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Sistema de Defesa do Corpo Humano

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INTRODUÇÃO
O corpo humano possui um especial sistema de defesa contra agentes infecciosos e tóxicos. Esse sistema é formado pelos leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, que são formados, em parte, na medula óssea e outra no tecido linfático e as células teciduais derivadas de leucócitos. O sangue possui seis tipos de glóbulos brancos, são eles, os neutrófilos, eosinófilos e basófilos ambos polimorfonucleares de aparência granular, nomeando-os como granulócitos, assim como, monócitos, linfócitos, plasmócitos e fragmentos de plaquetas.
Sob condições normais, os leucócitos são mantidos no centro de pequenos vasos sanguíneos, onde o fluxo é rápido. Nos locais de inflamação, os vasos sanguíneos se dilatam, diminuindo o fluxo sanguíneo, permitindo que se movam do centro dos vasos e interajam com o endotélio vascular. Durante uma resposta inflamatória, a indução de moléculas de adesão nas células endoteliais, pelo foco da infecção, bem como as mudanças induzidas nas moléculas de adesão expressa nos leucócitos, inicialmente neutrófilos e depois monócitos, recrutam um grande número de leucócitos circulantes para o local de infecção e, a partir disso, ocorrem algumas etapas.
TEORIA
O primeiro passo envolve as selectinas. A selectina-P aparece nas superfícies das células endoteliais após a exposição ao leucotrieno B4, ou TNF-α, ou ao lipopolissacarídeo (LPS), e ambos têm um efeito adicional na indução da síntese de uma segunda selectina, a selectina-E. Essas selectinas reconhecem a região sialil-Lewis sulfatado de certas glicoproteínas dos leucócitos expostos no ápice dos microvilos dos leucócitos. A interação das selectinas P e E com essas glicoproteínas permite que os monócitos e os neutrófilos se unam de forma reversível à parede vascular, de modo que os leucócitos circulantes possam rolar sobre o endotélio tratado com citocinas inflamatórias.
O segundo passo depende de interações entre integrinas leucocitárias conhecidas como LFA-1 e CR3 e as moléculas endoteliais, como a ICAM-1, também induzidas nas células endoteliais por TNF- α E ICAM-2. A LFA-1 e o CR3 normalmente têm uma capacidade relativamente baixa de adesão, mas a CXCL8 ou outras quimiocinas ligadas aos proteoglicanos na superfície das células endoteliais, desencadeiam uma alteração conformacional em LFA-1 e CR3 no rolamento dos leucócitos, o que aumenta muito as propriedades adesivas dos neutrófilos. Como consequência o leucócito adere firmemente ao endotélio e seu rolamento é interrompido. 
O terceiro passo, o leucócito extravasa ou cruza a parede endotelial. Essa etapa também envolve as integrinas leucocitárias LFA-1 e CR3, bem como uma interação adesiva posterior, dessa vez envolvendo uma molécula relacionada às imunoglobulinas, chamadas PECAM ou CD31, expressa tanto nos leucócitos quanto nas junções intercelulares das células endoteliais. Essas interações permitem finalmente que o fagócitio passe entre as células endoteliais. Ele, então, penetra na membrana basal com o auxílio de enzimas proteolíticas que degradam as proteínas da matriz extracelular da membrana basal. 
O quarto e último passo – o extravasamento – é a migração dos leucócitos através dos tecidos sob a influência das quimiocinas. As quimiocinas, como a CXCL8 e a CCL2, são produzidas nos locais de infecção e se ligam aos proteoglicanos na matriz extracelular e em moléculas similares na superfície das células endoteliais. Isso forma um gradiente de concentração de quimiocinas associada à matriz em uma superfície sólida ao longo da qual os leucócitos podem migrar para o foco da infecção. A CXCL8 é liberada pelos macrófagos que encontram os patógenos e recruta neutrófilos, os quais penetram no tecido infectado em grande número no início da resposta induzida. Uma vez no sítio inflamatório, os neutrófilos são capazes de eliminar muito patógenos por meio da fagocitose. Eles atuam como fagócitos efetores na resposta imune inata por meio de receptores que opsonizam ou capturam agentes infecciosos e seus componentes derivados por meio do reconhecimento imune inato, bem como do reconhecimento direto dos patógenos. Além disso, os neutrófilos atuam como fagócitos efetores na imunidade adaptativa humoral.
De modo geral, os neutrófilos são células maduras teciduais que atacam e destroem os invasores, como bactérias, vírus, entre outros, mesmo no sangue circulante. Dessa forma, o neutrófilo prende-se à partícula a ser fagocitada, em seguida, emite pseudópodos em todas as direções ao redor da partícula, que se encontram e fundindo-se, assim, criando uma câmara fechada. A câmara se invagina para a cavidade citoplasmática e rompe suas conexões com a membrana externa da célula, para formar a vesícula fagocítica, também chamado de fagossomo, que flutua livremente no citoplasma. Um só neutrófilo pode fagocitar, em geral, cerca de 3 a 20 bactérias, antes de ser inativado e morrer.
Os neutrófilos contêm grande número de lisossomos repletos de enzimas proteolíticas. Quando a partícula estranha é fagocitada, lisossomos e outros grânulos citoplasmáticos no neutrófilo entram em contato imediatamente com a vesícula fagocítica e suas membranas se fundem, esvaziando muitas enzimas digestivas e agentes bactericidas nessa vesícula, passando a ser uma vesícula digestiva. Além disso, contêm agentes bactericidas – oxidantes potentes – como os superóxidos, peróxidos de hidrogênio e íons hidroxila, sendo muito importante, pois muitas bactérias têm revestimentos protetores ou fatores que impedem a sua destruição pelas enzimas digestivas.
CONCLUSÃO
Evidencia-se, portanto, a importância dos neutrófilos para o sistema como um todo, por exemplo, em doenças ou tratamentos que causam neutropenia, os pacientes são muito suscetíveis às infecções por numerosos patógenos e organismos comensais. Restaurando-se os níveis de neutrófilos nesses pacientes, pela transfusão de frações sanguíneas ricas em neutrófilos ou simplesmente pela estimulação de sua produção por fatores de crescimento específicos, pode-se corrigir essa suscetibilidade.
REFERÊNCIAS
GUYTON, A.; HALL, J. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2017.
MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia de Janeway. 7. ed. Porto Alegre: Artmed Editora S.A, 2010.

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