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APG 14 - Abdome Agudo

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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
 
O abdome agudo não traumático é uma das condições mais 
prevalentes em pacientes que procuram serviço médico de urgência. 
Abdome agudo -> síndrome clínica caracterizada por dor abdominal, 
de início súbito ou com progressão rápida, que necessita de 
tratamento clínico/cirúrgico rapidamente. 
❖ Os sintomas clínicos associados podem incluir vômitos, 
diarreia, distensão abdominal, letargia, inapetência e choque. 
Investigar detalhadamente a dor tem importância fundamental na 
abordagem, sobretudo porque pode ser o único sintoma e 
usualmente é o que induz o paciente a procurar assistência médica. 
❖ A caracterização da dor, incluindo tempo de início, intensidade, 
localização, ritmo, tipo de dor, bem como fatores que agravam 
ou atenuam, auxiliam a definição diagnóstica e orientam a 
escolha de exames laboratoriais e de imagem na propedêutica 
complementar. 
A maioria dos pacientes tem uma etiologia benigna e/ou 
autolimitada, e o objetivo inicial da avaliação é identificar os 
pacientes que apresentam uma etiologia grave e podem necessitar 
de intervenção imediata. 
São 5 os tipos de abdome agudo: 
❖ Inflamatório. 
❖ Obstrutivo. 
❖ Perfurativo. 
❖ Hemorrágico. 
❖ Isquêmico/vascular. 
EPIDEMIOLOGIA 
A dor abdominal representa 5-10% dos atendimentos no 
departamento de emergência. Apesar do avanço nos recursos 
diagnósticos, a dor abdominal indiferenciada é o diagnóstico de 
cerca de 25% dos pacientes que receberam alta médica e de 35 a 
41% dos pacientes internados. 
Pacientes idosos com dor abdominal têm aumento de 6-8x na 
mortalidade, quando comparados com pacientes mais jovens. 
Dentre os tipos de abdome agudo, o inflamatório é o mais 
prevalente de todos. Tendo como principais diagnóstico a 
apendicite, colecistite e pancreatite. Apesar disso, o 
tipo obstrutivo representa cerca de 20% das internações em 
serviços de cirurgia e tem seu pico de incidência na quinta década 
de vida. 
O abdome agudo do tipo perfurativo é a terceira causa mais comum. 
Tem uma mortalidade de 10%. O hemorrágico é considerado raro, 
com uma taxa de 2% apenas de pacientes que procuram o serviço 
de urgência. Entretanto, ele possui uma maior taxa de mortalidade, 
40-100%. 
 
O tipo isquêmico/vascular é o menos comum de ser encontrado em 
emergências abdominais. Porém, também apresenta alta 
mortalidade, principalmente quando o diagnóstico acontece 
tardiamente. 
ETIOLOGIA 
8 doenças respondem por cerca de 90% dos pacientes que 
procuram serviço de urgência em enfermaria cirúrgica queixando-
se de dor abdominal aguda: apendicite aguda, colecistite aguda, 
obstrução intestinal, cólica nefrítica, úlcera péptica perfurada, 
pancreatite aguda, doença diverticular complicada e dor abdominal 
não cirúrgica inespecífica, como constipação e dispepsia. 
Endócrinas e metabólicas -> uremia, crises diabéticas, crises 
addissonianas, porfiria intermitente aguda, hiperlipoproteinemia 
aguda, febre hereditária do Mediterrâneo. 
Hematológicas -> crise falciforme, leucemia aguda, outras discarias 
sanguíneas. 
Toxinas e medicamentos -> intoxicação por chumbo, intoxicação 
por outros metais pesados, abstinência de narcóticos, 
envenenamento por aranha viúva-negra. 
Infecções e distúrbios inflamatórios -> tabes dorsalis, herpes-zoster, 
febre reumática aguda, púrpura de Henoch-Shonlein, LES, 
poliartrite nodosa. 
Dor referida -> região torácica (IAM, pneumonia, pericardite aguda, 
empiema, pleurisia, embolia pulmonar), quadril e dorso. 
Existem, ainda, as etiologias de acordo com o tipo de abdome 
agudo: 
❖ Obstrutivo -> obstruções mecânicas, que podem ser por 
estenoses, obstrução, compressão extrínseca, vasculares, 
primárias e secundárias. E as de causas paralítica/funcional. 
❖ Perfurativo -> processos inflamatórios como úlceras pépticas, 
DII, neoplasias, infecções do aparelho digestivo por 
citomegalovírus, TB intestinal, Salmonella, ingestão de corpo 
estranho. 
❖ Hemorrágico -> traumatismo abdominal, pós-operatório e 
procedimentos abdominais diagnósticos. 
❖ Isquêmico/vascular -> acontece devido a oclusão de artérias 
ou veias na região mesentérica. 
 ABDOMINAIS EXTRA-ABDOMINAIS 
Gastrintestinais Torácicas 
Pâncreas, fígado e baço Hematológica 
Peritoneal Neurológica 
Urológica e Ginecológica Metabólica 
Retroperitoneal Relacionadas a intoxicações 
Parede abdominal Etiologia desconhecida 
APG 14 - ABDOME AGUDO 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
FISIOPATOLOGIA 
O peritônio é uma membrana serosa, derivada do mesênquima, que 
reveste o interior da cavidade abdominal. Sua extensa rede capilar 
sanguínea e linfática assegura--lhe função protetora por meio da 
exsudação, absorção e formação de aderências. O peritônio divide o 
abdome nas cavidades peritoneal e retroperitônio e pode ser 
dividido topograficamente em peritônio visceral e parietal. 
A inervação do peritônio visceral provém do SN autônomo, 
simpático e parassimpático. Já a inervação de seu folheto parietal 
origina-se do sistema somático, dos 6 últimos nervos intercostais 
(T6-T12), que também inervam os músculos da parede abdominal. 
❖ Isso justifica o fato de a irritação do peritônio parietal ser 
acompanhada de contratura muscular da parede abdominal. 
O peritônio propicia superfície de troca de cerca de 1m² e contém 
aproximadamente 100mL de líquido peritoneal, composto por 
macrófagos e linfócitos. A introdução de bactérias/irritantes 
(secreção pancreática, gástrica, urina, bile, sangue etc.) pode 
provocar extravasamento de líquido da membrana peritoneal. 
A pressão negativa gerada pelo relaxamento do diafragma causa 
fluxo ascendente do líquido peritoneal para pequenas fenestrações 
especializadas do diafragma que possibilitam o acesso ao sistema 
linfático. Em vigência de infecção, microorganismos e mediadores da 
defesa do organismo podem atingir rapidamente o sistema venoso 
através do ducto torácico. 
❖ O peritônio responde à inflamação com maior fluxo sanguíneo, 
maior permeabilidade e formação de exsudato fibrinoso em 
sua superfície. 
A lesão tissular leva à degranulação dos mastócitos, liberando 
histamina, cininas, leucotrienos, prostaciclinas e radicais livres. O 
processo inflamatório também pode ter repercussões sistêmicas, 
quando esses mediadores atingem a corrente sanguínea, levando ao 
aumento da permeabilidade vascular e ao relaxamento da 
musculatura lisa, podendo resultar em colapso vascular periférico e 
choque. 
❖ O estado fisiológico resultante é conhecido como síndrome da 
resposta inflamatória sistêmica (SRIS) e, quando associado à 
origem bacteriana, origina a sepse. 
A dor abdominal divide-se em: 
Dor visceral -> tende a ser vaga e imprecisamente localizada nas 
regiões do epigástrio, periumbilical ou hipogástrio, dependendo de 
sua origem no intestino embrionário. 
❖ Imprecisa porque as estruturas abdominais contêm sistemas 
sensitivos pouco desenvolvidos. 
❖ É consequência da distensão súbita, estiramento, isquemia, 
tração ou contração rápida e violenta das vísceras abdominais. 
 
 
Dor parietal -> está relacionada com as raízes nervosas segmentares 
que inervam o peritônio parietal e tende a ser mais aguda e bem 
localizada. O exemplo típico é a dor localizada no ponto de 
McBurney, na apendicite aguda mais avançada. 
Dor referida -> é a dor percebida em um local distante da fonte de 
estímulo, como ocorre na irritação do diafragma, que pode produzir 
dor no ombro. 
 
Dor irradiada -> decorre da estimulação direta da raiz posterior de 
um nervo espinhal e é percebida no dermátomo correspondente à 
raiz estimulada. Ocorre, por exemplo, na lombociatalgia provocada 
pela hérnia de disco lombar. 
CLASSIFICAÇÃO E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Divide-se o abdome agudo em 5 grandes síndromes. Muitas vezes, 
as características de mais de uma síndrome se sobrepõem durante 
a evolução de uma doença, à medida queela progride e se 
complica, mas o quadro inicial predominante em geral permite a 
classificação etiológica. 
ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO 
É o tipo mais comum de abdome agudo. Habitualmente, o processo 
se inicia com a obstrução mecânica de vísceras ocas normais ou 
anatomicamente alteradas, originando diversos fenômenos 
inflamatórios na parede da víscera, com tendência à progressão 
para infecção e comprometimento da vascularização. 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
O início do quadro geralmente é insidioso, com sintomas vagos 
(náuseas, anorexia, vômito, dor abdominal). A dor pode levar de 1 
a várias horas para atingir seu pico. Com a evolução da doença e 
com o acometimento do peritônio parietal adjacente ao órgão 
afetado, a dor torna-se bem localizada e piora progressivamente. 
❖ É comum a presença de massas à palpação do abdome, 
resultantes da reação do peritônio à agressão, na tentativa de 
limitar o processo e preservar o restante da cavidade. 
Apendicite constitui a causa mais comum do abdome agudo 
cirúrgico -> dor epigástrica/periumbilical, tipo visceral, seguida por 
anorexia, náuseas e vômitos, e posterior localização em QID. A febre 
é baixa e a leucocitose é moderada. 
❖ US confirma o diagnóstico clínico -> demonstra o apêndice 
inflamado, visto como estrutura tubular aperistáltica, não 
compressível, com paredes espessadas. 
❖ Tratamento cirúrgico. Recomenda-se antibioticoterapia 
profilática até a cirurgia. 
ABDOME AGUDO PERFURATIVO 
Trata-se de uma das causas mais frequentes de cirurgia abdominal 
de urgência. A dor tem início súbito, geralmente dramático, já 
começando de forma intensa, rapidamente atingindo seu pico. Os 
pacientes costumam precisar a hora exata do início dos sintomas. 
O problema advém do extravasamento de secreção contida no 
trato gastrintestinal para a cavidade peritoneal, o que é traduzido 
por peritonite. A dor tipo somática vem da irritação química do 
peritônio, e, quanto menor o pH, maior a irritação. Em 12h de 
evolução do quadro, a peritonite química torna-se bacteriana, 
aparecendo os sinais de infecção. 
❖ Exame clínico -> demonstra silencio abdominal e rigidez 
muscular (“abdome em tábua”). A temperatura é normal, e 
náuseas e vômitos podem estar presentes. 
❖ Radiografia simples revela penumoperitônio, sendo o exame 
de imagem de escolha. 
As perfurações costumam ser divididas em altas (gastroduodenal e 
delgado proximal) e baixas (delgado distal e cólon). 
❖ Perfurações altas -> comportam-se como as gastroduodenais, 
com dor abdominal intensa e grande irritação peritoneal. 
❖ Perfurações baixas -> a dor abdominal é mais discreta, e os 
sinais de irritação peritoneal são menos exuberantes, mas 
originam quadros sépticos mais precoces. 
O tratamento é sempre cirúrgico, sendo o prognóstico pior quanto 
maior o tempo de perfuração. Devem-se sempre associar 
antibióticos de largo espectro ao tratamento cirúrgico. 
Úlcera péptica -> é a causa mais comum de perfuração. Os 
pacientes idosos são os mais afetados. A dor pode simular 
apendicite aguda, à medida que migra para o QID. 
❖ O paciente procura manter-se imóvel, com restrição 
respiratória, devido à irritação peritoneal. Penumoperitônio 
está presente em 80% dos casos. 
ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO 
O sintoma cardinal desse tipo de abdome é a cólica intestinal, 
demonstrando o esforço das alças para vencer o obstáculo que está 
impedindo o trânsito normal. A dor é visceral, localizada em região 
periumbilical e hipogástrica, intercalada com períodos livres de dor 
no início da evolução. 
❖ Os episódios de vômito surgem após a crise de dor, 
inicialmente reflexos, e são progressivos, na tentativa de 
aliviar a distensão das alças obstruídas. 
 
Exame clínico -> peristaltismo aumentado, exacerbado 
(peristaltismo de luta). Febre normalmente não está presente. A 
desidratação é acentuada pelas perdas provocadas pelo vômito, 
sendo pior nas obstruções altas. 
Quanto mais alta a obstrução, mais precoces, frequentes e intensos 
serão os vômitos, menor a distensão abdominal e mais tardia a 
parada de eliminação de gases e fezes. Quanto mais baixa a 
obstrução, maior distensão abdominal, mais precoce a parada de 
eliminação de flatos e fezes, e, devido ao supercrescimento 
bacteriano no segmento obstruído, os vômitos, que são tardios, 
adquirem aspecto fecalóide. 
ABDOME AGUDO VASCULAR/ISQUÊMICO 
Constitui doença grave. A fisiopatologia envolve uma lesão 
isquêmica inicial, decorrente da redução do fluxo arterial venoso, 
perpetuada pelo vasoespasmo reflexo da circulação mesentérica e 
completada pela lesão de reperfusão. 
A dor abdominal é o sintoma inicial, geralmente muito intensa, fora 
de proporções com os achados clínicos, que são inespecíficos. 
Passada a fase inicial de dor abdominal, vem a fase intermediária, 
caracterizada por peritonite. Na 3ª fase, acentuam-se os sinais 
abdominais, surgindo a instabilidade hemodinâmica, o choque 
refratário e óbito. 
! Os exames clínicos e laboratoriais são inespecíficos. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
A radiologia convencional afasta outras causas de abdome agudo e 
pode mostrar espessamento da parede das alças intestinais, alças 
tubuliformes, fixas e imutáveis, e penumoperitônio, o que indica 
lesões em fase bem avançada. A US, principalmente com Doppler, 
pode identificar a obstrução vascular e estudar o fluxo dos vasos 
mesentéricos, especialmente dos segmentos proximais. 
A angiotomografia e a angiorressonância podem ser muito úteis. O 
diagnóstico de certeza é dado pela arteriografia, que é considerada 
padrão-ouro -> só deve ser realizada no paciente 
hemodinamicamente estável. 
ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO 
Além da dor súbita, chama atenção o rápido comprometimento 
hemodinâmico, com palidez intensa e hipovolemia acentuada. Não 
se encontra contratura muscular no hemoperitônio. Os exames 
mostram queda progressiva dos níveis hematimétricos. 
A ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a ruptura 
vascular não são situações comuns, e o abdome agudo hemorrágico 
é mais frequentemente associado ao trauma, ao pós-operatório e a 
complicações pós-procedimentos. 
 
DIAGNÓSTICO 
ANAMNESE 
Um histórico clínico detalhado e organizado é essencial para 
formular um diagnóstico diferencial preciso e o esquema de 
tratamento -> o histórico precisa focalizar não só a investigação das 
queixas de dor, mas também os problemas antecedentes e os 
sintomas associados. 
As perguntas precisam ser abertas sempre que possível e 
estruturadas para revelar o início, tipo, localização, duração, 
irradiação e cronologia da dor vivenciada. 
❖ “Como você sente a dor?” 
❖ “Alguma coisa melhora ou piora a dor?” 
Frequentemente, pode-se obter mais informação observando como 
o paciente descreve a dor vivenciada. 
❖ A identificação da dor com o dedo, em geral, indica dor muito 
mais localizada e típica de invervação parietal ou inflamação 
peritoneal. 
❖ A identificação da área de desconforto com a palma da mão é 
mais típica de desconforto visceral do intestino ou doença de 
órgão sólido. 
A intensidade e gravidade da dor relacionam-se com a lesão do 
tecido subjacente. 
❖ O início súbito da dor excruciante sugere condições como 
perfuração intestinal ou embolização arterial. 
❖ A dor que se desenvolve e piora ao longo de horas é típica de 
condições de inflamação progressiva ou infecção. 
Da mesma forma que o tipo de dor, sua localização e irradiação 
também são importantes (dor somática/visceral). 
❖ Dor de órgão sólido visceral -> é generalizada no quadrante do 
órgão envolvido, como dor do fígado através do QSD. 
❖ Dor do intestino delgado -> é percebida como dor 
periumbilical pouco localizada. 
❖ Dor do cólon -> é centralizada entre o umbigo e a sínfise 
pubiana. 
A dor também pode se estender além do local da doença. O fígado, 
por exemplo, divide a suainervação com o diafragma e pode criar 
dor referida no ombro direito mediada pelas raízes nervosas C3 e 
C5. A dor geniturinária é outra fonte de dor que comumente tem 
um padrão de irradiação. 
 
Atividades que aumenta/aliviam a dor também são importantes: 
❖ Comer, em geral, piora a dor da obstrução intestinal, da cólica 
biliar, da pancreatite, da diverticulite ou da perfuração 
intestinal. 
❖ O alimento pode aliviar a dor da úlcera péptica não perfurada. 
❖ Pacientes com inflamação peritoneal evitam qualquer 
atividade que estique ou empurre o abdome -> descrevem 
piora da dor com qualquer movimento súbito do corpo e 
julgam ocorrer menos dor quando flexionam os joelhos. 
Os sintomas associados podem ser indícios importantes do 
diagnóstico -> náuseas, vômitos, constipação, diarreia, prurido, 
melena, hematoquezia ou hematúria podem todos ser sintomas 
úteis se presentes e reconhecidos. 
 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
O histórico clínico do passado pode potencialmente ser mais útil 
que qualquer outra parte isolada da avaliação. As doenças e 
diagnósticos anteriores podem aumentar/reduzir bastante a 
probabilidade de determinadas condições que de outro modo não 
seriam altamente consideradas. 
Atentar-se para: 
❖ Relato de medicamentos e relato ginecológico (narcóticos, 
AINEs, agentes imunossupressores, anticoagulantes, drogas 
reacionais). 
❖ Alcoolismo crônico. 
❖ Cocaína e metanfetamina. 
❖ Saúde ginecológica, probabilidade de gravidez ectópica, DIP, 
dor entre as menstruações ou endometriose grave. 
EXAME FÍSICO 
É a parte-chave da avaliação do paciente e não deve ser minimizada 
sua importância. Os exames de imagem e laboratoriais podem ser 
utilizados para confirmação adicional das suspeitas, reordenamento 
dos diagnósticos diferenciais propostos ou, sugerir possibilidades 
incomuns. 
Inspeção -> começa com a inspeção geral do paciente e depois do 
abdome. Pacientes com irritação peritoneal experimentam piora da 
dor com qualquer atividade que movimenta/distende o peritônio. 
Tipicamente, esses pacientes se deitam muito imóveis no leito 
durante a avaliação, mantendo joelhos e quadris flexionados para 
reduzir a tensão na parede abdominal anterior. 
❖ Outros indícios importantes são palidez, cianose e diaforese, 
podem também ser observados durante a inspeção geral. 
A inspeção do abdome direciona-se ao contorno, inclusive se ele 
parece distendido/escafoide ou se um efeito de massa localizada é 
observado. Dá-se atenção especial a todas as cicatrizes presentes e, 
se de natureza cirúrgica, precisam ser correlacionadas com a 
história cirúrgica pregressa relatada. 
Ausculta -> ruídos intestinais são tipicamente avaliados quanto à 
quantidade e qualidade. Um abdome silencioso sugere íleo, 
enquanto ruídos intestinais hiperativos são encontrados na enterite 
e no intestino isquêmico precoce. Altura e padrão dos ruídos são 
também considerados. 
❖ Obstrução mecânica caracteriza-se por ruídos “metálicos” em 
tom alto, que tendem a ocorrer em salvas e associam-se a dor. 
Distantes, os sons em “eco” em geral estão presentes quando 
existe distensão luminal significativa. 
❖ Sopros ouvidos no abdome refletem fluxo sanguíneo 
turbulento no sistema vascular. 
Percussão -> avalia a distensão gasosa do intestino, ar livre intra-
abdominal, grau de ascite ou presença de inflamação peritoneal. A 
hiper-ressonância (timpanismo à percussão), é característica de 
alças do intestino subjacente cheias de gás. 
❖ No quadro de obstrução intestinal/íleo, esse timpanismo é 
ouvido em todos os quadrantes, exceto no QSD (fígado). 
❖ Se for identificada macicez localizada à percussão em qualquer 
área que não o QSD, considera-se que há uma massa 
abdominal deslocando o intestino. 
Detecta-se ascite procurando-se flutuação da cavidade abdominal. 
Uma onda de líquido ou ondulação pode ser gerada por uma 
compressão firme e rápida do abdome lateral. A onda resultante 
desloca-se então pela parede abdominal. Peritonite também é 
avaliada por percussão. 
Palpação -> principal etapa final do exame do abdome. Revela a 
gravidade e a localização exata da dor abdominal. Adicionalmente, 
pode confirmar a presença de peritonite, identificar organomegalia 
ou uma lesão de massa anormal. 
Sempre começa suavemente e distante da área de dor relatada. 
Caso seja induzida dor considerável no início da palpação, o 
paciente provavelmente se retrairá voluntariamente e continuará a 
fazê-lo -> esse retraimento involuntário é um sinal de peritonite e 
precisa ser diferenciado do retraimento voluntário. 
❖ Para chegar a isso, o examinador aplica pressão consistente na 
parede abdominal distante do ponto de dor máxima, 
enquanto pede ao paciente que inspire lenta e 
profundamente. 
No quadro de retraimento voluntário, os músculos abdominais se 
relaxarão durante a inspiração, enquanto no involuntário os 
músculos permanecerão espásticos e tensos. 
Numerosos achados físicos tornam-se associados a condições 
específicas e são bem descritos como sinais de exame (ex.: sinal de 
Murphy, sinal de Rosving). 
 
Exame digital do reto precisa ser realizado em todos os pacientes 
com dor abdominal aguda, procurando-se verificar a presença de 
massa, dor pélvica ou sangue intraluminal. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
O exame pélvico é incluído na avaliação de todas as mulheres com quadro 
de dor localizada abaixo do umbigo -> processos ginecológicos e anexiais 
são mais bem caracterizados por meio de uma avaliação completa com 
espéculo e bimanual. 
EXAMES LABORATORIAIS 
Vários exames laboratoriais são considerados rotineiros. Eles ajudam a 
confirmar se uma inflamação ou infecção está presente, e também a 
eliminar algumas das condições não cirúrgicas mais comuns. 
❖ Hemograma completo -> quando há contagem diferencial é valioso 
porque a maioria do pacientes com abdome agudo tem 
leucocitose/bandemia. 
❖ Dosagem de eletrólitos séricos, ureia sanguínea e creatinina auxilia na 
avaliação do efeito de fatores como vômito, perdas de fluido para o 
3º espaço. 
❖ Determinações da amilase e da lipase séricas podem sugerir 
pancreatite como causa da dor abdominal. 
 
EXAMES DE IMAGEM 
Com o advento de imagens como a TC, resultou em uma correção 
cirúrgica mais rápida do problema, com menos morbidade e 
mortalidade, contribuindo para diagnósticos difíceis como 
apendicite em mulheres jovens e isquemia intestinal em idosos. 
 
 
Radiografia simples -> podem detectar quantidade pequena quanto 
1mL d ar injetado na cavidade peritoneal. Em decúbito lateral, 
podem detectar penumoperitônio em pacientes que não podem 
ficar de pé – quantidades de 5-10mL de gás podem ser detectadas. 
Também mostram calcificações anormais. 
 
Nas posições em pé e supina, as radiografias simples são úteis na 
identificação de obstrução da saída gástrica e obstrução do 
intestino delgado proximal, médio/distal. O cólon obstruído 
aparece como intestino distendido com as marcas das haustrações. 
 
As radiografias também 
podem sugerir volvo tanto do 
ceco quanto do cólon 
sigmoide. O volvo cecal é 
identificado por uma alça 
distendida do cólon em forma 
de vírgula, com a concavidade 
voltada inferiormente para a 
direita. O volvo de sigmoide 
tem como característica a 
aparência de um tubo interno 
encurvado, com seu ápice no 
QSD. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
US abdominal -> é precisa na detecção de cálculos biliares e na 
avaliação do espessamento da parede da vesícula biliar, e de 
presença de líquido em torno da vesícula. É boa para determinar o 
diâmetro dos ductos biliares extra e intra-hepáticos. Também pode 
detectar líquido intraperitoneal.

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