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970 Sarampo ■ Solange Artimos de Oliveira ■ Sérgio Setúbal ■ Walter Tavares 146 os séculos XVII e XIX. A partir do início do século XX, observou-se uma queda acentuada da mortalidade pela virose na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA), sem alteração concomitante nos índices de morbidade. Tal fato foi inicialmente atribuído ao progresso social, que resultou em melhores condições de saúde para as crianças, e mais tarde ao advento dos antimicrobianos, que possibilitou o trata- mento das complicações bacterianas secundárias. A mesma tendência foi observada no Brasil, nos últimos anos em que a doença foi importante entre nós. Como não há reservatórios animais ou humanos, e o vírus não causa infecção latente que seja transmissível, a manutenção do sarampo na natureza exige a contínua trans- missão do vírus de indivíduos agudamente infectados para indivíduos suscetíveis. Como o vírus tem apenas um tipo antigênico, esta cadeia epidemiológica pode ser facilmente interrompida pela vacinação. Em 1963, surgiram nos EUA as primeiras vacinas, algumas delas elaboradas com vírus mor- tos. Essas vacinas foram abandonadas quando se verificou que os vacinados, quando novamente expostos a vírus vivos selvagens ou vacinais, desenvolviam o sarampo atípico, uma forma muito mais grave da doença, com exantema de caráter urticariforme, hemorrágico ou mesmo vesicular. Como essas vacinas foram abandonadas em 1967, o sarampo atípico é hoje uma doença muito rara. As primeiras vacinas de vírus vivo atenuado, elaboradas com a cepa Edmonston B, eram também propensas a provocar reações graves, como febre e exantema, e foram substituídas pelas que se encontram atual- mente em uso, mais atenuadas e mais eficazes. Apesar da eficácia da vacina, foram notificados em 2013 à Organização Mundial de Saúde mais de 190 mil casos de sarampo em todo o mundo, e em 2012 mais de 120 mil mortes foram atribuídas ao sarampo, a maior parte delas em crianças com menos de 5 anos de idade vivendo em países em desenvolvimento. Isso se dá porque o controle do sar- ampo exige alta cobertura vacinal, pois há possibilidade de surtos mesmo quando somente 10% da população não estão imunizados. Estima-se que apenas 66% dos países do mundo tenham atingido cobertura vacinal superior a 90% da popu- lação. O número de casos é maior na África, China e Índia, mas a doença ocorre também na Europa, de onde pode ser facilmente importada. Durante o período de novembro de 2012 a outubro de 2013, a União Europeia registrou 12.096 (CID 10 = B05 – Sarampo; B05.0 – Sarampo complicado por encefalite [Encefalite pós-sarampo]; B05.1 – Sarampo complicado por meningite [Meningite pós-sarampo]; B05.2 – Sarampo complicado por pneumonia [Pneumonia pós- -sarampo]; B05.3 – Sarampo complicado por otite média; B05.4 – Sarampo com complicações intestinais; B05.8 – Sarampo com outras complicações [Ceratite e cerato- conjuntivite por sarampo – H19.2]; A81.1 – Pan-encefalite esclerosante subaguda; B05.9 – Sarampo sem complicação). INTRODUÇÃO17,18,20 O sarampo é uma doença aguda, de etiologia viral, alta- mente contagiosa, caracterizada por febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e um enantema específico (sinal de Koplik), seguido de erupção maculopapular generalizada. As impor- tantes manifestações respiratórias distinguem o sarampo das outras doenças exantemáticas. Embora a maioria dos casos tenha evolução favorável, o sarampo não pode ser considera- do uma doença benigna, dado o seu potencial para complicar- -se, especialmente em crianças desnutridas. De fato, em épocas anteriores à vacinação em massa, o sarampo era, no Brasil, o responsável por 26% de todas as mortes ocorridas em crianças entre 1 e 4 anos de idade. Ao contrário do que ocorre geralmente com as doenças infecciosas, o sarampo tende a ser mais letal em meninas. EPIDEMIOLOGIA1-5,7,11,12,14,15,18,22,25,27 As primeiras epidemias de sarampo foram registradas nos séculos XI e XII. A mais antiga descrição acurada do sarampo é a do médico árabe Rhazes, feita no século IX. Não é improvável que Rhazes estivesse se deparando com uma doença nova, uma vez que há descrições de que se deu por esta época a diferenciação entre o vírus do sarampo e o seu ancestral, o vírus da peste bovina (rinderpest), uma doença que afetava o gado, hoje erradicada. Em 1670, Thomas Sydenham, descrevendo uma epidemia da virose em Londres, definiu o quadro clínico e reconheceu as complicações res- piratórias do sarampo. Epidemias devastadoras, com elevados coeficientes de letalidade, foram descritas em países da Europa entre Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu pontos vermelhos de centro branco Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 971 C apítulo 1 4 6 – S aram po casos de sarampo4. Em 2011, o Ministério da Saúde do Brasil passou a recomendar a todos os brasileiros sem confirmação de imunidade que se vacinassem contra o sarampo e rubéola antes de qualquer viagem para fora do continente americano2. No Brasil, o sarampo é, desde 1968, uma doença de noti- ficação obrigatória. Em 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunizações e a partir de 1974 a vacina contra o sarampo passou a ser sistematicamente empregada nas áreas urbanas do país, interrompendo as epidemias que ocorriam a cada 2 ou 3 anos. No ano de 1996, houve apenas 791 casos de sar- ampo no Brasil, um recorde histórico. Em 1997, no entanto, após 4 anos de controle, houve uma ressurgência da doença, com 53.335 casos confirmados e 61 óbitos. Em resposta à intensificação da vigilância e da vacinação, o número de casos no Brasil caiu em 1998 para 2.930, a maior parte deles incidindo em estados do Nordeste. Em 1999, o Ministério da Saúde criou, em cada estado, um grupo-tarefa para reforçar a vigilância epidemiológica e confirmar laboratorialmente os casos. Nesse ano, foram confirmados 908 casos, e em 2000 apenas 36. Em 2006 foram confirmados 57 casos no interior da Bahia, causados pelo genótipo D4, que na época circulava na África e na Europa. O vínculo epidemiológico nunca ficou esclarecido, mas a região afetada é um corredor comercial com intenso fluxo de estrangeiros. Para a contenção deste surto foi necessária a vacinação emergencial de 12 mil pes- soas nos municípios atingidos2. Entre 2007 e 2009 não houve casos confirmados. Entre 2010 e 2013 foram confirmados 305 casos importados ou vinculados a casos importados2. No entanto, no momento em que estas linhas estão sendo escritas (setembro de 2014), nosso país enfrenta uma situação ameaçadora: de março de 2013 a março de 2014, foram con- firmados 224 casos de sarampo no Estado de Pernambuco, com o óbito de uma criança HIV-positivo de 7 meses de idade, também acometida de sífilis. No estado do Ceará, entre dezembro de 2013 e agosto de 2014, foram confirmados 305 casos. Outros 24 casos foram confirmados em Pernambuco, e mais sete em São Paulo. Os casos do Ceará e Pernambuco deveram-se ao genótipo D8, e os de São Paulo, aos genótipos D8 e B3. Esses genótipos circulam no continente europeu e africano e nunca tinham sido isolados antes em nosso País2. O controle do sarampo foi uma das grandes vitórias da saúde pública brasileira. No entanto, essas “tentativas de in- vasão” requerem, por parte das autoridades de saúde pública no Brasil, um enorme esforço no sentido de manter o país livre de um vírus em atividade em grande número de países desenvolvidos, uma tarefa que, dada a facilidade das viagens aéreas, pode mostrar-se extremamente difícil3,27. Não é difícil perceber que o menor descuido com a cobertura vacinal ou com a vigilância epidemiológica resultará na reintrodução do sarampo no Brasil. Os seres humanos são os únicos reservatórios conheci- dos do vírus do sarampo, embora outros primatas possam ser infectados. A principal fonte de infecção no sarampo é o próprio doente. A transmissãoé direta, mediada por gotículas de Flügge, exigindo, pois, proximidade entre o indivíduo que transmite e o que adquire a infecção. A maior contagiosi- dade ocorre durante os períodos prodrômico e exantemático inicial. A transmissão aerógena indireta, possível a maiores distâncias, cujo veículo são aerossois que permanecem longo tempo em suspensão no ar (como na transmissão da tuberculose) é também descrita, mas tem importância apenas em certos ambientes, como escolas, consultórios médicos, hospitais e aglomerações em locais fechados. O vírus não sobrevive por muito tempo em fômites25. Nas populações não vacinadas, as crianças são as mais atingidas, principalmente as que têm menos de 5 anos de idade. Durante o 1o ano de vida ocorre uma queda progressiva dos anticorpos maternos (IgG) transferidos através da placenta e, por esta razão, grande parte dos lactentes é suscetível à doença já a partir dos 9 meses. ETIOPATOGENIA5,8,10,14,18-20 O vírus do sarampo é um membro da famíl ia Paramyxoviridae e pertence ao gênero Morbillivirus. Os vírions são grosseiramente esféricos, com diâmetro variando de 120 a 170 nm. São envolvidos por um envelope viral lipoproteico, de onde se originam curtas projeções formadas pela hemaglutinina e pela proteína de fusão. Contêm um nucleocapsídeo helicoidal interno com um RNA não seg- mentado de cadeia única e de sentido negativo, com 16 mil nucleotídeos. Apesar de sua propensão a mutações, comum a todos os vírus de RNA, o vírus do sarampo tem apenas um tipo antigênico, fato que preservou a eficácia da vacina, a despeito do meio século decorrido desde a sua introdução. Há, no entanto, vários genótipos, cujo número tende a crescer, conforme a vigilância epidemiológica e laboratorial do sarampo se intensifica. A hemaglutinina do envelope viral se liga aos receptores celulares e interagem com a proteína de fusão para fundir o envelope com a membrana da célula do hospedeiro. A hemaglutinina é a responsável pela especifi- cidade sorológica, pois contra ela são produzidos anticorpos neutralizantes, inibidores da hemaglutinação, hemolíticos e fixadores de complemento. A infecção humana se inicia com a invasão dos monóci- tos alveolares e das células dendríticas presentes na mucosa das vias aéreas superiores, na qual o vírus se liga pelo recep- tor CD150/SLAM. A infecção das células dendríticas se dá pelos prolongamentos que estas células normalmente emitem através do epitélio. Uma vez infectadas, estas células levam os vírus aos linfonodos de drenagem e ao tecido linfoide associado aos brônquios, muito abundante em crianças pequenas. A replicação viral nos linfócitos e monócitos destes tecidos dá origem a uma viremia primária, permitindo a infecção do timo, baço, linfonodos, rins e fígado. Nestes tecidos ocorre intensa replicação viral que, por volta do 5o dia após a infecção, resulta em nova e intensa viremia (se- cundária). Durante esta viremia, os monócitos e linfócitos infectados interagem com receptores nectina-4/PVR4 na superfície basolateral das células epiteliais das vias aéreas, permitindo a infecção destas células. A consequente e intensa liberação de partículas virais por via respiratória é essencial para a transmissão da infecção a um novo hospedeiro8,19. O aparecimento do exantema é simultâneo ao desen- volvimento da imunidade contra o sarampo. A imunidade é inicialmente mediada por linfócitos T auxiliares que liberam interferon-gama e interleucina 2 (uma resposta Th1). Essa imunidade celular é essencial e suficiente para a eliminação da infecção. Crianças com deficiência da imunidade humoral (agamaglobulinemia) apresentam exantema e recuperam-se perfeitamente bem do sarampo, ao passo que as que têm de- ficiência da imunidade celular têm formas graves da doença12. Na convalescença, há um desvio da resposta imune no sen- Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu processamento da recuperação Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 972 S eç ão 1 – R ot in as d e D ia gn ós ti co e T ra ta m en to tido da liberação das interleucina 4 e 10 (uma resposta Th2) que determina a produção dos anticorpos que ajudam a pro- teger contra a reinfecção. A ação dos anticorpos não parece ser essencial nesse contexto, uma vez que crianças com aga- maglobulinemia não estão predispostas a segundo episódio de sarampo. O RNA viral persiste nas células mononucleares do sangue periférico por até 4 meses decorridos da infecção. As respostas imunes induzidas pelo vírus do sarampo de- terminam a redução da resposta celular a diversos antígenos não relacionados ao vírus. A imunodepressão induzida pelo sarampo foi descrita pela primeira vez pelo médico aus- tríaco von Pirquet que, no início do século XX, observou a negativação transitória da prova tuberculínica em crianças tuberculosas acometidas de sarampo. A imunodepressão induzida pelo vírus do sarampo torna o indivíduo mais suscetível a infecções bacterianas e virais secundárias, como as pneumonias e diarreias que frequentemente complicam o curso dessa virose. Esse efeito imunossupressor é em grande parte o responsável pela letalidade do sarampo e se mantém por várias semanas ou meses após a regressão do exantema. Várias anormalidades da resposta imune inata e da adap- tativa já foram descritas após a infecção pelo vírus do saram- po. Em crianças com sarampo há linfopenia transitória, com uma redução dos linfócitos CD4+ e CD8+, embora talvez em resultado da redistribuição desses linfócitos do sangue periférico para os órgãos linfoides. Diversas anormalidades funcionais das células imunes também já foram observadas após o sarampo, incluindo a redução das respostas proliferati- vas dos linfócitos e o comprometimento funcional das células dendríticas. A predominância da resposta Th2 em crianças que se recuperam do sarampo pode inibir as respostas Th1 e aumentar a suscetibilidade a patógenos intracelulares. Há, durante semanas após o sarampo, aumento das concentrações plasmáticas de IL-10, o que, por sua vez, reduz a síntese de citocinas, suprime a ativação dos macrófagos, impede a pro- liferação de células T e inibe a hipersensibilidade retardada. Em adultos, esse aumento da IL-10 se associa a um maior número de células T reguladoras. A imunodepressão transitória também pode ser des- encadeada pela vacinação. As vacinas Edmonston-Zagreb, contendo títulos do vírus atenuado dez a 100 vezes maiores que a vacina Edmonston comum, usadas na África porque eram imunogênicas em crianças de 4 a 6 meses, foram aban- donadas após a observação de que aumentavam a mortalidade geral das crianças, especialmente, tal como ocorre com a doença natural, a das meninas12,18. DIAGNÓSTICO CLÍNICO3,12,14,17,20 Após um período de incubação de 10 a 12 dias, o saram- po inicia-se com febre alta a moderada e sintomas catarrais (coriza, lacrimejamento, diarreia, tosse seca). O quadro clínico é muitas vezes indistinguível do de uma gripe.O diagnóstico durante essa fase (denominada período prodrô- mico) pode ser feito pela presença, na mucosa oral, do sinal de Koplik. Considerado patognomônico da doença, o sinal de Koplik aparece primeiro como pequenos pontos branco- -azulados ou branco-amarelados, com menos de 1 mm de diâmetro, rodeados de um halo eritematoso e presente sobre a mucosa jugal próxima aos molares, disseminando-se depois. É de curta duração, antecedendo de 1 ou 2 dias o exantema, com o qual coexiste muito pouco, pois regride logo após seu surgimento. O período mais florido e marcante da virose é o exantemático (duração média de 3 a 5 dias). Os sintomas catarrais e a febre exacerbam-se e o exan- tema surge e progride a partir da face para o tronco e os membros. O exantema, denominado morbiliforme, isso é, “semelhante ao sarampo”, caracteriza-se pela presença de maculopápulas eritematosas irregulares, que deixam entre si um espaço de pele sã, mas que em algumas regiões tendem a confluir, formando placas. Após atingir os membros, o exantema começa a regredir e surge uma descamação fina, também descendente. Nesse período descamativo, as lesões tomam uma cor mais escura, hiperpigmentada, que pode ajudar no diagnóstico retrospectivo. A regressão do exantema acompanha a queda da febre e a regressão das manifestações catarrais. A tosse, agora produtiva, pode persistir por um período mais longo. Se não há complicações, o paciente se recupera completamente e se torna imune para toda a vida. COMPLICAÇÕES3,6,10,12-14,16-18,20,22,25 A letalidade do sarampo é em grande parte decorrente das suas complicações, e pode chegar a 5% em crianças, especialmente quando desnutridas. Em campos de refugia- dos, por exemplo, a letalidade entre as crianças pode chegar a 30%22. As complicações do sarampo podem ser de três tipos: virais, bacterianas e de etiologia desconhecida. Em geral, sua presença se denuncia não só pelas manifestações clínicas de cada complicação, mas também, e principalmente, pela manutenção ou pelo retorno da febre no final do período exantemático. Complicações Virais Observam-se durante a fase mais intensa da virose, isto é, durante o período prodrômico e inicial exantemático, com exceção de certas formas de encefalite, que podem ocorrer muito tempo após a regressão do exantema. As principais são descritas a seguir. Encefalite Após o advento dos antibióticos, e com a consequente queda da letalidade atribuível às complicações bacterianas, as complicações neurológicas passaram a ser as principais responsáveis pela gravidade do sarampo. Há quatro tipos de encefalite por sarampo. 1. Encefalite aguda primária. Ocorre em um entre cada mil casos de sarampo e geralmente surge durante o exantema. Cursa com febre, convulsões e déficits neurológicos vários. Presumivelmente, há invasão viral, indução à produção de quimiocinas e infil- tração por linfócitos. A RT-PCR (reação em cadeia da polimerase após reação com transcriptase reversa) é positiva no liquor. A letalidade é de 10%-15% e 25% dos pacientes têm sequelas10. 2. Encefalite pós-infecciosa ou encefalite pós-sar- ampo. É, na verdade, uma encefalomielite. Com frequência, os sintomas iniciais são alterações do sensório (sonolência, prostração, confusão mental, irritabilidade) aliadas a crises convulsivas, paralisias, sinais de irritação meníngea, cefaleia e hipertonias. Cursa também com distúrbios da motilidade ocular, Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu periodo podromico: quando aparece real algo que possa confirmar o diagnóstico Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 973 C apítulo 1 4 6 – S aram po disúria e hiporreflexia. Na maioria das vezes há moderada elevação da contagem celular no liquor, com predomínio de mononucleares. As alterações liquóricas são variáveis, não havendo relação entre o grau de pleocitose e o prognóstico da doença. Essa complicação ocorre em um a quatro dentre cada mil casos de sarampo e surge entre 2 e 30 dias após o exantema. Pode resultar também da vacinação, na proporção de um ou dois casos entre cada milhão de indivíduos vacinados. Como pode surgir muito precocemente, pode confundir-se com a encefalite aguda primária. Geralmente acomete adultos ou crianças mais velhas. Pode recair em 1/3 dos pacientes. A desmielinização periventricular e a presença de reação imune contra a proteína básica da mielina sugerem que a encefalomielite se deve a um processo autoimune desencadeado por mimetismo molecular10,18. A letalidade é de 5% em crianças e de 25% em adultos. Em crianças avaliadas 3 anos após o episódio de encefalite, notam-se sequelas neurop- siquiátricas sutis, como déficit de atenção. 3. Encefalite por corpos de inclusão do sarampo. É uma complicação rara que geralmente acomete cri- anças imunodeficientes, nas quais o exantema não se desenvolve ou é frustro. Já foi descrita com crianças submetidas a transplantes de rim e de células-tronco, ou com infecção pelo HIV18. Surge entre meses a 1 ano após o exantema. O liquor pode estar normal no início, mas revela depois leve aumento das proteínas e pleocitose. A RT-PCR para o vírus do sarampo é positiva durante toda a evolução e há níveis eleva- dos de anticorpos contra o sarampo no liquor. O tratamento pode ser tentado com ribavirina, mas a letalidade é de 75%10. 4. Pan-encefalite esclerosante subaguda (SSPE). Não é tão rara quanto se pensava, sendo a incidência de um para cada 11 mil casos de sarampo. Pode ser mais frequente em crianças menores de 1 ano, nas quais ocorre em um para cada cinco mil casos. Surge entre 6 e 15 anos após o exantema. Os casos recentemente descritos nos EUA foram provocados por cepas do vírus que circulavam nos anos de 1989 a 199112. Evolui inexoravelmente para a morte, após um período de 6 meses a 3 anos de evolução. Apresenta início insidioso com deterioração da ca- pacidade intelectual e distúrbios de comportamento, e progride com convulsões mioclônicas, incoorde- nação motora, demência e, em 50% dos casos, com retinite necrosante que pode levar à cegueira. A presença de anticorpos contra o vírus do sarampo no liquor e a detecção de antígenos virais no tecido nervoso indicam que o agente etiológico dessa doença degenerativa é o vírus do sarampo. Nesses pacientes, há uma infecção persistente, na qual a montagem das partículas virais e o seu brotamento pela membrana celular são defectivos, o que impos- sibilita a ação protetora dos anticorpos, que existem em altos níveis, e a transmissão do vírus a outros hospedeiros10,12,18. Com a introdução da vacina contra o sarampo, verificou-se um declínio acentuado nas taxas de incidência da SSPE nos EUA12,18. Pneumonite Intersticial O acometimento do pulmão ocorre sempre no sarampo, mas só alguns doentes apresentam insuficiência respiratória que, nesses casos, é considerada uma complicação. Os pa- cientesse apresentam com taquipneia e tosse não produtiva. Caracterizada radiologicamente por um infiltrado pulmonar difuso bilateral, mais intenso nos lobos inferiores, a pneumo- nite pode tornar-se especialmente grave em pacientes imu- nocomprometidos e malnutridos, nos quais pode determinar grave insuficiência respiratória, cursando sob a forma de uma pneumonia de células gigantes (pneumonia de Hecht), com exantema ausente ou frustro12,25. A pneumonite é uma impor- tante complicação de adultos com sarampo, frequentemente complicada com pneumonia bacteriana. Laringite Obstrutiva (Pseudocrupe do Sarampo) Ocorre geralmente no período prodrômico ou no curso do período exantemático, levando à oclusão das vias res- piratórias, pelo acúmulo de secreção mucosa. Clinicamente, observam-se tosse e choro rouco, acompanhados de dificul- dade respiratória de intensidade variável, que chega, em alguns casos, a manifestar-se por cornagem e cianose18. Estomatite Deve-se à agressão ao epitélio da mucosa oral pelo vírus e pode apresentar-se em graus variáveis. Além da hiperemia de mucosa, observam-se pequenas úlceras dolorosas que prejudicam a alimentação18. Lesões Oculares Mais graves em crianças desnutridas com carência de vitamina A. Podem variar desde ceratites até iridociclites e úlceras de córnea. Estas últimas podem levar à cegueira18. Diarreia Faz parte do quadro clínico da virose. No entanto, pode ser muito intensa em crianças desnutridas ou com vermino- ses intestinais, complicando-se com desidratação e piora do estado nutricional18. Hepatite O sarampo pode cursar com hepatite, sendo o en- volvimento do fígado durante a infecção mais descrito em adultos9,12. Complicações Bacterianas 1. Pneumonia. A imunodepressão induzida pelo saram- po, a inflamação da mucosa respiratória, a inibição dos movimentos ciliares e a obstrução parcial cau- sada pelo edema e pelo exsudato são os fatores que predispõem à infecção bacteriana secundária, uma das complicações mais comuns e a principal causa de óbito por sarampo em crianças nos países em desenvolvimento. A broncopneumonia é mais fre- quente que a pneumonia lobar. À ausculta pulmonar notam-se estertores crepitantes e subcrepitantes. Nos Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Ruído auscultatório intenso e de timbre grave Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 974 S eç ão 1 – R ot in as d e D ia gn ós ti co e T ra ta m en to casos mais graves há insuficiência respiratória. A pneumonia bacteriana inicia-se, em geral, no perío- do descamativo, mas pode já estar presente desde o início do exantema. Os principais agentes etiológi- cos são S. pneumoniae, S. pyogenes, S. aureus e H. influenzae. 2. Gastrenterite. É uma complicação mais observada em países em desenvolvimento, em crianças desnu- tridas. Caracterizada clinicamente por diarreia e vô- mitos, e com a presença, em alguns casos, de muco, pus e sangue nas fezes, pode levar à desidratação. É geralmente causada por bactérias gram-negativas e em alguns pacientes, em geral desnutridos, torna-se o foco primário de uma sepse. 3. Otite média. Para muitos autores essa é a principal complicação do sarampo. Todavia, a sua incidência nas publicações é muito variável, provavelmente devido à ausência do exame sistemático do apare- lho auditivo em crianças com sarampo sem clínica sugestiva. Os agentes etiológicos mais comuns são S. pyogenes, S. pneumoniae, H. influenzae e, menos comumente, S. aureus e bacilos gram-negativos. 4. Outras complicações bacterianas. Também são relatadas como complicações bacterianas de menor frequência a conjuntivite, a sinusite e as piodermites. Em alguns casos, a conjuntivite bacteriana também pode ser causa de cegueira. Outras Complicações 1. Manifestações hemorrágicas. O sarampo pode raramente evoluir com manifestações hemorrágicas graves, com abundante sangramento pelas mucosas, exantema hemorrágico e grande toxicidade. Esse quadro, denominado sarampo negro, era relatado no passado e pode estar relacionado à coagulação in- travascular disseminada. Ao contrário desta compli- cação, que ocorre na fase aguda da virose, a púrpura trombocitopênica inicia-se geralmente logo após a involução do exantema, podendo tardar até 14 dias. Sua etiologia permanece ainda obscura. Acredita-se que seja resultante de um processo alérgico ou au- toimune. Pode passar despercebida. É complicação muito rara, incidindo em aproximadamente um em cada seis mil casos de sarampo16. 2. Evolução grave em pacientes imunodeficientes. Em indivíduos com deficiência da imunidade celular (em tratamento para doenças malignas, acometidos de aids ou portadores de imunodeficiência con- gênita) o sarampo pode evoluir de forma grave. A letalidade em pacientes oncológicos submetidos a quimioterapia ou radioterapia pode chegar a 70%, e a dos pacientes HIV-positivo, a 40%12. Nesses casos, os pacientes podem apresentar encefalite com corpos de inclusão ou pneumonia de células gigantes (pneumonia de Hecht), sem exantema, dificultando o diagnóstico clínico da virose10,12,25. 3. Sarampo em gestantes. O sarampo em gestantes pode evoluir de forma grave, causando pneumonia intersticial potencialmente fatal. Ao contrário do que ocorre com a rubéola, o sarampo congênito não determina malformações. No entanto, a virose se associa, nas gestantes, a maior risco de abortamento espontâneo, parto prematuro e baixo peso ao nascer, especialmente quando ocorre antes das 24 semanas de gestação6,12. 4. As evidências de que o vírus do sarampo esteja envolvido na gênese da esclerose múltipla, doença de Crohn e lúpus eritematoso sistêmico são tênues e provavelmente infundadas. A relação do vírus com a doença de Paget do osso continua em investigação12. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL3,14,20 O quadro clássico do sarampo, caracterizado por febre alta, sinal de Koplik, exantema maculopapular descendente e – sobretudo – por tosse, coriza e conjuntivite, é diagnosticado clinicamente com facilidade. No entanto, devido à redução acentuada dos casos da doença após a introdução da vacina- ção e à ocorrência de casos de “sarampo modificado” (pelo uso prévio de gamaglobulina ou pela vacinação anterior), clínicos e pediatras podem confundir a virose com outras doenças exantemáticas. O diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com rubéola, escarlatina, exantema sú- bito (Roseola infantum), eritema infeccioso, farmacodermias, dengue, enteroviroses, sífilis secundária, riquetsioses, doença de Kawasaki e meningococcemia, entre outras. Durante a evolução da rubéola os pródromos, quando presentes, são menos acentuados. A febre é de menor in- tensidade e o exantema tem duração menor. O achado de linfonodos suboccipitais e retroauriculares ingurgitados e dolorosos é sugestivo dessa virose. Na escarlatinaobserva- -se, juntamente com o início do exantema, amigdalite aguda, com presença de exsudato purulento nas criptas, sugerindo infecção estreptocócica. Facilitam esse diagnóstico a “língua em framboesa”, caracterizada por hipertrofia das papilas, a palidez perioral e o exantema difuso de cor escarlate, sem pele sã de permeio. A roseola infantum (sexta doença), causada pelos her- pesvírus humanos tipos 6 e 7, é uma doença comum em lactentes, geralmente evoluindo com febre alta de início súbito e irritabilidade. A febre dura 3 a 4 dias, e à sua de- saparição se segue um exantema maculopapular. A doença tem em geral evolução benigna, embora o envolvimento do sistema nervoso central tenha sido descrito em alguns casos. O eritema infeccioso (quinta doença, parvovirose humana) ocorre principalmente em crianças de 5 a 14 anos de idade, caracterizando-se por um exantema maculopapular, algumas vezes com aparência reticular, que pode recorrer após exercí- cios ou exposição ao sol. Também são descritas nesta doença manifestações catarrais, febre e, especialmente em adultos, comprometimento articular (artralgias e artrite). Durante a evolução do dengue há febre alta, cefaleia, artralgias e/ou ar- trites, dor retro-orbitária, mialgias e erupção maculopapular. As outras doenças citadas confundem-se menos frequente- mente com o sarampo. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL5,3,14,18,21,23 O sarampo é uma doença de notificação compulsória em 24 horas, e todo caso suspeito deve ser, por ocasião do primeiro atendimento, notificado a uma unidade pública de saúde, para confirmação laboratorial. De acordo com as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, um caso sus- Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 975 C apítulo 1 4 6 – S aram po peito da virose é todo aquele que apresente febre e exantema, acompanhados de tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite. O diagnóstico laboratorial é mais comumente realizado através de testes sorológicos. Os anticorpos IgM surgem em 2 dias após o aparecimento do exantema e permanecem elevados por mais ou menos 1 mês, ao passo que os IgG podem ser detectados por muitos anos após a ocorrência da infecção12. As técnicas mais utilizadas para o diagnóstico sorológico do sarampo são: ensaio imunoenzimático para IgM e IgG, imunofluorescência para IgM e IgG, inibição da hemaglu- tinação para IgG e neutralização em placa. O diagnóstico da virose é confirmado quando há, comparando amostras de soros obtidas na fase aguda e na convalescença, um aumento de quatro ou mais vezes nos títulos de anticorpos ou ainda quando há anticorpos IgM em qualquer uma das amostras. O ensaio imunoenzimático com captura de IgM é considerado o teste de escolha para confirmação de casos suspeitos de sarampo. O teste apresenta alta sensibilidade para amostras coletadas nos primeiros 28 dias após o início do exantema, sendo a sensibilidade mais baixa apenas nos primeiros 2 dias após o início do exantema. Portanto, a época da coleta da amostra sanguínea e a sensibilidade do teste diagnóstico empregado devem ser consideradas quando da interpretação dos resultados dos testes realizados. A ocorrência de apresentações clínicas com pouca gravi- dade em locais com elevada cobertura vacinal tem dificultado a coleta de amostras sanguíneas para o diagnóstico laborato- rial; esta é uma das principais dificuldades encontradas nas atividades de vigilância epidemiológica do sarampo e das vi- roses exantemáticas em geral. Por essa razão, as alternativas para o diagnóstico em espécimes clínicos obtidos de forma não invasiva têm sido avaliadas. Há estudos que demonstram excelentes resultados para a detecção de anticorpos IgM específicos em amostras de saliva de casos clinicamente diagnosticados e sorologicamente confirmados de sarampo23. O isolamento do vírus de secreções da nasofaringe ou da conjuntiva, do sangue e da urina nem sempre é operacional- mente possível, embora possa ser utilizado no esclarecimento diagnóstico da pneumonia intersticial e/ou da encefalite em pacientes imunodeficientes18. Antígenos virais podem ser de- tectados por imunofluorescência direta no sedimento urinário ou nos exsudatos nasais12. Além disso, a detecção do vírus do sarampo através da técnica de RT-PCR em espécimes clínicos tem contribuído para o melhor conhecimento da epidemiologia da doença. Esta reação também permite a identificação dos genótipos virais, possibilitando a classificação dos vírus de acordo com sua provável origem geográfica, o que pode ser impor- tante para as atividades de controle e vigilância epidemi- ológica. Permite também a distinção entre vírus selvagens e vacinais18. O hemograma apresenta, na fase exantemática, notável leucopenia com linfopenia. A presença de uma elevação significativa dos leucócitos no hemograma, acompanhada de dados clínicos e radiológicos sugestivos, é de grande valia no diagnóstico da pneumonia bacteriana que surge como complicação do sarampo. TRATAMENTO3,10,14,18,20,25,26 O tratamento do sarampo é geralmente sintomático. A ribavirina inibe o vírus do sarampo em cultura de tecidos e pode ser considerada no tratamento das complicações virais do sarampo. A experiência clínica com a ribavirina é variável. Nunca se demonstrou que a ribavirina reduz a gravidade e a duração do sarampo12. No Brasil, o fármaco é disponibilizado sob a forma de aerossol para o tratamento de infecções pelo vírus sincicial respiratório e sob a forma oral para o tratamen- to da hepatite C. A ribavirina já foi usada no tratamento de pacientes hipóxicos com pneumonite grave pelo sarampo, na dose de 20 a 35 mg/kg/dia durante 7 dias, por via intravenosa e em aerossol25. O uso da ribavirina também se indica nas formas graves que acometem o sistema nervoso central10,25. Outros fármacos antivirais, como o interferon-alfa, também já foram usados para tratar as formas graves, em especial quando há acometimento do sistema nervoso central18. Na fase aguda da virose o paciente apresenta febre alta, diarreia, vômitos, anorexia. Essas manifestações, quando intensas, podem levar à desidratação, principalmente em crianças desnutridas. É necessário, portanto, atenção com a reposição hídrica e de sais minerais e com a dieta adequada, pois a desidratação e a desnutrição são fatores subjacentes que agravam o prognóstico da virose. O uso de antitérmicos deve ser indicado nos casos em que a temperatura axilar iguale ou supere 37,8ºC. Nas populações onde a deficiência de vitamina A é um problema reconhecido, a Organização Mundial de Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância recomendam o usode uma dose elevada e única de vitamina A nos indivíduos acometidos pelo sarampo e suas complicações. A suplementação de vitamina A é indicada na seguinte dosagem: a) crianças menores de 6 meses: 50.000 UI por via oral cada dia, por 2 dias; b) crianças de 6 a 12 meses: 100.000 UI por via oral cada dia, por 2 dias; c) crianças de 1 ano ou mais: 200.000 UI por via oral cada dia, por 2 dias. Quando há xeroftalmia, a dose de vitamina A deve ser repetida 2 ou 4 semanas depois. A eficácia da vitamina A administrada por via intravenosa ou por aerossol não é comprovada12. A limpeza das secreções oculares e nasais com soro fisiológico é geralmente suficiente no tratamento da coriza e da conjuntivite. Nesta, a fotofobia muitas vezes presente é aliviada, evitando expor o paciente à claridade em excesso. Quando a conjuntivite não responde à medicação sintomática, tem duração prolongada ou ocorre acúmulo de secreção pu- rulenta, deve-se suspeitar de infecção bacteriana secundária. Usualmente compressas de soro fisiológico e colírios à base de antibióticos são suficientes para a melhora dessa compli- cação. Devem-se utilizar colírios que contenham antibiótico para uso tópico exclusivo; evita-se, assim, o desenvolvimento de hipersensibilidade a antimicrobianos de uso sistêmico. Em crianças com pneumonia intersticial e desconforto respiratório é importante a hidratação adequada e a admin- istração constante de vapor úmido. Tal conduta também é utilizada na laringite obstrutiva. Em casos mais graves de obstrução ou de insuficiência respiratória deve-se avaliar a necessidade de intubação ou traqueostomia. O tratamento da encefalite aguda primária é de suporte, embora o uso de ribavirina já tenha sido descrito. O da en- cefalomielite pós-infecciosa se faz com corticosteroides ou imunoglobulina intravenosa. A ribavirina pode ser tentada na encefalite de corpos de inclusão, mas não altera o prognós- tico grave da complicação. O uso da ribavirina também já foi Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 976 S eç ão 1 – R ot in as d e D ia gn ós ti co e T ra ta m en to tentado na SSPE, retardando a progressão da doença, sem, no entanto, impedir o óbito10,25. No tratamento das infecções bacterianas das vias res- piratórias, indica-se geralmente o emprego de medicamentos que atuam sobre bactérias gram-positivas, pois são elas, em particular o S. pneumoniae, o S. pyogenes e, eventualmente, o S. aureus, os principais responsáveis pelas infecções nestes locais. Em crianças com menos de 5 anos de idade, deve-se também incluir o Haemophilus influenzae entre os possíveis causadores de infecção respiratória, mesmo considerando que a maioria delas é vacinada contra esse patógeno. Considerando a possibilidade de Haemophilus influenzae produtor de beta-lactamases e, portanto, resistente às penicilinas, muitos clínicos preferem o uso da amoxicilina associada com o ácido clavulânico ou da axetilcefuroxima nas complicações bacterianas respiratórias das crianças. A claritromicina, a azitromicina ou o cotrimoxazol (sulfa- metoxazol-trimetoprima) são opções em crianças alérgicas aos antibióticos beta-lactâmicos. Em adultos e em crianças maiores de 5 anos, o tratamento dessas complicações pode ser realizado com ampicilina ou amoxicilina por via oral ou com a penicilina procaína, via intramuscular (IM), ou, nos casos de maior gravidade que necessitem internação, com a penicilina G cristalina intravenosa (IV). Quando houver suspeita de infecção estafilocócica, tanto em crianças como em adultos (broncopneumonia e pneumo- nia de rápida evolução com insuficiência respiratória, ima- gem radiológica de microabscessos, pneumatoceles com ou sem enfisema do mediastino ou subcutâneo), o antibiótico de escolha é a oxacilina, administrada por via intravenosa, estan- do o paciente internado em hospital. Em casos de alergia às penicilinas, empregam-se cefalosporinas de primeira geração (quando a alergia não é do tipo anafilático) ou vancomicina ou teicoplanina (em casos de alergia do tipo anafilático). Nas regiões onde é descrita a presença do Ca-MRSA (estafilococo resistente à oxacilina adquirido na comunidade), é mais pru- dente a administração de vancomicina (ou outro antimicro- biano com ação contra MRSA) nas infecções estafilocócicas comunitárias graves (ver Capítulo 60 - Estafilococcias). A presença de síndrome disentérica franca indica in- fecção por bactéria invasiva. No entanto, quando há apenas diarreia, o diagnóstico de gastrenterite bacteriana fica duvido- so, porque a diarreia pode fazer parte da evolução da própria virose, podendo, mesmo, ser de duração mais prolongada em pacientes desnutridos. De qualquer modo, seja viral, seja bacteriana, a diarreia geralmente pode ser controlada com medidas higiênico-dietéticas e com a manutenção do equilí- brio hidroeletrolítico. A pesquisa de leucócitos nas fezes e as coproculturas podem ser utilizadas, objetivando esclarecer a etiologia da diarreia. Nos quadros diarreicos graves em crianças desnutridas, que não respondem às medidas iniciais de reposição hídrica e dietética, os agentes causadores podem ser Shigella spp., Salmonella spp., coliformes invasores, Campylobacter spp. ou Yersinia spp., estando indicado o uso de sulfametoxazol-trimetoprima (8 mg/kg/dia em tri- metoprima, fracionados de 12/12 horas), associado ou não à eritromicina (30-40 mg/kg/dia, fracionados de 6/6 horas). Alguns autores admitem o uso de norfloxacino (12 mg/ kg/dia, via oral), mesmo em crianças, na diarreia de maior gravidade causada por coliformes, salmonelas e shigelas. O tratamento antimicrobiano em geral é de curta duração (2 a 5 dias). Se houver sintomatologia de invasão sistêmica, com sepse, indica-se uma cefalosporina de terceira (p. ex., ceftriaxona, 50 mg/kg/dia, IV) ou quarta geração (cefepima, 80 a 100 mg/kg/dia, IV) associada à gentamicina (3-5 mg/kg/ dia, em dose única diária, por via IM ou IV) ou à amicacina (15-20 mg/kg/dia, em dose única diária, por via IM ou IV). É também necessário averiguar a possibilidade de parasi- tose intestinal na gênese da diarreia e instituir o tratamento adequado. PROFILAXIA2,3,5,7,18,24 A vacina contra o sarampo é composta de vírus vivos atenuados, exigindo, portanto, refrigeração durante seu armazenamento, transporte e distribuição (“cadeia de frio”). É altamente eficaz, embora em 5% a imunidade humoral possa desaparecer após 10 ou 15 anos. Ainda assim, a pronta resposta secundária protege o indivíduo da viremia e da infecção grave18. No Brasil, a vacina contra o sarampo, ger- almente associada à vacina para caxumba e rubéola (tríplice viral), é recomendada aos 12 meses de idade. Uma segunda dose da vacina, geralmente associada à vacina para caxumba, rubéola e varicela (quádrupla viral), deve ser aplicada aos 15 meses. Adolescentes e adultos, quando não vacinados, devem receber duas doses, respeitando-se um intervalo mínimo de 4 semanas entre elas. Se previamente vacinados, podem receber uma dose de reforço, conforme asituação epidemiológica2. Por ser uma vacina de vírus vivo atenuado, seu uso é contraindicado em gestantes e em pessoas que apresentem queda da imunidade celular (linfomas, leucoses, tubercu- lose ativa sem tratamento, aids, desnutrição). Em pacientes oncológicos, a vacinação deve ser postergada por 3 meses após o término de qualquer quimioterapia. Nestes pacientes, a vacina tríplice (contra sarampo, rubéola e caxumba) pode ser empregada, mas a quádrupla viral está contraindicada12. Também não deve ser aplicada em crianças que fizeram uso recente de gamaglobulina (há menos de 3 meses) ou que apresentem quadro febril agudo. Apesar do risco potencial da utilização dessa vacina em crianças HIV-positivo assintomáti- cas, seu uso não é contraindicado, uma vez que os riscos da vacina são menores que os da ocorrência do próprio sarampo. A vacina é considerada segura se a contagem de linfócitos CD4 é satisfatória12. Devido a relatos de casos de sarampo em crianças HIV-positivo previamente vacinadas, tem sido recomendada ainda a imunização passiva com gamaglobulina após exposição confirmada à doença12. A vacina não apresenta efeitos colaterais importantes. São relatados casos de febre baixa e, em menor proporção, febre de intensidade moderada a alta, e de exantema dis- creto em 5% a 15% das crianças, cerca de 1 semana após a vacinação. Complicações neurológicas (encefalite, ataxia cerebelar ou paralisia de nervos cranianos) são raramente observadas. Indivíduos com relato de reações anafiláticas à ingestão de ovo ou de seus derivados devem ser vacinados com cautela. Pessoas suscetíveis que tenham sido expostas ao sarampo podem ser protegidas se vacinadas nas primeiras 72 horas após a exposição (vacinação de bloqueio), já que a imunidade induzida pela vacina se desenvolve mais rapidamente que a infecção natural12. Nos casos em que a vacina não pode ser aplicada (gestantes; pacientes oncológicos, especialmente quando em quimioterapia ou radioterapia; pacientes HIV- positivo, mesmo quando previamente vacinados; crianças Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu Thatiana Abreu 977 C apítulo 1 4 6 – S aram po saudáveis menores de 1 ano), mas em que há necessidade de evitar ou atenuar o sarampo, indica-se o uso de gama- globulina. As doses empregadas são de 0,25 mL/kg IM para bebês menores de 1 ano, e de 0,50 mL/kg IM para todos os outros, até o máximo de 15 mL, em uma única aplicação, que deve ser feita, no máximo, até 6 dias após a exposição. Como a imunidade passiva assim adquirida inativa a vacina, a vacinação deve ser feita após 3 meses nas crianças, e após 6 meses em todos os outros12,24. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Babbott FL, Gordon JE. Modern measles. Amer J Med Sci. 1954;228:334-61. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Disponível em: http://portal.saude.gov. br. Acessado em: 13 set. 2014. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Sarampo. Guia de Vigilância Epidemiológica, 2005. Disponível em http://www.prosaude.org/ publicacoes/guia/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf. Acesso em 14 de set. de 2014. 4. Ceará. Secretaria de Saúde. Boletim Epidemiológico de 22 de ago- sto de 2014. Disponível em: http://www.saude.ce.gov.br/index.php/ boletins?download=1520%3Aboletim-epidemiologico-sarampo. Acessado em: 12 set. 2014. 5. 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