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Senescência Nathalia Guida M7 ' Menopausa & Andropausa 1) Caracterizar menopausa e andropausa e sua influência na vida sexual. Menopausa -> período em que os ciclos menstruais das mulheres cessam. A transição menopausal -> perimenopausa, ocorre antes da menopausa caracterizada por: º Irregularidade dos ciclos menstruais com alterações endócrinas acompanhada de sintomas. sintomas: º Fogachos, ressecamento vaginal e distúrbios do sono. A menopausa é uma condição de ocorrência fisiológica devida ao envelhecimento da mulher. Termo > é definido como a cessação permanente dos períodos menstruais por 12 meses consecutivos de amenorreia, marcado, portanto o fim do período reprodutivo (menacme). Antes dos 40 anos é considerada anormal por prematura insuficiência ovariana. A mulher nasce com um número finito de óvulos armazenados nos ovários. Com a idade, sofre a depleção dos folículos ovarianos, com consequente falência funcional dos ovários, apesar de existir influência do eixo hipotalâmico-hipofisário, culminando com a interrupção definitiva dos ciclos menstruais. De forma NÃO natural º Após cirurgia º Quimioterapia º Irradiação Ovários -> produzem 2 hormônios importantes -> estrogênio e progesterona. Estrogênios -> constituem um grupo de hormônios essenciais para o desenvolvimento do útero, mama e outras transformações relacionadas à puberdade, determinando as características femininas de distribuição de gordura e aquelas responsáveis pelo processo de reprodução. Eles também têm efeitos sobre inúmeros tecidos no corpo da mulher -> como o SNC, ossos, trato urinário, fígado, coração. O declínio funcional -> ocorre gradativamente! Englobando um período de transição chamado climatério que se estende, sem nenhuma intervenção médica, -> dos 35 aos 65 anos. A faixa etária média em que ocorre a menopausa sofre variações entre as diversas populações, conforme vários fatores. O efeito genético influencia de 30 a 80% dos casos na idade do aparecimento da menopausa. De acordo com a OMS -> ocorre entre 45 e 65 anos, situando-se, em média 50 anos. A sua ocorrência antes dos 40 anos é considerada precoce, e tardia quando acontece após os 52 anos. A multiparidade e o aumento do índice da massa corpórea -> associados ao início tardio da menopausa. Tabagismo, tratamento da depressão, a exposição a substâncias químicas tóxicas, dieta vegetariana, as grandes altitudes, magreza e a terapêutica com radiação -> associados ao início precoce da menopausa. Raramente os ciclos menstruais são interrompidos abruptamente! Perimenopausa -> precede alguns anos á menopausa, ocorre significativa flutuação hormonal, com ciclos irregulares, acompanhada frequentemente, por sintomas da própria queda de estrogênios. A caracterização da transição menopáusica é clínica, dependendo de uma anamnese bem conduzida. Cerca de 6 meses antes da menopausa os níveis de estrogênios caem significativamente. Os ciclos mais irregulares são acompanhados de flutuações séricas de FSH. Cerca de 5% das mulheres desenvolvem menopausa precoce, antes dos 40 anos -> falência prematura dos ovários. A falência ovariana com cessação da produção de estrogênios, ainda é acompanhada por pequena produção de testosterona, transformada em estradiol na gordura corporal. Nathalia Guida Também glândula adrenal mantêm a produção de hormônio masculino, da mesma forma transformando em estroma e estradiol. Ao lado do estroma cortical ovariano, essas são as únicas fontes de produção de estrogênios após a menopausa. A mais potente forma de estrogênio é o estradiol; O estriol e a estrona também são importantes, porém de menor potência. A atuação dos estrogênios no organismo ocorre por meio da sua ligação a receptores específicos, abundantes em todo o organismo. Com o aumento da expectativa de vida da mulher brasileira, 78,2 anos (datasus,2015), calcula-se que, no país, a população feminina na fase de menopausa, período que constitui um terço da sua existência, seja de mais de 5 milhões. Os custos hospitalares com o tratamento das complicações decorrentes dessa fase -> doença cardiovascular (DCV) e fraturas de colo do fêmur, alcançam custos superiores a r$ 8 milhões. Por falta de informações ou condições financeiras, a maioria das mulheres não recebe tratamento hormonal ou qualquer tipo de orientação, o que pode contribuir para que tenham uma má qualidade de vida. Embora seja um processo fisiológico, a menopausa resulta em modificações profundas do organismo da mulher, determinando, quase sempre, diversos sintomas clínicos, como os vasomotores, além de torná-los suscetíveis ao aparecimento de doenças dentre as quais se destacam -> ▪ 0steoporose ▪ Doenças cardiovasculares ▪ Atrofia urogenital ▪ Declínio cognitivo ▪ Depressão e a doença de Alzheimer Decorrente de alterações de ordem morfológica, funcional e hormonal. Existe a necessidade de olhar a individualidade de cada tratamento para cada mulher, e a variabilidade de sintomas. A mulher deve ser analisada do ponto de vista biopsicossocial, com hierarquização do tratamento a ser induzido. Considerações de interesse na menopausa SINTOMAS E EFEITOS DA MENOPAUSA Sintomas → A intensidade dos sintomas é variável e decorre dos efeitos da queda dos níveis de estrogênios nos diversos órgãos. Cérebro e SNC Os estrogênios influenciam diretamente a função cerebral, atuando por meio dos receptores estrogênicos localizados nos neurônios, em várias áreas do cérebro. São importantes para o suprimento do fluxo sanguíneo cerebral, provavelmente por mecanismo semelhante ao que ocorre nas artérias coronárias, ligando-se a receptores endoteliais -> promovendo a liberação de óxido nítrico, com consequente vasodilatação. Por outro lado, também tem sido demonstrada ação protetora anti-inflamatória na parede vascular contra a atuação de citocinas e radicais livres, impedindo a formação de placas. Os sintomas da perimenopausa também são em grande parte de natureza neurológica e são indicativos de • As mulheres devem ser aconselhadas sobre a necessidade da identificação e do tratamento dos riscos para as condições que se tornam mais prevalentes na menopausa, como as DCV, osteoporose e o câncer. • A osteoporose é uma condição crítica na mulher menopausada pelo desequilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea. • O câncer é a segunda causa de morte na mulher, depois da DCV. Nathalia Guida interrupção em vários sistemas regulados por estrogênios, incluindo termorregulação, sono, ritmo circadiano e afetam vários domínios da função cognitiva. As ondas de calor -> constituem o sintoma mais comum da menopausa, ocorrendo em 75% das mulheres na perimenopausa e pós-menopausa. Os sintomas podem perdurar entre 1 e 5 min, raramente ultrapassando esse tempo. São decorrentes de instabilidade vasomotora por variação no centro termorregulador hipotalâmico, sugerindo alterações no metabolismo das catecolaminas. A atividade do sistema opioide endógeno reduzido também parece exercer importante papel no transtorno termorregulador, ligado à modulação central dos receptores estrogênicos e à secreção do LH. O declínio nos níveis de estrogênio e inibina B, bem como o aumento dos níveis de FSH explicam em parte esse distúrbio de termorregulação, o qual está associado a alterações dos neurotransmissores cerebrais e da reatividade vascular periférica. São descritos como súbita sensação de calor na parte superior do corpo, seguida por diaforese e arrepio de frio. Também ligada a essas alterações são mencionadas sudorese noturna, palpitações, cefaleias e vertigens. Algumas vezes, esses sintomas são desencadeados por fatores como ambiente quente, estresse, alimentos picantes e quentes, bebidas alcóolicas e cafeína. O tabagismo também tem sido descrito como fator de risco parao aparecimento dos calores, possivelmente pelos efeitos sobre o metabolismo estrogênico em decorrência dos efeitos termogênicos da nicotina As ondas de calor podem causar insônia, contribuindo para a fadiga, irritabilidade e para a redução da capacidade de concentração. O sintoma vasomotor da menopausa tem sido atribuído à → “síndrome de retirada do opioide endógeno”, correlação, que consequentemente sugere o tratamento por aumento da atividade do sistema opioide endógeno a partir de fármacos neuroativos como os -> antidopaminérgicos, estrogênios, progestógenos e clonidina. Concomitantemente à queda dos estrogênios no período perimenopausal: O volume do cérebro se atrofia, mesmo em mulheres sem qualquer doença evidente. Essa atrofia ocorre no hipocampo e nos lobos parietais, regiões que se associam à memória e à cognição. As queixas de perda de memória e redução na agilidade mental são frequentes na perimenopausa. A serotonina é um neurotransmissor que tem papel fundamental na regulação do humor. Experiências em ratos demonstram que a imipramina -> substância antidepressiva, não tem efeito terapêutico sobre a concentração sináptica de serotonina, a menos que o estrogênio esteja presente. O estrogênio tem ação competitiva com o triptofano -> substância precursora da serotonina, por meio de ligação com a albumina plasmática, possibilitando maior disponibilidade central de triptofano. A maior frequência de depressão e de variações do humor ocorre nas mulheres com queixas anteriores de depressão pré-menstrual ou pós-parto e naquelas submetidas a menopausa cirúrgica. Os estrogênios encontram-se envolvidos na diferenciação dos neurônios, durante a vida fetal, e na formação das sinapses das células nervosas, bem como têm particular ação sobre o hipocampo -> o qual desempenha importante papel na memória. O aumento da idade é o fator de risco para o desenvolvimento de demência. A queda do suprimento neuronal de fatores de crescimento, com o envelhecimento, parece mediar a patologia neural; Um desses fatores parece ser o estrogênio, que intensifica a neurotransmissão colinérgica -> e previne o dano oxidativo celular e a atrofia neuronal. A doença de Alzheimer, em particular, uma condição fortemente relacionada com a idade, afeta mais de 10% da população com a idade igual ou superior a 65 anos, Nathalia Guida alcançando aproximadamente 47% após os 85 anos de idade; -> a doença é 2 a 3 vezes mais prevalente no sexo feminino, provavelmente da maior longevidade da mulher em relação ao homem. Os estrogênios parecem desempenhar alguns importantes mecanismos de proteção na doença de Alzheimer, como a inibição da formação de placas beta-amiloides (que causam resposta inflamatória para o cérebro) nos neurônios, efeitos anti-inflamatórios, produzindo aumento de fluxo sanguíneo cerebral com efeitos neurotróficos e neuroprotetores. Alterações urogenitais O sistema urogenital sofre efeitos deletérios devido ao hipoestrogenismo, que provoca sintomas referidos por 1/3 das mulheres. As alterações geniturinárias da menopausa recebem a denominação de síndrome geniturinária da menopausa e compreende sinais e sintomas associados à queda de estrogênios e outros esteroides sexuais → envolvendo alterações nos = grandes e pequenos lábios, clitóris, introito e vestíbulo vaginal, vagina, uretra e bexiga. Inclui sintomas de -> irritação, secura e queimação genital, sintomas sexuais por falta de lubrificação (desconforto, dor, prejuízo na função) e sintomas urinários de urgência, disúria e infecções recorrentes. Esses sintomas são decorrentes de -> marcantes fenômenos involutivos do sistema urogenital. A vulva perde panículo adiposo, as glândulas de Bartholin se atrofiam, há diminuição da secreção das glândulas sudoríparas e sebáceas. Os pelos pubianos tornam-se escassos e quebradiços. Há, normalmente, retração do introito vaginal, principalmente nas pacientes de nenhuma ou escassa atividade sexual. A vagina apresenta-se menos rugosa e elástica, passa a ser repovoada, perdendo bacilos de Dordelein, que são substituídos por flora inespecífica, incluindo organismos patogênicos encontrados em infecções do sistema urinário. O pH se torna mais elevado, em geral acima de 6 -> sendo mais um fator para originar quadros infecciosos. Caracteristicamente há atrofia do útero, das trompas e dos ovários. Todo o sistema de sustentação do assoalho pélvico torna-se atrófico e menos elástico, com redução da musculatura pélvica e do tecido colágeno, o que ocasiona prolapso genital. Em algum momento da menopausa, grande parte das mulheres terá problemas vulvovaginais. O aparecimento da secreção vaginal por vezes com odor desagradável, pode ter origem inflamatória -> causando irritação, rubor e prurido, necessitando de esclarecimento diagnóstico para tratamento específico, já que normalmente o problema não tem resolução espontânea. O ressecamento e o adelgaçamento da vulva e da parede vaginal tornam esses tecidos mais propensos a traumas durante a relação sexual e o exame ginecológico. O aumento do pH, alcalinizando o meio, que é normalmente ácido, associado ao adelgaçamento da parede vaginal -> origina vaginite atrófica, necessitando de medidas terapêuticas próprias para evitar o surgimento de feridas, sangramentos e dor, principalmente durante a relação sexual. A deficiência estrogênica leva a redução do fluxo sanguíneo para a vagina e a vulva, sendo a maior causa de redução da lubrificação vaginal e da atividade sexual. sintomas neurológicos • ansiedade • depressão • irritabilidade • mudanças de humor • perda de memória • distúrbios do sono • falta de concentração Nathalia Guida Além disso, pode determinar neuropatia do nervo pudendo, resultando em menor sensibilidade do clitóris e da área vulvar, processo que parece ser reversível com o uso de estrogênio. A parede da uretra torna-se delgada, e a musculatura pélvica ao redor pode enfraquecer. Há redução do tecido conjuntivo que envolve a uretra e a bexiga, região rica em receptores estrogênicos, portanto hormônio- dependente. Consequentemente, há perda de elasticidade e atrofia da mucosa uretral e do colo vesical, com menor irrigação sanguínea e menor resposta muscular. A redução da rede vascular compromete a manutenção adequada da pressão intrauretral e da transmissão da pressão intra-abdominal à uretra proximal, prejudicando a cooptação da mucosa uretral. Aumento da frequência e urgência urinária, associadas ou não à disúria. Além disso outra ocorrência comum é a incontinência urinária. A infecção urinária é mais frequente no período pós- menopausa, sendo a infecção vaginal, o resíduo pós- miccional e a deficiência imunológica creditados ao hipoestrogenismo os fatores que mais contribuem, Além disso, a atrofia da mucosa e a deficiência estrogênica podem aumentar o pH da vagina e alterar sua flora o que predispõe infecção do trato urinário. Os quadros infecciosos recorrentes levam a fibrose e estreitamento da uretra. Apesar dessas manifestações, a menopausa não necessariamente afeta a sexualidade. A sexualidade faz parte da vida saudável. Alterações do tecido conjuntivo Atrofia e conteúdo colágeno da pele e dos ossos = reduz- se pela deficiência estrogênica, contribuindo para o envelhecimento e a formação de rugas na pele devido ao aumento de extensibilidade e perda de elasticidade. Com o envelhecimento = a pele se torna + frágil, suscetível ao trauma, com + facilidade de contusão e lacerações. As mudanças no colágeno são atenuadas pela reposição estrogênica, levando a um aumento de espessura da pele e da derme. O aumento da produção de colágeno com a reposição hormonal pode ser um dos mecanismos para a prevenção de fraturas osteoporóticas. A maior quantidade de colágeno na matriz óssea resulta emaumento na flexibilidade e força, independente da densidade mineral óssea. Osteoporose pós-menopáusica A osteoporose com o aumento da expectativa de vida, tornou-se a doença osteometabólica mais comum nas pós-menopausadas, com uma prevalência de 32,7%. A osteoporose é caracterizada por perda de massa óssea com deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, Sistemas urogenitais • Secura vaginal • Irritabilidade • Dispareunia • Frequência e urgência urinária Nathalia Guida resultando em = fragilidade dos ossos e consequentemente aumentando o risco de fraturas. É a principal causa de colapso vertebral e a maior causa de fraturas nos idosos. O pico de massa óssea na idade adulta é geneticamente determinado; já na pós-menopausa seu controle é hormonal. A deficiência estrogênica – mais importante fator de risco para o desenvolvimento da osteoporose. Após a menopausa, a densidade mineral óssea diminui cerca de 2,5% por ano, contra 0,13% no período pré- menopausal. O pico de massa óssea na mulher é alcançado na segunda década de vida para a partir de então começar a decair. Nos primeiros anos da menopausa ocorre redução de massa óssea de 3% ao ano, mantendo-se uma taxa atual de 1 a 2%. Na menopausa ocorre: Problema de remodelação óssea com aumento da reabsorção e aumento na atividade dos osteoclastos, à medida que os osteoblastos deixam de exercer sua função reparadora. A ação estrogênica incide diretamente sobre os ossos, por meio dos receptores estrogênicos e por efeitos sobre o colágeno. Nessa fase, os efeitos positivos dos estrogênios sobre a calcitonina, metabolismo da vitamina D e absorção de cálcio estão diminuídos. Densitometria = exame utilizado para monitoramento da massa óssea. O hipoestrogenismo -> maior causa de desenvolvimento de colapso espontâneo de vértebras. Osso trabecular forma = 20% do esqueleto e compreende a substância dos corpos vertebrais e de grande parte do colo do fêmur, sendo também de maior atividade metabólica, sofrendo remodelação em cerca de 25%, enquanto o osso cortical em apenas 3%. Limiar de fraturas depende de diversos fatores: º Características genéticas º Uso de determinados medicamentos º Estado nutricional º Atividade física º Hábitos conjuntos / estilo de vida As mulheres altas e magras tem maior risco para desenvolvimento de osteoporose, bem como as fumantes e as que tomam hormônio de tireoide. A TH -> importante recurso na prevenção da osteoporose decorrente dehipoestrogenismo. A TH reduz a perca óssea alveolar, promovendo maior preservação dos dentes na mulher menopausada. Deve ser indicada com critérios. Os benefícios da reposição hormonal são tanto maiores quanto mais precocemente for iniciado o tratamento e mesmo doses baixas são benéficas. Entretanto, iniciar TH depois dos 60 anos com o único propósito de prevenção de fratura osteoporótica não é recomendado. A TH reduz a incidência de fraturas de pulso e de quadril em até 50% devendo ser mantida por pelo menos 5 anos. Nos quadros de maior perda óssea deve ser considerada a associação de outros fármacos à TH. Sua associação com bifosfonatos é favorável na melhora da densidade óssea, mostrando sinergismo. O bifosfonato é uma alternativa eficaz na prevenção e no tratamento da osteoporose = reduzindo o risco de fraturas de coluna e quadril. Sua variedade mais utilizada é o alendronato de sódio, administrado em uma tomada semanal, em dose de 70 mg ou diária, em dose de 10 mg; é necessário ter cuidado para evitar irritação ou ulceração de esôfago. As calcitoninas são, atualmente, uma opção para as mulheres portadoras de osteoporose com fratura que apresentam quadro doloroso. São administradas por via intramuscular ou de spray nasal. Recentemente surgiram os moduladores seletivos dos receptores de estrogênios (SERM), que atuam como agonistas do estrogênio e certos locais do corpo e como Nathalia Guida antagonista em outros. Os mais utilizados são = tamoxifeno e raloxifeno. Tamoxifeno foi desenvolvido para tratamento de câncer de mama, sendo hoje utilizado como alternativa para mulheres na pós-menopausa com antecedentes de câncer de mama ou com grandes riscos para o desenvolvimento. Atua preservando a massa óssea, reduzindo o colesterol sérico, porém tem efeito hiperplásico no útero, favorecendo o aparecimento de câncer de útero; tem, portanto, efeito agonista ao estrogênio nesse órgão. O único SERM aprovado pela FDA para prevenção de osteoporose é o raloxifeno. Apresenta ação agonista com os estrogênios nos ossos e no sistema cardiovascular e tem função antagonista no útero e na mama. Produz aumento na densidade mineral óssea (DMO) e tem moderado efeito benéfico sobre o perfil lipídico. Tanto nos estudos de tratamento como de prevenção, ocorreram efeitos benéficos com aumento de DMO e redução de fraturas, principalmente da coluna. Por outro lado, diferentemente dos estrogênios, essa substância não deu sinais de favorecer o desenvolvimento de câncer de mama ou de útero. Seus efeitos colaterais + frequentes são câimbras e aumento de fenômenos tromboembólicos. Antecedentes pessoais de tromboembolismo contraindicam o uso do raloxifeno. Os SERM não aliviam sintomas de fogachos ou de ressecamento vaginal, não sendo uma boa opção nesses casos. O raloxifeno foi estudado em coorte populacional com idade variando entre 42 e 84 anos e não foi detectada nenhuma diferença farmacocinética considerando a idade. Alterações cardiovasculares Na menopausa, as mulheres perdem sua natural resistência à doença cardíaca, com aumento expressivo das DCV. Frequentemente a doença coronária na mulher é fatal e aproximadamente 2/3 morrem subitamente sem nenhum sintoma prévio, sendo fundamental que se faça a prevenção. As DCV superam a morte por câncer nos EUA. Esse aumento de risco de DCV pode ser mediado em parte por atuação sobre os fatores de risco CV como, por exemplo, o perfil lipídico que sofre alterações durante a menopausa. Outras doenças aterotrombóticas, como a doença vascular periférica e a doença cerebrovascular, são igualmente importantes no sexo feminino. Estudos epidemiológicos mostram que nos anos reprodutivos, a incidência de DCV na mulher é inferior à do homem. Entretanto com a instalação da menopausa e o declínio dos hormônios esteroides, a prevalência de DCV em mulheres aumenta progressivamente -> fato que indica um efeito cardioprotetor do estrogênio, que, uma vez perdido, aumenta a predisposição às doenças relacionadas com o sistema cardiovascular, principalmente à doença arterial coronariana (DAC). Fatores de risco implicados na gênese da DCV, são os mesmos para ambos os sexos. Entretanto, as mulheres além de apresentarem os riscos comuns, também apresentam aqueles inerentes ao sexo feminino. Assim, além dos classicamente conhecidos (dislipidemia, hipertensão arterial, tabagismo, diabetes melito, obesidade, sedentarismo e história familiar) a Osso saudável osteoporose Nathalia Guida menopausa desponta como o fator de risco de maior impacto na patogênese da DAC no sexo feminino. Sabe-se que o colesterol total e o LDL-c aumenta progressivamente com a idade, principalmente nas mulheres. A partir dos 50 anos seus níveis se elevam, ultrapassando inclusive os dos homens de mesma faixa etária. Já o HDL-c não sofre modificação com o envelhecimento, sem diferenças entre os sexos. Atualmente, tem-se chamado atenção para a lipoproteína (LPa), reconhecidamente um fator de risco para DAC, assim como a redução de seus níveis séricos após a reposição hormonal em mulheres na pós- menopausa. O estrogênio apresenta um efeito vasodilatador que parece ser dependente do endotélio. Receptores estrogênicos são encontrados ao longo de toda a parede vascular e, quando estimulados, respondem com vasodilatação. O estrogênio parece estimulara liberação de substâncias como o óxido nítrico e prostaciclina, que são potentes vasodilatadores, além de modular a produção de endotelina, potente vasoconstritor. As alterações no mecanismo de ação e na produção dessas substâncias vasoativas seriam os principais fatores a acarretar as modificações na pressão arterial ocorridas na mulher após a menopausa. O tabagismo é considerado o maior fator de risco evitável de morte e doenças. Seus efeitos deletérios sobre a coagulação, metabolismo lipídico e dos carboidratos, além do dano endotelial por ele causado. Entretanto, seu efeito específico sobre a saúde da mulher é recente e evidencia uma ação antiestrogênica, antecipando em torno de 3 anos a instalação da menopausa, o que se traduz em maior risco de DAC. Nas mulheres fumantes, há aceleração da metabolização dos estrógenos pelo fígado, além da redução da produção estrogênica nas células da granular dos ovários. Referência: Tratado de geriatria e gerontologia. A cessação dos ciclos reprodutivos não é causada pela hipófise, mas pelos ovários, que não correspondem mais às gonadotrofinas. Na ausência de retroalimentação negativa, os níveis de gonadotrofinas aumentam bastante em esforço para estimular os ovários a amadurecerem mais os folículos. A terapia de reposição hormonal (HRT) para mulheres na menopausa tradicionalmente consiste em administrar estrogênio ou uma combinação de estrogênio e progesterona. Entretanto esse tratamento se tornou controverso em 2002, quando estudos sugeriram que os riscos da HRT superam os benefícios. Homens (andropausa) Nos homens a produção de testosterona decai com a idade, e cerca de metade dos homens com mais de 50 anos apresentarão os sintomas da andropausa, um termo cunhado como o equivalente masculino para a menopausa. Referência: Fisiologia humana – Silverthorn. A testosterona nos homens diminui de maneira gradativa e discreta. Tanto em homens quanto em mulheres, o córtex da glândula suprarrenal secreta pequenas quantidades de androgênios fracos. O principal androgênio secretado pela glândula suprarrenal é a desidropiandrosterona (DHEA). Nos homens, depois da puberdade, o androgênio testosterona também é liberado, e em quantidade muito maior pelos testículos. Nas mulheres, no entanto, os androgênios suprarrenais desempenham funções importantes. Eles promovem a libido (desejo sexual) e são convertidos em estrogênios Sintomas vasomotores • Fogachos • Suores • Palpitações Nathalia Guida (esteroides sexuais feminilizantes) por outros tecidos corporais, Após a menopausa quando a secreção ovariana de estrogênios cessa, todos os estrogênios femininos são provenientes da conversão dos estrogênios suprarrenais. No sexo masculino, o declínio da função reprodutiva é muito mais sutil do que nas mulheres. Os homens saudáveis muitas vezes mantêm a capacidade reprodutiva até os seus 80 ou 90 anos. Aos 55 anos, um declínio na síntese de testosterona leva à redução na força muscular, menos espermatozoides viáveis e diminuição do desejo sexual. Embora, a produção de espermatozoides diminua 50 a 70% entre os 60 e 80 anos, uma contagem significativa de espermatozoides ainda pode ser encontrada mesmo na velhice. Aumento de duas a quatro vezes no tamanho normal da próstata ocorre na maior parte dos homens com mais de 60 anos de idade. Esta condição chamada hiperplasia prostática benigna (HPB), diminui o tamanho da parte prostática da uretra e é caracterizada por micção frequente, noctúria (micção excessiva durante a noite), hesitação ao iniciar micção, diminuição na força do jato urinário, gotejamento pós-miccional e sensação de esvaziamento incompleto. Referência: Tortora- Princípios anatomia e fisiologia. Esse declínio gradual na função da reprodução sexual está relacionado, em parte, com a redução da secreção de testosterona. A redução da função sexual masculina é chamada de climatério masculino. Ocasionalmente o climatério masculino está associado aos sintomas de ondas de calor, sufocação e distúrbios psíquicos, semelhantes aos que ocorrem na menopausa feminina. Esses sintomas podem ser abolidos pela administração de testosterona, androgênios sintéticos ou mesmo de estrogênios, que são utilizados para o tratamento dos sintomas da menopausa na mulher. Disfunção erétil: A disfunção erétil também chamada de “impotência”, é caracterizada pela incapacidade do homem de desenvolver ou manter uma ereção de rigidez suficiente para relação sexual satisfatória. Problemas neurológicos, como traumas nos nervos parassimpáticos devido à cirurgia de próstata, níveis deficientes de testosterona e alguns fármacos (p. ex: nicotina, álcool e antidepressivos), podem também contribuir para a disfunção erétil. Referência: Guyton & Hall- 13 ed. 2) Entender as teorias do envelhecimento Há inúmeras teorias que tentam explicar o fenômeno do envelhecimento. Harman, em 1956 -> propôs a teoria dos radicais livres > segundo a qual o envelhecimento seria resultante do acúmulo de dano tecidual causado por espécies reativas de oxigênio produzidas durante o metabolismo aeróbico normal. As evidências sugerem envolvimento do estresse oxidativo no processo de envelhecimento e desencadeamento de doenças → teoria do estresse oxidtivo (dano oxidativo). Sugere-se considerar uma única teoria: teoria do envelhecimento dos radicais livres/ estresse oxidativo (Harman, 1956; Bokov et al.,2004; Migliore e Coppedè, 2009). Metabolismo oxidativo O conhecimento científico atual explica o metabolismo oxidativo como uma necessidade de oxigênio do organismo aeróbico para a sua sobrevivência. Nathalia Guida No entanto, sabe-se que quando há concentração de oxigênio acima do limite encontrado na natureza poderão ocorrer quadros por toxicidade. A eficiência metabólica dos organismos aeróbicos em converter alimentos em energia química ocorre devido à utilização de oxigênio molecular como aceptor de elétrons no processo denominado fosforilação oxidativa. Nesse processo, uma parte dos elétrons proveniente dos metabólitos ativa parcialmente o oxigênio produzindo espécies reativas de oxigênio (ERO). Estas espécies químicas possuem um elétron não emparelhado em seu orbital mais externo. Outros compostos mistos de oxigênio com hidrogênio e nitrogênio estão relacionados com estresse oxidativo. Óxido nítrico (NO) participa na formação de espécies reativas de nitrogênio (ERN) e em condições patológicas leva a oxidação de proteínas, nitrosilação e nitração. As espécies reativas <-> Radicais livres → são compostos químicos que apresentam instabilidade estrutural, o que faz com que tentem reagir com um elétron de outra substância com objetivo de se estabilizarem. A perda do elétron proporciona a criação de um novo radical livre -> originando uma reação em cadeia que provoca lesões importantes em várias estruturas celulares. Grande variedade de ERO é produzida no curso do metabolismo normal nos sistemas biológicos e tem importância fundamental em funções fisiológicas. Espécies reativas de oxigênio (ERO) são produzidas -> predominantemente nas mitocôndrias e uma parcela menor é produzida nos peroxissomos, leucócitos e em locais de produção de enzima xantina desidrogenase (principalmente nas células endoteliais e epiteliais). Os leucócitos são ativados por proteínas que atuam especificamente sobre eles, como interleucinas, complemento... Na mitocôndria ocorre o maior consumo de oxigênio celular (O2). Esta organela atua com uma cadeia de enzimas e suas reações de transferências de elétrons. Desta forma, são produzidas fisiologicamente espécies reativas de oxigênio como o ânio superóxido (O2-), o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH-). As espécies reativas = podem causar danos oxidativos que levam a um aumento do processo de peroxidação dos lipídios,diminuição da fluidez da membrana e da quantidade de DNA celular, o dano oxidativo ainda reduz o número de mitocôndrias e altera a atividade das enzimas destas organelas. A peroxidação lipídica pode ser definida como uma cascata de eventos bioquímicos resultantes da ação das espécies reativas sobre lipídios insaturados das membranas celulares levando à destruição de sua estrutura, à falência dos mecanismos de trocas de metabólitos, e em condição extrema a morte celular. É iniciada pela perda de um átomo de hidrogênio de um ácido graxo poli-insaturado e continua via espécies reativas para formar um produto estável, o aldeído lipídico. A lipoperoxidação é um mecanismo bem estabelecido de lesão celular, sendo usado como um indicador de estresse oxidativo em células e tecidos. antioxidantes são substâncias que em baixas concentrações em relação a um substrato, atrasam ou impedem sua oxidação. Segundo Pancorbo e Sandoval (2005), esse processo ocorre por dois mecanismos: ▪ Interrupção das reações em cadeia dos radicais livres por meio da doação de um íon de hidrogênio a outras substâncias, sem perder estabilidade. ▪ Reação direta com radicais livres, transportado posteriormente o resíduo da reação. Existem dois sistemas interconectados de antioxidantes. São constituídos de micronutrientes e de sistema enzimático; ▪ Sistema não enzimático: Nathalia Guida De micronutrientes é constituído por substâncias de baixo peso molecular como glutationa (GSH) ubiquinona (coenzima Q10), carnosina, ácido úrico, bilirrubina e vitaminas como tocoferol (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), betacaroteno (provitamina A) e retinol (vitamina A). Oligoelementos como selênio, zinco, cobre e manganês agem como cofatores. ▪ Sistema enzimático Formado pela glutationa peroxidase (GPx), catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD). Tratado de geriatria e gerontologia. A população idosa, a nível mundial tem mostrado crescimento expressivo nas últimas décadas, em virtude do aumento de expectativa de vida. Dentre as inúmeras teorias que buscam apontar as causas do envelhecimento pode-se destacar a: → Teoria genética → Teoria imunológica → Teoria do acúmulo de danos → Teoria das mutações → Teoria do uso e desgaste → Teoria dos radicais livres (RLS) O envelhecimento humano está sujeito a influências intrínsecas, como a constituição genética individual responsável pela longevidade máxima e os fatores extrínsecos condizentes às exposições ambientais a que o individuo sofreu (tipo de dieta, sedentarismo, poluição...) os quais proporcionam uma grande heterogeneidade no envelhecimento. O envelhecimento orgânico humano pode ser caracterizado como senescência, envelhecimento normal, ou como senilidade = envelhecimento patológico. A senescência é caracterizada como um processo fisiológico com transformações que ocorrem normalmente com o passar dos anos (sem distúrbios de conduta, amnésias...) Enquanto a senilidade significa a presença de doenças crônicas e outras alterações que podem acometer a saúde do idoso (perda da capacidade de memorizar, prestar atenção, não conseguir se orientar etc.) Com o envelhecimento o ser humano sofre várias alterações marcantes: • Embranquecimento dos cabelos e calvície (embora sejam características também vinculadas a aspectos étnicos, genéticos, sexuais e endócrinos) • Redução da estatura • Aumento do diâmetro do crânio e aumento da amplitude do nariz e orelhas caracterizando a conformação facial do idoso. • Diminuição da espessura e a perda da capacidade de sustentação da pele que leva ao surgimento de bolsas orbitais, enrugamento e aumento dos sulcos labiais. • Surgimento do arcus senilis (círculo branco em torno da córnea; • Alteração da cavidade bucal (perda da elasticidade da mucosa, queratinização e aumento da espessura do epitélio) com perda do paladar; • Desgaste dos dentes • Modificação da língua que perde grande quantidade das suas papilas gustativas. O envelhecimento também ocasiona mudanças na composição corpórea com geralmente: ganho de peso devido ao aumento do tecido adiposo e redução de tecidos muscular e ósseo. A deposição do tecido adiposo ocorre em maior concentração no tronco e ao redor de vísceras como rins e coração. Envelhecimento = etapa sequencial da vida, processo lento, progressivo e inevitável caracterizado por diversas modificações funcionais, bioquímicas e psicológicas que contribuem para o aumento da vulnerabilidade e incidência dos processos patológicos no organismo. Teorias do envelhecimento Teoria genética Nathalia Guida Defende a ideia de que o envelhecimento é resultado de alterações bioquímicas programadas pelo próprio genoma, o qual poderia regular a expectativa de vida por meio de diferentes genes, dessa forma, cada ser vivo apresentaria uma duração de vida estipulada pelo seu padrão genético, algo que tenta ser comprovados pela realização de várias pesquisas a cerca da longevidade, somado às constatações na prática clínica dos envelhecimentos precoces (progeria infantil ou síndrome de Hutchinson-Gilford e progeria do adulto ou síndrome de Werner) doenças que estariam relacionadas à deficiência de enzimas controlados por genes autossômicos recessivos. Outro mecanismo genético estudado -> encurtamento do telômero, estrutura localizada no final dos cromossomos de células eucarióticas, como fator determinante no desencadeamento do envelhecimento, uma vez que é responsável pela proteção dos cromossomos e replicação do DNA cromossomal. Segundo Cunha e Jerckel-Neto, o encurtamento dos telômeros também traria como consequência perdas de informações genéticas e instabilidades genômicas no decorrer da vida. A avaliação experimental dessa teoria é lenta pelo fato da existência de grande número de varáveis e a limitação dos métodos experimentais. O sistema imune é constituído de dois mecanismos o celular, representado pelos linfócitos T. e humoral representado pelos linfócitos B. A função imunológica decai com o avanço dos anos, o motivo pelo qual a hipótese básica da teoria imunológica seja a de que a redução da eficácia do sistema imune, mantido pela interação entre linfócitos e macrófagos no organismo, ao logo dos anos tornaria as pessoas mais susceptíveis contra as agressões, provocando assim, o envelhecimento. Tal teoria postula que a diminuição da resposta imune estaria relacionada ao envelhecimento e diferenciação dos linfócitos T. Tem a necessidade de se ter mais pesquisas para a confirmação dessa teoria, uma vez que as alterações imunitárias podem ser consequências e não causas do envelhecimento. Teoria do acúmulo de danos -> também denominada erro catástrofe, a principal causa do envelhecimento seria o acúmulo de moléculas defeituosas provenientes de falhas no reparo e na síntese de moléculas intracelulares com o avanço da idade, o que repercutiria na perda progressiva da função do organismo. As falhas de reparo e síntese seriam oriundas de erros na transcrição do RNA e sua tradução em proteínas, gerando uma elevação na concentração de proteínas modificadas e não funcionais. Segundo Orgel, o motivo pelos quais essas proteínas inativas surgem é devido a erros na síntese enzimática principalmente de polimerases, responsáveis pela síntese de RNA a partir da transcrição de DNA. Dessa forma, a transcrição de uma enzima modificada pode ocasionar elevação de uma ou mais bases púricas ou pirimídicas do código genético, provocando a formação de sequências errôneas de aminoácidos, que por sua vez leva a síntese de proteínas não funcionais. Os erros sendo acumulativos e transmissíveis atingiriam uma elevada ocorrência, provocando o efeito chamado de erro catástrofe, onde sua morte e por consequência, a redução da capacidade funcional, de fato que caracterizaria o envelhecimento. Evidências em pesquisa contradizem a teoria do erro catástrofequanto a transcrição e tradução pois nestes estudos esses dois processos relacionados à síntese de proteínas se mantiveram estáveis com o aumento da idade. A teoria das mutações pressupõe que as sucessivas alterações que ocorrem nas células somáticas (46 cromossomos), ao transcorrer dos anos, produziriam células mutantes incapazes de suprir suas funções biológicas, o que provocaria um declínio progressivo dos órgãos e tecidos, com a instalação do envelhecimento. As mutações podem ter origem das transformações do mecanismo de reparo da molécula de DNA, sendo possível que sejam repassadas para as células filhas. Segundo Schimke, as mutações são ocasionadas pela existência de inúmeras áreas de replicação do DNA no Nathalia Guida cromossomo, o que desencadeia um número alto de replicação de determinados segmentos do DNA e por consequência inúmeros rearranjos e mutações. Esse acúmulo de células heterogêneas durante os anos seria a explicação de doenças de fundo clonal como câncer e arteriosclerose. Várias informações acerca das mutações cromossômicas em células somáticas estão sendo difundidas, principalmente como respostas à radiação ou mutagênicos, porém analisando o envelhecimento como um processo uniforme, existem poucas pesquisas para fundamentar essa teoria. Teoria do uso e Desgaste -> baseia-se na ideia de que o envelhecimento seja o resultado do acúmulo de agressões ambientais do dia a dia, as quais ocasionariam a diminuição da capacidade do organismo em recuperar- se totalmente. Onde os ferimentos, infecções, inflamações e outras formas de agressões sejam eles, ferimentos ou patógenos, se somariam ao longo dos anos no indivíduo e dessa forma, as lesões ocasionadas provocariam alterações nas células, tecidos e órgãos desencadeando o envelhecimento. Atualmente essa teoria encontrasse desacreditada. As teorias dos RLs foram introduzidas pela primeira vez em 1956 pelo médico norte-americano Denham Harman e adquirindo somente a partir da década de 80, maior importância no meio científico quando inúmeros trabalhos foram desenvolvidos em relação aos RLs e suas consequências ao organismo. Esta teoria propunha que o envelhecimento normal seria resultado de danos intracelulares aleatórios provocados pelos RLs, moléculas instáveis e reativas que atacariam as diferentes biomoléculas do organismo em busca de estabilidade. Os Radicais livres são espécies químicas que podem ser átomos, moléculas ou fragmentos de moléculas. São espécies químicas contendo um ou mais elétrons não pareados no orbital externo da camada de valência (a última camada de elétrons) sendo mais reativos que as espécies com elétrons pareados. Devido a sua alta reatividade os RLs, buscam rapidamente, extrair um elétron de qualquer partícula, molécula ou átomo em sua vizinhança, a fim de recuperar a sua pariedade, e em decorrência a sua estabilidade. A formação de radicais livres pode ocorrer tanto no citoplasma, nas mitocôndrias como na membrana celular, e em diferentes situações metabólicas, como por exemplo, na cadeia transportadora de elétrons, na peroxidação lipídica, nos processos NADPH – oxidase dos fagócitos e xantina desidrogenase/oxidase da isquemia/reperfusão. Em contrapartida as fontes exógenas de RLs são representadas pelas radiações gama e ultravioleta, os medicamentos, as bebidas alcoólicas, a dieta, cigarro, e os poluentes ambientais. Os radicais livres são oriundos em grande parte da respiração celular, que ocorre no interior da mitocôndria na presença de oxigênio, o qual sofre um desvio em seu metabolismo normal, recebendo um elétron extra o que lhe confere atividade e capacidade para induzir a formação dos demais RLs -> mitocôndria principal constituinte do organismo responsável pelo envelhecimento. Paralelamente o organismo desenvolveu mecanismos de proteção antioxidante que são formados por um sistema endógeno enzimático e um exógeno não enzimático. Ambos os sistemas são responsáveis pela manutenção do equilíbrio entre a produção e a neutralização dos RLs, contudo quando esse equilíbrio é alterado, tem-se um estresse oxidativo. Com o estresse oxidativo, a elevada produção dos radicais livres e sua grande capacidade reativa ocasionariam não somente reações com os componentes nucleares e citoplasmáticos das células (principalmente DNA e RNA) com diminuição de suas funções, como também de reações com proteínas, lipídios, enzimas, colágenos e hormônios induzindo modificações orgânicas que justificam o envelhecimento. Portanto o envelhecimento seria um fenômeno secundário ao estresse oxidativo, em que ocorrem reações de oxidação lipídica, proteica e reações com o dna que provocariam modificações dos tecidos e código genético e por consequência ocasionaram as deficiências fisiológicas Nathalia Guida características do avançar da idade e provenientes dos danos intracelulares causados pelos radicais livres. Segundo Capote, várias pesquisas científicas evidenciam que as EROs geradas na mitocôndria podem produzir danos em sua membrana interna, nos constituintes de sua cadeia respiratória, além de afetar o DNA mitocondrial. Os danos acumulativos do oxigênio sobre a mitocôndria (lesões no DNA mitocondrial e declínio da atividade dos transportadores de elétrons) seriam os responsáveis pela diminuição no desempenho fisiológico das células e pelo envelhecimento. Referência: teorias do envelhecimento humano, 2011- artigo Revista Contexto e saúde- Aline Tais Fries 3) Compreender os AVD e IVAD Para mensurar a capacidade do idoso em relação a autonomia e à independência, existe um conjunto de dados clínicos, testes e escalas denominadas de Avaliação funcional. Uma avaliação funcional simples deve conter as avaliações: do equilíbrio e mobilidade, da função cognitiva, da capacidade para executar a atividade de vida diária (AVD)e as atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD). As AVD são as tarefas que uma pessoa precisa realizar para cuidar de si, tais como: ▪ Tomar banho ▪ Vestir-se ▪ Ir ao banheiro ▪ Andar ▪ Comer ▪ Passar da cama para a cadeira ▪ Mover-se na cama ▪ Ter continências urinária e fecal As AIVD são as habilidades do idoso para administrar o ambiente em que vive e inclui as seguintes ações: • Preparar refeições • Fazer tarefas domésticas • Lavar roupas • Manusear dinheiro • Usar telefone • Tomar medicações • Fazer compras • Utilizar meios de transporte Artigo: capacidade de idosos da comunidade para desenvolver atividade de vida diária e atividades instrumentais de vida diária- 2006, Adélia Yacko. Nathalia Guida
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