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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA ALCIONE DA SILVA FELIX JENNYFER FEBRONIO BAYMA KARLA JANIELLY LUZ DOS SANTOS WERICA GODOE DOS SANTOS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS UTILIZADAS NO BRASIL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ALTAMIRA-PA 2021 ALCIONE DA SILVA FELIX JENNYFER FEBRONIO BAYMA KARLA JANIELLY LUZ DOS SANTOS WERICA GODOE DOS SANTOS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS UTILIZADAS NO BRASIL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Revisão de literatura apresentado como requisito para obtenção de aprovação na disciplina de Zootecnia Geral, no Curso de Engenharia Agronômica, na Universidade Federal do Pará. Professor Dr. º Salim Jacauna de Souza Junior ALTAMIRA-PA 2021 RESUMO As gramíneas e leguminosas são plantas diferentes entre si, enquanto a primeira pertence à família Poaceae e são monocotiledóneas, a segunda encontra-se na família Fabaceae e são dicotiledóneas, além disso, outras características as distinguem como a capacidade de fixação de nitrogênio da atmosfera pelas Fabaceae, que se beneficiam da presença de bactérias em suas raízes, essas leguminosas fornecem energia em forma de proteína. O material obtido foi estudado a partir da técnica de análise do conteúdo da temática. Neste contexto a proposta deste estudo bibliográfico concentra-se nas características que diferem as duas famílias e sua importância na produção, principalmente quando manejadas em consorcio, tendo como finalidade demonstrar um panorama de pesquisas relevantes sobre o assunto no país. Conclui-se, portanto, que o conhecimento desses diferentes aspectos morfológicos e fisiológicos entres as cultivares contribui para a realização adequada de manejo na área produtiva, visto que são fonte de alimento de grande importância para o desenvolvimento e reprodução de animais, bem como, para o ser humano. Palavras-chave: Forrageiras. Gramíneas. Leguminosas. Consorciação de culturas. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 5 2 METODOLOGIA ............................................................................................ 6 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 6 3.1 GRAMÍNEAS ........................................................................................... 6 3.1.1 Brachiaria.......................................................................................... 7 3.1.2 Panicum maximum ........................................................................... 8 3.2 LEGUMINOSAS ...................................................................................... 9 3.2.1 Soja-perene .................................................................................... 10 3.2.2 Amendoim Forrageiro ..................................................................... 11 4 CONSÓRCIO DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS ................................... 12 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 15 5 1 INTRODUÇÃO As leguminosas são plantas representadas pela família Fabaceae, taxonomicamente está alocada como a terceira maior família de angiospermas do mundo, somando 36 tribos, 727 gêneros e 19.325 espécies (LEWIS et al., 2005) e seus representantes possuem distribuição em praticamente todas as formações vegetais no planeta, com predominância endêmica da família nas regiões tropicais (LAVIN et al., 2004). No Brasil, a família é representada por 2.807 espécies, agrupadas em 222 gêneros, distribuídas abundantemente em quase todos os biomas e ecossistemas do país (BFG, 2015). A alta fixação de nitrogênio no solo com auxílio de bactérias do grupo Rhizobium é uma característica marcante na família Fabaceae se comparada a outras famílias de maneira geral (CORBY, 1981). Essa capacidade simbiótica entre plantas e bactérias fixadoras de nitrogênio é uma associação benéfica para ambas as partes, tendo em vista que, a bactérias usam a energia metabólica fotossintética da planta, enquanto esta se beneficia do nitrogênio fixado, melhorando sua capacidade metabólica, no qual, muitas vezes carece desse nutriente (CARVALHO, 1986). As leguminosas são plantas utilizadas para diversos fins, um deles é como complemento alimentar para diversos animais de pastoreio, devido ao déficit nutricional dos animais ruminantes, esse tipo de técnica se torna uma alternativa bem eficiente, uma vez que são usadas em consórcio com outras plantas e assim podem desenvolver papel fundamental no processo de nutrição animal (VALLE, 2011). A principal associação para as leguminosas são as gramíneas, que por sua vez pertencem à família Poaceae, estas se encontram em quase todos os continentes, possuem aproximadamente 40 tribos, 10.000,00 espécies alocadas em 611 gêneros, distribuídas em quase todos os continentes. No Brasil estão distribuídas em 25 tribos, 97 gêneros e 1.368 espécies (LONGHI-WAGNER, 2001) e sua principal representante para pasto é o Brachiarão (Brachiaria brizantha), e está presente em quase todos os estados da federação, sendo que na região do cerrado no Brasil se concentra a maior parte do seu plantio servindo de alimentação para os rebanhos bovinos que ali se localizam (SANO; BARCELLOS; BEZERRA, 1999). As gramíneas são plantas que possuem alta resistência a solos com baixa fertilidade e a climas tropicais. A exemplo, o Brachiarão se destaca por sua alta defesa contra patógenos e variação de temperatura e umidade, tanto quanto, baixos níveis 6 de fertilidade do solo, no entanto, tem baixo valor nutricional para os animais, necessitando de complemento nutricional (TAURA, 2018), nesse sentido o consórcio com as leguminosas se torna essencial para um melhor desenvolvimento dos rebanhos (VALLE, 2011). Tendo em vista o presente tema, o objetivo desta revisão bibliográfica, portanto, foi apresentar as características das principais espécies da família das gramíneas e leguminosas utilizadas no Brasil, bem como o consórcio entre ambos os grupos e seus benefícios na produção. 2 METODOLOGIA O presente trabalho trata-se de um estudo exploratório, realizado por meio de pesquisas de cunho bibliográfico que contemplam a temática das principais gramíneas e leguminosas utilizadas no Brasil e demais fatores associados. Realizou- se busca da literatura nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e portal de periódicos da CAPES, bem como em sites de conteúdo agronômico. Para tanto, selecionou-se artigos, livros, monografias, teses e dissertações que abordam aspectos relevantes voltados à origem, características botânicas, principais cultivares e técnica de manejo para consórcio das espécies. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 GRAMÍNEAS A família das gramíneas (Poaceae ou Gramínea) é uma das principais famílias na divisão Angiospermae e da classe Monocotiledônea. Essa denominação vem do embrião com um só cotilédone por ocasião da germinação. Nessa família estão as gramas (capins), possuem folhas lineares, flores nuas, e as inflorescências são espigas, panículas e racemos. O fruto é uma cariopse. O colmo das gramíneas, na maioria das espécies, é oco e é constituído de nós e entrenós, cada nó tem sua folha correspondente (FONTANELI, 2009) Os entrenós são cilíndricos e podem ser ocos, como ocorre em cereais de inverno, ou podem ser cheios, como ocorre em milho e em cana-de-açúcar. Dos nós do colmo, na axila das bainhas foliares, surgem brotos ou afilhos. A forma de 7 crescimento do colmo determinao hábito de crescimento de plantas. As folhas das gramíneas, em geral, possuem bainha, lígula e lâmina (FONTANELI, 2009) Nos últimos anos o elevado potencial de produção das pastagens tropicais tem sido ressaltado e, justificado pela disponibilidade de espécies forrageiras extremamente produtivas e adaptadas ao pastejo como é o caso dos capins dos gêneros Panicum, Brachiaria etc. (SILVA, 2014). Segundo o censo do IBGE do ano de 2017, a área de pastagens no Brasil possui cerca de 170 milhões de hectares, sendo que a Amazônia conta com aproximadamente 4.196.943 km² representando 49,03 % do território brasileiro. As áreas cultivadas são ocupadas principalmente por pastagens. Alguns dos principais representantes desse grupo presentes no Brasil são: Brachiaria, capim-andropógon, capim-búfalo, dentre outros que foram introduzidas no país para servirem de alimento para o gado. Contudo há também gramíneas de grande importância para a alimentação humana como, o arroz (Oryza sativa), trigo (Triticum aestivum), aveia (Avena sativa), milho (Zea mays), cana-de-açúcar (Saccharum officinale) dentre outras. 3.1.1 Brachiaria Figura 1 – Capim Brachiaria Fonte: Google Imagens As forrageiras do gênero Brachiaria destacam-se das demais por serem de fácil estabelecimento e manejo. Elas são superiores na produção e retenção hídrica de massa seca, e possuem resistência à Mahanarva fimbriolata (Cigarrinha das raízes). Cortes mais intensos e frequentes nas folhas, ocasionam aumento na renovação dos 8 tecidos, que se associa à maior eficiência de produção de forragem (MARCELINO et al., 2006; DA SILVA et al., 2019). O gênero Brachiaria é muito amplo, possui cerca de 80 espécies, na sua maioria de origem africana. No Brasil, o aumento de áreas cultivadas com espécies do gênero se deu a partir de 1970 (EMBRAPA, 2002). As braquiárias apresentam enraizamento nos nós, quando em contato com o solo, dando maior cobertura vegetal e protegendo contra erosão. Possuem lâminas foliares compridas, caule do tipo colmo com medula oca, contorno externo ovalado e côncavo em um dos lados. A bainha foliar de Brachiaria apresenta aspecto semicircular, onde as margens ficam parcialmente sobrepostas, envolvendo totalmente o caule. Como padrão entre as espécies da família Poaceae, as lâminas e bainhas foliares apresentam venação paralela e região central alargada (BRITO, 2002; EMBRAPA, 2002). 3.1.2 Panicum maximum A gramínea forrageira tropical, Panicum maximum, cujo germoplasma foi amplamente coletado na África, centro de origem, e é, portanto, representativo da variabilidade natural existente na espécie, está sendo avaliada no Brasil desde 1984 (SAVIDAN, 1990). Suas principais vantagens são: Elevado potencial de produção de forragem de alto valor nutritivo, normalmente maior que as espécies de Brachiaria; Fácil multiplicação por sementes e rápido estabelecimento da pastagem; Elevada flexibilidade para o manejo, suportando tanto o pastejo contínuo, quanto o rotacionado, embora esse último seja o mais recomendado, especialmente para situações de maior intensificação de uso do pasto; Resistência às cigarrinhas-das- pastagens dos gêneros Notozulia e Deois; Adaptação a solos de média fertilidade, mas com boa resposta ao aumento da fertilidade do solo por meio da adubação química, permitindo elevada produção animal a pasto, sendo boa opção forrageira para sistemas intensivos de produção (EMBRAPA, 2016). Apresentam crescimento cespitoso formando touceiras. Possuem folhas decumbentes, com 2 a 3 cm de largura, colmos levemente arroxeados, folhas e bainhas sem pilosidade ou cerosidade. O florescimento destas cultivares concentra- se em abril (nas regiões sudeste e centro-oeste), reduzindo drasticamente a produção de forragem. Adaptadas a solos de média a alta fertilidade e moderada tolerância a 9 solos mal drenados. Requerem precipitação acima de 800-900 mm (EMBRAPA, 2016). Apresentam acentuada estacionalidade de produção de forragem, com o rendimento na estação seca do ano representando apenas de 10-15% da produção anual de forragem. Contudo, apresenta razoável rebrotação após o corte na época seca do ano. Pela alta produção de forragem, essas cultivares podem ser utilizadas também para a produção de silagem. Não são recomendadas para fenação devido à presença de colmos mais grossos e suculentos. O capim-Tanzânia apresenta maior velocidade de estabelecimento e manejo um pouco mais fácil em relação ao capim- Mombaça, embora este último apresente potencial de produção de forragem 25% superior (EMBRAPA, 2016). Figura 2 - Panicum maximum cv. Tanzânia Fonte: Google Imagens 3.2 LEGUMINOSAS Na família Fabaceae estão presentes as leguminosas, espécie de grande importância econômica na produção de grãos, manejo do solo e produção de forragem para os ruminantes. As leguminosas destacam-se por formarem associações simbióticas com bactérias fixadoras de Nitrogênio, o que resulta no aporte de quantidades expressivas desse nutriente no sistema solo-planta (PERIN, 2003). Algumas espécies como, amendoim forrageiro (Arachis pintoi), (Crotalária ochroleuca), alfafa (Medicago sativa), soja perene (Glycine wightii Syn.Neonotonia wightii), lab-lab (Lablab purpureus), ervilha forrageira (Pisum arvense), mucuna preta 10 (Mucuna aterrima sin. Stizolobium aterrimum Piper & Tracy), mucuna anã (Mucuna pruriens), se destacam nesse grupo por serem utilizadas como alternativas em sistemas de manejo sustentáveis e elevarem os níveis proteicos na dieta animal (FONTANELI; PEREIRA, 2009).. São plantas da classe Dicotiledôneas, possuem variados tamanhos arbustivos e árvores com folhagens compostas. Possuem hábitos de hermafroditas em suas flores com bauplan de pentagrama (no geral), tetrâmeras ou trímeras, cálice persistente e coroa caduca. Seus frutos possuem forma de legume, o que confere o nome ao grupo (leguminosas), seus embriões possuem dois cotilédones, suas raízes são pivotantes com morfologia variada do caule: herbáceos, lenhosos, cilíndricos ou angulosos, porém nunca suculentos (FONTANELI; PEREIRA, 2009). 3.2.1 Soja-perene A Glycine wightii Syn.Neonotonia wightii (soja-perene) é uma planta herbácea da família Fabaceae, tem origem na África e possui raízes com eixo principal e muitas ramificações, um caule híspido e ramoso, folhas trifoliadas ou compostas; sua altura varia de acordo com as cultivares e as regiões de cultivo. Na inflorescência apresenta flores com órgãos masculinos e femininos dentro da cólera, de fecundação autógama da cor branca e roxa. A soja desenvolve vagens que podem conter de cinco a seis sementes, o legume é levemente arqueado, peludo, formado por duas valvas de um carpelo simples (NEPOMUCENO; FARIAS; NEUMAIER, 2008). Figura 3 – Soja Perene Fonte: Google Imagens Seu ciclo vegetativo é perene e de modo geral oscila entre 100 e 160 dias, sendo esse dividido em duas fases: (V) vegetativa e (R) reprodutiva que por sua vez apresentam subdivisões. São exigentes quanto a condições de clima e solo, uma vez que a leguminosa apresenta moderada tolerância a geadas, secas e fogo. Tem seu 11 melhor desenvolvimento em regiões de clima tropical e subtropical onde a temperatura oscila entre 20°C e 30°C. Não se adapta em solos com altas concentrações de alumínio e pouca drenagem (FARIAS; NEUMAIER; NEPOMUCENO, 2008). Por ter bom rendimento de forragem a soja é ótima para ser usada em consórcio com gramíneas, pois ela aumenta o teor de matéria orgânica, que favorece o desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio. A fixação do N contribui para a diminuição da contaminação do solo e das águas do lençol freático, reduzindo o uso de fertilizantes e diminuindo os gastos (HERLING; PEREIRA, 2016). A soja é ótima para a produção de feno e se implantada de maneira adequada, a leguminosa tambémoferece muitos benefícios principalmente na época de calor permitindo melhor balanço proteico na complementação da alimentação dos bovinos. Além disso, o farelo de soja tem grande importância zootécnica, por ser rico em concentrações de proteína é o suplemento mais indicado para atender a demanda nutricional animal e o desempenho no ganho de peso (CARBONE, 2018). Na extração do óleo, obtém-se a casca de soja, subproduto capaz de substituir grãos como milho e sorgo em rações para ruminantes. Além da proteína, os produtos da soja também fornecem energia, principalmente quando ela é utilizada em forma de grão integral (THIAGO; DA SILVA, 2003). 3.2.2 Amendoim Forrageiro O amendoim forrageiro tem se destacado devido seu alto valor nutritivo, boa persistência sob pastejo e ótima cobertura do solo. Apresenta excelentes características como forrageira, com destaque para o seu elevado valor nutritivo, e pode ser utilizado na alimentação de ruminantes (SANTOS, 2012). É uma herbácea perene, com crescimento rasteiro e hábito estolonífero. Têm fácil adaptação em solos de baixa a média fertilidade, e tolera solos ácidos. Possui porte baixo, entre 30-40 cm de altura; raiz pivotante que pode alcançar 1,6 m de profundidade. Hastes ramificadas, circulares, ligeiramente achatadas, com entrenós curtos e estolões de até 1,5 m de comprimento (LIMA, 2003). Figura 4 – Amendoim Forrageiro 12 Fonte: Google Imagens O amendoim forrageiro apresenta boa adaptação em associações com gramíneas. A leguminosa, além de ter alto valor nutritivo fornece nitrogênio ao sistema, diminuindo assim a necessidade de uso de fertilizantes. A planta também favorece na sustentabilidade de sistemas agrícolas e pecuários pois promove a melhor cobertura do solo, reduzindo a lixiviação de nutrientes dos pastos e contribui para a melhor distribuição da produção de forragem durante o ano (SANTOS, 2012). 4 CONSÓRCIO DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS A combinação de culturas de grãos e forrageiras cultivadas simultaneamente na mesma área é conhecida como cultivo consorciado (CASTAGNARA et al., 2014), essa associação é considerada como uma possibilidade rentável para intensificar os sistemas de produção pastoris, dentre os benefícios dessa cadeia produtiva têm-se a melhor qualidade do pasto; maior ganho de peso animal; economia nos gastos com adubação nitrogenada; recuperação de áreas degradadas; maior cobertura de solo e melhor proteção, além da garantia de um processo não poluente e ambientalmente correto (Barcellos et al., 2008). A escolha das espécies para esse sistema depende das condições edafoclimáticas do local, do objetivo final do consórcio, das características da cultura e/ou da preferência de forrageira pelos animais. Além disso, a consorciação entre gramíneas e leguminosas de clima temperado ocorre harmonicamente, devido a semelhança nas velocidades de crescimento e ciclos fotossintéticos das plantas. Com plantas de clima tropical, a consorciação é mais complexa devido às duas espécies serem divergentes. As gramíneas tropicais apresentam ciclo fotossintético C4 13 enquanto as leguminosas tropicais têm ciclo C3, essa diferença faz com que haja uma competição favorecendo as gramíneas (CARNEVALLI, 1997). Exemplos de consórcio de gramíneas e leguminosas encontrados na literatura: a) brachiaria consorciada com amendoim forrageiro (Arachis pintoi) e desmódio (Desmodium ovalifolium), os quais apresentam resultados satisfatórios em relação ao custo de produção, a sustentabilidade das pastagens e a produção de leite ou carne (BELLO 2019); A viabilidade dessa gramínea em conjunto com o milho também foi considerada viável para a recuperação de pastagens degradadas; Figura 5 - Consórcio de Brachiaria Decumbens com amendoim forrageiro Fonte: Maykel sales b) Panicum maximum cv. Tobiatã com Centrosema acutifolium, Pueraria phaseoloides e Desmodium ovalifolium, essa consorciação obteve resultados positivos em termos de rendimento de forragem, persistência e composição botânica, além do acréscimo significativo de teores de proteína bruta da gramínea e maior capacidade de fixação e transferência de N pelas leguminosas (CARVALHO; PIRES 2008); c) os estudo da sociedade de soja com gramíneas ainda é recente, porém já foram encontradas forrageiras compatíveis com essa leguminosa, como o capim- massai de pequeno porte e crescimento inicial lento; e o capim-Aruana, este apresentando características favoráveis em relação ao rendimento de grãos da soja, produção de forragem e percentagem de controle da forrageira, os quais são as variáveis mais importantes (MACHADO; NETO; COSTA 2009). 14 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista os aspectos mencionados, conclui-se que o estudo e conhecimento das características morfológicas e fisiológicas de cada cultura apresentada auxiliam para melhores resultados de produção e produtividade, assim como no equilíbrio da dieta do animal quando empregada a técnica de consórcio de gramíneas e leguminosas. Os gêneros Brachiaria e Panicum maximum foram apresentados como representantes das gramíneas por se adaptarem em vários ambientes e estarem presentes em diversas regiões do Brasil. Para representar as leguminosas, a soja-perene, que é bastante conhecida em todas as regiões e é utilizada para diversos fins alimentícios na produção animal. Outra leguminosa importante é o amendoim forrageiro por ser de fácil adaptação na associação com gramíneas e possuir alto valor nutritivo. Entender essas características ajuda na viabilização de técnicas de manejo conservacionistas, diminuindo o uso de insumos na produção através do equilíbrio nutricional oferecido por essa associação. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELLOS, Alexandre de Oliveira et al. Sustentabilidade da produção animal baseada em pastagens consorciadas e não emprego de leguminosas exclusivas, na forma de banco de proteína, nos trópicos brasileiros. Revista Brasileira de Zootecnia , v. 37, n. SPE, pág. 51-67, 2008. BELLO, LILIANE. 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