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resumo do livro sociologia geral

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O objetivo do presente capítulo é exercitar um pouco nossa perspectiva sociológica, tentando entender alguns aspectos da sociedade moderna. Procederemos a essa análise com base na ótica das transformações no mundo do trabalho. Poderíamos escolher qualquer outro elemento da vida social para fazer essa análise, mas a opção pelo tema “trabalho” se deve ao fato de já termos estudado um pouco sobre ele nos capítulos anteriores e, assim, já termos algum conhecimento a respeito do assunto.
No capitulo 1, que tratava do surgimento da sociologia, foi possível perceber como as mudanças no mundo do trabalho, provocadas pela Revolução Industrial de fins do século XVIII, deram uma nova dinâmica à sociedade. No capítulo 3, com o estudo da obra de Karl Marx, tomamos contato com uma análise que privilegia o trabalho na organização da sociedade. De certa forma, neste capítulo, retomaremos e aprofundaremos um pouco mais a discussão.
Esse aprofundamento permitirá que você entenda melhor nossa sociedade sob a ótica da sociologia. A discussão a respeito das mudanças no trabalho também dará início a uma abordagem relativa à globalização, tão presente em nossa vida cotidiana. 
Iniciemos então o capítulo retomando alguns elementos referentes à discussão sobre o surgimento das fábricas.
O trabalho na fábrica
O surgimento do sistema de fábricas trouxe toda uma nova organização do trabalho e, consequentemente, da vida social(Thompson, 1991; Decca, 1993). Como vimos, os artesãos saíram das suas oficinas, perderam sua autonomia, não eram mais donos do que produziam, foram expropriados de seus saberes e de suas ferramentas (Marx, 1968). Do controle que tinham sobre o trabalho e sobre o que produziam, passaram a ser controlados no trabalho,
A criação do sistema de fábricas retirou o mestre e seus ajudantes da oficina artesanal, retirou as pessoas da pequena indústria doméstica, colocando-as em um local de trabalho específico e informou-lhes que teriam de trabalhar durante um tempo específico, (Huberman, 1986; Gorz, 2003).
O conhecimento e a habilidade do mestre artesão no chamado sistema de corporações exprimiam, além do domínio dastécnicas de produção, o controle sobre o processo de trabalho. O ofício do ferreiro, do carpinteiro, do cuteleiro*, era antes de tudo uma inteligência manual impossível de ser formalizada e por isso não podia ser executado ou transmitido por quem não detivesse esse conhecimento (Lessa, 2002). No sistema de corporações de ofício, e mesmo em determinadas formas de trabalho modernas em que o trabalhador, e não a empresa, detém o saber sobre o trabalho, a produtividade depende de qualidades e características não formalizáveis dos trabalhadores e por isso não mensuráveis e não controláveis.
Com o surgimento do capitalismo, que tem por objetivo a acumulação, a produção não poderia repousar sobre motivações de indivíduos que detinham o saber-fazer de determinadas atividades e que poderiam produzir mais ou menos rápidoou mais ou menos bem de acordo com a sua vontade. Era necessário controlar a produção para alcançar o objetivo (Gorz,2003). Dessa forma, o sistema de fábricas foi concebido mais por necessidades organizativas do que técnicas, inaugurando historiador Huberman (1986, p. 178), que mostra como alguns tipos de conduta e comportamento eram penalizados com o pagamento de multas pelos trabalhadores: Tal “regulamento” na oficina do artesão era inconcebível, mas na fábrica era assim que as coisas funcionavam. Sair de sua casa e de sua oficina e trabalhar quatorze, dezesseis horas numa fábrica sob as ordens e a disciplina fabris representou um novo quadro para o trabalhador. A imposição de horas regulares de trabalho contrastou com o ritmo autoimposto das situações anteriores, quando a atividade produtiva era marcada por interrupções, meio-expediente, feriados e dias santos.
A fábrica passou a ser o novo local de trabalho. A separação entre a casa e o local de trabalho foi fator de grande importância no processo de racionalização do trabalho, pois deu a este certa independência das outras atividades (Weber, 1999). Além de figurar como local onde o trabalho se dava com outro ritmo, a fábrica constituiu-se em um universo - imaginário e real em que se produziam novas relações sociais e onde se dava uma tal, um local de apropriação do saber e de dominação social. O mestre artesão, que na sua oficina dominava todo o processo de fabricação do produto, foi, pouco a pouco, no sistema de fábricas, perdendo o domínio do processo de trabalho.
O trabalho, que antes era executado do começo ao fim por um só artesão, foi dividido na fábrica. Vários trabalhadores passaram a executar parcelas de um mesmo processo de trabalho.
O trabalhador transformou-se no que Marx (1968) chama de trabalhador parcial. É como se a divisão do trabalho passasse também a dividir o trabalhador. Antes do sistema de fábricas, os trabalhadores eram mestres. Eram os mestres carpinteiros cuteleiros, ourives, sapateiros. Na fábrica eles deixaram de ser mestres e passaram a ser trabalhadores assalariados, executando apenas uma parcela do trabalho. Por isso, Marx (1968) afirma que o trabalhador se transforma em trabalhador parcial. Passou a ocorrer, então, uma divisão manufatureira do trabalho. É esse o assunto da próxima seção.
A divisão manufatureira do trabalho
A divisão manufatureira do trabalho refere-se ao fracionamento do ofício, dividindo-o em várias etapas executadas por trabalhadores diferentes. Vamos pensar, por exemplo, no ofício do sapateiro. Com a divisão manufatureira, as várias etapas da produção de um sapato são divididas e executadas separadamente.
Um trabalhador irá cortar o couro, outro irá costurar, outro irá pregar a sola etc. Isso é a divisão manufatureira do trabalho. Tal divisão é distinta daquela que se dá na sociedade, chamada divisão social do trabalho, em que os homens se encontram em ofícios, ocupações ou profissões (Marx, 1968; Braverman,1987). Nos ofícios ou profissões os homens ainda podiam exercer e construir sua individualidade, criatividade e humanidade no ato de trabalho. Mas, quando o trabalho passou a ser dividido na fábrica, o ofício ou profissão foi substituído como elemento central da organização do trabalho pelas parcelas desse ofício ou profissão. As várias operações que formavam o processo de trabalho foram separadas umas das outras e atribuídas a trabalhadores diferentes. Assim, quando o capitalista dividiu o processo de trabalho em etapas, retirou esse processo do controle dotrabalhador e o reconstituiu sob seu poder. A divisão manufatureira do trabalho abriu caminho, então, à desespecialização* dotrabalhador. Isso fez com que, além de obter ganhos de tempo naexecução do conjunto das tarefas, ocorresse o aumento da pro-dutividade. 
Outro ponto importante é que o dono da fábrica não precisava mais contratar um mestre para fazer o trabalho. Precisava apenas de um trabalhador que cortasse o couro, outro que o cos-turasse, um terceiro que pregasse a sola.
A divisão manufatureira do trabalho é a divisão de um ofício em várias etapas, executadas por trabalhadores diferentes. Otrabalhador não executa o processo inteiro de fabricação de um bem ou produto, mas apenas uma parte desse processo. Ela é distinta da divisão social do trabalho, que se refere à divisão entre os ofícios e as profissões dentro da sociedade (Braverman,987; Bottomore, 2001). 
Nesse novo contexto - o da fábrica e da acumulação capitalista - o trabalho não é mais um elemento da vida doméstica que se “mistura” com outras atividades, em que o homem que trabalha impõe um ritmo às suas tarefas (Thompson, 1991).
O trabalho passa a ser submetido a outra lógica, uma lógica racional. Quando analisa o “espirito do capitalismo” moder , Weber (1999, p. 7-8) também chama a atenção para essa
+ Desespecialização: perda da qualificação, de uma especialidade com uma função ou profissão. separação entre o local de trabalho e a esfera doméstica e a relação com a racionalidade econômica:
A organização industrial racional, orientada para um mercado real, e nãopara oportunidades políticas ou especulativas de lucro, não é, entretanto, a única criação particular do capitalismo ocidental. A moderna organização racional da empresa capitalista não teria sido viável sem a presença de dois importantes fatores de seu desenvolvimento: a separação da empresa da economia doméstica, que hodiernamente domina por completo a vida econômica, e, associado de perto a este, a criação de uma contabilidade racional.
Até aqui podemos vislumbrar o seguinte quadro: os trabalhadores reunidos na fábrica, tendo seus trabalhos divididos pela divisão manufatureira e submetidos a uma racionalidade que até então não conheciam. Entretanto, mesmo nesse novo quadro, o controle ainda é aplicado somente ao trabalhador. Ainda não existe o controle sobre o trabalho. Esse aspecto só será observado com a gerência científica. É o que veremos no próximo tópico.
A gerência científica: o taylorismo e o fordismo
Quando "Taylor propós e sistematizou seus princípios de organização do trabalho, ele partiu de uma série de elementos que já tinham espaço no interior da fábrica e cujo objetivo era controlar o trabalhador durante sua permanência na oficina (Braverman, 1987). A reunião de trabalhadores dentro de uma fábrica, a fixação de uma jornada de trabalho, a supervisão incidindo sobre os trabalhadores, as normas de conduta rígidas no local de trabalho eram alguns elementos que se voltavam, sobretudo, ao trabalhador.
É essa espécie de disciplina fabril que Taylor já encontrou presente e atuante no local de trabalho. O trabalhador com o qual Taylor se deparou já estava submetido a um controle gerencial, que incide sobre o que se poderia chamar de conduta do trabalhador. Estar sujo, assobiar, fumar e conversar no local de trabalho, como vimos no exemplo trazido por Huberman (1986) na seção 6.1, são elementos que dizem respeito ao comportamento do trabalhador.
A disciplina e a gerência científica tayloristas passaram a atuar não apenas na conduta do trabalhador, mas também no processo de trabalho em si. É o controle sobre o trabalho e não somente sobre o trabalhador (Braverman, 1987).
Taylor elevou o conceito de controle quando apresentou a necessidade de a gerência impor ao trabalhador a maneira pela qual o trabalho deve ser executado. Para Taylor, o controle não deveria ser feito apenas sobre disciplinas e normas gerais do trabalhador; seus processos de trabalho também deveriam ser controlados. E o controle do trabalho se dá pelo controle das decisões tomadas no curso do processo de produção pela gerência (Braverman, 1987).
Por estudos de tempo e movimentos, Taylor define uma maneira ótima de trabalhar, ou melhor, uma maneira ótima de executar cada movimento da tarefa. Esse movimento é definido não pelo trabalhador, mas pela gerência científica (Rago; Moreira, 1984). Taylor estabelece as bases do taylorismo em sua obra de 1911, Os princípios de administração científica. O termo adeguados aqui remete também águeles trabalhadores que não questionam as regras estabelecidas (Gounet, 1999). Taylor fala mesmo em um trabalhador do tipo “bovino” para certas tarefas, ou seja, um trabalhador forte, dócil e com pouca inteligência. O terceiro princípio do taylorismo é o controle sobre o tempo e os movimentos dos trabalhadores. Tudo deve estar calculado pela gerência e o trabalhador deve executar aquilo que está determinado nos procedimentos e nos manuais (Rago; Moreira,1984).
O sistema taylorista procurou racionalizar a produção, por meio do estudo dos tempos de execução dos processos, com o intuito de suprimir gestos desnecessários, estabelecendo a melhor forma de execução das atividades. Com isso, aperfeiçoou a divisão do trabalho introduzida pelo sistema de fábricas, assegurando o controle do tempo de trabalho (Rago; Moreira, 1984).
Assim, sobra pouco espaço para a criatividade e individualidade do trabalhador. Ele não é mais autônomo, mas alguém que obedece a ordens. À situação é bem diferente do mestre artesão nas corporações de ofício.
Taylorismo é um método de administração da produção baseado nos estudos de tempos e movimentos dos trabalhadores. Apresenta três princípios básicos: separação entre planejamento e execução das tarefas; seleção dos trabalhadores mais adequados à função específica; controle sobre o tempo e os movimentos executados pelos trabalhadores (Braverman, 1987; Rago; Moreira, 1984).
Outra forma de organizar a produção que revolucionou o mundo do trabalho foi o fordismo (Gounet, 1999; Harvey, 1998). Esse modelo, idealizado por Henry Ford (1863-1947), foi aplicado primeiramente nas suas fábricas de automóveis. Com o fordismo, os métodos tayloristas foram aperfeiçoados, e configura-se não apenas um princípio organizador da produção, mas um regime de acumulação :, expresso no pacto social fordista. Ford aperfeiçoou e transformou os princípios tayloristas, pois entendeu que produção em massa significava consumo em massa e, ainda, que, ao fazer o trabalho chegar ao trabalhador pela esteira fordista, seria possível obter notáveis ganhos de produtividade.
Para que exista um regime de acumulação, deve haver uma materialização sob a forma de normas, hábitos, leis e redes de regulamentação, “que garantam a unidade do processo, isto é, a consistência apropriada entre comportamentos individuais e o esquema de reprodução. Esse corpo de regras e processos interiorizados tem o nome de modo de regulamentação” (Lipietz, 1988, p. 19).“ Para que exista um regime de acumulação, deve haver uma materialização sob a forma de normas, hábitos, s) deve haver uma materialização sob a forma de normas, hábitos, leis e redes de regulamentação, “que garantam a unidade do processo, isto é, a consistência apropriada entre comportamentos individuais e o esquema de reprodução. Esse corpo de regras e processos interiorizados tem o nome de modo de regulamentação” (Lipietz, 1988, p. 19). 
Para termos uma ideia de como as novas fábricas produzem mais com menos trabalhadores, vamos comparar alguns números da indústria automobilística brasileira. Na Tabela 6.1, temos a produção e o número de empregos entre os anos de 1957 e 1987. Perceba que, à medida que a produção aumenta, o número de trabalhadores necessários (coluna do emprego) também aumenta. Quanto mais se produz, mais trabalhadores são necessários.
Tabela 6.1 - Indústria automobilística brasileira - produção e emprego no período de 1957 a 1987
	Ano
	Produção
	Emprego
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Fonte: Baseado em Anfavea, 2004.
A Tabela 6.2 demonstra que, a partir da década de 1990, o aumento da produção não é mais acompanhado do mesmo ritmo de crescimento pelo número de empregos. A partir de 1998, é possível perceber claramente que empresas produzem cada vez mais veículos com menos trabalhadores contratados diretamente.
Tabela 6.2 - Indústria automobilística brasileira - produção e emprego no período de 1990 a 2003.
	Ano
	Produção
	Emprego
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Nota: A partir de 1997, consideram-se apenas empregos diretos, excluindo os decorrentes das terceirizações da empresas.
Agora imagine que essa queda no número de empregos diretos aconteça com muitos outros setores da indústria e em várias empresas. Quais são as conseguências? Primeiramente, o desemprego, mas também a disseminação de formas de trabalho precárias e informais.
A palavra de ordem passa a ser flexibilização: dos processos de trabalho com o uso da tecnologia, dos mercados de trabalho, dos produtos e dos processos.
A flexibilização dos processos de trabalho se dá principalmente pelo uso de novas tecnologias para produzir. As empresas não precisam mais de tantas pessoas para produzir, pois os robôs e a automação são os responsáveis por parte do trabalho. Um trabalhador pode controlar várias máquinas por meio de um computador. Da mesma forma, os mercados de trabalho também são flexibilizados. Passam a existir novos tipos de contrato de trabalho: o trabalho temporário, o trabalho autônomo, a prestação de serviços, a terceirização de alguns segmentosdas empresas. As mudanças na legislação trabalhista permitem que a mão de obra apresente uma alta rotatividade, pois se torna mais fácil contratar um novo trabalhador e também dispensá-lo.
Os produtos e o consumo também acompanham essa flexibilização. Quando Ford criou suas fábricas para produzir em massa, produzia apenas um tipo de veículo, o Ford T, da cor preta. Hoje existe uma enorme variedade de modelos e cores de carros que o consumidor pode escolher. E isso não só em relação aos automóveis, mas também com celulares, eletrodomésticos, roupas e a maioria dos produtos industrializados. 
Tudo isso acontece mundialmente, sob a influência de um fenômeno do qual você já deve ter ouvido falar: aglobalização. Conforme Giddens (1997), a globalização significa que o mundo está se tornando um “mundo único”, em que as pessoas, os países e os grupos se tornam cada vez mais interdependentes, ou, poderíamos dizer, cada vez mais conectados. Exercendo a flexibilidade, as empresas buscam novos mercados consumidores e de trabalho, procurando o lugar mais lucrativo para produzir e vender. Note que o melhor lugar para produzir não é necessariamente o melhor lugar para vender. Assim, você pode encontrar facilmente produtos de vários países no mercado local. Faça este teste: procure no seu celular, no seu tênis ou na sua roupa a indicação do local onde foram produzidos.
O consumo passa a ser de espécie mundial. Você pode comer no McDonald's o mesmo sanduiche que é servido naFrança, na Índia ou no Japão. Isso porque, como vimos, as empresas buscam novos mercados produtores e consumidores. O mesmo que acontece com os sanduíches acontece com os carros, os computadores e até com os programas de televisão.
A globalização não é, contudo, apenas um fenômeno econômico. Embora possamos dizer que o fator econômico tem papel decisivo na configuração da globalização, ela é mais do que apenas uma questão econômica. Envolve também fatores políticos, culturais e sociais. O consumo globalizado influencia de várias maneiras a vida das pessoas; novos hábitos, gostos e costumes são criados em detrimento dos antigos.
Outro fator de grande importância para a globalização é o desenvolvimento das telecomunicações. Através dos e de comunicação o mundo fica cada vez mais integrado. Podemos entrar numa sala de bate-papo e conversar em tempo real com alguém do outro lado do mundo; podemos enviar em segundos um texto via correio eletrônico para o Japão. O que é feito quase instantaneamente podia demorar dias e até semanas. Podemos comprar um serviço de tevê a cabo e assistir ao vivo ao campeonato de futebol inglês ou espanhol. Tudo isso altera os padrões culturais e sociais das pessoas e dos grupos.
Alguns estudiosos consideram que a globalização produz uma espécie de homogeneidade cultural. Com o poder dos grandes meios de comunicação global, as tradições e as culturas locais seriam absorvidas por uma “cultura global”. Aglobalização exerceria uma forma de “imperialismo cultural”, que difundiria uma visão de mundo única, nos moldes dasculturas dos países mais ricos. Há aqueles que interpretam a globalização de outra forma. Acreditam que ela se caracterizapor uma enorme diversidade de padrões culturais. Com o contato com várias formas culturais, a tradição não teria mais opoder de organizar a vida das populações. Assim, as pessoas estariam em contato com uma grande diversidade de elementos culturais e poderiam construir suas identidades com base nesses elementos. Desse modo, um indivíduo nãoprecisa mais seguir a tradição dos seus pais ou dos seus avós para construir sua individualidade, seus gostos e hábitos, já que ele tem à disposição várias outras formas de individualidade, de gostos e hábitos do mundo inteiro.
Sintese
Como vimos em Weber, no capítulo 4, a sociologia não pode abranger a totalidade da explicação dos fenômeno sociais. Neste capítulo, valendo-nos da categoria do trabalho, foi possível abordar alguns aspectos da realidade social sob uma ótica sociológica.
As transformações no mundo do trabalho geram mudanças e consequências que se refletem por toda a ordem social. Analisando essas transformações - mais especificamente na forma de organizar a produção -, é possível entender algumas das tendências que organizam nossa sociedade.
Elementos que parecem muitas vezes “cair do céu" são reflexos de transformações que ocorreram séculos atrás e que seguem uma lógica de transformação até nossos dias. Da criação do sistema de fábricas, passando pelo taylorismo, pelo fordismo e chegando a uma nova maneira de produzir, podemos entender um pouco melhor a globalização como um processo construído historicamente por determinados fatores e que influencia nossa visão de mundo ao alterar nossos padrões culturais, de consumo e de comportamento.

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