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05 Ética no Serviço Público

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 
 
 
 
 
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Ética no Serviço Público 
A questão da ética no serviço Público 
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na 
realidade o que devemos ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na vida pú-
blica em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual possamos em seguida julgar a atuação 
dos servidores públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não basta 
que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão seja ético, acima de tudo. 
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos dos servidores públicos advêm 
de sua própria natureza, ou seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da ética 
pública está diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes comparados ao que 
chamamos no Direito, de "Norma Fundamental", uma norma hipotética com premissas ideológicas e 
que deve reger tudo mais o que estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio 
social, aliás, podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da boa con-
duta, a boa-fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão 
na sociedade, lembrando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, "bem viver". 
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoalidade. Ao contrário do que muitos pen-
sam, o funcionalismo público e seus servidores devem primar pela questão da "impessoalidade", dei-
xando claro que o termo é sinônimo de "igualdade", esta sim é a questão chave e que eleva o serviço 
público a níveis tão ineficazes, não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e ex-
presso, "todos são iguais perante a lei". 
E também a idéia de impessoalidade, supõe uma distinção entre aquilo que é público e aquilo que é 
privada (no sentido do interesse pessoal), que gera, portanto, o grande conflito entre os interesses 
privados acima dos interesses públicos. 
Podemos verificar abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão, jornais e revis-
tas, que este é um dos principais problemas que cercam o setor público, afetando assim, a ética que 
deveria estar acima de seus interesses. 
Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de igualdade), sem falar de moralidade. Esta 
também é um dos principais valores que define a conduta ética, não só dos servidores públicos, mas 
de qualquer indivíduo. Invocando novamente o ordenamento jurídico podemos identificar que a falta 
de respeito ao padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do cidadão, comprome-
tendo inclusive, a existência dos valores dos bons costumes em uma sociedade. 
A falta de ética na Administração Pública encontra terreno fértil para se reproduzir, pois o comporta-
mento de autoridades públicas estão longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido 
à falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e especialmente, por falta de mecanismos de 
controle e responsabilização adequada dos atos anti-éticos. 
A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade nesta situação, pois não se mobilizam 
para exercer os seus direitos e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do Po-
der Público. Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, devido à falta de uma cultura 
cidadã, ou seja, a sociedade não exerce sua cidadania. 
A cidadania Segundo Milton Santos " é como uma lei", isto é, ela existe mas precisa ser descoberta, 
aprendida, utilizada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evolução surge 
quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando passa a ter direitos sociais. 
A luta por esses direitos garante um padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta re-
frear os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a cidadania deve se valer 
contra ele, e imperar através de cada pessoa. Porém Milton Santos questiona, se "há cidadão neste 
pais"? Pois para ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao longa da vida e tam-
bém da sociedade, conceitos morais que vão sendo contestados posteriormente com a formação de 
ideias de cada um, porém a maioria das pessoas não sabem se são ou não cidadãos. 
A educação seria o mais forte instrumento na formação de cidadão consciente para a construção de 
um futuro melhor. 
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No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem princípios éticos que convivem todos 
os dias com mandos e desmandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assimilar 
por este rol "cultural" de aproveitamento em benefício próprio. 
Se o Estado, que a princípio deve impor a ordem e o respeito como regra de conduta para uma socie-
dade civilizada, é o primeiro a evidenciar o ato imoral, veem esta realidade como uma razão, des-
culpa ou oportunidade para salvar-se, e, assim sendo, através dos usos de sua atribuição pública. 
A consciência ética, como a educação e a cultura são aprendidas pelo ser humano, assim, a ética na 
administração pública, pode e deve ser desenvolvida junto aos agentes públicos ocasionando assim, 
uma mudança na administração pública que deve ser sentida pelo contribuinte que dela se utiliza dia-
riamente, seja por meio da simplificação de procedimentos, isto é, a rapidez de respostas e qualidade 
dos serviços prestados, seja pela forma de agir e de contato entre o cidadão e os funcionários públi-
cos. 
A mudança que se deseja na Administração pública implica numa gradativa, mas necessária "trans-
formação cultura" dentro da estrutura organizacional da Administração Pública, isto é, uma reavalia-
ção e valorização das tradições, valores, hábitos, normas, etc, que nascem e se forma ao longo do 
tempo e que criam um determinado estilo de atuação no seio da organização. 
Moral 
Dentre os princípios da administração pública, a moralidade e o devido processo legal são a base que 
os sustentam, pois sem os mesmos não existiria a possibilidade de uma decisão imparcial dentro da 
esfera Jurídica. 
Eles estão dentro dos princípios gerais do direito Público e por isso são muito importantes para a ma-
nutenção desses direitos. 
Nosso país necessita que seus governantes e agentes públicos lembrem-se desses princípios e os 
usem, pois sem eles, continuaremos em um descaso social provocado por interesses externos e pro-
blemas culturais. 
Moralidade Pública Brasileira 
Dentro da administração pública brasileira existem desvios de conduta que, infelizmente, foram mol-
dados por uma cultura que eleva o “jeitinho brasileiro” a um patamar de adjetivo de perspicácia e inte-
ligência, onde na verdade é apenas uma maneira de burlar o sistema. 
Dentro da constituição brasileira temos que a moral é um dos princípios mais importantes na adminis-
tração pública, está prevista no artigo 37, “caput”, sendo pressuposto que todo ato administrativo é 
valido. 
Podemos observar que na verdade o princípio da moral na administração pública vem seguindo uma 
série de irregularidades ao longo do tempo, tendo em vista que alguns servidores públicos estão 
“passando a perna” no interesse público e desviando imensas quantidades de dinheiro para fins pes-
soais. 
O servidor público deve ter a consciência de que e sua atuação perante a sociedade deve ser mol-
dada pelos elementos éticos e morais. Os seus atos causam impacto na sociedade, pois estão direta-
mente ligados ao interesse público. 
A Carta Magna faz alusão, em alguns de seus trechos, a este princípio. Por exemplo, o art. 5º, LXXIII, 
onde mostra sobre a ação popular em caso de ato lesivo à moralidade administrativa, onde é assegu-
rada a razoável duração do processo e meios que garantam sua celeridade. Outro artigo que aborda 
esse tema é o art. 85, V, que mostra a probidade na administração como crime de responsabilidade 
do Presidenteda República. 
Princípios e Valores 
O serviço público está submetido ao regime de direito público, portanto, deve obediência aos princí-
pios de Direito Administrativo definidos, no texto constitucional, de forma expressa ou implícita. 
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Sendo assim, o Estado deve respeitar na prestação de serviço os princípios da legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Da mesma forma, deve atuar de forma a respeitar a 
razoabilidade e proporcionalidade, entre outros. Todavia, alguns princípios são definidos pela 
lei 8.987/95, que regulamenta a prestação dos serviços públicos, bem como a concessão de per-
missão feita a particulares. 
Princípio da generalidade: Também chamado princípio da universalidade. Dispõe que os serviços 
devem ser prestados com a maior amplitude possível, de forma a beneficiar o maior número possí-
vel de indivíduos. Mas também significa que os serviços devem ser prestados sem discriminação 
entre os beneficiários, quando tenham as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. 
Aplica-se assim, o princípio da isonomia, mais especificamente, da impessoalidade. 
Alguns autores, como Maria Sylvia Zanella Di Pietro, denominam esse modelo como princípio da 
igualdade dos usuários. Desde que a pessoa satisfaça as condições legais, ela faz jus à prestação 
do serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal. A Lei n. 8.987/95 prevê a possibilidade de 
serem estabelecidas tarifas diferenciadas em função das características técnicas e dos custos es-
pecíficos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuário. Exemplo disso é a isen-
ção de tarifas para idosos. 
Princípio da continuidade: A prestação de serviços públicos não deve sofrer interrupção, de 
forma a evitar colapsos nas múltiplas atividades particulares. A continuidade deve estimular o Es-
tado ao aperfeiçoamento e à extensão do serviço, recorrendo à tecnologia moderna de forma a 
adaptar-se a atividade às novas exigências sociais. 
De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da continuidade tem aplicação especial-
mente em relação a contratos administrativos e ao exercícios da função pública. No que concerne 
aos contratos, na imposição de prazos rigorosos aos contratantes; na aplicação da teoria da impre-
visão, para recompor o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e permitir continuidade do ser-
viço; na inaplicabilidade da exceptio non adimpleti contractus contra a Administração (que define 
para qualquer uma das partes contratantes o direito de suspender a execução do contrato em face 
do inadimplemento da outra parte); e no reconhecimento de privilégios para a Administração Pú-
blica (como o de encampação). 
Quanto à função pública, dentre outas hipóteses, constituem aplicação do princípio da continui-
dade, as normas que exigem permanência do servidor em serviço, quando pede exoneração, pelo 
prazo fixado em lei; os institutos da substituição, suplência e delegação; a proibição do direito de 
greve. 
Acerca da greve de agentes públicos, trata-se de discussão que tem por base o fato de que o movi-
mento paredista do servidor poderia interromper ou tornar inviável a execução dos serviços públi-
cos, haja a vista a necessidade de ausência dos servidores para adesão à greve, causando prejuí-
zos à sociedade, mais especificamente aos particulares que dependem das atividades paralisadas. 
Diferentemente dos servidores militares, que não têm direito à greve nem de sindicalização por ve-
dação constitucional definida no artigo 142, § 3º da CF/88, ao servidor público civil é garantido 
constitucionalmente o direito de greve e sindicalização (artigo 37, VII, CF/88) nos termos e condi-
ções estabelecidos em lei específica, além do direito à livre associação sindical. 
A matéria foi alvo de discussão, pois alguns doutrinadores consideram que este direito está dis-
posto na Constituição Federal de 1988, em norma de eficácia contida, ou seja, regra que admite 
aplicação direta, embora possa ser posteriormente regulada por lei que conterá seus efeitos. No 
entanto, outra parte da doutrina defende a ideia de que a greve dos servidores está posta em dis-
positivo constitucional de eficácia limitada, dependendo, neste sentido, de regulamentação constitu-
cional para o seu pleno exercício. 
Diante disso, o Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento de que o direito de greve é 
norma de eficácia limitada, ou seja: não obstante o servidor tenha a garantia definida na Constitui-
ção, o exercício do direito fica limitado à edição de lei específica que o regulamente e, enquanto 
não for editada a lei, o exercício da prerrogativa será impossível. Assim, diante da ausência de lei 
específica a tratar da matéria, o exercício do direito de greve do servidor fica prejudicado e os 
agentes estatais não podem realizar movimentos paredistas, a despeito da garantia constitucional. 
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Ocorre que a ausência de legislação, nestes casos, configura inconstitucionalidade por omissão, 
uma vez que a prerrogativa está disposta na Carta Magna e a falta de regulamentação impede a 
concretização do dispositivo. 
Nesta esteira, no que tange aos servidores civis, o STF determinou, ao julgar Mandado de Injunção 
referente à matéria, que, enquanto não houver lei específica a regulamentar a greve dos servido-
res, será utilizada a lei geral de greve (Lei 7.783/89) para o exercício deste direito. Tal entendi-
mento visa a garantir que a omissão legislativa não cause prejuízos a direito constitucional e vem 
sendo reiterado pela Suprema Corte. Todavia, deve-se entender que a não prestação do serviço 
público enseja a paralisação do pagamento da contraprestação, representada, in casu, pela remu-
neração devida aos agentes, sob pena de se configurar enriquecimento sem causa, em detrimento 
do dinheiro público. 
Além disso, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que, se o servidor exercer o direito de greve de 
forma lícita, embora não tenha direito à remuneração pelos dias parados, não deve sofrer o corte 
da remuneração durante o exercício deste direito, desde que o movimento paredista tenha sido rea-
lizado licitamente, sob pena de se considerar coerção indevida do poder público. Nestes casos, o 
servidor, ao terminar a greve, ficará sujeito à compensação pelos dias parados, sendo obrigado ao 
ressarcimento ao erário. 
Assim, o direito de greve do servidor configura uma exceção ao princípio da continuidade, uma vez 
que ensejará uma diminuição no ritmo dos serviços executados. Deverá ser exercido, respeitando 
os limites definidos na legislação pertinente, de modo a se evitar a paralisação total da atividade 
pública e o prejuízo aos usuários, indevida e inconstitucionalmente. 
Princípio da eficiência: Os serviços públicos devem ser prestados com a maior eficiência possí-
vel, em conexão com o princípio da continuidade. Para isso, o Estado deve atualizar-se mediante 
os avanços tecnológicos, de modo que a execução seja mais proveitosa e com menor dispêndio. 
Periodicamente deve ser feita uma avaliação sobre o proveito do serviço prestado, com o objetivo 
de adequar o serviço à demanda social. Em face da importância dessa adequação da Administra-
ção, a Emenda Constitucional nº 19/98 incluiu no artigo 37 na CF/88 o princípio da eficiência entre 
os já postulados para guiar os objetivos administrativos. 
Para Matheus Carvalho (2015), há o princípio da atualidade, que deriva deste princípio, haja vista o 
entendimento de que a evolução técnica visa à garantia de um serviço mais seguro e com melhores 
resultados. 
Princípio da modicidade: Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, avali-
ando-se o poder aquisitivo do usuário para que não deixe de ser beneficiário. Esse princípio traduz 
a ideia de que o lucro não é objetivo da função administrativa. 
De acordo com princípio da modicidade, as tarifas cobradas para os usuáriosdos serviços devem 
ser as mais baixas possíveis, a fim de manter a prestação do serviço à maior parte da coletividade, 
uma vez que a cobrança de valores exorbitantes limitaria a fruição a determinadas camadas da po-
pulação, excluindo as demais de atividades essenciais ao bem-estar. 
Alguns doutrinadores mais tradicionais chegavam a pregar a aplicação do princípio da gratuidade, 
não admitindo a cobrança de tarifas pela execução das atividades públicas, entendimento já supe-
rado pela doutrina moderna. 
Além desses princípios enumerados por José dos Santos Carvalho Filho (2009) com base na Lei 
nº. 8.987/95, o artigo 6º, § 1º da referida Lei, traz também o princípio da atualidade (já mencionado 
quando exposto o princípio da eficiência), da cortesia, da regularidade e da segurança. 
O princípio da cortesia refere-se ao dever do prestador de serviço público de ser cortês e educado 
em sua prestação ao tratar com o usuário. Para se considerar adequada a atividade estatal, deve-
se atentar para o bom trato com os particulares que usufruirão dos serviços executados. Já o prin-
cípio da regularidade estipula que a prestação do serviço deve observar as condições e horários 
adequados diante dos interesses da coletividade, sem atrasos ou intermitências. Em relação 
ao princípio da segurança, a prestação do serviço não pode colocar em risco a integridade dos usu-
ários ou a segurança da coletividade. 
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Ética e Democracia 
O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à ética, principalmente no cenário político 
que se revela a cada dia, porém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avançado. 
Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro caótico. Entre eles os principais são os 
golpes de estados – Golpe de 1930 e Golpe de 1964. 
Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e a democracia foi colocada de lado, tive-
mos a suspensão do ensino de filosofia e, conseqüentemente, de ética, nas escolas e universidades. 
Aliados a isso tivemos os direitos políticos do cidadão suspensos, a liberdade de expressão caçada e 
o medo da repressão. 
Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e autoritárias, nossos valores morais e soci-
ais foram se perdendo, levando a sociedade a uma “apatia” social, mantendo, assim, os valores que o 
Estado queria impor ao povo. 
Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em nosso país no que tange à aplicabilidade 
das leis e da ética no poder: os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais inves-
tigados e a polícia tem trabalhado com mais liberdade de atuação em prol da moralidade e do inte-
resse público, o que tem levado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de cometê-
los. 
Essa nova fase se deve principalmente à democracia implantada como regime político com a Consti-
tuição de 1988. 
Etimologicamente, o termo democracia vem do grego demokratía, em que demo significa povo e kra-
tía, poder. Logo, a definição de democracia é “poder do povo”. 
A democracia confere ao povo o poder de influenciar na administração do Estado. Por meio do voto, 
o povo é que determina quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se nesse con-
texto a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus dirigentes, quanto dos escolhidos, que de-
verão prestar contas de seus atos no poder. 
A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regulamentando e exigindo dos governantes o 
comportamento adequado à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e conferindo ao 
povo as noções e os valores necessários para o exercício de seus deveres e cobrança dos seus direi-
tos. 
E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela sociedade – que podemos perceber se 
os atos come-tidos pelos ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao interesse 
público. 
Ética E Função Pública 
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o exercício de determinada função. Res-
salta-se que essa função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse pú-
blico, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia Z. Di Pietro, função “é o conjunto de 
atribuições às quais não corresponde um cargo ou emprego”. 
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, além das normatizações vigentes nos 
órgão e entidades públicas que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes públicos, 
devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade impõe para o convívio em grupo. A não 
observação desses valores acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao público e aos 
usuários do serviço, o que contribui de forma significativa para uma imagem negativa do órgão e do 
serviço. 
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que o padrão ético dos servidores públi-
cos no exercício de sua função pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua 
relação com o público. 
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O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exercício de suas funções, mas 24 horas 
por dia durante toda a sua vida. O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida pri-
vada, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitucionalmente como princípios bá-
sicos e essenciais a uma vida equilibrada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento 
com os colegas e com os usuários do serviço. 
Os servidores públicos são profissionais que possuem um vínculo de trabalho profissional com ór-
gãos e entidades do governo. 
Dentro do setor público, todas as atividades do governo afetam a vida de um país. Por isso, é neces-
sário que os servidores apliquem os valores éticos para que os cidadãos possam acreditar na eficiência 
dos serviços públicos. 
Existem normas de conduta que norteiam o comportamento do servidor, dentre elas estão os códigos 
de ética municipais e o Código de Ética da Administração do Poder Executivo Federal. Assim, é 
missão deles serem leais aos princípios éticos e as leis acima das vantagens financeiras do cargo e ou 
qualquer outro interesse particular. 
Esses interesses podem ser os desvios de verbas públicas, políticos que se beneficiam de programas 
e situações para ganhar votos, produção de leis que vão contra os princípios da sociedade, corrupção, 
etc. 
As próprias leis possuem sanções e mecanismos que penalizam servidores públicos que agem em 
desacordo com suas atividades, um exemplo é a Lei de Improbidade Administrativa. 
Código de Ética dos Servidores Públicos 
Os códigos de ética tanto o federal, quanto os municipais, são um conjunto de normas que dizem 
respeito a conduta dos servidores dentro de seu serviço, além de penalidades a serem aplicadas pelo 
não cumprimento dessas normas. Ambos possuem uma Comissão de Ética responsável por julgar os 
casos referentes à ética no serviço público. 
Os códigos informam os princípios e deveres dos servidores públicos como decoro, zelo, dignidade, 
eficácia e honra, além de outras qualidades do servidor, suas obrigações que visam o bem estar da 
população, bem como as proibições e punições derivadas do serviço irregular de suas funções, que 
relembram os princípios fundamentais da administração pública. 
Código de Ética do Poder Executivo Federal 
O Código de Ética dos Servidores Públicos Civil do Poder Executivo Federal foi aprovado pelo de-
creto n° 1.171 de 22 de junho de 1994, destinado aos servidores públicos federais. 
A Comissão de Ética Pública é um colegiado, criado em 1999 e vinculado à Presidência da República, 
responsável por supervisionar e revisar as normas referentes a ética na Administração Pública do Poder 
Executivo Federal. 
Veja os Princípios Gerais do Serviço Público 
⇒ Os servidores públicos devem ser leais as suas Constituições, leis e princípios éticos acima dos 
interesses privados; 
⇒ Os servidores nãopoderão ter interesses financeiros que causem conflitos ao desempenho de sua 
atividade; 
⇒ Os servidores deverão usar de sigilo, não utilizando informações governamentais para seu próprio 
interesse. Além disso não poderão fazer promessas não autorizadas que comprometam o governo; 
⇒ Os servidores deverão ser honestos no cumprimento de suas funções; 
⇒ Os servidores não poderão aceitar presente ou item de valor de qualquer pessoa ou instituição em 
busca de benefícios, nem realizar atividades não reguladas ou permitidas pelo órgão do servidor; 
⇒ Os servidores não poderão usar seu cargo para ganhos privados; 
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⇒ Os servidores devem agir com imparcialidade e não devem dar tratamento diferenciado a nenhuma 
organização individual ou privada; 
⇒ Os servidores deverão proteger e conservar o patrimônio do Estado, não os utilizando para fins não 
autorizados; 
⇒ Os servidores deverão confessar fraudes, corrupção, desperdícios e abusos as autoridades respon-
sáveis. 
⇒ Os servidores deverão de boa fé satisfazer suas obrigações de cidadãos, incluindo obrigações finan-
ceiras; 
⇒ Os servidores deverão apoiar todos os regulamentos e leis que asseguram oportunidades iguais 
para todos; 
⇒ Os servidores deverão evitar toda a ação que crie a aparência de que estão violando as leis ou 
normas éticas. 
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