação da camada superficial. O abatimento, da mesma forma que o teor de argamassa, e função das necessidades de lançamento e acabamento superficiais. Misturas mais rígidas tornam 25 difíceis as operações com régua vibratória, fazendo com que o lançamento seja muito lento, além do que a baixa potência de vibração desse equipamento não permita que a quantidade de argamassa superficial seja suficiente às operações de acabamento. Por outro lado, misturas excessivamente plásticas, com abatimento superior a 12 são facilmente segregáveis quando não se emprega critérios de dosagens adequados e normalmente essas misturas mais fluidas exigem quase sempre o emprego de aditivos mais caros e não justificando o seu emprego. Finalmente, a limitação do teor de ar incorporado é relativamente recente e é imposta em função da ocorrência da delaminação, patologia muito séria e que tem como uma de suas causas o teor de ar incorporado na mistura. Essa limitação tem causado alguma confusão junto aos especificadores, pois no Brasil é comum o emprego de arincorporado em concretos de pavimentação e não há ocorrência de delaminação nessas obras; a diferença fundamental é que nos pavimentos a textura superficial é aberta – acabamento vassourado – permitindo a saída do ar, enquanto nos pisos ela é fechada – acabamento vítreo – retendo o ar sob essa camada superficial mais densa. 2.4 UTILIZAÇÃO DA FIBRA DE POLIPROPILENO (MINDESS,1964) O concreto simples, que é aquele sem armadura, é um material frágil, quebradiço, com uma baixa resistência à tração e uma baixa capacidade de alongamento. A tarefa das fibras descontínuas, distribuídas aleatoriamente, é a de atravessar o concreto em todas as direções, e, deste modo, controlar o aparecimento ou progressão das fissuras, que se formam no concreto, seja quando sob a ação de cargas externas ou quando sujeito a mudanças na temperatura ou na umidade do meio ambiente. As fibras provocam certa ductilidade após a fissuração. Se as fibras forem suficientemente resistentes, bem aderidas à matriz cimentícia, e em bastante quantidade, elas poderão aumentar a resistência do concreto. O polipropileno é um material hidrofóbico, ou seja, não absorve água. Como sua adição no concreto se deve a inúmeros filamentos, estes se comportam como verdadeiras barreiras, impedindo com que a água exsude. Desta forma, por um maior 26 período de tempo, a água permanece no concreto, gerando melhores condições de hidratação do mesmo e diminuindo as patologias geradas pela exsudação elevada (FITESA – BOLETIM TÉCNICO Nº 3, 2002). Desta forma, os fabricantes afirmam que as fibras permitem ao CRF (Concreto Reforçado com Fibras) resistir a tensões de tração bem elevadas, com uma grande capacidade de deformação. FIGURA 5 - Mecanismo das fibras de polipropileno no controle da exsudação Fonte: FITESA – BOLETIM TÉCNICO Nº 3 (2002) 2.5 A INFLUÊNCIA DAS FIBRAS DE POLIPROPILENO NAS PROPRIEDADES DO CONCRETO O concreto reforçado com fibras de polipropileno é um tipo de compósito fibroso. Conforme sugerido nas seções anteriores o concreto e as fibras de polipropileno são materiais que se complementam porque ao serem combinados formam um material mais completo e versátil. Procura-se nas próximas seções, com base no arcabouço teórico anteriormente apresentado, justificar os efeitos das fibras de polipropileno em algumas das propriedades do concreto no estado plástico. As fibras plásticas são empregadas no concreto de piso, sendo que a propriedade mais facilmente notada é o aumento da coesão da mistura fresca. Sua função principal é minimizar a fissuração que ocorre no estado plástico e nas suas primeiras horas de endurecimento, não devendo substituir os habituais reforços para o combate da retração hidráulica, pois apresentam pouca influência sobre as propriedades do concreto endurecido (ACI, 1996). A Portland Cement Association (PCA, 1995) desenvolveugráficos para estimar a nível de evaporação em função da umidade relativa do ar, temperatura do 27 concreto e velocidade do vento. Segundo esse trabalho, se a taxa de evaporação atingir 1litro/m2 /hora é recomendada que sejam tomadas precauções contra a fissuração por retração plástica. Para exemplificar, a condição climática com temperatura do ar em 25ºC, umidade relativa dor ar de 40%, temperatura do concreto de 30ºC e velocidade de vento de 15 km/h é suficiente para se atingir um nível de evaporação de 1litro/m²/hora. As fissuras de retração plástica são causadas pela mudança de volume do concreto no estado plástico. As retrações que ocorrem no concreto antes do seu endurecimento podem ser dividias em quatro fases (Wang et al, 2001): Primeira fase - assentamento plástico: ocorre antes da evaporação da água do concreto; quando do lançamento, o espaço entre as partículas sólidas está preenchido com água; assim que essas partículas sólidas assentam, existe a tendência da água subir para a superfície formando um filme e esse fenômeno é conhecido por exsudação. Neste estágio a mudança de volume do concreto é muito pequena. A retração por assentamento plástico ocorre quando a exsudação é elevada e o cobrimento da armadura é reduzida. A combinação destes fatores provoca elevado grau de assentamento do concreto e se ele for restringido pela armadura, a ponto de gerar tensões internas de tração, certamente ocorrerão fissuras originadas do assentamento plástico. Deve-se notar que estas fissuras são independentes da evaporação e da secagem da superfície. Além da espessura do cobrimento, quanto maior o abatimento do concreto e o diâmetro da armadura maior a possibilidade da ocorrência de fissuras de assentamento plástico (Suprenant, 1999). As fibras de polipropileno reduzem a exsudação diminuindo o nível de assentamento, formando um micro reforço tridimensional que “suspende” ou “sustenta” os agregados, impedindo que eles assentem sob a ação da gravidade e, além disso, as fibras, conforme mencionado anteriormente, aumentam a resistência à tração nas primeiras idades. Com isso as fissuras por assentamento plástico são minimizadas. Segunda fase - retração plástica primária ou retração por exsudação: é a fissura plástica clássica. A água superficial começa a evaporar-se por razões climáticas – calor, vento, insolação – e quando a taxa de evaporação excede a da exsudação, o concreto começa a contrair-se. Este tipo de retração ocorre antes e durante a pega e é atribuída às pressões que desenvolvem nos poros capilares do concreto durante a evaporação. 28 Terceira fase - Retração Autógena : neste caso, quando a hidratação do cimento se desenvolve, os produtos formados envolvem os agregados mantendo-os unidos; nessa fase, a importância da capilaridade decresce e o assentamento plástico e a retração plástica primaria decrescem, tomando seu lugar a retração autógena, que quando o concreto está ainda no estado plástico é pequena, ocorrendo quase que totalmente após a pega do concreto. No passado essa parcela da retração era praticamente desprezada, mas hoje, principalmente com o emprego de baixas relações água/cimento, a retração autógena ganhou destaque importante. Quarta fase - retração plástica secundária: ocorre durante o início do endurecimento do concreto. Assim que o concreto começa ganhar resistência, a retração plástica tende a desaparecer. As combinações mais comuns de ocorrência da retração plástica são as três primeiras fases: assentamento plástico, retração por exsudação e a autógena. Sempre que há restrições a essas variações volumétricas, tanto internas como externas, desenvolvem-se tensões de fração com probabilidade da ocorrência de fissuras. Nos últimos anos temos observado um aumento significativo das patologias associadas à retração plástica do concreto, que podem estar ligadas a relações água/cimento mais baixas e ao emprego de cimentos de finura mais elevada, além do emprego de outros materiais cimentícios adicionados a ele, como a escória de alto forno, pozolanas, filer calcário, que são geralmente extremamente finos; é sabido que essas adições incrementam a retração do concreto (Kejin et al, 2001 e Neville, 1997). Esse aumento na retração plástica geralmente está associado a três fatores: baixas taxas de exsudação, elevada retração autógena e elevadas pressões capilares provenientes das altas finuras dos materiais cimentícios. Há algum tempo, imaginava-se que as fissuras de retração plásticas eram inofensivas, pois apresentavam pequena profundidade, não progredindo com o pavimento em utilização. Isso com certeza era verdadeiro quando as tensões de retração hidráulica eram baixas e as tensões de utilização – aquelas oriundas dos carregamentos – eram pequenas devido principalmente às elevadas espessuras. Hoje em dia, além das expressivas retrações dos concretos modernos, os pisos são na sua totalidade empregados com reforços, com telas soldadas ou fibras de aço, que levaram a uma redução na espessura com o incremento das tensões 29 atuantes, além do que, a necessidade na redução de custos tem imposto espessuras mais arrojadas. Como consequência, observa-se hoje um grande número de fissuras, cujo aspecto só pode ser explicado pela evolução das antes inofensivas fissuras plásticas. O emprego de fibras sintéticas como auxiliares no combate ou redução das fissuras de retração plástica tem sido largamente difundido por diversos pesquisadores, embora o mecanismo como isso ocorre não seja bem conhecido, havendo vertentes que advogam que os complexos mecanismos da pressão dos poros capilares desempenham importante papel na redução da retração e consequentemente das fissuras, enquanto outros preferem atribuir às fibras a redução dos efeitos danosos da retração (Padron et al, 1990); provavelmente e pelos resultados de pesquisas experimentais ambas teorias são válidas, sendo que a questão da redução da porosidade capilar irá afetar basicamente a retração por exsudação, enquanto que a fibra, como material de reforço deve atuar nos estágios subsequentes, enquanto o módulo de elasticidade da fibra plástica for superior ao da pasta de cimento. Por exemplo, Padron e Zollo (Padron et al, 1990) pesquisando concretos e argamassas com reforços de fibras de polipropileno e acrílico obtiveram, para o concreto, que a redução da quantidade de fissuras variou entre 18% a 23%, enquanto que a retraçãototal dos corpos de prova variou de 52% a 100% com relação ao padrão de concreto simples. Curiosamente, a amostra com fibras que apresentou a mesma retração do padrão, foi a que exibiu menor quantidade de fissuras, 18% da observada no concreto simples; vemos que esses dados indicam que os dois fatores estiveram presentes. O mecanismo principal de atuação das fibras pode ser modelado como: a) O concreto simples, logo após o lançamento, é fluído. Aos poucos o concreto endurece e com isso perde sua fluidez e, consequentemente, sua capacidade de deformação, b) Em contra partida, com a evaporação da água de exsudação a retração aumenta até que em determinado momento o nível de deformação de retração é maior que a capacidade do concreto absorver estas deformações, e então, as fissuras aparecem; c) O concreto com fibras de polipropileno é mais deformável nas primeiras idades. As fibras com 80% de deformação de ruptura transferem esta capacidade de deformação para o concreto. A deformação devido à retração é a mesma, porém não 30 maior que a do concreto com fibras. Assim as fissuras são inibidas ou sua frequência e tamanhos são reduzidos. Na pesquisa citada (Padron et al, 1990), os autores efetuaram as medidas após 16 horas de exposição em túnel de vento, sendo que as primeiras fissuras foram observadas cerca de duas horas após a moldagem. Uma das dificuldades que se observa nessas diversas pesquisasé o tipo de ensaio que foi empregado, pois os normalizados, como o ASTM C1576 , não são adequados à determinação da retração nas primeiras idades e na verdade cada pesquisador acaba por adotar um procedimento diferente e, portanto os ensaios tem valor comparativo, mas não são na maioria dos casos, intercambiáveis. Em comum esses ensaios têm o emprego de câmaras de vento, umidade e temperatura controladas e a amostra é submetida a algum tipo de restrição, como um o-ring, aderência na base simulando um overlay aderido ou outras restrições à movimentação. A eficiência das fibras depende de diversos fatores, como a sua relação L/d, comprimento, módulo de elasticidade, dosagem e até mesmo as características do próprio concreto: por exemplo, matrizes mais ricas (menor relação cimento/areia) respondem mais eficientemente à adição das fibras e o concreto leve apresenta maior potencial de redução de fissuras do que o convencional, quando são empregados teores e tipos idênticos de fibras (Balaguru, 1994). Balaguru desenvolveu um extenso programa de ensaios com diversos tipos de fibras sintéticas e também de aço e suas principais conclusões podem ser sumarizadas em: d) A adição de fibras sintéticas, mesmo em teores tão baixos como 0,45kg/m³ promove alguma redução na quantidade de fissuras; e) Reduções mais acentuadas são conseguidas com dosagens entre 0,45kg/m³ e 0,90kg/m³; f) Para fibras longas, aquelas que apresentam menor módulo de elasticidade são as que propiciam melhor desempenho; g) Para dosagens do 0,9kg/m³, tanto para as fibras de nylon como as de polipropileno, praticamente não se observou, nos experimentos, fissuras de retração plástica. h) A quantidade de fibras – número de fibras por quilograma – é um parâmetro importante de dosagem; 31 i) Fibras longas apresentam melhor desempenho em argamassas mais pobres e concretos, enquanto que as microfibras apresentam melhores resultados nas misturas mais ricas. j) Com as fibras sintéticas, não ocorre apenas a redução da quantidade de fissuras, mas também a abertura delas é menor. Portanto, vemos que a dosagem dos concretos com fibras sintéticas não pode ser generalizada para qualquer tipo de fibra, mas sim fruto de análise experimental que conduzirá ao melhor resultado final. Embora as fibras venham sendo empregadas em pavimentação praticamente desde 1978, ainda observamos hoje algumas lacunas que poderiam melhorar a compreensão da sua forma de ação e contribuir para um melhor desempenho do concreto, mas a dosagem ainda é feita com certo grau de empirismo, o que muitas vezes pode causar dúvidas com no usuário. 2.5.1 EFEITO DA ADIÇÃO DE FIBRAS A adição de fibras traz ganhos significativos para a matriz cimentícia, melhorando as suas propriedades. Porém, deve-se levar em consideração o tipo de fibra que será adicionada no concreto, pois cada fibra possui características que poderão gerar efeitos diferentes. De acordo com Bernardi (2003), o emprego de fibras com características variadas resultará em variações significativas nas propriedades mecânicas dos compósitos gerados, permitindo que se obtenha diferentes ganhos em termos de resistência mecânica, ductilidade, abrasão e controle da fissuração. Em todos os efeitos observados com o acréscimo de fibras, as maiores vantagens são o aumento da tenacidade1, e o aumento da resistência à tração (FIGUEIREDO, 2000; GARCEZ, 2005, p. 34; MEHTA; MONTEIRO, 1994, p. 445; NUNES; AGOPYAN, 1998; PAIVA; FIGUEIREDO, 2007, p. 3). Outra característica importante que as fibras conferem às matrizes cimentícias é a melhoria da resistência ao impacto, ou seja, o compósito consegue suportar a colisão de elementos por um número maior de vezes (GARCEZ, 2005; MEHTA; MONTEIRO, 1994; NUNES, 2006; SAVASTANO JÚNIOR, 1992). Apesar da constatação de que há um acréscimo na tenacidade e outras características que definem a capacidade mecânica dos compósitos, existem alguns problemas e deficiências que podem vir a surgir no compósito com a incorporação das 32 fibras. O decréscimo da trabalhabilidade da mistura pode ser observado, não importando o tipo de fibra incorporado. Com a adição de fibras, podem ocorrer problemas devido à incorporação de ar no compósito na moldagem, além das fibras intertravarem o compósito, dificultando a vibração. Isto ocorre porque, com a incorporação de fibras, aumenta-se consideravelmente a área específica dos materiais. Com o aumento da área específica diminui, naturalmente, a água disponível para a molhagem dos materiais. Devido a isso a coesão entre as partículas aumenta e os resultados do ensaio de abatimento são alterados (FIGUEIREDO, 2005; GARCEZ, 2005; MEHTA; MONTEIRO, 1994). 33 3 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA 3.1 CONFECÇÃO E PREPARAÇÃO DAS FÔRMAS Para a produção dos corpos de prova (cilíndricos, prismáticos e placas), necessário se fez providenciar as fôrmas dos mesmos, e, na falta de fôrmas próprias, providenciar a fabricação destas. As fôrmas usadas para a fabricação dos corpos de prova cilíndricos, nas dimensões de 10cm de diâmetro com 20cm de comprimento, são plásticas e próprias para a produção dos mesmos. Já as fôrmas, tanto dos corpos de prova prismáticos, quanto os em formato de placas, foram produzidas com o uso de madeira compensada plastificada, na espessura de 15mm. Para as fôrmas das vigas prismáticas, as dimensões foram de 15cm x 15cm x 50cm. Já para as fôrmas das placas para observação de aparecimento de fissuras, as dimensões foram de 5cm x 50cm x 50cm. Foram usadas 20 (vinte) fôrmas plásticas na dimensão cilíndrica, produzidas mais 2 (dois) fôrmas de madeira compensada plastificada no formato prismático, e, finalmente, 2 (duas) fôrmas também em madeira compensada plastificada, no formato de placa. FIGURA 6 – Fôrmas dos corpos de prova (CP´s) Fonte: AUTORES (2021) 34 Todas as fôrmas usadas no experimento foram tratadas com produto antiaderente (desmoldante), minutos antes da confecção dos corpos de prova. 3.2 MOLDAGEM E CURA DOS CORPOS DE PROVA Em de 14 abril de 2021, no canteiro de obras da JLM Comércio e construção Ltda, foram confeccionados corpos de prova num intervalo de 1h30min, sendo iniciado o primeiro traço exatamente às 15h30min, terminando a confecção do último corpo de prova exatamente às 17h00min. O traço escolhido [1:2:2,5] foi o número 3 (três) de CALDAS BRANCO (1967), em volume se descreve como 1 (uma) parte de cimento, 2 (duas) partes de areia, 2 (duas) partes e meia de brita nº 1, e 1 (uma) parte e meia de água. O fator água/cimento (A/C) ideal de 0,55 litros de água por Kg de cimento, ainda segundo CALDAS BRANCO (1967). Foram executados 4(quatro) traços dosados exatamente iguais. No primeiro traço foram produzidos os corpos de prova “sem adição” de fibras. No total, 5 (cinco) corpos de prova cilíndricos, 1 (um) corpos de prova prismáticos, e, por fim, 1 (um) corpo de prova no formato de placa foram feitos. No segundo traço foram produzidos os corpos de prova “com adição” de microfibras de polipropileno monofilamento. No total, 5 (cinco) corpos de prova cilíndricos. Neste segundo traço deu-se a adição das microfibras sintéticas de polipropileno monofilamento. Segundo os fabricantes deste tipo de fibra, as dosagens minimas são de 600g de fibra por metro cúbico de concreto produzido (FibroMac 12, 2021). Para seguir um conceito que atendesse ao mesmo tempo tanto a parte econômica, não permitindo a elevação dos custos do metro cúbico do concreto em mais de 30 (trinta) por cento, quanto ao aspecto técnico, optou-se inicialmente pela dosagem de 600g por metro cúbico de concreto pronto. Como o volume teórico alcançado na dosagem do traço nº 3 (três) de CALDAS BRANCO (1967) fica em 133,2 (cento e trinta e três vírgula dois) litros de concreto, o cálculo apontou a dosagem de 79,92 (setentae nove, noventa e duas) gramas de fibras. Em resumo, ao segundo traço, responsável pela produção dos corpos de prova reforçados por fibra, foi misturado junto ao agregado graúdo, já umedecido, aproximadamente 79,92 (setenta 35 e nove, noventa e duas) gramas de fibras, com uma margem de erro de, 1,6 (um,seis) gramas(2%) para mais ou para menos. No terceiro traço foram produzidos os corpos de prova “com adição” de microfibras de polipropileno monofilamento. No total, 5 (cinco) corpos de prova cilíndricos. Neste terceiro traço deu-se a adição das microfibras sintéticas de polipropileno monofilamento, optou-se pela dosagem comparativa de 1200g por metro cúbico de concreto pronto. Como o volume teórico alcançado na dosagem do traço nº 3 (três) de CALDAS BRANCO (1967) fica em 133,2 (cento e trinta e três vírgula dois) litros de concreto, o cálculo apontou a dosagem de 159,84g (cento e cinquenta e nove, oitenta e quadro) gramas de fibras. Em resumo, ao segundo traço, responsável pela produção dos corpos de prova reforçados por fibra, foi misturado junto ao agregado graúdo, já umedecido, aproximadamente 159,84g (cento e cinquenta e nove, oitenta e quadro) gramas de fibras, com uma margem de erro de 3,2 (tres, dois) gramas (2%), para mais ou para menos. No quarto traço foram produzidos os corpos de prova “com adição” de microfibras de polipropileno monofilamento. 5 (cinco) corpos de prova cilíndricos, 1 (um) corpos de prova prismáticos, e, por fim, 1 (um) corpo de prova no formato de placa foram feitos. Neste quarto traço deu-se a adição das microfibras sintéticas de polipropileno monofilamento, optou-se pela dosagem comparativa de 1800g por metro cúbico de concreto pronto. Como o volume teórico alcançado na dosagem do traço nº 3 (três) de CALDAS BRANCO (1967) fica em 133,2 (cento e trinta e três vírgula dois) litros de concreto, o cálculo apontou a dosagem de 239,76 (duzentos e trinta e nove, s]etenta se seis) gramas de fibras. Em resumo, ao segundo traço, responsável pela produção dos corpos de prova reforçados por fibra, foi misturado junto ao agregado graúdo, já umedecido, aproximadamente 239,76 (duzentos e trinta e nove, s]etenta se seis) gramas de fibras, com uma margem de erro de 4,8 (quatro, oito) gramas (2%), para mais ou para menos. 36 FIGURA 7 – preparação dos corpos de prova (CP´s) Fonte: AUTORES (2021) Ainda segundo o fabricante, cada 1Kg de fibras contém cerca de 360 milhoes de unidades da mesma. Neste caso, fazendo-se uso da proporcionalidade, cada tipo de corpo de prova, moldados para esta pesquisa, possuem as quantidades de fibras mostradas na tabela 1. TABELA 1 – Quantidades aproximadas de fibras por corpo de prova CORPOS DE PROVA COM FIBRAS Quantidades em unidades (aproximadamente) Cilíndrico com 600g/m3 339.292 unidades Cilíndrico com 1200g/m³ 678.584 unidades Cilíndrico com 1800g/m³ 1.017.876 unidades Prismático com 1800g/m3 24.300.00 unidades Placa com 1800g/m3 8.100.000 unidades Fonte: AUTORES (2021) Todo o procedimento de moldagem dos corpos de prova cilíndricos e prismáticos foi rigorosamente balizado pela NBR 5738: 2015, sendo sua cura feita no local da obra onde foram confeccionados, para reproduzir os efeitos de cura em uma estrutura real, com as mesmas características de proteção climática a qual a mesma está sujeita, no caso, no canteiro de obras da JLM Comércio e construção Ltda, sito em Cabo Frio, de acordo com o item 8.3 da referida norma técnica. Já os corpos de prova em forma de placas, apesar de não serem objetos de nenhuma norma em vigor, seguiram os mesmos preceitos da normalização que balizou a produção dos cilíndricos e prismáticos. 37 FIGURA 8 – Produção dos corpos de prova Fonte: AUTORES (2021) FIGURA 9 – corpos de prova Fonte: AUTORES (2021) 38 4 OBSERVAÇÕES E ENSAIOS EM LABORATÓRIO 4.1 NORMAS E METODOLOGIAS Para os ensaios em laboratório, foi observado o que preceitua a NBR 5739:2007 (Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos) para a determinação da resistência à compressão. A metodologia desenvolvida neste trabalho consistiu no ensaio de um corpo de prova sem adição de fibras em conjunto com o ensaio de outro corpo de prova de mesmas dimensões, características de dosagem e idade de cura, sendo este último acrescido de microfibras de polipropileno monofilamento, gerando desta forma um parâmetro comparativo entre ambos. Tais ensaios foram rigorosamente executados seguindo as tabelas 1, 2. FIGURA 10 – Ensaio de corpo de prova cilíndrico Fonte: AUTORES (2021) 39 FIGURA 11 – Ensaio de corpo de prova prismático Fonte: AUTORES (2021) TABELA 2 – Datas dos ensaios de compressão ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS - NBR 5739:2007 Corpos de prova produzidos no primeiro ao quarto traço Data de moldagem dos Corpos de Prova: 14 de abril de 2021 DATA DO ENSAIO IDADE DE CURA TIPO E QUANTIDADE DE CP 21/04/2021 07 DIAS SEM FIBRAS (1 UNID) COM FIBRAS - 600g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1200g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1800g/m3(1 UNID) 28/04/2021 14 DIAS SEM FIBRAS (1 UNID) COM FIBRAS - 600g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1200g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1800g/m3(1 UNID) 06/05/2021 21 DIAS SEM FIBRAS (1 UNID) COM FIBRAS - 600g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1200g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1800g/m3(1 UNID) 13/05/2021 28 DIAS SEM FIBRAS (2 UNID) COM FIBRAS - 600g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1200g/m3(1 UNID) COM FIBRAS - 1800g/m3(2UNID) Fonte: AUTORES (2021) 40 Em relação aos CP’s em forma de placa, nas dimensões de 5cm x 50cm x 50cm, estes não sofreram qualquer tipo de ensaio ou foram expostos a esforços ou forças externas. A produção deste tipo de corpo de prova surgiu da necessidade de se observar o aparecimento ou não de fissuras de retração, bem como seu desenvolvimento. A metodologia desenvolvida especificamente para este último, consiste na demarcação das fissuras ou suas propagações, no intervalo de cura que é exposto na tabela 2. Como o objetivo foi somente observar, sem necessidade da destruição dos mesmos, foi produzida somente uma unidade de cada tipo, uma sem fibra e outra com fibra na dosagem de 1800g por m3 de concreto. 4.2 CÁLCULOS E RESULTADOS 4.2.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO É importante observar que a máquina de ensaio utilizada (Prensa Hidráulica – Modelo Pavitest) expõe seus valores em tonelada-força (Tf), sendo necessária sua transformação em Newtons (F), através da fórmula F = Tf x 9.810. A NBR 5739:2007, em seu item 6.1, determina a seguinte fórmula para o cálculo da resistência à compressão: Após todos os ensaios dos corpos de prova em formato cilíndrico, com diâmetros de 10cm (100mm) e comprimento de 20cm (200mm), foram obtidos os resultados descritos na tabela 3. fc = 4.F / π.D2 (1) Onde: fc = Resistência à compressão, em megapascal F = Força máxima alcançada, em Newtons (pico) D = Diâmetro do corpo de prova, em milímetros 41 TABELA 3 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos CP´s cilíndricos ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS (Diâmetro 100mm) - NBR 5739:2007 1) Produzido em 14/04/2021 2) F = Tf x 9810 2) fc = 4F / πD2 DATA DO IDADE QUANTIDADE PICO EM TON. PICO EM RES. À COMPRESSÃO EM ENSAIO DE CURA DE FIBRAS FORÇA (Tf) NEWTONS (F)3 MEGAPASCAL (fc)4 21/04/2021 07 DIAS 0g/m³ 8.34 81815.40 10.42 600g/m³ 5.80 56898.00 7.25 1200g/m³ 5.92 58075.20 7.40 1800g/m³ 5.04 49442.40 6.30 28/04/2021 14 DIAS 0g/m³ 9.83 96432.30 12.28 600g/m³ 8.39 82305.90 10.48 1200g/m³ 7.63 74,850.3 9.54 1800g/m³ 5.95 58369.50 7.44 06/05/2021 21 DIAS 0g/m³ 11.90 116739.00 14.87600g/m³ 9.56 93783.60 11.95 1200g/m³ 8.15 79951.50 10.18 1800g/m³ 6.64 65138.40 8.30 13/05/2021 28 DIAS 0g/m³ 11.36 111441.60 14.26 600g/m³ 8.39 82305.90 10.48 1200g/m³ 9.15 89761.50 11.44 1800g/m³ 6.93 67983.30 8.66 Fonte: AUTORES (2021) TABELA 4 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos CP´s prismaticos ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA PRISMÁTICAS (15cm x 15cm x 50cm) NBR 5739:2007 1) Produzido em 14/04/2021 2) F = Tf x 9810 2) fc = 4F / πD2 DATA DO IDADE QUANTIDADE PICO EM TON. PICO EM RES. À COMPRESSÃO EM ENSAIO DE CURA DE FIBRAS FORÇA (Tf) NEWTONS (F)3 MEGAPASCAL (fc)4 13/05/2021 28 DIAS 0g/m³ 36.13 354435.30 45.15 1800g/m³ 38.87 381314.70 48.58 Fonte: AUTORES (2021) 4.3 OBSERVAÇÃO DAS FISSURAS E SUAS PROGRESSÕES O aparecimento de fissuras por retração foi observado, demarcado e medido primeiro com 7 (sete) e depois com 28 (vinte e oito) dias de idade de cura, em cada uma das placas com as dimensões de 5cm x 50cm x 50cm, sendo uma placa sem 42 qualquer tipo de fibra e outra produzida com a adição de microfibras sintéticas de polipropileno monofilamento na dosagem de 1 800g por m³ de concreto. FIGURA 12 – Fissuras na placa sem fibras (28 dias) Fonte: AUTORES (2021) 4.4 GRÁFICO E SUAS ANÁLISES Importante destacar que todos os gráficos comparativos e análises foram feitos utilizando-se sempre os resultados alcançados entre corpos de prova de produção, cura e dosagens idênticas, tendo entre eles como único diferencial a existência ou não de microfibras sintéticas de polipropileno monofilamento e sua dosagem. Por esta razão se torna desnecessária a discussão em torno da composição do traço escolhido para o concreto que foi usado para a produção das peças de ensaio, uma vez que todos os corpos de prova, produzidos no dia 14 de abril de 2021, utilizaram rigorosamente o mesmo traço e quantidades de cimento Portland, pedra britada nº 1, areia lavada grossa e água. 4.4.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO Para compreensão dos resultados obtidos nos ensaios de compressão dos corpos de prova cilíndricos, foi construída a tabela de número 6 com o resumo dos mesmos. Mais adiante, os valores obtidos foram traduzidos no gráfico 1, onde através do desenho de linhas se obtém uma clara visão da evolução de cada um dos cinco tipos de corpos de prova (sem fibra, com 600g de fibra por m3 de concreto, com 1200g de fibra por m3 de concreto e com 1800g de fibra por m3 de concreto) em relação as idades de cura. Importante destacar que na última idade de cura (28 dias) foram 43 executados 2 (dois) ensaios e calculada a média aritmética dos mesmos, obtendo deste modo um valor mais exato na idade de cura final. TABELA 5 – Resumo dos resultados dos ensaios de compressão dos CP´s cilíndricos RESUMO DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DOS CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS NBR 5739:2007 TIPOS DE IDADE DE CURA CORPOS DE PROVA 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias 28 dias Média 28 dias SEM FIBRAS 10.42 12.28 14.87 13.97 14.42 14.20 COM FIBRAS DOSAGEM 600g/m3 7.25 10.48 11.95 9.52 11.43 10.48 COM FIBRAS DOSAGEM 1200g/m³ 7.4 9.54 10.18 11.92 10.95 11.44 COM FIBRAS DOSAGEM 1800g/m3 6.3 7.44 8.3 8.95 8.36 8.66 Fonte: AUTORES (2021) GRÁFICO 1 – Resultados das resistências à compressão dos CP’s cilíndricos Fonte: AUTORES (2021) Analisando os dados obtidos por idade de cura no gráfico 1, observa-se que já na primeira idade (7 dias) as resistências iniciais dos quatro tipos de corpos de prova (CP’s) monstra uma significativa diferença, com uma reduçao média de 32,98% em referencia ao CP sem fibra, ficando o CP sem fibra com maior resistência à compressão do que os tres CP’s que continham fibra. Na segunda idade, 14 (quatorze) dias de cura, os valores ficaram um pouco mais próximos, continuando o CP sem fibra com a maior resistência entre todos, com uma reduçao média de 25,46% em 0 2 4 6 8 10 12 14 16 1 2 3 4 Resultado dos Ensaios de Compressão Corpos de Prova Cilíndricos SEM FIBRAS COM FIBRAS DOSAGEM 600g/m3 COM FIBRAS DOSAGEM 1200g/m³ COM FIBRAS DOSAGEM 1800g/m3 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias 44 referencia ao CP sem fibra. Na terceira idade, 21 (vinte e um) dias de cura, os valores ficaram mais visiveis, mantendo CP sem fibra com a maior resistência entre todos, com uma reduçao média de 31,78% em referencia ao CP sem fibra. Passando a analisar a última idade de cura (28 dias), é possível se observar grande diferença entre os corpos de prova, contudo o CP sem fibras permanece com o melhor desempenho (14,20MPa) para o tipo de ensaio (resistência à compressão). Em resumo, nota-se que os corpos de prova com fibras na dosagem de 600g/m3 permaneceram, em todas as idades anteriores, com desempenho melhor do que aquele com dosagem de 1200g/m3 e 1800g/m³, praticamente mantendo-se uma reduçao média de 29,61% com relaçao ao CP sem fibras em idade final (28 dias), no entanto, nenhum destes tres tipos de CP’s com adição de fibras alcançaram o desempenho final daquele sem fibras. Por fim, o CP sem fibras finaliza os ensaios com um desempenho cerca de 41,21 % (trinta por cento) maior do que ambos os CP’s com microfibras de polipropileno monofilamento. 45 5 – CONCLUSÃO Durante a realização deste trabalho, foi possível constatar mudanças no comportamento dos corpos de prova com adição de microfibras de polipropileno monofilamento, em relação a aqueles sem fibras. A respeito da resistência mecânica a compressão, as alterações observadas em relação à adição de fibras, em todas as dosagens, não representaram ganhos que valham a pena considerar. Em certos momentos, os corpos de prova sem adição de fibras se mostraram até mesmo mais resistentes do que aqueles com fibras. Vale ressaltar a observação de um certo aspecto ocorrido em todos os ensaios realizados com os CP’s que continham fibras, em todas as dosagens, sempre que os corpos de prova reforçados com fibras alcançavam seu pico de resistência, eles ainda continuavam coesos e não rompiam de forma abrupta e total (Figura 09), já o que foi observado em todos os ensaios com CP’s prismáticos sem fibra, mostrou que os mesmos se rompem totalmente e de forma repentina no ensaio de compressao (Figura 10). Este fato põe em destaque o uso das microfibras de polipropileno monofilamento com propósitos de segurança, mantendo a peça estrutural, após o seu colapso de resistência, ainda em certo grau de preservação, sugerindo que, mesmo após a perda de suas qualidades estruturais, para os fins para os quais a peça foi projetada, ainda assim permanecerá preservada por algum tempo, propiciando a chance de se efetuar intervenções na estrutura, ou, até mesmo, de se salvar vidas. FIGURA 13 – CP com fibras ainda coeso após o rompimento Fonte: AUTORES (2021) 46 FIGURA 14 – CP sem fibras totalmente seccionado após o rompimento Fonte: AUTORES (2021) Ainda em função da análise do ganho de resistência, fato este que não ocorreu de forma a representar resultados medianamente positivos, é temerário afirmar que o uso de microfibras de polipropileno monofilamento propicia a redução da utilização de armadura de aço, nem que seus benefícios sejam tamanhos que venham a produzir peças de concreto de alta resistência estrutural, fato este amplamente comprovado pelos ensaios, que produziram os dados que este trabalho se encarregou de vislumbrar e pormenorizar. Mudando o campo de análise para o de controle de fissuras, os dados que esta pesquisa coletou neste aspecto, já mostram um ganho real. As observações comprovaram que as fissuras iniciais de retração, que muito embora continuem a aparecer, foram bem diminuídas na peça que recebeu em sua composição as microfibras.Por fim, os resultados provam de forma definitiva que as fibras sintéticas, que foram alvo deste estudo, não devem ser usadas com a intenção de ganho estrutural, mas demonstram seus benefícios no incremento de soluções que visam o aumento da segurança para peças estruturais que solicitem tal item. Já se a intenção do projeto for obter uma inibição parcial e um controle de propagação de fissuras como resultado final, as microfibras de polipropileno monofilamento se apresentam como atuantes na 47 melhoria final e, consequentemente, com incremento de qualidade às peças produzidas. 48 ANEXO A
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