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Indaial – 2020 Linguagem e Redação PubLicitáRia imPRessa Prof. Luís Augusto Zillmer Cardoso 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof. Luís Augusto Zillmer Cardoso Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C268l Cardoso, Luís Augusto Zillmer Linguagem e redação publicitária impressa. / Luís Augusto Zillmer Cardoso. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 210 p.; il. ISBN 978-65-5663-091-5 1. Relações econômicas internacionais. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 659.1 III aPResentação Caro acadêmico, a linguagem publicitária é um dos elementos centrais da elaboração e sucesso de uma campanha em publicidade e propaganda. Independente do meio em que será utilizada, o uso claro, persuasivo, motivador e criativo contribuem para a venda de produtos e serviços. Não à toa, dizem que as palavras têm poder. Isso torna-se evidente quando nos deixamos impactar, emocionar, convencer ou mesmo nos seduzir pelas palavras. Quando associadas a imagens, as palavras são usadas para fortalecer o poder de persuasão. Antes de nos expressarmos na linguagem publicitária, precisamos recordar os conceitos essenciais da origem da linguagem. Assim, este livro didático inicia uma breve revisão dos conceitos de linguagem, língua e Língua Portuguesa. Todavia, como a publicidade se constrói sobre textos, veremos as funções da linguagem e as características dos textos e demonstração do discurso publicitário. Encerraremos essa etapa com uma abordagem sobre argumentação e retórica. Na sequência, entraremos na questão da linguagem publicitária, apresentando sua definição e evolução histórica, as formas de expressar as ideias em um anúncio e, ainda, algumas técnicas de criação utilizadas na redação publicitária. Trataremos ainda do uso da linguagem no anúncio publicitário, a relação existente entre texto e imagem, e as estruturas de anúncios. Na segunda unidade, incluiremos, ainda, as estratégias de mensagem e as etapas da redação publicitária. Na última unidade, nos fixaremos nas características, funções e técnicas de cada um dos elementos que compõem um anúncio publicitário para os meios impressos. Eles formam a base de toda a redação publicitária para os demais meios. Nesta fase dos nossos estudos serão explicadas as formas de uso dos títulos ou chamadas, dos textos e sua estrutura para que sejam persuasivos, dos slogans e finalmente das assinaturas das campanhas e associação com os logotipos. Procuramos utilizar muitos exemplos, que estão disponíveis a todos os momentos em nossas vidas, para mostrarmos e reforçamos os conceitos estudados e para que você possa ver como a linguagem e todas as suas técnicas são utilizadas rotineiramente. Afinal, é através da linguagem que estabelecemos a comunicação, e com a publicidade não poderia ser diferente. Todo este conteúdo lhe dará subsídios para desenvolver as habilidades necessárias para uma boa redação e uso da linguagem publicitária. Bons estudos a todos! Prof. Luís Augusto Zillmer Cardoso IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO ............................................................................1 TÓPICO 1 – LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA ...................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO ....................................................................................................3 3 LÍNGUA, FALA E CÓDIGO .................................................................................................................5 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................12 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................13 TÓPICO 2 – NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM .....................................................................15 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................15 2 NÍVEIS DE LINGUAGEM ..................................................................................................................15 3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM ............................................................................................................18 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................22 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................24 TÓPICO 3 – TEXTO E TIPOS DE TEXTOS ........................................................................................27 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................27 2 TEXTO E CARACTERÍSTICAS DO TEXTO ..................................................................................27 3 SENTIDO E PARTES DE UM TEXTO ..............................................................................................30 4 TIPOS DE TEXTO .................................................................................................................................32 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................36 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................38 TÓPICO 4 – DISCURSO E NOÇÕES DE ANÁLISE DE DISCURSO ..........................................411 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41 2 DISCURSO E PODER ..........................................................................................................................41 3 ENUNCIADO E LEIS DO DISCURSO ............................................................................................43 4 NOÇÕES DE ANÁLISE DE DISCURSO .........................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................48 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................50 TÓPICO 5 – ARGUMENTAÇÃO, RETÓRICA E DIALÉTICA ......................................................53 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53 2 CONCEITOS DE ARGUMENTAÇÃO, RETÓRICA E DIALÉTICA ..........................................53 3 TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO .........................................................................................................55 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................59 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................61 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................63 sumáRio VIII UNIDADE 2 – LINGUAGEM PUBLICITÁRIA .................................................................................65 TÓPICO 1 – LINGUAGEM E INFORMAÇÃO PUBLICITÁRIA ...................................................67 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................67 2 DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA .............................................67 3 EFICÁCIA DO ANÚNCIO PUBLICITÁRIO ..................................................................................72 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................77 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................78 TÓPICO 2 – EXPRESSIVIDADE E CRIAÇÃO DA MENSAGEM PUBLICITÁRIA ..................81 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81 2 A FUNÇÃO REPETIÇÃO E A EXPRESSIVIDADE NOS ANÚNCIOS .....................................81 3 TÉCNICAS DE CRIAÇÃO E ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS EM PUBLICIDADE ......................87 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................92 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................93 TÓPICO 3 – LINGUAGEM E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS .......................................................95 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................95 2 CRIAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS .....................................95 3 LINGUAGENS VERBAL E NÃO VERBAL NA PUBLICIDADE ................................................98 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................105 TÓPICO 4 – ESTRATÉGIAS DE MENSAGEM EM PUBLICIDADE..........................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107 2 PERSUASÃO, DISCURSO ARISTOTÉLICO E EMULAÇÃO ..................................................107 3 HIERARQUIA DAS NECESSIDADES E A REDE SEMÂNTICA ............................................115 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................119 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120 TÓPICO 5 – ETAPAS DO PROCESSO DE REDAÇÃO PUBLICITÁRIA ..................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 PEÇAS PUBLICITÁRIAS E TIPOS DE CAMPANHA EM PUBLICIDADE ...........................123 3 CONCEITO, LINHAS CRIATIVAS, APPROACH E RECURSOS MOTIVACIONAIS ........126 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................132 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................134 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................135 UNIDADE 3 – REDAÇÃO PUBLICITÁRIA NA PRÁTICA .........................................................137 TÓPICO 1 – A REDAÇÃO DE TÍTULOS PUBLICITÁRIOS NA MÍDIA IMPRESSA............139 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139 2 RELAÇÃO DO TÍTULO COM O TEMA E CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS PUBLICITÁRIOS .............................................................................................................139 3 CLASSIFICAÇÃO, TIPOS E TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE TÍTULOS PUBLICITÁRIOS ....... 145 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................156 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................157 TÓPICO 2 – ELABORAÇÃO DE TEXTOS PARA MEIOS IMPRESSOS ...................................159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 2 FUNÇÕES, CARACTERÍSTICAS E TIPOLOGIA DOS TEXTOS PUBLICITÁRIOS ..........159 3 ASPECTOS E FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA REDAÇÃO DE TEXTOS PUBLICITÁRIOS ...............................................................................................................166 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................176 IX TÓPICO 3 – SLOGAN E SUA FUNÇÃO PARA AS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS ..........179 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179 2 DEFINIÇÃO, HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS DOS SLOGANS.......................................179 3 TÉCNICAS DE CRIAÇÃO DE UM SLOGAN PUBLICITÁRIO ...............................................186 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................189 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................190 TÓPICO 4 – FORMAS E FUNÇÕES DA ASSINATURA EMANÚNCIOS IMPRESSOS ......193 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................193 2 DEFINIÇÃO E FUNÇÕES DE ASSINATURA E FORMAS DE ASSINAR OS ANÚNCIOS....... 193 3 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE NOMES E AS CONTRIBUIÇÕES DA PRODUÇÃO GRÁFICA ....................................................................................................................197 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................201 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................205 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................206 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................209 X 1 UNIDADE 1 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, deverá ser capaz de: • definir os termos essenciais que compõem a linguagem; • descrever os níveis e funções da linguagem; • identificar as características do texto e os tipos de texto; • explicar o conceito de discurso e as formas de análise de discurso; • distinguir retórica de argumentação e relacionar os tipos de argumentos. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA TÓPICO 2 – NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM TÓPICO 3 – TEXTO E TIPOS DE TEXTOS TÓPICO 4 – DISCURSO E NOÇÕES DE ANÁLISE DE DISCURSO TÓPICO 5 – ARGUMENTAÇÃO, RETÓRICA E DIALÉTICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA 1 INTRODUÇÃO Uma das capacidades inerentes ao ser humano reside na articulação de palavras, estruturando-as para se fazer entender e transmitir suas necessidades e intenções a seus semelhantes. Por essa razão, iniciaremos o tópico com as definições de linguagem e língua. Conheceremos a relação entre comunicação e linguagem e também os níveis de comunicação possíveis e necessários aos seres humanos. Prosseguiremos com a definição de sistema, os tipos de linguagem, o código, a língua e a fala. Abordaremos também a definição de Língua Portuguesa e de norma que adotamos para estruturar e organizar nossos pensamentos e sentimentos. Vamos começar? 2 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Se você tivesse que responder, de supetão, a seguinte questão: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Certamente você titubearia na resposta, afinal, esse questionamento costuma ser motivo de polêmica e existe muita divergência em relação à resposta exata. A mesma situação costuma ocorrer a respeito do surgimento da comunicação e da linguagem para os seres humanos. Não há consenso se foi a fala, os gestos ou uma combinação de grunhidos e gesticulação que iniciaram o processo de comunicação entre os seres humanos. Fato é que a comunicação e a linguagem são alguns dos elementos que nos diferenciam dos demais animais existentes sobre a face da Terra. Nossa capacidade de raciocínio, aliada à habilidade de pronunciar palavras, estruturar o pensamento e expressá-las, faz toda a diferença. Parece óbvio que, desde os primórdios, homens e mulheres tinham usado a linguagem para trocar informações, ou seja, para informar parentes e amigos sobre a localização do alimento ou sobre a aproximação de uma tribo inimiga. Informar parecia, portanto, ser a função primordial da linguagem (GUIMARÃES, 2012, p. 6). Na mesma linha de raciocínio, Santos (2011) ressalta que, em uma primeira fase, ainda crianças, utilizamos meios primitivos de atingir os nossos objetivos através do choro, do grito ou de gestos descontrolados. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 4 Depois dessa fase, aprendemos a conciliar melhor as diferentes formas de comunicação e a usá-las a nosso favor, pela persuasão e expressão de nossos sentimentos e vontades. Dessa forma, ela nos mostra que a comunicação faz parte de nossa essência. Vejamos: Por todas estas razões, tal como a linguagem, a comunicação faz parte da nossa definição como seres humanos. Dado que pertencemos à espécie Homo loquens, não somos capazes de não comunicar com os nossos semelhantes, como qualquer perspectiva das ciências sociais reconhece (SANTOS, 2011, p. 15). Essa capacidade de informar nos leva ao conceito de comunicação. Embora você já deva conhecê-lo, vamos revisá-lo para organizar o conhecimento, amarrar o raciocínio e torná-lo mais claro e de fácil entendimento. Segundo Terciotti e Macarenco (2009, p. 2), a “comunicação é o ato de compartilhar informações entre duas ou mais pessoas, com a finalidade de persuadir ou de obter um entendimento comum a respeito de um assunto ou de uma situação”. Podemos hierarquizar a comunicação em níveis que tratam das habilidades e sua abrangência. Nesse sentido, Torquato (2002) estabelece os seguintes níveis de comunicação: • Intrapessoal: é a capacidade do indivíduo operar a comunicação internamente em relação às suas condições pessoais (físicas e psicológicas). • Interpessoal: refere-se à comunicação entre dois interlocutores, caracterizada por ser direta, bilateral, recíproca e privada. • Grupal: abrange as reuniões entre grupos de pessoas. • Social: caracteriza-se pelo uso dos meios de comunicação de massa e pela distância entre o emissor e o receptor da mensagem. Lembre-se de que os cursos de comunicação e, principalmente a linguagem e a redação publicitária, estão voltados para o nível social. Por isso, necessitamos desse conteúdo básico de linguagem e comunicação antes de ingressarmos efetivamente nas técnicas da redação publicitária. NOTA Como consequência da comunicação, o homem desenvolveu a linguagem. A linguagem é uma forma de interação humana, explicam Nascimento, Assis e Oliveira (2016). Isso porque as pessoas socializam conhecimentos, influenciam, trocam, desejam e impõem suas vontades. TÓPICO 1 | LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA 5 Assim, obtemos de Tomasi e Medeiros (2009, p. 112) o conceito de linguagem: Em primeiro lugar, LINGUAGEM é um sistema de signos utilizados para estabelecer uma comunicação. A linguagem humana seria de todos os sistemas de signos o mais complexo. Seu aparecimento e desenvolvimento devem-se à necessidade de comunicação dos seres humanos. Fruto de aprendizagem social e reflexo da cultura de uma comunidade, o domínio da linguagem é relevante na inserção do indivíduo na sociedade. A linguagem, portanto, é uma característica específica dos seres humanos de se comunicarem por um sistema de signos. Para isso, utilizamos a linguagem verbal caracterizada pela fala e pela escrita das mensagens (TERCIOTTI; MACARENCO, 2009). Existe a comunicação não verbal, composta por gestos, postura, cores, vestuário e outros elementos. De acordo com Tomasi e Medeiros (2009), a comunicação não verbal tem sua relevância e maior dificuldade de interpretação porque seus signos não são universais. Além da comunicação verbal e não-verbal, Hoff e Gabrielli (2017) relacionam a comunicação plurissígnica, caracterizada por empregar simultaneamente um conjunto de signos verbais e não-verbais para transmitir uma mensagem. Note que, na definição de linguagem, os autores destacam que ela é um sistema de signos. Por sistema, Tomasi e Medeiros (2009) entendem uma organização que conduz a estrutura de uma língua. Já que nos referimos à língua, vamos defini-la na sequência do tópico para compreendermos o contexto em que se insere a Língua Portuguesa, e também a fala, e que precisam da base conceitual estudada até o momento. Vamos em frente!3 LÍNGUA, FALA E CÓDIGO Para se estabelecer a comunicação através da linguagem, precisamos entender que a comunicação possui um caráter processual que pressupõe a troca de informações em um contínuo ir e vir de mensagens. Nesse sentido, Hoff e Gabrielli (2017) demonstram a alternância de papéis constante entre os interlocutores que ora são os emissores das mensagens e ora são os receptores das mensagens. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 6 Portanto, no modelo comunicacional, temos: • Emissor (ou fonte) – quem emite a mensagem para a outra parte. • Codificação – o processo de transformar o pensamento em forma simbólica. • Mensagem – o conjunto de símbolos que o emissor transmite. • Canal (ou mídia) – os canais de comunicação através dos quais a mensagem passa do emissor ao receptor. • Decodificação – o processo pelo qual o receptor confere significado aos símbolos transmitidos pelo emissor. • Receptor – a parte que recebe a mensagem emitida pela outra parte. • Feedback – a parte da resposta do receptor que retorna ao emissor. • Ruído – distorção durante o processo de Comunicação, que resulta em uma mensagem chegando ao receptor diferentemente da forma como foi enviada pelo emissor. • Resposta – as reações do receptor após ter sido exposto à mensagem. Além do caráter processual da comunicação, Hoff e Gabrielli (2017) nos apontam outros dois aspectos que merecem destaque ao tratarmos da comunicação. O primeiro deles é o caráter social da comunicação, decorrente da interação entre os indivíduos. O segundo aspecto refere-se ao uso dos signos como matéria-prima da linguagem e da comunicação. O signo corresponde a tudo o que tem significado e, em especial, que permite dar sentido a um determinado código usado no processo de comunicação (HOFF; GABRIELLI, 2017). Podemos perceber, no processo descrito, a existência do código. Antes de definirmos exatamente código, precisamos caracterizar a língua e diferenciá-la da Língua Portuguesa que utilizamos para nos expressar no Brasil. De acordo com Tomasi e Medeiros (2009), a língua compõe-se de um código de comunicação, um sistema de signos e combinações. A língua é algo abstrato que dispõe de um sistema de sons e que permite estabelecer a fala. A fala, por outro lado, representa a concretização da língua. Em outras palavras, é através da fala que a língua (abstrata) ganha vida como resultado da necessidade de comunicação. O uso individual da língua denomina-se discurso, cujo tema trabalharemos um pouco mais adiante. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA 7 Ainda de acordo com Tomasi e Medeiros (2009), a língua falada antecede a escrita. Enquanto a língua é sistemática, tem certa regularidade, é potencial e coletiva, a fala é assistemática, possui variedade, é concreta, real e individual. Assim: “o falante, ao utilizar a língua (sistema) e sua fala, seleciona modelos de enunciação que são retirados da norma”, explicam Tomasi e Medeiros (2009, p. 114). Por isso, todas as mudanças que ocorrem na língua são antecedidas pela mudança na fala. Diante disso, podemos conceber a Língua Portuguesa como: [...] um sistema linguístico que abrange o conjunto de normas que se concretiza por meio dos atos individuais de fala. Ela é um dos sistemas linguísticos existentes dentro do conceito geral de língua. A Língua Portuguesa compreende variações diversas devidas a locais, fatores históricos e socioculturais que levam à criação de variados modos de usar a língua que se constituem normas (TOMASI; MEDEIROS, 2009, p. 114). A partir desse conceito, podemos estabelecer a função da Língua Portuguesa para a redação publicitária. Afinal, como nos diz Negri (2011), o redator publicitário deve ser um conhecedor das regras e normas gramaticais. A Língua Portuguesa é o seu instrumento de trabalho. Apesar de a linguagem publicitária recorrer em muitos casos a expressões da moda, realidades momentâneas e licenças poéticas (uso proposital da língua com a finalidade de expressar uma ideia), o redator deve dominar a Língua Portuguesa. Conforme Negri (2011, p. 42): Uma simples transgressão ou mesmo a completa subversão dos parâmetros normativos da Língua Portuguesa são alternativas previsíveis e, em certa medida, fazem parte da elaboração de textos em Redação Publicitária, a fim de que, em determinadas situações ou contextos, a mensagem coadune com o tipo de produto; se alinhe com o universo do público-alvo em questão; e até se equipare com o perfil do bem anunciado [...]. Entretanto, violar a norma não significa desconhecê-la ou desprezá-la. O redator de textos publicitários deve ser um conhecedor confiável das regras gramaticais da Língua, bem como de suas bases fundamentais, antes de tudo, por ser a palavra seu principal instrumento de trabalho. Também porque, uma vez conhecedor das bases, quando vier intencionalmente a praticar transgressões, elas se farão de maneira inteligente e levarão a resultados promissores, como efeitos interessantes de sentido, associações inesperadas, ambiguidades, trocadilhos, ecos, rimas, entre outros estratagemas pertinentes e necessários à funcionalidade da Redação Publicitária. Embora o Brasil adote a Língua Portuguesa como língua materna (nativa), existem diferenças linguísticas no seu uso de acordo com a localidade. Por exemplo, a palavra mandioca costuma ser usada como sinônimo de macaxeira (Norte e Nordeste do país) ou aipim (região Sul do país). UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 8 O Brasil possui um museu dedicado à memória e educação da Língua Portuguesa. O Museu da Língua Portuguesa Estação da Luz fica na cidade de São Paulo e oferece exposições permanentes e temporárias a respeito da nossa língua. Você também pode conhecer mais sobre o museu no site: http://museudalinguaportuguesa.org.br/. DICAS Poderíamos também recorrer a diversos outros exemplos de uso da língua, ou ainda a respeito das variações linguísticas ocorridas desde o período da colonização do país até os dias atuais. Porém, o que nos interessa saber é que usamos a mesma língua com diferenças na norma. A norma refere-se aos hábitos linguísticos adotados por uma determinada comunidade em um determinado local ou pode variar de acordo com a classe social a que o indivíduo pertence. Sendo assim, Tomasi e Medeiros (2009, p. 115) definem a norma: NORMA é um conjunto de regras que regulam as relações linguísticas. A norma sofre afrontas ou é contrariada devido a vários fatores: alterações devidas às classes sociais diferentes, alterações devidas aos vários indivíduos que utilizam a língua. Do ponto de vista da norma, toda transgressão à gramática constitui erro, que pode vir a alterar a norma ou a enfraquecê-la. Daí considerar-se a norma força conservadora da linguagem. A norma pode ser coletiva ou individual. Com base no sistema coletivo, o usuário procura fazer uma adaptação individual. A norma social considera o que é comum a uma comunidade (língua) e o que é comum a uma região (dialeto). Por essa razão, existe a norma-padrão. Ela refere-se à linguagem praticada pela classe social de prestígio ou culta (escolarizada). De acordo com Tomasi e Medeiros (2009), a norma-padrão é uma variante social que em nada tem de melhor em relação às demais, a não ser a sua importância dada pela classe social a que corresponde. Aqui no Brasil utilizamos o termo desajuizado ou abobado para aquele indivíduo meio bobo e sem juízo. Já os portugueses usam os termos abiscoitado ou pancada na mola para dizer a mesma coisa. Viu como a língua varia de acordo com a comunidade que a utiliza? INTERESSA NTE TÓPICO 1 | LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA 9 Em reconhecimento às variações existentes na forma de usar a língua, Santos (2011) entende que a variação linguística atende a princípios organizativos, nos quais nos preocupamos em preservar nossa imagem e relacionamento com nossos semelhantes através da língua. Nesse sentido, Santos (2011) classifica as variações linguísticasem três formas. São elas: • Diatópica: são as diferenças originadas pela região de origem das pessoas. Por exemplo: sacolé, dindim, geladinho ou aipim, mandioca e macaxeira. • Diastrática: são as diferenças resultantes dos diferentes graus de instrução. Por exemplo: freestyle ou carrinho usado pelos praticantes de skate. • Diafásica: são as diferenças resultantes da adequação do indivíduo a todas as situações comunicativas nas quais participa. Por exemplo: rolar no sentido de fazer alguma coisa (“o que é que rola hoje?”) ou “cê” como sinônimo de você. Como podemos perceber, a língua possui uma dinâmica e nem sempre respeita à norma-padrão. Por essa razão, muitos autores estabelecem níveis de linguagem para identificar o quanto uma determinada mensagem atende às exigências da norma-padrão. Isso será o tema do próximo tópico da unidade sobre linguagem e comunicação. Antes de encerrarmos, não esqueça de ler o texto a seguir (com um tema bastante polêmico) e nem de realizar as autoatividades para fixação do conteúdo. Você já deve ter ouvido falar do termo preconceito linguístico, utilizado para se referir à fala ou escrita que não obedece à norma-padrão da língua. Existe uma divergência de pontos de vista em relação às variações linguísticas e ao preconceito linguístico. Para que você possa conhecer um pouco mais sobre o tema e formar sua própria opinião, leia a entrevista preparada pelo Museu da Língua Portuguesa Estação da Luz. PRECONCEITO LINGUÍSTICO entrevista com Eduardo Calbucci A Língua Portuguesa é tema de muitas pesquisas e reflexões. No Museu, essa reflexão era feita de forma diferente: por meio de visitas monitoradas, os educadores estimulavam o visitante a pensar sobre o idioma e seu processo de transformação. Desde sua formação até os dias atuais, a Língua Portuguesa vem se modificando e dando origem a novas palavras, expressões e formas de se comunicar, o que mostra que ela é viva. Para entender alguns dos processos pelos quais o idioma passa, convidamos Eduardo Calbucci, mestre e doutor em Linguística pela FFLCH-USP, para uma entrevista. Eduardo foi curador da exposição “Menas – O Certo do Errado, O Errado do Certo”, do Museu da Língua Portuguesa. Confira o bate-papo na íntegra: IMPORTANT E UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 10 Museu da Língua Portuguesa: Eduardo, o que é preconceito linguístico? Eduardo Calbucci: Simplificadamente: é a tendência de desvalorizar uma determinada variedade linguística, normalmente usada por um grupo social que também é vítima de preconceito. O preconceito linguístico parte da ideia, equivocada, de que existem formas de usar o idioma que são, por natureza, superiores a outras. MLP: Você pode dizer como surge o preconceito linguístico e por que ele existe? EC: Parece-me que o preconceito linguístico é uma consequência dos preconceitos sociais, raciais e geográficos. Certos grupos, historicamente oprimidos, passam a ter suas formas de expressão condenadas por uma elite que ignora a importância da variação linguística para a riqueza do idioma. MLP: Embora a gente saiba da diversidade cultural do Brasil e seus falares, por que ainda persiste o estigma de certo X errado na fala? EC: Isso existe em todo lugar do mundo. Talvez as pessoas queiram que a língua seja mais lógica do que ela é de fato e, além disso, imaginam que, usando a linguagem supostamente “correta”, vão se comunicar de forma mais eficiente, o que é um equívoco. MLP: Com o fato de as gerações mais jovens serem mais tolerantes, você acha possível que o preconceito linguístico deixe de existir? EC: Espero que sim, embora seja um processo demorado. Creio que, com a diminuição dos demais preconceitos – sociais, raciais, geográficos, religiosos de gênero, de orientação sexual –, o preconceito linguístico também diminua. MLP: Como professor de Língua Portuguesa, como você analisa a influência da Internet na escrita e na fala dos jovens? EC: A maioria absoluta dos jovens sabe que a linguagem da internet serve para contextos específicos de comunicação. Confesso que não tenho percebido crianças e adolescentes com dificuldade de escrever em situações formais por causa do internetês. MLP: Como é estipulado o padrão culto do idioma? EC: Essa é uma discussão complicada. Esse padrão já foi definido pela obra dos grandes escritores ou pela erudição de alguns gramáticos. Hoje em dia, podemos fazer pesquisas de “corpus”, com levantamentos estatísticos que apontam quais são as construções mais usadas em contextos formais de comunicação. Por isso, a norma culta não é mais o que queremos que ela seja, mas o que ela efetivamente é. MLP: Por que o registro popular do idioma é importante? EC: Porque nenhum falante da língua usa os registros cultos a todo tempo. E mais que isso: porque as variedades populares têm uma riqueza, uma agilidade, uma criatividade que tornam o idioma cada vez mais vivo. MLP: Nem todas as palavras usadas no registro popular do idioma são dicionarizadas. Como um termo popular se torna oficial da Língua Portuguesa? EC: O uso determina isso. Por esse motivo, dicionários devem ser refeitos de tempos em tempos, para que possam incluir palavras novas. TÓPICO 1 | LINGUAGEM E LÍNGUA PORTUGUESA 11 MLP: Qual foi sua maior dificuldade como curador da exposição “Menas – O Certo do Errado, o Errado do Certo”, levando em consideração o fato de que o Museu da Língua Portuguesa recebe pessoas mais abertas e outras mais conservadoras? EC: Achamos que teríamos problemas com pessoas de perfil linguístico mais conservador, mas a verdade é que a exposição foi um imenso sucesso, sinal de que o público de não especialistas começa a se familiarizar com os conceitos de variação linguística. MLP: Como você interpreta a frase de Evanildo Bechara, usada por você e pelo professor Ataliba na exposição Menas: “Quero ser um poliglota em minha própria língua”? EC: Trata-se da necessidade de escolher a variedade linguística mais adequada a cada situação de comunicação. Essa capacidade é mais importante para a vida social do que o mero conhecimento do padrão culto da língua. FONTE: <http://museudalinguaportuguesa.org.br/preconceito-linguistico-uma-entrevista- com-eduardo-calbucci/>. Acesso em 26 set. 2019. 12 Neste tópico, você aprendeu que: • Desde os primórdios os seres humanos utilizam a linguagem para troca de informações. • A linguagem faz parte da natureza humana e isso nos diferencia dos demais animais. • Comunicação é o ato de compartilhar informações entre duas ou mais pessoas, com a finalidade de persuadir ou de obter um entendimento comum a respeito de um assunto. • A comunicação pode ser hierarquizada em quatro níveis: intra (interno), inter (entre), grupal e social. • A linguagem é um sistema de signos utilizados para estabelecer uma comunicação. • A linguagem pode ser verbal, não verbal e plurissígnica. • A comunicação se estabelece através de um processo composto por interlocutores, mensagem, canal, código, referente e ainda pode conter ruídos. • Outros aspectos importantes na comunicação são o seu caráter social e a utilização de signos como matéria-prima. • A língua compõe-se de um código de comunicação, um sistema de signos e combinações. • A Língua Portuguesa é um sistema linguístico que abrange o conjunto de normas que se concretiza por meio de atos individuais de fala. • O redator publicitário precisa dominar a Língua Portuguesa, pois ela é seu instrumento de trabalho. • Norma é um conjunto de regras que regulam as relações linguísticas. • A norma-padrão refere-se à linguagem praticada pela classe social de prestígio e culta. • As variações linguísticas podem ser classificadas em diatópica, diastrática e diafásica para explicar as diferenças no uso da norma e da língua. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 A linguagem é um sistema de signos utilizados para estabelecer uma comunicação. Ela refere-se à capacidade específica da espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais,que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica. A linguagem verbal é uma faculdade que o homem utiliza para exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais denominados língua. Esse sistema organiza os signos e estabelece regras para seu uso (TOMASI; MEDEIROS, 2009). Nesse sentido, pode-se definir um sistema como: a) ( ) É uma organização que rege a estrutura de uma língua. b) ( ) É um código que permite a comunicação, um sistema de signos e combinações. c) ( ) É um sistema linguístico que abrange o conjunto das normas que se concretiza dos atos individuais de fala. d) ( ) É a linguagem praticada pela classe social de prestígio que é identificada com a da chamada classe culta, escolarizada. e) ( ) É um conjunto de regras que regulam as relações linguísticas. 2 Considerando a diferença entre a Língua Portuguesa falada em Portugal e a falada no Brasil, destaca-se a existência de um extenso vocabulário com significado nos dois países. No Brasil, por exemplo, nos referimos a banheiro, enquanto em Portugal utiliza-se a expressão casa de banho. Outros exemplos são, respectivamente por definição no Brasil e em Portugal: bala = confeito; chiclete = pastilha elástica; goleiro = guarda-redes; ônibus = autocarro; trem = comboio; crianças = putos. Essas diferenças refletem o seguinte elemento: a) ( ) Funções da linguagem. b) ( ) Níveis de linguagem. c) ( ) Linguagem verbal. d) ( ) Sistema de comunicação. e) ( ) Norma-padrão. 3 A comunicação é o ato de compartilhar informações entre duas ou mais pessoas, com a finalidade de persuadir ou de obter um entendimento comum a respeito de um assunto ou de uma situação. Para que o ato comunicativo ocorra, são necessários alguns elementos estruturados em um processo. Nesse processo de comunicação, o ruído apresenta as seguintes características: a) ( ) Recebe, decodifica e interpreta a mensagem enviada pelo emissor. b) ( ) Converte a ideia ou a informação em mensagem, e esta em um código. c) ( ) É o meio pelo qual a mensagem é transmitida, e que serve de suporte físico à transmissão da mensagem. d) ( ) Interfere na comunicação, ocasionando perda da informação durante a transmissão da mensagem. e) ( ) Inclui o contexto no qual as mensagens são transmitidas e recebidas. AUTOATIVIDADE 14 4 De acordo com Torquato (2002), existem quatro níveis de análise de problemas da comunicação. Um deles diz respeito à capacidade de a pessoa operar (codificar/decodificar) internamente a comunicação, ou seja, as suas condições pessoais – físicas, psicológicas – determinam a eficácia do ato comunicativo. Defeitos/ruídos no sistema de codificação/decodificação (dificuldades e problemas de natureza sensorial), problemas de fala (afasia, gagueira), capacidade de entendimento e raciocínio (lógico, indutivo, dedutivo) fluidez de pensamento e expressão são situações que afetam a condição e a maximização do ato comunicativo. Essas características definem o seguinte nível de comunicação: a) ( ) Nível intrapessoal. b) ( ) Nível de massa. c) ( ) Nível interpessoal. d) ( ) Nível grupal. e) ( ) Nível coletivo. 15 TÓPICO 2 NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A partir do conhecimento básico e dos conceitos apresentados no tópico anterior, podemos examinar agora os níveis de linguagem e as funções da linguagem, e também a sua relação com a redação publicitária impressa. Para tanto, iniciaremos o tópico tratando dos níveis de linguagem. Eles referem-se ao uso das normas e à forma de utilizar a linguagem e suas variações linguísticas nas relações comunicacionais entre os indivíduos. Na sequência, estudaremos as funções da linguagem e como elas são utilizadas na comunicação. Também buscaremos demonstrar como essas funções estão presentes nos anúncios publicitários. Vamos continuar? 2 NÍVEIS DE LINGUAGEM Você já deve ter percebido como, em determinadas circunstâncias, você utiliza variantes da linguagem para se expressar ou se comunicar com alguém. Isso ocorre de acordo com o grupo social no qual você está inserido ou busca interagir em um determinado momento. Por exemplo, quando você se comunica com seu líder na empresa, provavelmente você usa um tratamento mais formal. Você deve preferir chamá- lo de senhor ou utiliza algum outro pronome de tratamento quando se refere a alguém em um cargo de destaque (Vossa Excelência etc.). Já ao conversar com seus colegas de faculdade ou amigos mais íntimos, deve ocorrer justamente o contrário. Nessas situações, você deve utilizar uma linguagem comum ou até mais coloquial. Por exemplo, quando você utiliza a expressão: “e aí, mano?”. A essas mudanças denominamos variantes da Língua Portuguesa ou, simplesmente, níveis de linguagem. De acordo com Tomasi e Medeiros (2009), essas variantes opõem-se uma a outra, como no caso da padrão versus a não padrão, podendo ocorrer entre elas uma intermediária. Assim, Tomasi e Medeiros (2009, p. 117) nos ensinam: UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 16 Nós, falantes e leitores, podemos perguntar-nos como a Língua Portuguesa, aparentemente uniforme, apresenta um conjunto de variações linguísticas. Essa resposta implica certo grau de complexidade. Basta observar certos quesitos ou variedades devidas ao falante (ou ao grupo em que está inserido): a idade, o sexo, a raça, a profissão, a posição social, o grau de escolaridade, o local em que mora na comunidade e a pessoa com quem fala. Há uma divisão, em sentido mais amplo, entre linguagem culta ou padrão e linguagem popular ou subpadrão. Analisando essa divisão, há concorrência entre esses termos. Se há uma linguagem culta, é de supor que a outra seja “inculta”. Essa, no entanto, não é uma nomenclatura muito adequada, pois é impróprio atribuir à linguagem defendida pela gramática normativa, que é apenas uma variante do Português, o nome de culta. Você recorda do que tratamos ao final do Tópico 1 sobre a variação linguística e a questão do preconceito linguístico? Pois é, essa questão das variantes da linguagem são uma continuação do tema e referem-se à diversidade de uso da língua decorrentes dos seguintes aspectos relacionados por Tomasi e Medeiros (2009, p. 119): • Sociológico: causadas por idade, sexo, profissão, nível de estudo, classe social, raça. • Geográfico: compreendem variações regionais. Indivíduos de diferentes regiões tendem a apresentar diversidade no uso da língua, particularmente com relação ao vocabulário e expressões idiomáticas. • Contextuais: envolvem assunto, tipo de interlocutor, lugar em que a comunicação ocorre, relações que unem interlocutores. Nesse sentido, Tomasi e Medeiros (2009) classificam os níveis de linguagem de acordo com o ponto de vista sociolinguístico. Considerando essa classificação, teremos os seguintes níveis de linguagem e suas características descritas na sequência. • Nível culto: corresponde à variante padrão, na qual a linguagem formal, vocabulário diversificado, sintaxe complexa e normas gramaticais predominam e regem a comunicação. Essa modalidade recorre à burocracia, à artificialidade, ao conservadorismo, à precisão e à impessoalidade para comunicar (TOMASI; MEDEIROS, 2009). É um recurso utilizado na literatura, entre os intelectuais ou diplomatas, por exemplo. • Nível técnico e científico: consiste no uso de uma linguagem apoiada na gramaticalidade para transmitir uma ideia precisa, neutra e com rigor de significado. Se aproxima muito do nível culto da linguagem e utiliza também um vocabulário específico para designar instrumentos de um ofício ou ciência e definir conceitos (TOMASI; MEDEIROS, 2009). Essa modalidade de nível é amplamente usada nos meios acadêmicos e científicos para publicações de artigos ou pesquisas. • Nível burocrático: advém do uso frequente de jargões e expressões excessivamente técnicas e na formalidade de tratamento. Além disso, também apresenta ausência de expressõescarregadas de espontaneidade ou de gírias. O nível burocrático segue de perto o padrão gramatical para demonstrar a importância do que se comunica, explicam Tomasi e Medeiros (2009). O nível TÓPICO 2 | NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM 17 burocrático costuma ser mais utilizado nas mensagens organizacionais como ofícios, comunicados, cartas-convite etc. • Nível profissional: consiste ainda em uma variação do nível culto em que os jargões técnicos são comuns sem a estética ou preocupações do nível culto (TOMASI; MEDEIROS, 2009). Compõe-se de um vocabulário específico relativo a uma determinada atividade. Por exemplo, os publicitários possuem um linguajar técnico específico da profissão e usam termos como jingle (anúncio de rádio cantado), conta (como sinônimo de cliente da agência), chamada (sinônimo de título) ou ainda brainstorm (como técnica de criação). Em geral as profissões possuem um linguajar próprio, tais como os utilizados pelos médicos, engenheiros, pilotos de avião e tantas outras atividades. • Nível comum: foge às formalidades e aos requintes gramaticais do nível culto da linguagem. Funciona como uma forma de dialeto social e fica no meio termo entre o nível padrão e não padrão da linguagem, definem Tomasi e Medeiros (2009). É o nível utilizado no cotidiano e muito usual pela publicidade para se adequar ao público-alvo de uma campanha, evitando uma linguagem compreensível apenas a doutores, mas sem admitir agressões constantes à gramática da Língua Portuguesa. Esse nível de linguagem também pode ser chamado de coloquial. • Nível popular: é uma variação da linguagem comum e informal e possui pouco prestígio se comparada com o nível culto. O nível popular consiste no uso espontâneo e descontraído, cuja função é tornar a comunicação clara e eficaz aos interlocutores. De acordo com Tomasi e Medeiros (2009), o nível popular distancia-se do padrão gramatical por possuir um vocabulário restrito, simplificação sintática das frases e ideias, repetições frequentes de termos, uso de gírias, frases feitas e redundâncias. • Nível vulgar: compreende uma variação do nível popular da linguagem e costuma ser utilizado pelas classes sociais de baixo nível de escolarização. Nesse nível de linguagem é comum o uso de palavrões e gírias, e costuma ser enquadrado como de nenhum valor nas situações sociais, explicam Tomasi e Medeiros (2009). Todas essas variantes da língua são admitidas e utilizadas em nossas relações sociais e de comunicação. No entanto, Tomasi e Medeiros (2009) ressaltam a necessidade de termos consciência da adequação dessas variantes às diversas situações comunicacionais e reforçam: Dino Preti, em artigo publicado em O Estado de S. Paulo, de 27-4- 1986, afirma que hoje “somos tão tolerantes com as transformações linguísticas, quanto com as morais: tudo vale, fazemos concessões às mais insólitas extravagâncias”. Para o professor citado, a agressão à linguagem culta e a crítica à gramática, bem como a valorização da linguagem popular, da gíria, do vocabulário grosseiro, são formas de agredir também a classe dominante, que, por suas condições econômicas, pode ter acesso à escola e à linguagem culta. A aquisição do domínio da linguagem culta justifica-se principalmente porque o acesso aos bens culturais escritos em geral se dá pela habilidade no uso desse nível de linguagem (TOMASI; MEDEIROS, 2009, p. 127). Isso nos leva à reflexão sobre os níveis e variantes da linguagem, suas críticas e ocasiões de uso. Mas também devemos levar em consideração as funções da linguagem, cuja temática será abordada na sequência. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 18 3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM Em todos os assuntos estudados até o momento temos buscado relações com a sua aplicação na redação publicitária. Afinal, é muito comum nos questionarmos a validade de aprender algo que, aparentemente, não mantém relação com o nosso interesse e objeto de estudo. Assim, buscamos demonstrar a necessidade de um redator publicitário conhecer as definições básicas de linguagem e Língua Portuguesa, pois são suas ferramentas de trabalho. Com relação à norma, demonstramos que a publicidade se apropria dela e utiliza suas variações. Nesse sentido, no tópico anterior, apresentamos as variações linguísticas. Sua relação com a redação publicitária reside em conhecermos suas características e as utilizarmos quando formos escrever anúncios ou textos para públicos que tenham determinadas particularidades. Essa relação se mantém também entre as funções da linguagem e a redação publicitária. Ela funciona como mais uma ferramenta de base para a escrita de qualquer natureza. De acordo com Negri (2011, p. 61) essa preocupação com as funções da linguagem na publicidade é importante porque: no caso de esse alguém vir a trabalhar diariamente e de perto com a linguagem, ser-lhe-á imperativo saber muito sobre os possíveis comportamentos (ou funções) que ela pode assumir no escopo de um texto, a fim de direcionar seus propósitos e escrever norteado por eles. Esse conhecimento prévio garante maior fluidez à escritura, melhor tessitura do texto, e é capaz de promover melhor organização do raciocínio do Emissor. Justificada sua relação com a redação publicitária, precisamos agora conhecer de fato quais são as funções da linguagem e suas características. Assim, Tomasi e Medeiros (2009) entendem que a linguagem deve ser examinada em toda a sua variedade de funções. Essas funções são formadas pela função expressiva, a apelativa e a representativa, acrescidas ainda das funções fática, metalinguística e poética. Essas funções focalizam um dos elementos do processo de comunicação (TOMASI; MEDEIROS, 2009). Em outras palavras, as funções da linguagem demonstram um determinado comportamento regente que a linguagem manifesta dentro de uma mensagem escrita, ensina Negri (2011). A função atua como a face nítida desse comportamento através da identificação de para qual objeto/elemento do processo de comunicação tende o texto (emissor, receptor, mensagem, meio). Cabe ressaltar, ainda, que em um texto podem ser utilizados não apenas uma função da linguagem, mas uma combinação delas. No entanto, esclarecem Tomasi e Medeiros (2009), sempre haverá uma das funções que sobressai entre as demais em um texto. TÓPICO 2 | NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM 19 Podemos estabelecer as funções da linguagem com base nos autores citados em seis tipos. São eles: • Função referencial: está centrada no referente e busca enfatizar o conteúdo de determinado assunto. Essa função valoriza a informação. Caracteriza-se pelo uso da terceira pessoa do singular (ele, ela), pelo uso de verbos impessoais, a voz passiva e por dados que expressam objetividade. O referente é o principal foco do texto desde o início até o final. A função referencial costuma ser muito utilizada pelos textos jornalísticos, as comunicações empresariais, manuais instrucionais ou de aparelhos e ainda boletins de ocorrência (TOMASI; MEDEIROS, 2009; NEGRI, 2011). Observe o exemplo apresentado por Negri (2011, p. 62) do uso da função referencial em um slogan publicitário: “existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras, existe Mastercard (slogan do cartão de crédito Mastercard/2002)”. • Função emotiva ou expressiva: está centrada no emissor da mensagem, ou seja, é ele falando de si mesmo ou de suas impressões e sentimentos. A linguagem utilizada nessa função ganha características de subjetividade por revelar emoções e atitudes. Como principal característica está o uso da primeira pessoa do singular ou do plural (eu, nós), uso de interjeições, exclamações, pronomes possessivos, adjetivação, advérbios de modo, pausas ou hesitações. Esses recursos revelam a subjetividade do texto que usa a função emotiva ou expressiva. O ponto de vista do emissor se sobrepõe ao fato relatado (TOMASI; MEDEIROS, 2009; NEGRI, 2011). Novamente encontramos em Negri (2011, p. 62) um exemplo do uso da função emotiva/expressivana publicidade: “Mc Donald’s. Amo muito tudo isso (slogan da cadeia de lanchonetes Mc Donald’s/2003)”. • Função conativa: está orientada para o destinatário ou receptor da mensagem. O conteúdo da mensagem é escrito para o receptor regente, que é priorizado no entendimento e na adesão de quem recebe o conteúdo. A função conativa exige que o texto chame a atenção de quem lê o texto. Entre as principais características da função conativa estão o uso dos vocativos, os imperativos, os pronomes tu, você ou vós, ou ainda o verbo dever ou outros verbos que buscam interagir e persuadir o destinatário da mensagem (TOMASI; MEDEIROS, 2009; NEGRI, 2011). Essa função costuma ser muito utilizada nas mensagens publicitárias. Como exemplo, temos o apresentado por Negri (2011, p. 62): “Você nasceu para voar. TAM (slogan da companhia de aviação TAM/2005)”. • Função fática: busca o contato psicológico com o interlocutor da mensagem para dar sentido que denota uma aproximação entre os interlocutores, uma simpatia ou mera cordialidade. Essa função funciona também para testar o canal, prolongar ou interromper uma comunicação. As principais características da função fática são a repetição de algumas expressões, sorrisos, apertos de mãos, inclinação do corpo e servem para solidificar ou reiterar contratos íntimos e pessoais de relacionamento, pontuar diálogos tautológicos e assuntos corriqueiros em geral (TOMASI; MEDEIROS, 2009; NEGRI, 2011). Quando usamos a interlocução “alô” ao telefone ou o “hum” entre a conversa, estamos utilizando a função fática da linguagem. Como exemplo de seu uso na publicidade, temos o apresentado por Negri (2011, p. 63): “Deu duro? Tome um Dreher. Desce macio e reanima! (slogan do Conhaque Dreher/2000)”. ATENCAO UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 20 • Função metalinguística: está centrada no código usado na mensagem e funciona como explicação ou definição do código utilizado pelo emissor. É um comportamento de linguagem muito utilizado em filmes para demonstrar os bastidores de uma produção, no qual o cinema fala sobre cinema. Ou, ainda, como forma de o efeito de sentido da linguagem que explica a outra linguagem. A própria língua é o objeto da mensagem (TOMASI; MEDEIROS, 2009; NEGRI, 2011). Como exemplo de uso comum da função metalinguística temos os verbetes em um dicionário, cuja palavras servem para explicar seu sentido e significado. Já na publicidade, Negri (2011, p. 64) nos mostra o seguinte exemplo: “Com tanto escândalo na mídia, pelo menos o intervalo tem que ser bom (título de um anúncio institucional da agência de Publicidade Leo Burnett Brasil)”. • Função poética ou estética: faz uso dos recursos no plano de expressão, ou seja, na forma de dizer as coisas, e recorre à beleza na escrita mais do que ao conteúdo em si. Isso costuma ser feito com base nas reiterações de sons ou ritmos das palavras para explorar as possibilidades estruturais da língua. Os vocábulos e palavras são escolhidos com cuidado, assim como a frase é estruturada de maneira a chamar a atenção e o encadeamento das ideias revela-se sofisticado ou incomum. Esses recursos enriquecem a estética da mensagem (TOMASI; MEDEIROS, 2009; NEGRI, 2011). A poesia se apoia muito na função poética, assim como a publicidade também costuma utilizá-la para resumir slogans. Como exemplo, Negri (2011, p. 65) nos mostra o seguinte: “Natura. Bem estar bem. (slogan da empresa de cosméticos Natura/2005)”. Assim como Tomasi e Medeiros (2009, p. 20) também apresentam o seguinte exemplo de uso na publicidade: “Amor aos pedaços (nome de loja de doces)”. As funções da linguagem reforçam a ideia de como nos expressamos de diferentes maneiras, com suas variações linguísticas e formas de estruturar as mensagens, a fim de alcançarmos os objetivos desejados em nossas comunicações. Tomasi e Medeiros (2009, p. 21) ressaltam as funções da linguagem nesse contexto: [...] Estas não são excludentes, mas organizam-se hierarquicamente como função predominante ou não. Não obstante sua contribuição, sua teoria ainda tem ainda caráter mecanicista, deixando de examinar adequadamente as relações sócio-históricas e ideológicas da comunicação, e não trata da reciprocidade na comunicação, que é característica da comunicação humana. Para complementar essa ideia e reforçar a relação das funções da linguagem para a publicidade, Negri (2011) afirma que elas servem como forma de enriquecimento para a produção verbal, uma vez que configura em recurso de fundo, indutor de boa condução redacional. Conforme os objetivos pretendidos pelo anunciante, o redator publicitário pode organizar uma mensagem para enfatizar uma única função de linguagem isoladamente ou mais funções em coexistência, diz Negri (2011). Além disso, as funções da linguagem dão respaldo para o direcionamento da concepção verbal escrita ou oral, o que proporciona uma melhor articulação do percurso textual, ensina Negri (2011). Isso pode ser visualizado no esquema seguinte. TÓPICO 2 | NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM 21 FIGURA 1 – ESQUEMA BÁSICO DA COMUNICAÇÃO PUBLICITÁRIA FONTE: Negri (2011, p. 64) Note como é importante esse conhecimento básico a respeito da linguagem e da Língua Portuguesa para a compreensão do contexto em que se insere a redação publicitária. Esses recursos servirão de base para a produção dos títulos, textos e slogans nos seus anúncios. Por essa razão, precisamos tratar das características do texto, seus tipos e formatos de desenvolvimento. Afinal, os anúncios precisam de argumentos que se estruturam em textos para convencer os consumidores do produto ou serviço. O texto será objeto de estudo do próximo tópico. Até lá! Aprimore seus conhecimentos sobre a função da linguagem na propaganda fazendo a leitura do texto disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/fragmentos/ article/view/1367/913. DICAS 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Usamos as variantes da linguagem para nos expressarmos de acordo com a situação. • Os níveis de linguagem representam as variantes da linguagem e opõem-se um ao outro, podendo ocorrer, entre eles, níveis intermediários. • A diversidade do uso da língua decorre de fatores sociológicos, geográficos e contextuais. • O nível culto corresponde à norma-padrão, caracterizado pela formalidade e sintaxe complexa. • O nível técnico e científico consiste no uso de uma linguagem neutra e objetiva. • O nível burocrático advém do uso de jargões e expressões técnicas e formais. • O nível profissional compreende o vocabulário específico de uma determinada atividade profissional. • O nível comum foge às formalidades e aos requintes gramaticais do nível culto da linguagem. • O nível popular consiste no uso espontâneo e descontraído para dar eficácia e clareza à mensagem. • O nível vulgar utiliza palavrões, gírias e se enquadra como de nenhum valor nas situações sociais. • Todos os níveis de linguagem são admitidos, mas devem obedecer à adequação da situação. • As funções da linguagem são usadas na publicidade, pois são ferramentas de uso do redator publicitário. • As funções da linguagem demonstram um determinado comportamento regente que a linguagem manifesta dentro de uma mensagem escrita. • A função referencial está centrada no referente para enfatizar o conteúdo da mensagem. • A função emotiva ou expressiva está centrada no emissor para transmitir suas impressões e sentimentos. 23 • A função conativa está centrada no receptor da mensagem. • A função fática busca o contato psicológico com o receptor a fim de buscar uma aproximação com o interlocutor. • A função metalinguística está centrada no código e funciona como explicação da própria linguagem. • A função poética ou estética faz uso dos recursos da expressividade para despertar o interesse pela leitura. • As funções da linguagem servem na publicidade como forma de enriquecer a produção verbal. 24 1 “Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeiravez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!” O texto anterior, extraído da obra de Eça de Queiroz Primo Basílio, de 1878, e cantada na música Amor I Love You, de autoria de Carlinhos Brown e Marisa Monte, utiliza primordialmente a seguinte função da linguagem: a) ( ) Função referencial. b) ( ) Função fática. c) ( ) Função emotiva. d) ( ) Função poética. e) ( ) Função conativa. 2 Leia a história a seguir: AUTOATIVIDADE FONTE: <https://www.vestmapamental.com.br/wp-content/uploads/2020/01/port1.png>. Acesso em: 14 jul. 2020. Considerando as variantes linguísticas, pode-se deduzir que a tirinha utiliza o seguinte nível de linguagem: a) ( ) Linguagem comum. b) ( ) Linguagem técnica. c) ( ) Linguagem vulgar. d) ( ) Linguagem culta. e) ( ) Linguagem burocrática. 25 3 Leia o anúncio a seguir: Com relação ao anúncio e às funções da linguagem, é CORRETO o que se afirma em: a) ( ) Há a predominância da função referencial no texto da propaganda. b) ( ) Pode-se observar a predominância da função conativa da linguagem. c) ( ) Primordialmente o texto utiliza a função fática por centrar no contato psicológico. d) ( ) A função metalinguística da linguagem se sobrepõe no texto apresentado. e) ( ) Utiliza os procedimentos do plano de expressão, ou seja, a função poética. 4 “A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações”. FONTE: DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Lestras, 1995. Predomina no texto a seguinte função da linguagem: a) ( ) Emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. b) ( ) Fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. c) ( ) Poética, porque o texto chama a atenção para os recursos da linguagem. d) ( ) Conativa, porque o trexto procura orientar comportamentos do leitor. e) ( ) Referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. FONTE: <http://www.bahiaja.com.br/include/foto.php?file=2010-03-17_n-22302_085625.jpg>. Acesso em 16 mar. 2020. 26 27 TÓPICO 3 TEXTO E TIPOS DE TEXTOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A linguagem, a língua e todos os recursos a ela pertinentes são utilizados nos processos comunicacionais e também na publicidade. Um outro elemento importante em nossa comunicação é o texto, também bastante utilizado na publicidade para argumentar sobre produtos e serviços. Por essa razão, começaremos o tópico com a definição de texto e suas características e funções. Prosseguiremos os estudos identificando as partes, sentidos e a interpretação de um texto, bem como as formas de desenvolvê-lo. O tópico continua com a apresentação dos tipos de textos e as respectivas características relacionadas a cada um deles. Afinal, como veremos mais adiante, esses tipos de textos são bastante utilizados na publicidade. Vamos em frente! 2 TEXTO E CARACTERÍSTICAS DO TEXTO Desde o início de nossa vida escolar somos incentivados a produzir textos com a finalidade de praticar a escrita e a nossa capacidade de argumentação. Essa atividade não se encerra ao concluirmos os estudos, afinal podemos usar a habilidade de escrever um texto de diversas maneiras. É o caso dos redatores publicitários, por exemplo, que precisam produzir textos ou desenvolver histórias para roteiros de televisão e rádio. Em muitas outras atividades, a produção textual também se faz presente, como é o caso de professores, jornalistas, advogados etc. Para começar, precisamos definir o termo “texto”. De acordo com Savioli e Fiorin (2011), o conceito de texto não é tão simples, mesmo para aquelas pessoas habituadas a empregar o vocábulo com frequência. Dessa forma, Savioli e Fiorin (2011, s.p.), definem texto: 28 UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO [...] num texto o sentido de cada parte é definido pela relação que mantém com as demais constituintes do todo; o sentido do todo não é mera soma das partes, mas é dado pelas múltiplas relações que se estabelecem entre elas [...]. Um texto é, pois, um todo organizado de sentido. Dizer que ele é organizado de sentido implica afirmar que o texto é um conjunto formado de partes solidárias, ou seja, que o sentido de uma depende das outras. Para deixar o conceito de texto mais claro, encontramos em Tomasi e Medeiros (2009) o uso da expressão “tecido verbal” para se referir ao conjunto de ideias entrelaçadas que compõem o todo de um texto. A tematização das referências atribui significado às unidades do texto. Nessa linha de raciocínio, Savioli e Fiorin (2011) reforçam que o significado de uma parte não é autônomo e depende das demais partes com as quais se relaciona. Também o texto não se compõe de uma soma de partes, mas da combinação geradora de sentidos entre todas as partes. Para isso, o texto precisa ser construído a partir de informações novas. Sem ter nada novo a se dizer, faltará a essência que forma um texto e a curiosidade do leitor não será instigada, pois não haverá qualquer elemento capaz de chamar a sua atenção (TOMASI; MEDEIROS, 2009). É importante também destacar que a noção de texto não se atribui apenas à linguagem verbal. Também devemos considerar como texto o cinema, o teatro, a fotografia, a coreografia etc., desde que exista entre eles uma relação de significados com o todo. Portanto: Texto é, pois, um conjunto de ideias hierarquizadas e articuladas, que dialogam entre si e que estão ligadas ao contexto extraverbal. Consideram- se também texto: a cinematografia, a dramaturgia, a coreografia, a pintura, a escultura, a arquitetura, ou seja, basta que haja um processo que engloba relações sintagmáticas de signos. Se falado ou escrito, forma um todo significado independente de sua extensão. É caracterizado por fatores de textualidade, como contextualização, coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade (TOMASI; MEDEIROS, 2009, p. 148). Note como, no conceito apresentado, temos vários outros que ajudam a entender o que é um texto, tais como coesão, coerência, intertextualidade e unidade. Nesse sentido, Savioli e Fiorin (2011) apresentam esses elementos como propriedades de um texto. A característica principal de um texto reside na sua coerência, pois as frases precisam estar relacionadas entre si. Da mesma forma, o sentido de uma frase depende do sentido das demais com as quais se relaciona. Além disso, as frases fazem parte de um contexto entre todas as demais. A frase serve de unidade para contextualizar a palavra nela inserida. Somente entendemos o todo porque a ideia geral, expressa em cada frase relacionada entre si, dá coerência, unidade e coesão ao texto (SAVIOLI; FIORIN, 2011). TÓPICO 3 | TEXTO E TIPOS DE TEXTOS 29 Podemos definir esses conceitos a partir de Tomasi e Medeiros (2009): • Unidade: refere-se ao foco do texto que transforma o assunto em um tema objeto do texto. • Contextualização: diz respeito ao encadeamento de informações e de ideias que situam o público-alvo quanto aos aspectos internos e externos do texto. • Coerência: trata da sequência capaz de dar sentido geral e lógico ao texto através da uniformidade e nexo entre as ideias apresentadas. • Coesão: apresenta a maneira como as palavras e as frases que compõem um texto encontram-se conectadas entre si em uma sequência linear, por meio da dependência de ordem gramatical. •Referência e tematização: diz respeito à necessidade de o autor informar ao leitor como tratará a referência ao assunto, iniciando por algo conhecido do receptor da mensagem. • Competência textual: trata da capacidade de o leitor perceber se algo falta no texto (início, meio e fim) e verificar se o texto é completo ou incompleto. Tudo isso nos leva a concordar com a afirmação de Savioli e Fiorin (2011) de que um texto é delimitado por dois brancos. Com isso, pretendemos afirmar que o espaço em branco antes e depois do texto permitem que possamos estabelecer o seu significado, sua coerência, sentido, unidade e coesão. Isso porque: O texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espaço. Esse sujeito, por pertencer a um grupo social num tempo e num espaço, expõe em seus textos ideias, os anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social. Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de que narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as concepções de um grupo social numa determinada época. Cada período histórico coloca para os homens certos problemas e os textos pronunciam-se sobre eles. Por exemplo, em nossa época, em que os recursos naturais do planeta correm o risco de esgotar-se, aparece o discurso ecologista que mostra a necessidade de preservar a natureza com vistas à manutenção da espécie humana (SAVIOLI; FIORIN, 2011, s.p.). Portanto, um texto somente tem sentido quando colocado em relação a outros textos. Mas para que possamos estabelecer essa relação de sentidos entre dois ou mais textos, precisamos entender como se forma o sentido e se constituem as partes de um texto. 30 UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 3 SENTIDO E PARTES DE UM TEXTO Conforme estudamos anteriormente, um texto mantém diálogo com outros textos. A leitura de um texto não deve ser feita apenas em fragmentos, mas devemos considerar o todo e o contexto em que ele se encaixa para que possamos compreender seu sentido. É nessa linha de raciocínio que Savioli e Fiorin (2011) defendem a necessidade de analisar a relação do texto com sua época, o que nos permite estudar as relações de um texto com outros, uma vez que as ideias de uma época só podem ser expressas por meio dos textos. Para entendermos como um texto dialoga com outros, podemos recorrer a um recurso linguístico que consiste em identificar as diferentes vozes no interior de um texto. Essas vozes podem ser a direta e a indireta, como nos explicam Tomasi e Medeiros (2009) e Savioli e Fiorin (2011): • Discurso direto: caracterizado por ser uma transcrição exata da fala das personagens, sem a participação do narrador do texto. É uma espécie de teatralização da fala dos outros. • Discurso indireto: caracterizado por ser uma intervenção do narrador no discurso ao utilizar as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens. As vozes direta e indireta presentes em um texto formam o que podemos denominar de heterogeneidade constitutiva. Isso significa que os textos possuem uma propriedade de serem constituídos a partir de outros textos. Como nos explicam Savioli e Fiorin (2011, s.p.): Um texto remete a duas concepções diferentes: aquela que ele defende e aquela em oposição à qual ele se constrói. Nele, ressoam duas vozes, dois pontos de vista. Sob as palavras de um discurso, há outras palavras, outro discurso, outro ponto de vista social. Para constituir sua concepção sobre um dado tema, o falante leva sempre em conta a de outro, que, de certa forma, está, pois, também presente no discurso construído. Essa heterogeneidade, isto é, esses dois pontos de vista, não está marcada no fio do discurso, as duas perspectivas em oposição não estão mostradas no interior do texto. Por esse motivo, podemos afirmar que não existe um texto neutro, livre de pontos de vista, sem uma intenção de quem pronuncia aquele texto. Como nos dizem Tomasi e Medeiros (2009, p. 174): “o leitor não pode atribuir a um texto o sentido que bem entender”. Para que a leitura de um texto tenha exatamente o significado pretendido pelo autor, Tomasi e Medeiros (2009) sugerem a divisão de um texto. Segundo eles, dividir um texto compreende separar um todo em vários pedaços, o que se torna importante na interpretação do texto. TÓPICO 3 | TEXTO E TIPOS DE TEXTOS 31 Podemos adotar vários critérios para dividir um texto e organizarmos suas ideias e sua interpretação. O melhor critério para isso dependerá do texto que temos em mãos. No entanto, Savioli e Fiorin (2011) e Tomasi e Medeiros (2009) sugerem quatro critérios mais comuns. São eles: • Divisão com base na oposição temporal: aquilo que é enunciado pode localizar-se em tempos distintos que servem para segmentar o texto em partes. Os tempos são atribuídos de acordo com os fatos narrados (antes x durante x depois) e os indicadores para isso são: formas verbais (presente, pretérito perfeito, futuro etc.), advérbios de tempo (agora, então, amanhã), adjuntos adverbiais (no dia 29 de setembro), estações do ano (primavera) ou datas específicas (em 2020). • Divisão com base na oposição espacial: os lugares distintos citados em um texto são usados para a divisão em partes e auxiliar na compreensão do todo do texto. É possível fazer essa segmentação com base nos locais indicados pelo autor pelo uso dos adjuntos adverbiais de lugar (aqui, lá, ali, na casa, no bairro X, na sala da casa) ou, ainda, pelos substantivos (Itália, terra santa). • Divisão com base na oposição entre vários personagens: as personagens de um texto assumem variados papéis e diferentes funções, e suas atitudes ajudam na compreensão do todo do texto. Em cada parte do texto predomina um certo personagem. • Divisão com base em oposições temáticas: é um critério aplicado, sobretudo, aos textos dissertativos, textos conceituais e textos abstratos, tomando como base as diferenças de temas e o confronto de ideias. Isso é feito por oposição ou confronto de ideias. Ao ler um texto, Tomasi e Medeiros (2009) recomendam ainda alguns cuidados: • nunca pegar um texto por pedaços aleatórios, sem critério; • observar as vozes presentes no texto em mãos; • cuidado com as palavras e seus significados; • estar ciente de que texto dissertativo é temático e atemporal; • ter atenção ao separar, dividir ou fragmentar um texto. Devemos sempre relembrar desses cuidados e redobrarmos a atenção na leitura de um texto. Isso se justifica porque os textos possuem um cálculo de sentido, cuja base são os elementos expressos no texto e estão situados no campo da coerência. De acordo com Tomasi e Medeiros (2009), para interpretarmos as relações coesivas que um texto sugere, é preciso efetuar cálculos quanto ao sentido dessas relações. Isso ocorre através da seleção das palavras ou seleção lexical (conjunto de palavras). Como todo texto possui uma intenção, uma forma de apresentar esse discurso (direta ou indireta), elementos que permitem dividi-lo em partes para identificar as ideias e uma seleção de palavras para dar sentido ao seu conteúdo, podemos dizer que nem todos os textos são iguais. De fato, os textos podem ser tipificados de acordo com a sua estrutura e forma de apresentação. É isso que iremos descobrir na sequência do tópico ao abordarmos os tipos de textos e suas respectivas características. 32 UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 4 TIPOS DE TEXTO A fim de atingir a intenção proposta pelo redator do texto, podemos identificar o tipo de texto. A tipologia reconhecida pela linguística refere-se a classificações de acordo com regras gramaticais e características apresentadas pelo texto. Ou seja, depende da estrutura do texto. Os tipos de textos referem-se ao conteúdo dos textos e ao formato adotado na sua elaboração. Eles não têm a pretensão de identificar as variações do texto ou o seu gênero textual. A função dos tipos de texto abrange a comunicação a partir das relações entre os elementos constitutivos. Isso significa dizer
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