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AlertAs de enfermAgem, que destacam informações essenciais sobre segurança PAlAvrAs-chAve, que auxiliam na localização dos conteúdos Questões de revisão, que possibilitam ao estudante testar seus conhecimentos verificAção de rotinA, que permite ao leitor avaliar seu aprendizado individual DeSMiSTiFiCaDoS Fundamentos de enfermagem um guia de aprendizado Bennita W. Vaughans V364f Vaughans, Bennita W. Fundamentos de enfermagem desmistificados [recurso eletrônico] : um guia de aprendizado / Bennita W. Vaughans ; tradução: Denise Costa Rodrigues ; revisão técnica: Maria Augusta M. Soares. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-070-2 1. Enfermagem. I. Título. CDU 616-083(036) Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 c a p í t u l o 2 O processo de enfermagem Objetivos da aprendizagem Ao final do capítulo, o leitor será capaz de: 1 Descrever o papel que o pensamento crítico desempenha no processo de enfermagem. 2 Discutir os principais componentes da fase de avaliação do processo de enfermagem. 3 Comparar e contrastar um diagnóstico médico com um diagnóstico de enfermagem. 4 Descrever o processo de desenvolvimento de diagnósticos de enfermagem. 5 Descrever os componentes da taxonomia de enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association. 6 Descrever os principais componentes da fase de planejamento do processo de enfermagem. 7 Determinar os componentes necessários dos resultados esperados, dos critérios de resultado e das intervenções de enfermagem. 8 Discutir o que ocorre durante a fase de implementação do processo de enfermagem. 9 Determinar o objetivo da fase de avaliação do processo de enfermagem. 10 Comparar e contrastar a avaliação no nível do paciente individualmente até a avaliação no nível organizacional. 32 Bennita W. Vaughans VISÃO GERAL O processo de enfermagem é “a estrutura sistemática para prestação de cuidados de enfermagem profissionais e de qualidade” (Daniels, 2004). É um processo de cinco fases, que inclui investigação, diagnóstico, planeja- mento, implementação e avaliação. Tal processo ajuda a definir a contribui- ção singular da enfermagem aos cuidados de saúde e esclarecer seus limites. É um processo dinâmico, adaptável, e não um processo sequencial, estático. Ocorre um intercâmbio constante em todas as direções entre as cinco fases (Fig. 2.1). PALAVRAS ‑CHAVE Agrupamento de dados Avaliação Avaliação específica Avaliação formativa Avaliação global Avaliação somativa Caminhos críticos Critérios de resultados Dados objetivos Dados subjetivos Diagnóstico Diagnóstico de bem-estar Diagnóstico de enfermagem Diagnóstico de enfermagem de risco Diagnóstico de enfermagem real Diagnóstico médico Implementação Intervenções de enfermagem Intervenções de enfermagem dependentes Intervenções de enfermagem independentes Intervenções de enfermagem interdependentes Pensamento crítico Plano de cuidados de enfermagem Processo de enfermagem Resultados esperados Taxonomia Validação de dados A = Investigação D = Diagnóstico P = Planejamento I = Implementação E = Avaliação (E, do inglês evaluation) FIGURA 2.1 Processo de enfermagem dinâmico. Pensamento crítico A I P E D Fundamentos de enfermagem desmistificados 33 O pensamento crítico, “pensamento intencional, fundamentado e di- rigido a uma meta” (Halpern, 1989), é usado para garantir que o processo de enfermagem continue sendo adaptado para atender às necessidades indi- viduais do paciente. Ele incentiva o enfermeiro a analisar as informações de maneira abrangente, considerar várias opções e fazer modificações conforme apropriado, estimulando, assim, a tomada de decisão segura. 1 INVESTIGAÇÃO A investigação é o ato de coletar informações sobre o paciente, organizando- -as e determinando o seu significado. É a primeira fase do processo de enfer- magem, mas na verdade continua durante todas as fases do processo. A exe- cução eficaz da investigação depende muito da presença de uma ampla base de conhecimentos e habilidades de pensamento crítico boas. Tipos de investigação O tipo de investigação realizado no paciente é ditado pelo seu estado de saúde atual. Uma investigação geral é realizada quando o paciente apresenta -se estável e sem eventos imediatos ameaçadores da vida. O objetivo dessa inves- tigação é obter informações suficientes para desenvolver uma lista completa dos diagnósticos de enfermagem. A lista pode ser priorizada e pode -se fazer a determinação de quais diagnósticos de enfermagem serão abordados inicial- mente. Se o paciente mostra -se instável ou está enfrentando um evento com risco de morte iminente, uma investigação focalizada, que tenha o objetivo de obter apenas informações suficientes para atender às necessidades ime- diatas de saúde do paciente, deve ser realizada. Independentemente do tipo realizado, é mais importante lembrar que a avaliação inexata ou incompleta irá resultar em um plano de cuidados ruim para o paciente e pode mesmo causar resultados adversos. ALERTA DE ENFERMAGEM • Cuidado centralizado no paciente Quando possível, o paciente deve ter um papel ativo no desenvolvimento do plano de cuidados, incluindo a determinação das necessidades, definição de objetivos, seleção das intervenções e avaliação sobre se o plano foi eficaz ou não. ALERTA DE ENFERMAGEM • Nível de investigação Uma investigação focalizada que pode ser concluída em um curto período de tem- po é adequada quando o paciente apresenta uma condição ameaçadora à vida. 34 Bennita W. Vaughans Coleta de dados 2 Tipos de dados Os dois tipos de dados são subjetivos e objetivos. Os dados subjetivos in- cluem o relato do paciente sobre os sintomas e como ele vê sua saúde. Por exemplo, um paciente relata que tem febre há dois dias. Ele é a fonte predomi- nante ou primária de informações subjetivas; geralmente sabe melhor do que ninguém qual é o seu estado de saúde. Os familiares e outras pessoas impor- tantes somente são consideradas uma fonte primária de informação quando o paciente for menor de idade, mentalmente incapaz de tomar decisões inde- pendentes ou incapaz de responder por que se encontra em condição crítica ou inconsciente. Em todos os outros casos, familiares e pessoas significativas são consideradas fontes secundárias de informação. Os dados objetivos são observáveis ou mensuráveis. Um exemplo de dados objetivos é a observação de um enfermeiro de que a temperatura de um paciente é de 38,3 °C. Os dados objetivos são obtidos a partir de fontes secundárias como prontuários médi- cos, outros membros da equipe de saúde, base de conhecimento do próprio enfermeiro e revisões da literatura. Métodos de coleta de dados História de saúde O enfermeiro entrevista o paciente para obter a história de saúde e identificar as suas necessidades. Os seguintes tipos de informações são obtidos durante a história: Dados demográficos (p. ex., nome, data de nascimento, empregador, infor- mações de seguro) Motivo da consulta (nas palavras do próprio paciente) Doença atual (informações mais detalhadas sobre a preocupação de saúde atual ou a doença) Doenças anteriores, internações, cirurgias História familiar História social Revisão dos sistemas (coleta de informações sobre todos os sistemas do corpo) Exame físico O exame físico é uma importante fonte de informação objetiva. O enfermeiro utiliza inspeção, ausculta, palpação e percussão para obter informações sobre o estado de saúde do paciente. Esse exame também é o início da validação de dados. O exemplo anterior de um paciente que afirma que teve uma febre por dois dias e a observação do enfermeiro de que a temperatura atual do paciente Fundamentos de enfermagem desmistificados 35 é de 38,3 °C demonstra como o enfermeiro foi capaz de validar que a percepção do paciente sobre seu estado de saúdeprovavelmente estava correta. Validação dos dados 2 A validação dos dados é o processo pelo qual um enfermeiro filtra os fatos a partir de dados subjetivos e objetivos que foram coletados. Uma maneira de fazer isso é cruzar os dados relatados com as observações realizadas. Também é necessário verificar os dados objetivos que, à primeira vista, parecem ser factuais. Por exemplo, um enfermeiro obtém o nível de glicemia do paciente com um glicosímetro na unidade de enfermagem. O nível de glicose está alto. Ao analisar o prontuário, ele percebe que tal valor está alterado em relação aos níveis de glicose anteriores registrados no prontuário do paciente. O en- fermeiro também verifica um diário de registros para determinar quando o glicosímetro foi calibrado pela última vez e descobre que está na época de calibrá -lo. Após calibrar o glicosímetro, o enfermeiro verifica novamente o ní- vel de glicose do paciente. O resultado da glicemia está dentro da faixa normal e é compatível com leituras anteriores. Nem toda a validação de dados gira em torno de dados objetivos mensuráveis; também é importante o enfermeiro es- tar ciente de que o seu próprio sistema de valores pode influenciar a maneira como os dados são interpretados. Interpretação dos dados 2 A apreciação é mais do que a mera coleta de dados. Ela exige que o enfermeiro seja capaz de determinar o significado das informações que estão sendo co- letadas. Para fazer isso, o enfermeiro deve agrupar os dados de maneira ade- quada e fazer inferências a partir dos dados (i.e., o passo inicial da fase dois do processo de enfermagem, diagnóstico de enfermagem). A competência do enfermeiro na interpretação dos dados aumenta na proporção que sua base de conhecimento expande -se e ele adquire mais experiência prática. O agrupamento de dados consiste em reunir dados para ajudar o en- fermeiro a formar uma imagem clara dos padrões de saúde do paciente. Existem inúmeras maneiras de agrupá -los, incluindo os sistemas do corpo, as teorias de enfermagem, teorias não de enfermagem e outras. Cada um des- ses métodos pode ser adequado em função de uma situação em particular. De um ponto de vista mais formal, uma escola de enfermagem, o hospital ou outros tipos de organização de saúde, pode adotar um determinado mo- delo de organização de acordo com sua estrutura organizacional. Em tais casos, formulários, sistemas de gráficos e outros seriam formatados para re- fletir aquele modelo específico. No entanto, em um nível mais fundamental, o enfermeiro também pode usar outros métodos isoladamente para agrupar e tornar significativos os dados que foram coletados. Por exemplo, o formulário adotado pela organização para a apreciação pode ser definido pelo sistema do corpo. Esse layout ajuda a identificar problemas e diagnósticos de enferma- gem em potencial para um determinado sistema do corpo. Ao mesmo tempo, 36 Bennita W. Vaughans o enfermeiro pode utilizar a hierarquia de Maslow das necessidades humanas para determinar qual sistema do corpo deve ser avaliado primeiro, ou mesmo que dados dentro de um sistema são mais significativos em um determinado momento. É importante compreender que o agrupamento de dados não é uma atividade de apenas um momento. Os dados podem ter que ser reagrupados conforme novas informações são coletadas, ou quando a situação muda, e o método de agrupamento dos dados também pode ter que ser modificado. Um exemplo que pode ajudar a esclarecer isso é a situação em que as crianças têm de sentar em locais determinados na sala de aula. Inicialmente, o professor pode atribuir os assentos pela ordem alfabética. Mais tarde, pode descobrir que esse arranjo não satisfaz as necessidades de aprendizagem dos alunos, de modo que a classe pode ser rearranjada utilizando -se outra estratégia. Um fator determinante nesse exemplo é encontrar as “necessidades de aprendiza- gem” dos alunos. No processo de enfermagem, o fator decisivo é encontrar as “necessidades de cuidados de saúde” do paciente. 1. ________________________________________________ é o pensamento intencional, direcionado para uma meta que incentiva a tomada de decisão segura. Resposta: _____________________________________ __________________________________ 2. A validação de dados somente é necessária para dados objetivos, mensurá- veis. Verdadeiro/Falso? Resposta: _____________________________________ __________________________________ Verificação de rotina 1ü DIAGNÓSTICO O Dicionário Merriam ‑Webster define diagnosticar como “saber”. Para chegar ao ponto de saber, deve -se fazer uma análise da situação. Diagnosticar faz parte de diferentes profissões – mecânicos diagnosticam o que está errado com um carro; meteorologistas preveem o tempo. Da mesma maneira, mé- dicos diagnosticam doenças e algumas condições – o diagnóstico médico – relacionado com a saúde de um indivíduo. Em cada uma dessas situações, os diagnósticos orientam o plano para corrigir os problemas e impedir ou limitar resultados adversos. Cada uma das profissões anteriores tem limites estabe- lecidos. Os mecânicos não estão legalmente autorizados a prever o tempo ou diagnosticar uma doença. O mesmo é verdadeiro para os enfermeiros, que são legalmente autorizados a fazer diagnósticos de enfermagem. ALERTA DE ENFERMAGEM • Diagnósticos em enfermagem O profissional de enfermagem NÃO PODE, em nenhuma circunstância, fazer um diagnóstico médico. Fundamentos de enfermagem desmistificados 37 TABELA 2.1 Diagnóstico médico versus diagnóstico de enfermagem 3 Diagnóstico Diagnóstico Característica médico de enfermagem Preocupação com o estado de saúde do paciente Sim Sim Concentração voltada para a resolução Sim Não da doença e da patologia subjacente Concentração nas respostas do paciente a doenças e processos vitais Não Sim Inclui diagnóstico de bem ‑estar concentrado no Não Sim aumento da função para um nível mais elevado Definição Um diagnóstico de enfermagem é “um julgamento clínico sobre respostas do indivíduo, da família ou da comunidade aos problemas de saúde reais e po- tenciais ou processos de vida” (North American Nursing Diagnosis Association [NANDA], 2008). O diagnóstico de enfermagem esclarece o âmbito da prática de enfermagem e possibilita ao enfermeiro ter uma linguagem comum para a comunicação das necessidades dos pacientes (Tab. 2.1). Processo diagnóstico O processo diagnóstico começa durante a investigação com o agrupamento de dados subjetivos e objetivos. O processo de diagnóstico continua com a identi- ficação dos padrões formados a partir do processo de agrupamento e culmina com a validação dos padrões. 4 Identificação do padrão A identificação do padrão envolve o agrupamento correto de dados para de- terminar a resposta do paciente a um problema de saúde real ou potencial ou processos vitais. É um processo de síntese dos dados. A identificação de pa- drões pode ser comparada com fazer um bolo. Quando você faz um bolo, pode usar farinha, açúcar, ovos, aromatizantes, leite e assim por diante. Quando o bolo estiver pronto, você já não tem os ingredientes isolados; em vez disso, tem um determinado tipo de bolo. Além disso, embora diferentes tipos de bo- los possam utilizar ingredientes semelhantes, a maneira como os ingredientes são combinados, a quantidade de cada ingrediente e a adição ou a subtra- ção de um determinado ingrediente muda o tipo de bolo que sai do forno. O mesmo é verdadeiro para o diagnóstico de enfermagem. Vários diagnósticos 38 Bennita W. Vaughans de enfermagem podem partilhar os mesmos ingredientes ou características definidoras, mas a omissão ou adição de uma determinada característica defi- nidora muda o diagnóstico de enfermagem. Validação do padrão A determinação de que os diagnósticos de enfermagem estão corretos ou in- corretos ocorre durante a validação do padrão. O enfermeiro utiliza habili- dades de pensamento crítico para tomar essa decisão,o que implica levar em consideração experiências clínicas pregressas, a base de conhecimentos atual, normas e padrões e os dados da pesquisa. A taxonomia (sistema de classificação) do diagnóstico de enfermagem desenvolvido pela NANDA serve como referência para a validação do padrão também; esse sistema identifica evidências de apoio que orientam os enfermeiros na seleção de diagnósticos corretos. A validação dos diagnósticos de enfermagem com o paciente é da mesma maneira importante. Há maior probabilidade de não adesão ao plano de cui- dados caso o paciente não concorde com o diagnóstico de enfermagem (i.e., a base para o plano de cuidados). Isso não significa que os diagnósticos de enfermagem não existam ou que não devam ser documentados e sim que o enfermeiro deve considerar a percepção do paciente ao priorizar os diagnósti- cos de enfermagem e formular o plano de cuidados. Declaração de diagnóstico O produto final do processo de diagnóstico é a declaração real do diagnós- tico de enfermagem. A declaração de diagnóstico em geral é constituída de duas partes que incluem o rótulo de diagnóstico e os fatores relacionados. Como afirmado anteriormente, a taxonomia de diagnósticos de enfermagem da NANDA serve como um recurso importante para a seleção do diagnóstico de enfermagem. Taxonomia de diagnósticos de enfermagem da NANDA A taxonomia de enfermagem da NANDA é um sistema de classificação que in- clui uma lista abrangente de diagnósticos de enfermagem padronizados. Cada diagnóstico listado inclui o rótulo diagnóstico, a definição, as características definidoras, os fatores de risco e os fatores relacionados. Rótulo diagnóstico O rótulo diagnóstico é o nome aprovado para o diagnóstico de enfermagem pela NANDA, existindo três tipos. 5 Um diagnóstico de enfermagem real Esta página foi deixada em branco intencionalmente.
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