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.JULIE SOUSA 2021.1……….. Abdome Agudo INTRODUÇÃO A síndrome do abdome agudo ocorre quando o paciente possui uma dor e/ou sensibilidade abdominal, geralmente a dor se caracteriza como uma dor súbita ou uma dor crônica que se tornou aguda, provocando a ida ao hospital pelo paciente. É preciso diferenciar a causa do o abdome agudo para ter em mente se o tratamento deve ser cirúrgico ou não cirúrgico, uma vez que a decisão pode impactar na morbimortalidade, pois caso o paciente precise da cirurgia, é preferível que seja feita o mais rápido possível, dependendo da causa. Geralmente a dor abdominal engloba cerca de 10% dos atendimentos do pronto socorro, seja de causa específica ou proveniente de uma síndrome clínica. Desses pacientes, 1/4, ficam sem diagnóstico específico no atendimento emergencial. Os pacientes adultos possuem como as principais causas de abdome agudo a apendicite aguda e a diverticulite, já crianças e gestantes possuem como causa principal a apendicite aguda. ETIOLOGIA……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. O abdome agudo possui etiologia cirúrgica e não cirúrgica. sendo elas diferenciadas da seguinte forma: (1) Causas Cirúrgicas: - Inflamatória - Obstrutiva - Hemorrágica - Perfurativa - Isquêmica (2) Causas não Cirúrgicas: - Endócrinas e metabólicas - Hematológicas - Toxinas e drogas - Cardíacas - Pulmonares - Esofágica - Geniturinária - Infecciosa - Neurogênica ANATOMIA……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… O peritônio reveste as vísceras abdominais intraperitoneais e a parede abdominal, se dividindo em peritônio visceral e parietal, respectivamente. Já o retroperitônio, comporta as vísceras : rins, pâncreas, duodeno, músculo psoas (musculatura paravertebral), ureteres, vasos ilíacos, aorta e veia cava. FISIOLOGIA DA DOR………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. Durante o abdome agudo, pode se apresentar como dor somática ou dor visceral. (1) Dor Somática: É a dor que se apresenta com a mesma sensação da dor que sentimos na pele, pois está relacionada com as fibras mielinizadas do tipo A, essa mesma fibra reveste o peritônio parietal. Por causa disso, ao sentirmos dor no peritônio .1……. .JULIE SOUSA 2021.1……….. parietal, essa, se assemelha com a mesma sensação da dor que sentimos na pele. Fora isso, a dor somática se apresenta como uma dor aguda, de início rápido, e é uma dor bem localizada, sentida no dermátomo correspondente a área do estímulo. Por ser bem localizada, o paciente consegue apontar especificamente o local da dor ao exame físico, facilitando o entendimento do examinador. A identificação da dor somática na região abdominal corresponde a um sinal de alarme, uma vez que notamos que esta se encontra no peritônio parietal, levantando a hipótese do abdome agudo. A dor pode ser causada por lesões, inflamações, infecções… (2) Dor Visceral: É conduzida por uma fibra não mielinizada do tipo C, de condução lenta, correspondente a dor no peritônio visceral. A dor se apresenta de forma mal localizada, insidiosa, persistente. No exame físico, o paciente não aponta um local específico, mas sim uma região, correspondente a inflamação da parede do órgão. Além disso, a dor visceral geralmente vem acompanhada de resposta vagal, fazendo com que o paciente possua: bradicardia, hipotensão, sudorese e náusea. Ela é sentida próxima à linha mediana (inervação bilateral) e no segmento do nervo. Por exemplo, as dores correspondentes ao estômago e duodeno são sentidas no epigastro uma vez que a inervação desses órgãos provém do tronco celíaco, região que se encontra no epigastro, assim como dores referentes ao jejuno, íleo, cólon direito e transverso, serão sentidas no mesogástrio uma vez que a sua inervação provém do tronco mesentérico superior que se encontra nessa região. Dessa forma, podemos distinguir a dor visceral da parietal e o acometimento ou não dos peritônios abdominais. (3) Dor Referida: É percebida longe do estímulo, captada no mesmo segmento medular para dermato e víscera. PERITONITE…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. É uma inflamação do peritônio por, em sua maioria, coleções bacterianas (GRAM - e anaeróbios), podendo também ocorrer por fungos ou irritantes químicos, como o próprio suco gástrico e entérico pela perfuração de órgãos ocos. A inflamação pode ser localizada ou difusa, dependendo de como evoluiu o processo. A peritonite localizada em sua maioria cursa com inflamação local que geralmente vem acompanhada de exsudatos e paralisia local do intestino, isso ocorre pois se tem um bloqueio, provenientes de aderências em intestino, omento, parede abdominal e outros órgãos, que configura um mecanismo de defesa do organismo para que essa infecção não se dissemine na região abdominal. Além disso, podem ocorrer a formação de abcessos de forma loculada, por conta das aderências. Na peritonite difusa, temos uma inflamação de toda cavidade abdominal, envolvendo os dois folhetos, tendo uma maior gravidade devido ao processo inflamatório. Nestes casos, ocorre a diminuição da motilidade do TGI devido ao acometimento .2……. .JULIE SOUSA 2021.1……….. generalizado. Um exemplo de peritonite difusa é a úlcera duodenal perfurada, provocando a liberação de secreção local para todo abdome, a qual gera a inflamação. Algumas características da dor: RACIOCÍNIO CLÍNICO…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 1) Características da dor: (como vimos acima) - local, especificidade, difusa, intensidade ( grande intensidade e duração >6h = maior gravidade ; melhora em poucas horas = menor gravidade), início da dor - crônica ou súbita (relacionada com isquemia, perfuração de vísceras, rotura de aneurismas), dor tipo cólica intermitente com piora-melhora ( se relaciona com colecistite, pancreatite aguda, obstrução intestinal). Dor com desconforto vago e que depois se localiza (característica de apendicite aguda e diverticulite aguda). Dor gradual e progressiva (pancreatite, colecistite). Irradiação da dor (dor em faixa no abdome superior + dor na região dorsal - pancreatite) 2) Manifestações associadas: Vômitos = Muitos vômitos e pouca distensão - obstrução proximal de delgado, Vômitos raros e fecaloides - obstrução de cólon, Vômitos claros - obstrução antes da ampola de vater (sem bile), Vômitos biliosos- obstrução depois da ampola de vater. Apetite = perda do apetite cursando com hiporexia ou anorexia. Outros sintomas associados= Funcionamento intestinal, icterícia, hematêmese, melena, febre, perda de peso… OBS: febre e perda de peso são sinais de alarme. 3) Antecedentes Médicos: Doenças prévias= abdome agudo como consequência de doença pré existente, como por exemplo, paciente cardiopata com doença arteroscletrotica disseminada, abrindo quadro de isquemia mesentérica aguda por trombose. , Cirurgias realizadas= associação de manipulação abdominal e aderências/obstruções que cursam com abdome agudo, Medicamentos em uso= analgesicos, corticoides, anti-inflamatórios, anticoagulantes, História ginecológica e obstétrica para as mulheres= complicações pós operatórias que cursam com aderências, cirurgias/manifestações que promovem risco para abdome agudo como retirada de cisto de ovário, gravidez ectópica… 4) Antecedentes Familiares: Principalmente patologias de cunho genético como tumores abdominais, tumores de ovários, útero… 5) Hábitos de vida: Enfocar para etilismo e tabagismo, uma vez que o etilismo possui relação com pancreatites, cirroses, tumores… 6) Exame Físico Geral: Inspeção geral, sinais vitais: com enfoque para busca de sinais de gravidade, principalmente. São eles: Febre, taquicardia, hipotensão, taquipneia, pulso rápido e filiforme, sudorese. (Esses sinais de gravidade podem ser repercussão de sangramentos abdominais, choque séptico, ou seja, fase de evolução da doença de alta morbi-mortalidade.)Atitude do paciente: Imovel no leito (peritonite grave, uma vez que a movimentação provoca dor abdominal), Agitado (obstrução uretral, cólica biliar, isquemia mesentérica), Prece maometana (Pancreatite aguda). .3……. .JULIE SOUSA 2021.1……….. 7) Exame físico do abdome: Inspeção= Formato: plano, globoso ou existência de abaulamentos localizados. Procurar por abaulamentos ou cicatrizes (cirúrgicas prévias, como por exemplo, cicatriz em FID indica apendicectomia prévia). Procurar por hérnias abdominais (estática e dinâmica - valsalva). Presença ou não de sinais flogísticos para saber se o quadro está a favor de um quadro infeccioso/inflamatório. A presença da equimoses em abdome fala a favor de sangramento de retroperitônio que está bem associado a pancreatite aguda. Ausculta= Na ausculta se divide o abdômen em 4 quadrantes e ausculta-se 2 min em cada quadrante. Na ausculta, o abdome silencioso fala a favor de íleo paralítico, assim como ruídos hidroaéreos aumentados podem ser decorrentes de gastroenterocolite. Períodos de silêncio abdominal intercalados com hiperatividade peristáltica e RHA em timbre metálico, está associado a peristaltismo de luta, indicativo de obstrução do delgado. Percussão= Timpanismo (som normal). Hipertimpanismo (obstrução ou íleo paralítico causam dilatação das vísceras com acúmulo de gás). Macicez - com exceção do hipocôndrio direito- indicam massa sólida no abdome. Sinal de Jobert - timpanismo na região do hipocôndrio, quando na verdade era pra estar maciço, indica pneumoperitônio. Avaliar a presença de ascite: Maciez móvel, sinal de piparote, semicírculo de Skoda, sinal da poça. Avaliar a percussão na região dorsal também, para identificação de eventuais condições, como o sinal de giordano (percussão dos músculos paravertebrais da região lombar) que indica pielonefrite/cálculos renais. Podemos ainda ter o achado de dor a percussão que é indicativo de peritonite. Palpação= Localizar e determinar a gravidade da dor e procurar por sinais de alarme. Identificar peritonites, massas abdominais, organomegalias, sempre iniciando a palpação do local mais distante até o mais próximo da dor relatada pelo paciente. Os sinais de peritonite incluem o sinal de Murphy (colecistite aguda), sinal de rovsing( apendicite aguda), sinal de blumberg(apendicite aguda). OBS: fazer avaliação ginecológica (toque bimanual para procura de massas abdominais e peritonites pélvicas) e exame proctológico completo (dor a manipulação do reto e estruturas adjacentes - apendicite pélvica/abscesso pélvico). Em homens sempre avaliar a próstata, observar principalmente o sangue em dedo de luva na investigação de melena. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. Quadrante superior direito: Temos a pancreatite aguda, colecistite aguda, hepatite aguda/abscesso hepático, úlcera abdominal, problemas de vias biliares.. OBS: Algumas variações anatômicas podem repercutir com apendicite aguda em QSD, uma vez que o apêndice do paciente é tão comprido que a sua cauda se localiza no QSD Quadrante superior esquerdo: Geralmente associado com gastrite, DRGE, pancreatite aguda Os quadrantes inferiores, pela maior quantidade de vísceras, intra e extra peritoneal, apresentam um número maior de diagnósticos diferenciais. Quadrante inferior direito: Se relaciona com apendicite, enterite, diverticulite de Meckel, gravidez ectópica, doença ovariana, DIPA, cálculo ureteral, abscesso na musculatura paravertebral, adenite mesentérica e hérnias inguinais. Quadrante inferior esquerdo: Principalmente associado com diverticulite do sigmóide, uma vez que a mesma ocorre mais no reto, que se localiza neste quadrante. Além disso, podemos ainda desconfiar de: Enterite, gravidez ectópica, doença ovariana, DIPA, cálculo ureteral, abscesso de psoas, adenite mesentérica e hérnia inguinal. .4……. .JULIE SOUSA 2021.1……….. EXAMES COMPLEMENTARES…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. Os exames deve ser direcionado para principal diagnóstica Exames laboratoriais→ Hemograma= Leucocitose com desvio à esquerda (aumento de bastões) é mais compatível com quadros infecciosos. Eletrólitos= Estar alterado em casos de desidratação (abdome agudo obstrutivo). Pesquisa para cetoacidose= Glicemia, anion GAP, cetonemia. Ureia e creatinina= disfunções renais (patologias urológicas obstrutivas que cursam como uma insuficiência pos renal). Amilase e Lipase= aumento do valor normal em cerca de 3x, é indicativo de pancreatite aguda. Aumento da amilase fala a favor de úlcera duodenal perfurada e isquemia mesentérica. A amilase não é 100% especifica no quadro de pancreatite aguda, mas a lipase é mais específica que ela, por isso, quando aumentada cerca de 3x o valor de referência, fala a favor desta condição. Tipagem sanguínea e prova sanguínea= Para fazer a reserva de sangue para cirurgia, caso seja necessário. Bilirrubina, Fosfatase alcalina, TGO/TGP, e Gama-GT= Elevados podem indicar doenças hepatobiliares, como obstrução da via biliar, abcessos hepáticos, tumor de via biliar e fígado… Sumário de Urina= ITU baixa, hematúria, proteinúria. Beta-HCG= Realizar em mulheres de idade fertil, uma vez que a gravidez ectópica é causa de abdome agudo. Lactato e gasometria arterial= Avaliar perfusão. Quando alterado, pode indicar suspeita de isquemia mesentérica e choque séptico. Exames de imagem→ Avaliação inicial (rotina de abdome agudo) é a Radiografia Simples, realiza a mesma em 3 incidencias, ortostática (tórax em PA e abdome), em decúbito dorsal (apenas abdome). Figura de RX tórax em PA e em decúbito lateral: Pneumoperitônio(possui indicação cirúrgica) Figura 3= indica aerobilia (ar na via biliar) pode estar relacionada a fístula e ou manipulação cirúrgica. Na radiografia ainda podemos encontrar cálculos renais, calcificações pancreáticas, distensão de alças. Obstruções de delgado cursam com múltiplos níveis líquidos nas alças dilatadas, dilatação central do abdome, sinal do empilhamento de moedas, ausência ou escassez do cólon. Já a obstrução de cólon, cursa com alças dilatadas na periferia do abdome, haustrações visíveis, válvula ileocecal imcompetente: dilatação do intestino delgado. Podemos identificar ainda o Volvo de sigmóide, através da presença do sinal do grão de café. Ultrassonografia→Abdominal e transvaginal. Não é tão bom para a investigação de vísceras ocas, pois não há uma boa visualização. No entanto, na USG de abdome superior, conseguimos ver o espessamento da vesícula biliar, cálculos com sombra acústica superior, que vão indicar a presença de colecistite calculosa aguda. Na apendicite aguda vemos o apêndice aumentado de tamanho com presença de edema periapendicular, assim como os fecalitos. Tomografia Computadorizada→ Possui uma boa acurácia (alta sensibilidade e especificidade), com boa visualização da anatomia abdominal. Possui apenas restrições para gestantes. Na suspeita de Insuficiência renal, fazer avaliação da função renal antes de fazer uso do contraste. Por ter uma melhor qualidade e visualização, a TC é utilizada para verificação de planejamento cirúrgico, uma vez que mostra detalhadamente os acometimentos e regiões próximas. .5……. .JULIE SOUSA 2021.1……….. Ressonância Magnética→ Por ser caro e demorar para ser realizado/obter resultados, é mais restrito no uso da emergência. Porém, é bom para avaliar o pâncreas, fígado e vias biliares. Outros exames→ Lavado peritoneal= realizado em pacientes instáveis hemodinamicamente, quando não há possibilidade de transporte do paciente para a área de realização dos exames de imagem, ou quando não se tem uma USG ou TC presente para avaliar o paciente. Laparoscopia diagnóstica= Possui alta acurácia (90-100%), é um método terapêutico /diagnóstico, avaliando de forma direta a víscera e é um exame minimamente invasivo. SITUAÇÕES ESPECIAIS………………………………………………………… GRÁVIDAS→ A gravidez desloca os órgãos abdominais para um sentido mais periférico e cranial,possuindo uma anatomia diferente em relação a localização da dor, exame físico e afins. O abdome agudo no 1 trimestre aumenta o risco de deformidades fetais e no 3 trimestre aumenta o risco de parto pre-termo. OBESOS MÓRBIDOS→ Possuem manifestações atípicas da doença, além de que o exame físico se torna mais difícil. Fora isso, a associação com outras comorbidades dificulta os achados laboratoriais e agrava o quadro do abdome agudo. A cirurgia possui um risco maior. Nesses pacientes, a videolaparoscopia é um exame diagnóstico importante! . TIPOS DE ABDOME AGUDO…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 1)ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO: É causada por processo inflamatório e/ou infeccioso em cavidade abdominal, órgãos ou estruturas adjacentes. Costuma cursar com manifestações de peritonite e alterações de ritmo intestinal. Caracteriza-se por dor de início insidioso e intensidade progressiva. Pode ser causado por um processo agudo ou pela agudização de uma doença crônica. Suas principais etiologias são: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda e diverticulite. O diagnóstico de um abdome agudo inflamatório pode ser inferido através de anamnese e exame físico – exames de imagem e laboratório são úteis para estabelecer o diagnóstico etiológico. A apendicite é a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico no mundo, podendo ocorrer em qualquer faixa etária, embora seja mais comum em adolescentes e adultos jovens. 2) ABDOME AGUDO PERFURATIVO: Constitui-se a terceira causa mais comum de abdome agudo gerando alta frequência de emergências abdominais não traumáticas. Caracteriza-se por dor de início súbito e intenso, difusa em todo abdome, agravada com movimentação e irritação peritoneal por derrame de conteúdo de vísceras ocas no peritônio. A evolução natural da síndrome se dá por inflamação química inicial com posterior invasão bacteriana, agravando o quadro. Etiologias comuns: úlcera gastroduodenal, diverticulite, corpos estranhos e neoplasia. 3)ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO: Síndrome caracterizada por sinais e sintomas de obstrução em TGI, como náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada de eliminação de flatos e fezes. em caráter evolutivo e a dor costuma ser em cólica, geralmente periumbilical. Pode apresentar causa mecânica, por obliteração parcial ou total do lúmen, ou funcional. Etiologias comuns: corpo estranho, bridas, hérnias, neoplasias, bolo de áscaris. 4) ABDOME AGUDO VASCULAR: Caracterizado por dor abdominal intensa de origem vascular, sendo uma urgência não-traumática grave por redução súbita do fluxo sanguíneo intestinal. Quando o quadro é mais arrastado, a intensidade pode se apresentar diminuída pela circulação colateral. A dor é difusa e mal definida, apresentando desproporção entre a dor .6……. .JULIE SOUSA 2021.1……….. e o exame físico. Etiologias comuns: embolia e trombose mesentérica com isquemia intestinal, redução do débito cardíaco, gastroenterites. 5) ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO: Causado pela presença de sangue em cavidade abdominal. São mais raros e geralmente acometem faixas etárias mais avançadas. Dor intensa, com rigidez e sinais de hipovolemia, tais como hipotensão, taquicardia, palidez e sudorese. Como há sangramento, a depender do volume e da velocidade de instalação do quadro, pode haver prejuízo neurológico e a intervenção deve ser rápida. Em mulheres, sempre investigar o ciclo menstrual e a possibilidade de gravidez. Etiologias comuns: gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma de aorta, ruptura de baço. TRATAMENTO………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. O tratamento é dependente da etiologia da dor abdominal. Deve-se verificar sinais vitais e estabilidade clínica com monitorização para pacientes com condições potencialmente instáveis. É importante fazer dois acessos calibrosos, com coleta de exames e tipagem sanguínea, em caso de dor abdominal severa, além da reposição de fluidos. O objetivo do manejo do abdome agudo, principalmente no departamento de emergência, é descartar patologias com risco maior para o paciente como o abdome agudo cirúrgico. Os pacientes podem receber medicações sintomáticas como analgésicos e antiespasmódicos como a combinação de dipirona e hioscina. Mas em casos de dor incontrolável, pode ser usada morfina, 0,05 mg/kg a cada 20 minutos até controle da dor (cuidado com pacientes com náuseas e vômitos, pois o medicamento pode piorar esses sintomas podem piorar). Em pacientes com quadros de litíase urinária, podemos usar anti-inflamatórios. Há uma menor probabilidade de que a dor abdominal com duração de mais de 48 horas precise de cirurgia em comparação com a dor de menor duração. Um paciente com patologia cirúrgica aguda pode piorar rapidamente. Dessa maneira, os sintomas graves persistentes nas primeiras horas requerem uma cuidadosa investigação e acompanhamento constante. Além disso, pode-se considerá laparoscopia diagnóstica para os pacientes clinicamente estáveis e que não foram submetidos à cirurgia por falta de uma causa óbvia. A laparoscopia diagnóstica pode ser considerada em pacientes selecionados. A laparoscopia não apenas é uma ferramenta útil para o diagnóstico, mas é cada vez mais usada como uma modalidade terapêutica de escolha para condições como apendicite, colecistite, lise de adesão, reparo de hérnia e muitas causas ginecológicas de abdome agudo. .7…….
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