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Prévia do material em texto

© Dejan Gráfica e Editora - 2019
PRODUÇÃO GRÁFICA
Dejan Gráfica e Editora
CAPA/PROJETO GRÁFICO
Sanzio Mendonça Henriques
CORREÇÃO DE PORTUGUÊS
Maria das Graças Gonçalves Pinho
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do editor.
NOTA AO LEITOR 
A comissão Organizadora avaliou o mérito e relevância acadêmica dos trabalhos, sendo a correção orto-
gráfica e gramatical de inteira responsabilidade dos autores.
Dejan Gráfica e Editora
Avenida Cula Mangabeira, 103 -Lj 02
Centro - Montes Claros/MG - CEP: 39401-001
Catalogação na fonte: Angélica Renata de Castro – CRB6/2746 Bibliotecária Documentalista
M489 
 Medicina ambulatorial VI: com ênfase em medicina do trabalho / organizadores 
Tatiliana Bacelar Kashiwabara, et al. - Montes Claros: Dejan Gráfica e Editora , 2019.
 462 p. ; 14 x 21 cm.
 Vários organizadores
 ISBN: 978-86-62090-19-6
 1. Clínica médica – Atenção primária. 2. Medicina do trabalho. I. Kashiwabara, 
Tatiliana Bacelar. II. Título.
 CDD 616.07
Organizadores:
Tatiliana Bacelar Kashiwabara 
Lamara Laguardia Valente Rocha
Letícia Guimarães Carvalho de Souza Lima
Ester Viana Carvalho
Nelson Barros
Ysadora Mayume Bacelar Kashiwabara
 Yutaka Bacelar Kashiwabara
Yoriko Bacelar Kashiwabara
Ludmila Messias Rocha Kashiwabara
5
APRESENTAÇÃO
Em primeiro lugar, uma palavra a enaltecer os autores, estu-dantes e professores, por este excelente trabalho de divul-gação de ciência e conhecimento, em particular num tema tão relevante quanto o da saúde ocupacional e da medicina 
do trabalho. 
O impacto dos determinantes ambientais associados à atividade la-
boral na saúde do trabalhador pode ser particularmente grave, quan-
do não se promovem condições capazes de garantir níveis mínimos 
de prevenção da doença e acidentes no local de trabalho. 
Quando a prevenção falha, o diagnóstico é fundamental, não só na 
procura da solução que minimize o sofrimento ou a incapacidade 
do trabalhador afetado, como também na identificação do determi-
nante ambiental ou comportamental responsável pela situação, o que 
torna o papel da medicina do trabalho crucial neste contexto. 
A saúde ambiental desempenha, enquanto área científica responsá-
vel pela pesquisa da influência dos determinantes ambientais na saú-
de humana, um papel fundamental na área da saúde ocupacional e 
da medicina do trabalho. 
É com muita honra que faço apresentação da 6º Edição do livro Me-
dicina Ambulatorial com ênfase em medicina do trabalho onde, de 
forma prática, mas bem direcionada e aprofundada, são tocados di-
versos temas importantes para a saúde e risco ocupacional, desde a 
legislação aplicável, até à prevenção, passando pelos análise e apre-
sentação de estudos de revisão de algumas patologias relevantes na 
área da saúde ocupacional.
Nelson Barros, PhD, MSc
Professor Associado da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Fernando Pessoa 
(UFP), Porto - Portugal - Coordenador do Programa de Doutoramento em Ecologia e Saúde Am-
biental Membro da equipe de coordenação da Licenciatura em Gestão da Qualidade, Ambiente e 
Segurança Membro do FP ENAS - Unidade de Investigação UFP em Energia, Ambiente e Saúde 
Ambiental - Coordenador do Grupo de Investigação 3ERL
7
PREFÁCIO
Medicina Ambulatorial VI, com ênfase em medicina do trabalho (6ª edição), é, além do mais, um manual di-dático de ensino e de aprendizagem sobre patogenias provocadas ou associadas ao trabalho humano, na 
forma como o conhecemos, após a revolução industrial, iniciada 
no séc. XVIII e fortemente acelerada pelo desenvolvimento das tec-
nologias da produção, da logística e distribuição, dos transportes e 
comunicações. 
Obra importante, por isso, para docentes e estudantes de medicina e 
ainda para especialistas do que também se designa por saúde ocupa-
cional e riscos laborais, dado se assumir, desde o primeiro dos seus 
trinta e cinco capítulos, como uma espécie de tratado etiológico das 
várias patologias causadas pelo trabalho e como um compêndio de 
prevenção, de terapêutica e de ajudas técnicas de protecção indi-
vidual. É, do mesmo modo, um livro que estimula o leitor atento 
como eu, que não sou profissional de saúde, a partir dele para uma 
reflexão panorâmica da história da civilização humana, marcada, 
desde os seus primórdios, pela relação pragmática e inteligente que 
as criaturas da nossa ancestralidade comum, sucedâneas do pri-
mata australopiteco instintivo, passaram a ter com a Natureza, sua 
Mãe, para a satisfação das necessidades básicas: alimentação ade-
quada à mastigação e deglutição baseada numa articulação tempo-
ro-mandibular diferente da ruminação precedente; defesa das cria-
8
turas animais, movidas pelo instinto, ainda não domesticadas para 
o convívio com os humanos; novas formas de habitação, exigidas 
pela mudança do habitat e de adaptação climatológica duma nova 
morfologia corporal.
É a satisfação dessas necessidades de sobrevivência, nascidas do 
processo de evolução desta nova espécie, dita humana, miticamente 
expulsa do paraíso e obrigada a ganhar o pão com o suor do rosto, 
que lhe aguça o engenho (in-genium, étimo latino, onde se filia ori-
ginalmente o gênio ou a genica ou a força interior ou o (en)ergon (na 
sua primitiva aceção filosófica, antes de se transformar no séc.XIX, 
em categorema da Física), como lhe chamavam os gregos, propul-
sionador da imaginação criadora e do talento transformador do 
caos em logos, dos elementos geológicos do seu habitat em objetos 
úteis, em utensílios de fazer ou em comodidades de lazer). Perdura 
até hoje na língua portuguesa esse iniciático axioma de que é a ne-
cessidade que aguça o engenho, como origem do trabalho. 
A gênese do trabalho é, verdadeiramente, o incipit das civilizações, 
na sua diversidade geográfica e cultural, estando a história dessas 
civilizações vinculada à evolução filosófica, política, tecnológica e 
económica do trabalho ou, se quisermos, da transformação do tem-
po abstrato em tempo mensurável e do espaço em territórios hu-
manos, que, gentílicos, primeiro, clânicos e tribais, depois, antes de 
ganharem uma dimensão espiritual e antropológica de comunida-
de, cujo sentimento de pertença à terra, de terroir, de telurismo, foi 
sendo degradado pela industrialização do mundo , se transforma-
ram em sociedade como espaço outro de relacionamento pessoal e 
de relações laborais. 
Os camponeses, artesãos e mestres de ofícios vão dar lugar aos tra-
balhadores, categoria sociológica determinante para a economia in-
dustrial e para a evolução doutrinária e funcional do Estado. Não 
é este, porém, o momento nem o espaço para dissertar sobre essa 
9
evolução, louvo-me, por isso, e aconselho também a leitura da obra 
de Georges Lefranc, um ensaísta francês, que escreveu, em 1970, a 
Histoire du travail et des travailleurs, publicada em tradução portu-
guesa, em 1988.
Foi justamente em Lefranc que aprendi que a primeira notícia que 
se tem da causalidade negativa do trabalho sobre a saúde remon-
ta ao antigo Império do Egito e apareceu num escrito intitulado 
Sátira das profissões, datado de mais de vinte séculos antes da era 
cristã. Entretanto, foi preciso esperar até ao séc. XVI, em pleno de-
senvolvimento da indústria extrativa de mineração, para se conhe-
cer uma descrição das doenças e acidentes mais frequentes entre 
os trabalhadores das minas e uma formulação da sua prevenção. 
Como referencia Carlos da Silva Santos, especialista em medicina 
do trabalho, coube ao médico da cidade mineira de Joachimsthal, 
na Bohémia, de seu nome Georgius Agricola, fazer essa descrição 
e sugestões preventivas, em 12 volumes de uma obra intitulada Re 
Metallica, contemporânea da primeira monografia sobre doenças 
profissionais, nomeadamente a sillicosis, de mineiros e de fundido-
res de metais, publicada, em 1567, pelo seu colega, suíço-alemão, 
Philippus Aureolus von Hoenheim, que adotou o pseudónimo Para-
celsus, por que ficou conhecido nahistória da medicina ocidental e 
da farmacologia e toxicologia, a que se dedicou com competência ao 
mesmo tempo que militava na Fraternidade Rosacruz e se entregava 
a práticas esotéricas e homeopáticas.
O pioneirismo dessas descrições permitiu ao italiano Bernardino 
Ramazini, médico e professor de medicina na Universidade de Pá-
dua, publicar em 1700 o livro De Morbis Artificum Diatriba, onde 
apresenta o primeiro estudo sistemático das doenças profissionais 
de então com propostas para alteração das condições do trabalho. 
Estudos igualmente importantes, e mesmo decisivos, para a cons-
trução e o aprofundamento da disciplina de medicina do trabalho, 
foram os dos médicos ingleses, Percival Pott, fundador da ortopedia 
10
e o primeiro a vincular o câncer a carcinógenos do meio ambiente, 
como nos casos por ele estudados dos limpa-chaminés de Londres, 
que desenvolviam câncer do escroto; e Thomas Percival, renovador 
dos estudos de medicina, autor do primeiro código moderno de éti-
ca médica e dum estudo da epidemia do tifo nas fábricas têxteis de 
Manchester. Este mesmo público-alvo, mas na França, foi objeto do 
estudo do médico e epidemiologista francês, Louis René Villermé, 
sobre o estado físico e moral dos operários.
Os estudos de campo de Thomas Percival, chamando a atenção para 
a “condição operária”, e a consciência social de patrões filantropos, 
como Robert Owen, de industriais, como Robert Peel, de filósofos, 
escritores e políticos liberais, levaram o Parlamento inglês, como 
anota Carlos da Silva Santos, a aprovar a primeira legislação laboral 
– a Lei da Moral e dos Aprendizes, de 1802 - relacionada com a saúde 
dos trabalhadores. A medicina do trabalho conquistava, em defini-
tivo, o seu terreno, e, a partir do séc. XIX até à actualidade, ganhou 
a notoriedade que lhe é devida, essencial para um desenvolvimento 
económico e social sustentável, suportado num trabalho mais justo, 
mais seguro, mais dignificante, seja ainda muito braçal seja automa-
tizado e digital, e portanto mais intelectual, como passou a ocorrer, 
a partir do último quartel do séc. XX até aos nossos dias.
A evolução das condições e dos meios tecnológicos da evolução 
do trabalho e das economias dele resultantes diversificou e gerou, 
como é óbvio, novas patologias laborais, designadamente do foro 
mental, como, com antecipação, preconizou Christophe Dejours, 
especialista francês em medicina do trabalho e também psiquiatra e 
psicanalista, conhecido como o pai da “psicodinâmica do trabalho”, 
conceito que desenvolveu na sua obra Travail, usure mentale – De 
la psychopathologie à la psychodynamique du travail, publicada em 
1980. Estávamos ainda bastante longe, e daí o pioneirismo de De-
jours, da catalogação daquela que é hoje, a nível mundial, uma das 
patologias do trabalho mais preocupantes, qualquer que seja o ân-
11
gulo de abordagem, político, económico e social, em que a conside-
remos – a patologia também referenciada pela equipe organizadora 
desta obra sobre medicina do trabalho, encabeçada pela médica e 
Professora Tatiliana Bacelar Kashiwabara, pós-doutorada pela nos-
sa universidade, e da qual faz parte também o Professor Nelson 
Barros, coordenador do doutorado em Ecologia e Saúde Ambiental 
da Universidade Fernando Pessoa. Refiro-me à patologia que, na 
Europa, designamos de Burn-out e que nesta obra colectiva, que me 
deram a honra de prefaciar, surge identificada como Bour-out.
O trabalho tem de perder definitivamente o anátema bíblico de pu-
nição divina pelo desvio comportamental humano que, metafori-
camente, expulsou a humanidade do mítico Jardim do Éden, con-
denando-a ao sofrimento feito de suor, sangue e lágrimas, anátema 
que ficou inscrito na etimologia latina que “justificou” por séculos 
a escravatura, a servidão e a vilania daqueles que o escritor romano, 
Terêncio Plauto, na sua obra Asinaria, vituperou na sentença “lupus 
esta homo homini lupus” (o homem é o lobo do próprio homem), 
popularizada pelo político e filósofo inglês seiscentista, Thomas 
Hobbes. É pelo trabalho que o homem se dignifica e engrandece 
a sua condição humana, porque é ele o fermento que faz levedar e 
crescer a economia. Sem este fermento, que a ciência e o conheci-
mento mais qualificam e potenciam, o capital é incapaz de gerar per 
se o desenvolvimento e a riqueza das sociedades. Urge, por isso, que 
o capital se assuma como um meio para a redução das assimetrias 
sociais e não para as agravar, remunerando com justiça o trabalho 
que o faz medrar, contribuindo, desse modo, para a preservação da 
segurança social e da saúde física e mental de toda a sociedade e 
para a prevenção das patogenias provocadas por um mau relaciona-
mento individual dos trabalhadores com o trabalho.
Os beneficiários , acadêmicos, docentes, profissionais da medicina 
do trabalho e da saúde ocupacional e gerenciadores do capital hu-
mano das empresas e das organizações, apreciarão seguramente a 
12
qualidade desta obra, que é também um compêndio de acuidade 
clínica, preventiva e terapêutica, alicerçado nas competências dos 
vários autores, que para ela concorreram, abonadas em bibliografia 
adrede seleccionada e de evidente actualidade. 
Estou certo de que a leitura, o estudo e o uso da obra confirmarão o 
proveito que eu dela tirei, situando-a no excurso histórico que este 
prefácio me permitiu fazer, para sublinhar o papel insubstituível da 
medicina do trabalho para a saúde das sociedades democráticas e 
para louvar aqueles profissionais que a ela se dedicam, neste caso, 
no Brasil.
Porto (Portugal), 26 de outubro de 2019.
Salvato Trigo 
Reitor da Universidade Fernando Pessoa
13
DEDICATÓRIA
Dedico este livro a todos os autores e organizadores desta obra. Foi 
uma grande honra contar com vocês na elaboração, pois é o fruto do 
nosso desejo de utilizar o conhecimento científico para melhorar a 
vida dos nossos trabalhadores.
Tatiliana Bacelar kashiwabara
Professora titular de pediatria da faculdade de medicina de Ipatinga; Doutora em gestão pela 
UTAD; Doutora em administração pela UFRJ; Pós doutorado pela UFP - Porto Portugal.
14
15
Sumário
APRESENTAÇÃO ..............................................................................................5
PREFÁCIO ...........................................................................................................7
DEDICATÓRIA.................................................................................................13
1. Acidente de Trabalho................................................................................ 17
2. Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças
Ocupacionais .............................................................................................29
3. Atividade Física e sua Relação com a Resposta Imunológica .............43
4. Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do
Trabalhador ................................................................................................ 51
5. CIPA-Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ...........................65
6. Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção .....................77
7. Cromo e Cobre: Ações no Organismo Humano .................................. 91
8. Dermatite de Contato por Agentes Químicos ......................................99
9. Dermatite de Contato por Resinas .......................................................107
10. Dermatoses Alérgicas Provocadas pela Borracha e seus
Componentes ...................................................................................123
11. Dermatoses Ocupacionais por Compostos de Cromo ...................... 131
12. Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo ...................... 141
13. Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento ............................................153
14. Discromias Ocupacionais ......................................................................163
15. Doenças Ocupacionais I .........................................................................17916
16. Doenças Ocupacionais II ....................................................................... 191
17. Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional ...................207
18. Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato ......221
19. História das Doenças Ocupacionais ....................................................237
20. Medidas Preventivas Contra Acidentes ...............................................251
21. Níquel e suas Ações Sobre o Corpo Humano .....................................261
22. Noções Básicas de Prevenção e Combate a Incêndio ........................271
23. Pneumoconiose por Cromo ..................................................................287
24. Preservação do Meio Ambiente do Trabalho .....................................295
25. Primeiros Socorros .................................................................................309
26. Responsabilidade Ambiental .................................................................327
27. Riscos Ambientais No Trabalho ...........................................................343
28. Riscos Ocupacionais I ............................................................................355
29. Riscos Ocupacionais II ...........................................................................365
30. Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida no Trabalho ......................377
31. Trabalho em Altura ................................................................................ 391
32. Transporte de Vítimas ............................................................................409
33. Utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva I .........................427
34. Utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva (Epc’s) II ...........443
35. Utilização dos Equipamentos de Proteção Individual ......................447
Acidente de Trabalho
17
Capítulo 1
Acidente de Trabalho
Guilherme Bragança Pereira do Carmo1
Ludmila Albeny Mota Perdigão¹
Marília Gabriela Silva Paiva¹
Pedro Hernesto Vieira Coelho Nogueira Morais¹
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
No Brasil, o conceito de acidente de trabalho é definido na lei geral da previdência da seguinte maneira:“Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exer-cício do trabalho a serviço a empresa ou pelo 
exercício do trabalho dos segurados referidos 
no inciso VIII do artigo 11 desta lei provocan-
do lesão corporal ou perturbação funcional 
que cause a morte ou a perda ou redução, per-
manente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho” (BRASIL, 1991).
A ocorrência dos acidentes de trabalho está associada a vários fatores, 
tais como: baixa escolaridade, desqualificação da mão de obra e falta 
de treinamento específico, ou relacionados ao ambiente de trabalho. 
Segundo a NBR 14280 da Associação Brasileira de Normas Técnicas 
1 Acadêmicos do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga – MG
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.-
Medicina Ambulatorial VI
18
(ABNT), os acidentes são ocasionados pelos seguintes fatores: 
1) Fator pessoal de insegurança: causa associada à conduta pessoal 
do trabalhador/operário, que pode favorecer a ocorrência do aci-
dente, ou a atitudes consideradas inseguras. Pode-se associar esse 
fator à carência de conhecimento sobre os riscos existentes, falta 
de experiência ou especialização na execução das tarefas, cansaço 
extremo, consumo de bebidas alcoólicas ou entorpecentes.
2) Ato inseguro: ação ou omissão que, contrariando o regulamento 
de segurança, pode ocasionar ou propiciar a ocorrência de aci-
dente. Figura como principal causa da maioria dos acidentes. 
Possíveis causas de tais atos: uso impróprio do Equipamento de 
Proteção Individual (EPI), uso de equipamentos e máquinas em 
sobrecarga, trabalhar ou operar em velocidade insegura.
3) Condição ambiente de insegurança: quando as condições do 
local propiciaram ou contribuíram para a ocorrência do aci-
dente. Incluem-se nesse item: aspectos que abrangem desde a 
qualidade do ar do lugar de trabalho até a infraestrutura, ma-
quinário, substâncias manipuladas e metodologia de trabalho 
empregada.
ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulga-
dos no ano de 2017 revelam que, em todo o mundo, 2,3 milhões de 
pessoas morrem e outras 300 milhões ficam feridas todos os anos 
em decorrência de acidentes de trabalho. Ao número total mundial 
de acidentes, o Brasil contribuiu no mesmo ano com 549.405 ocor-
rências, sendo 2.096 acidentes fatais, segundo dados do Anuário 
Estatístico de Acidentes de Trabalho 2017, publicado pelo Minis-
tério da Fazenda junto à Secretaria da Previdência e demais órgãos 
competentes. 
Acidente de Trabalho
19
Dentre as ocupações laborais brasileiras, que são para fins de estudo 
estatístico, agrupadas conforme a Classificação Nacional de Ativida-
de Econômica (CNAE), a que apresentou maior número de acidentes 
de trabalho foi a atividade de atendimento hospitalar, com total de 
53.524 ocorrências. Em seguida, estão comércio varejista de merca-
dorias, administração pública em geral, transporte rodoviário de car-
ga, atividades de correio, abates de suíno, aves e pequenos animais. 
Juntas, essas seis atividades representaram 23,2% do total de aciden-
tes de trabalho em 2017. 
Além das perdas pessoais do acidentado, de sua família e dependen-
tes, destaca-se também a relevância dos prejuízos econômicos para o 
serviço previdenciário e para empresa/empregador. Este último, com 
frequência, experimenta queda brusca na produtividade no momen-
to pós-acidente e durante o período de acomodação e assimilação 
da ocorrência, podendo inclusive ter sua imagem como corporação 
comprometida. Conforme dados divulgados pelo Ministério Públi-
co do Trabalho (MPT), entre os anos de 2012 e 2018 foram gastos 
no Brasil R$27,3 bilhões com acidentes de trabalho, sendo que neste 
mesmo período os trabalhadores perderam 318,4 mil dias de traba-
lho em razão desses acontecimentos. 
ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO
Em conformidade com a legislação previdenciária, o acidente de tra-
balho é o que decorre pelo exercício do trabalho a serviço da empre-
sa ou pelo desempenho do ofício dos segurados, ocasionando lesão 
corporal ou perturbação funcional que acarreta a morte, a perda ou 
redução definitiva ou temporária, da capacidade para a ocupação. 
Esta categoria de acidente de trabalho é chamada de acidente típico. 
É o tipo de acontecimento mais habitual. 
É categórica a afirmativa de que se deve ao máximo evitar que aci-
dentes de trabalho ocorram, mas quando vem à tona, sendo de alta 
Medicina Ambulatorial VI
20
ou de baixa gravidade, é importante que o mesmo seja acertadamente 
examinado com o objetivo de reconhecer as causas que o motivaram 
e, assim, possam ser adotadas a ações para evitar sua reincidência. 
Para uma completa análise do fato é de suma importância a com-
preensão e aplicação dos seguintes conceitos:
Agente causador: está diretamente ligado ao acidente, podendo ser 
agente biológico, agente físico, agente químico, agressão, choque 
elétrico, corpo estranho, embalagens e tanques, esforço físico, ferra-
mentas manuais, impacto contra pessoa ou objeto, incêndio, máqui-
nas e equipamentos, quedas, radiação ionizante, substâncias quentes 
ou frias, veículos de transporte, etc. 
Fonte da lesão: refere-se ao que entra em contato direto com o cor-
po humano, causando a lesão, por exemplo: alavanca, alicate, arco 
elétrico, energia elétrica, ácido, bicicleta, bomba, cerâmica, dentre 
diversos outros.
Natureza da lesão: não só por sua consequência na terapêutica, mas 
também devido a sua aplicação para fins estatísticos,no episódio de 
acidentes do trabalho, os danos mais regulares são dos seguintes tipos: 
Contusão - sucede de um trauma em qualquer local do organismo, 
sem que se tenha um rompimento da pele.
Entorse - ocorre de um uma mobilidade anormal ou brusca nas articu-
lações dos ossos. É a supressão momentânea da congruência articular.
Luxação - resulta do deslocamento dos ossos articulados de suas po-
sições normais quando os ligamentos de uma articulação óssea são 
submetidos a esforços excessivos.
Fratura - são danos que causam a ruptura óssea. É caracterizado por 
ser de natureza fechada, caso a pele permaneça intacta, ou aberta, se 
houver ruptura da pele e exposição do osso fraturado.
Acidente de Trabalho
21
Ao se investigar um acidente de trabalho, é essencial a análise de 
aspectos oportunos, como o fator pessoal de insegurança, uma mo-
dalidade em que se consideram aspectos subjetivos individuais, por 
assim dizer, as características psíquicas e, também, as qualidades 
físicas que possam ter exercido influência direta ou não materia-
lização do fato. Pode-se dar como exemplo: postura inadequada, 
nervosismo, excesso de confiança, desobediência às instruções e 
normas, incapacidade física. Outros quesitos a serem observados 
são destacados a seguir:
• Quando ocorreu?
• Onde ocorreu? (Ex. pátio, rampa de acesso, setor, endereço)
• O que estava sendo executado pelo trabalhador?
• Como se deu o desencadeamento do evento?
• Houve consequências? 
• Que fatores contribuíram, direta ou indiretamente, para o aci-
dente?
• Quantas horas de trabalho havia decorrido desde o início do ex-
pediente?
• Qual tempo de experiência do acidentado? 
DOENÇAS OCUPACIONAIS
Além do acidente típico, as enfermidades ocupacionais são compa-
radas ao acidente de trabalho. Essas doenças podem ser profissionais 
ou do ofício. O adoecimento profissional é aquele provocado pelo 
desempenho do trabalho e que é característico de determinado ofí-
cio, além de fazer parte de relação estruturada pelo Ministério do 
Trabalho e Previdência Social. 
Salienta-se que para a designação desse tipo de doença como aciden-
te, o mal que acometeu o segurado deve estar obrigatoriamente na 
lista elaborada pelo ministério competente. Em todo caso, a doença 
Medicina Ambulatorial VI
22
do trabalho é aquela contraída em função das circunstâncias espe-
ciais em que o trabalho é executado. Para ser assim classificada, a 
doença ou lesão deve ter relação direta com o trabalho.
ACIDENTE DE TRAJETO
Esse é o acidente sofrido pelo segurado mesmo que fora do ambiente 
e horário de trabalho, mas no trajeto do seu domicílio para o espaço 
de trabalho ou deste para aquele. Para tal classificação, não depende 
do meio de transporte utilizado e nem do trajeto percorrido, des-
de que não tenha havido modificações relevantes no itinerário para 
a execução de interesses meramente pessoais (acidentes de trajeto 
ou in intinere). Ressalta-se que seja qual for o meio de mobilidade, 
inclusivamente veículo de posse do segurado, o acidente ocorrido 
nessas circunstâncias se caracteriza como acidente de trajeto.
Caso algum funcionário sofra um acidente no trajeto para a empresa 
ou para casa, é indispensável emitir a Comunicação de Acidente do 
Trabalho (CAT) à Previdência Social. Caso ocorra a necessidade de 
ser afastado, enquanto se recupera, isso permite que o indivíduo pos-
sa usufruir dos benefícios a que tem direito. 
Todavia, isso não acarretaria, necessariamente, culpabilidade para a 
empresa. Em grande parte das situações, o acidente de percurso só se 
compara ao acidente de trabalho na questão previdenciária, pois, por 
lei, o tempo de locomoção não é levado em consideração na jornada 
de trabalho, conforme o artigo 58 da Consolidação das Leis Traba-
lhistas (CLT). O tempo regular do trabalho, para o empregado em 
qualquer atividade privada, não passará de oito horas diárias. 
O tempo gasto pelo colaborador no percurso entre sua casa e o posto 
de trabalho e na sua volta, caminhando ou por qualquer meio de 
transporte, mesmo que seja o fornecido pelo proprietário, não será 
contado na jornada de trabalho, por não ser um prazo a serviço do 
empregador.
Acidente de Trabalho
23
A empresa não é responsável, portanto, pela prevenção de acidentes 
durante esse percurso, pois o deslocamento não faz parte da jornada. 
Com isso, a formulação da CAT tem, apenas, teor previdenciário, 
sem ter relação com os valores que devem ser pagos pela empresa a 
partir do FAP. A falta da Comunicação, todavia, pode levar a multas 
de administração.
Exceção à regra ocorre se o empregador fornecer o meio de locomo-
ção para que o funcionário vá até o seu local de trabalho. Nesse caso, 
o acidente vira encargo da empresa. Isso ocorre porque a responsabi-
lidade pelo transporte, sua organização compara-se a um transpor-
tador – assim como os bônus e ônus que isso acarreta.
COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO
Constantemente, os meios de comunicação abrangem, de forma 
preocupante, o número de acidentes de trabalho em nosso país. En-
tre as inúmeras causas e suas consequências, pode-se destacar o ônus 
gerado para saúde pública. Torna-se difícil estimar a magnitude dos 
acidentes ocorridos em ambiente laboral, devido à subnotificação e 
falta de dados fidedignos no setor. 
A notificação dos acidentes, somada a seu dimensionamento na res-
pectiva área, auxilia os órgãos responsáveis pela segurança dos traba-
lhadores a avaliar as condições de risco aos quais os profissionais são 
expostos. A relação entre o empregado e o ambiente em que convive 
diariamente e a gravidade desses eventos, embasado no número de 
acidentes fatais notificados, também, podem ser mensurados a partir 
da organização dos dados quando colhidos.
Vale ressaltar a importância de que as informações relatadas sejam 
bem definidas, cronologicamente corretas e que demonstrem a causa 
e o grau de dano para o indivíduo acidentado.
Medicina Ambulatorial VI
24
Apesar da importância de que o relato das situações retratem a reali-
dade, isso nem sempre acontece em função de grande número de con-
tratos fragilizados e, principalmente, pela quantidade de profissionais 
informais, terceirizados ou que não são devidamente cadastrados.
Para avaliarmos os indicadores de saúde dos trabalhadores do Bra-
sil, alguns instrumentos e fontes de dados são utilizados, como, por 
exemplo, a CAT (Comunicação de Acidentes de Trabalho). A CAT 
é um documento que deve ser preenchido sempre que houver um 
acidente de trabalho ou de trajeto, uma doença ocupacional ou óbito. 
Ele é utilizado para comunicar o fato ao INSS e, a partir de então, o 
empregado buscar a concessão do benefício e usufruir de seus direi-
tos. Serve também para atualizar as estatísticas da Previdência Social. 
Esse documento pode ser emitido online, através de aplicativo para 
smartphone, no site ou, até mesmo, na própria agência do INSS, de-
vendo ser proferida imediatamente no caso de morte ou até o pri-
meiro dia útil seguinte ao da ocorrência do acidente.   
Existem dois tipos de CAT: a inicial e a de reabertura. A CAT inicial 
é aquela registrada quando ocorre o acidente típico ou de trajeto, 
quando é apurada a incapacidade do indivíduo decorrente de doen-
ça ocupacional ou o óbito. Já a CAT de reabertura deve ser formu-
lada quando o colaborador apresenta piora após certa melhora da 
enfermidade pela qual foi afastado anteriormente, sendo mandatória 
apenas se o novo afastamento for por um período maior que 15 dias.
AUXÍLIO DOENÇA
O Auxílio Doença é um dos benefícios fornecidos pelo INSS que co-
bre o risco de incapacidade laboral, garantindo recursos aos assegu-
rados que estejam incapacitados de exercer suas funções por mais de 
15 dias. Sua concessão abrange tanto acidentes quanto doença labo-
ral, independentemente do grau, sendo de caráter provisório, perma-
necendo válido até o momento do fim da incapacidade.
Acidente de Trabalho
25
No caso de acidente com vínculo trabalhista, o auxílio é isento de 
carência e deveser comprovado através de exame médico pericial, 
realizado pela Previdência Social. Nesse caso, após o médico perito 
certificar a incapacidade do assegurado ao trabalho, o incentivo será 
conferido pelo prazo que o perito entender necessário. Lembrando 
da obrigação em que o funcionário tem de comparecimento às perí-
cias agendadas pelo INSS. O não comparecimento gera pena de can-
celamento do recebimento.
Após a cessação do benefício e retorno ao trabalho, o empregado 
conta com direito, por um período de 12 meses, de estabilidade em 
seu emprego. Isso se justifica pelo fato de que o segurado, após todo o 
período ausente do mercado de trabalho, pode apresentar problemas 
de readaptação em suas atividades desenvolvidas anteriormente. So-
me-se a isso o sofrimento e consequências do trauma ou da doença 
ocupacional, não sendo justo, portanto, seu desamparo pela empresa.
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Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças Ocupacionais
29
Capítulo 2
Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico 
Diferencial de Doenças Ocupacionais
Ana Beartiz Gomes Silva1
Pietra Ziviani Côvre1
Rafaela Ferro Valente1
Valéria Lopes Cupertino1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
A anamnese ocupacional é uma avaliação da saúde do tra-balhador, em que é realizado uma investigação comple-ta do histórico patológico do paciente. Essa investigação deve sempre pautar os riscos que o profissional está ou 
poderá ser exposto.
Diante desse contexto, essa inspeção, geralmente, é requerida em 
momentos pré-definidos por uma empresa, em que há a necessidade 
de inspecionar a saúde do profissional para confirmar se ele está apto 
a exercer aquele cargo ou para analisar o risco a que foi submetido 
durante o exercício de sua função. 
Sendo assim, o tipo mais comum desse serviço, é o exame admissio-
nal, que deve ser feito antes que o profissional assuma as suas ativi-
dades. A entrevista tem o objetivo de avaliar o estado físico e mental 
1 Acadêmicas do Instituto Metropolitano de Ensino Superior - IMES
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
30
do contratado, averiguando se está habilitado ou não para exercer as 
funções designadas pela empresa. Além disso, esse tipo de consulta 
também pode ser realizada no momento em que um funcionário vai 
migrar de função dentro da empresa, ou quando estava afastado de 
suas atividades e precisa reestabelecer sua função.
Os trabalhadores expostos a fatores de riscos, deverão realizar o exa-
me periódico anualmente, ou em intervalos menores de acordo com 
a avaliação do médico do trabalho. Para menores de 18 anos e maio-
res de 45 anos, a consulta deve ser anual e entre essa faixa etária, os 
encontros podem ser a cada dois anos de acordo com a avaliação 
clínica. Os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas devem 
ter consultas com uma periodicidade específica, de acordo com a 
Norma Regulamentadora (NR) 15, anexo 6.
Existe ainda o exame demissional, realizado quando o colaborador 
se desliga de sua ocupação. Neste momento, será realizada uma aná-
lise dos riscos e condições de saúde a que o profissional foi submeti-
do, desde a contratação até no momento em que for dissociar da em-
presa. A necessidade de uma nova reavaliação é abordada de acordo 
com o grau de risco ocupacional. Para empresa considerada de baixo 
risco, uma nova consulta será necessária, caso o último periódico 
tenha sido realizado há mais de 135 dias, já para empresas de grande 
risco ocupacional o intervalo deve ser reduzido para 90 dias.
A anamnese deve ser iniciada pelas queixas momentâneas do pacien-
te. No primeiro momento, deve-se realizar uma revisão dos sistemas, 
observando se há presença de sintomas, como dores musculares, nos 
membros, cefaleias, incômodos na coluna, entre outros. Também é 
válido indagar e qualificar os sentidos, como a visão e a audição. 
Um dos aspectos cruciais nesse tipo de anamnese é a História Pato-
lógica Pregressa, uma vez que o médico deve investigar as condições 
clínicas do paciente. Ademais, perguntas como o histórico de doen-
ças crônicas, uso de medicações diárias, realização de procedimentos 
Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças Ocupacionais
31
e cirurgias, alergias medicamentosas e alimentares, e doenças rela-
cionadas aos ofícios anteriores, devem ser investigadas a fundo.
Outro ponto da anamnese é a história social, visto que é importan-
te entender as consequências dos hábitos de vida praticados pelo 
paciente e ter discernimento para desvinculá-los das complicações 
ocorridas, verdadeiramente, pelo exercício da profissão. Dentre as 
perguntas, deve prezar pelos hábitos de vida, como tabagismo, se-
dentarismo, alcoolismo, entre outros.
Na anamnese ocupacional, é crucial detalhar a função exercida pelo 
trabalhador, os produtos com os quais ele entrará em contato e os 
riscos a que será submetido. Além disso, deve ser feita uma análise 
das condições de trabalho e quantificação do tempo que realiza a 
atividade, para que possa ser detectado de forma precoce algumas 
patologias. 
EXAME FÍSICO
Os aspectos avaliados englobam nível de consciência, exame físico e 
mental. O primeiro passo a ser realizado é uma inspeção geral a pro-
cura de sinais de faces típicas, sinais de atopias, respiração bucal e si-
nais de desconforto respiratório. Avalia-se presença de implantação 
dos pelos, distribuição de tecido adiposo, presença de cianoses, icte-
rícias, hidratação e nutrição do paciente, presença de lesões de pele. 
Na cabeça, pesquisa-se alterações visuais, avaliando pupilas e, quan-
do possível, realiza-se fundo de olho. À rinoscopia anterior, é pos-
sível avaliar septo e mucosa nasal, cornetos e presença ou não de 
secreções e lesões. Na oroscopia, avalia-se mucosa bucal, amigdalas, 
dentes e lesões na cavidade oral. À otoscopia observa-se conduto au-
ditivo externo e membrana timpânica. Deve ser realizado palpação 
de linfonodos em cadeias cervicais anteriores e posteriores, occipi-
tais, pré-auriculares submentonial, supraclaviculares.
Medicina Ambulatorial VI
32
No aparelho cardiovascular a inspeção é direcionada para a área pre-
cordial, observando a presença do íctus cordis, e ulterior sua palpa-
ção. A ausculta do precórdio examina o som e o ritmo das bulhas 
cardíacas, presença de sopros ou bulhas acessórias. É de fundamen-
tal importância a correlação do aparelho cardíaco com o aparelho 
respiratório, pois uma insuficiência das câmaras cardíacas poderá 
ter repercussões em outros órgãos como, por exemplo, crepitações 
pulmonares, hipertensão portal, dentre vários outros. Ainda, faz-se 
necessário a palpação de pulsos periféricos nos 4 membros em busca 
de assimetria.
Ao realizar o exame do aparelho respiratório, utiliza-se a inspeção 
para verificar presença de desconforto respiratório, uso de muscu-
laturas acessórias ou tiragem intercostal, tamanho do diâmetro an-
teroposterior da caixa torácica, simetria dos movimentos, expansi-
bilidade, espirros, duração da respiração, abaulamentos, retrações elesões de pele. Na palpação, procura-se identificar creptações, dor da 
musculatura torácica, tônus muscular, edema e frêmito tóraco vo-
cal. À percussão, avalia-se presença do som claro pulmonar e/ou de 
ruídos adventícios. À ausculta, avalia-se distribuição de murmúrio 
vesicular, presença de ruídos adventícios e ritmo respiratório. A pre-
sença de cianose periférica, central e de baqueteamento digital deve 
ser investigada com cautela para desordens pulmonares e cardíacas.
No aparelho digestório, durante a inspeção, observa-se o formato do 
abdome, se há presença de cicatrizes, aspecto da coto umbilical, pre-
sença ou não de movimentos peristálticos visíveis. À ausculta sucede 
a inspeção a fim de evitar quaisquer influência causada pela percus-
são e/ou palpação. Nela faz-se importante a presença e a frequência 
dos movimentos peristálticos. À percussão, encontra-se som timpâ-
nico na maioria do abdome, exceto no espaço de Trauber que pode 
ser hipertimpânico, e no hipocôndrio direito em que o som é maciço 
pela presença do fígado. Qualquer outro som diferente deverá ser 
investigado. Durante palpação, procura-se visceromegalias, massas 
Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças Ocupacionais
33
palpáveis, presença de dor à palpação superficial e profunda e mus-
culatura em defesa.
O exame físico do sistema músculo-esquelético e do sistema nervoso 
periférico deve ser direcionado e minucioso para a queixa do pacien-
te ou de acordo com o trabalho exercido. 
Exames complementares devem ser realizados de acordo os termos 
da NR7 e seus anexos. 
DOENÇAS PSICOSSOCIAIS:
O transtorno de ansiedade generalizado é caracterizado pela preocu-
pação excessiva, persistente e de difícil controle, com duração míni-
ma de seis meses, acompanhado de uma série de queixas somáticas 
como taquicardia, sudorese, taquipnéia, dores musculares, pareste-
sias, sensação de afogamento, despersonalização, desrealização, alte-
ração do hábito intestinal, entre outros.
É importante fazer o diagnóstico diferencial de pacientes que apre-
sentam tais queixas, ou seja, deve-se realizar uma investigação 
para excluir doenças orgânicas, como doenças cardiovasculares, 
doenças respiratórias, doenças neurológicas, intoxicação exógena 
(medicamento, drogas ilícitas e bebida alcoólica) e transtorno gas-
trointestinal. Para isso, é preciso solicitar alguns exames de acordo 
com a história clínica e sintomatologia do paciente. Por exemplo, 
o paciente com queixa de palpitação deve ser submetido ao ele-
trocardiograma, para exclusão de arritmias. Já aquele paciente que 
queixa dores musculares, deve-se investigar fibromialgia e proble-
mas posturais. 
A depressão, também, leva o paciente a apresentar muitas queixas 
psíquicas e somáticas, como anedonia, humor deprimido, culpa, 
ideação suicida, redução da concentração, insônia, hipersonia, di-
minuição de apetite, perda de peso, baixa libido, dores generalizadas. 
Medicina Ambulatorial VI
34
Durante a consulta com o paciente com queixas depressivas, é impor-
tante investigar quadros que causam manifestações semelhantes à de-
pressão, como uso de medicamentos (anticoncepcionais orais, corticoi-
des), doenças neurológicas e endócrinas. É preciso realizar o diagnóstico 
diferencial com outros transtornos psiquiátricos, como demências, es-
quizofrenia, dependência de substâncias e transtorno de ansiedade. 
ASMA OCUPACIONAL
Para realizar o diagnóstico da asma ocupacional, deve-se diferen-
ciá-la da asma exacerbada, na qual haverá um agravamento de uma 
asma pré-existente, aparecendo normalmente aumento da frequên-
cia e/ou gravidade dos sintomas, além do consumo dos medicamen-
tos para o tratamento. Também deve-se fazer o diagnóstico diferen-
cial de outras patologias que podem cursar com diminuição do fluxo 
pulmonar e/ou hiperreatividade brônquica. 
Exemplo disso é o edema pulmonar que pode ser causado por uma 
insuficiência cardíaca esquerda. Nessa situação, a história clínica será 
bem diferente da asma ocupacional, mas os sintomas de dispnéia, tosse, 
e agravamento das manifestações aos exercícios físicos e no período da 
noite, podem estar presentes em ambas as condições. Contudo, poderá 
haver alterações à radiografia, com aumento da silhueta cardíaca e alte-
rações ao eletrocardiograma de hipertrofia ventricular esquerda. 
Além disso, é necessário diferenciar de uma doença pulmonar obs-
trutiva crônica inicial, na qual, normalmente, há histórico de uso do 
tabaco e ausências da história de exposição. Podem ser discrimina-
dos ainda à espirometria pós broncodilatação, em que a DPOC não 
apresentará diferença significativa. 
PNEUMOCONIOSES
As pneumoconioses devem ser diferenciadas entre elas e, ainda, da 
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), em que o diferencial 
Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças Ocupacionais
35
será o agente exposto. Na DPOC, pode haver histórico de tabagismo 
e ausência da história de exposição ao algodão, ao carvão, à sílica e 
ao óxido de ferro. 
Alguns exames como radiografia ou tomografia computadoriza-
da podem apontar alguns sinais, como, por exemplo, na antracose 
em que há presença de nódulos, contudo a espirometria pode levar 
ao mesmo resultado. Esses nódulos são muito semelhantes aos das 
doenças reumatoides, devendo assim ser solicitados exames de san-
gue para afastamento de dúvidas. 
Já a siderose pode apresentar micronódulos mal definidos e difu-
sos, normalmente de localização centrolobular visualizados na ra-
diografia de tórax e sem alteração na espirometria. Para incidência 
de silicose, deve ter história de exposição à sílica. Os sintomas são 
tosse e dispneia progressiva. A radiografia de tórax pode identificar 
nódulos, principalmente, no terço superior dos pulmões com reação 
inflamatória ao redor deles. Já a espirometria verifica o padrão res-
tritivo e obstrutivo. 
A bissinose leva a um estreitamento das vias aéreas, tendo como sin-
tomas pressão acentuada em tórax anterior e dificuldade respiratória, 
podendo ser confundida com a asma brônquica. No entanto, oposto 
à asma, os sintomas da bissinose podem não estar mais presentes 
após exposição repetidas vezes ao agente ao fim de uma semana de 
trabalho. 
LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO (LER)
Normalmente, o diagnóstico das Lesões por Esforços Repetitivos 
(LER) baseia-se em uma anamnese detalhada com ênfase na his-
tória ocupacional do paciente, seguido de exame físico completo e 
integração com os dados epidemiológicos. Porém, faz-se necessário 
a averiguação de todos os casos em que há suspeita clínica para ou-
tras comorbidades, pois, muitos desses indivíduos podem não ser 
Medicina Ambulatorial VI
36
portadores de lesões musculoesqueléticas. Há diversas causas a se-
rem pesquisadas como doenças reumatológicas, infecciosas, lesões 
do neurônio motor, alterações vasomotoras, granulomatoses, neo-
plasias, doenças difusas do tecido conjuntivo (como lúpus, esclerose 
sistêmica, dermatopolimiosite), microcristalinas, dores musculoes-
queléticas de origem metabólica, fibromialgia, uso de drogas e me-
dicamentos. 
Em geral, os exames complementares são solicitados quando o 
exame clínico não elucidou totalmente o diagnóstico. Não exis-
te um exame específico que comprove a existência de LER e, se 
analisado de maneira isolada, não há como identificar os fato-
res de risco ocupacionais, por isso a possibilidade de diagnóstico 
diferencial deve ser considerada. A avaliação laboratorial é dire-
cionada para provas de atividade inflamatória, reumatológica e 
ácido úrico e os exames de imagem são de acordo com os achados 
encontrados no exame físico.
DERMATOSES
A dermatoses ocupacionais (DOs) são de diagnóstico relativamente 
fácil, porém se faz necessário a associação da doença com o trabalho, 
pois muitos trabalhadores com lesões suspeitas são encaminhados 
aos serviços especializados com o diagnóstico primário de dermato-
se ocupacional, porém muitas delas correspondem a processos der-
matológicos não-ocupacionais.Dermatoses de contato não-ocupacional, alérgica ou irritativa po-
dem simular dermatoses de contato ocupacional. Para isso, uma 
anamnese detalhada poderá diferenciar a origem da lesão, avaliando 
se há nexo causal. Algumas afecções que podem gerar dúvida são 
psoríase, herpes simples e herpes zoster, eczema disidrósico, eczema 
numular e reações cutâneas a drogas, etc. Um especialista deve ser 
consultado caso haja dúvida no diagnóstico do trabalhador.
Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças Ocupacionais
37
As Dermatoses causadas por agentes físicos, químicos e biológicos 
decorrentes da exposição ocupacional e das condições de trabalho 
são responsáveis por desconforto, dor, prurido, queimação. Essas 
manifestações clínicas são muito semelhantes a outras afecções de 
causas externas, podendo acarretar reações psicossomáticas e gerar 
perda do posto de trabalho. Aqui, é importante a percepção de que 
há melhora dos sintomas com o afastamento e piora com o retorno 
ao trabalho. 
Nesse contexto, o médico do trabalho possui um papel fundamental 
na detecção precoce do diagnóstico, pois a cronificação e o agrava-
mento das lesões podem resultar em lesões extensas e complicadas, 
grave alopecia, retrações ou exulcerações de pele sugestivas de câncer.
SURDEZ TEMPORÁRIA E PERMANENTE
Sabe-se que a grande causa das perdas auditivas de origem ocupa-
cional são os ruídos de grande intensidade. Mas, também há outros 
agentes causais como produtos químicos, vibrações e medicamentos 
que podem levar a essa perda. Todo o prognóstico do paciente de-
pende do tempo de exposição, intensidade e fatores combinados.
Para a confirmação da existência de alterações auditivas, é funda-
mental realizar uma boa anamnese com todos os detalhes da ex-
posição e executar uma avaliação audiológica. Para isso devem ser 
realizados exames para estadiar a situação do paciente, como a au-
diometria tonal e vocal, e a imitanciometria.
A perda auditiva induzida por ruído (PAIR) é uma das doenças mais 
frequentes que acometem o trabalhador exposto a sons intensos e 
contínuos, de média 85dB por oito horas/dia. Ela ocorre pelo exces-
so de estimulação sonora ou pela exposição a determinados agentes 
químicos. Geralmente, é bilateral e a sua progressão cessa ao final da 
exposição ao ruído intenso. 
Medicina Ambulatorial VI
38
Ademais, quando a perda auditiva ocorre de forma súbita, por uma 
exposição a um ruído intenso, pode ser considerado um trauma 
acústico. Essa explosão e descompressão de forma súbita podem le-
var a dor e a lesões simultâneas da orelha média, rotura da mem-
brana timpânica e desarticulação dos ossículos. Normalmente, além 
da perda auditiva que é percebida de imediato, o paciente costuma 
relatar a presença de zumbido. Esse trauma apresenta mudanças no 
audiograma em um período de seis meses a um ano, até que a lesão 
se estabilize ou evolua de forma regressiva.
Em alguns pacientes, pode ocorrer ruptura da membrana timpâ-
nica, avaliado na otoscopia. A configuração audiométrica apre-
senta características diferentes de uma típica perda por ruído, 
pois poderá apresentar um componente condutivo. Assim, a per-
da auditiva pode ser puramente nerossensorial ou mista, depen-
dendo da fonte do trauma. 
Já a perda auditiva por Mudança Transitória de Limiar (MTL) tem 
recuperação gradual, normalmente, após cessar o ruído, mas tam-
bém pode apresentar lesão coclear irreversível. É importante ressal-
tar que a avaliação auditiva seja realizada após as atividades diárias, 
ou seja, sem repouso auditivo, com o intuito de identificar os ver-
dadeiros riscos da exposição diária. Caso o paciente apresente uma 
mudança transitória de limiar igual ou superior a 10 dB, ele deve ser 
submetido a um novo teste com repouso auditivo, para que possa ser 
confirmado a MTL ou para estadiar e avaliar se a perda auditiva está 
permanentemente instalada.
DOENÇAS OFTALMOLÓGICAS
Atualmente, uma das grandes morbidades oftalmológicas associada 
ao trabalho é a Síndrome Visual de Computadores, uma vez que o 
uso das tecnologias está cada vez mais difundido na população. Para 
realizar esse diagnóstico, é importante investigar as horas trabalha-
Anamnese, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial de Doenças Ocupacionais
39
das frente ao computador, e se, durante as atividades de folga, tam-
bém, se faz muito uso de visores. As principais queixas são cansaço 
na vista, peso nos olhos, cefaleia e insônia. Deve ser realizado um 
exame oftalmológico completo e, na maioria dos casos, é orientado 
ao paciente o uso de óculos para descanso, com lentes especiais que 
reduzem a luminosidade dos visores.
Além disso, também, há o deslocamento de retina, assunto contro-
verso entre os retinólogos, pois muitos acreditam que o levanta-
mento de peso acima de 10 quilos em atividades laborais acelera e 
influência diretamente no descolamento da retina. Devido a isso, é 
considerado exigência a realização de uma avaliação oftalmológica 
com mapeamento da retina nos exames admissionais, em atividades 
que vão exigir esforço físico intenso.
Doenças inflamatórias, também, acometem os trabalhadores, como 
a Blefarite, em que ocorre uma produção excessiva da camada lipí-
dica pelas glândulas sebáceas da pálpebra, gerando uma condição 
favorável para proliferação bacteriana. Geralmente, o diagnóstico é 
clínico, já que há presença de uma substância oleosa em torno dos 
cílios, irritação ocular, sensação de corpo estranho e lacrimejamento. 
Para realizar o diagnóstico diferencial com a conjuntivite, é crucial 
entender que essa inflamação acomete a conjuntiva e os sintomas são 
hiperemia de todo globo ocular, lacrimejamento, edema de pálpe-
bras, secreção e prurido ocular.
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Atividade Física e sua Relação com a Resposta Imunológica
43
Capítulo 3
Atividade Física e sua Relação com a 
Resposta Imunológica
Thais Ferreira Perigolo1
Larissa Grintaci Pereira Costa2
Karollinne Paiva do Nascimento2
Mariela Vilela Peres Bueno2
Lamara Laguardia Valente Rocha3 
INTRODUÇÃO
Atividades físicas fazem bem à saúde? Dificilmente se en-contraria alguém ou algum estudo que se propusesse a afirmar que não. Mas, se a pergunta fosse: atividades físi-cas podem gerar doença? Nesse caso, seria necessário am-
pliar a discussão, visto que a atividade física pode gerar lesões ou até 
mesmo depressão, dentre outros. Dependendo do grau de exigência 
do praticante, pode haver lesões musculares e/ou articulares e, quan-
do o nível de exaustão é muito elevado, pode levar à depressão, além 
da possibilidade do surgimento de rabdomiólise e da maximização 
de problemas cardíacos, o que poderia elevar o risco de morte. 
Primeiramente, deve-se esclarecer o que seriam atividades físicas. 
Diferentemente de exercício físico, o termo atividade física refere-se 
1 Graduanda em Medicina do Centro Universitário de Manhuaçu (Unifacig).
2 Graduandas em Medicina pela Universidade José do Rosário Vellamo (UNIFENAS)
3 Doutora em Biologia Celular e Estrutural, professora convidada dos cursos de Pós-graduação 
em Cirurgia Robótica, Medicina do Trabalho e Gestão em Saúde na Faculdade de Ciências 
Médicas de Minas Gerais.
Medicina Ambulatorial VI
44
a qualquer situação que tire o corpo do status quo, qualquer movi-
mento contrário à inércia auxiliado pelo sistema musculoesquelético 
do indivíduo que gere gasto energético. Pode-se compreender ati-
vidade física como um gênero que abrange o exercício físico como 
uma de suas categorias. 
Porém, para ser mais preciso, também seria necessário definir o sig-
nificado de doença. Sabe-se que não é possível compreender doença 
apenas com medições fisiopatológicas, sendo intrínseco, no processo 
de adoecer, o estado anímico envolvido pela dor, sentimentos e sofri-
mentos de quem adoece. Entretanto é indiscutível que não há doença 
sem a quebra da barreira imune. Para adoecer, o indivíduo precisa 
ter alguma alteração em seus mecanismos de defesa. Logo, doença 
poderia ser definida, pelo menos em uma de suas facetas, como a 
transposição do sistema imune. Assim, o mais pertinente talvez seria 
questionar se atividades físicas poderiam alterar nosso sistema imu-
ne de modo a gerar doença. 
O SISTEMA IMUNOLÓGICO
Na composição da defesa orgânica do indivíduo, há atuação de duas 
frentes, distintas e complementares, sendo composta pela resposta 
inata e adquirida. A resposta inata, assim como sugere seu nome, 
perfaz-se como nativa, condição inerente ao sujeito, em que não há 
qualquer exigência, manejo ou requisito para sua aquisição, basta 
nascer com ela. Já a resposta adquirida apresenta como condição 
sine qua non para sua existência, a conquista de seus elementos por 
diferentes processos. 
A resposta inata se expressa por meio das barreiras físicas como a re-
sistência da pele à invasão de microrganismos, as barreiras químicas 
como a lisozima presente no sangue que atrai e ataca bactérias e, por 
fim, a presença de células como macrófagos, responsável pela fagoci-
tose de bactérias, por exemplo. 
Atividade Física e sua Relação com a Resposta Imunológica
45
Em outra vertente, a resposta imunológica adaptativa é composta, 
principalmente, por células chamadas linfócitos. Por fazerem parte 
de um mecanismo de defesa, devem se situar em lugares que propor-
cionem a melhor chance de encontrar os microrganismos agressores, 
ou seja, essas células devem estar em locais do corpo que as possi-
bilitem identificar, de forma rápida e eficaz, a invasão de agentes, a 
princípio, nocivos e danosos. Assim, temos como locais estratégicos 
os linfonodos e outros tecidos linfoides especiais (baçoe submucosas 
do trato gastrointestinal). 
Além disso, a população linfocitária, apesar de se originarem de cé-
lulas-tronco hematopoiéticas pluripotentes, diferenciam-se em duas 
categorias, especializando-se cada uma com sua função, chamados 
de linfócitos T e linfócitos B. Os linfócitos T são responsáveis pela 
imunidade mediada por células e perfazem linfócitos TCD4+ auxi-
liares e TCD8+; enquanto os linfócitos B, titulares da imunidade hu-
moral, tem como produto os anticorpos. 
Os linfócitos T, representados pelos TCD4+, darão origem a dois 
tipos de células produtoras de citocinas. São elas as células Th1 (T 
helper tipo 1), após estimulação pela interleucina 12 (IL-12), pro-
duzida por células apresentadoras de antígenos presentes nas célu-
las dendríticas e macrófagos, e as células Th2 (T helper tipo 2), avi-
vadas pela ação da IL-4, produzida pelo próprio TCD4+. Além de 
serem estimuladas por diferentes compostos, Th1 e Th2, também, 
se distinguem em relação às citocinas que produzem, enquanto as 
células Th1 produzem interferon-gama (IFN-γ), fundamental para 
a resposta imune celular e com o controle de infeções causadas por 
agentes intracelulares, as células Th2 se concentram na produção 
de IL-4 responsável pela resposta imune humoral e com controle 
de infeções extracelulares. 
As citocinas geradas por esse braço da imunidade podem atuar como 
pró ou anti-inflamatória. Pode-se citar como citocinas anti-inflama-
Medicina Ambulatorial VI
46
tórias as citocinas IL-10 e TGF-beta (fator de transformação de cres-
cimento β), enquanto que podem ser classificadas como pró-infla-
matórias as citocinas IL-1, IL-2, IL-6, IL-12, IL-18, IFN-γ e TNF-α, 
sendo sua produção estimulada por catecolaminas, glicocorticoides 
e prostaglandinas (PGE2). 
Dentre as citocinas pró-inflamatórias citadas, a IL-6 é considerada 
uma interleucina responsiva à inflamação e tem sido chamada de 
miocina, por sua liberação ter relação com a contração de músculos 
esqueléticos, durante exercícios físicos prolongados. 
Ao vislumbrar o sistema imune como um prisma, figura geométrica 
sólida composta por faces planas laterais, pode-se aferir que as cito-
cinas produzidas pelas células TCD4+ fazem parte de uma das múl-
tiplas faces do sistema imune, sendo imprescindível compreender a 
interação entre elas e diversos outros mecanismos imunológicos, se 
o objetivo for o estudo de todo o sistema imunológico. 
Diante das informações expostas, seria possível que atividades físicas 
fossem capazes de alterar o sistema imune, por meio de produção de 
citocinas pró-infamatórias, ao ponto de causar doença? Responder a 
essa pergunta é o que se pretende a seguir.
ATIVIDADE FÍSICA E O SISTEMA IMUNE
Uma gama de estímulos pode ser gerada após a prática de determi-
nada atividade física, como estresse hormonal, pela produção de ca-
tecolaminas e glicocorticoides, estresse oxidativo, pelo aumento de 
óxido nítrico, e estresse extenuante, pela alta intensidade no uso da 
musculatura esquelética. Eles serão desencadeados, de acordo com 
a intensidade, duração e a frequência do exercício a ser praticado. A 
produção de citocinas estará diretamente ligada a esses estímulos e 
será modulada por cada um deles.
Atividade Física e sua Relação com a Resposta Imunológica
47
Existem relatos de que exercícios físicos que exigem performance de 
alto nível, como corridas extenuantes de grandes distâncias, geram 
aumento das concentrações séricas de citocinas como IL-6. 
O aumento de IL-6 não é relacionado somente à intensidade da ativi-
dade, mas também à massa muscular envolvida, visto que sua produ-
ção tem íntima ligação com atividade do músculo esquelético. Logo, 
exercícios que exigem ativação limitada de massa muscular, não são, 
a princípio, suficientes para gerar um aumento de grande monta das 
concentrações de miocina. Porém, se o exercício requisitar um grupo 
muscular maior, haverá aumento considerável de IL-6, sendo esse 
aumento registrado ao final da realização do exercício ou num curto 
período após, com rápida queda até a normalização. 
Nesse cenário, estudos afirmam que exercícios intensos podem afe-
tar a função imunológica adquirida, porém essa alteração seria tran-
sitória e, após um período pós-exercício, os valores retornariam ao 
estado pré-exercício. Contudo, se a recuperação não for suficiente, as 
alterações podem se tornar crônicas e causar deficiência imunológi-
cas, aumentando o risco de surgimento de afecções. 
A explicação para esse cenário advém do fato de que a miocina não, 
apenas, apresenta um efeito pró-inflamatório, mas também ação sis-
têmica como efeitos metabólicos (aumento da captação de glicose e 
da oxidação de ácidos graxos pelos músculos esqueléticos, na lipóli-
se e aumento da gliconeogênese pelo fígado). Além disso, há outras 
miocinas como IL-8, produtoras de efeitos angiogênicos, e outras di-
versas citocinas, IL-1, IL-10, IL-12.
Há também aumento de citocina anti-inflamatórias, provavelmente, 
para limitar reações inflamatórias, geradas pelo desgaste da muscu-
latura, causada pelo exercício. Porém o que poderia parecer algo po-
sitivo pode comprometer ainda mais o sistema imunológico, porque 
citocinas anti-inflamatórias podem desencadear uma susceptibilida-
de às infecções ao atenuarem táticas de defesa do organismo. 
Medicina Ambulatorial VI
48
O que definirá a qualidade da resposta imune à atividade física é a 
intensidade, a duração e a frequência do exercício a ser praticado. 
Atividades físicas regulares de intensidade moderada pode levar à 
redução de recorrência de infecções por fortalecer o sistema imu-
nológico. Por outro lado, treinamento de grande intensidade e alta 
performance tem sido relacionado ao aumento da susceptibilidade 
aos microrganismos invasores.
Isso pode ser explicado, porque atividades de moderada intensida-
de direcionam a resposta imune para o braço Th1, ou seja, há uma 
tendência à proteção contra invasores intracelulares. Já aquelas de 
alta intensidade revelam um padrão Th2, priorizando reparação dos 
danos teciduais que possam ter afetado a musculatura esquelética e, 
portanto, acarretam aumento de citocina pró-inflamatórias, o que 
resulta no enfraquecimento quanto à defesa contra microrganismos 
agressores. 
Além disso, é importante salientar que o sistema imunológico faz 
parte de um sistema interligado com o sistema neuroendócrino, por 
meio de sinais moleculares através de hormônios, neurotransmisso-
res e citocinas. Para uma análise fidedigna e conclusões não falacio-
sas, será necessário analisar, não apenas um aspecto dessa ampla rede 
integrada, mas o todo, na coordenação, integração e regulação dos 
eventos, durante o esforço físico.
Por fim, apesar dos riscos de alterações do sistema imune com a 
prática de atividades físicas, sabe-se que o sedentarismo não é uma 
opção viável para manter uma boa saúde. Exercícios físicos represen-
tam uma alternativa importante para a prevenção de muitas doenças 
crônicas.
Atividade Física e sua Relação com a Resposta Imunológica
49
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50
Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador
51
Capítulo 4
Benefícios da Atividade Física na Saúde e 
Qualidade de Vida do Trabalhador
Alessandro Chaves Corrêa1
Mirna Santana Oliveira1
Laura Rodrigues Pinto Coelho1
Luiz Fernando Cabral Rezende1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
Um dos grandes problemas de saúde pública do século XXI, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o aumento significativo das doenças e agravos não trans-missíveis (DANTS). Estudos indicam que essas patolo-
gias estão entre as principais causas de morte no Brasil e relacionam-
-se a tabagismo, etilismo, inatividade física, alimentação inadequada, 
dentre outros fatores. Doenças crônicas, muitas delas incuráveis, são 
predominantes no país e podem durar décadas, com relevante per-
da da qualidade de vida. No entanto podem ser prevenidas ou con-
troladas através da melhoria do estilo de vida, caracterizado como a 
existência de fatores mensuráveis ligados ao cotidiano das pessoas, 
determinados e gerenciados por sua razão, com repetição frequente 
no seu dia a dia.
1 Acadêmicos de Medicina pelo IMES-UNIVAÇO.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
52
PROMOÇÃO À QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Entende-se como qualidade de vida, no âmbito da ciência e biologia, 
a valorização de padrões mais amplos que o manejo dos sintomas, a 
redução da mortalidade ou aumento da expectativa de vida. Nesse 
sentido, a promoção da saúde no trabalho, definida como uma es-
tratégia nova e integrada para pessoas e empresas saudáveis, com o 
propósito de prevenir a doença e desenvolver o potencial de saúde e 
bem-estar no local de serviço, se torna fator importante para a ma-
nutenção da qualidade de vida e saúde do trabalhador.
O excesso de atividades laborais tem se relacionado com um aumento 
do índice de patologias dos profissionais. Por consequência, promo-
ve crescente fornecimento de atestados médicos e isenção justificada 
do trabalho. Por isso, programas de qualidade de vida com o intuito 
de promover a saúde do trabalhador, através da prática de exercício 
físico no próprio local de trabalho, têm sido adotados por empresas.
Em relação à qualidade de vida no trabalho e empresa, os três fato-
res de estilo de vida que mais impactam nos custos operacionais da 
saúde dos funcionários são sedentarismo, obesidade e tabagismo, 
sendo que os sedentários exigem 54% a mais em tempo de inter-
nação, levando a um custo de 36% maior em despesas de saúde. Os 
obesos exigem 85% mais em tempo de internação, custam 8% mais 
em despesas de saúde. Já os fumantes exigem 114% mais em tempo 
de internação, faltam 40% mais do trabalho do que não fumantes e 
consequentemente apresentam um custo de 26% maior em despe-
sas de saúde. 
Existem evidências científicas e recomendações que visam, através 
de ações coletivas, à promoção de saúde do trabalhador, dentre elas, 
destaca-se o incentivo à atividade física. As estratégias adotadas por 
empresas variam e dependem da dimensão, das instalações, da dis-
ponibilidade dos recursos e da política institucional. Incluem, por 
exemplo: ginástica laboral, abertura de espaço fitness, convênio e 
Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador
53
descontos em academias, aconselhamento em grupos para superar 
as dificuldades à prática de atividade física e formação de equipes de 
caminhadas e corridas.
EXERCÍCIO FÍSICO
Exercício físico é definido como atividade física planejada, estrutura-
da e repetitiva que objetiva a melhora e manutenção de um ou mais 
componentes da aptidão física. A relação entre atividade e saúde é 
consenso na literatura, quanto à intensidade, frequência e duração 
para prevenção de doenças.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, é ideal, para os 
adultos, a prática de, pelo menos, 150 minutos por semana de ativi-
dade física (AF) moderada ou 75 minutos por semana de atividade 
física vigorosa, sem determinação de frequência diária.  
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, um a cada dois adultos não 
pratica o nível de atividade física orientada pela OMS. Sabe-se que 
o sedentarismo aumenta o índice de mortalidade por doenças crô-
nicas, como as cardíacas e diabetes, em 20% a 30%, se comparado 
àqueles que realizam ao menos 30 minutos de atividade física mo-
derada, cinco vezes por semana. Portanto, é importante planejar o 
cotidiano, a fim de tornar a atividade física rotineira e alcançar uma 
melhor qualidade de vida.
INATIVIDADE FÍSICA E GASTOS COM A SAÚDE
O aumento dos custos com serviços médico-hospitalares (SMH) por 
parte das empresas tem ocorrido de forma superior ao avanço da 
inflação geral. Em 2016, a SMH foi de 20,4%, enquanto o Índice de 
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 6,3%. 
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos indicam que para cada dólar 
investido em programas de qualidade de vida dos funcionários, nos 
Medicina Ambulatorial VI
54
quais se incluem o incentivo à pratica de atividade física, são econo-
mizados três dólares, incluindo assistência médica, diminuição das 
faltas no trabalho, na rotatividade, além de um aumento significativo 
da produtividade. Diante desse cenário, os programas de promoção 
da saúde no trabalho, incluindo os de incentivo à prática regular de 
atividade física, constituem objeto de interesse das empresas, não só 
pelos benefícios à saúde, mas também pelo potencial de redução nos 
custos com despesas médico-hospitalares, aumento da produtivida-
de, retenção de talentos, bem como diminuição do absenteísmo.
Um estudo realizado no Brasil utilizou dados de 2013, do Siste-
ma Único de Saúde, referentes ao número e respectivo custo das 
internações por neoplasia maligna de cólon e mama, doenças ce-
rebrovasculares, doenças isquêmicas do coração, hipertensão, dia-
betes e osteoporose. Foram realizadas 974.641 internações hospi-
talares devido às doenças crônicas avaliadas em adultos com idade 
igual ou superior a 40 anos. Essas internações tiveram custo de 
R$1.848.627.410,03 para o SUS. 
Dessa forma, esse custo social que as doenças crônicas degenera-
tivas apresentam para a sociedade passou também a ser observada 
nas empresas, levando a mudanças operacionais e econômicas em 
relação aos funcionários de diferentes níveis na empresa. Estudos 
realizados mostraram que funcionários com baixo nível de aptidão 
física apresentam comprometimentos em relação ao trabalho, sendo 
que indivíduos obesos tendem a faltar 22% a mais que não obesos, 
tabagistas se ausentam em média 34 dias a mais por ano que não 
fumantes e hipertensos faltam 28,2% a mais que normotensos. Por 
outro lado, os custos médicos são reduzidos em ½ dia de internação 
em ativos comparados com não ativos, economia de 46% por fun-
cionários ativos comparados com sedentários, 17% menos visita de 
funcionários a hospitais e ambulatórios na empresa após início de 
programas de atividade física e qualidade de vida na empresa. 
Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador
55
Esses estudos demonstram que empresas que buscaram investimen-
to em qualidade de vida e bem-estar parecem ter trazido benefícios 
para os funcionários. Essa melhoria refletiu na redução da fadiga 
muscular e tempo de recuperação de esforços pesados, diminuição 
em 31% dos erros nas atividades do trabalho, aumento médio de 
2,7% a 4% na produtividade, melhoria das atividades intelectuais e 
disposição para o trabalho.
DANTS E A PREVIDÊNCIA SOCIAL
É notório que o Brasil apresenta altas despesas com a previdênciaem 
uma trajetória crescente e insustentável. A Reforma Previdenciária e 
a saúde do trabalhador estão associados, já que se busca o aumento 
do tempo de contribuição e elevação da idade para a aposentadoria. 
Para isso, é preciso investir em melhores condições de trabalho e saú-
de para os profissionais, com a finalidade de que eles permaneçam 
no mercado de trabalho saudáveis e com satisfação.
Dentre os principais fatores que contribuem para a incapacidade la-
boral têm-se as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as quais 
podem ocorrer de forma transitória ou definitiva, gerando faltas não 
programadas dos funcionários, perda da produtividade durante a 
jornada de trabalho, concessão de auxílios-doença e aposentadorias 
precoces. As doenças do aparelho circulatório, osteomusculares, as 
neoplasias e os transtornos mentais e comportamentais são as mais 
relacionadas à aposentadoria por invalidez. 
Essas patologias podem ser prevenidas e cabe aos trabalhadores, em-
pregadores e gestores instaurarem ações de promoção à saúde no am-
biente de trabalho, prevenção e identificação dos riscos para as DCNT. 
Uma das formas de promoção de saúde seria intervenções como 
os sistemas de rotação rápida, turno flexível e rotação nos três tur-
nos podendo atuar reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. 
Outros fatores que correlacionaram com as patologias do coração 
Medicina Ambulatorial VI
56
foram os trabalhos com excesso de demanda combinados com falta 
de controle e fadiga. 
No Brasil, a Previdência Social atesta que, no ano de 2017, o que 
mais afastou permanentemente os trabalhadores de seu ambiente la-
boral foram os Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho 
(DORT), sendo que, dentre as patologias deste grupo, a dorsalgia foi 
a mais prevalente, com cerca de 83,6 mil casos. Houve destaque tam-
bém para os transtornos mentais, comportamentais e ansiosos. Ain-
da, segundo dados da Previdência Social, os episódios depressivos e 
os transtornos de ansiedade, por exemplo, geraram 43,3 mil e 28,9 
mil auxílios-doença, respectivamente. 
GINÁSTICA LABORAL NO TRABALHO
Os Programas de exercícios físicos no ambiente de trabalho são co-
nhecidos como Ginástica Laboral (GL). Abordam tanto intervenções 
como alongamento, quanto programas com um conjunto de exer-
cícios físicos específicos para compensar os malefícios do trabalho. 
Realizam-se atividades lúdicas e de reforço muscular para melhora 
ou manutenção da flexibilidade.
A GL é dividida em cinco fases: preparatória, compensatória, rela-
xante, corretiva e de manutenção. Dentre os seus benefícios, desta-
cam-se a redução da ocorrência de doenças relacionadas ao trabalho 
e melhora das relações interpessoais. 
A implantação de um programa de promoção de saúde atua de ma-
neira positiva no relacionamento interpessoal dos funcionários. De-
vido à satisfação do participante em estar com o outro, observada nas 
aulas de GL, o trabalho em grupo torna-se constante, assim como a 
interação e confiança mútua. 
Pesquisas apontam os benefícios à saúde dos praticantes de GL, 
como a melhoria na percepção de dores e absenteísmo, diminuição 
Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador
57
no consumo abusivo de álcool, melhora da motricidade fina, di-
minuição da intensidade e frequência da dor osteomuscular e me-
lhora postural. Com a implantação do programa de exercício físico 
no ambiente de trabalho, demonstra-se diminuição dos atestados 
médicos, melhora no tempo de reação e benefícios para o estado de 
humor dos trabalhadores. 
As vantagens apontadas pela prática de Ginástica Laboral se mos-
tram importantes, visto que o trabalho é uma atividade que ocu-
pa grande parte do tempo do indivíduo e afeta em sua qualidade 
de vida, causando aumento do cansaço mental, perda de memó-
ria imediata, dificuldade de atenção e concentração, insatisfação, 
transtornos ansiosos, de humor e depressivo, que influencia, inclu-
sive, em seu rendimento profissional. Por isso, o ambiente de ofício, 
torna-se um excelente local para investimentos em saúde, sendo 
importante ressaltar os inúmeros motivos para aderir programas 
de exercício físico.
A GL gera benefícios tanto para as empresas, quanto para os funcio-
nários no que diz respeito aos contextos físico, psicológico, organi-
zacional e social. 
Em relação aos benefícios físicos, destaca-se a prevenção e com-
bate das doenças profissionais como as lesões por esforço repetiti-
vo (LER) e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho 
(DORT), atuando diretamente na prevenção de tais comorbidades; 
melhora na coordenação, agilidade, ritmo, flexibilidade e diminui a 
sensação de fadiga após a jornada de trabalho. Além disso, pesquisas 
indicam que a prática da ginástica laboral contribui para a promoção 
da qualidade de vida no trabalho (QVT), bem como na redução de 
dorsalgia, cefaleia e mialgia. 
No âmbito psicológico, a GL atua, elevando a capacidade de concen-
tração e, por consequência, o aumento da produtividade. Eleva a au-
toestima, a autoimagem e, principalmente, reduz os níveis de estresse 
Medicina Ambulatorial VI
58
do trabalhador. O estresse diário impacta, diretamente, no desem-
penho das atividades laborais devido a mudanças fisiológicas e afe-
ta mecanismos do equilíbrio comportamental e cognitivo. A relação 
entre os índices de estresse e capacidade de trabalho poderia levar a 
modificações negativas fisiológicas, comportamentais e cognitivas no 
indivíduo. As consequências negativas da presença do estresse para a 
saúde podem ocorrer em diversos sistemas do organismo, incluindo 
os sistemas cardiovascular (infarto, pressão arterial); digestório (úlce-
ras, náuseas, vômitos, perda de apetite); muscular (espasmo, dor, ten-
são); gastrointestinal (constipação); respiratório (asma, bronquite); 
locomotor (artrite, mobilidade); imunológico (redução autoimune). 
Já os aspectos comportamentais estão relacionados à perda da capa-
cidade produtiva, aumento da competitividade, menor controle de 
situações, egoísmo, impaciência, hostilidade generalizada e passivi-
dade. Nos aspectos cognitivos encontramos diminuição da ativida-
de intelectual, indecisão e menor produtividade e ansiedade. Desse 
modo, fica evidente seus benefícios para a organização das atividades 
diárias das empresas.
Por último, os benefícios sociais incluem o favorecimento do traba-
lho em equipe, promoção da integração social, melhoria na comuni-
cação dentro da empresa e no relacionamento interpessoal.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE MENTAL
Estudos comprovam que a prática de atividade física regular reduz o 
índice de mortes prematuras, acidente vascular encefálico, doenças 
cardiovasculares, câncer de cólon, mama e diabetes mellitus tipo II. 
Atua no controle da pressão arterial, evita o ganho de peso, auxilia 
na prevenção ou redução da osteoporose, gera bem-estar, diminui o 
estresse, a ansiedade e a depressão, entre outros. 
Devido a longas horas de serviço e tempo escasso de lazer, observa-
-se um aumento dos níveis de transtornos psicológicos nos traba-
Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador
59
lhadores, dentre eles a ansiedade. Todavia, deve-se levar em consi-
deração que a sobrecarga de trabalho pode acarretar uma síndrome 
denominada Burnout, caracterizada por acometer trabalhadores 
que sofrem “esgotamento profissional”. Essa síndrome é causada 
pela frequente exposição ao estresse emocional e interpessoal no 
ambiente ocupacional. 
Segundo dados da OMS, a depressão constitui a principal causa de 
absenteísmo no mundo e, possivelmente, no futuro, será a maior res-
ponsável por incapacitação no século. No Brasil, segundo o Instituto 
Nacional de Seguro Social (INSS), os transtornos mentais são res-
ponsáveis pela 3ª maior causa de concessão de benefícios relaciona-
dos ao trabalho. Além disso, quando tais transtornos ocorrem em 
decorrência do ambiente laboral, a situação, ao ser constatada pelo 
médico responsável, constituiobrigatoriamente a necessidade de se 
realizar a notificação compulsória. 
O benefício da AF possui potenciais terapêuticos e preventivos em 
nível psicopatológico, pois proporciona a diminuição de sintomas 
ansiosos, bem como a melhora da autoestima e da cognição (em 
funções como a memória, aprendizagem e produtividade), atuando 
também como mecanismo de resposta satisfatória na diminuição do 
stress, da tensão e dos distúrbios do sono. 
Acredita-se que, em relação a episódios depressivos, a prática de AF 
de intensidade moderada e rotineira estimula a atuação de fatores 
responsáveis por mediar efeitos terapêuticos e protetores, como fato-
res bioquímicos relacionados a monoaminas, neurotróficos, como o 
fator de crescimento derivado do cérebro (BDNF) e endócrinos que 
abrangem o aumento dos níveis plasmáticos de endorfina. 
Contudo, segundo estudos, há indícios de que a interrupção dos pro-
gramas de AF culminam, também, na redução dos efeitos positivos 
proporcionados pela prática de exercícios físicos, o que evidencia a 
necessidade da terapêutica ser praticada em longo prazo. 
Medicina Ambulatorial VI
60
ATIVIDADE FÍSICA E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES
Atividade física (AF) apresenta um papel de destaque na promoção 
de saúde, na prevenção de diversas doenças e agravos à saúde, na 
melhora da capacidade motora geral, da dor crônica e de outras de-
sordens relacionadas ao sistema musculoesquelético. A dor lombar 
(DL), por exemplo, apresenta uma alta prevalência, sendo mais co-
mum entre os adultos de 40-69 anos. A DL é uma das principais pa-
tologias que levam à incapacidade, sendo as dores nas costas a prin-
cipal causa de aposentadoria por invalidez no Brasil. 
As siglas LER (lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios 
osteomusculares relacionadas ao trabalho) são terminologias adota-
das no Brasil à fim de denominarem uma série de disfunções osteo-
musculares relacionadas às atividades profissionais. Essas lesões são 
resultados da utilização excessiva, imposta ao sistema osteomuscular 
e da falta de tempo para recuperação.
O número de trabalhadores com diagnóstico de LER tem aumenta-
do substancialmente, causando grande aumento de dias de trabalho 
perdidos; indenizações por afastamentos; queda na produtividade e 
impasses internos na empresa, levando a prejuízos no desenvolvi-
mento econômico do país.
A LER e o DORT estão ligados a diversas condições implicadas 
a processos inflamatórios ou degenerativos de tendões, músculos, 
ligamentos, nervos e estruturas articulares em diferentes sítios, 
como punhos, dedos, antebraços, braços e ombros, bem como da 
região cervical. Dessa forma, esses distúrbios ganham destaque na 
lista de condições médicas que levam a faltas ao trabalho e à inca-
pacidade produtiva de trabalhadores no Brasil e em outros países 
industrializados.
Um estudo elaborado com base nos dados coletados por meio da 
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), publicado na Revista de Saúde 
Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador
61
Pública no ano de 2017, evidenciou que a prevalência de Dort na 
população brasileira foi de 2,5%. A idade média no diagnóstico de 
Dort foi de 36,3 anos. 
Estudos apontam que as empresas devem estimular o trabalhador 
à prática regular de atividade física, pois elas proporcionam rela-
xamentos e diminuições de tensões, fortalecimentos musculares, 
obtenção de flexibilidade das articulações, melhoria da circulação 
sanguínea, regularização das funções dos nervos, auxilia no fun-
cionamento visceral, normaliza a respiração, a digestão e a ativi-
dade cerebral. 
ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Atualmente, a epidemiologia de DCNT que acomete a população 
economicamente ativa (PEA), em especial, as de origem cardiovas-
cular, tem aumentado a sua prevalência em tal grupo. No Brasil, é 
estimado que até o ano de 2030, o índice de envelhecimento das pes-
soas e a alta incidência de DCNT alcançarão 39% da PEA, o que deve 
ser considerado um objeto de debate acerca dos pontos referentes à 
Reforma Previdenciária, pois o aumento do tempo de contribuição 
deve ser acompanhado de uma melhoria na oferta dos serviços de 
saúde, incluindo práticas de promoção e prevenção de saúde adequa-
das ao perfil epidemiológico da PEA. 
As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de 
morbimortalidade em adultos no mundo. Os fatores de risco asso-
ciados às DCV incluem a idade, diabetes, hipertensão, tabagismo, 
dislipidemia, obesidade e sedentarismo, sendo este a 4ª principal 
causa de DCNT.
A prática de atividade física regularmente, de intensidade modera-
da ou intensa possue efeitos benéficos inquestionáveis na prevenção 
tanto primária como também secundária de DCV. Essa terapêutica 
a ser adotada atua positivamente na melhora do perfil lipídico (re-
Medicina Ambulatorial VI
62
dução do colesterol total, triglicerídeos, lipoproteína de baixa densi-
dade - LDL-c- e aumento da lipoproteína de alta densidade - HDL-c 
-); na diminuição da pressão arterial, com estímulo à produção de 
substâncias vasodilatadoras. Além disso, contribui, também, para o 
controle glicêmico, ao aumentar o consumo de oxigênio através do 
aumento das demandas musculares e melhora a função endotelial e 
a circulação coronariana ao diminuir o nível de inflamação vascular.
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CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
65
Capítulo 5
CIPA-Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes
Claudia Freitas Hooper1
Débora Tereza de Souza Pinto Linhares1
Michelle Cristian Lagares Ferreira1
Poliana Libório dos Santos Villas Boas1
Vinícius da Cunha Linhares2
INTRODUÇÃO
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças ocu-pacionais, de modo a atuar na preservação da vida e na promoção da saúde do trabalhador. A CIPA foi estabele-
cida e é regimentada por meio da Norma Regulamentadora 5 (NR5) 
aprovada em 08 de junho de 1978, através da Portaria nº 3214. 
As Normas Regulamentadoras (NR) devem ser obrigatoriamente se-
guidas pelas empresas privadas e públicas, bem como pelos órgãos 
públicos, órgãos dos poderes legislativo e judiciário que possuam 
empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). 
1 Acadêmicos do curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga-MG
2 Graduação em Medicina pelo Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), Ipatinga 
(2013). Especialização em Urgência e Emergência pela Unimed. MBA Executivo em Gestão 
Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Gerente de Saúde Ocupacional da Fundação São 
Francisco Xavier. Prestador de serviços em Urgência e Emergência e medicina do trabalho 
para a Aperam South América. Médico plantonista em Urgência e Emergência pelo Centro de 
Saúde João Otávio/ Timóteo.
Medicina Ambulatorial VI
66
A CIPA deverá abordar as relações entre o homem e o ambiente de 
trabalho, objetivando a constante melhoria das condições laborais 
para prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. A 
higiene e a segurança do trabalho são atividades intimamente rela-
cionadas com o objetivo de garantir condições capazes de manter o 
nível de saúde dos colaboradores de uma empresa. Promover medi-
das de prevenção de doenças profissionais e identificar fatores que 
possam afetar o ambiente do trabalho com o objetivo de eliminar ou 
reduzir condições inseguras ao trabalhador.
A CIPA é uma das ferramentas de suma importância para proteção 
do trabalhador, uma vez que o próprio trabalhador auxilia no fun-
cionamento da mesma dentro da empresa. 
CONSTITUIÇÃO
Conforme a NR5, deve-se constituir CIPA, por estabelecimento, e 
mantê-la em regular funcionamento as empresas privadas, públicas, 
sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e in-
direta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperati-
vas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como 
empregados. Aplica-se aos trabalhadores avulsos e às entidades que 
lhes tomem serviços, observadas as disposições estabelecidas em 
Normas Regulamentadoras de setores econômicos específicos.
A empresa que possuir, em um mesmo município, dois ou mais esta-
belecimentos, deverá garantir a integração das CIPAs e dos designados, 
conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança 
e saúde no trabalho. As empresas instaladas em centro comercial ou in-
dustrial estabelecerão, através de membros de CIPA ou designados, me-
canismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimento 
de ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente 
e instalações de uso coletivo, podendo contar com a participação da ad-
ministração do centro comercial ou industrial em que se está instalado.
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
67
ORGANIZAÇÃO
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes é composta por repre-
sentantes do empregador e representantes dos empregados. Segundo 
a NR 5, as empresas privadas ou públicas e órgãos da administração 
direta ou indireta, que possuam 20 (vinte) ou mais empregados regi-
dos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estão obrigados a 
organizar a CIPA com as atribuições legais e finalidades regulamen-
tadas pela norma. Os representantes dos empregadores serão desig-
nados pela empresa. Os representantes dos empregados serão eleitos 
por voto secreto, através de uma eleição em que todos os trabalhado-
res poderão se candidatar e votar. O número de membros da CIPA 
será de acordo com o número de empregados no estabelecimento. 
A CIPA não poderá ter o seu número de representantes reduzidos, 
nem deve ser desativada antes do término do mandato de seus mem-
bros, ainda que haja redução no número de empregados da empresa, 
exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento. 
O empregado eleito para o cargo de direção da CIPA não poderá ser 
dispensado, arbitrariamente, ou sem justa causa, desde o registro de 
sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. O mandato 
dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, sendo per-
mitida uma reeleição. 
Os membros da CIPA terão garantidas as condições de suas ativida-
des normais na empresa, não podendo ser transferidos para outro 
estabelecimento sem a sua anuência.
O empregador deve garantir que seus indicados tenham representa-
ção necessária para a discussão e encaminhamento de soluções rela-
cionadas à segurança e saúde do trabalhador analisadas pela CIPA.
O empregador designará entre seus representantes o Presidenteda 
CIPA e os representantes dos empregados escolherão entre os titula-
Medicina Ambulatorial VI
68
res o Vice-Presidente. De comum acordo entre as partes, será esco-
lhido, também, um secretário e substituto, entre os componentes ou 
não da comissão.
A documentação referente ao processo eleitoral da CIPA, incluindo 
atas de eleição e posse e calendário anual das reuniões, deve ficar no 
estabelecimento à disposição do Ministério do Trabalho e Emprego. 
O empregador deve fornecer cópias das atas de eleição e posse a to-
dos os membros da CIPA, sejam eles titulares ou suplentes.
Para que a empresa consiga alcançar os objetivos estabelecidos pela 
legislação, é preciso que sejam definidas metas e atribuições aos 
membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
ATRIBUIÇÕES
Segundo a Norma Regulamentadora 5, a CIPA terá por atribuição 
identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar um mapa, 
com a participação do maior número de trabalhadores, com asses-
soria do SESMT. Deverá, também, elaborar plano de trabalho que 
possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança 
e saúde no trabalho; participar da implementação e do controle da 
qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da ava-
liação das prioridades de ação nos locais de trabalho.
É de responsabilidade, também, da Comissão realizar verificações 
nos ambientes e condições de trabalho, visando à identificação de 
situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos 
trabalhadores; realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento 
das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de 
risco que foram identificadas; divulgar aos trabalhadores informa-
ções relativas à segurança e saúde no trabalho.
Compete à organização participar, com o SESMT, onde houver, 
das discussões promovidas pelo empregador para avaliar os im-
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
69
pactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacio-
nados à segurança e saúde dos trabalhadores; requerer ao SESMT, 
quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou 
setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e 
saúde dos trabalhadores; colaborar no desenvolvimento e imple-
mentação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados 
à segurança e saúde no trabalho; divulgar e promover o cumpri-
mento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de 
acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança 
e saúde no trabalho.
Em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, 
participar da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho 
e propor medidas de solução dos problemas identificados; requisitar 
ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham 
interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; requisitar à em-
presa as cópias das CAT emitidas.
Enfim, é de responsabilidade da CIPA promover, anualmente, em 
conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Preven-
ção de Acidentes do Trabalho (SIPAT) e participar, em conjunto com 
a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS.
FUNCIONAMENTO
A CIPA é uma ferramenta de prevenção de extrema importância 
nas empresas. Uma das premissas é, justamente, identificar os riscos 
existentes no ambiente de trabalho, exigindo ações para minimizar 
ou cessar os perigos relacionados, preservando, dessa forma, a saúde 
e integridade física de todos os trabalhadores contratados da empre-
sa bem como dos prestadores de serviços. É um dos principais meios 
de se estabelecer o diálogo e a conscientização entre os colaboradores 
e empregadores, mantendo assim a produtividade, o bem-estar, a se-
gurança e a saúde dos trabalhadores em geral.
Medicina Ambulatorial VI
70
Quanto ao funcionamento da CIPA, a Norma Regulamentadora 
(NR5) estabelece que sejam realizadas reuniões ordinárias mensais, 
de acordo com o calendário preestabelecido. Todas as atividades da 
comissão deverão ser realizadas em horário normal de trabalho, sen-
do o empregador responsável por providenciar que o trabalhador 
esteja presente nas reuniões ou ações da comissão sem prejuízos ao 
seu trabalho.
Haverá reuniões extraordinárias no caso de denúncia de situação 
de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas cor-
retivas de emergência, ocorrência de acidente do trabalho grave ou 
fatal, ou se houver solicitação expressa de uma das representações. 
Todas as reuniões, ordinárias e extraordinárias, deverão ser registra-
das em ata e assinada por todos os participantes. As atas ficarão no 
estabelecimento à disposição dos agentes de inspeção do trabalho e 
deverão ser entregues cópias das mesmas a todos os representantes 
da comissão.
As decisões da CIPA serão, preferencialmente, por consenso. Não 
havendo consenso e frustradas as tentativas de negociação direta ou 
com mediação, será instalado processo de votação, registrando-se a 
ocorrência na ata da reunião.
O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplen-
te, quando faltar a mais de quatro reuniões ordinárias sem justifica-
tiva. A norma estabelece que seja obedecida a ordem de colocação 
decrescente registrada na ata de eleição para a substituição do cargo. 
O empregador terá dois dias úteis para realizar essa ação. Quanto ao 
afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da 
representação dos empregados escolherão o substituto, entre seus ti-
tulares, em dois dias úteis. Caso não existam suplentes para ocupar o 
cargo, o empregador deve realizar eleição extraordinária, cumprindo 
todas as exigências estabelecidas para o processo eleitoral. O man-
dato do membro eleito em processo eleitoral extraordinário deve ser 
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
71
compatibilizado com o mandato dos demais membros da Comissão 
e o posterior treinamento desse membro deve ser realizado no prazo 
máximo de trinta dias, contados a partir da data da posse.
TREINAMENTO
O maior objetivo da CIPA é unir empregadores e empregados para 
que juntos desenvolvam maneiras de prevenir acidentes e melhorar 
a qualidade do ambiente de trabalho. Para tal, faz-se necessário a 
realização de treinamento dos membros, titulares e suplentes, antes 
da posse. O prazo máximo para realização do treinamento é de trinta 
dias, a serem contados a partir da data da posse.
Deverão ser contemplados o estudo do ambiente, das condições de 
trabalho, os riscos originados do processo produtivo, metodologia 
de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho, noções 
sobre acidentes e doenças do trabalho, decorrentes de exposição aos 
riscos existentes na empresa, noções sobre a Síndrome da Imunode-
ficiência Adquirida - AIDS, medidas de prevenção, noções sobre as 
legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança e saúde 
no trabalho, princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de 
controle dos riscos, organização da CIPA e outros assuntos necessá-
rios ao exercício das atribuições da Comissão.
A carga horária do treinamento será de vinte horas e devem ser dis-
tribuídas em no máximo oito horas diárias, sendo realizadas durante 
o expediente normal da empresa.
Como responsáveis para ministrar esse treinamento, pode-se citar o 
SESMT da empresa, bem como a entidade patronal de trabalhadores 
ou por qualquer outro profissional que seja apto a discorrer sobre os 
temas supracitados. 
Caso fique comprovada que algum item da normatização não foi ob-
servado, caberá à unidade descentralizada do Ministério do Traba-
Medicina Ambulatorial VI
72
lho e Emprego, a determinação de complementação ou a realização 
de outro treinamento, devendo ser efetuado no prazo máximo de 
trinta dias, a serem contados da data de ciência da empresa sobre a 
decisão.
PROCESSO ELEITORAL
Em respeito ao processo eleitoral, a Norma estabelece que o empre-
gador deverá convocar eleições para escolha dos representantes dos 
empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes 
do términodo mandato em curso, e que a empresa estabelecerá me-
canismos para comunicar o início do processo eleitoral a todos os 
empregados. O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão 
dentre seus membros, no prazo mínimo de 55 (cinquenta e cinco) 
dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral 
(CE), que será a responsável pela organização e acompanhamento do 
processo eleitoral, conforme consta na norma, no item 5.40:
O processo eleitoral observará as seguintes 
condições: a) publicação e divulgação de edi-
tal, em locais de fácil acesso e visualização, 
no prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) 
dias antes do término do mandato em curso; 
b) inscrição e eleição individual, sendo que o 
período mínimo para inscrição será de quin-
ze dias; c) liberdade de inscrição para todos os 
empregados do estabelecimento, independen-
temente de setores ou locais de trabalho, com 
fornecimento de comprovante; d) garantia de 
emprego para todos os inscritos até a eleição; 
e) realização da eleição no prazo mínimo de 30 
(trinta) dias antes do término do mandato da 
CIPA, quando houver; f) realização de eleição 
em dia normal de trabalho, respeitando os ho-
rários de turnos e em horário que possibilite 
a participação da maioria dos empregados. g) 
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
73
voto secreto; h) apuração dos votos, em horá-
rio normal de trabalho, com acompanhamento 
de representante do empregador e dos empre-
gados, em número a ser definido pela comis-
são eleitoral; i) faculdade de eleição por meios 
eletrônicos; j) guarda, pelo empregador, de to-
dos os documentos relativos à eleição, por um 
período mínimo de cinco anos.
Todos os prazos estabelecidos deverão ser cumpridos, sob o risco de 
ter que iniciar um novo processo de eleição, se houver descumpri-
mento dos mesmos. Havendo participação inferior a cinquenta por 
cento dos empregados na votação, não haverá a apuração dos votos e 
a comissão eleitoral deverá organizar outra votação que ocorrerá no 
prazo máximo de dez dias.
Compete à unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Em-
prego, confirmadas irregularidades no processo eleitoral, determinar 
a sua correção ou proceder a anulação quando for o caso. A empresa 
deverá convocar nova eleição em até cinco dias, sendo garantidas 
as inscrições anteriores. Caso ocorra a anulação antes da posse dos 
membros, ficará assegurada a prorrogação do mandato anterior. Os 
candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição 
e apuração, em ordem decrescente de votos, possibilitando nomea-
ção posterior, em caso de vacância de suplentes.
É prudente que o colaborador que se candidate a fazer parte dessa 
comissão compreenda a importância do seu papel que é atuar, 
ativamente, no processo de preservação da saúde e vida do traba-
lhador, tendo em vista o crescente número de acidentes no Brasil. 
Portanto a CIPA de cada empresa deve trabalhar arduamente com 
motivação e interesse para alcançar esses objetivos. A empresa, 
por sua vez, deverá apoiar as suas ações e dispor de meios para 
que essa comissão seja ativa e participativa e não mais uma mera 
atividade burocrática.
Medicina Ambulatorial VI
74
DAS CONTRATANTES E CONTRATADAS 
A NR- 5 explicita que o local do estabelecimento a ser considerado, 
será aquele em que os empregados estiverem exercendo suas ativida-
des, ao se tratar de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviço. 
Esclarece, ainda, que, quando duas ou mais empresas atuarem em 
um mesmo estabelecimento, a CIPA deverá, conjuntamente com as 
empresas contratadas, promover um meio de integração e participa-
ção de todos os trabalhadores sobre suas decisões naquele estabeleci-
mento, bem como implementar medidas de prevenção de acidentes 
e doenças do trabalho, garantindo o mesmo nível de proteção em 
matéria de segurança e saúde a todos os trabalhadores.
Cabe ainda à empresa contratante adotar medidas necessárias para 
que todos lotados no mesmo estabelecimento tenham acesso às mes-
mas informações sobre os riscos presentes nos ambientes de traba-
lho, bem como sobre as medidas de proteção adequadas.
Ainda é de responsabilidade da empresa contratante adotar as provi-
dências necessárias para acompanhar o cumprimento pelas empre-
sas contratadas que atuam no seu estabelecimento, das medidas de 
segurança e saúde no trabalho.
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Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
77
Capítulo 6
Controle e Conservação de Equipamentos 
de Proteção
Gabriel Moraes Neves Reis1
Hugo de Brito Azevedo1
Laura Souza Cotta1
Matheus Moreira Drumond1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
Segundo a norma regulamentadora NR-06, considera-se equipamento de proteção individual (EPI) todo dispositi-vo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalha-dor, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar 
a segurança e saúde no trabalho. Dessa forma, os EPI podem ser 
assim classificados: aqueles que protegem contra riscos inerentes 
a um trabalho e aqueles que protegem contra riscos que pode-
riam ser evitados/controlados. Essa segunda categoria deve ser 
considerada para uso como último recurso, ou seja, após todas as 
possibilidades preventivas com relação ao local de trabalho terem 
sido exploradas. 
1 Acadêmicos do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga, MG.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde do meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em impacto da qualidade do ar na saúde humana pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
78
Infelizmente, há certo consenso de que o uso de EPI é a única 
forma para prevenir qualquer risco, sobretudo em casos que en-
volvem contaminantes atmosféricos. Nesse sentido, a proteção 
respiratória é, muitas vezes, indispensável como em operações es-
porádicas, trabalhos de manutenção, trabalhos em espaços confi-
nados e, ainda, quando outros métodos de controle são, realmen-
te, impraticáveis. Também quando somente um trabalhador ou 
poucos são expostos a riscos, o uso de EPI pode ser uma solução 
temporária ou emergencial. 
Ademais, muitas vezes é necessário recorrer à proteção auditiva, por 
exemplo, em certos trabalhos em aeroportos ou locais onde ocorre a 
produção de ruídos excessivos.
A escolha desses EPI’S deve ser, prioritariamente, realizada por 
profissionais experientes, competentes e estudada, cuidadosamen-
te, para que seja feita a melhor escolha situacional. Por exemplo, 
existem muitos tipos de proteção respiratória, desde elmos com 
circulação de ar, até meias-máscaras de borracha, praticamente 
impossíveis de utilizar por muito tempo, sobretudo em ambientes 
quentes. A variedade de protetores auditivos é muito grande, sen-
do esse assunto amplamente discutido na literatura especializada. 
Sempre deverá ser consultado o material informativo preparado 
pelos próprios fabricantes.
Caso o uso de EPI’s seja necessário e justificado pelos devidos profis-
sionais, é essencial que sejam comprovadamente eficazes e de quali-
dade comprovada, adequados ao risco, adaptados ao usuário e con-
fortáveis, de material resistente aos agentes presentes. Mas devem, 
também, ser utilizados corretamente e bem adaptados ao trabalha-
dor, cuidados e, rotineiramente, mantidos conservados. 
Sempre que houver algum sinal de deterioração dos EPI’s, a troca 
deverá ser considerada. Por exemplo, usar luvas de proteção velhas 
e perfuradas para manuseio de materiais agressivos é pior que não 
Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
79
usá-las. A manutenção periódica dos equipamentos condicionado-
res de ar é extremamente importante. Por exemplo, cartuchos que 
servem como filtros químicos têm vida limitada, filtros de carvão 
ativado tem um ponto de saturação, além do qual não há mais ab-
sorção (havendo então passagem do vapor). Além disso, destaca-se a 
importância da verificação periódica de eventuais vazamentos.
Observa-se a existência de um aspecto cultural, visto que quando 
se toca no assunto relacionado à prevenção de acidentes, a primeira 
linha de raciocínio que vem ao pensamento é a utilização de EPI’s, 
exemplificado pela utilização de materiais como capacete, bota, ou 
uma luva. Contudo não se pode perder de vista o fato que o EPI não 
previne totalmente a ocorrência de algum acidente de trabalho, mas 
apenas ameniza os riscos de uma eventual lesão de maior gravidade. 
Sendo assim, deve-se priorizar a proteção coletiva em primeiro lugar, 
dada a sua comprovada eficácia na eliminação ou neutralização do 
risco ambiental, devido a diversas fontes produtoras. Além disso, a 
proteção coletiva não depende da variante de o funcionário utilizar 
ou não o EPI. 
Sabe-se que a principal obrigação do empregador, referente à área de 
saúde do trabalhador, é oferecer aos funcionários condições para um 
ambiente de trabalho saudável e seguro, de modo que os riscos este-
jam minimamente presentes, visando à manutenção da integridade 
física e mental do trabalhador. Dessa maneira, o empregador estará, 
de forma simplificada, apenas, garantindo aos empregados o que lhes 
já está garantido na NR-06. 
Existem diversas condições que podem interferir na isenção dos ris-
cos provocados por agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológi-
cos presentes nos locais de trabalho. No entanto é dever do empre-
gador fornecer, de maneira gratuita, todos os EPI’s que o trabalhador 
possa vir a utilizar em perfeito estado de conservação e funciona-
mento. Por outro lado, o operário tem o dever de zelar pela sua se-
Medicina Ambulatorial VI
80
gurança e segurança de terceiros, prezar pela conservação dos EPI’s 
que lhe foram oferecidos e sempre notificar ao empregador qualquer 
alteração que inviabilize sua utilização ideal. 
É importante saber que o equipamento de proteção só pode ser co-
locado à venda ou utilizado, se houver designação do Certificado de 
Aprovação do MINISTÉRIO do TRABALHO e EMPREGO (artigo 
167 da CLT). 
NR-06- Equipamento de Proteção Individual (EPI) 
6.1 Para os fins de aplicação desta norma regulamentadora – NR, 
considera-se Equipamento de Proteção Individual -EPI todo 
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo traba-
lhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar 
a segurança e saúde no trabalho. 
6.1.1 Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção In-
dividual todo aquele composto por vários dispositivos, que 
o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que 
possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de 
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 
6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional 
ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com 
a indicação do Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo 
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde 
no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.
6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita-
mente, EPI adequado ao risco, em perfeitoestado de conser-
vação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: 
A) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa 
proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças 
profissionais do trabalho; 
Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
81
B) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo im-
plantadas; e, 
C) para atender a situações de emergência. 
6.4 Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e 
observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer 
aos trabalhadores os EPI’s adequados, de acordo com o dis-
posto no anexo I desta NR.
6.4.1 As solicitações para que os produtos não estejam relacionados 
ao anexo I, desta NR, sejam considerados como EPI, bem como 
as propostas para reexame daqueles ora elencados, deverão ser 
avaliados por comissão tripartite a ser constituída pelo órgão na-
cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, 
após ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas àquele ór-
gão do Ministério do Trabalho e Emprego para aprovação.
6.5 Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segu-
rança e em Medicina do Trabalho – SESMT, ou à Comissão 
Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, nas empresas de-
sobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o 
EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.
6.5.1 Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao desig-
nado mediante orientação de profissional tecnicamente habi-
litado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador. 
6.6 Cabe ao empregador
6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI: 
A) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
B) exigir seu uso.
C) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional 
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
Medicina Ambulatorial VI
82
D) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado guarda e 
conservação;
E) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
F) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, 
G) comunicar ao TEM qualquer irregularidade observada.
H) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adota-
dos livros, fichas ou sistema eletrônico.
6.7 Cabe ao empregado 
6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: 
A) usar, utilizando-o apenas para a finalidade de a que se destina:
B) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
C) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne im-
próprio para o uso; e,
D) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
6.8 Cabe ao fabricante e ao importador 
6.8.1 O fabricante nacional ou importador deverá: 
A) cadastrar-se, segundo o anexo II, junto ao órgão nacional com-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
B) solicitar emissão do CA, conforme o anexo II;
C) solicitar renovação do CA, conforme o anexo II, quando vencido 
o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional competente 
em matéria de segurança e saúde do trabalho;
D) requerer novo CA, de acordo com o anexo II, quando houver 
alteração das especificações do equipamento aprovado;
E) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que 
deu origem ao Certificado de Aprovação – CA;
F) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA;
Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
83
G) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segu-
rança e saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadas-
trais fornecidos; 
H) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, 
orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais refe-
rências ao seu uso;
I) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e,
J) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do 
SINMETRO, quando for o caso.
6.9 Certificado de Aprovação - CA
6.9.1 Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá va-
lidade:
A) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de en-
saio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito do 
SINMETRO;
B) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do 
SINMETRO, quando for o caso.
C) de 2 (dois) anos, quando não existirem normas técnicas nacio-
nais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório 
capacitado para realização dos ensaios, sendo que nesses casos os 
EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente em ma-
téria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e 
análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação 
técnica de fabricação, podendo ser renovado por 24 (vinte e qua-
tro) meses, quando se expirarão os prazos concedidos;
D) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI de-
senvolvidos após a data da publicação desta NR, quando não 
existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficial-
mente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização 
dos ensaios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão na-
Medicina Ambulatorial VI
84
cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, 
mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade 
Técnica e da especificação técnica de fabricação.
6.9.2 O órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde 
no trabalho, quando necessário e mediante justificativa, poderá 
estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no subitem 6.9.1.
6.9.3 Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem 
visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fa-
bricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o 
nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.
6.9.3.1 Na impossibilidade de cumprir o determinado no item 
6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de seguran-
ça e saúde no trabalho poderá autorizar forma alternativa 
de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou importador, 
devendo esta constar do CA.
6.10 - Restauração, lavagem e higienização de EPI
6.10.1 - Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização, 
serão definidos pela comissão tripartite constituída, na for-
ma do disposto no item 6.4.1, desta NR, devendo manter as 
características de proteção original.
6.11 Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / MTE
6.11.1 Cabe ao órgão nacional competente em matéria de seguran-
ça e saúde no trabalho:
A) cadastrar o fabricante ou importador de EPI;
B) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o 
CA de EPI;
C) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para 
ensaios de EPI;
Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
85
D) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador;
E) fiscalizar a qualidade do EPI;
F) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importa-
dora; e,
G) cancelar o CA.
6.11.1.1 Sempre que julgar necessário o órgão nacional competente 
em matéria de segurança e saúde no trabalho, poderá requi-
sitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabri-
cante e o número de referência, além de outros requisitos.
6.11.2 Cabe ao órgão regional do MTE:
A) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do 
EPI;
B) recolher amostras de EPI; e,
C) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis 
pelo descumprimento desta NR.
6.12 Fiscalização para verificação do cumprimento das exigências 
legais relativas ao EPI 
6.12.1 Por ocasião da fiscalização poderão ser recolhidas amostras 
de EPI, no fabricante ou importador e seus distribuidores 
ou revendedores, ou ainda, junto à empresa utilizadora, em 
numero mínimo a ser estabelecido nas normas técnicas de 
ensaio, as quais serão encaminhadas, mediante oficio da 
autoridade regional competente em matéria de segurança 
e saúde no trabalho, a um laboratório credenciado junto ao 
MTE ou ao Simetro, capaz de realizar os respectivos laudos 
de ensaios, ensejando comunicação posterior ao órgão na-
cional competente.
6.12.2 O laboratório credenciado junto ao MTE ou ao Simetro, de-
verá elaborar laudo técnico, no prazo de 30 (trinta) dias a 
MedicinaAmbulatorial VI
86
contar do recebimento das amostras, ressalvados os casos 
em que o laboratório justificar a necessidade de dilatação 
deste prazo, e encaminhá-lo ao órgão nacional competente 
em matéria de segurança e saúde no trabalho, ficando re-
servado à parte interessada a acompanhar a realização dos 
ensaios.
6.12.2.1 Se o laudo de ensaio concluir que o EPI analisado não atende 
aos requisitos mínimos especificados em normas técnicas, o 
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde 
no trabalho expedirá ato suspendendo a comercialização e a 
utilização do lote do equipamento, publicando a decisão no 
Diário Oficial da União – DOU.
6.12.2.2 A Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT, quando julgar 
necessário, poderá requisitar para analisar outros lotes do 
EPI, antes de proferir a decisão final.
6.12.2.3 Após a suspensão de que trata o subitem 6.12.2.1, a empresa 
terá o prazo de 10 (dez) dias para apresentar defesa escrita 
ao órgão nacional competente em matéria de segurança e 
saúde no trabalho.
6.12.2.4 Esgotado o prazo de apresentação de defesa escrita, a auto-
ridade competente do Departamento de Segurança e Saúde 
no Trabalho – DSST, analisará o processo e proferirá sua de-
cisão publicando-a no DOU.
6.12.2.5 Da decisão da autoridade responsável pelo DSST, caberá 
recurso, em ultima instância, ao Secretário de Inspeção do 
Trabalho no prazo de 10 (dez) dias a contar da data da pu-
blicação da decisão recorrida.
6.12.2.6 Mantida a decisão recorrida, o Secretário de Inspeção do 
Trabalho poderá determinar o recolhimento do(s) lote(s), 
Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
87
com a consequente proibição de sua comercialização ou ain-
da o cancelamento do CA.
6.12.3 Nos casos de reincidência de cancelamento do CA ficará a 
critério da autoridade competente em matéria de segurança 
e saúde do trabalho a concessão, ou não de um novo CA.
6.12.4 As demais situações em que ocorra suspeição de irregula-
ridade ensejarão comunicação imediata às empresas fabri-
cantes ou importadoras, podendo a autoridade competente 
em matéria de segurança e saúde do trabalho suspender a 
validade dos certificados de Aprovação de EPI emitidos em 
favor das mesmas, adotando as providencias cabíveis.
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Controle e Conservação de Equipamentos de Proteção
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90
Cromo e Cobre: Ações no Organismo Humano
91
Capítulo 7
Cromo e Cobre: Ações no Organismo 
Humano
Ester Viana Carvalho1
Isabella Cassimiro de Andrade¹
Larissa Matos Ventura¹
Lívia Laube Cajaiba¹
 Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
Para o funcionamento adequado do organismo, é necessá-rio boa ingestade vitaminais e minerais, obtida por meio de uma alimentação equilibrada. Os minerais favorecem a saúde e garantem o equilíbrio metabólico. Presentes em 
abundância no organismo ou necessários em pequenas quantidades 
diárias, são considerados nutrientes essenciais.
Este capítulo aborda a ação dos minerais cromo e cobre no organis-
mo humano.
O CROMO
O crômio (Cr), também nominado como cromo, é um mineral cujo 
1 Acadêmicas do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga, MG.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor  titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
92
traço essencial é amplamente distribuído no ambiente e nos alimentos. 
Foi descoberto em 1798 pelo pesquisador Vaquelin. Apesar de apre-
sentar uma variedade de estados de oxidação que variam de divalente 
a hexavalente, naturalmente, ocorre em estado Cr (III) ou Cr (VI).
O cromo (III) é um elemento natural, encontrado na natureza, em 
rochas, animais, plantas, solo, poeira e nos alimentos. As concentra-
ções mais elevadas do mineral nesse estado de oxidação estão nos 
condimentos e especiarias, como no cacau, frutos do mar, levedo da 
cerveja, manteiga e oleoginosas. Já em menores concentrações, pode 
ser encontrado na carne, em grãos, cereais, amido, legumes, frutas, 
leite e produtos lácteos.
O cromo hexavalente [Cr (VI)], dentre as várias formas iônicas 
do Cr, é o mais tóxico. Esse é geralmente um subproduto industrial 
muito utilizado para produção de pigmentos, curtume de couro, 
processamento de madeira, cromagem, em indústrias metalúrgicas 
e  químicas, fabricação de aço inoxidável, soldadura, produção de 
cimento, cerâmica, vidro, etc. Os níveis de Cr (VI) têm expandido 
no solo, na água e no ar, principalmente, devido ao aumento do uso 
pelas indústrias e ao descarte inadequado desses resíduos no meio 
ambiente. 
Após ser absorvido, o cromo pode ser estocado em diversos tecidos e 
órgãos, com uma maior concentração nos rins, fígado, baço e epidí-
dimo. Ao entrar na célula, o Cr (VI) é reduzido a espécies reativas 
de oxigênio, Cr (III), Cr (IV) e Cr (V). Esses compostos são capazes 
de causar peroxidação lipídica, danos no DNA, modificação na base, 
comprometendo a integridade celular e provocando efeitos mutagê-
nicos e tóxicos.
Alguns estudos destacaram que o Cr (III) age, diminuindo a resis-
tência à insulina, sendo considerado um fator de tolerância à glicose. 
Devido a essa característica, suplementos desse elemento são con-
Cromo e Cobre: Ações no Organismo Humano
93
siderados seguros e são recomendados para pacientes com diabetes 
mellitus tipo 2. Apesar do Cr (III) ser mais reativo do que o Cr (VI), 
não é capaz de penetrar a membrana celular como o Cr (IV), que é 
facilmente absorvido pelas células.
Os indícios de deficiência do cromo englobam aumento da neces-
sidade de insulina, redução da tolerância à glicose, perda de peso, 
aumento de ácidos graxos livres e neuropatia periférica. Porém a de-
ficiência é relatada, esporadicamente, exceto em casos de pacientes 
sob nutrição parenteral de longo prazo. 
A exposição ao Cr (VI) em locais de trabalho pode ocorrer por meio 
da inalação direta de poeiras, fumos ou névoas; ingestão, por meio 
da mão contaminada que entra em contato com a boca, ou mani-
pulação de alimentos, absorção dérmica, mediante o manuseio de 
soluções de cromo ou sólido. De acordo com os dados da Agência 
Internacional de Pesquisa sobre o câncer, o cromo hexavalente é clas-
sificado como Grupo I entre os carcinogênicos ocupacionais. 
Ao entrar em contato com o Cr (VI), as pessoas estão sujeitas a epis-
taxe, que é a perfuração do septo nasal; dermatite alérgica; ulcera-
ções de pele; hepatotoxicidade, relacionada ao estresse oxidativo, 
lesão tecidual, dano mitocondrial e apoptose. Além disso, pode au-
mentar o risco de câncer de pulmão, da cavidade dos seios parana-
sais e, ainda, causar asma. Há evidências, ainda, de que esse elemento 
possui efeito carcinógeno para o estômago, pode aumentar o risco de 
linfoma maligno, aumento da mortalidade por leucemia mielóide e 
tumores das glândulas endócrinas.
O COBRE
O cobre é um metal pesado essencial, largamente, distribuído na na-
tureza e presente nos seres vivos. No reino vegetal, o cobre foi ini-
cialmente detectado nas cinzas de plantas em 1816. Em 1830, sua 
existência foi evidenciada no sangue, quando estudado em sangue 
Medicina Ambulatorial VI
94
bovino. Já em 1921, Badansky identificou a presença de cobre no ce-
rébro humano, sendo que desempenhava função de catalisador nos 
processos bioquímicos. Ademais, a função principal de moléculas 
que contém cobre é o transporte de elétrons e de oxigênio. 
Hoje, nas suas diferentes formas, é amplamente utilizado na nossa 
sociedade, como, por exemplo, o sulfato de cobre empregado na agri-
cultura como herbicida, fungicida e pesticida. 
O cobre está distribuído no corpo humano em vários fluidos como 
saliva, fluido digestivo, soro, dentre outros. E, além disso, está, tam-
bém, presente em vários tecidos como coração, pulmão, músculos, 
dentes, ossos, baço, rim, fígado e cérebro. Em cada fluido ou tecido, 
o cobre se encontra em um teor mínimo, apresentando-se, portanto, 
em quase todo o corpo, porém, em diferentes quantidades, o que 
aponta o seu papel funcional. Para que desempenhe esse papel, o co-
bre deve estar em equilíbrio com suas respectivas quantidades. 
A homeostase do cobre é obtida não somente no meio intracelular, 
como também em compartimentos individuais das células. Dentro 
da célula, o cobre encontra-se em maior quantidade no citosol e nas 
mitocôndrias, respectivamente. Alguns estudos sugerem que a gluta-
tiona –um antioxidante hidrossolúvel sintetizado no citosol- exerce 
função essencial na regulagem da entrada e da homeostase do cobre 
intracelular. Esse equilíbrio deve ser mantido rigorosamente para 
que não haja estresse oxidativo causado pelo excesso de cobre. 
Além disso, o cobre, ainda, serve de cofator para algumas enzimas, 
como a ß hidroxilase e a peptidilglicina. A neurotransmissão, a pig-
mentação, a mielinização e alguns processos fisiológicos do desen-
volvimento, também, relacionam-se com o cobre, além de um papel 
relevante na diferenciação neuronal. 
O cobre é encontrado em alimentos como frutos do mar, chocolate, 
amêndoas, café, feijão, fígado, cogumelos e soja. Acredita-se que são 
Cromo e Cobre: Ações no Organismo Humano
95
necessários de 2 a 5mg de cobre por dia na dieta de um indivíduo. 
Isso demanda que a mesma fração de cobre seja excretada, para que 
seja mantida a homeostase no corpo humano. 
Ao ser advindo da alimentação, o cobre segue para o trato digestivo 
e depois para o fígado ou rins. O estômago e o intestino absorvem 
a quantidade necessária e o excesso é diretamente excretado. Se 
seguir pelo fígado, vai ser distribuído para tecidos, soro, glóbulos 
vermelhos, sais biliares (com posterior excreção fecal) e secreções 
menstruais. Já se seguir pelos rins, será excretado pela urina. Esse 
fluxo é denominado fluxo normal do cobre, no entanto, esse esque-
ma pode ser alterado. Mudanças pequenas e consideradas despre-
zíveis podem passar despercebidas e não levar a alterações no orga-
nismo. Todavia, quando as alterações são maiores, podem ocorrer 
distúrbios e doenças. Tais doenças são causadas ou por excesso 
ou por falta de cobre e são denominados hiper e hipocupremia, 
respectivamente. 
Como a concentração necessária de cobre no organismo é pequena, 
o excesso do metal na dieta pode ser prejudicial devido à afinidade 
desse elemento com os grupos S-H. Diversas enzimas possuem esse 
grupo que é fundamental para suas atividades catalíticas normais. O 
cobre pode ocasionar a inativaçãodessas enzimas e, como mecanis-
mo de proteção do organismo, o reflexo do vômito é estimulado para 
rejeição do metal. 
A doença de Wilson ou degeneração hepato-lenticular é a patologia 
mais conhecida entre os distúrbios de metabolismo do cobre que se 
relaciona com hipocupremia, devido à ausência de cobre solúvel. Os 
sinais e sintomas apresentados são peso do lado direito do corpo pela 
dilatação da cápsula hepática, dor à movimentação, devido altera-
ções musculares, coloração amarelada na pele devido à alteração de 
função do fígado, tremores intensos nos dedos relacionado a altera-
ções nervosas e presença de anel amarelo-esverdeado na córnea, cha-
Medicina Ambulatorial VI
96
mado Anel de Kayser-Fleischer. A ocorrência dessa patologia leva à 
destruição hepática e de tecidos nervosos, incluindo o núcleo lenti-
cular cerebral. O tratamento medicamentoso é iniciado com quelan-
tes associados ou não com sais de zinco, e é recomendada dieta com 
baixa quantidade de cobre.
O cobre insolúvel em excesso leva à diminuição no teor de cerulo-
plasmina que acarretará em um prejuízo na produção de enzimas 
produtoras de elétrons.
Casos de hipocupremias não específicas podem acontecer na in-
fância, levando as crianças a pararem de crescer e apresentarem 
sintomas neurológicos e baixa de hemoglobina. O organismo 
não assimila o cobre proveniente da dieta, e o elimina. A falta 
de cobre solúvel ocorre pela ausência de albuminas e globulinas, 
que são proteínas transportadoras de cobre, caracterizando-se 
como doença dos ligantes. Se o diagnóstico não for feito de for-
ma precoce, pode gerar danos irreversíveis no desenvolvimento 
da criança.
Epilepsia, melanoma e artrite reumatóide provocam alterações ge-
neralizadas e aumentam a concentração de cobre sérico, sendo 
consideradas casos de hipercupremias. Observou-se que, quando a 
concentração de cobre solúvel aumenta, ocorre diminuição do seu 
teor no fígado, o que sugere uma resposta fisiológica na tentativa de 
remissão dos efeitos maléficos dessas patologias.
A sensibilidade do paladar tem relação com o cobre. No caso de 
hipocupremia, observou-se que os pacientes não conseguiam dis-
tinguir entre doce e azedo, pois tem uma proteína específica na 
língua que controla o tamanho dos poros. Quando o cobre está 
presente, a molécula da proteína desenrola-se, fazendo com que 
ocorra aumento do diâmetro do poro e contribuindo para a per-
cepção do gosto.
Cromo e Cobre: Ações no Organismo Humano
97
CONCLUSÃO
Minerais como cromo e cobre, apesar de importantes para manuten-
ção da homeostase do metabolismo corporal, podem acarretar da-
nos severos ao indivíduo. Por isso, é essencial reconhecer suas ações 
no organismo humano a fim de identificar os riscos e, consequente-
mente, evitá-los.
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Dermatite de Contato por Agentes Químicos
99
Capítulo 8
Dermatite de Contato por Agentes Químicos
Carolina Felipe Cotta1
Maria Carolina Alvares Correa1
Maria Eduarda Machado Lima1
Yule Thais Madureira de Oliveira Andrade1
 Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
A dermatite de contato ou eczema de contato é uma reação inflamatória na pele, decorrente da exposição a um agen-te capaz de causar irritação ou alergia. Classificam- se em irritativa e alérgica. 
A dermatite de contato irritativa (DCI) é uma das mais importan-
tes dematites ocupacionais, pois apresentam frequência de 80% dos 
casos. São causadas por substâncias ácidas ou alcalinas, como sa-
bonetes, detergentes, solventes ou outras substâncias químicas. As 
lesões surgem após exposição à substância irritante, sucessivas ou 
não, restritas às áreas de contato. Pode aparecer na primeira vez 
em que entramos em contato com o agente causador, mas também 
pode induzir o aparecimento gradual de lesões após sucessivas ex-
posições.No primeiro caso, o agente causador é denominado ir-
1 Acadêmicas do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga, MG.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pe-
diatria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
100
ritante absoluto; no segundo, irritante relativo. As lesões da pele 
geralmente são restritas ao local do contato.
A dermatite alérgica de contato (DCA) surge após repetidas ex-
posições a um produto ou substância. Aparece, em geral, pelo 
contato com produtos de uso diário e frequente, como perfumes, 
cremes hidratantes, esmaltes de unha e medicamentos de uso tó-
pico, entre outros. Após a exposição prévia, as lesões surgem em 
períodos de tempo variáveis, sendo necessário um período míni-
mo de uma semana para a sensibilização e podem ocorrer após 
meses ou anos de contato. As lesões ocorrem nas áreas de conta-
to com a substância sensibilizante, onde são mais intensas, mas 
também, à distância, podem ser disseminadas.    Alguns produ-
tos causam reações somente após exposição solar concomitante, 
como o sumo de frutas cítricas e perfumes   Outros itens podem 
entrar em contato com a pele quando carregados pelo ar, como 
inseticidas em spray e perfumes para ambientes. A DCI facilita o 
desencadeamento da reação alérgica.
EPIDEMIOLOGIA
No Brasil, não há notificação obrigatória de dermatites de contato 
por agentes químicos e, devido a isso, estudos epidemiológicos so-
bre doenças ocupacionais são incomuns. São pouco identificadas ou 
valorizadas pelos médicos que, em geral, subestimam sua morbidade 
e dimensão como problema de saúde pública. Além disso, muitos 
trabalhadores se preocupam com a perda de emprego e salário e não 
buscam atendimento. Nos países desenvolvidos e, principalmente, 
nos ocidentais o índice de dermatites por contato vem se elevando 
devido ao surgimento de novos produtos.
FATORES CAUSAIS:
De acordo com estudos realizados, os jovens são mais acometidos 
pelas dermatites de contato em relação aos adultos por ainda não 
Dermatite de Contato por Agentes Químicos
101
estarem como a camada córnea espessada. São mais raras as reações 
em negros e mais comum no gênero masculino do que no feminino, 
dado que, as substâncias sensibilizantes variam segundo o sexo. Os 
homens são mais afetados pelas substâncias sensibilizantes encon-
tradas no cimento e na borracha dos equipamentos de proteção in-
dividuais. Já as mulheres, têm contato mais frequente com o níquel, 
sensibilizante mais encontrado em bijuterias, não estando relaciona-
do às atividades laborais.
IRRITANTES COMUNS
Uma vasta gama de substâncias pode ser irritante para a pele, 
dentre os mais comuns estão os produtos de limpeza, cosméti-
cos, metais, luvas e solventes de uso cotidiano, muitos utiliza-
dos, principalmente, por profissionais da construção civil, da 
estética, da saúde, da alimentação, da metalurgia e da limpeza. 
Dentre eles, podemos citar os hidrocarbonetos aromáticos que 
compreendem detergentes, sabões, óleos lubrificantes e de cor-
te, glutaraldeído e gorduras.
Muito comuns também são os cosméticos como xampus, hidratante, 
água oxigenada, persulfato de amônia, tinturas de cabelos e tatuagens 
de hena (p-fenilenodiamina); produtos envolvidos no processo de 
ondulação e alisamento de cabelos (tioglicolato de sódio); esmaltes 
de unhas; metildibromoglutaronitrila, perfumes e fragrâncias (musk 
ambrette, 6-methylcoumarin), protetores solares (dibenzoilmetanos, 
octocrileno, oxibenzona e cinamatos), desodorantes com cloreto de 
alumínio. Nos solventes incluem-se as cetonas, ciclohexano, com-
postos de cloro, ésteres, glicol. 
Outros produtos químicos: níquel, arsênio, berílio, bromo, cromo, 
cimento, flúor, fósforo, látex, inseticidas, explosivos, tintas de parede, 
alimentos em contato com a pele, plantas (furocumarinas), corantes 
e aromatizantes de alimento.
Medicina Ambulatorial VI
102
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
Na DIC, as manifestações clínicas variam de acordo com a toxicida-
de do irritante, concentração, tempo de exposição e periodicidade 
do contato. Quando agudas, geralmente, apresentam-se como erite-
ma, edema, vesículas, bolhas e exsudação. Casos mais graves podem 
também gerar “queimadura” com eritema, edema, necrose, bolhas, 
crostas e ulcerações. Além disso, agressões repetidas por irritantes 
de baixo grau, que ocorrem ao longo do tempo, evoluem para a for-
ma crônica, apresentando xerose, descamação, queratose, infiltração, 
liquenificação e fissuras.
Já as DAC se manifestam como eczema agudo ou crônico. Na fase 
aguda, são acompanhadas, freqüentemente, por prurido intenso e, 
nas formas crônicas, por espessamento da epiderme, com descama-
ção e fissuras. Ao se afastar do contato com o alérgeno, pode haver 
remissão total do quadro, mas a hipersensibilidade latente permane-
ce e reexposições voltam a desencadeá-lo.
DIAGNÓSTICO
Para estabelecer o diagnóstico das dermatites, é necessário investigar 
a história de exposição ocupacional, observando-se concordância 
entre o início do quadro e o início da exposição, bem como a lo-
calização das lesões em áreas de contato com os agentes suspeitos. 
Avaliar, também, se há melhora com o afastamento e piora com o 
retorno ao trabalho.
Uma vez que haja suspeita de Dermatite de Contato, o Teste Cutâneo 
é indicado. Em episódios que resolvem rapidamente com tratamen-
to, não há necessidade do teste cutâneo. Ele deve ser reservado para 
os pacientes com eczemas crônicos, recorrentes ou com lesões lique-
nificadas, porque os manejos destes pacientes dependem da identifi-
cação e isolamento do agente causal da dermatite de contato. Muitas 
vezes, é de difícil indicação, pois a história do paciente não é relevan-
Dermatite de Contato por Agentes Químicos
103
te, mas pode ser de grande valia quando indicado apropriadamente, 
mesmo que o resultado seja negativo. Não devemos fazer o TC se a 
dermatite for aguda, subaguda ou grave. Ele é a melhor maneira de 
diferenciarmos uma DCI de uma DCA.
Os testes cutâneos são feitos mediante a colocação de substâncias 
(aproximadamente 30 a 40), já padronizadas, no dorso do indivíduo. 
Depois, cerca de 48 a 96 horas após a colocação, se observa quais 
causaram alergia no local e, de acordo com a substância testada, 
pode ser sugerida a causa da dermatite de contato.
O Teste cutâneo positivo só tem relevância quando há nexo causal 
entre as substâncias positivas e a Dermatite de Contato, podendo ser 
sensibilização pregressa ou relacionada ao quadro atual e à ativida-
de do paciente, para caracterizar dermatose ocupacional. O teste de 
contato positivo significa, apenas, que o paciente está sensibilizado 
àquela substância e não, necessariamente, que esta é a causa da der-
matite de contato atual. O teste de contato deve ser associado, ne-
cessariamente, à história clínica, ao local anatômico da dermatite e à 
profissão do paciente. 
Os exames laboratoriais podem contribuir para o diagnóstico das 
Doenças Ocupacionais, porém, nenhum desses recursos substitui 
uma boa anamnese, um bom exame físico e o conhecimento por 
parte do profissional dos principais produtos capazes de causas der-
matoses.
TRATAMENTO
O primeiro passo para o tratamento é a identificação e afastamento 
do agente causal. Essa ação, juntamente com o tratamento precoce, 
pode diminuir o tempo de evolução das lesões e evitar complicações. 
A escolha da abordagem dependerá da extensão e da intensidade das 
lesões. Nas lesões agudas, isto é, exsudativas, devem ser utilizadas 
Medicina Ambulatorial VI
104
compressas de água boricada a 2% ou 3%, ou permanganato de po-
tássio a 1:40.000. Pode-se, também, utilizar emolientes para recupe-
rar a função de barreira da pele e reduzir o ressecamentoe o prurido 
(acrescentar uréia somente quando a pele estiver íntegra, caso con-
trário pode ocorrer prurido e ardor). Orientar banho morno, sem 
bucha e com sabonete suave.
Já nas formas localizadas de DC crônicas, isto é, com lesões desca-
mativas e liquenificadas, preconiza-se o uso de cremes e pomadas à 
base de corticoides de potência variável, conforme a região afetada. 
A escolha da concentração, potência e veículo depende de vários fa-
tores como tipo, estágio e localização do eczema, além da idade do 
paciente. 
Em casos de lesões extensas, usam-se corticoides sistêmicos, de pre-
ferência, prednisona, em doses iniciais de 0,5mg-1mg/kg/dia, com 
redução gradual. Se houver infecção secundária, deve ser associado 
antibiótico tópico e/ou sistêmico tais como eritromicina, cefalospo-
rina; e antifúngicos: fluconazol, cetoconazol. Os anti-histamínicos 
sistêmicos, também, podem ser utilizados, a fim de tratar o prurido.
PREVENÇÃO:
Prevenir a dermatite de contato significa evitar o contato com subs-
tâncias que desencadeiam uma reação, portanto a orientação mais 
importante na prevenção das dermatites de contato é o afastamento 
do fator irritante ou alergênico. Por isso, as empresas devem adotar 
medidas coletivas como exames médicos periódicos e orientações ao 
trabalhador, protegendo e evitando novos casos. 
É importante o reconhecimento das atividades e locais de trabalho 
onde existam substâncias químicas decorrentes da organização do 
trabalho, potencialmente causadores de doenças e a identificação 
dessas. Estratégias de prevenção e cuidados pessoais incluem o uso 
de EPIs adequados (botas, gorro, máscara, avental e luvas) que aju-
Dermatite de Contato por Agentes Químicos
105
dam a evitar o contato com os produtos, roupas especiais e conscien-
tização da higiene pessoal. 
A higiene pessoal deve ser cuidadosa e é indicado o uso de emolien-
tes neutros. As áreas do corpo contaminadas devem ser imediata-
mente lavadas e hidratadas com cremes sem fragrância, que podem 
ajudar a restaurar a camada mais externa da pele.
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Dermatite de Contato por Resinas
107
Capítulo 9
Dermatite de Contato por Resinas
Fernanda Gontijo Minafra Silveira Santos1
Luciana Araújo Oliveira Cunha2
Jéssica Aparecida Fernandes3
Marília Fernanda Santos Cardoso3
Rhaianny Gomes de Souza4
INTRODUÇÃO
As doenças cutâneas por resinas são um grande problema de saúde pública, já que são comuns, frequentemente crô-nicas e apresentam significativo impacto econômico para a sociedade e para os trabalhadores.
Este capítulo faz uma abordagem sobre a dermatite de contato ocu-
pacional (DCO) que é a dermatose ocupacional mais relatada, che-
gando a 90% dos casos descritos, com ênfase em resinas.
CLASSIFICAÇÃO
Existem dois tipos de dermatite de contato:
• Dermatite de contato alérgica (DCA): ocorre por reação imuno-
1 Pediatra – Alergista e Imunologista. Coordenadora da Residência de Alergia e Imunologia 
Pediátrica do HC -UFMG. Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de 
Medicina da UFMG. 
2 Pediatra. Preceptora do Ambulatório de Imunodeficiências Primárias do HC-UFMG. Douto-
ra em Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de Medicina da UFMG. 
3 Pediatra. Residente em Alergia e Imunologia Pediátrica do HC-UFMG.
4 Pediatra - Alergista e Imunologista. Preceptora do Ambulatório de Imunodeficiências Primá-
rias do HC-UFMG.
Medicina Ambulatorial VI
108
lógica a alérgenos e, portanto, necessita de sensibilização prévia. 
É menos relatada no ambiente de trabalho, possivelmente por-
que a maioria dos trabalhadores não são, geralmente, testados 
por patch testes.
• Dermatite de contato irritativa (DCI): causada por reação in-
flamatória não imunológica da pele ao contato com o agente 
químico, físico ou biológico. É a causa mais comum de DCO, 
até 80% dos casos, mas alguns autores mostram prevalência 
semelhante à da DCA, associando esses valores ao subdiag-
nóstico. 
As ocupações de maior risco para o desenvolvimento de DCO são 
sapateiros, mecânicos, encanadores, engenheiros, trabalhadores de 
fábricas, construtores, pintores, trabalhadores de cuidados infantis, 
limpadores/lavadores, trabalhadores da indústriaalimentícia e me-
talúrgica, fabricantes de ferramentas, cabeleireiros e trabalhadores 
da área da saúde.
No que se refere às DCIs, as profissões que incluem cabeleireiros, 
trabalhadores da área da saúde, mecânicos, cozinheiros, faxineiros, 
pintores e encanadores são as mais comumente acometidas. 
OS ALÉRGENOS E SEUS SUBTIPOS
Os alérgenos mais comumente encontrados nos locais de trabalho 
podem ser dos seguintes tipos e subtipos: 
RESINA EPÓXI
A resina epóxi é um alérgeno ocupacional frequente e bem conhe-
cido, amplamente utilizada por excepcional propriedade de dureza 
e resistência ao impacto do calor, água e produtos químicos, bem 
como por sua capacidade como isolante e adesivo elétrico, com am-
pla difusão em produtos que contêm este hapteno. 
Dermatite de Contato por Resinas
109
A sensibilização é frequentemente adquirida após um curto período 
de tempo de exposição a ela. A dermatite ocorre, predominantemen-
te, nas mãos, mas também pode envolver o rosto. 
Grande parte, 75% a 90%, das resinas epóxi são à base de epicloridri-
na e bisfenol A, que reagem à formação de éter diglicídico do bisfenol 
A (DGEBA). Já o éter diglicidílico do bisfenol F (DGEBF) é a base de 
aproximadamente 1% de epóxi resinas. 
A sensibilidade ao DGEBA pode desenvolver-se em manipuladores 
de resina epóxi não endurecida, enquanto que a resina epóxi total-
mente curada não é irritante e nem mesmo sensibilizante. Esse alér-
geno pode ser encontrado no mercado da indústria eletrônica, da 
odontologia, indústria de revestimento e indústrias que trabalham 
com colas epóxi. 
RESINAS FENÓLICAS
São resinas com alto poder hipocromiante, podendo, também, levar 
ao chamado vitiligo ocupacional. Compreendem três grandes grupos 
de resinas: fenol-formaldeído e seu subtipo bultifenol p-terciário, os 
mais prevalentes. Cresol formaldeído e resorcinol formaldeído.
As resinas de formaldeído são usadas em roupas para evitar o enru-
gamento, portanto os funcionários de indústrias têxteis e lavanderias 
são mais propícios ao seu contato. São encontradas, também, em co-
las para calçados de couro, moldes para fundição, plástico laminado 
e de material elétrico e em lixas, esmeris e outros produtos similares. 
RESINAS AMINOPLÁSTICAS
São obtidas a partir da policondensação de formaldeído com aminas. 
Elas são utilizadas para a confecção de chapas plásticas de fórmica 
e colas especiais. Compreendem quatro grupos: uréia-formaldeído, 
tioureia-formaldeído, melanina-formaldeído e anilina-formaldeído. 
Medicina Ambulatorial VI
110
Devido ao grande número de resinas com formulações diferentes 
nesse grupo, na suspeita de dermatite alérgica de contato, devemos 
testar as substâncias suspeitas diluídas em vaselina a 10%. 
RESINAS ACRÍLICAS
São amplamente utilizadas no acabamento de artefatos de couro, na 
indústria têxtil, de tintas e de colas especiais (Loctite). São dividi-
das em quatro grupos: éster-acrílica, éster-metacrílica, acrilonitrila e 
acrilamida e seus derivados. 
As colas cianoacrílicas de secagem ultrarrápida são muito irritantes 
por apresentarem reações de cura muito rápidas quando em contato 
com as camadas superficiais da pele. São encontradas em próteses 
ortopédicas. Nos procedimentos em que há necessidade de manu-
seá-las, deve-se usar dois pares de luvas e se utilizar espátulas para 
aplicar o cimento na prótese. São causas pouco comuns de DCA.
RESINAS ALQUÍDICAS
São resinas utilizadas pela indústria automotiva e na fabricação de 
tintas especiais. DCA por resinas alquídicas são mais raras. Os prin-
cipais componentes dessas resinas são anidrido ftálico, glicerol e áci-
dos graxos. 
RESINAS POLIÉSTERES
São resinas habitualmente usadas nas indústrias aeronáuticas e auto-
motivas, bem como no isolamento de cabos e fios elétricos, podendo 
desencadear DCA e DCI. Os principais agentes irritantes são solven-
tes (vinil benzeno, acetona, anidrido ftálico) e fibra de vidro. Os prin-
cipais sensibilizantes são os seguintes: resina de poliéster, peróxido 
de benzoíla, dimetilanilina, naftenato de cobalto e propilenoglicol. 
Após o processo de polimerização, as resinas poliésteres tornam-se 
inertes, sendo pouco sensibilizantes.
Dermatite de Contato por Resinas
111
IRRITANTES MAIS COMUMENTE ENCONTRADOS NO 
LOCAL DE TRABALHO
A umidade no ambiente de trabalho é o irritante mais comum, prin-
cipalmente, em trabalhadores da área da saúde. Além desse, o ar 
quente e seco também pode ser um importante irritante, apesar de 
menos reconhecido. 
Os álcalis como sabonetes, detergentes e limpadores podem causar 
DCI. Ácidos podem ser cáusticos, assim como hidrocarbonetos (pe-
tróleo e óleos). Os solventes podem causar DCI ao remover a camada 
lipídica de proteção da pele. 
A dermatite por atrito é um subtipo de DCI e pode ser causada pelo 
manuseio repetitivo de objetos ou materiais. Um dos exemplos são 
as luvas que, muitas vezes, são pensadas como uma barreira de pro-
teção, mas em contato prolongado com a pele afetam a barreira epi-
dérmica podendo ser irritantes. Na pele da mão previamente afetada, 
as luvas podem tornar a epiderme mais suscetível a alérgenos ou a 
outros irritantes. 
EPIDEMIOLOGIA 
A DCO é responsável por até 30% de todos os casos de doença ocupa-
cional e representa cerca de 95% de todos os casos de doenças de pele 
ocupacionais. A taxa de incidência de DCO é de 0,5 a 1,9 casos por 1000 
trabalhadores por ano, demonstrado na maioria dos países europeus.
A prevalência de DCO é de 20% na população ativa, em geral, au-
mentando com o avançar da idade, pelo efeito cumulativo, com 
grande variação nas diferentes profissões. 
No Brasil, entre 2007 e 2012, diferentemente das estatísticas globais, 
a DAC foi a mais freqüente entre as DCO, totalizando 20,6% dos 
casos, seguida de ceratoses (17,2%) e DCI (11,5%). 
Medicina Ambulatorial VI
112
Os agentes mais comuns que causam as lesões de origem ocupa-
cional no Brasil são os seguintes: cromo (13,9%), madeiras (4,7%) 
e solventes (3,5%). Demonstrou-se predominâncias dos setores de 
construção (28,7%), seguidos dos serviços domésticos (18%). 
A região brasileira com maior número de casos notificados foi o 
Centro-Oeste, com 376,4 casos por milhão de habitantes. Possivel-
mente, por haver maior vigilância e controle de notificação, mas não 
necessariamente maior incidência de DCO. 
O impacto social da DCO é imenso, mesmo com dados subesti-
mados devido à não notificação, principalmente dos casos leves. 
Em um estudo de acompanhamento de 12 anos, 48% dos pacientes 
relataram licença médica prolongada (uma semana ou mais), 82% 
dos pacientes mudaram de emprego e 15% relataram perda de em-
prego ou exclusão.
FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia das DCI não requer a intervenção de mecanismos 
imunológicos. Ela é causada por ação direta de substâncias químicas 
irritantes na epiderme, com consequente dano aos queratinócitos e 
eventual necrose. Estes, quando lesados, liberam mediadores infla-
matórios não específicos e fatores quimiotáticos, causando dilatação 
dos vasos da derme (eritema), extravasamento de plasma na derme 
(edema) e na epiderme (bolha) e infiltrados de várias células. Ini-
cialmente, aparecem linfócitos ao redor dos vasos dilatados do plexo 
vascular superficial; em seguida há aparecimento de neutrófilos re-
crutados por fatores quimiotáticos, sendo as células predominantes 
nas DCI moderadas a graves. 
A DCA resulta de uma reação cutânea eczematosa, imunologica-
mente mediada por células T, com resposta antígeno-específica tar-
dia, a um antígeno hapteno em contato com a pele associados a an-
tígenos de histocompatibilidade classe II (MHC II). O MHC II está 
Dermatite de Contato por Resinas
113
presente nas células de Langerhans e outras células que apresentam 
antígenos epidérmicos, em sua maioria de origem dendrítica. Após 
o contato, o alérgeno é apresentado a estas células. Citocinas in-
flamatórias como TNF-α e IL1-β podem apoiar a sensibilização e 
levar à irritação da pele, estreitando a ligação entre dermatiteirri-
tativa e alérgica. 
Figura 1 - Resumo esquemático dos mecanismos da sensibilização da pele 
(WONG, 2015).
1) Os haptenos ganham acesso através da epiderme. 
2) Ligação de haptenos a proteínas da pele. 
3) As células de Langerhans (LCs) ligam-se ao complexo hapte-
no-proteína e diferenciam-se em células dendríticas maduras 
(DCs) durante a migração para o linfonodo. 
4) LCs apresentam o complexo aos linfócitos T virgens. 
5) Expansão clonal de células T efetoras e de memória específicas. 
6) Os linfócitos T proliferados disseminam-se na circulação san-
guínea, resultando na sensibilização. 
Medicina Ambulatorial VI
114
7) Reexposição aos haptenos. 
8) Liberação de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias pelas cé-
lulas epidérmicas. 
9) Infiltração de células T no local de contato. 
10) Desenvolvimento de DCA. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
A DCA apresenta-se com eritema, edema, vesículas, exsudação e 
prurido intenso. Na forma mais leve, apenas o eritema é visível no 
local de contato. Reações mais graves incluem vesículas friáveis. 
Quando essas lesões decorrem de uma única exposição, todas as le-
sões estão no mesmo estágio deste processo. Na forma crônica, o 
termo eczema é utilizado e características como hiperceratose, des-
camação, liquenificação e fissura tornam-se mais proeminentes. A 
lesão é, então, menos circunscrita, a infiltração e a espessura da pele 
aumentam, as marcas de liquenificação se desenvolvem e diferenças 
regionais no estágio da inflamação podem ser vistas. 
Após exposição inicial, o período de incubação pode variar de 5 a 21 
dias na DCA. Para o trabalhador já sensibilizado, pode variar de 1 a 
3 dias, desaparecendo em 2 a 3 semanas após cessada a exposição. 
As mãos são tipicamente envolvidas em 80-90% de todos os casos de 
DCO, mas a face, também, pode ser muito acometida. A localização 
das lesões tem um papel importante no diagnóstico da DCA, pois o 
local do corpo dá pistas para a etiologia e deve ser o ponto de partida 
da anamnese, sendo crucial para orientar o teste de contato para a 
identificação do alérgeno responsável. A reação é predominante na 
área de contato, mas pode se espalhar amplamente para outras áreas. 
Nos casos de difícil identificação do agente causador, a DCA ectópica 
deve ser considerada, já que o alérgeno pode atingir a pele por vias 
excepcionais:
Dermatite de Contato por Resinas
115
A) Autotransferência: transferência do alérgeno na mesma pessoa, 
por exemplo, verniz de esmalte de unhas localizado nas pálpe-
bras ou no pescoço;
B) Heterotransferência: transferência do alérgeno para outra pes-
soa, principalmente o parceiro;
C) Aérea: transporte do alérgeno pelo ar, com presença de lesões 
tipicamente em áreas não cobertas;
D) Fotoalergênica: lesões em zonas expostas à luz UV, normalmente 
poupa áreas cobertas com roupas ou sombreadas por cabelos, 
como orelhas ou couro cabeludo.
Por vezes, pode ocorrer dermatite de contato generalizada. A expo-
sição a altas doses de alérgenos, a disseminação via vasos sanguíneos 
ou a ativação generalizada de células efetoras imunológicas têm sido 
apresentadas como possíveis explicações.
As formas atípicas de DCA variam desde dermatite de contato do tipo 
desidrose a reações do tipo eritema multiforme, púrpura pigmentada, 
reações pustulosas, granulomas e lesões tipo esclerodermia.
Em contraste, a DCI aguda pode apresentar xerose e hiperlineari-
dade, edema, eritema, vesículas, bolhas com pústulas, ulceração e 
necrose. O estágio crônico é semelhante à DCA crônica. O prurido 
pode estar presente, mas os principais sintomas são queimação e dor 
com lesões bem definidas e limitadas ao local de contato.
DIAGNÓSTICO
Devido à dificuldade em diferenciar clinicamente as várias entidades 
de eczema, a coleta de uma história clínica detalhada (Tabela 1) e a 
avaliação correta dos padrões morfológicos de lesões são passos fun-
damentais para que o diagnóstico seja feito de forma correta, orien-
tando o teste de contato e determinando a etiologia.
Medicina Ambulatorial VI
116
Tabela 1 – Componentes essenciais da anamnese
• Relação temporal entre contato com alérgeno e início dos sintomas;
• Área de contato correspondente à área de reação;
• Padrões clínicos iniciais e evolução morfológica;
• Características do ambiente de trabalho: exposição a potenciais alérgenos, dose, 
frequência, duração, medidas de proteção e fatores concomitantes (umidade, 
temperatura, oclusão, fricção), situação semelhante nos colegas de trabalho;
• Avaliação das atividades de lazer;
• Uso de produtos domésticos e medidas de proteção; 
• Produtos utilizados para cuidados da pele, fragrâncias, unhas e para o cabelo;
• Uso de jóias, vestuário e dispositivos de comunicação;
• Avaliação de autotransferência, heterotransferência, dermatite aérea, dermatite 
fotoalergênica para os casos não típicos;
• Histórico de dermatites anteriores (dermatites de contato passadas, testes de 
contato e história pessoal e familiar de atopia).
(Adaptado de KOSTNER, 2017)
O exame físico deve sempre investigar o local do corpo e tentar 
diferenciar entre provável local de contato primário ou reacional. 
Diagnósticos diferenciais como líquen plano e escabiose devem ser 
avaliadas. As unhas devem ser examinadas para detectar sinais de 
distrofia, onicomicose ou psoríase.
A avaliação detalhada da história e características clínicas do pacien-
te orienta a seleção de alérgenos para o teste de contato, padrão-ouro 
para o diagnóstico, visto que na maioria das vezes, as lesões são devi-
das a reações imunológicas tardias do tipo IV, mediadas por células T.
TESTE DE CONTATO
O teste de contato envolve a aplicação de uma série de alérgenos di-
retamente na pele, habitualmente na parte superior do dorso. É o 
Dermatite de Contato por Resinas
117
padrão ouro no diagnóstico do eczema de contato alérgico. Corres-
ponde a prova in vivo do efeito do contato com o alérgeno causador 
da doença, provocando em pequena escala a reação de hipersensibi-
lidade tipo IV. Normalmente, são transportados em veículos à base 
de petrolato em câmaras hipoalergênicas.
Além disso, a história e as características clínicas dos pacientes de-
vem estimular a seleção de painéis adicionais. Os pacientes sob imu-
nossupressão (como uso de corticosteróides sistêmicos) não devem 
ser testados porque podem apresentar testes falsos negativos. 
As leituras do teste são realizadas em 48, 72 e 96 horas (especialmente 
se houver resultados questionáveis em 72 horas). Uma leitura repetida 
após uma semana é altamente sugerida para não perder uma reação tar-
dia. Quanto à análise, existem vários métodos de avaliação comumente 
utilizados. A leitura e a pontuação devem ser repetidas em cada medida. 
Uma reação em progressão no teste é compatível com uma dermatite 
de contato alérgica; e uma reação, inicialmente, positiva que regride 
nas leituras subsequentes sugere uma causa irritativa. 
Reações positivas a alérgenos quimicamente semelhantes podem in-
dicar reações cruzadas. Reações positivas a mais de 5 substâncias não 
relacionadas podem indicar polissensibilização ou “síndrome da pele 
hiperexcitada”. Essa última pode ser excluída por repetição do teste 
com alérgenos selecionados cerca de dois meses depois. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O principal diagnóstico diferencial ocorre entre a dermatite de con-
tato alérgica e irritativa, que podem ser coexistentes, pois a lesão de 
pele causada por irritantes leva a maior penetração de potenciais 
alérgenos (Tabela 2). 
Outras dermatoses podem, muitas vezes, gerar dúvidas quanto ao 
nexo causal, tais como: dermatite atópica, psoríase, herpes simples e 
Medicina Ambulatorial VI
118
herpes zoster, reações idiopáticas vesiculares pela presença de mico-
se nos pés mícides (eczema desidrótico), eczema numular e reações 
cutâneas a drogas, entre outras. 
Tabela 2- Principais diferenças entre DCI e DCA
Fator Dermatite de contato irritativa Dermatite de contato alérgica
Apresentação 
clínica Forma 
agudaEritema, edema, exsudação, 
vesículas ocasionais, pústulas; 
necrose e ulceração, se material 
corrosivo.
Edema, vesículas, exudação.
Forma crônica
Pele áspera e xerótica; 
Pode haver hiperceratose, 
descamação, liquenificação e 
fissuras.
Pode haver hiperceratose, 
descamação, liquenificação e 
fissuras.
Localização Restrita à área de contato.
Mais intensa na área de 
contato, mas pode envolver 
outras áreas, com limites 
pouco definidos.
Sintomas Queimação, dor e ardor; prurido pode estar presente. Prurido é o principal sintoma.
Curso clínico
Usualmente, aparecem 
após primeira exposição; 
Apresentações tardias podem 
ser vistas.
Tempo de sensibilização é 
necessário, com período de 
ausência de sintomas, com 
lesões aparecendo após 24-72h 
de exposição, mas podem 
ocorrer dentro de 5h ou até 
7d após.
Curso de 
resolução
Curso em decrescente: atinge o 
pico rapidamente, em seguida, 
começa a reduzir
Curso em crescendo: atinge 
o pico lentamente, com 
resolução mais lenta
(Adaptado de PACHECO, 2018)
Dermatite de Contato por Resinas
119
TRATAMENTO
Para o tratamento DCO, a chave está em identificar e remover o 
agente agressor. A maioria dos trabalhadores prefere permanecer na 
profissão. Nestes casos, o ideal é utilizar maneiras de eliminar a ex-
posição, através de restrições ou substituições, tais como usar luvas 
sem acelerador de borracha. 
Quando não é possível substituir ou restringir, quer por razões admi-
nistrativas, quer porque a doença é grave, o trabalhador será forçado 
a deixar as instalações em que o agente se encontra. No entanto, essa 
é a solução menos desejável e, muitas vezes, resulta em perdas econô-
micas e sociais significativas para as pessoas afetadas.
O tratamento medicamentoso é o mesmo da dermatite de contato 
não ocupacional, com corticosteróides tópicos, agentes poupado-
res de esteróides, cremes de barreira e agentes imunossupressores. 
Na maioria dos casos, não há melhora se o agente agressor não é 
afastado.
Os pacientes devem ser encaminhados a médicos especialistas quan-
do ocorrer falha da terapia instituída, o agente causador não for 
identificado ou o diagnóstico não estiver claro.
PREVENÇÃO
Os médicos devem oferecer ao paciente opções de como reduzir a 
exposição ao agente causador. Os programas de prevenção são vitais 
para conscientização dos trabalhadores sobre a importância de me-
didas profiláticas.
Intervenções educacionais e treinamentos estão incluídos para pre-
venção primária, evitando o desenvolvimento da doença. Esses pro-
gramas devem fornecer informações relevantes sobre a identificação 
de perigos e buscar a conscientização da necessidade do reconhe-
cimento dos primeiros sinais da doença. A intervenção secundária 
Medicina Ambulatorial VI
120
concentra-se no reconhecimento precoce de trabalhadores com a 
doença e as intervenções são, geralmente, implementadas a fim de se 
evitar a progressão da doença. As intervenções terciárias aplicam-se 
aos trabalhadores com casos graves e crônicos de DCO que resultam 
em comprometimento significativo. Essas intervenções envolvem a 
educação sobre a reintegração no trabalho, a continuação do traba-
lho e prevenção de incapacidades (Tabela 3).
Tabela 3 – Estratégias de prevenção para Dermatite de Contato 
Ocupacional
• Evitar alérgenos e irritantes;
• Substituir o agente causador por outro mais seguro;
• Limitar o uso de luvas (mas incentivar o uso com tarefas molhadas; se o uso da 
luva é prolongado, usar forros de algodão);
• Utilizar os produtos de limpeza à base de álcool em vez do sabão tradicional e 
água quando possível (especialmente para trabalhadores da área da saúde);
• Aplicar regularmente o creme pós-trabalho sem perfume;
• Evite cremes pré-trabalho (geralmente não são úteis e podem levar a complacên-
cia em outras medidas preventivas);
• Implementar controles de engenharia (ventilação, automação, uso de equipa-
mento de proteção individual);
• Fornecer aos trabalhadores informações adequadas sobre saúde e segurança.
(Adaptado de ZACK, 2017)
CONCLUSÃO 
As dermatoses relacionadas ao trabalho são a forma mais prevalente 
de doença profissional em muitos países. 
No Brasil, há necessidade de que os estados da federação sejam mais 
cobrados sobre a adoção e comprometimento de notificação. Além 
disso, é importante qualificar os profissionais que tratam os pacientes 
afetados e orientar as empresas para que seus funcionários busquem 
Dermatite de Contato por Resinas
121
serviços de saúde quando tiverem alguma doença de pele que possa 
estar relacionada ao ambiente de trabalho. 
Mesmo para pacientes com estágios avançados da doença, a combi-
nação do diagnóstico correto, tratamento dermatológico, educação 
do paciente e a vigilância contínua pode melhorar o prognóstico no-
tavelmente. 
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Dermatoses Alérgicas Provocadas pela Borracha e seus Componentes
123
Capítulo 10
Dermatoses Alérgicas Provocadas pela 
Borracha e seus Componentes
Evandro Messias Neves da Silva1
Frederico Valadares Lanza França2
Fernanda Pontes Guimaraes2
Patsy Luciana Valadares Lanza França3
Rafael Lopes Nogueira Guimaraes4
Vânia Soares de Oliveira e Almeida Pinto5
INTRODUÇÃO
As dermatoses alérgicas, decorrentes da utilização da bor-racha, ocorrem devido aos seus componentes, em função da adição de tiuram ecarbamatos durante o processo de vulcanização. Nesse sentido, são perceptíveis alterações 
na pele, mucosas e anexos após o contato e sensibilização pela borra-
cha. O surgimento da manifestação clínica se relaciona com fatores 
predisponentes, como o uso de equipamentos de proteção individual, 
agentes químicos, raça e gênero. Segundo alguns estudos, a alergia ao 
látex e aos seus componentes ocorre em cerca de 2% da população, 
1 Bacharel em Farmácia. Acadêmico de Medicina pela UniAtenas
2 Acadêmicos em Medicina pela UniAtenas
3 Médica formada pela UFMG. Mestre em Biotecnologia e Gestão de Inovação pela UNIFE-
MM. Especialista em Alergia e Imunologia.Especialista em Pediatria.
4 Engenheiro Ambiental. Mestre em Geografia pela PUC-MG. Acadêmico de Medicina pela 
UniAtenas 
5 Médica formada pela UFVJM. Mestre em Educação pela UFVJM. Especialista em Medicina 
da Família e Homeopatia.
Medicina Ambulatorial VI
124
sendo predominante em trabalhadores do processamento da borra-
cha e profissionais da saúde. O sexo feminino apresenta maior inci-
dência por estar mais exposto aos fatores de risco. É muito frequente 
em pacientes com cirurgias recorrentes, devido à alta sensibilização. 
ETIOPATOGENIA ASSOCIADA À CLÍNICA
As principais dermatoses ocupacionais são a dermatite de contato ir-
ritativa (DCI) e a dermatite de contato alérgica (DCA), sendo a DCI 
é responsável por 80% dos casos. Diferenciam-se pela fisiopatologia, 
predisposição genética, tempo de surgimento, demarcação anatômi-
ca das lesões e suas resoluções. O sistema imune cutâneo é formado, 
basicamente, por quatro componentes estruturais: 1) tecido linfóide 
associado cutâneo, responsável pela indução da imunidade; 2) siste-
ma imune dérmico; 3) microvasculatura dérmica, local onde ocorre 
a reatividade e expansão de muitas alterações imunológica e infla-
matórias da pele; 4) o sistema imune funcional cutâneo. Juntos, esses 
sistemas imuno–cutâneos possuem a função de identificar e proteger 
o organismo de substâncias próprias (self) e, ao mesmo tempo, eli-
minar substâncias não próprias (non-self). Essa capacidade de iden-
tificação e destruição constante leva a uma tensão entre a imunidade 
de proteção e a autoimunidade. 
DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA
A DCA é desencadeada por um processo imunológico e, diferente-
mente, da DCI necessita de sensibilização prévia, ou seja, repetidas 
exposições ao agente agressor para iniciar o processo inflamató-
rio. A resposta imune é específica contra determinantes antígenos 
de componentes químicos que entram em contato com a pele, de-
sencadeando a reação tipo IV mediada por células T, abrangendo 
imunidade inata e adaptativa. Os agentes mais comuns são medica-
mentos tópicos, perfumes, sais metálicos, componentes das borra-
chas e seus derivados.
Dermatoses Alérgicas Provocadas pela Borracha e seus Componentes
125
Verifica-se que substâncias de baixo peso molecular, denominadas 
haptenos, atravessam a pele íntegra e se ligam às proteínas da pele 
(self), formando um conjugado hapteno-proteína no qual a pro-
teína não será mais identificada como própria pelo sistema imune 
(no-self). O processo descrito representa uma resposta de hiper-
sensibilidade tardia a esse complexo. O conjunto hapteno-proteína, 
também denominado antígeno, é processado e apresentado às cé-
lulas de Langerhans, responsáveis pela ligação dos antígenos espe-
cíficos de superfície aos receptores do complexo principal de histo-
compatibilidade (MHC) dos linfócitos T, produzindo uma resposta 
imune. Havendo sensibilização a uma determinada substância, 
ocorrerá uma reação mediada por linfócitos, chamada hipersensi-
bilidade tardia e, também, poderá ter uma hipersensibilidade ime-
diata, mediada por anticorpos. 
Na hipersensibilidade tardia, o conjugado hapteno-proteína entra 
na epiderme ligando-se às células de Langerhans, ativando os que-
ratinócitos, que são células da derme e liberando citocinas inflama-
tórias, como TNF-α, IL1, IL-6, IL-8 e GM-CSF. As células de Lan-
gerhans são ligadas ao conjugado através do complexo MHC, indo 
para o linfonodo, onde o LTh0 é sensibilizado, produzindo clones 
de LTh1 específicos. Essa é a fase de sensibilização, com duração 
entre 5 e 21 dias. 
Após essa fase, se o indivíduo entrar novamente em contato com 
a substância que foi sensibilizado, o complexo hapteno-proteína é 
mais uma vez formado. Os linfócitos Th1, já previamente sensibiliza-
dos, possuem receptores de superfície específicos que, guiados pelas 
adressinas das células endoteliais, reconhecem o antígeno ligado às 
células de Langerhans e passam a secretar citocinas, o que resultará 
em um processo inflamatório. 
Após 12 a 48 horas, manifesta-se a dermatite clínica, sendo essa 
fase denominada eczematização. Importante ressaltar que, mesmo 
Medicina Ambulatorial VI
126
após a fase de sensibilização, poderá persistir uma quantidade su-
ficiente de alérgeno, provocando uma exacerbação espontânea sem 
reexposição.
Histologicamente, as lesões iniciais da DCA caracterizam-se por in-
filtrados de linfócitos perivasculares dos plexos venosos superficiais. 
Uma parte desses linfócitos migram até a epiderme e formam um 
edema intercelular, denominado espongiose, caracterizado por alar-
gamento dos espaços intercelulares entre os queratinócitos. Se esse 
processo for desencadeado de forma abrupta, a espongiose evolui 
para microvesículas e, caso ocorra lentamente, a espongiose poderá 
evoluir para uma hiperplasia epidérmica. A descamação da epiderme 
com secreção do líquido seroso é decorrente da retenção do núcleo 
das células do estrato córneo. O infiltrado linfocitário na derme tor-
na-se intenso e, ocasionalmente, pode aparecer alguns eosinófilos. 
DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA
A DCI corresponde, aproximadamente, a 80% das dermatites de 
contato, sendo desencadeada por um dano tissular direto, ou seja, 
não é necessária uma sensibilização prévia.
A fisiopatologia da DCI não requer a intervenção de mecanismos 
imunológicos, sendo uma das grandes responsáveis por doenças 
ocupacionais. A resposta ao agente agressor está intimamente cor-
relacionada ao tempo de exposição, bem como sua periodicidade 
e concentração do composto irritante. Os agentes agressores são 
substâncias químicas que, em contato com a pele, produzem lesões 
e, havendo contato direto, provocam danos à barreira cutânea, em 
especial, nos queratinócitos e nas células dendríticas. Com a eventual 
lesão e necrose, os queratinócitos afetados liberam mediadores infla-
matórios não específicos e fatores quimiotáticos. Esses mediadores 
são responsáveis pela dilatação dos vasos da derme, provocando eri-
tema característico, bem como edema e bolhas. Em virtude dopro-
Dermatoses Alérgicas Provocadas pela Borracha e seus Componentes
127
cesso sero-exudativo, ocorre o extravasamento de plasma na derme, 
formando o edema, ou na epiderme, formando bolhas. A DCI pode 
ser caracterizada por um eczema agudo com placas eritematosas, 
edematosas, vesículas ou bolhas e exsudação, subagudo com placas 
eritematosas, crostas e exsudação ou crônica com placas ceratóticas, 
liquenificadas com fissuras.
DIAGNÓSTICO 
A Figura 1, a seguir, apresenta o fluxograma diagnóstico de alergia ao 
látex ou derivados da borracha:
Fig. 1: fluxograma para o diagnóstico de alergia ao látex e/ou aditivos da 
borracha
Fonte: De Sá, 2012 
A partir da história clínica e das indicações adequadas de testes in vivo 
ou in vitro é possível realizar o diagnóstico de alergia ao látex. O teste 
cutâneo de puntura é um método in vivo que consiste em detectar a 
Medicina Ambulatorial VI
128
quais alérgenos o paciente é sensível, sendo indicado quando a his-
tória clínica sugerir a hipersensibilidade imediata ou tipo I. O teste 
de contato, Patch Test (PT), é utilizado para diagnóstico em pacientes 
com hipersensibilidade tipo IV, consistindo na aplicação de 30 a 40 
substâncias na pele das costas e na leitura com 48h e 96 h. 
O teste de provocação é usado em casos em que há dúvidas da causa. 
A dosagem de IgE sérica específica é utilizada no caso de suspeita de 
anafilaxia ou de sensibilização em pessoas com o teste cutâneo negativo. 
TRATAMENTO 
O princípio básico para o tratamento de qualquer dermatite de contato 
consiste no afastamento da substância causadora, bem como na orien-
tação ao paciente sobre a utilização de outros materiais que substituam 
aquele causador da reação cutânea. A prevenção do contato com as 
substâncias agressoras é medida fundamental tanto para DCI quanto 
para DCA. É importante, também, descartar e tratar infecções secun-
dárias à dermatite de contato. 
A terapêutica medicamentosa para a DCA deve ser realizada a partir 
da identificação da classificação do quadro: agudo ou crônico e, tam-
bém, da extensão das lesões. Na fase aguda, é importante diminuir os 
sinais inflamatórios com utilização de compressas frias, corticóides tó-
picos ou sistêmicos e, se necessário, imunossupressores. Os corticoides 
tópicos são usados quando as lesões se restringem em até 20% da área 
corporal, sendo indicados os de baixa potência na face e os de média e 
alta potência no restante do corpo.
Atenção aos efeitos adversos, provocados por eles: atrofia local, te-
leangectasia, hipopigmentação. Como forma de reduzir o tempo de 
tratamento, há a possibilidade de administrar corticóides tópicos em 
oclusão. A utilização de corticóides sistêmicos é indicada quando as 
lesões estiverem em grandes áreas, ou quando o tratamento tópico não 
obteve o resultado esperado. O medicamento de escolha, nesse caso, 
Dermatoses Alérgicas Provocadas pela Borracha e seus Componentes
129
poderá ser a Prednisona com dose de 0,5mg/kg de peso por 14 a 21 
dias, sendo a dose diminuída progressivamente em 50% por semana 
até completa interrupção do seu uso. 
O uso de imunomoduladores tópicos, como o Tracolimus, tem bons 
resultados, especialmente, em dermatites de contato nas mãos e, ape-
sar de ter um efeito menor em relação aos corticóides tópicos, não cau-
sa atrofia local. Em caso de prurido, é recomendado o uso de anti-his-
tamínicos de primeira geração que provocam uma sedação benéfica 
ao paciente, embora tenha eficácia questionada. O uso de anti-hista-
mínicos de segunda geração, como a Cetirizina, ajuda a evitar o efeito 
rebote pós tratamento tópico com corticosteróides.
Na fase crônica da doença, não é recomendada a utilização de cor-
ticoterapia, optando-se por imunossupressores sistêmicos como 
Ciclosporina e Azatioprina, tendo em vista que estudos mostraram 
bons resultados terapêuticos, apesar de que tais produtos não re-
presentam tratamento de primeira linha. A utilização desses me-
dicamentos deve ser avaliada quanto aos riscos e benefícios, espe-
cialmente, em relação ao fato da Azatioprina ser mielotóxica. Nessa 
fase, está indicado o uso de corticóides em pomadas e injeção in-
tralesional. A fototerapia pode ser uma opção em casos de resis-
tência aos tratamentos anteriores, com vantagem de não possuir 
efeitos adversos dos corticosteroides. Todavia sua utilização fica 
restrita a centros especializados e os custos e tempo de tratamento 
são limitantes à sua aplicação.
O tratamento adequado da dermatite de contato requer identificar e 
retirar o agente causador do ambiente em que o paciente vive. Nenhu-
ma medicação vai substituir essa medida.
REFERÊNCIAS
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Avelar; SILVA, Marzia Macedo. Dermatoses ocupacionais.  Anais brasileiros de 
dermatologia, Rio de Janeiro-RJ, v. 85, n. 2, p. 137-147, 2010. 
Medicina Ambulatorial VI
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189, 2012. 
Dermatoses Ocupacionais por Compostos de Cromo
131
Capítulo 11
Dermatoses Ocupacionais por Compostos 
de Cromo
Anna Cláudia Sabino dos Santos1
Henrique Passos Weidig1
Lidiane Barbosa Alcântara1
Marcos Tadeu Trindade Filho1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
As dermatoses ocupacionais são consideradas um dos principais agravos relacionados ao trabalho e de notifi-cação compulsória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Para isso, é necessário que seja 
realizada a anamnese ocupacional, exame físico detalhado e, ainda, 
se necessário, uma visita ao ambiente de trabalho para uma inves-
tigação dos agentes causadores. O diagnóstico é importante para a 
compreensão do processo trabalho-saúde-doença e, assim, realizar 
uma abordagem do tratamento e de ações de controle e prevenção(MIRANDA et al., 2018).
As principais complicações associadas às dermatites de contato são 
as cicatrizes, infecções secundárias, distúrbios de pigmentação, di-
1 Acadêmicos de Medicina do Instituto Metropolitano do Ensino Superior.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós-doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
132
minuição ou limitação da produção, sequelas físicas e emocionais 
e incapacidade profissional. (MIRANDA et al., 2018; OLIVEIRA; 
KRUG, 2017).
As questões ambientais na União Europeia são regulamentadas por 
vários atos legislativos europeus. O comitê social econômico, em 
1986, fixou processos nacionais para redução da poluição no meio 
aquático em relação ao Cromo, considerando que sua concentração 
nos cursos de água atinge 100 a 400 mg/Kg. Em meio seco, o Cr6+ 
é mais solúvel e sua concentração deve ser limitada. No Canadá, as 
fontes primárias de cromo no meio aquático são procedentes de in-
dústria de curtume, pinturas, obras químicas, aço, fundições não fer-
rosas, perfurações de petróleo e plataformas de recuperação (AMA-
RANTE, 2016).
O cromo é uma substância química natural, um metal encontrado na 
natureza, ar, água e solo. Comumente, encontra-se o cromo metálico 
nas indústrias em que se fabricam aço inoxidável, fertilizantes, pro-
cessos químicos, fitas magnéticas, lâmpadas, corantes, preservação 
da madeira, couro e outros produtos (SPRADA, 2018).
O elemento químico cromo é encontrado em diversos estados de 
oxidação, sendo que Cr+3 e Cr+6 são os mais estáveis. A diferenciação 
entre os dois é muito importante, considerando que a toxicidade do 
hexavalente é bem maior do que em seu estado trivalente. A forma 
trivalente possui funções biológicas essenciais para o organismo hu-
mano e animal, entretanto na forma hexavalente se torna altamente 
tóxico e nocivo (HABIF, 2012; PEREIRA, 2017; ROSA, 2014; YA-
MASHITA; DANTAS; MORENO, 2018)
A cromita, que é composta de óxido de ferro e cromo (FeCr2O4), é o 
minério de cromo mais encontrado na crosta terrestre e é utilizada 
na produção de ligas como molibdênio, níquel, vanádio, na produ-
ção de aço e ferro resistentes à corrosão, na galvanoplastia, entre ou-
tros (MENDES, 2013; PEREIRA, 2017).
Dermatoses Ocupacionais por Compostos de Cromo
133
Os sais de cromo e os seus ácidos são agentes muito sensibilizantes 
para o ser humano. Eles são parte ativa no desenvolvimento de vá-
rias dermatoses, tanto produzidas por irritação quanto por mecanis-
mos de sensibilização, principalmente, em concentrações acima de 2 
µg/m. O cromo IV, hexavalente, age sobre as vias aéreas dos traba-
lhadores e sobre o tegumento. O ácido crômico, que se apresenta na 
forma hexavalente, é utilizado na eletrodeposição de metais. Já a for-
ma trivalente é menos irritante, sensibilizante e tóxica (BELLUSCI, 
2017; MENDES, 2013; PEREIRA, 2017).
A toxicidade do cromo ocorre, principalmente, pela via respiratória 
que pode gerar sinusite, irritação brônquica, perfuração septal e cân-
cer de pulmão. Mas também pode causar efeitos gastrointestinais, 
hematológicos, cardiovasculares, renais, hepáticos e dermatológicos 
(LEON; CAETANO, 2015; SPRADA, 2018).
Pode-se entrar em contato com essa substância por meio da ingestão 
de água e alimentos contaminados, pelo contato com a pele, no ma-
nuseio do cromo no ambiente de trabalho, respirando o ar contami-
nado e, até mesmo, habitando perto de locais com cromo na forma 
tóxica, dicromato e hexavalente por exemplo (SPRADA, 2018).
Na pele, a forma hexavalente é reduzida pela metionina, cistina e 
cisteína na forma trivalente, sendo que após essa redução, o cromo 
se liga a proteínas para a formação do complexo hapteno-proteína, 
elemento que sensibiliza o trabalhador afetado (AMARANTE, 2016; 
MENDES, 2013).
A dermatite irritativa de contato é caracterizada pelas úlceras de 
cromo, formadas, principalmente, na cromagem de peças peque-
nas, a qual é realizada manualmente pelo trabalhador, de forma que 
as gancheiras são mergulhadas em tanques com solução de ácido 
crômico. Essa solução em contato com a pele, previamente lesada 
por arranhões gerados pelas gancheiras e outros materiais, pode 
gerar úlceras locais. Essas úlceras são denominadas úlceras do cro-
Medicina Ambulatorial VI
134
mo e, quando tratadas de forma errada, podem ocasionar cicatri-
zação muito lenta, e infecções secundárias, embora tais situações 
aconteçam mais raramente. As lesões, geralmente, se apresentam 
em formas arredondadas, em forma de anel com borda dupla, e 
com presença de necrose na parte central. O tamanho é variável, 
de acordo com a área lesada e a dor local também varia de acordo 
com a fase do processo inflamatório local. Antigamente essa úlcera 
era chamada de “úlcera em olho de pombo”, como exemplificado na 
figura 1 (MENDES, 2013).
Figura 1. Ajudante de Galvanoplastia com úlcera crômica de borda dupla e 
necrose central
Fonte: Mendes, 2013.
A alergia proveniente do contato da pele com a solução que contém 
ácido crômico (cromo hexavalente) é considerada rara e, para o diag-
nóstico dessa afecção, pode ser realizado o teste de contato, ilustrada 
pela figura 2 (MENDES, 2013).
Dermatoses Ocupacionais por Compostos de Cromo
135
Figura 2. Dermatite de contato alérgica por cromo e borracha do EPI em 
cromador e teste de contato positivo para bicromato de potássio
Fonte: Alchorne, Alchorne e Silva, 2010.
Geralmente, a alergia pelo contato com cromato é encontrado em 
trabalhadores da construção civil, devido ao contato com o cimen-
to úmido, como ilustrado pela figura 3. Os sintomas começam com 
ardência e eritema com desenvolvimento de ulceração após 12 ho-
ras, sendo que após as queimaduras graves podem gerar dor crônica 
e cicatrizes, como demonstrado na figura 4. Geralmente, ocorrem 
em operários industriais que possuem sensibilidade aos cromatos no 
cimento e têm o contato, principalmente, no dorso das mãos e an-
tebraços, desenvolvendo inflamação eczematosa. Geralmente, esses 
pacientes não têm a investigação da forma de contato até que passam 
a não responder aos corticoides tópicos e sistêmicos. O sucesso do 
Medicina Ambulatorial VI
136
tratamento só se dá com a suspensão do contato com o cimento, sen-
do assim, a resposta é rápida (HABIF, 2012; MENDES, 2013).
Figura 3. Dermatite irritativa grave decorrente de contato com cimento 
fresco
Fonte: Habif, 2012.
Outra afecção são as erupções acneiformes e miliária rubra que 
acometem os trabalhadores que fazem o acabamento final de pe-
ças a serem cromadas e niqueladas, as quais precisam ser lixadas, 
polidas e limpas. O polimento final pode ser realizado, usando po-
litrizes com tiras de couro onde é colocado o sebo. Nesse processo, 
partículas e sujeiras das peças polidas podem atingir a pele expos-
ta e o vestuário do trabalhador. Essa roupa suja pode contaminar 
a pele e irritar o óstio folículo, gerando lesões acneiformes. Esse 
processo é denominado elaioconiose, como ilustrado pela figura 5 
(MENDES, 2013). 
Dermatoses Ocupacionais por Compostos de Cromo
137
Figura 4. Úlcera profunda por cimento molhado
Fonte: Habif, 2012.
Figura 5. Elaioconiose, lesões com pápulas foliculares enegrecidas e 
obliteração folicular no dorso da mão e da face dorsal das falanges
Fonte: Valgas et al., 2011.
Medicina Ambulatorial VI
138
Também pode ocasionar a irritação e obstrução das glândulas su-
doríparas, processo conhecido como miliária rubra. Esse processo 
pode coexistir com a elaioconiose (MENDES, 2013).
Figura 6. Operador de galvânica com EPI completo
Fonte: PEREIRA, 2017.
O tratamento das dermatoses aos sais de cromo tem como base a 
redução do cromo hexavalente para cromo trivalente no local da le-
são. Para isso, são utilizadas substânciascomo a glicina, a cisteína, 
o ácido ascórbico e a glutamition para reduzir o cromo VI a cro-
Dermatoses Ocupacionais por Compostos de Cromo
139
mo III. O ácido ascórbico pode ser obtido por meio da Vitamina C 
efervescente de 1g, pela dissolução de um comprimido em 10 ml de 
solução salina ou água destilada. Deve ser aplicado sobre a lesão gaze 
ou algodão por uma a duas horas. Nova solução deve ser preparada a 
cada cinco dias, devido à instabilidade da lesão, e guardada em local 
fresco ao abrigo da luz em frasco escuro (MENDES, 2013).
A prevenção coletiva deve ser feita pela automatização de várias fa-
ses do processo de eletrodeposição de metais e, de forma individual, 
pode se dar por meio da utilização de Equipamentos de Proteção 
Individual (EPI), como aventais, luvas, máscaras apropriadas e botas, 
como ilustrado na figura 6 (MENDES, 2013).
REFERÊNCIAS
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ocupacionais. Anais brasileiros de dermatologia, v. 85, n. 2, p. 137-147, 2010, Rio 
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Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 
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em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Universidade do Vale dos Sinos, São 
Leopoldo, 2015.
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em sistema de notificação na região Sul do Brasil (2007 a 2016). Rev. bras. med. 
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enfermagem em dermatoses ocupacionais: uma revisão bibliográfica.  Anais do 
Salão de Ensino e de Extensão, p. 138, 2017, Universidade Santa Cruz do Sul: Santa 
Cruz do Sul. 
Medicina Ambulatorial VI
140
PEREIRA, C. E. G. Estudo das principais doenças causadas a cromadores no 
setor de galvanoplastia no Brasil. 58 f. Dissertação (Especialista em Engenharia de 
Segurança do Trabalho) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Londrina. 
2017. 
ROSA, T. T. Suplementação do cromo em resistência insulínica. 24 f. Dissertação 
(Graduação em Nutrição) – Faculdade Assis Gurgaez, Cascavel. 2014.
SPRADA, E. Toxicologia. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2018.
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p. S53-6, Rio de Janeiro, 2011. 
YAMASHITA, D. M.; DANTAS, S. T.; MORENO, C. M. Determinação de cromo 
hexavalente em embalagens para alimentos. ITAL, v.30, n.2, 2018.
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo
141
Capítulo 12
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do 
Petróleo
Daniela Leão Fagundes1
Letícia Rodrigues Pena Temer1
Rebeca Guimarães Schmidt1
Sofia Andrade de Araújo1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
As dermatoses ocupacionais são doenças da pele, mucosas ou seus anexos (cabelo, pelos, unhas), direta ou indireta-mente causadas, condicionadas, mantidas ou agravadas pelas condições de trabalho e/ou por agentes presentes 
nas atividades ou no ambiente laboral. São determinadas por ele-
mentos indiretos como idade, sexo, etnia, antecedentes mórbidos e 
doenças concomitantes. Fatores ambientais, hábitos e facilidades de 
higiene e causas diretas geradas pelos agentes biológicos, físicos, quí-
micos ou mecânicos presentes no trabalho, também, podem atuar, 
diretamente, sobre o tegumento, produzindo ou agravando uma der-
matose preexistente.
1 Acadêmicas do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga, MG.
2 Professora titular em pediatria no Instituto Metropolitano de Ensino Superior, Ipatinga - MG. 
Mestre em saúde, meio ambiente e sustentabilidade. PhD em gestão pela UTAD. Doutora em 
administração pela UFRJ. Pós doutorado em Impacto da Qualidade do Ar na Saúde Humana 
pela Universidade Fernando Pessoa.
Medicina Ambulatorial VI
142
O diagnóstico deve ser realizado, observando o quadro clínico, a rela-
ção entre o início das manifestações e o início da exposição, e sua cor-
respondência entre a localização das lesões e as áreas de contato com 
o agente irritante. Deve, ainda ser observada a relação da recuperação 
com o afastamento e agravamento com o retorno ao trabalho.
Dentre as dermatoses ocupacionais, aproximadamente 80% ocorrem 
pela exposição aos agentes químicos, substâncias orgânicas e inorgâ-
nicas, irritantes e sensibilizantes. A dermatite de contato por irritan-
tes é a mais prevalente e junto com a dermatite alérgica de contato 
representam em torno de 90% dos casos de dermatose ocupacional. 
A dermatite de contato por irritante não demanda a sensibilização e 
ativação imunológica prévia, portanto pode aparecer em qualquer tra-
balhador exposto ao contato com substâncias irritantes, dependendo 
da sua concentração, do tempo de exposição e da periodicidade do 
contato com o agente, ao contrário da dermatite de contato alérgica. 
O quadro clínico, normalmente, não é grave, apresentam, na maio-
ria das vezes, manifestações como desconforto, prurido, ferimentos, 
traumas, alterações estéticas e funcionais que interferem na vida 
social e no trabalho. Neste trabalho, serão analisadas as dermatoses 
ocupacionais por derivados do petróleo.
O PETRÓLEO
O petróleo é uma fonte de elevado valor energético, não renovável 
que, após a industrialização, se tornou um produto tático para o de-
senvolvimento de países, influenciando as políticas internas e as rela-
ções internacionais. Possui um cheiro típico e coloração que varia do 
incolor até o preto, tem aspecto oleoso e inflamável, advém de uma 
ligação de hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio), que podem estar 
associados a quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compos-
tos de enxofre e íons metálicos.
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo
143
A partir da derivação do petróleo, são obtidos diversos produtos que 
são utilizados nas industrias, comércios e lares, como gás de petró-
leo, gás liquefeito de petróleo (GLP), nafta, gasolina, querosene, óleo 
diesel, óleo lubrificante, óleo combustível e solventes. 
A exposição a tais substratos, correlacionada ao tempo de exposição 
e a área afetada pode causar dermatite de contato por irritantes, der-
matite de contato alérgica e elaioconiose.
DERMATOSE OCUPACIONAL POR SOLVENTES 
DERIVADOS DO PETRÓLEO
Os solventes são derivados do processamento do petróleo, de gás na-
tural e de frações da indústria petroquímica. Eles têm a capacidade 
de dissolver outras substâncias sem alterá-las. São utilizados para 
remoção de gordura, graxa, tinta, sujidade em metais, para a lim-
peza a seco de tecidos, tapetes e roupas, para desinfetar, para solver 
tintas, vernizes, esmaltes, pesticidas e resinas, ou seja, são utilizados 
nas áreas industriais, agrícolas, farmacêuticas, entre outras. Portanto 
abrangem uma grande quantidade de trabalhadores que são expos-
tos a tais substratos. 
Os solventes têm características tóxicas variáveis para o ser humano 
e apresentam alta capacidade inflamável. Ao contato com a pele e ou-
tros órgãos dos trabalhadores, sem a proteção adequada, podem cau-
sar dermatites irritantes e alérgicas, dermatite de contato sistêmica, 
ação corrosiva sobre a pele, ulceração e necrose. Além disso, podem 
agir sobre as vias aéreas superiores, causando irritação de mucosas e 
conjuntivas, abortamento e infertilidade. Os solventes tem ação can-
cerígena e podem agir sobre o fígado e outros órgãos, sobre o sistema 
nervoso central e neurotoxicidade, portanto devem serusados den-
tro de regras inflexíveis de segurança. 
De acordo com suas características, os solventes são classificados em 
orgânicos e inorgânicos. Os orgânicos podem ser alifáticos, aromáti-
Medicina Ambulatorial VI
144
cos, cíclicos, halogenados, álcoois, aldeídos, aminas, cetonas, ésteres, 
éteres, glicóis e miscelânea. Os inorgânicos são os ácidos e alcali-
nos, que podem causar efeitos sobre o homem pelas vias inalatórias, 
percutânea, por ingestão e, ainda por exposição crônica cutânea ou 
inalatória.
Pela via inalatória, pode causar cefaleia, tontura, torpor, alteração da 
memória, fadiga, fraqueza, asma, visão turva; pela via percutânea, 
pode causar dermatite de contato por irritante, dermatite de conta-
to alérgica, urticária de contato, irritação ocular e irritação de vias 
áreas superiores; por ingestão, causa náusea, vômito; por exposição 
crônica cutânea ou inalatória, a concentração ou memória pode ser 
diminuída. Dentre os danos, causados pelos solventes, pode-se, ain-
da, destacar depressão do sistema nervoso central, alterações neu-
ropsicológicas e irritação de vias áreas superiores.
Os solventes inorgânicos são largamente utilizados nas indústrias 
metalúrgicas e de eletrodeposição de metais. As substâncias áci-
das e alcalinas apresentam aspecto irritativo e, dependendo do 
tempo de exposição a elas, pode causar queimadura química (le-
sões ulceradas graves). Sua névoa, em alguns casos, provoca ir-
ritação ocular, conjuntivite e erosões no esmalte dos dentes dos 
operários. Eles apresentam ação corrosiva e, normalmente, em 
até 04 horas após a exposição, há destruição tecidual irreversível, 
causada pela lise da camada córnea e necrose tecidual, pela alta 
reação inflamatória local. 
As dermatoses ocupacionais por solventes são causadas pela ação 
desengordurante, que provoca a remoção da camada lipídica, 
ocasionando ressecamento, fissuras e sangramentos, propiciando 
a penetração de sujeiras, partículas e infecções diversas. Por sua 
ação tóxica irritativa, acarreta o aparecimento de vesículas, ede-
ma e inflamação local.
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo
145
DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE 
(SOLVENTES) 
A dermatite de contato por irritante é causada, principalmente, 
pela característica desengordurante dos solventes, que ocasiona 
a remoção do revestimento lipídico e a ceratólise. Isso aumenta 
a eliminação de água pela epiderme, provocando, assim, o res-
secamento e o aparecimento de fissuras. As lesões irão depender 
do tipo do solvente, da concentração do produto e do tempo de 
exposição a ele.
A dermatite de contato por irritante forte, que no caso dos solven-
tes são os inorgânicos, pode provocar o surgimento de ulceração 
na área de contato com posterior necrose, associado ao ardor, à 
queimação e à dor. 
DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA POR 
SOLVENTES
A dermatite de contato alérgica é uma hipersensibilidade tardia, rea-
ção imunológica do tipo IV, pela exposição aos solventes. Sua inci-
dência é rara e depende do baixo peso molecular, da concentração e 
do tempo de exposição à substância, da alta absorção percutânea e 
da suscetibilidade/sensibilização prévia do indivíduo. Geralmente, as 
lesões surgem de modo lento e progressivo, iniciando com ceratólise, 
fissura e sangramentos, podendo evoluir para condições de eczema-
tização aguda e generalizada com disfunção hepática em trabalhado-
res suscetíveis. 
Normalmente, a dermatite de contato alérgica causa eritema, edema, 
vesiculação e prurido na fase aguda. Ao se cronificar, observa-se o 
surgimento de crostas serosas, podendo ter infecção secundária ou 
liquenificação (aumento da espessura da pele) e agudizar nas reex-
posições ao antígeno.
Medicina Ambulatorial VI
146
Por se tratar de uma resposta imunológica retardada, depende da 
produção e ação de linfócitos T. O período de incubação pode oscilar 
entre cinco e vinte e um dias na exposição primária e, nas subse-
quentes entre um e três dias. Após duas a três semanas da suspensão 
do contato, as manifestações tendem a regredir. 
O tratamento tópico é a base de cuidados higiênicos locais para pre-
venir a infecção secundária. Nos casos em que há vesículas e exsuda-
ção, poderão serem aplicadas compressas ou fazer imersão da região 
afetada em solução salina normal, água boricada ou permanganato 
de potássio para cicatrizar as lesões. O uso de emolientes é aponta-
do para restaurar a camada da epiderme e diminuir o ressecamento 
e prurido. Os associados à ureia, apenas, serão utilizados se a pele 
estiver totalmente íntegra. Em alguns casos, é necessário o uso de 
corticoides e/ou antibióticos tópicos. 
Os medicamentos com apresentação de cremes ou loções são mais 
indicados para lesões exudativas. As pomadas são utilizadas para 
lesões secas e crônicas. Já em áreas pilosas ou flexoras, podem ser 
usados creme, gel ou loção. 
Em casos em que há sintomas sistêmicos, o tratamento poderá ser 
feito com anti-histamínicos. Para reduzir o prurido e corticoides sis-
têmicos, na fase aguda das exacerbações graves e nos quadros em 
que há infecção secundária, dependendo da extensão das lesões, é 
necessário o uso de antibióticos tópicos ou sistêmicos. 
Para o tratamento e a remissão da dermatose, é essencial o afasta-
mento da exposição ao produto tóxico. 
As principais medidas preventivas em relação ao uso de solventes 
são o controle da exposição, o uso de EPI específico, a higiene pes-
soal, o armazenamento, a rotulagem, a educação e o treinamento no 
manuseio com os produtos e na utilização das técnicas de primeiros 
socorros. 
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo
147
DERMATOSES OCUPACIONAIS POR 
HIDROCARBONETOS DERIVADOS DO PETRÓLEO
CLORACNE 
A cloracne é a forma grave de acne ocupacional, causada por conta-
minação ambiental ou uso industrial de hidrocarbonetos clorados, 
também chamados de POPs (poluentes orgânicos persistentes) pre-
sentes nos defensivos agrícolas. Ocorre por obstrução dos folículos 
pilosos, com irritação e infecção secundária.
De forma geral, as principais características de um quadro agudo são 
eritema, edema, vesiculação e prurido, sendo que, em um quadro 
crônico, pode evoluir para crostas serosas, passíveis de infecção se-
cundária e liquenificação. Acomete as áreas mais expostas ou que 
ficam cobertas por vestimentas sujas, como braços e mãos e o pro-
cesso inflamatório que ocorre é do tipo IV (imunidade celular). Esse 
processo pode ocorrer em três fases: I) indução/imunização/sensibi-
lização; II) elicitação ou desencadeamento; e III) resolução.
Figura 1: cloracne
Fonte: ALCHORNE, 2010.
Medicina Ambulatorial VI
148
O teste de contato (TC) ou teste epicutâneo (patch test) é o princi-
pal exame que diferencia as DCIs das DCAs. São realizados com o 
objetivo de confirmar o diagnóstico feito pela clínica, pesquisar os 
agentes sensibilizantes e razões médico-legais. Durante o teste, co-
loca-se, geralmente, no dorso do paciente, substâncias já padroni-
zadas e, após quarenta e oito a noventa e seis horas, faz-se a leitura. 
Considera-se a positividade do TC relevante quando há nexo causal 
entre as substâncias positivas e a DC e, ainda, que não diferencie en-
tre sensibilização pregressa ou relacionada ao quadro atual (DCA), 
ambas caracterizam dermatose ocupacional quando relacionadas à 
atividade do paciente. 
Caracteriza-se a cloracne de acordo com a extensão e a intensidade 
das lesões. Nas exsudativas, ou seja, agudas, utilizam-se compres-
sas de permanganato de potássio a 1:40.000, ou de água boricada 
a 2 ou 3% e cremes à base de corticoides. Esses cremes, também, 
são preconizados nos casos de forma localizada, de potência variá-
vel, conforme a localização de lesões descamativas e liquenificadas. 
Os corticoides sistêmicos são usados nos casos de lesões extensas, 
dando preferência à prednisona em doses iniciais de 0,5 a 1 mg/kg/
dia, reduzidas gradualmente, associando antibiótico tópico e/ou sis-
têmico se houver infecção secundária, e anti-histamínicos sistêmicossedativos, se houver pruridointenso. 
MELANOSE
A melanose ou melanodermia (código CID-10: L81.4) é a hiper-
pigmentação da pele pelo aumento de melanina e pode ser causada 
pela exposição química aos hidrocarbonetos, derivados do petróleo, 
como hulha, asfalto, betume, alcatrão, breu, dentre outros, entrando 
na classificação de dermatoses ocupacionais. Logo, pessoas expostas, 
diariamente, a esses produtos, em sua jornada de trabalho, têm o ris-
co aumentado de desenvolver as alterações na pele. 
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo
149
No quadro clínico, observa-se que as áreas mais acometidas são face 
e pescoço, sendo o tronco pouco acometido, pois está mais protegido 
da exposição. As lesões são em formato de máculas hipercromiadas, 
deixando claro o local de contato com as substâncias químicas. Po-
dem ocorrer, também, lesões descamativas, pruriginosas e eritema-
tosas no couro cabeludo. 
Nas lâminas histológicas, além de edema e cromatoforese, pode-se 
verificar que, na camada basal da epiderme, ocorre aumento focal do 
pigmento melânico, com discreto infiltrado linfocitário perianexial 
e perivascular. Em casos menos freqüentes pode haver uma hiper-
pigmentação permanente, pelo extravasamento de melanina para a 
epiderme com incontinência pigmentar. 
Melanomas, doenças sistêmicas endócrino-metabólicas e infecciosas 
são alguns dos possíveis diagnósticos diferenciais.
O primeiro passo para o tratamento é cessar a exposição às substân-
cias desencadeadoras, já que a melanose se enquadra no Grupo I da 
Classificação de Schilling, ou seja, o trabalho é uma causa necessária 
para que ela ocorra. 
É importante focar na prevenção por meio de higiene pessoal no am-
biente de trabalho, pelo uso de equipamentos de proteção individual 
em estado adequado de conservação e pela vigilância e controle am-
biental, traçando planos para diminuir ou erradicar a exposição dos 
trabalhadores aos compostos que causam as alterações na pele.
DERMATOSE OCUPACIONAL POR GRAXA E ÓLEOS 
DERIVADOS DO PETRÓLEO
ELAICONIOSE
A elaiconiose é uma dermatose ocupacional que causa uma erupção 
acneiforme, acometendo trabalhadores que lidam com óleos e graxas, 
Medicina Ambulatorial VI
150
como mecânicos e metalúrgicos e afeta, principalmente, áreas expos-
tas como braços e mãos. Atualmente, com o uso dos equipamentos 
de proteção individual, a adoção de cuidados de higiene pessoal e a 
melhoria da qualidade dos óleos solúveis utilizados, tem reduzido sua 
incidência. Entretanto o aparecimento dessa patologia não é rara, re-
presentando parcela importante das doenças ocupacionais cutâneas. 
A formação da elaioconiose ainda não está especificada. Mas alguns 
estudiosos acreditam ter relação com a obliteração dos óstios foli-
culares causados por elementos oleosos e partículas metálicas, com 
produção secundária de acne, comedões e infecção posterior ao apa-
recimento do folículo. 
O desenvolvimento da elaiconiose é dividido em três fases:
A) A primeira é a obliterante, correspondente a obstrução do óstio 
folicular, levando a uma reação inflamatória perifolicular sim-
ples, causando o encurtamento dos pelos no local acometido e 
a presença de pontos enegrecidos e com minúsculos tampões. 
B) A segunda fase é a papulosa peripilar, caracterizada pela presen-
ça dos comedões e pápulas planas, acompanhadas de hipercera-
tose folicular.
C) A última fase é a infecciosa, marcada pela infecção folicular, ori-
ginando pápulo- pústulas. 
A elaiconiose é identificada por pontos pretos comedoniformes pre-
sentes nos óstiosfoliculares. Muito frequentemente, tem a aparição 
de pápulas e pústulas, podendo ter apresentação dolorida e prurigi-
nosa. Na evolução, pode haver formação de cicatriz e de lesões abs-
cedantes, sendo esta última um surgimento raro nos casos da elaici-
niose. Seu aparecimento é, principalmente, no antebraço, mas não é 
incomum a apresentação nos braços e mãos.
O diagnóstico é, basicamente, clínico. Na presença das manifesta-
ções listadas anteriormente, deve ser investigada na anamnese al-
Dermatoses Ocupacionais por Derivados do Petróleo
151
guma ligação do paciente com óleos e graxas, a relação do contato 
com essas substâncias e o surgimento da dermatose e a progressão 
das manifestações. Para a confirmação diagnóstica, pode ser reali-
zada biopsia de alguma das lesões presentes. No resultado, pode-se 
encontrar hiperceratose infundibular, obstrução do óstio, atrofia da 
parede do folículo, infiltrado inflamatório, epiderme adjacente com 
acantose, hipergranulose e hiperceratose. 
A elaiconiose deve ser tratada o mais precocemente possível, assim 
como o afastamento do paciente de suas atividades laborativas. Além 
do afastamento dos óleos e graxas, devem ser usados ceratolícos e 
buchas vegetais durante do banho, auxiliando na desobstrução foli-
cular. Não é incomum o uso de antibióticos sistêmicos e retinoides 
tópicos, mas o uso destes é controverso, tendo sucesso relativo. Uma 
medida importante é esclarecimento da importância da prevenção, 
como o uso de cremes de silicone, medidas de higiene como lavagem 
frequente das mãos e das roupas usadas no trabalho e o uso de equi-
pamentos de proteção individual. 
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147, abril de  2010.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0365-05962010000200003&lng=en&nrm=iso. Acesso em 30 de 
março de 2019.
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Medicina Ambulatorial VI
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dermatoses ocupacionais. Brasília: Editora do 
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através da análise de prontuários médicos do serviço de dermatologia de um hospital 
geral. (Especialização em Medicina do Trabalho). Ciências da Saúde, Universidade 
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Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento
153
Capítulo 13
Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento
Alyne Iara Monteiro Carvalho1
Ana Carla Bicalho Santos ¹
Bárbara Cândida Alves Pereira de Arruda1
BárbaraGonçalves Flor ¹
Monique Gonçalves Flor2
INTRODUÇÃO
A construção civil vem ganhando destaque como um dos maiores setores da economia do Brasil. Devido à sua ca-racterística, comumente vem sendo destacado os riscos ocupacionais dessa atividade a altas taxas de dermatoses 
de contato mas que ainda são subnotificadas. As principais substân-
cias irritativas presentes nas áreas laborais de construção são cimen-
to, ácido clorídrico, ácido fluorídrico, fibras de vidro, cromato, cobal-
to, luvas de couro e adesivos a base de fenol e formaldeído. Dentre as 
dermatoses ocupacionais mais frequentes entre os trabalhadores que 
mantém contato com o cimento, as dermatites de contato são as mais 
encontradas a longo prazo. Um dos principais alérgenos nesse meio 
é o cimento que causa tanto a Dermatite Alérgica de Contato quanto 
a Dermatite de Contato por Irritação Primária.
O cimento é um ligante hidráulico amplamente utilizado na execu-
ção de obras de edificação. O principal cimento utilizado no Brasil 
1 Acadêmicos do curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga-MG
2 Médica especialista em Medicina do Trabalho pela FUNORTE
Medicina Ambulatorial VI
154
atualmente é o cimento Portland e em sua composição está presente 
Óxido de Cálcio (CaO), Sílica (SiO2), Alumina (Al2O3), Óxido férrico 
(Fe2O3), Anidrido sulfúrico (SO3), Óxido de magnésio (MgO), Óxido 
de potássio (K2O), Óxido de sódio (Na2O) e Cloro (Cl). Ele pode ser 
classificado tanto como poeira inerte ou como material irritante, 
ou seja, pode causar tanto problema respiratório quanto dermatite. 
Devido à ação alcalina do cimento, quando em contato com a pele, 
ele vai desenvolver uma dermatite de contato por irritação primária; 
quando entra em contato com os olhos pode gerar conjuntivite irri-
tativa e ulceração na córnea. Já o principal problema relacionado à 
dermatite alérgica de contato é a presença de crómio hexavalente que 
causa uma reação alérgica sistêmica no paciente.
A dermatite de contato é uma doença que causa reação eczantemáti-
ca devido a uma resposta inflamatória da pele e pode ser dividida em 
alérgica e irritativa. A dermatite de contato alérgica é uma reação de 
hipersensibilidade retardada. O principal alérgeno da doença ocu-
pacional por cimento é o crómio hexavalente. Durante a fabricação 
do cimento, a elevação da temperatura provoca uma conversão do 
crómio de trivalente, que é uma forma insolúvel e inerte, para a sua 
forma hexavalente, que é solúvel e com alta penetração na pele, o que 
causa as dermatoses. Além disso, o cobalto presente no cimento é 
considerado um agente cossensibilizante em relação ao crómio, au-
mentando ainda mais as reações alérgicas. 
Quando adicionado a água, devido a sua composição de diversos 
óxidos, o cimento torna-se um agente abrasivo devido ao aumento 
do seu ph (>10), o que leva a uma dermatite de contato por irrita-
ção primária. Devido ao efeito abrasivo que o cimento exerce, esses 
pacientes podem apresentar tanto vermelhidão (eritema), inchaço 
(edema), eczema, bolhas e fissuras quanto ulcerações e necrose de 
tecido em casos mais sérios. O cimento quando em contato com os 
olhos pode causar irritações conjuntivais e até mesmo lesões mais 
graves, levando à cegueira. 
Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento
155
Os pedreiros são os trabalhadores mais afetados por dermatite de 
cimento. Isso ocorre, porque a maioria dos trabalhadores são pou-
co especializados, não possuem formação prévia e conhecimento do 
uso de equipamentos para a prevenção. Atualmente, as dermatites 
alérgicas são uma das principais causas de afastamento dos operários 
da área de construção civil. As mãos são os locais mais afetados pela 
dermatose, seguidas dos pés e antebraço.
EPIDEMIOLOGIA
Conforme o tipo de atividade laboral, diversas são as doenças que 
podem surgir em decorrência do trabalho. Tais doenças podem ser 
classificadas de acordo com sua relação com o exercício do trabalho: 
doenças em que o trabalho é a causa primária, a exemplo da asbesto-
se ou silicose; doenças em que o trabalho é um fator de risco, como 
distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho; e doenças em 
que o trabalho é concausa de uma doença já pré-existente, por exem-
plo distúrbios mentais em determinados grupos ocupacionais. 
Dentre os setores empregatícios no Brasil, a construção civil se des-
taca. Entre março de 2017 e março de 2018, foram criados cerca de 
1.300 postos de trabalho, segundo informações do Cadastro Geral 
de Empregados e Desempregados (CAGED/DF). O setor da cons-
trução civil recebe destaque, também, por ser o principal exercício 
empregatício gerador de acidentes no mercado de trabalho formal 
brasileiro.
Ainda dentro dessa área de trabalho, as doenças ocupacionais mais 
predominantes são os transtornos musculoesqueléticos, perda audi-
tiva, induzida por ruído, dermatites e transtornos pulmonares. Em 
um estudo realizado com uma amostragem de 1277 registros da Co-
municação de Acidente de Trabalho, do Estado de São Paulo, entre 
outubro de 1978 e dezembro de 1982, foram identificados 40% do 
total dos casos correspondentes a dermatites ocupacionais. 
Medicina Ambulatorial VI
156
Estudos recentes estimam que, nos países industrializados, 60% das 
doenças ocupacionais correspondem a dermatoses sendo que, nos 
países do Ocidente, 90% das dermatoses ocupacionais correspon-
dem às dermatites de contato. As dermatites de contato irritativa 
(DCI), por sua vez, são quatro vezes mais comuns que as dermatites 
de contato alérgica (DCA). Dentro da construção civil, cerca de 50% 
dos pedreiros apresentam DCAs, devido, principalmente, ao risco de 
contágio com metais contaminantes do cimento, como cromo hexa-
valente e cobalto. 
Um estudo feito no Setor de Alergia e Fototerapia da Clínica de Der-
matologia da Santa Casa de São Paulo, entre o período de janeiro de 
2005 e dezembro de 2009, analisou a evolução de dermatoses presen-
tes em 53 pedreiros. Desse grupo total, 94% dos pacientes apresenta-
vam mais de quatro meses de história clínica das lesões cutâneas. O 
teste de sensibilidade ao cimento foi realizado por meio da exposição 
ao bicromato de potássio e ao cloreto de cobalto. Dentre esses testes, 
34 pedreiros (64%) tiveram resultado positivo quanto à sensibiliza-
ção da primeira substância e 19 pedreiros (35,8%), quanto à segunda.
DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO
O cimento possui uma ação alcalina que, em contato com a pele, 
gera uma abrasão do manto lipídico, levando a lesões secas fissura-
das, ceratólise e exulceração. O aparecimento das lesões vai depender 
de condições preexistentes do trabalhador, como dermatose atópica, 
psoríase e xerose. Já a gravidade das lesões dependerá da toxicidade, 
do tempo de contato e da concentração do agente químico.
Quando as lesões ocorrem nas regiões distais dos dedos pode ocor-
rer paroníquia e onicólise. Quando houver queda de cimento, calda 
de cimento ou de concreto dentro da bota ou calçado do trabalhador, 
vai produzir inicialmente intenso eritema, evoluindo para exulcera-
ção, ulceração e necrose da área atingida. 
Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento
157
O quadro clínico inicial das dermatites irritativas tem uma grande 
variabilidade. A grande maioria inicia com quadro leve a moderado 
de eritema, descamação, fissuras, eczentematização, edema e vesícu-
las, evoluindo, após alguns dias, em casos mais graves, para lesões 
exulceradas, ulceradas ou necrosadas.
DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO
As dermatites alérgicas de contato são provocadas por substâncias 
alérgenas como o cromo e o cobalto presentes na composição do ci-
mento. Essas substâncias geram uma hipersensibilidade retardada, 
mediada por linfócitos T específicos. Uma vez sensibilizado, o pa-
ciente pode apresentar de 12 a 48 horas prurido, pápulas, vesículas e 
exsudação e, nas formas de exposição crônica, descamação, liqueni-
ficação e/ou fissuração. 
As lesões iniciais são parecidas com as lesões da dermatite irritati-
va, com edema,eritema e vesículas. A diferença é que, na dermatite 
alérgica, o prurido sempre estará presente. Devido ao ato do paciente 
coçar, ocorrerá o espessamento dessas áreas. Posteriormente ao qua-
dro inicial, poderá haver a formação de lesões exsudativas e desca-
mativas nas áreas de contato.
DIAGNÓSTICO
Para uma propedêutica adequada, é necessário que o profissional 
da saúde realize o correto diagnóstico da dermatose, por meio da 
história clínica do paciente, da realização de um exame físico deta-
lhado e, caso necessário, através da complementação com exames 
laboratoriais. 
No que se refere às dermatoses ocupacionais, o diagnóstico pode ser 
feito de maneira relativamente fácil, à exceção de alguns casos. Al-
guns pontos devem ser impreterivelmente questionados durante a 
avaliação do paciente com dermatose ocupacional, a fim de auxiliar 
Medicina Ambulatorial VI
158
na elucidação do quadro clínico. Deve-se investigar os aspectos que 
se relacionam a possível compatibilidade do quadro clínico do pa-
ciente com uma dermatite de contato, presença de agentes irritantes 
ou alérgenos no ambiente de trabalho, equivalência da localização 
das lesões com os locais mais frequentemente expostos às substân-
cias irritativas, melhora ou piora da lesão devido ao respectivo afas-
tamento ou retorno para o ambiente laboral e possibilidade de exclu-
são de exposição não-ocupacional como fator causal da dermatose. 
Após a realização de uma anamnese criteriosa, é necessário fazer um 
exame físico detalhado. Essa parte da avaliação clínica do paciente 
deve levar em conta a localização, cor, forma, simetria e a extensão 
da lesão cutânea, além da existência de impotência da área afetada. 
Conforme se altera o grau de exposição ao agente alérgeno e de sen-
sibilidade da pele à tal substância, as lesões podem, em sua forma 
mais leve, surgir como exantemas ou, em sua forma mais grave, po-
dem se manifestar como “queimaduras”, caracterizando-se pela pre-
sença de bolhas, necrose e ulceração. 
Testes laboratoriais também podem auxiliar no diagnóstico de 
dermatoses ocupacionais, entretanto deve-se dar mais impor-
tância à realização de uma boa anamnese e um detalhado exa-
me físico. O principal exame laboratorial que permite diferenciar 
uma dermatite de contato irritativa de uma dermatite de conta-
to alérgena é o teste de contato (TC) ou teste epicutâneo (patch 
test). Esse exame é realizado a partir da colocação de substâncias, 
previamente padronizadas, no dorso do paciente, com avaliação 
da reação local após 48 e 96 horas. No caso do cimento, as subs-
tâncias alérgenas utilizadas no teste são o bicromato de potássio, 
o cromo hexavalente e o cobalto. 
O objetivo do teste epicutâneo é confirmar o diagnóstico clínico e 
conhecer a prevalência dos agentes sensibilizantes. Entretanto, para 
que a positividade do teste tenha relevância e possa caracterizar 
Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento
159
como dermatose ocupacional, é preciso que haja relação causal entre 
a substância encontrada no exame e a atividade laboral exercida pre-
viamente ou atualmente pelo paciente.
TRATAMENTO
O tratamento da dermatose causada pelo cimento vai variar de acor-
do com o tipo da lesão e a possibilidade de uma infecção secundária. 
Além disso, para um sucesso efetivo, o paciente deverá ter um acom-
panhamento médico regular e um tratamento específico. 
Constatada a dermatose, o primeiro ato a ser dado deve ser a elimi-
nação do contato com o cimento. Caso não seja possível, deve-se re-
correr ao uso de equipamentos de proteção individual. É importante 
uma boa higienização do local afetado, utilizando água corrente e 
sabonete neutro, com o intuito de remover todo aquele agente irri-
tante ou alérgico da pele. 
A primeira linha para o tratamento das dermatoses é manter a pele 
hidratada, uma vez que mantém a integridade da barreira cutânea. 
Pode-se encontrar hidratantes nas formas de loção, creme ou poma-
da. As loções apresentam uma grande quantidade de água, permitin-
do uma maior tolerabilidade e evaporação. Os cremes possuem uma 
textura agradável, têm a forma de emulsão bifásica de água em óleo 
ou óleo em água. Já as pomadas apresentam uma textura gordurosa 
e menos conservantes em sua formulação, o que a deixa com uma 
característica menos irritante, sendo positiva, principalmente, para 
as peles lesadas. 
Os hidratantes não podem conter fragrâncias, conservantes e subs-
tâncias irritativas, para evitar as irritações. O seu uso de forma regu-
lar, proporciona uma diminuição das crises agudas, além de melhorar 
o ressecamento e o prurido. Para ter esses benefícios, é necessário hi-
dratar a pele menos duas vezes ao dia. O tratamento sintomático para 
reduzir o processo inflamatório local se baseia na utilização de cremes 
Medicina Ambulatorial VI
160
ou pomadas contendo corticosteroides, como o Dipropionato de be-
tametasona. Em áreas de pele fina, aplicam-se corticoides menos po-
tentes, sendo o contrário para as áreas espessas. A maioria dos pacien-
tes, utilizam esse medicamento duas vezes ao dia por uma semana. 
Pode-se fazer uso adicional de imunomoduladores tópicos para a 
substituição dos corticosteroides tópicos, caso estes estejam sendo 
utilizados por um tempo prolongado. O uso prolongado dos corti-
coides tópicos pode ocasionar o aumento da absorção percutânea, 
com potencial de provocar efeitos colaterais sistêmicos. Caso a lesão 
esteja com crostas, é necessário removê-la com óleos ou vaselinas 
antes da aplicação dos medicamentos. 
Nos casos de maior gravidade e/ou prurido intenso, pode ser ne-
cessário o uso de corticosteroides e antialérgicos orais. Na presença 
de uma infecção secundária, utilizam-se antibióticos sistêmicos para 
conter o processo infeccioso. Na fase de resolução, quando começa 
a ocorrer melhora do quadro, a pele começa a secar e consequente-
mente descamar. Nesse estágio, deve-se utilizar emolientes e hidra-
tantes para manter a pele úmida, auxiliando na reparação e proteção 
da pele. Em casos de persistência dos sintomas após o tratamento, o 
médico deverá ser consultado para novo plano terapêutico.
PREVENÇÃO
As doenças ocupacionais acarretam incapacidade de exercer a profis-
são, desconforto, diminuição da produção e rendimento do trabalha-
dor e, consequentemente, da empresa, aumento dos custos médicos e 
previdenciários. Por isso, as empresas devem adotar medidas coletivas 
para proteção, como exames médicos periódicos e orientações ao tra-
balhador a fim de se evitar recidivas e mais casos de doenças ocupacio-
nais. A prevenção avalia o ambiente de trabalho, reconhece os riscos 
potenciais e reais para o trabalhador de acordo com a atividade do 
trabalhador e propõe medidas que neutralizem esses riscos. 
Dermatoses Ocupacionais pelo Cimento
161
Em contato com a pele, o cimento é extremamente irritante, devido às 
suas características alcalinas, abrasivas e higroscópicas. Sendo assim, 
esse deve ser manuseado com cuidados de higiene e proteção indivi-
dual. Trabalhadores expostos ao cimento devem receber orientações 
para nunca trabalharem descalços, com sandálias de dedos, bermudas. 
Roupas sujas com produtos à base de cimento devem ser trocadas logo 
que possível. Se por ventura o produto adentrar as botas e luvas, esses 
dispositivos devem ser retirados e lavados rapidamente. É crucial que 
mãos e pés sejam lavados adequadamente após a conclusão de qual-
quer atividade, com o objetivo de remover restos de cimento mantidos 
nas unhas ou pele. Em casos de escoriações ou lesões no trabalho, tor-
na-se fundamental procurar imediatamente o socorro médico, bem 
como lavar abundantemente o local com sabão e água corrente, além 
de prevenir o contato com o irritante até haver a melhora do quadro. 
REFERÊNCIAS
ALCHORNE, A.O.A.; ALCHORNE, M.M.A.; SILVA, M.M. Dermatoses 
ocupacionais. Anais brasileiros de dermatologia, São Paulo, v. 85, n. 2, p. 137-147, 
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Medicina Ambulatorial VI
162
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Disponível em: http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/
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Discromias Ocupacionais
163
Capítulo 14
Discromias Ocupacionais 
Ademir Dias da Silva Júnior1
Fernanda Machado Diel1
Josué Gomes de Vasconcellos Neto1
Marcelo de Souza Fragoso Sant’Ana1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2 
INTRODUÇÃO
O termo discromia é utilizado para caracterizar todas as al-terações de coloração da pele, anexos e mucosas, sejam elas por lesões diretas ou consequências de clínica mais abrangente. 
Classifica-se, principalmente, como acromia, quando a coloração 
não existe; hipocromia, quando aparecem lesões hipopigmenta-
das e hipercromias, situações em que a lesão é hiperpigmenta-
da. Quanto à extensão, podem ser difusas ou localizadas. Pode-se 
também classificar quanto à origem, sendo congênitas, hereditá-
rias ou adquiridas. 
As discromias ocupacionais são aquelas adquiridas em exposição a 
agentes diretos ou indiretos no ambiente de trabalho. Uma tarefa, muitas 
1 Acadêmicos do curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior/Imes - 
Univaço, Ipatinga, Minas Gerais, Brasil.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
164
vezes, difícil para o médico é diferenciar as lesões idiopáticas, causadas 
por contato doméstico ou social, das verdadeiramente ocupacionais.
O diagnóstico, de maneira geral, depende de uma avaliação cuida-
dosa do paciente ocupacional e certo conhecimento de sua função. 
Uma história aprofundada com foco nas exposições, duração da le-
são e sintomas associados pode auxiliar o profissional a conduzir um 
exame mais preciso, com hipóteses previamente construídas. Porém 
a chave está no exame físico minucioso, destacando características 
lesionais, extensão, localização, uma vez que podem ser as únicas in-
formações concretas obtidas na consulta e podem dispensar a reali-
zação de propedêutica complementar em diversas situações. 
VITILIGO OCUPACIONAL
Existe uma diversidade de agentes causadores de alterações da cor na 
pele, sendo eles físicos (queimaduras térmicas, trauma repetido sobre 
a região e radiações ionizantes) e químicos (descritos no quadro 1).
Quadro 1 Fenóis, catecóis e outros agentes causadores de vitiligo 
ocupacional
Amilfenol para terciário, 4 terc-
amilfenol Desinfetante com ação bactericida
Butifenol para terciário Adesivos, colas, resinas, CHIP’s
Buticatecol para terciário Antioxidante, fotocópia, poliestireno, poliéster
Cresóis Resinas, pesticidas, desinfetantes
2 fenilfenol Corantes, resinas, germicidas, fungicidas
2 hidroxifenileter-
4’4’triclorodifenileter Adesivos, polímeros
2 benzil 4 clorofenol Inseticidas, pesticidas, germicidas
Monobenzileter de hidroquinona Despigmentante cutâneo
Fonte: Adaptado de BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego, 2009.
Discromias Ocupacionais
165
O vitiligo idiopático ocorre em cerca de 1% da população geral, sen-
do que, em 30% desses casos, há ocorrência familiar. Entretanto o 
vitiligo ocupacional é relativamente mais raro, podendo ocorrer em 
grupos de trabalhadores expostos. Principais diferenças entre o viti-
ligo idiopático e ocupacional descritas no quadro 2.
Quadro 2 Principais diferenças entre vitiligo ocupacional e idiopático
VITILIGO OCUPACIONAL VITILIGO NÃO-OCUPACIONAL
Surge nas áreas de contato com o agente Surgem fora das áreas de contato com 
os agentes suspeitos
Ausência de halo hipercrômico Halo hipercrômico
Ausência de acromia em lesões iniciais Acromia em lesões iniciais
Evolução para cura mais frequente Evolução rara para cura após os 40 anos 
de idade
Testes alérgicos positivos Testes alérgicos sem alterações
Infiltrado linfocitário na derme Sem infiltrados linfocitários
Presença de queratinócitos 
vacuolizados
Sem vacuolização de queratinócitos
Aumento claro das células de 
Langerhans
Aumento discutível das células de 
Langerhans
Fonte: Adaptado de BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego, 2009.
O quadro clínico manifesta-se com as seguintes formas distintas:
A) Eritema pruriginoso na área de contato com o agente químico, 
sem eczema. Após alguns dias, o eritema cessa e inicia o apareci-
mento de áreas homocrômicas no lugar.
B) Eritema pruriginoso com eczema na área de contato com o agen-
te químico. No processo evolutivo dos eczemas há o aparecimen-
to de lesões hipocrômicas.
Em relação ao diagnóstico, deve-se notar, na história do paciente, a 
história de exposição a agentes e fatores produtores de leucodermia. 
Medicina Ambulatorial VI
166
Além disso, é importante observar a atividade desenvolvida pelo tra-
balhador, bem como a ocorrência em outros trabalhadores com sin-
tomas parecidos na mesma seção ou local de trabalho. 
Caso o paciente apresente lesões hipocrômicas (figura 1) em região 
de contato com substâncias químicas citadas anteriormente, o diag-
nóstico de vitiligo ocupacional deve ser considerado. 
Figura 1 - Vitiligo Ocupacional.
Disponível em: imunologia 96.wordpress.com/category/doença-da-pele-imunomediada. 
Acesso em 27/04/2019.
O tratamento ocorre da seguinte maneira:
A) Retirada do contato do paciente com o agente suspeito; 
B) Uso do fator protetor solar – FPS 30 na área acometida;
C) Aplicação de corticoide tópico nas lesões duas vezes ao dia por, 
no máximo, dois meses;
D) Caso a repigmentação não ocorra (tomando os cuidados supra-
citados), após alguns meses, considerar tratamento cirúrgico 
com enxerto de pele sã do mesmo paciente (pequenas áreas). 
Discromias Ocupacionais
167
HIPERCROMIA/MELANODERMIA OCUPACIONALA melanodermia ocupacional pode ser provocada tanto por agentes fí-
sicos, quanto por agentes químicos. Dentre os agentes físicos, destacam-
-se as seguintes situações: fricção, trauma de repetição, queimaduras e 
luz ultravioleta (natural e artificial). Os agentes químicos causadores de 
hipercromia são os hidrocarbonetos derivados do petróleo, tais como al-
catrão, antraceno, hulha, asfalto, betume, parafina, piche, óleos de corte, 
dentre outros. Além disso, derivados de arsênio e poeira de determina-
das madeiras, também, podem provocar melanose. A substância atua 
sobre a camada basal, estimulando o sistema enzimático. 
O quadro clínico de um paciente exposto a esses fatores se dá por le-
sões melanodérmicas localizadas, principalmente, nas áreas expostas 
à luz solar. Desse modo, as áreas mais acometidas são face e pescoço 
e a menos acometida é o tronco. Também pode ocorrer lesões pru-
riginosas, eritematosas e descamativas no couro cabeludo. Figura 2. 
Figura 2 - Melanodermia na face.
Disponível em: alessandratoledo.com.br/alteracao-na-cor-da-pele-discromias. Acesso em: 
8/04/2019.
Medicina Ambulatorial VI
168
É importante realizar diagnóstico diferencial com doenças sistêmi-
cas endócrino-metabólicas, infecciosas e melanoma, em casos mais 
localizados. O tratamento é feito com a retirada do fator causal da 
hipercromia, e com orientação ao trabalhador para que adote os re-
cursos técnicos e gerenciais adequados para controle de fatores de 
risco. Em alguns casos, pode haver hiperpigmentação permanente.
HIPERCROMIAS POR AZOCORANTES
Azocorantes são moléculas orgânicas que são utilizados, principal-
mente, na indústria têxtil e alimentícia, para conferir cor artificial 
aos produtos. Um estudo realizado por Ancona-Alayón et al (1976) 
mostrou que trabalhadores de uma indústria têxtil foram expostos 
a um novo processo de tingimento, os corantes azólicos. Após essa 
introdução, alguns trabalhadores desenvolveram um processo hiper-
crômico pruriginoso. 
Figura 3 - Hipercromia por azocorante.
Reinehr, C.P.H.; Boza, J.C.; Horn, R. 2015.
Discromias Ocupacionais
169
O quadro clínico foi descrito como prurido e hipercromia em mãos 
e pés de trabalhadores de uma indústria de azocorantes. Figura 3. 
Também já foram relatados os mesmos sintomas em face, pescoço e 
antebraços de trabalhadores expostos aos mesmos fatores, e as lesões 
variavam de leves até severas. 
Para tratamento, é imprescindível o afastamento do contato com a 
substância. A hipercromia melhora em, aproximadamente, dois me-
ses sem contato com corantes azólicos, mas, para completo desapare-
cimento da lesão hipercrômica, são necessários dez meses.
DISCROMIA POR CONTATO COM BORRACHA
Dermatite de contato por borracha, seja natural, advinda princi-
palmente do látex ou sintéticas, sintetizadas a partir de compostos 
petrolíferos, é uma dermatose altamente comum e, muitas vezes, 
diagnosticada apenas a partir do contato ocupacional. O estudo de 
Fernandes (2015) exemplifica essa alta prevalência. Foram analisa-
dos profissionais da saúde que entram, diariamente, em contato com 
látex. Desses, 14,6% apresentavam lesões sintomáticas à substância.
Diversas substâncias usadas na fabricação da borracha, também, são 
sensibilizantes, dentre elas estão agentes aceleradores como os do 
grupo Tiuram, Carbamato e Aminas, antioxidantes como os deriva-
dos da parafenilenodiamina, plastificantes, corantes e outros. 
Os sintomas incluem, principalmente, manifestações atópicas locais, 
como prurido, eritema, descamação e alterações discrômicas. Lesões 
hipocoradas ou hipercoradas podem surgir em pacientes hipersen-
síveis que tiveram contato com objetos de borracha, comumente os 
EPI’s. Acredita-se que essas situações ocorram por processos pós-in-
flamatórios.
A produção de melanina pode ser hiperestimulada pelos agentes 
quimiotáticos e vasodilatação da flogose, dando origem às lesões 
Medicina Ambulatorial VI
170
hipercrômicas, mais comuns. À microscopia observa-se infiltrado 
leucocitário e melanócitos. Ou pode ser hipoestimulada, principal-
mente, quando o processo inflamatório dá origem a tecido cicatricial 
ou, ainda, quando a restauração tecidual se compõe de células não 
melanocíticas, dando origem às lesões hipocrômicas, mais raras e 
muitas vezes associadas ao vitiligo ocupacional. Figuras 4 e 5.
Figuras 4 e 5 - (Dir): Dermatite aguda por contato com borracha. 
Alchorne. (Esq): Hipercromia por contato com máscara de borracha.
A.O.A.; Alchorne, M.M.A.; Silva, M.M. 2010. BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego, 2009.
O diagnóstico é fácil e consiste na identificação das lesões que, nor-
malmente, obedecem ao formato do objeto desencadeante. Um 
exemplo é hiperpigmentação nas mãos que se limitam à altura da 
luva, ou lesões perilabiais que simulam uma máscara. Na história 
pode haver queixas de prurido durante ou após o contato, hiperemia 
e descamação. Além disso, podem ser realizados testes cutâneos e 
dosagens deIgE’s específicos de cada uma das substâncias suspeitas, 
a fim de se firmar a hipersensibilidade. 
O tratamento inicial consiste em afastar a exposição, seja com mu-
dança de função, nos casos viáveis, troca do material, como utiliza-
ção de luvas vinílicas na área da saúde ou uso de EPI’s adicionais que 
eliminem o contato direto com a pele, como luvas de tecido embaixo 
Discromias Ocupacionais
171
das de borracha. Quanto à estética, as lesões podem regredir, apenas, 
com o afastamento do contato e tempo de regeneração natural do 
tecido epitelial, ou podem ser de difícil resolução. O dermatologis-
ta pode indicar peeling a laser ou químico, drogas estimuladoras de 
células melanocíticas (no caso das lesões hipocrômicas), drogas imu-
nocontroladoras locais, dentre outras.
DISCROMIAS NA INDÚSTRIA METALÚRGICA
A indústria metalúrgica depende de muitos trabalhadores que estão 
em contato constante com diversas substâncias corrosivas, tóxicas, 
imunogênicas e cancerígenas, Além disso, esses trabalhadores, tam-
bém, têm contato direto com objetos e maquinários em altas tempe-
raturas, cortantes e abrasivos, sendo comuns as queixas de dermato-
ses na consulta com o médico de trabalho.
Assim como na exposição à borracha, as lesões discrômicas no tra-
balhador metalúrgico estão, normalmente, associadas a processos 
pós inflamatórios, decorrentes de diferentes tipos de agressões.
As principais substâncias envolvidas nesse processo são os óleos de 
corte. São substâncias empregadas na usinagem e acabamento dos 
produtos, aplicadas para redução de temperatura, lubrificação e pro-
teção antioxidante, além de injeção pressurizada a fim de realizar o 
corte em si. Os compostos são de vários tipos: minerais (óleo mine-
ral), solúveis, sintéticos e semi-sintéticos (óleos minerais com aditi-
vos da indústria petrolífera). 
Uma das principais substâncias químicas causadora da irritação é o 
N-butil-1,2Benzotiazolin-3-um. 
As hipercromias, nessa indústria, são menos comuns e podem ocor-
rer em pacientes após contato com óleos minerais, ou em alterações 
cicatriciais de cortes e queimaduras, principalmente, em indivíduos 
negros. Elas ocorrem por contato com fenóis presentes nos óleos de 
Medicina Ambulatorial VI
172
corte. O diagnóstico consiste na identificação das lesões e história de 
contato com as substâncias ou agressões ao tecido.
Figura 6 - Dermatite por contato com óleos de corte.
Alchorne, A.O.A.; Alchorne, M.M.A.; Silva, M.M. 2010.
O tratamento das hipercromias se realiza, impedindo o contato di-
reto com a substância causadora e com o emprego de EPI’s eficazes. 
Além disso, a hidratação adequada da pele após a jornada de traba-
lho pode amenizar o efeito discrômico. As lesões persistentes podem 
ser acompanhadas pelo dermatologista.
DISCROMIAS UNGUEAIS OCUPACIONAIS
As discromias ungueais ocupacionais são alterações na colora-
ção das unhas, causadas por desordens endógenas e/ou exógenas, 
como a exposição a metais e agentes químicos, como se pode ver 
no quadro 3.
Discromias Ocupacionais173
Quadro 3 Relação entre cor das unhas e agente causal
COR DAS UNHAS AGENTES
Branca Arsênio, sal, microtraumas, pesticidas
Amarelada Resinas, agrotóxicos, cromo, corantes, formoldeído, ácidonítrico
Marrom/preta Tabaco, permaganato de potássio, iodo, graxas, químicos de revelação fotográfica
Azul Azul de metileno, sulfatos, pigmentos, químicos de revelaçãofotográfica
Vermelha Mercúrio, cromo
Verde Agentes infecciosos (Pseudomonas)
Fonte: Adaptado de Baran 2012 e Guzmán et al. 2012
DISCROMIAS UNGUEAIS ENDÓGENAS
A etiologia das discromias ungueais endógenas revela que suas cau-
sas podem ser de origem ocupacional ou não. Esse tipo de discromia 
é caracterizado, predominantemente, por exposição a metais, como 
por exemplo, arsênio e tálio, que levam ao aspecto esbranquiçado 
das unhas. Outras substâncias também provocam outras anomalias, 
como a cor azulada, como sais de prata, além de soluções de cianeto 
para o processo de galvanoplastia.
Figura 7 - Discromia ungueal por arsênio.
Disponível em: deolhonaanalise.blogspot.com/2011/11/identificacao-do-arsenio-em-
materiais.html. Acesso em 23/04/2019.
Medicina Ambulatorial VI
174
DISCROMIAS UNGUEAIS EXÓGENAS
Os principais fatores desencadeantes para as discromias ungueais 
exógenas são os agentes químicos. A manipulação de substâncias 
químicas, como solventes, resinas, ácidos, álcalis, dentre outras, com 
potencial irritativo ou sensibilizante, pode ocasionar danos transi-
tórios e, em alguns casos, irreversíveis nas lâminas ungueais. Com 
essa exposição, ocorre a fragilidade da constituição da unha devido à 
desidratação e alteração da coesão das proteínas. 
Os profissionais mais afetados por esse quadro são os engenheiros, 
operadores de máquinas, trabalhadores, envolvidos na extração de 
sal e os que processam castanha-de-caju. 
No setor ocupacional, os maiores causadores de onicopatias são os 
agentes físicos. Dentre eles, os mais importantes são traumatismos, 
radiações ionizantes, atrito, pressão, exposição ao calor e frio, que 
comprometem a pele e seus anexos.
Figura 8 - Discromia ungueal exógena.
Disponível em: www.medigraphic.com/pdfs/cosmetica/dcm-2009/dcm094c.pdf. Acesso em 
20/04/2019.
Discromias Ocupacionais
175
O diagnóstico consiste na identificação das alterações ungueais e le-
vantamento da história de traumas ou exposições a diferentes subs-
tâncias. A propedêutica pode ser evoluída com testes cutâneos de 
sensibilização, biópsia das lesões e dosagens de IgE’s específicos na 
suspeita de atopias.
O objetivo do tratamento é afastar o fator causal da discromia e re-
tornar a unha ao aspecto habitual. O impedimento de contato deve 
ser realizado com orientação clara e uso de EPI’s específicos. Se viá-
vel, a troca de função também é uma opção. 
OUTROS AGENTES CAUSADORES DE DISCROMIAS
Discromias podem, ainda, ser causadas por diversas outras substân-
cias e exposições relacionadas a diferentes ofícios. Trabalhadores, 
frequentemente, expostos ao sol podem apresentar alterações irre-
gulares e difusas de pigmentação, além de outras lesões cutâneas em 
variados níveis de gravidade. Tais lesões podem variar de descama-
ção após queimadura de 1º grau ao melanoma. A exposição contínua 
ao calor radiante, como ocorre em indivíduos que trabalham com 
fornalhas ou fornos, também pode causar mudanças de coloração na 
pele, além de alterações vasculares. Com o risco constante de quei-
maduras, também, são expostos a possibilidade de hipopigmentação 
permanente após a resolução cicatricial. 
Além disso, exposição a compostos organoclorados, também, 
podem ocasionar achados hipercrômicos. Essas substâncias têm 
seu uso relacionado a ambientes de indústrias agrícolas ou em 
guerras, como é o caso do Agente Laranja, utilizado amplamente 
no Vietnã como desfolhante. Na abordagem das discromias e le-
vantamento de diagnósticos diferenciais, também, deve ser consi-
derado o uso de determinados medicamentos, os quais, também, 
podem ser responsáveis por induzir as alterações pigmentares. 
Dentre eles, destacam-se as hidroquinonas, alguns contraceptivos 
Medicina Ambulatorial VI
176
orais, a Zidovudina, hidroxiureia, metotrexate, ciclofosfamida e 
alguns agentes antimaláricos. 
REFERÊNCIAS 
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Doenças Ocupacionais I
179
Capítulo 15
Doenças Ocupacionais I
Astramiro Ferreira Pinto Neto1
Izabela Anicio Benedicto¹
Luiz Victor Lima Santos1
Luma Lacerda de Moura¹
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
As doenças ocupacionais são aquelas desenvolvidas, adqui-ridas ou desencadeadas pelo exercício da atividade ou em função das condições de trabalho. Um profissional que de-senvolve uma doença ocupacional tem, legalmente, os mes-
mos direitos que o envolvido em acidente de trabalho. Essas doenças 
são epidemiologicamente subdiagnosticadas e subnotificadas e, por 
isso, não se sabe ao certo o número desses acontecimentos anualmente 
no país. Entretanto, sabe-se que é mais rara em negros e mais comum 
no gênero masculino do que no feminino (79% : 21%). A dermatose 
ocupacional é uma das principais doenças profissionais, sendo a der-
matite de contato responsável por cerca de 80% dos casos. 
Tais doenças podem ser ocasionadas por inúmeros agentes químicos, 
físicos ou biológicos. Os mais comuns são os químicos, como me-
1 Acadêmicas do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga, MG.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor  titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
180
tais, ácidos e álcalis, hidrocarbonetos aromáticos, óleos lubrificantes 
e de corte, arsênico. Dentre os físicos, estão as radiações, traumas, 
vibração, pressão, calor e frio. Os biológicos são vírus, bactérias, fun-
gos, parasitas, plantas, animais. Alterações psíquicas podem causar 
a autoindução de lesões (dermatites factícias), para conseguir algum 
benefício. 
Os exemplos de doenças ocupacionais mais comuns são as seguintes: 
Lesão por Esforço Repetitivo, Asma Ocupacional, Dermatose ocupa-
cional, Surdez temporária ou definitiva, Antracose Pulmonar e dis-
túrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. 
FATORES PREDISPONENTES
Alguns fatores predisponentes, ou as chamadas causas indiretas, es-
tão relacionados com o desenvolvimento de doenças ocupacionais, 
como a idade, o sexo, a etnia, os antecedentes mórbidos, postura e 
movimento realizado durante a atividade laboral, o clima e as condi-
ções de trabalho. 
Os jovens são os mais acometidos por doenças ocupacionais, pela 
inexperiência na manipulação de agentes potencialmente peri-
gosos durante o trabalho e, na dermatite de contato ocupacional 
(DCO), essa maior incidência está relacionada ao não espessa-
mento da camada córnea, por isso, possuem menor tolerância e 
adaptação aos agentes. 
As doenças ocupacionais podem ser reduzidas com o treinamento 
profissional. Elas são mais prevalentes no sexo masculino do que no 
feminino, em uma média de 79% para os homens e 21% para mulhe-
res. Algumas comorbidades, ainda, se relacionam ao grupo étnico do 
trabalhador, que pode funcionar como fator de risco ou protetor. No 
caso das DCO, as populações de pele amarela e negra são mais pro-
tegidas contra à ação degenerativa dos raios solares, enquanto que 
os negros apresentam respostas queloideanas com maior frequência
Doenças Ocupacionais I
181
Os antecedentes mórbidos estão intimamente relacionas ao desen-
volvimento ou agravamento das comorbidades pré-existentes no 
ambiente de trabalho, caso medidas protetoras específicas sejam ne-
gligenciadas. Atividades laborais que exijam movimentos repetidos 
ou posturas inadequadas, as chamadas posturas anti-ergonô-
micas, podem causar a Lesão por Movimento Repetido (LER). 
Características do clima como a temperatura e a umidade também 
influenciam no aparecimento de dermatoses, doenças respiratórias e 
infecções fúngicas. 
No trabalho, a não utilização de proteção adequada com os Equipa-
mentos de Proteção Individual (EPI) associada à não observância ou 
à não exigência pelo trabalhador das normas de higiene e segurança 
para a atividade que executa, pode ter papel importante no surgi-
mento de doenças ocupacionais. Portanto é necessário que tanto os 
trabalhadores, quanto seus respectivos empregadores, fiquem alertas 
em relação às principais causas de doenças ocupacionais para pode-
rem evitá-las, buscando o constante aprimoramento das condições 
de saúde e segurança do ambiente de trabalho.
CAUSAS DIRETAS
As doenças ocupacionais podem ser causadas por diversos agentes 
durante o trabalho. Esses agentes podem ser químicos, físicos ou 
biológicos. Eles podem ser causa ou funcionar como fatores desen-
cadeantes, concorrentes ou agravantes. Os mais comuns são os se-
guintes: 
A) Químicos: metais, ácidos e álcalis, hidrocarbonetos aromáticos, 
óleos lubrificantes e de corte, arsênico; 
B) Físicos: radiações, traumas, vibração, pressão, calor, frio; 
C) Biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, plantas, animais. 
A partir de uma análise mais prática, é possível exemplificar situa-
ções que podem causar determinadas doenças ocupacionais: 
Medicina Ambulatorial VI
182
A) Ler: Lesões por esforços repetitivos; Dort: Distúrbios Osteo 
musculares Relacionados ao Trabalho (tendinites, tenossinovites 
e lesões de ombro). As principais causas incluem movimentos 
repetitivos, posturas inadequadas e pressão psicológica;
B) Dorsalgias: hérnias de disco, “problemas de coluna”, frequen-
temente, são desencadeadas por movimentos repetitivos e 
força com uso do tronco, levantamento e transportes de pe-
sos, posturas inadequadas, obesidade e sedentarismo (fatores 
não necessariamente ocupacionais, contudo de significativa 
relevância);
C) Transtornos mentais: (depressão/ansiedade/stress pós-traumá-
tico) causados, principalmente,por alta demanda, imprecisão 
quanto às expectativas, metas inalcançáveis, trabalho extrema-
mente monótono, percepção de trabalho “sem importância”, 
violência no trabalho, situações momentâneas e súbitas de alto 
nível de estresse e testemunha constante de sofrimento humano 
de terceiros (profissionais de saúde, assistentes sociais);
D) Varizes nos membros inferiores: possui como causas mais signi-
ficativas o trabalho realizado em pé ou sentado com pouca mo-
vimentação, obesidade e sedentarismo;
E) Transtornos auditivos: (principalmente perda auditiva) nessas 
afecções, as principais causas incluem exposição a ruídos e tra-
balho com produtos químicos, principalmente, solventes (tin-
ner, tolueno, xileno e similares). 
CONDIÇÕES DE TRABALHO
Entre os determinantes da saúde do trabalhador estão incluídos os 
condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais, 
responsáveis pelas condições de vida e os fatores de risco ocupacio-
nais presentes nos processos de laborais. 
Doenças Ocupacionais I
183
Os trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relaciona-
das ao trabalho, como consequência da profissão que exercem ou 
exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou 
foi realizado. Os indivíduos que apresentam maior probabilidade 
de desenvolver doenças ocupacionais são os que têm contato com 
produtos de limpeza, fazendo-se fundamental reiterar a impor-
tância do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
As doenças ocupacionais diminuem com o treinamento profissio-
nal e com maior acesso à informações para a população. Os diver-
sos setores e instalações industriais devem obedecer às regras que 
estabeleçam conforto, bem-estar e segurança no trabalho. A exem-
plo disso, orienta-se restaurantes com alimentação apropriada para 
o clima e para a atividade exercida. É importante que haja um cen-
tro de treinamento para correta utilização de EPIs e manejo dos 
equipamentos usados na prática laboral. Ainda, orientações sobre 
doenças gerais, normas de higiene e imunização, principalmente 
no âmbito dos profissionais da saúde. 
 Além disso, é necessário que o atendimento ambulatorial da empre-
sa detecte possíveis lesões que estejam ocorrendo com o trabalha-
dor. Os exames periódicos são importantíssimos para o tratamento 
precoce. E, por fim, a inspeção sanitária aos locais de trabalho pode 
fornecer dados importantes e realistas sobre as condições em que o 
trabalho é executado. 
DERMATITE DE CONTATO
Dentre as principais dermatoses ocupacionais, as dermatites de con-
tato compõem cerca de 90 a 95% dos casos. Elas correspondem a uma 
resposta inflamatória cutânea, resultante da exposição direta a algum 
agente externo. São classificadas em dermatite de contato por irritan-
tes e dermatite de contato alérgica, sendo que as ocorrências dos casos 
estão em torno de 70 a 80% e 20 a 25%, respectivamente.
Medicina Ambulatorial VI
184
DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTES
Diferentemente das dermatites de contato alérgicas (DAC), nas der-
matites de contato por irritantes (DCI), não é necessário sensibili-
zação prévia, pois sua fisiopatologia independe da intervenção de 
mecanismos imunológicos. Por esse motivo, pode se apresentar em 
qualquer trabalhador exposto ao contato com substâncias irritantes, 
dependendo da sua concentração, do tempo de exposição e da perio-
dicidade do contato com o agente irritante. A irritação é favorecida 
pelo contato frequente com água, sabões e detergentes.
Óleos e gorduras, compostos de cloro, cosméticos, drogas em contato 
com a pele, arsênio, cimento, flúor, inseticidas, corantes ou algumas 
plantas são as causas mais comuns de DCI. Portanto, o quadro clíni-
co varia de acordo com o irritante, podendo aparecer sob forma de 
dermatites indistinguíveis das dermatites de contato alérgicas agu-
das, até ulcerações vermelhas profundas, nas queimaduras químicas.
A DCI crônica é mais prevalente que a aguda ou acidental. Agressões 
repetidas, por irritantes de baixo grau, ocorrem ao longo do tempo. 
A primeira manifestação clínica percebida, nesses casos, é a secura 
da pele e o aparecimento de fissuras, que evoluem para eritema, des-
camação, pápulas, vesículas e espessamento gradual da pele. O diag-
nóstico se baseia, principalmente, nas histórias clínica e ocupacional. 
Não há orientação de realizar testes epicutâneos ou patch test para 
diagnóstico, porém no caso de DCIs crônicas, que não respondem 
bem ao tratamento, realiza-se o teste de contato para investigar sen-
sibilização ao medicamento prescrito.
DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA
As dermatites de contato alérgicas (DCA) são ocasionadas por con-
tato com substâncias sensibilizantes. A concentração, o tempo de 
contato e a suscetibilidade individual à exposição a tais agentes são 
determinantes para o aparecimento das lesões. O período de sensi-
Doenças Ocupacionais I
185
bilização é variável, podendo ocorrer dentro de 5 a 21 dias, meses ou 
até anos após o contato, podendo também surgir abruptamente após 
o contato prévio com o sensibilizante. 
As principais DAC ocorrem devido ao contato com metais, adesivos, 
cosméticos, drogas, corantes, produtos químicos, alimentos, plantas 
e outros agentes em contato com a pele. 
As manifestações clínicas podem ser classificadas como eczemas 
agudo ou crônico. Na fase aguda, há presença de prurido intenso e, 
na fase crônica, ocorre um espessamento da epiderme (liquenifica-
ção), com descamação e fissuras. O diagnóstico é baseado na histó-
ria clínica ocupacional e no exame físico do paciente. Além disso, a 
realização de testes de epicutâneos ou patch test podem contribuir e 
auxiliar na identificação dos agentes alérgenos.
O tratamento pode ser tópico ou sistêmico. Sendo que, o tratamento 
tópico inclui o uso de compressas ou imersão dos pés e das mãos em 
solução salina normal, água boricada ou permanganato de potássio. 
O uso de vaselina, cold cream, creme lanette para recuperar a fun-
ção de barreira da pele, reduzir o ressecamento e o prurido, além de 
banho morno, sem bucha e com sabonete suave são colaboradores 
no processo de cura. O uso de corticóides tópicos pode ser indicado, 
mas vai depender de fatores como o tipo, estágio e localização do 
eczema, além da idade do paciente. 
O tratamento sistêmico é indicado no caso de infecção secundária 
extensa. Nesse caso, poderão ser usados antibióticos (eritromicina, 
cefalosporina, tetraciclina) e antifúngicos (fluconazol, cetoconazol , 
terbinafina, itraconazo). No caso de prurido intenso, é indicado anti-
-histaminicos (hidroxizine, loratadina, cetirizina). Na fase aguda das 
exacerbações graves, recomenda-se o uso de corticóides sistêmicos e, 
para o tratamento de dermatite crônica e generalizada, faz o uso de 
psoralento e UVA e as ciclosporinas. 
Medicina Ambulatorial VI
186
DIAGNÓSTICO
As dermatites de contato estão entre as demandas comuns atendidas 
no Brasil, todavia as dermatites ocupacionais (DOs) são pouco iden-
tificadas ou valorizadas em virtude de uma subestimativa diagnósti-
ca. Por conseguinte, comumente, deixam de ser consideradas como 
um problema de saúde pública. 
As dermatoses ocupacionais (DOs) são doenças de notificação com-
pulsória no Brasil. É provável que, na maioria dos países, o número 
de casos desse agravo seja desconhecido em função da ausência de 
um diagnóstico diferencial que estabeleça relação entre o processo 
de adoecimento e a atividade laboral. 
O conhecimento dos fatores relacionados ao ambiente de trabalho ao 
qual o trabalhador está exposto, bem como dos fatores individuais 
que influem nesse processo é fundamental para determinar as causas 
desse adoecimento. Portanto, no que concerne aos profissionais de 
saúde, sobretudo médicos, conhecer os riscos ocupacionais aos quais 
seus pacientes estão expostos é fundamental e resultará em uma série 
de benefícios para o próprio paciente, que é o foco de todo o proces-
so de cuidado.
Os trabalhadores serão beneficiados a partir da confirmação do diag-
nósticode DO, associado à comprovação do nexo ocupacional, pois 
esse processo implica garantias de direitos trabalhistas, previden-
ciários e permite intervenções no ambiente de trabalho, buscando 
proteger a saúde dos outros trabalhadores envolvidos nesse processo 
produtivo. 
O diagnóstico e a consequente notificação desse agravo exigem a 
realização de cuidadosa anamnese ocupacional, minucioso exame 
físico e, caso necessário, a realização de uma visita ao ambiente de 
trabalho, a fim de permitir uma investigação dos agentes causadores. 
O diagnóstico preciso é imprescindível para diferenciar os processos 
Doenças Ocupacionais I
187
dermatológicos de outras origens, buscando compreender a relação 
trabalho-saúde-doença para definir uma abordagem adequada, bem 
como tratamento e as ações de prevenção e controle.
Para o diagnóstico e o estabelecimento das condutas adequadas às 
DOs, confirmadas ou suspeitas, é necessário considerar os seguin-
tes aspectos:
A) História de exposição ocupacional, observando-se concordância 
entre o início do quadro e o início da exposição;
B) A localização das lesões em áreas de contato com os agentes sus-
peitos;
C) Melhora com o afastamento e piora com o retorno ao trabalho. 
Eventualmente, pode ser necessária a realização de exames labora-
toriais tais como exame micológico, bacteriológico ou mesmo teste 
de contato (TC) ou teste epicutâneo (patch test). Tais ações podem 
contribuir para o diagnóstico, contudo, nenhum desses recursos é 
capaz de substituir uma boa anamnese, um exame físico cuidadoso e 
o conhecimento do profissional dos principais riscos, potencialmen-
te presentes no trabalho, capazes de provocar dermatoses. 
Os diagnósticos diferenciais são próprios de cada dermatose ocupa-
cional e podem incluir eczema atópico, psoríase e infecções. 
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190
Doenças Ocupacionais II
191
Capítulo 16
Doenças Ocupacionais II
Maria Tereza Costa Lage1
Piera Chaves Terra1
Pietra Ziviani Côvre1
Rafaela Ferro Valente1
Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS
As lesões por Esforços Repetitivos (LER) correspondem a um grupo de afecções do sistema musculoesquelético que são decorrentes de sobrecargas mecânicas. Atualmente, sabe-se que fatores sociais e econômicos, como graus de 
insatisfação no trabalho, também, estão envolvidos na gênese das 
dores crônicas, em especial as dos membros superiores, o que torna 
o diagnóstico das afecções questionável.
As lesões mais comuns, encontradas têm sido as seguintes: doenças ten-
dines inflamatórias, neuropatias periféricas (em especial a síndrome do 
túnel do carpo), cistos sinoviais, lesões ligamentares, bursites e distrofia 
simpática reflexa nos membros superiores. Além das lesões, os distúr-
bios dolorosos sempre estão presentes, sendo os mais frequentes as sín-
dromes axiais (cervical, lombar e dorsal), tenalgias e mialgias, demons-
trando, assim, como o quadro clínico pode ser bastante variado. 
1 Acadêmicas do Instituto Metropolitano de Ensino Superior - IMES
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
192
A prevenção da LER deve ser feita, criando um bom ambiente de tra-
balho e respeitando os limites de cada indivíduo. Deve ser iniciada 
com a seleção adequada dos trabalhadores e a correta aprendizagem 
de técnicas e ensinamento de posturas. A duração das jornadas de 
trabalho deve ser respeitada, assim como horários de descanso. Além 
disso, existea necessidade de um adequado estilo de vida, com boa 
qualidade do sono, condicionamento físico e da saúde geral. Essas 
iniciativas proporcionarão a qualquer trabalhador condições de exe-
cutar suas tarefas laborativas. Diante disso, para que seja feito o diag-
nóstico, deve-se coletar dados fornecidos pelo paciente, com ênfase 
na sua história ocupacional, realizar o exame físico e integrá-los com 
dados epidemiológicos.
DERMATOSES OCUPACIONAIS E CA DE PELE
As dermatoses ocupacionais (DOs) são um dos principais agravos 
relacionados ao trabalho, sendo consideradas de notificação com-
pulsória. Entre os principais causadores das DOs, destacam-se os 
agentes químicos, provocadores de dermatites de contato por irritan-
te primário, manifestando-se por reação inflamatória e acometendo, 
principalmente, os membros superiores, especialmente, as mãos.
O principal sintoma que se observa é o prurido, além do quadro 
clínico de eritema, vesícula, bolhas, pápulas, ressecamento, des-
camação e infecção secundárias das quais podem variar confor-
me seu tempo de evolução e características do agente agressor e 
do indivíduo acometido. O diagnóstico de tais afecções é feito 
com facilidade, mas alguns aspectos são essenciais nesse proces-
so, como a anamnese ocupacional, o exame físico e a inspeção do 
local de trabalho. 
CÂNCER CUTÂNEO OCUPACIONAL
Há também o câncer cutâneo ocupacional (CCO) para o qual vá-
rios fatores podem concorrer, como fatores genéticos, imunológicos 
Doenças Ocupacionais II
193
e ambientais. Os principais agentes cancerígenos para o tegumento 
podem ser físicos (radiação solar), ou químicos (hidrocarbonetos).
Os CCOs mais comuns são o carcinoma espinocelular e o basocelu-
lar, sendo que esses são relacionados à exposição prolongada à luz 
solar, considerada a causa mais comum de câncer de pele. Eles ocor-
rem com mais frequência em trabalhadores que exercem suas fun-
ções ao ar livre e em pessoas de pele clara. Somente o exame clínico e 
uma biópsia podem diagnosticá-los, porém é importante estar atento 
aos seguintes sintomas:
A) Lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, aver-
melhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e 
que sangra facilmente;
B) Pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura e ou torna-se 
irregular nas bordas e cresce de tamanho;
C) Mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apre-
sentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
Para prevenção das dermatoses ocupacionais, é indicado o uso de 
vestimentas adequadas como luvas, calçados e uniformes, por exem-
plo. Já para os cânceres de pele, deve-se evitar a exposição excessiva 
ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV. 
PNEUMOCONIOSE
As pneumoconioses (PNMC) são doenças que acometem o trato res-
piratório e estão relacionadas à exposição prolongada a determinadas 
substâncias, que são geradas no ambiente de trabalho. Essas doenças 
podem ser dividas em fibrinogênicas e não fibrinogênicas. As fibrino-
gênicas estão relacionadas à inalação de partículas que causam fibrose 
intersticial do parênquima pulmonar, como a silicose, a antracose e a 
bissinose. Já as não fibrinogênicas são caracterizadas por depósito da 
substancia no interstício, infiltrado inflamatório e ausência de fibrose, 
como a siderose. A seguir, se fará uma abordagem de cada uma delas.
Medicina Ambulatorial VI
194
FIBRINOGÊNICAS
SILICOSE
A silicose é uma doença ocupacional a qual ocorre em indivíduos 
que inalaram pó de sílica durante anos de exposição a ela. A sílica 
(SiO2) é uma substância que constitui a areia, por isso é uma doen-
ça comum em trabalhadores de mineração, cortadores de granito e 
aqueles que estão no processo de fabricação de cerâmica, cimento, 
inseticidas, cosméticos e tintas. Essa substância apresenta proprieda-
des fibrinogênicas e, quando inalada, causa uma reação inflamatória, 
podendo levar à formação de nódulos pulmonares. 
A silicose é uma doença pulmonar fibrosante e, em sua maioria, crô-
nica. Os sinais da doença aparecem após 20 anos de exposição ao 
componente, mas trabalhos em que a exposição é maior, a evolução 
da doença pode ser mais rápida e ocorrer em menos de 10 anos. Nes-
se caso, é desenvolvida a silicose subaguda. Em alguns casos, quando 
a exposição é intensa, o paciente pode apresentar alterações no raio-
-x (RX) de tórax em um período curto, menos de 2 anos. Esses casos 
de evolução rápida, na maioria das vezes, são graves, são denomina-
dos silicose aguda. 
Os principais sintomas são os seguintes: tosse produtiva, hemoptise, 
dispneia progressiva. Inicia com um leve desconforto respiratório e, 
posteriormente, se agrava a dispneia a pequenos esforços e até ao 
repouso, em fases mais avançadas da doença. A doença é progressiva 
e não paralisa nem mesmo quando o indivíduo é afastado da subs-
tância causadora. 
O diagnóstico é realizado por meio da história de exposição à sílica 
e se confirma quando são detectados sintomas típicos como tosse e 
dispneia progressiva. A radiografia de tórax ajuda a confirmar o diag-
nóstico. Na silicose crônica, os nódulos são pequenos (menores que 
1cm) e predominam no terço superior dos pulmões. Na subaguda, os 
Doenças Ocupacionais II
195
sintomas são mais precoces e, além dos nódulos, é observada reação 
inflamatória na região. Já na forma aguda, existe reação inflamató-
ria difusa e nodulações mal definidas. No exame físico, observa-se 
crepitação em todo pulmão e dispneia acentuada. Além disso, para 
realizar o acompanhamento do paciente, pode-se solicitar a espiro-
metria, através da qual será evidenciado o padrão respiratório restri-
tivo e obstrutivo. A confirmação da enfermidade se dará se ocorrer a 
redução do volume expiratório forçado e da capacidade vital forçada. 
O material particulado do carvão é um dos fatores de risco a que a 
população é exposta desde tempos remotos, sendo um dos poluentes 
mais destacados do mundo, causador da antracnose, que acomete 
comumente mineiros pela inalação da poeira de carvão.
ANTRACNOSE
Há dois tipos de fisiopatologias: a antracnose simples e a avançada. 
A caracterizada como simples, normalmente, têm um curso be-
nigno, em que há agregados de pequenas partículas de carbono de 
substâncias nocivas de elevada solubilidade em torno dos terminais 
respiratórios. Essa ocorrência gera uma ligeira dilatação dos brôn-
quios terminais, tendo uma área periférica de inflamação aguda, as-
semelhando-se, histologicamente, com nódulos reumatoides. Dessa 
maneira, ocorre danos de início rápido nos pulmões. No entanto, a 
antracnose simples progride lentamente e somente se manifesta após 
vinte a trinta anos. Com a exposição prolongada à poeira do carvão, 
essas lesões se tornam mais aparentes, normalmente, associadas a 
sintomas como dispneia e tosse. Junto à história de exposição, o exa-
me de RX pulmonar, normalmente, detecta a presença de nódulos 
de 2 mm a 5 mm. 
A antracnose, caracterizada pela forma avançada, ocorre com uma 
progressão maciça e presença de tecido fibroso preto infiltrado com 
poeira de carvão nos pulmões. Esses casos ocorrem quando o minei-
Medicina Ambulatorial VI
196
ro perdura exposto a grandes concentrações do agente com partícu-
las maiores e mais resistentes, de difícil diluição. Essa é uma doença 
pulmonar obstrutiva crônica, induzida pelo pó de carvão, causa efei-
tos de bronquite crônica, levando à dispneia e, até, à insuficiência 
respiratória. À RX são visualizados nódulos maiores de 10 mm de 
diâmetro. Nesses casos, os mineiros podem ter doença reumatoide, 
comumente, associada à fibrose nodular dos pulmões. 
BISSINOSE
A Bissinose é uma doença ocupacional das vias aéreas, para a qual 
estudos sugerem a participação dos componentes da planta, poei-
ras orgânicas como algodão, sisal e linho, e de endotoxinas bac-
terianas contaminantes na sua fisiopatologia. Entre as principais 
causas, aponta-se a relação entre a quantidade de poeira de algo-
dão inalada e o tempo de exposição, junto a outrosfatores de risco, 
como poluição atmosférica e o tabagismo. Outros mecanismos des-
critos sugerem ativação da histamina e, outro, a inflamação das vias 
aéreas como causa da obstrução. Há, portanto, uma nítida relação 
exposição-resposta. 
Quadro 1 - Critério de estadiamento da bissinose:
GRAU 0: Ausência de sintomas no primeiro dia de retorno ao trabalho;
GRAU 1/2: Discreta irritação das vias aéreas ou opressão torácica transitória no primeiro dia de trabalho da semana;
GRAU 1: Opressão torácica e/ou dispnéia unicamente no primeiro dia de retorno ao trabalho;
GRAU 2: Opressão torácica e/ou dispnéia no primeiro dia de retorno e nos outros dias da jornada de trabalho; 
GRAU 3: Sintomas do grau 2 associados com incapacidade funcional permanente.
Essa PNMC pode ser caracterizada com uma resposta reversível, se 
detectada no início da evolução. Já na fase aguda, causa uma sensa-
ção de diminuição da capacidade pulmonar, tosse e dispneia. Quan-
Doenças Ocupacionais II
197
do o trabalhador retorna de suas férias, à medida que a doença evolui 
e persistem as queixas, o paciente evolui em graus. Essa evolução se-
gue os critérios citados no quadro 1, a seguir. Tais alterações funcio-
nais se tornam irreversíveis, podendo levar à incapacidade funcional 
respiratória.
O diagnóstico é feito centrado na história clínica e ocupacional. De-
ve-se avaliar a função pulmonar, observando redução do VEF1 du-
rante a jornada de trabalho. A RX de tórax não apresenta alterações, 
mas pode ser útil para diagnósticos diferenciais. Não há tratamento 
específico. Quando for o caso, recomenda-se a cessação do tabagis-
mo e afastamento da exposição do patógeno causador. 
NÃO FIBRIMOGÊNICAS
SIDEROSE
A Siderose é uma PNMC causada pela inalação de óxidos de ferro. A 
doença é frequente em indivíduos que fazem extração de minério de 
ferro e trabalham em metalurgia de aço, ferro, soldadura e polimento 
de metais com óxidos de ferro. Essa doença vem sendo considerada 
uma PNMC benigna e não apresenta associação com sintomas res-
piratórios. Nos alvéolos das pessoas expostas a esses componentes 
são encontrados macrófagos carregados de grânulos de ferro, mas 
sem fibrose. Essa deposição é chamada de reação inerte ou tatuagem. 
O diagnóstico é feito através da história de exposição a poeiras de 
ferro, levando em conta as condições de trabalho e a concentração 
de partículas no ar, associada a exame radiológico. O RX de tórax 
pode demonstrar micronódulos maldefinidos e difusos, normal-
mente, a localização é centrolobular. O paciente que é exposto so-
mente ao óxido de ferro não apresenta alteração na espirometria. O 
prognóstico da siderose é bom, sendo possível a regressão das lesões 
após afastamento da substância. A evolução para formas graves pode 
acontecer em trabalhadores expostos também a outras substâncias 
Medicina Ambulatorial VI
198
como sílica e tabagismo. Nesse caso, pode ser encontrada concomi-
tantemente a fibrose pulmonar.
A conscientização da prevenção das PNMC, dos empregadores é ne-
cessária. As empresas devem reforçar as atividades de vigilância à 
saúde de seus trabalhadores, além de acrescentarem estratégias efeti-
vas e implantarem programas de treinamento que permitam que os 
trabalhadores tenham conhecimento de prováveis fatores de risco, e 
saibam a importância do uso correto dos equipamentos de proteção 
individual (EPI’s). 
Mesmo com toda essa atenção, o uso de marcadores de predição e 
detecção precoce de PNMC são essenciais para a aplicação oportuna 
de estratégias de intervenção. Como uso da espirometria que avalia 
a função respiratória, exame de baixo custo, fácil execução e grande 
utilidade para o diagnóstico precoce e controle em trabalhadores ex-
postos aos agentes. 
ASMA OCUPACIONAL
A asma ocupacional é definida pela obstrução reversível e variável do 
fluxo aéreo e/ou hiper-reatividade das vias aéreas, que ocorre devido 
ao ambiente de trabalho e às condições atribuíveis a tais locais. Ocor-
re por consequência da inflamação das vias aéreas causadas pela res-
posta a alérgenos de alto peso molecular. Doença pulmonar, comu-
mente, encontrada em países desenvolvidos, sendo a mais comum 
das doenças imunomediadas. Centenas de agentes foram associados 
a etiologia da asma ocupacional, mas os mais frequentes são os dii-
socianatos, pó de diversos grãos, resinas, látex, partículas animais de 
laboratório, e pós de madeira.
Há dois tipos de asma ocupacional: a imunológica e não imunológi-
ca. Na primeira, ocorre uma mediação por mecanismos imunológi-
cos que, comumente, possuem um período de latência entre o qual se 
tem a exposição para a sensibilização ao agente ocupacional respon-
Doenças Ocupacionais II
199
sável. A não imunológica é identificada pela ausência do período de 
latência, em que os sintomas podem ocorrer poucas horas após uma 
única exposição ao irritante no local de trabalho.
A prevenção da asma ocupacional deve acontecer primeiramente 
pelo controle ambiental, proteção dos trabalhadores, como equipa-
mentos de proteção respiratória e se possível substituição do mate-
rial utilizado que lhes causa a asma. O processo do diagnóstico é 
complexo. Deve-se observar se há nexo causal entre as queixas e a 
determinada exposição laboral, excluindo causas não profissionais. 
Deve, então, ser investigado para que não haja aconselhamento equi-
vocado de abandono do trabalho antes mesmo do diagnóstico final, 
uma vez que o afastamento prolongado pode inviabilizar os proces-
sos diagnósticos.
O diagnóstico, portanto, resulta da junção dos dados provenientes 
da anamnese e história ocupacional, a testes cutâneos de alergia e, 
quando possível, pesquisa de IgE específica. Além disso, deve-se fa-
zer medições seriadas da função ventilatória no local de trabalho e 
fora dele, estudo funcional respiratório com provocação inespecífica 
e, em ocasiões necessárias, com o agente laboral em questão. 
DOENÇAS PSICOSSOCIAIS 
O ritmo de trabalho excessivo, as relações baseadas no autoritarismo 
e os ambientes de trabalho sem conforto contribuem para o adoeci-
mento mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os trans-
tornos mentais atingem aproximadamente 30% dos trabalhadores 
no mundo. Países desenvolvidos como Estados Unidos e Austrália 
são mais acometidos que aqueles em desenvolvimento como o Bra-
sil. Tal fato é preocupante, já que o Brasil está em desenvolvimento, 
tende a apresentar mais casos no futuro próximo. 
No Brasil, dados do Instituto Nacional de Seguro Social sobre a con-
cessão de benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria por inva-
Medicina Ambulatorial VI
200
lidez, demonstram que os transtornos psicossociais ocupam o tercei-
ro lugar no ranking das aposentadorias. As principais doenças são 
depressão, transtorno de ansiedade generalizado (TAG) e bour-out. 
DEPRESSÃO
A depressão é uma morbidade frequente em trabalhadores que vi-
venciaram um fracasso pessoal, acidente de trabalho, desemprego e 
queda salarial. Os principais sinais e sintomas são humor triste, per-
da do interesse e prazer nas atividades cotidianas, fadiga, dificuldade 
de concentração, baixa auto-estima, desesperança, ideias de culpa e 
inutilidade, visões pessimistas do futuro, ideias ou atos suicidas. 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADO (TAG)
Outra patologia comum é o TAG, que é caracterizado pela preocupa-
ção excessiva, persistente e de difícil controle, com duração mínima 
de seis meses, com três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, 
tensão muscular, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade 
e insônia.
BOUR-OUT
A síndrome de Bour-out, também conhecida como Síndrome do es-
gotamento profissional se caracteriza como exaustão emocional, es-
gotamento de energia, não realização profissional e ineficiência. Isso 
acontece quando o indivíduo é exposto, de maneira prolongada, a 
um ambiente de trabalho hostil, em que se sinta pressionado e não 
valorizado. 
DOENÇAS OCUPACIONAIS DO OUVIDO
As doenças otorrinolaringológicas relacionadas aotrabalho são cau-
sadas por agentes ou mecanismos irritativos, alérgicos e/ou tóxicos. 
As afecções do ouvido interno decorrem a partir da exposição à subs-
tâncias neurotóxicas e fatores de risco de natureza física, como ruído, 
Doenças Ocupacionais II
201
pressão atmosférica, vibrações e radiações ionizantes. Já o acometi-
mento das doenças do ouvido externo, estão relacionadas aos agen-
tes biológicos, eventos traumáticos e à lesão do pavilhão auricular.
A Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) é um dos problemas 
de saúde relacionados ao trabalho mais frequentes em todo mundo 
e se dá através da exposição ao ruído. O ruído presente nos ambien-
tes de trabalho é considerado um agente de risco à saúde dos traba-
lhadores, sendo que a exposição prolongada a níveis de ruído acima 
de 85 dB(A) traz grande risco para a audição e a saúde em geral, a 
depender da intensidade e do tempo de exposição. O comprometi-
mento na audição é permanente e, atualmente, não há qualquer tra-
tamento efetivo para a regeneração da cóclea, principal local de lesão 
por ruído elevado. 
A avaliação do trabalhador exposto a ruído consta de avaliação clíni-
ca e ocupacional. Pesquisa-se a exposição pregressa e atual ao risco 
para que seja possível buscar relações entre causa e sinais e sinto-
mas, considerando os sintomas característicos, como a hipoacusia. 
Contudo, a anamnese ocupacional configura-se como instrumento 
fundamental para a identificação do risco. Além disso, devem ser 
realizados exame físico, avaliação audiológica e, se necessário, outros 
testes complementares.
As mudanças dos limiares auditivos não têm recuperação. Assim, 
as medidas preventivas são as únicas estratégias a serem adotadas 
e estas estão relacionadas ao controle do ruído. Dentre as medi-
das, incluem o monitoramento sistemático dos agentes agressores; 
diminuição do tempo de exposição e do número de trabalhadores 
expostos; informação e comunicação dos riscos aos trabalhadores; 
utilização de equipamentos de proteção auditiva individual- EPA’s 
e medidas de controle médico. Quanto ao uso de EPAs, deve-se fa-
zer uma análise para escolha do tipo mais adequado a cada tipo de 
exposição. Além disso, cabe ao Ministério do Trabalho a vigilância 
Medicina Ambulatorial VI
202
das condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores expostos de 
acordo com a legislação pertinente. O serviço de assistência à saúde, 
em qualquer nível, deve orientar o trabalhador a respeito do risco 
auditivo e acompanhar sua condição auditiva no decorrer do tempo, 
dando subsídios aos serviços de fiscalização. 
DOENÇAS DA VISÃO
O sistema ocular é vulnerável à ação de diversos fatores de risco pre-
sentes no trabalho, como por exemplo, agentes mecânicos (corpos 
estranhos, ferimentos contusos e cortantes), agentes físicos (tempe-
raturas extremas, eletricidade, radiações ionizantes e não-ionizan-
tes), agentes químicos, agentes biológicos (picadas de marimbondo 
e pelo de lagarta) e ao esforço excessivo que leva à astenopia induzi-
da por algumas atividades de monitoramento visual. As doenças do 
olho e anexos, relacionadas ao trabalho incluem: Blefarite; Conjunti-
vite; Queratite e queratoconjuntivite; Catarata; Inflamação coriorre-
tiniana; Neurite óptica e Distúrbios visuais subjetivos. 
Inúmeras substâncias químicas podem afetar o olho em decorrência 
do número de estruturas envolvidas e coordenadas para permitir a 
visão normal e os mecanismos fisiopatológicos são variados. Além 
disso, as manifestações variam da sensação de dor, desconforto e al-
terações na estética até os transtornos graves da função visual, tem-
porários ou permanentes.
Para diagnóstico, é necessária a realização da anamnese ocupacional, 
que compreende a história clínica atual, os antecedentes pessoais e 
familiares, a história ocupacional, hábitos e estilo de vida, o exame 
físico e a propedêutica complementar. A partir da entrevista com o 
paciente/trabalhador, deve-se ter o reconhecimento prévio das ativi-
dades e locais de trabalho, se existem substâncias químicas, agentes 
físicos e biológicos e fatores de risco, decorrentes da organização do 
trabalho, potencialmente causadores de doença.
Doenças Ocupacionais II
203
A prevenção das doenças dos olhos e anexos, relacionadas ao trabalho, 
baseia-se nos procedimentos de vigilância em saúde do trabalhador, 
dos ambientes, das condições de trabalho e dos agravos à saúde. Den-
tre as medidas de prevenção à exposição aos fatores de risco incluem: 
adoção de sistemas seguros de trabalho, medidas operacionais; rotu-
lagem das substâncias químicas segundo à toxicidade; diminuição do 
tempo de exposição e do número de trabalhadores expostos; garantia 
de recursos adequados para situações de emergência, como chuveiros 
ou duchas lava-olhos, já que o contato com substâncias químicas nos 
olhos pode ameaçar a visão. Além disso, o fornecimento de EPI’s ade-
quados, deve complementar as medidas de proteção coletiva.
Os trabalhadores devem estar treinados para proceder, imediata-
mente após a contaminação, à lavagem dos olhos, com água corren-
te, por no mínimo cinco minutos, sendo em seguida encaminhados 
para avaliação especializada por oftalmologista. A única exceção se 
faz às perfurações oculares, que devem ser encaminhadas imediata-
mente ao oftalmologista. É importante evitar a compressão do globo 
ocular até a avaliação da extensão da lesão provocada pelo acidente.
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206
Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
207
Capítulo 17
Evolução Histórica da Segurança e Saúde 
Ocupacional
Alice Motta da Rocha1
Fernanda Costa Carvalho¹
Luiz Felipe Aragoso Bento¹
Sarah Menezes de Oliveira¹
Farias Menezes de Oliveira2
A segurança do trabalho pode ser entendida como os con-juntos de medidas que são adotadas, visando a minimi-zar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade física e a capacidade de tra-
balho do trabalhador.
Entre as atividades exercidas por uma pessoa durante sua vida, o tra-
balho ocupa posição de destaque, consumindo grande parte e, em 
muitos casos, a maior parte, do seu tempo de vida. Por essa razão, é 
muito comum a ocorrência de agravos à saúde e à integridade física 
do indivíduo por situações ligadas à sua atividade laboral.
É fato que a sociedade, principalmente, nos últimos séculos, evoluiu 
significativamente sob o ponto de vista tecnológico. Grande parte 
das inovações trouxeram incríveis benefícios. Nasceram novas for-
mas de comunicação e interação entre as pessoas, além de inova-
dores métodos de produção e de exploração das riquezas no país. 
1 Acadêmicos do curso de medicina do Instituto de Ensino Superior (IMES) de Ipatinga, MG.
2 Médico, formado pela União Educacional do Vale do Aço. Pó-graduado em medicina do 
trabalho pela CENBRAP.
Medicina Ambulatorial IV
208
Avanços em áreas-chaves do conhecimento humano. Na medicina, 
tais avanços trouxeram novas perspectivas de vida à população, além 
do incremento em sua qualidade.
No entanto a inovação tecnológica traz consigo alguns contratem-
pos, cobrando seu preço dos seres humanos, como o aumento dos 
riscos, principalmente, daqueles relacionados ao trabalho, além de 
vidas humanas e de capacidade de trabalho perdidas. Montantes que 
somam bilhões de recursos, que poderia ter melhor, ou mais eficaz 
utilização, são desperdiçados na forma de custos provenientes de in-
fortúnios relacionados ao labor.
Nas últimas décadas, porém, a sociedade tem mandado claro recado 
sobre esse assunto, no sentido de que os riscos inerentes ao traba-
lho sejam eliminados, quando possível, ou reduzidos drasticamente. 
Existem relatos de preocupação com o ambiente do trabalho de mui-
tos anos atrás. Há referências ao tema na antiga sociedade egípcia, 
encontradas no denominado Papiro Seler II, datado de 2.360 a.C., 
que alude às condições de trabalho entre os operadores de fornos, 
tecelões, pedreiros e lavadeiras. 
No século IV a.C., Hipócrates pesquisou a ação maléfica do chumbo 
sobre a saúde humana. Plínio, na era cristã, relacionou a reação do 
enxofre e zinco sobre a problemas de saúde. A utilização de másca-
ras respiratórias rudimentares, noticia o que talvez seja a iniciativa 
pioneira no uso de equipamentos de proteção individual. Galeno de 
Pérgamo relatou experiência realizada a respeito dos riscos dos mi-
neiros, quando visitou as minas de sulfato de cobre na ilha de Chipre. 
Posteriormente, em 1556, Georg Bauer, conhecido como Georgiu 
Agrícola, publicou, em latim, uma obra denominada De re metallica, 
na qual, além de estudos relacionados à extração de metais, mencio-
na aspectos relacionados a doenças e acidentes de trabalho, como a 
“asma dos mineiros” provocada por poeiras “corrosivas”. 
Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
209
Em 1700, o médico Bernardino Ramazzini publicou seu famoso livro 
De Morbis Artificum Diatriba, no qual descreve, minuciosamente, 
doenças relacionadas ao trabalho, encontradas em mais de 50 ativi-
dades profissionais existentes na época. O estudo de Ramazzini apre-
sentava uma relação de mais de 100 diferentes profissões e os riscos 
específicos de cada uma delas, chamando a atenção para a necessi-
dade dos médicos conhecerem a ocupação, atual e pregressa, de seus 
pacientes para fazer o diagnóstico correto e adotar os procedimentos 
adequados.
Essa relação é a precursora da lista atual de doenças ocupacionais 
reconhecidas pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e 
adotada por muitos países, inclusive o Brasil. Apesar dessas evidên-
cias, não há informação de qualquer política pública que tenha sido 
proposta ou implementada para reduzir os riscos a que esses traba-
lhadores estavam submetidos. Nesses períodos, as vítimas dos aci-
dentes/doenças relacionadas ao trabalho eram quase exclusivamente 
escravos e pessoas oriundas dos níveis considerados como os mais 
inferiores da escala social. 
Muitas mudanças ocorreram com a Revolução Industrial a partir de 
meados dos séculos XVIII e XIX, em especial, à classe trabalhadora, 
que sofreu com as transformações, de forma bastante negativa com 
relação à saúde e bem-estardo trabalhador. Ele passou a ser subme-
tido a cargas horárias de trabalho bastante aumentadas em ambiente 
que não lhe oferecia segurança alguma. Com a revolução industrial, 
muitas máquinas e equipamentos sofreram mudanças, se tornando 
tecnologicamente avançadas, o que acarretou maior desconforto ao 
trabalhador, que tinha que manuseá-las sem estar habituado ou sem 
ter nenhum treinamento que lhe fizesse apto ao seu manuseio. Tudo 
isso gerou graves acidentes de trabalho como desgaste físico, ampu-
tações, intoxicação, etc. Como agravante, a maioria desses trabalha-
dores, vítimas de acidentes, eram mulheres e, muitas vezes, crianças, 
pois sua mão de obra era mais barata. 
Medicina Ambulatorial IV
210
A partir desses incidentes, houve a intensificação do estudo dos 
acidentes do trabalho, uma vez que esses países estavam produ-
zindo legiões de incapacitados. Isso levou os empresários da épo-
ca a se questionarem sobre os benefícios da revolução de mercado 
que eles estavam produzindo. Surgem, então, as primeiras normas 
trabalhistas na Inglaterra (Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes, 
de 1802), que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, 
proibia o trabalho noturno e tornava obrigatório a ventilação do 
ambiente de trabalho e a lavagem das paredes das fábricas duas 
vezes por ano. 
No entanto, essa lei não foi obedecida por falta de um organismo fis-
calizador. Em 1833, a Inglaterra publicou a primeira legislação, real-
mente, eficiente na proteção do trabalhador sob o título de “Factor-
yAct” (Lei da Fábrica), que tinha como principais itens as seguintes 
regras estatutárias: proibição do trabalho noturno aos menores de 18 
anos; restrição das horas trabalhadas por menores a 12 horas por dia 
e 69 horas por semana; obrigatoriedades de escolas nas fábricas para 
trabalhadores menores que 13 anos; determinação da idade mínima 
para o trabalhador de “9 anos”; cuidado com o desenvolvimento físi-
co correspondente à idade cronológica. 
No início do século XX, com a expansão e consolidação do processo 
industrial e seus métodos de produção (taylorismo e o fordismo) e 
a transnacionalização da economia, surgiu a necessidade de adoção 
de medidas comuns como regulamentação e organização do pro-
cesso de trabalho que uniformizassem os países produtores de bens 
industrializados. Nesse cenário, em 1919 é criada a Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) que, em suas primeiras reuniões, 
reconhecia a existência de doenças profissionais, o que mudou, acen-
tuadamente, o ritmo e o enfoque das normas e práticas de proteção 
à saúde dos trabalhadores, sendo, até hoje, a grande referência inter-
nacional sobre o assunto. 
Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
211
Em 1959 foi aprovada pela Conferência Internacional do Trabalho 
a Recomendação 112 com o título de “Recomendação para Serviços 
de Saúde Ocupacional”, considerada o primeiro instrumento norma-
tivo de âmbito internacional. A Recomendação aborda aspectos que 
incluem sua definição, métodos de aplicação, organização dos Servi-
ços, suas funções, pessoal, instalações e meios de ação. 
A Recomendação 112 dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, 
definidos como serviços médicos instalados em um local de trabalho 
ou em suas proximidades, com as seguintes finalidades: proteger o 
trabalhador contra qualquer risco à sua saúde que decorra do traba-
lho ou das condições em que ele é cumprido; concorrer para o ajus-
tamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na empresa, 
através da adaptação do trabalho ao homem e pela colocação deste 
em setor que atenda às suas aptidões; contribuir para o estabeleci-
mento e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e 
mental dos trabalhadores. 
No Brasil, o mesmo fenômeno ocorreu, embora de forma mais tar-
dia em relação aos países de economia central. Durante o período 
colonial e imperial (1500-1889), a maior parte do trabalho braçal era 
realizada por escravos (índios e negros) e homens livres pobres. A 
preocupação com suas condições de segurança e saúde no trabalho 
era pequena e essencialmente privada. 
Durante o governo de Getúlio Vargas, ocorreu a substituição do mo-
delo de desenvolvimento baseado na agro exportação para aquele 
baseado na indústria. Esse modelo tinha forte presença do Estado 
tutelando todas as relações trabalhistas e, como consequência, houve 
a criação em 1931, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. 
A esse ministério se vinculou o Departamento Nacional do Traba-
lho, criado em 1932. 
Nesse mesmo ano, foram criadas as Inspetorias Regionais de Higiene 
e Segurança do Trabalho para desempenhar, nos Estados, as atribui-
Medicina Ambulatorial IV
212
ções do Departamento Nacional do Trabalho, com competência para 
coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacio-
nadas à segurança e à medicina do trabalho. A fiscalização do cum-
primento dos preceitos legais e regulamentares em todo território 
nacional ficou a cargo dessas inspetorias. 
Em 1934, foi editado o Decreto no 24.637, prevendo proteção e in-
denização para alguns tipos de acidentes profissionais e em 1937, 
era ratificada a Convenção de Genebra sobre moléstias passíveis de 
indenização. As leis disciplinadoras das relações trabalhistas, torna-
ram-se muitas e originaram um sistema fragmentado e falho. Cada 
profissão tinha uma lei própria, o que prejudicava muitas outras pro-
fissões que ficavam fora da proteção legal. 
Inicialmente esparsa, a legislação trabalhista foi ampliada no Gover-
no Vargas (1930-1945), com a Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT), instituída pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1º de maio de 1943. 
Esse decreto agrupou e sistematizou as leis trabalhistas em um só 
documento, acrescentando-se, ainda, inúmeras e importantes inova-
ções. O art. 154 e seguintes da CLT tratava dos problemas da saúde 
do trabalhador, já sob o título de Higiene e Segurança do Trabalho. 
O Brasil, na condição de país colonizado e com um desenvolvimen-
to tecnológico tardio, tinha sua economia baseada na mão de obra 
escrava e agrícola. A preocupação com a saúde do trabalhador só 
aconteceu após o surgimento de epidemias como a febre amarela, a 
cólera e a peste que mataram dezenas de trabalhadores, ocasionando 
prejuízos para a economia da época. 
Dentro da linha autoritária, com tendências fascistas que, então, de-
tinha o poder, essa legislação buscou manter as demandas sociais 
e trabalhistas sob o controle do Estado, inclusive com a criação do 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 26 de novembro 
de 1930. Boa parte dessa legislação original foi modificada, poste-
riormente, inclusive pela Constituição da República Federativa do 
Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
213
Brasil (CRFB), de 10 de outubro de 1988. Porém, muitos dos seus 
princípios e instituições continuam em vigor, tais como os conceitos 
de empregador e empregado, as características do vínculo emprega-
tício e do contrato de trabalho, a Justiça do Trabalho e o Ministério 
Público do Trabalho, entre outros. 
No final da década de 70, surgiram dois movimentos no campo da 
saúde com vertentes distintas. O primeiro, chamado Movimento da 
Reforma Sanitária, foi desencadeado pela precariedade dos servi-
ços públicos de saúde e tinha como objetivo enfrentar a questão da 
saúde nas dimensões técnicas, políticas, econômicas e sociais assim 
como a implantação de um serviço único de saúde, com universa-
lização da assistência médico-sanitária. O segundo foi o Movimen-
to Sindical que introduziu o tema saúde nas pautas de discussão e 
reivindicação, o que levou à criação, ainda, em 1978, da Comissão 
Intersindical de Saúde e Trabalho. Essa comissão, posteriormente, 
se transformaria no Departamento Intersindical de Estudos e Pes-
quisas de Saúde e dos Ambientes do Trabalho (DIESAT), que teria 
importante papel ao subsidiar os sindicatos na discussão de assun-
tos ligados à saúde e trabalho, tentando superar o assistencialismo 
herdadodo Estado Novo. 
No ano de 1978, o país havia sido recordista mundial em número de 
acidentes decorrentes das más condições do trabalho e da ausência 
de uma política preventiva eficiente. A partir desse momento, tra-
balhadores, empresários e governo passaram a reunir esforços para 
reverter tal quadro adverso. 
Surge, assim, a partir do início da década de 1980, o Programa de 
Saúde do Trabalhador, com valores oriundos da reforma sanitária 
e dos núcleos de medicina preventiva. Contribuíram para as bases 
ideológicas desse Programa a VIII Conferência Nacional de Saúde 
em 1986, evento que marcou os princípios filosóficos do Sistema Ú-
nico de Saúde (SUS). A I Conferência Nacional de Saúde do Tra-
Medicina Ambulatorial IV
214
balhador, realizada no mesmo ano, reuniu sindicalistas, técnicos da 
área de saúde e de outras afins, universidades e comunidade em ge-
ral, para lançar as bases para esse novo modelo. 
A Lei nº 6.514, de 22/12/77, alterou o Capítulo V, do Título II, da CLT, 
relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. E, a Portaria nº 3.214, 
de 08/06/78, aprovou as Normas Regulamentadoras de Segurança e 
Medicina do Trabalho (NR). Essas Normas que, embora tenham sido 
trazidas pela Portaria nº 3.214/78 em vigor até hoje, têm sido regu-
larmente alteradas ao longo do tempo por diversas Portarias. Além 
dessas alterações nas NR já existentes, houve o incremento de novas 
normas regulamentadoras e a revogação de uma das NR (NR-27) 
que estava entre as que originalmente foram publicadas. 
Grandes marcos históricos conhecidos sobre saúde e segurança no 
trabalho aconteceram com a promulgação da Constituição de 1988. 
A Constituição Federal e a Lei Orgânica da Saúde possuem, em seus 
escopos, determinações para a saúde do trabalhador. Com a Consti-
tuição Federal, as deliberações acerca da saúde do trabalhador foram 
formalizadas, iniciando uma interlocução com a sociedade de forma 
mais efetiva. Além disso, sua promulgação determinou que as polí-
ticas sociais e econômicas desenvolvessem ações e serviços públicos 
de modo a integrarem uma rede regionalizada e hierarquizada para 
redução dos agravos à saúde. Por meio dessa Constituição, o brasilei-
ro tem a sua saúde assegurada pelas ações de promoção, proteção e 
recuperação de maneira universal e igualitária.
A Constituição Federal de 1988 criou, também, o Sistema Único de 
Saúde (SUS), regulamentado pelas Leis nos 8.080/90 e 8.142/90. Esse 
sistema é pautado nos princípios da descentralização, universalidade 
(acesso a toda a população), equidade (igualdade de direitos a to-
dos) e participação dos cidadãos, prevendo a integralidade como um 
modelo de atenção que prioriza as ações preventivas e coletivas. Ele 
assegura a assistência à recuperação e reabilitação dos trabalhadores 
Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
215
vítimas de acidentes de trabalho ou portador de doenças profissio-
nais e laborais. Essa normativa estabelece que o trabalhador tenha o 
direito de ser informado sobre os riscos e doenças associadas ao tra-
balho, e que ele participe da normatização, fiscalização e controle dos 
serviços de saúde do trabalhador em instituições públicas e privadas, 
dentre outras garantias, a fim de evitar acidentes. 
O estatuto do Servidor Público Federal, previsto na Lei 8.112/90, traz 
algumas disposições sobre a segurança e saúde no trabalho, aplicável 
ao serviço público. Entretanto a questão dos adicionais e gratifica-
ções ocupacionais são o foco do tratamento legislativo. Além da lei 
8.112/90, tratam da segurança e saúde no trabalho a lei 1.234/50 que 
confere direitos e vantagens a servidores que operam com Raios X e 
substâncias radioativas e a lei 8.270/91 que, em seu artigo 12, amplia 
a disciplina legal sobre o tema dos adicionais e gratificações ocupa-
cionais. Por fim, há, ainda, o Decreto-Lei n.º 1.873/1981 que dispõe 
suscintamente sobre a questão dos adicionais de insalubridade e pe-
riculosidade nos seguintes termos: “Art. 1º - Os adicionais de insalu-
bridade e de periculosidade serão concedidos aos servidores públi-
cos federais nas condições disciplinadas pela legislação trabalhista”. 
O controle da saúde dos trabalhadores da área da saúde, por exem-
plo, é obrigatório em todo serviço de saúde, sendo instituído o Pro-
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional, de acordo com 
os riscos a que os trabalhadores se expõem, conforme estabelecido 
pela NR-7, 29 de dezembro de 1994, atualizada em 2013. Esse pro-
grama deve ter articulação com todas as normas regulamentadoras, 
em especial, com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais da 
NR-9, 08 de junho de 1978, atualizada em 2016, sendo o SESMT o 
responsável pelos dois programas. 
Atualmente existem 36 Normas Regulamentadoras que tratam, dire-
tamente, da saúde e segurança no trabalho, tendo resultados imedia-
tos na quantidade de acidentados.
Medicina Ambulatorial IV
216
As complexidades hoje existentes na economia globalizada e no pro-
cesso produtivo dela advindo, a par de acarretarem o incremento 
tecnológico, o aumento dos níveis de bens econômicos gerados, a 
competitividade empresarial e a qualificação profissional em geral, 
trazem consigo várias preocupações, dentre as quais a relativa à pro-
teção do trabalhador no meio ambiente em que executa seu trabalho.
O comprometimento da empresa com seu empregado, hoje, verda-
deiro ativo patrimonial, deve ser valorizado pelo empregador. Isso é 
um imperativo necessário a qualquer organização séria para que se 
mantenha no mercado. Isso porque não mais se aceitam competi-
dores que não respeitem minimamente os direitos fundamentais da 
pessoa humana. Certamente, em um mercado globalizado e exigen-
te, não há mais espaço ao empresário que trata seu trabalhador como 
algo descartável. 
A primazia dos meios de produção em detrimento da própria saúde 
humana é fato que vem sendo experimentado ao longo da história 
da sociedade moderna. Porém é possível conciliar economia e saúde 
no trabalho. As doenças, aparentemente, modernas (stress, neuroses 
e as lesões por esforços repetitivos), já há séculos vem sendo diag-
nosticas. 
Nos dias de hoje, embora as empresas tenham se adaptado e imple-
mentado normas de segurança e medicina do trabalho, o índice de 
doenças e acidentes ainda são altíssimos. Embora a globalização te-
nha gerado benefícios, trouxe consequências para os trabalhadores 
que, muitas vezes, são obrigados a ingressarem em um mercado de 
trabalho informal, sem qualquer amparo e normas protetivas traba-
lhistas, tornando-os vítimas de doenças e acidentes profissionais sem 
amparo do seguro social. 
A verdade é que nos últimos vinte anos, ocorreram no Brasil mais 
de 25 milhões de acidentes de trabalho, com um milhão de seque-
las permanentes e 86 mil óbitos. Isto mostra que as tentativas passa-
Evolução Histórica da Segurança e Saúde Ocupacional
217
das, através de leis, decretos, normas e procedimentos relacionados 
à saúde e segurança do trabalhador, ainda não alcançaram os seus 
objetivos. Porém o empregador, nos últimos anos, passou a preocu-
par-se mais com a segurança, devido aos custos diretos e indiretos 
que um acidente pode representar para sua empresa. Essa visão vem 
se desenvolvendo de forma gradativa e tende a se expandir com os 
novos conceitos que estão surgindo, relacionando a segurança com a 
qualidade e a produtividade. 
Propostas para construir um Brasil moderno e competitivo, com me-
nor número de acidentes e doenças de trabalho, com progresso social 
na agricultura, na indústria, no comércio e nos serviços, devem ser 
apoiadas. Para isso deve haver a conjunção de esforços de todos os 
setores da sociedade e a conscientização na aplicação de programas 
de saúde e segurança no trabalho. Trabalhador saudável e qualificado 
representa produtividade no Mercado globalizado.
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220
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
221
Capítulo 18
Histopatologia das Dermatites de Contato e 
Testes de Contato
Fernanda Lima Fernandes1
Lídia Lacerda Guimarães1
Stefânia Rosse1
Emanuelle Ferreira Xavier2
INTRODUÇÃO
A dermatite de contato (doravante DC), uma das dermato-ses mais comuns na prática clínica, é descrita como in-flamação cutânea com padrão polimórfico que, na fase aguda, é caracterizada por eritema e vesiculação e, na fase 
crônica, por ressecamento, liquenificação e fissuras. Essas lesões são 
resultantes da exposição a agentes exógenos que atuam como irriran-
tes, desenvolvendo respostas por dano tissular direto ou mediadas 
por mecanismos imunológicos. Além disso, a dermatite de contato 
ainda pode ser classificada da seguinte forma: 
A) irritação subjetiva: reações idiossincráticas, com ardor fugaz, 
geralmente na face e, comumente, ocasionada por constituintes 
cosméticos;
B) dermatite de contato irritativa aguda: resultante de uma exposi-
ção a fortes irritantes ou agentes cáusticos;
C) dermatite de contato irritativa crônica (cumulativa): ocorre após 
exposição repetitiva a irritantes menos intensos como detergen-
1Pneumologistas pediátricas pelo Hospital Infantil João Paulo II (FHEMIG)
2Residente de pneumologia pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II (FHEMIG)
Medicina Ambulatorial VI
222
tes, solventes orgânicos, sabões, ácidos fracos e álcalis, papel, pa-
pelão e poeiras;
D) dermatite de contato alérgica: envolve a sensibilização do siste-
ma imune a um alérgeno com consequente dermatite ou exacer-
bação de dermatite preexistente;
E) dermatite de contato fototóxica, fotoalérgica e fotoagravada: al-
guns alérgenos também são fotoalérgenos;
F) dermatite de contato sistêmica (dermatite alérgica sistêmica): 
observada após a administração sistêmica de um produto quími-
co, geralmente um medicamento, ao qual a sensibilização tópica 
ocorreu anteriormente;
G) dermatite de contato por proteínas: resultado do manuseio re-
petitivo de proteínas, geralmente alimentos, inicialmente, apre-
senta sintomas e sinais urticariformes imediatos, mas, posterior-
mente, evolui para uma reação dermatológica.
Apesar desta classificação, na prática clínica, as dermatites de contato 
são classificadas em dermatite de contato irritativa (doravante DCI) 
ou dermatite de contato alérgica (doravante DCA).
EPIDEMIOLOGIA
A epidemiologia da DC é desconhecida sendo, muitas vezes, supe-
restimada nos estudos de vigilância sobre dermatite ocupacional. No 
Reino Unido, a dermatite de contato é responsável por 4 a 7% das 
consultas dermatológicas. Embora a dermatite de contato irritante 
seja mais comum que a dermatite alérgica de contato, a dermatite 
alérgica de contato tem pior prognóstico, a menos que o alérgeno 
seja identificado e evitado. 
Já nos EUA, a DC acomete 15 a 20% da população em algum mo-
mento da vida, é a terceira causa de consulta ao dermatologista e 
é responsável por cerca de 15 a 20% das doenças ocupacionais. De 
acordo com dados europeus, os principais agentes desencadeantes 
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
223
da dermatite de contato são o níquel, as fragrâncias e o cobalto. 
O níquel é responsável por 14,5%, seguido por fragrâncias 3,7%, 
cobalto 2,2%. São esses os mais comumente identificados. Há estu-
dos que mostram que a incidência anual da dermatite de contato 
irritativa e alérgica acomete cerca de 13 a 34 casos por 100.000 tra-
balhadores. 
DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA
A dermatite de contato alérgica é a apresentação de uma resposta 
de hipersensibilidade tardia mediada por células T a agentes exóge-
nos. Os profissionais com maior risco de desenvolver dermatite de 
contato alérgica ocupacional são os da área da saúde, da indústria 
química, esteticistas e cabeleireiros,maquinistas e trabalhadores da 
construção civil.
A DCA já foi considerada um distúrbio da população adulta, no en-
tanto, hoje, é reconhecido que a sensibilização de contato começa 
na primeira infância devido a exposições, como vacinação, piercing, 
medicações tópicas e cosméticos. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DERMATITE DE 
CONTATO ALÉRGICA
As lesões agudas da DCA consistem em placas eritêmato-escamosas 
endurecidas (figuras 1.a-c). Vesiculação e bolhas podem ser vistas 
em casos graves.
Figura1.a: pápulas e placas discretas e confluentes, vermelhas, 
escamosas, chorosas e cheias de crosta. Figura 1.b: dermatite 
de contato alérgica subumbilical de fechos de metal em calças 
(alergia ao níquel). Figura 1.c: placas eritematosas e escamosas 
no dorso dos pés de um paciente com dermatite de contato alér-
gica de sapato.
Medicina Ambulatorial VI
224
Figuras 1 a-c: placas eritêmato-escamosas endurecidas
Fonte: Uptodate, 2019.
A exposição repetida ou continuada a alérgenos resulta em doen-
ça crônica. A pele torna-se xerótica, escamosa e mais espessa como 
resultado de acantose, hiperceratose, edema e infiltração celular na 
derme. Liquenificação e fissuração podem se desenvolver mais tar-
diamente. 
Se não tratada, a DCA pode evoluir de uma forma aguda para uma 
dermatite subaguda e, depois, eczematosa crônica. Dermatite crôni-
ca pode afetar negativamente a qualidade de vida relacionada à saú-
de de um indivíduo, particularmente no funcionamento social e no 
bem-estar psicológico. Evitar o alérgeno com sucesso pode resultar 
na minimização dos sintomas. 
HISTOPATOLOGIA DA DERMATITE DE CONTATO 
ALÉRGICA
A pele é o maior órgão do corpo humano e possui a função de bar-
reira. Entretanto, a depender de diversos fatores, pode ser susceptível 
a alguns agentes, como infecções, alergias e traumas. A propriedade 
de barreira da pele varia com a espessura a permeabilidade, o local 
anatômico, o meio ambiente e a capacidade de reação imunológica. 
O sistema imune cutâneo (doravante SIC) é formado pelo tecido lin-
foide, associado cutâneo (doravante TLAC), a microvasculatura dér-
mica (doravante MVD), o sistema imune dérmico (doravante SID) 
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
225
e o sistema imune funcional cutâneo (doravante SIFC). O TLAC é 
formado por células de Langerhans, queratinócitos, células endo-
teliais e linfonodos de drenagem, que são importantes na indução 
de imunidade e tolerância. A MVD contém células endoteliais, den-
dríticas, monócitos, macrófagos, mastócitos e linfócitos T. É o local 
onde ocorre a reatividade e expansão de alterações imunológicas e 
inflamatórias da pele. O SIC engloba um complexo sistema de res-
posta imune tanto celular quanto humoral. 
Na DCA aguda, a epiderme é de espessura normal, e o edema in-
tercelular ocasiona a ruptura da adesão intercelular e formação de 
vesículas que são as características dominantes. 
Na DCA subaguda, há espongiose leve a moderada, acantose mo-
derada (hiperplasia epidérmica por aumento da atividade mitótica 
dos queratinócitos) e um infiltrado linfo-histiocitário dérmico mais 
denso. As lesões crônicas podem apresentar acantose epidérmica 
proeminente com hiperqueratose e áreas de paraqueratose. A espon-
giose pode estar presente focalmente, mas muitas vezes é mínima, e 
o infiltrado inflamatório é esparso. 
DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA
A dermatite de contato por irritantes é uma resposta inflamatória 
localizada na pele em função de contato com agentes químicos ou 
físicos. A DCI resulta do efeito citotóxico direto dos irritantes e, dife-
rentemente, da dermatite de contato alérgica, não é imunomediado. 
ADCI é um distúrbio multifatorial influenciado pelas propriedades 
físicas e químicas da substância irritante, fatores de suscetibilidade 
relacionados ao hospedeiro e fatores ambientais. 
As manifestações clínicas da DCI são semelhantes às de outras der-
matites eczematosas, agudas ou crônicas, incluindo dermatite ató-
pica e dermatite alérgica de contato. O rompimento da barreira epi-
dérmica por oclusão ou irritantes químicos ou físicos, resultando em 
Medicina Ambulatorial VI
226
aumento da permeabilidade da pele e perda de água transepidérmica 
e redução do fator de hidratação natural é considerado o evento ini-
cial da DCI. 
HISTOPATOLOGIA DA DERMATITE DE CONTATO 
IRRITATIVA
Após a ruptura da barreira de proteção, há a liberação de citocinas 
pré-formadas, tais como interleucina (IL) -1-alfa, IL-1-beta, IL -6 e 
fator de necrose tumoral (doravante TNF). A IL-1-alfa e o TNF-alfa 
atuam como sinais primários para a liberação de quimiocinas pró-
-inflamatórias. Além disso, o TNF-alfa induz a expressão da molécu-
la de adesão intercelular 1 (ICAM-1) nos queratinócitos, que promo-
vem a infiltração de leucócitos na epiderme. 
As características histológicas da dermatite de contato irritativa va-
riam de acordo com o estágio e a gravidade das lesões cutâneas:
DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA AGUDA
A DCI aguda é caracterizada por espongiose leve, vesículas ou bo-
lhas intra- epidérmicas e necrose de queratinócitos. Um infiltrado 
de células mononucleares perivasculares pode ser visto. Através da 
microscopia eletrônica pode-se visualizar um citoplasma conden-
sado com filamentos de queratina agregados, vacúolos lipídicos e 
vesículas ligadas à membrana e núcleos picnóticos com cromatina 
condensada.
DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA CRÔNICA
A DCI crônica é caracterizada por hiperceratose, paraceratose, hi-
pergranulose e acantose. 
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de DCA baseia-se em uma combinação de vários fatores:
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
227
A) características clínicas (morfologia, localização e sintomas) da 
erupção;
B) história de exposição a um alérgeno sugestivo durante o traba-
lho, hobbies ou atividades domésticas;
C) resultados do patch test;
D) exames sorológicos e/ou exame histopatológico;
E) falta de recorrência após o tratamento empírico de se evitar o 
alérgeno suspeito.
Já o diagnóstico de dermatite de contato irritativa baseia-se, na maio-
ria dos casos, no achado clínico de uma dermatite localizada em um 
paciente com histórico de exposição a irritantes químicos ou físi-
cos. São cruciais o exame completo da pele e histórico preciso para 
fazer o diagnóstico correto.
O teste de contato é realizado na maioria dos pacientes para excluir a 
dermatite de contato alérgica. Em alguns casos, a biópsia da pele para 
exame histológico é necessária para excluir outras doenças da pele. 
A tabela 1, a seguir, demonstra as diferenças entre as dermatites de 
contato alérgica e irritativa
Medicina Ambulatorial VI
228
Tabela 1 - Diferenças entre as dermatites de contato alérgica e irritativa
Dermatite de contato 
alérgica
Dermatite de contato 
irritativa
Frequência 20% 80%
Causas comuns 
Cosméticos 
Sais metálicos: níquel, 
cromo, cobalto, mercúrio
Plantas 
Aditivos da borracha 
Resinas plásticas 
Resina (colofônio) 
Látex 
Medicamentos tópicos
Água
Sabões
Detergentes
Solventes
Graxas
Ácidos e álcalis
Poeira
Fibra de vidro
Mecanismo
Imunológico 
Tipo IV (linfócito T) 
Lesão direta 
queratinócitos
Não imunológico
Predisposição atópica Diminuída Aumentada
Tempo de aparecimento 
das lesões após contato Algumas horas a 6 dias
Alguns minutos até 48 
horas
Resolução clínica +/- 3 semanas Após 96 horas
Tratamento 
Afastamento da causa 
Corticoide tópico/
sistêmico Anti-
histamínico sistêmico
Afastamento da causa 
Corticoide tópico/
sistêmico Anti-
histamínico sistêmico
TESTE CUTÂNEO DE CONTATO (PATCH TEST)
O teste cutâneo de contato, criado em 1895, consiste em uma prova 
de provocação em que os sensibilizantes suspeitos são aplicados à 
pele do paciente, com o objetivo de reproduzir a dermatite no local 
da aplicação, caso o paciente seja sensibilizado às substâncias tes-
tadas. Esse teste é considerado padrão-ouro no diagnóstico de der-
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
229
matite decontato alérgica e tem uma sensibilidade e especificidade 
entre 70% e 80%.
Para a sua realização, utiliza-se uma bateria padrão, que inclui os 
alérgenos mais relevantes em uma determinada região geográfica, 
além da bateria de cosméticos e, se necessário, outros antígenos de 
acordo com a suspeita clínica. No Brasil, uma bateria foi padroniza-
da, no ano de 2000, pelo Grupo Brasileiro de Estudo em Dermatite 
de Contato (GBEDC), uma vez que há diferenças em relação à posi-
tividade para algumas substâncias em comparação às séries estran-
geiras. 
O teste cutâneo de contato é indicado nos casos em que o processo 
inflamatório persiste apesar de se evitar o agente agressor e do uso 
do tratamento tópico adequado. No caso de dermatite de contato ir-
ritativa, o teste de contato não é indicado, uma vez que é uma reação 
não imunologicamente mediada.
Sempre que este teste for indicado, o paciente deve preencher e assi-
nar um consentimento informado, onde constam as informações so-
bre os eventos adversos associados, geralmente raros, e as alterações 
possíveis no caso do teste ser positivo. 
SITUAÇÕES QUE PODEM INTERFERIR NO RESULTADO 
DO TESTE DE CONTATO
Algumas situações podem interferir no resultado do teste de con-
tato, assim, é necessário orientar o paciente para que isso não ocor-
ra. Deve-se evitar a realização do teste nas seguintes situações: 
enquanto a doença estiver ativa; se a área da aplicação tiver sido ex-
posta ao sol nos últimos 15 dias da realização do teste; se tiver sido 
feita aplicação de corticosteroide tópico na região de aplicação nas 
últimas três semanas; se tiver sido feito o uso de imunossupressores 
e fototerapia e se tiver sido feito uso de corticosteroide sistêmico 
na dose equivalente ou superior a 20mg/dia. No caso uso de imu-
Medicina Ambulatorial VI
230
nossupressores e fototerapia adiar a realização do teste por uma a 
duas semanas. No caso de prednisona, se o uso tiver sido em um 
período inferior a dez dias, aguardar sete dias para a realização do 
exame, Caso o uso tenha sido feito por mais de dez dias, aguardar 
20 dias e, se tiver sido usado corticosteroide injetável, aguardar 30 
dias para realizar o teste. 
MÉTODO DE REALIZAÇÃO DO TESTE CUTÂNEO DE 
CONTATO FECHADO
O teste é montado sobre discos de material inerte de plástico (Finn 
Chamber®) ou de alumínio (Curatest®), aderidos em fita adesiva hi-
poalergênica. No caso da Finn Chamber, que é a mais utilizada, o 
pesquisador deve pré-carregar os alérgenos individuais nos discos de 
teste, que, por sua vez, são montados em fita adesiva. Deve-se ter cui-
dado para carregar a mesma quantidade de alérgeno em cada disco, 
sendo que a micropipetagem é a técnica ideal para minimizar essa 
variação. As datas de expiração dos alergênicos devem ser anotadas 
e os mesmos devem sempre ser armazenados conforme indicado na 
bula. Pode ser realizado, preferencialmente no dorso, ou em outros 
locais caso não seja possível fazer no dorso. (lateral do tórax, mem-
bros superiores ou membros inferiores). Ao ser realizado, o paciente 
deve evitar molhar o local e evitar exercícios físicos (figura2).
 De acordo com o InternationalCotactDermatitisResearchGroup 
(ICDRGO), o teste deve ser removido após 48horas da aplicação do 
mesmo, momento no qual é feita a primeira leitura. A segunda lei-
tura é feita 72 horas e/ou 96 horas após a aplicação do teste. Após a 
remoção do teste, o paciente pode molhar o local, evitando passar 
sabonete, além de poder retomar as atividades físicas. No caso de 
suspeita de sensibilização a metais, antibióticos, parafenilenodiami-
na, acrilatos, anestésicos, mistura de lactonas e corticoides, podem 
ser efetuadas leituras tardias, até dez dias. 
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
231
Figura2. Painéis de alérgenos colocados nas costas de um paciente 
passando por patch test
Fonte:BURKEPER, Nicole M.ContactDermatitis, Patch Testing, andAllergenAvoidance. 
Science of Medicine, Dermatology. Missouri Medicine, July/August, 2015.
CRITÉRIOS DE LEITURA E DE INTERPRETAÇÃO DO 
TESTE DE CONTATO
Segundo o ICDRG, a interpretação do teste de contato é efetuada 
por um sistema de pontuação estandardizado, amplamente utilizado, 
como apresentado no quadro1 e na figura 3.
Quadro 1. Sistema de pontuação do teste de contato
- Reação negativa
? Reação duvidosa – eritema leve mal definido, sem edema
+ Reação positiva fraca – eritema mais edema, infiltração e raras pápulas
+ + Reação positiva forte – eritema, infiltração, pápulas, vesículas isoladas
+ + + Reação positiva muito forte – eritema, infiltração, pápulas, vesículas 
agrupadas
RI Reação irritativa
NT Não testado
Medicina Ambulatorial VI
232
Figura 3: Graduação do teste de contato
Fonte: Fonacier et al. ContactDermatitis: A PracticeParametere-Update 2015. J 
AllergyClinImmunolPract, volume 3.
A ausência de resposta nas duas leituras significa teste negativo. Se a 
reação da segunda leitura for maior ou igual ao da primeira leitura, 
significa sensibilização à substância testada. Já se a reação da segun-
da leitura for menos intensa que a da primeira leitura, a reação é 
negativa, sendo irritativa e não alérgica.
É importante ressaltar que as reações falso-positiva e falso-negativa 
podem ocorrer. No caso de teste negativo, deve-se considerar as se-
guintes possibilidades: o paciente não seguiu as recomendações, o 
alérgeno não estava presente na bateria testada, trata-se de fotossen-
sibilização, baixa concentração do alérgeno no extrato.
No caso de teste positivo, também são necessários alguns cuidados 
como fazer associação com a história clínica do paciente. Quando os 
testes apresentam diversas substâncias positivas (três ou mais subs-
tâncias não relacionadas), torna-se necessário repetir o teste após 
três semanas. 
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
233
A síndrome da pele excitada (dorso zangado) é a principal causa de 
reação falso-positiva do teste de contato. Ela ocorre quando reações 
positivas concomitantes do teste do contato produzem uma hiper-
reatividade da pele em locais adjacentes ao do teste. Assim, pacientes 
com múltiplas reações fortes ao teste devem ser testados posterior-
mente com um antígeno de cada vez. 
EFEITOS COLATERAIS DOS TESTES DE CONTATO
Com a realização do teste de contato, o paciente pode apresentar os 
seguintes efeitos colaterais: Reação anafilactóide; irritação; sensibili-
zação; discromias; granuloma; cicatrizes; infecção; pênfigos; erupção 
no local da dermatite de contato alérgica atual ou prévia.
ORIENTAÇÕES APÓS O TESTE DE CONTATO 
O paciente deve receber as seguintes orientações:
A) retornar se surgirem reações tardias;
B) fazer acompanhamento médico por seis meses;
C) folhetos informativos explicando nomes, fontes dos alérgenos, 
reações cruzadas com outras substâncias e substitutos alterna-
tivos.
VARIANTES DO TESTE DE CONTATO
A) Teste cutâneo de contato aberto: Consiste na aplicação do alér-
geno suspeito na parte superior do braço, sem curativo. Deve-se 
realizar a aplicação duas vezes por dia durante 2 dias.
B) Teste do uso: O cosmético suspeito deve ser aplicado em região 
distante da lesão original, duas vezes ao dia durante 7 dias. No 
caso de reação, o teste deve ser interrompido.
C) Fototeste: indicado na suspeita de dermatite de contato fo-
toalérgica. Incialmente faz-se o patch test de forma duplicada 
e, após a primeira leitura, cobre-se um lado com filme opaco 
Medicina Ambulatorial VI
234
e realiza-se irradiação ultravioleta A no outro lado. Após isso, 
a segunda leitura é realizada em 96 horas e os resultados obti-
dos das baterias irradiadas e não irradiadas são comparadas. A 
fotossensibilização é confirmada quando o lado irradiado tem 
reação mais intensa. 
POPULAÇÃO ESPECIAL
REALIZAÇÃO DO TESTE DE CONTATO EM CRIANÇAS
O teste cutâneo de contato pode ser realizado e continua a ser o 
padrão-ouro para o diagnóstico de dermatite de contato alérgica 
em crianças. As mesmas concentrações de testeusadas em adultos 
podem ser usadas nas crianças, no entanto, tem sido sugerido que 
em crianças muito jovens (<seis anos de idade), alérgenos como 
formaldeído, conservantes liberadores de formaldeído, mercapto-
benzotiazol e tiuram devem ser diluídos em 50% e o dicromato de 
potássio diluído em 25%em petrolato, para evitar reações falso-po-
sitivas irritantes.
O Grupo Alemão de Dermatite de Contato (GCDG) recomenda 
que crianças menores de seis anos só devem realizar este teste se 
houver alto grau de suspeita clínica e, apenas, para o alérgeno sus-
peito. Crianças maiores de 12 anos podem ser testadas conforme 
feito nos adultos.
REALIZAÇÃO DO TESTE DE CONTATO DURANTE 
GRAVIDEZ E LACTAÇÃO
Não há evidências de que o teste de contato durante a amamentação 
seja prejudicial. Também, não há evidência de que seja prejudicial 
durante a gestação, mas também não há dados de segurança dispo-
níveis. Assim, só se deve realizá-lo quando necessário e após obter 
consentimento informado. 
Histopatologia das Dermatites de Contato e Testes de Contato
235
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História das Doenças Ocupacionais
237
Capítulo 19
História das Doenças Ocupacionais
Amanda Duarte e Duarte1
Leticia Alves Carvalho¹
Thayla Brandão Duarte¹
Vanessa Miranda Borges¹
 Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara2
INTRODUÇÃO
A relação entre saúde, doença e trabalho existe desde a anti-guidade, mas apenas anos depois tornou-se foco de aten-ção e preocupação. Desde anos antes de Cristo até a Idade Média, o trabalho escravo e regime servil eram predomi-
nantes, não havendo preocupação específica com os trabalhadores, 
além de, na época, não existir uma teoria fundamentada ou lei que 
modificasse a vida dos que trabalhavam. Ainda que esse conceito de 
doença ocupacional só viesse à tona séculos depois, alguma relações 
entre doenças associadas ao trabalho eram reconhecidas. 
A PATOLOGIA DO TRABALHO NO MUNDO 
No antigo Egito, evidenciavam-se doenças associadas ao trabalho. 
São descritas nos papiros de Sellier e Ebers, tratados médicos egíp-
1 Acadêmicas do Curso de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), 
Ipatinga, MG.
2 Especialista em alergia e imunologia, dermatologia, medicina do trabalho, nutrologia, pedia-
tria. Professor  titular do IMES na saúde da criança e do adolescente, mestre em saúde meio 
ambiente e sustentabilidade, doutora em administração pela UFRJ, PhD em gestão pela UTAD, 
pós doutorado em Impacto da qualidade do ar na saúde humana, pela UFP PT.
Medicina Ambulatorial VI
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cios antigos, lesões de braços e mãos em pedreiros, além de der-
matites pruriginosas laborais. Diante disso, em locais de trabalho 
como minas e pedreiras, construções de pirâmides e monumentos 
e em expedições à procura de cobre e turquesa havia atendimento 
médico organizado. 
A relação e importância do equilíbrio físico e mental do traba-
lhador era reconhecida na época. Algumas dinastias davam dias 
de descanso a trabalhadores, concediam licença para eventos so-
ciais, direito ao trabalhador de cuidar de algum enfermo da família 
quando necessário e acesso a pensão por invalidez de origem labo-
ral. Ainda que não fossem regras ou leis, alguns patrões concediam 
esses direitos aos escravos. 
A preocupação com a saúde do trabalhador era evidente também 
em textos judaicos, como no Tamulde, no qual havia a proibição de 
que patrões desrespeitassem os hábitos culturais de sono e vigília de 
seus empregados. Em outros textos, nota-se considerações como a 
não submissão dos escravos a trabalhos exagerados por parte dos pa-
trões, a necessidade de respeitar os trabalhadores como ser humano, 
o fornecimento de alimentos aos empregados, e o estabelecimento 
de um tempo limite para a servidão. Mesmo com essas evidências, a 
saúde do trabalhador não era tema de grande interesse dos impérios 
que reinavam, já que os trabalhos mais pesados ou de risco mais ele-
vado eram destinados a pessoas, para eles, inferiores. 
Na Grécia clássica, também há evidências sobre a relação doença e 
trabalho. Hipócrates, entre V e IV a.C., ao escrever seus tratados re-
lativos à saúde, como o Corpus Hippocraticum, dissertou sobre doen-
ças relacionadas a trabalhos que envolviam pessoas que montavam a 
cavalo, pescadores, metalúrgicos, mineiros, tintureiros, agricultores, 
alfaiates, entre outras profissões. Artistas e alfaiates foram descritos 
pelo grego Titus Maccius Plautus como portadores de problemas 
posturais, em função da postura que aderiam durante o trabalho. 
História das Doenças Ocupacionais
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Em Roma, alguns estudiosos relataram o surgimentos de várias en-
fermidades, relacionadas a funções laborais: veias varicosas em reli-

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