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A classe operária vai ao paraíso

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“A classe operária vai ao paraíso”, lançado em 1971, e dirigido por Elio Petri, se passa na Itália da década de 1970, e foca a sua análise na forma de produção exercida pelos trabalhadores nas fábricas de peças, e as consequências desse trabalho mecanizado e desumano. No filme se mostra o completo controle do trabalho dos operários de uma fábrica regida pelos princípios científicos da administração; técnicas de gestão desenvolvidas por Frederick Taylor entre fins do século XIX e o primeiro decênio do século passado. Assim, para embasar tal período, a história se dá em face do personagem principal Ludovico Massa, apelidado de Lulu e chamado pelos seus companheiros de trabalho de Massa. Se faz uma análise da vida dele de operário e dos seus movimentos repetitivos, da forma que pode ser considerado um escravo do sistema.
Pelo filme, vemos que a realização do trabalho é fixada por um tempo mínimo, rigidamente cronometrado pelos encarregados da supervisão da produção da forma que se torna padrão em toda a unidade. É ainda o protagonista que desempenha a tarefa de determinar a produtividade do trabalho dos companheiros em todos os setores de fabricação de peças. Ele é o operário de maior desempenho e esforça-se para isso, recebendo sempre prêmios de produtividade. Entretanto, esse estímulo da produção por premiação, em sincronia com à rígida exigência da produtividade mínima, exige toda a atenção e esforço do operário, enfraquecendo a sua saúde. Se mostra também não só a degradação da saúde daquele trabalhador, mas de vários outros no interior da fábrica. 
O trabalho executado não é apenas rotineiro, mas é exaustivo; está restrito a poucos movimentos elementares na fabricação de cada peça que são repetidos ao longo de oito horas de atividade. Isso leva o personagem Lulu a dizer a um dos trabalhadores sob sua orientação que "este trabalho pode ser feito até por um macaco". Portanto, o aprendiz também pode realizá-lo, até porque o operário torna-se uma extensão da própria máquina, parte da engrenagem que submetido a sua mecânica a faz funcionar e produzir.
Apesar dessas condições de emprego, o conjunto dos operários não é contrário ao sistema de trabalho por produtividade, pois se ganha pelo acréscimo produzido. A premiação por produtividade permite que os trabalhadores passem a ter acesso a bens de consumo que não podem obter com uma remuneração fixa, daí o próprio título do filme. Por isso, a mobilização operária encenada mostra a luta pela regularização da produtividade dentro de parâmetros que consideram razoáveis para aquela correlação de forças no interior da fábrica.
 O filme termina com os operários conquistando melhores condições de produtividade e a readmissão do protagonista que havia sido demitido por insuflar o conjunto dos operários pela abolição da própria produtividade. Ao final, eles estão novamente na fábrica, mas agora numa linha de montagem controlada por uma esteira. Nestas condições, o tempo de todos deve estar rigidamente cronometrado. Caso contrário, toda a linha de produção entra em colapso. Assim, intensifica-se o caráter coletivo do trabalho na unidade fabril, como também o controle sobre o tempo de trabalho. Além disso, o operário torna-se mais especializado numa função, intensificando a sua sujeição à máquina.

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