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Sopros na infância - HAM III

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Enízia Simões
3° período
Sopros na infância
- Sopro cardíaco, um achado comum durante o exame pediátrico de rotina, é
a causa mais frequente de encaminha-mento da criança ao cardiologista, e
em sua maior parte não significa doença cardíaca
AVALIAÇÃO CLÍNICA DO SOPROAVALIAÇÃO CLÍNICA DO SOPROAVALIAÇÃO CLÍNICA DO SOPRO
- Geralmente, os sopros são detectados em consultas de rotina, ou durante
atendimentos a problemas comuns.
- Febre e anemia podem originar um sopro, sendo aconselhável um exame
clínico posterior para confirmar a sua presença.
- Quando o pediatra detecta sopro cardíaco durante uma consulta de rotina
em paciente assintomático, é necessário considerar as seguintes possibilida-
des:
• sopro inocente;
• existência de uma cardiopatia ainda não diagnosticada;
• doença não cardíaca causando a alteração da ausculta.
Anmnese
• Primeiros 3 meses de gestação: uso de medicamentos ou drogas, álcool, di-
abete materno, infecções;
• história do parto: peso e estatura ao nascer, uso de oxigênio, sopro desco-
berto no berçário;
• Primeiros 3 meses de gestação: uso de medicamentos ou drogas, álcool, di-
abete materno, infecções;
• história do parto: peso e estatura ao nascer, uso de oxigênio, sopro desco-
berto no berçário;
Exame físico
• Presença de malformações extracardíacas;
• precórdio abaulado, ou hiperdinâmico, à palpação;
• cianose, palidez;
• pulsos: diminuídos ou aumentados, diferença de palpação entre membros
superiores e inferiores;
• pressão arterial: comparar a pressão de membros superiores e inferiores;
• sinais de insuficiência cardíaca: taquipneia, taquicardia, aumento hepático,
edema;
• intensidade do sopro, localização no tórax, localização no ciclo cardíaco, mu-
dança da ausculta com a mudança de decúbito, sopro contínuo, ou diastólico;
• 2a bulha: intensidade, desdobramento;
• arritmia, ritmo de galope;
• estalidos.
TIPOS DE SOPROTIPOS DE SOPROTIPOS DE SOPRO
- Ao se detectar um sopro cardíaco durante o exame físico de uma criança,
deve-se analisá-lo de uma forma sistematizada, procurando-se definir vários
aspectos.
- Após definir se há ou não sopro cardíaco, deve-se procurar responder os
seguintes pontos:
• classificar o sopro quanto a sua posição no ciclo cardíaco e definir a carac-
terística desse sopro;
• definir a localização do sopro nas áreas de ausculta cardíaca;
• definir a intensidade do sopro, bem como se há ou não sua irradiação.
Classificação do sopro no ciclo cardíaco e características do sopro
- O sopro cardíaco é classificado em sistólico, diastólico ou con-tínuo confor-
me sua posição durante o ciclo cardíaco: o sistólico ocorre entre a 1a e a 2a
bulhas cardíacas; o diastólico entre a 2a e a 1a bulhas; o sopro contínuo
ocorre ininterruptamente entre essas bulhas
- O sopro sistólicosopro sistólicosopro sistólico é classificado, quanto a sua característica, em ejeção e
em regurgitação. O sopro sistólico em ejeção geralmente é mesossistólicomesossistólicomesossistólico e
apresenta aspecto em “crescendo e descrescendo”. Nesse tipo de sopro,
tanto a 1a quanto a 2a bulhas não são encobertas pelo sopro. Quando patoló-
gico, ocorre nas lesões obstrutivas ao fluxo de saída do ventrículo direito
(p.ex., estenose pulmonar) ou esquerdo (p.ex., estenose aórtica). O sopro sis-
tólico em regurgitação é em geral holossistólicoholossistólicoholossistólico, iniciando-se junto com a 1a
bulha e chegando até a 2a bulha. Esse sopro geralmente ocorre nas regurgi-
tações (insuficiência) das valvas mitral ou tricúspide e nos defeitos do septo
ventricular (comunicação interventricular – CIV)
OBS: Sopro messosistolico é um sopro classico (representado no formato de
diamante)
Sopro holossistolico pega toda a sistole
- O sopro diastólicosopro diastólicosopro diastólico é classificado quanto a sua característi-ca em regurgita-
ção (ou aspiração), em ruflar e de enchimento ventricular. O sopro diastólico
em regurgitação inicia-se logo após a 2a bulha e vai diminuindo de intensidade
até o meio ou final da diástole
- O sopro contínuosopro contínuosopro contínuo tem característica única e ocorre de modo ininterrupto
durante o ciclo cardíaco, apresentando, entretan-to, períodos de maior in-
tensidade, alternados com períodos de menor intensidade. Esse sopro é do ti-
po das comunicações entre as artérias sistêmicas, sendo a persistência do
canal arterial o exemplo mais conhecido.
Enízia Simões
3° período
*Os sopros holossistólicos de regurgitação são sempre sinais de doença car-
díaca, podendo ser causados por CIV, insuficiência mitral ou tricúspide
*Os sopros diastólicos são sempre patológicos e decorrem
de insuficiência aórtica ou pulmonar, de estenose e de altera-ções de fluxo
nas valvas mitral e tricúspide. O sopro da esteno-se mitral é mesotelediastóli-
co e inicia-se após a abertura mi-tral, podendo acompanhar-se de um estali-
do de abertura. Esse sopro é caracteristicamente de baixa frequência, por
cau-sa do baixo gradiente envolvido nas pressões atrial e diastólica ventricu-
lar
*Um sopro contínuo em área pulmonar, com vários estali-dos, sugere persis-
tência de canal arterial, enquanto um sopro contínuo no dorso é sugestivo de
fístula arteriovenosa pul-monar.
Classificação do sopro conforme a localização
- Deve-se procurar definir a sua localização no tórax da criança e determi-
nar a área de maior ausculta.
- Há relatos de sopros que estão presentes em to-dos os focos e são cha-
mados de “pancardíacos”pancardíacos”pancardíacos”
Intensidade do sopro cardíaco
- O sopro cardíaco é resultado do aumento da velocidade de fluxo sanguíneo
e de maior turbulência desse fluxo. A intensidade do sopro cardíaco reflete a
magnitude dessa turbulência que, em outras palavras, significa uma diferen-
ça de pressão entre duas cavidades ou artérias.
- A intensidade do sopro pode ser descrita de forma subjetiva e classificada
em graus que variam de I a VI.
I e II são sopros de fraca intensidade, sendo que o grau I só é detectado
por meio de ausculta muito cuidadosa.
III e IV são sopros de intensidade moderada, sendo que o grau IV apre-
senta frêmito palpável.
V e VI são intensos, vêm acompanhados de frêmitos, sendo que o grau
VI pode ser audível mesmo sem o estetoscópio.
- Vale lembrar que a inten-sidade do sopro também depende de outros fato-
res, como a espessura da parede torácica e a presença de alterações pul-
monares que possam dificultar a detecção auditiva do sopro.
Sopro inocente
- O sopro cardíaco inocente é a alteração da ausculta que ocorre na ausên-
cia de anormalidade anatômica ou funcional do sistema cardiovascular.
- É um achado frequente, que ocorre em 50 a 70% das crianças, geralmen-
te em idade escolar.
- São características dos sopros inocentes:
• são mais facilmente audíveis nos estados circulatórios hipercinéticos (fe-
bre, anemia);
• são em geral sistólicos e raramente contínuos;
• nunca são diastólicos;
• têm curta duração e baixa intensidade (graus I a III);
• não se associam a frêmito ou ruídos acessórios (estalidos, cliques);
• localizam-se em uma área pequena e bem definida, sem irradiação;
• as bulhas são sempre normais;
• associam-se com radiografia de tórax e eletrocardiograma normais.
Sopro vibratório de Still
- É o sopro inocente mais frequente, detectado em 75 a 85% das crianças
em idade escolar, sendo raramente encontrado em lactentes
- Tem características vibratórias, musicais, de baixa intensidade, e nunca é
rude. Pode desaparecer com a pressão do aparelho sobre o tórax, e a inten-
sidade diminui com a posição ereta.
Sopro de ejeção pulmonar
- É um sopro sistólico no foco pulmonar, tem uma característica suave à
ausculta, de baixa intensidade.
- Diminui de intensida-de com a mudança de decúbito.
Sopro de ramos pulmonares
- Mais frequente no recém-nascido, é um sopro sistólico, mais audível na re-
gião supraclavicular esquerda, suave, sem irradiação.
- É causado pela transição do sangue do tronco pulmonar para os ramos,
ainda pouco desenvolvidos
Sopro supraclavicular
- Também muito comum em crianças, este é um sopro do tipo mesossistólico,
que pode ser audível bilateralmente,mais comum à direita, na região logo aci-
ma das clavículas
- Tem baixa intensidade e não provoca frêmito.
- O diagnóstico diferencial é com a estenose aórtica.
zumbido venoso
- Causado pelo turbilhonamento da entrada do sangue na confluência das vei-
as jugular interna, inominada e subclávia direita com a veia cava superior.
- É audível com a colocação do este-toscópio, suavemente, na região da veia
jugular externa, e acentua-se com a criança sentada.
- Tem característica contí-nua, acentuando-se na diástole, e desaparece pe-
la compressão da jugular.
Conduta na criança com sopro
O paciente pediátrico com sopro cardíaco deve ser encami-nhado ao
especialista nas seguintes situações:
• sopros de intensidade acima do grau III/VI, que torna pouco provável o so-
pro inocente;
• sopro holossistólico;
• ocorrência isolada na diástole;
• sopro contínuo;
• presença de frêmito;
• neonatos com sopro persistente após as primeiras horas de vida;
• crianças com síndromes genéticas ou malformações extracar-díacas, por
causa do risco aumentado de cardiopatia;
• crianças que apresentam sintomatologia associada, como déficit ponderal,
infecções pulmonares de repetição e cansaço aos esforços físicos;
• presença de precórdio hiperdinâmico, arritmia ou alteração nos pulsos;
• alteração na pressão arterial, ou pressão arterial diferente em membros
superiores e inferiores;
• cianose ou sinais de insuficiência cardíaca;
• dúvida diagnóstica.
Referências
BURNS et. al. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edi-
ção. Barueri, SP: Manole, 2017.

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