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Sopros Cardiacos na Criança

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PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• É achado comum durante o exame pediátrico de rotina, sendo a causa mais frequente de encaminhamento ao 
cardiologista → e em sua maior parte não significa doença cardíaca. 
• O sopro inocente (fisiológico) é bastante comum em crianças normais, e pode estar acentuado por quadro febril, 
anemia e, às vezes, por ansiedade 
• Na maioria das crianças, em algum momento da vida será observado um sopro → necessidade de identificar o sopro 
inocente pela história e exame clínico, tranquilizar a família e evitar encaminhamentos e exames desnecessários. 
o Mediante avaliação clínica bem-feita, é possível definir a normalidade ou não de um sopro em praticamente 
100% dos casos, sem exames complementares. 
• A avaliação do cardiologista pediátrico, ou do cardiologista com experiência no atendimento pediátrico, é necessária 
sempre que houver suspeita de cardiopatia 
o Cardiopatia pode estar presente em pcte assintomático, encaminhado pela descoberta ocasional do sopro 
▪ Importante fazer a propedêutica cardiológica completa quando há suspeita de defeito cardíaco. 
 
• Geralmente os sopros são detectados em consultas de rotina, ou durante atendimentos a problemas comuns 
• Febre e anemia podem originar um sopro → aconselhável exame clínico posterior para confirmar a presença 
• Quando o pediatra detecta sopro em paciente assintomático, é necessário considerar as possibilidades: 
o Sopro inocente 
o Existência de cardiopatia ainda não diagnosticada 
o Doença não cardíaca causando alteração da ausculta 
 
 Anamnese 
o Primeiros 3 meses de gestação → uso de medicamentos ou drogas, álcool, diabete materno, infecções 
o História do parto → peso e estatura ao nascer, uso de oxigênio, sopro descoberto no berçário 
o História de malformações extracardíacas 
o RN e lactentes → dificuldade para mamar e baixo ganho de peso, taquipneia, sudorese, irritabilidade 
o História de anemia, hipertireoidismo, outras doenças 
o Pré-escolares e adolescentes → cansaço aos exercícios, síncope, hipodesenvolvimento 
 
 Exame físico 
o Presença de malformações extracardíacas 
o Precórdio abaulado ou hiperdinâmico, à palpação 
o Cianose, palidez 
o Pulsos → diminuídos ou aumentados, diferença de palpação entre membros superiores e inferiores 
o PA → comparar pressão de membros superiores e inferiores 
o Sinais de insuficiência cardíaca → taquipneia, taquicardia, aumento hepático, edema 
o Intensidade do sopro, localização no tórax, localização no ciclo cardíaco, mudança da ausculta com a 
mudança de decúbito, sopro contínuo, ou diastólico 
o 2ª bulha → intensidade, desdobramento 
o Arritmia, ritmo de galope 
o Estalidos 
 
❖ O atendimento precisa ser realizado em ambiente silencioso e com a criança tranquila 
o Sopros suaves podem passar despercebidos quando a ausculta é realizada com a criança chorando 
• Crianças maiores devem ser examinadas em decúbito dorsal e depois sentadas ou de pé, para observar mudanças 
nas características do sopro → sopro inocente em geral diminui/desaparece com a mudança de decúbito. 
• Exame do tórax → abaulamento precordial sugere aumento cardíaco crônico, levando a um aumento no diâmetro 
anteroposterior da caixa torácica 
o Pectus carinatum ou pectus excavatum, podem associar-se a sopro funcional → pela posição do coração 
• Em crianças magras, o ictus cordis e impulsões cardíacas normalmente são visíveis 
 
PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
o Em cardiopatias com repercussão hemodinâmica, observa-se precórdio hiperdinâmico, com impulsões 
cardíacas visíveis e o ictus cordis desviado 
• Na palpação do tórax, a presença de frêmitos e bulhas palpáveis é sempre patológica. 
 
TIPOS DE SOPRO 
• Ao detectar sopro cardíaco no exame físico da criança, deve-se analisá-lo a fim de definir se é inocente ou patológico 
• Classificar o sopro quanto a posição no ciclo cardíaco e definir a característica desse sopro 
• Definir a localização do sopro nas áreas de ausculta cardíaca 
• Definir a intensidade do sopro, bem como se há ou não sua irradiação 
 
• É classificado em sistólico, diastólico ou contínuo conforme sua posição durante o ciclo cardíaco 
• Geralmente, os sopros sistólicos e contínuos são de fácil detecção clínica, e os sopros diastólicos são mais difíceis e 
exigem mais atenção à ausculta 
 
SOPRO SISTOLICO 
• Ocorre entre a 1ª e a 2ª bulhas cardíacas 
❖ Em ejeção → geralmente é mesossistólico e apresenta aspecto em “crescendo e descrescendo”. 
o Tanto a 1ª quanto a 2ª bulhas não são encobertas pelo sopro 
o Quando patológico, ocorre nas lesões obstrutivas ao fluxo de saída do ventrículo direito (p.ex., estenose 
pulmonar) ou esquerdo (p.ex., estenose aórtica). 
❖ Em regurgitação → em geral holossistólico, iniciando-se junto com a 1ª bulha e chegando até a 2ª bulha. 
o Geralmente ocorre nas regurgitações (insuficiência) das valvas mitral ou tricúspide e defeitos do septo 
ventricular (comunicação interventricular – CIV). 
 
SOPRO DIASTÓLICO 
• Ocorre entre a 2ª e a 1ª bulhas 
❖ Sopro diastólico em regurgitação → inicia logo após 2ª bulha, diminuindo intensidade até o meio/final da diástole 
o Ocorre nas regurgitações das valvas arteriais (aórtica ou pulmonar). 
❖ Sopro diastólico em ruflar → ocorre no final da diástole e tem baixa intensidade 
o Acontece nos quadros de estenose das valvas mitral ou tricúspide. 
❖ Sopro diastólico de enchimento ventricular → ocorre no início da diástole, e tem curta duração 
o Acontece em situações em que um grande volume sanguíneo passa através das valvas mitral ou tricúspide, 
apresentando estenose relativa dessas valvas 
▪ Comunicação interatrial (estenose relativa da valva tricúspide) ou CIV (estenose relativa da mitral) 
 
SOPRO CONTÍNUO 
• Tem característica única e ocorre de modo ininterrupto durante as 2 bulhas do ciclo cardíaco 
• Mas apresenta períodos de maior intensidade, alternados com períodos de menor intensidade 
o As bulhas geralmente ficam encobertas pelo sopro contínuo 
• Esse sopro é do tipo das comunicações entre as artérias sistêmicas → persistência do canal arterial principalmente 
 
• Após identificar o sopro, deve-se definir a sua localização no tórax e determinar a área de maior ausculta. 
• Por vezes, há relatos de sopros que estão presentes em todos os focos → chamados de “pancardíacos”. 
o Não ajuda muito pois geralmente sempre tem um “epicentro” 
• Localiza-se definindo o local de melhor ausculta → a partir disso, definir irradia ou não para outra área 
o Irradiação segue geralmente a direção do fluxo dentro do coração e artérias → importante p interpretação 
• Em algumas situações, há mais de um sopro → nesses casos, cada sopro deve ser descrito e analisado em separado. 
• Durante o EF, não se pode esquecer de auscultar todo o tórax, dorso, abdome e até a cabeça da criança 
o Pesquisar a presença de sopros que geralmente decorrem de fístulas arteriovenosas extracardíacas. 
 
 
 
PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• O sopro cardíaco é resultado do aumento da velocidade e maior tubulencia do fluxo sanguíneo 
• A intensidade reflete a magnitude da turbulência → que significa diferença de pressão entre 2 cavidades ou artérias 
o Diante de uma criança com estenose da valva pulmonar, quanto mais intenso o sopro sistólico na área 
pulmonar, mais grave a estenose → o gradiente de pressão entre o VD e a artéria pulmonar está muito alto 
o Quando há comunicação interventricular, quanto maior a intensidade do sopro sistólico na área tricúspide, 
maior o gradiente de pressão entre o VE e VD, e menor a CIV 
▪ Pois não houve aumento significativo da pressão do VD → fluxo que atravessa a CIV muito pequeno 
• A intensidade podeser classificada em graus 
o Graus I e II → sopros de fraca intensidade → grau I só é detectado por ausculta muito cuidadosa 
o Graus III e IV → sopros de intensidade moderada → grau IV apresenta frêmito palpável 
o Graus V e VI → intensos, vêm acompanhados de frêmitos → VI pode ser audível sem o estetoscópio 
• A intensidade do sopro também depende de outros fatores, como a espessura da parede torácica e a presença de 
alterações pulmonares que possam dificultar a detecção auditiva do sopro 
• Alteração da ausculta que ocorre na ausência de anormalidade anatômica ou funcional do sistema cardiovascular. 
• Ocorre em 50 a 70% das crianças, geralmente em idade escolar 
 Características: 
o Mais facilmente audíveis nos estados circulatórios hipercinéticos (febre, anemia) 
o Em geral sistólicos e raramente contínuos → nunca diastólicos 
o Têm curta duração e baixa intensidade (graus I a III) 
o Não se associam a frêmito ou ruídos acessórios (estalidos, cliques) 
o Localizam-se em uma área pequena e bem definida, sem irradiação 
o Bulhas são sempre normais 
o RX de tórax e ECG normais 
• Origem → na maioria das vezes é atribuída a fluxos turbulentos, originados em áreas de estreitamento na saída dos 
ventrículos esquerdo ou direito, ou em áreas de ramificações de artérias e a turbulência originada no retorno venoso 
o O fluxo turbulento provavelmente é mais audível na criança porque as vias de saída são proporcionalmente 
mais estreitas e as estruturas cardíacas ficam mais próximas da parede torácica (mais delgada) 
 
• Sopro inocente mais frequente, detectado em 75 a 85% das crianças em idade escolar → raramente em lactentes. 
• Mais bem detectado na borda esternal esquerda média ou entre a borda esternal baixa e o apêndice xifoide → em 
supina, e ocorre no começo da sístole 
o Tem características vibratórias, musicais, de baixa intensidade → nunca é rude 
 
PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
o Pode desaparecer com a pressão do aparelho sobre o tórax, e intensidade diminui com a posição ereta 
• Diagnóstico diferencial → CIV de pequeno diâmetro, miocardiopatia hipertrófica e estenose subaórtica discreta 
o Sopros de maior intensidade, não se alteram com a mudança de posição e podem estar associados a frêmito 
 
• Sopro sistólico no foco pulmonar → característica suave à ausculta, de baixa intensidade 
• Diminui de intensidade com a mudança de decúbito 
o A 2ª bulha é sempre normal 
• Diagnóstico diferencial → sopro sistólico da CIA ou estenose pulmonar 
 
• Mais frequente no RN → sopro sistólico, mais audível na região 
supraclavicular esquerda, suave, sem irradiação. 
• Causado pela transição do sangue do tronco pulmonar para os 
ramos, ainda pouco desenvolvidos 
 
• Sopro do tipo mesossistólico, que pode ser audível 
bilateralmente 
• Mais comum à direita, na região logo acima das clavículas 
o Tem baixa intensidade e não provoca frêmito. 
• Diagnóstico diferencial → estenose aórtica 
 
• Causado pelo turbilhonamento da entrada do sangue na 
confluência das veias jugular interna, inominada e subclávia 
direita com a veia cava superior. 
• Audível com a colocação do estetoscópio, suavemente, na região da veia jugular externa 
o Acentua-se com a criança sentada 
o É continuo → acentua-se na diástole e desaparece pela compressão da jugular 
 
• É o sopro causado por uma doença cardíaca 
• Nas cardiopatias congênitas acianóticas, o sopro tem características muito específicas em cada uma, podendo 
permitir o diagnóstico clínico com base exclusivamente nas características desse ruído 
o Isso não ocorre com as cardiopatias congênitas cianóticas, nas quais existem várias lesões associadas, 
dificultando a determinação da origem do sopro 
• Características dos sopros patológicos 
o Irradiação bem nítida e fixa para outras áreas 
o Associação com alterações dos ruídos cardíacos → bulhas, cliques e estalidos 
o Podem vir acompanhados de sintomas sugestivos de cardiopatia 
o Exames laboratoriais alterados (RX tórax, ECG, ecocardiograma) 
• A localização do sopro e a irradiação auxiliam no diagnóstico diferencial 
o Sopros holossistólicos de regurgitação sempre sinais de doença cardíaca → CIV, insuf. mitral ou tricúspide. 
▪ CIV → sopro sistólico mais audível entre o 3º e o 4º espaços intercostais esquerdos, irradiando-se 
em faixa para a direita. 
o Sopros de ejeção → características de crescendo-decrescendo, podem estar associados às estenoses de 
valvas aórtica ou pulmonar 
▪ A irradiação do sopro também é indicativo de cardiopatia 
• SSist de ejeção, nos focos da base, que se transmite p pescoço sugere sopro aórtico 
• Um que se transmite bem para a região dorsal sugere sopro pulmonar 
 
PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
❖ Um sopro sistólico no dorso pode ser causado por coarctação de aorta ou estenose de ramo de artéria pulmonar 
• O sopro sistólico associado à CIA tipo ostium secundum é um sopro mais audível em área pulmonar e é sempre 
acompanhado do desdobramento fixo da 2ª bulha 
• Sopros diastólicos decorrem de insuficiência aórtica ou pulmonar, estenose e alterações de fluxo nas valvas MT 
o Sopro da estenose mitral é mesotelediastólico e inicia-se após a abertura mitral, podendo acompanhar-se 
de um estalido de abertura → caracteristicamente de baixa frequência 
• Sopro contínuo em área pulmonar, com vários estalidos, sugere persistência de canal arterial → sopro contínuo no 
dorso é sugestivo de fístula arteriovenosa pulmonar 
• A 2ª bulha é muito importante na ausculta da criança. 
o Quando o desdobramento fisiológico da 2ª bulha desaparece, deve-se pensar em cardiopatia 
CONDUTA NA CRIANÇA COM SOPRO 
• O paciente com sopro cardíaco deve ser encaminhado ao especialista nas seguintes situações: 
o Sopros de intensidade acima do grau III/VI, que torna pouco provável o sopro inocente 
o Sopro holossistólico 
o Ocorrência isolada na diástole 
o Sopro contínuo 
o Presença de frêmito 
o Neonatos com sopro persistente após as primeiras horas de vida 
o Crianças com síndromes genéticas ou malformações extracardíacas 
o Criança c/ sintomas associados → déficit ponderal, infecções pulmonares de repetição, cansaço aos esforços 
o Presença de precórdio hiperdinâmico, arritmia ou alteração nos pulsos 
o Alteração na PA, ou pressão arterial diferente em membros superiores e inferiores 
o Cianose ou sinais de insuficiência cardíaca 
 
 
 
 
 
LITERATURA: 
- Tratado de Pediatria da SBP 4ª Ed. - 2017 
- MEDCURSO 2019 PEDI 
- MEDCEL

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