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Formação Economica do Brasil 1

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Autor: Profa. Deborah Hornblas Travassos 
Colaboradores: Prof. Maurício Felippe Manzalli
 Prof. Gabriel Lohner Gróf
Formação Econômica do 
Brasil Contemporâneo
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Professora conteudista: Deborah Hornblas Travassos
Economista pela Fundação Armando Alvares Penteado – Faap, especialista em História Econômica do Brasil pela 
Universidade de São Paulo – USP, mestre e doutora em Antropologia da Religião também pela USP. Atualmente 
é professora da UNIP no curso de Ciências Econômicas, coordenadora de pós‑graduação em Economia e Relações 
Internacionais pela Faap e professora de Economia na Fatec São Paulo.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
T779f Travassos, Deborah Hornblas.
Formação Econômica do Brasil Contemporâneo. / Deborah 
Hornblas Travassos. – São Paulo: Editora Sol, 2015.
156 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2‑123/15, ISSN 1517‑9230.
1. Economia. 2. Formação econômica. 3. Brasil contemporâneo. I.Título.
CDU 33(81)
A‑XVIII
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Lucas Ricardi
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Sumário
Formação Econômica do Brasil Contemporâneo
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 DA CRISE DA DÉCADA DE 1930 AO ESTADO NOVO 1930‑1954 .................................................. 11
1.1 A crise de 1929 e as suas consequências para a economia brasileira ............................ 11
1.2 A Revolução de 1930 – o fim da Velha República e o início da era 
Getúlio Vargas ............................................................................................................................................... 13
1.2.1 A Revolução de 1930 ............................................................................................................................ 13
1.3 A política econômica de salvação do café da Nova República ......................................... 14
1.4 As teorias que explicam a industrialização do Brasil ............................................................. 17
1.4.1 Teoria dos Choques Adversos ............................................................................................................. 17
1.4.2 Ótica da Industrialização Liderada pelas Exportações ............................................................. 19
1.4.3 Capitalismo Tardio .................................................................................................................................. 20
1.4.4 Ótica da Industrialização Promovida Intencionalmente por Políticas 
do Governo ........................................................................................................................................................... 20
1.5 Avaliação do desempenho do setor industrial em períodos controvertidos ............... 21
1.6 A industrialização da cidade de São Paulo ................................................................................ 21
1.7 A história de Delmiro Gouveia ........................................................................................................ 22
1.8 Algumas histórias de famosos grupos industriais brasileiros de São Paulo ................. 23
1.8.1 A indústria Matarazzo ........................................................................................................................... 23
1.8.2 O grupo Votorantim ............................................................................................................................... 24
1.9 O modelo de substituição de importações ................................................................................ 25
1.10 A Revolução de 1932 ....................................................................................................................... 27
2 OS ANOS DE 1934 A 1937 ........................................................................................................................... 28
2.1 A democracia de Getúlio Vargas .................................................................................................... 28
2.2 O Estado Novo (1937‑45) ................................................................................................................. 30
2.3 A censura no Estado Novo ............................................................................................................... 31
3 A SEGUNDA GUERRA E O ESTADO NOVO – 1939‑1945 ................................................................. 32
3.1 O Brasil e a Segunda Guerra Mundial .......................................................................................... 34
3.2 A economia brasileira durante o período da Segunda Guerra .......................................... 34
3.3 O Brasil e a criação da CSN .............................................................................................................. 37
3.4 O fim do Estado Novo ........................................................................................................................ 38
4 O GOVERNO DUTRA (1946‑51) .................................................................................................................. 39
4.1 Política Econômica do Governo Dutra ........................................................................................ 40
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4.2 O Plano Salte .......................................................................................................................................... 43
4.3 O último governo de Getúlio Vargas (1951‑54) ...................................................................... 43
4.3.1 Carta‑testamento ................................................................................................................................... 44
4.4 A economia do Governo Vargas de (1951‑54) ......................................................................... 46
4.5 A interpretação da vocação agrária versus a interpretaçãodesenvolvimentista ..................................................................................................................................... 49
Unidade II
5 DO GOVERNO DE CAFÉ FILHO (1954‑55) AO GOVERNO DE JÂNIO 
QUADROS (1961) ................................................................................................................................................. 57
5.1 O governo de Café Filho .................................................................................................................... 57
5.1.1 A gestão de Gudin .................................................................................................................................. 57
5.1.2 A gestão Whitaker .................................................................................................................................. 58
5.2 O governo de Juscelino Kubitschek (1956‑60) ........................................................................ 59
5.2.1 A eleição de JK ......................................................................................................................................... 60
5.2.2 O programa de obras públicas e a construção de Brasília ..................................................... 63
5.2.3 O Plano de Metas .................................................................................................................................... 64
5.2.4 Análise do resultado do Plano de Metas ....................................................................................... 69
5.2.5 Os pontos positivos do Plano de Metas......................................................................................... 70
5.2.6 Os pontos negativos do Plano de Metas ....................................................................................... 71
5.2.7 Outros indicadores econômicos do período ................................................................................ 72
5.2.8 O final do governo de JK ..................................................................................................................... 75
5.3 O governo de Jânio Quadros (janeiro de 1961 a agosto de 1961) ................................... 77
5.3.1 A economia do governo Jânio Quadros ........................................................................................ 79
5.3.2 A crise política do governo de Jânio Quadros............................................................................. 80
5.4 Do governo João Goulart (1961‑63) ao golpe de 1964 ....................................................... 82
5.4.1 O governo de João Goulart (1961‑63) ........................................................................................... 82
5.4.2 A economia do período Jango (1961 a março de 1964) ........................................................ 83
5.5 A Cepal e suas principais diretrizes ............................................................................................... 84
6 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA ................................................................ 85
6.1 A tese de Raul Prebisch ...................................................................................................................... 85
6.2 Estratégias de desenvolvimento para a América Latina ....................................................... 87
6.3 A tese de Hans Singer ......................................................................................................................... 90
6.4 Limites da industrialização para a Cepal .................................................................................... 91
6.5 O Plano Trienal ...................................................................................................................................... 91
6.5.1 Metas do Plano Trienal ......................................................................................................................... 92
6.5.2 As reformas de base ............................................................................................................................... 93
6.5.3 A receptividade ao Plano ..................................................................................................................... 94
6.5.4 O fracasso do Plano Trienal ................................................................................................................ 95
6.6 A iminência do Golpe de 1964 ....................................................................................................... 96
6.6.1 A cronologia do Golpe .......................................................................................................................... 97
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Unidade III
7 OS GOVERNOS MILITARES DE CASTELO BRANCO (1964‑67) E EMÍLIO 
GARRASTAZU MÉDICI (1969‑73) ................................................................................................................105
7.1 O governo de Castelo Branco (1964‑67) ..................................................................................105
7.2 A sociedade brasileira durante a Ditadura Militar ................................................................107
7.3 O Paeg .....................................................................................................................................................108
7.3.1 Medidas de combate à inflação ......................................................................................................108
7.3.2 A reforma tributária .............................................................................................................................109
7.3.3 Reforma monetária .............................................................................................................................. 110
7.3.4 Política salarial ........................................................................................................................................111
7.3.5 Política externa ......................................................................................................................................112
7.4 O governo de Costa e Silva (1967‑69) .......................................................................................113
7.4.1 A economia durante o governo de Costa e Silva .................................................................... 114
7.4.2 Aumento da intervenção governamental ..................................................................................116
7.4.3 Aumento das exportações.................................................................................................................116
7.4.4 Financiamento externo ......................................................................................................................117
7.4.5 Inflação .....................................................................................................................................................117
7.4.6 Investimento estrangeiro...................................................................................................................117
7.4.7 Política salarial e distribuição de renda ....................................................................................... 118
7.4.8 O fim do governo de Costa e Silva ................................................................................................118
7.5 O governo de Emílio Garrastazu Médici (1969‑73)..............................................................118
7.5.1 A economia do governo Médici ......................................................................................................121
7.5.2 O fim do governo Médici ...................................................................................................................121
7.6 O primeiro Choque do Petróleoe sua influência na economia brasileira ...................121
8 O GOVERNO DE ERNESTO GEISEL (1974‑79) .....................................................................................123
8.1 A economia durante o governo Geisel ......................................................................................125
8.1.1 O II PND ................................................................................................................................................... 126
8.1.2 O Programa do Proálcool .................................................................................................................. 126
8.1.3 Obras do II PND .................................................................................................................................... 127
8.1.4 Resultados do II PND .......................................................................................................................... 127
8.1.5 Estatização .............................................................................................................................................. 128
8.1.6 Inflação .................................................................................................................................................... 129
8.1.7 Política e sociedade ............................................................................................................................. 130
8.2 O segundo Choque do Petróleo ....................................................................................................131
8.3 O governo de João Baptista Figueiredo (1979‑85) ..............................................................132
8.3.1 O caso Riocentro .................................................................................................................................. 134
8.3.2 A economia do governo Figueiredo ............................................................................................. 134
8.3.3 O III PND .................................................................................................................................................. 135
8.3.4 As negociações com o FMI ............................................................................................................... 136
8.3.5 A retomada do crescimento em 1984 ......................................................................................... 137
8.3.6 Vamos rever algumas causas possíveis da inflação ............................................................... 138
8.4 O movimento Diretas Já e a transição democrática ............................................................139
8.5 O fim do governo Figueiredo e da Ditadura Militar no Brasil ..........................................141
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APRESENTAÇÃO
O livro‑texto que ora apresentamos destina‑se aos estudos da formação econômica do Brasil 
contemporâneo no período que vai de 1930 a 1980. O objetivo é levá‑lo à compreensão das mudanças 
das políticas econômicas no período e ao entendimento de como elas influenciarão a economia brasileira 
em tempos atuais. Essas informações serão muito importantes nas tomadas de decisões na sua vida 
profissional, pois só podemos entender o presente se tivermos compreensão do passado.
Percorreremos o período proposto abordando com ênfase a política econômica, mas sem esquecer 
aspectos políticos e sociais de relevância para o período, pois sem uma contextualização política, 
histórica e social, ficaria muito difícil entendermos a economia.
Em cada unidade de nosso livro‑texto, você encontrará:
• Textos explicativos que elucidam a matéria.
• Resumos do conteúdo estudado.
• Exercícios comentados.
• Tópicos para refletir, nos quais convidamos você a pensar sobre assuntos da atualidade.
• A seção Saiba Mais, na qual indicamos filmes e livros que, de alguma forma, complementam os 
temas investigados. Não deixe de explorar essas sugestões; garantimos que você irá ampliar seu 
conhecimento sobre os temas apresentados e que isso será extremamente útil, não apenas na 
questão específica da disciplina, mas na sua vida profissional.
• Lembretes – anotações pontuais que remetem a alguma informação já conhecida – e Observações 
– apontamentos que chamam sua atenção para algum ponto destacado sobre o assunto em 
desenvolvimento – são recursos que reforçam algumas questões que quisemos salientar.
INTRODUÇÃO
Abordaremos o período que vai da Revolução de 1930 até o fim da Segunda Guerra Mundial 
(1939‑45), o processo de industrialização do País e as teorias que explicam esse processo, as políticas 
econômicas do governo Getúlio Vargas e a nova inserção do Brasil no mundo através do Modelo de 
Substituição de Importações até o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
Na sequência estudaremos o período que vai do governo interino de Café Filho até o período em que 
Juscelino Kubitschek foi presidente e implantou o Plano de Metas, importante plano de modernização 
do Brasil. Estudaremos o período que vai de 1961 a 1964, que abrange o governo de Jânio Quadros até 
sua renúncia e o governo de João Goulart, seu Plano Trienal e sua abordagem baseada nos princípios 
da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Preocuparemo‑nos com o modelo de 
substituição de importações adotado nesse período e suas contradições macroeconômicas.
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Por fim, trataremos do período militar, desde o Golpe até as crises econômicas da década de 
1970 (primeiro e segundo Choques do Petróleo). Estudaremos os planos econômicos da época desde 
o Paeg, passando pelo Milagre Econômico e pelo segundo PND. Preocuparemo‑nos, então, com os 
desequilíbrios macroeconômicos que marcaram profundamente o período, como a escalada da inflação, 
o endividamento externo e o processo de modernização do País.
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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Unidade I
O FIM DA VELHA REPÚBLICA, A INDUSTRIALIZAÇÃO E O ESTADO NOVO DE 
GETÚLIO VARGAS (1937‑1945)
1 DA CRISE DA DÉCADA DE 1930 AO ESTADO NOVO 1930‑1954
1.1 A crise de 1929 e as suas consequências para a economia brasileira
A seguir estudaremos a tumultuada década de 1930 no Brasil. Esse período foi profundamente marcado 
por mudanças estruturais, desde o fim de sua inserção como país prioritariamente primário‑exportador 
e o início da industrialização até grandes mudanças na política, com o fim da Velha República e a 
ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
Todas essas mudanças iniciam‑se com a maior crise que o capitalismo já vivenciou e que ocorreu nos 
Estados Unidos em 1929. Falamos da quebra da bolsa de Nova York, que disseminaria a crise por todo o 
mundo – uma calamidade econômica que, logicamente, atingiria profundamente o Brasil.
Então vamos recordar o que foi a crise de 1929 e como ela afetou o Brasil: após a Primeira Grande 
Guerra (1914‑18), os Estados Unidos apresentaram um profundo enriquecimento graças à venda de 
armas e bens de consumo duráveis aos seus aliados na Europa (Tríplice Aliança). Não podemos esquecer 
que os norte‑americanos só se envolveram diretamente na Guerra em 1917 (faltava apenas um ano 
para o fim do conflito). Assim, podemos afirmar que a guerra em nenhum momento ocorreu em solo 
americano e os EUA não perderam civis, fábricas ou plantações, bem diferente do que havia ocorrido nos 
quatro longos anos de batalhas na Europa, que teve seu território devastado, suas fábricas bombardeadas, 
sua agricultura destruída e parte de sua população dizimada.Podemos inferir, desse triste panorama, que a Europa, tanto os países que perderam quanto os que 
venceram, teriam tido imensas dificuldades em seu processo de reconstrução.
Já na década de 1920, os EUA, por sua vez, se tornaram uma nação enriquecida e com uma economia 
muito aquecida. Esse aquecimento refletia‑se na produção de bens industrializados e agrícolas, sob 
um regime de padrão‑ouro, e taxas de juros baixas. Além disso, a partir desse período, o governo 
estadunidense passou a adotar uma política de empréstimos externos que visava tanto aos países 
destruídos pela guerra como aos países pouco desenvolvidos, como era o caso do Brasil, nessa longínqua 
década de 1920.
Esse clima de euforia econômica refletiu‑se na bolsa de valores. O sistema monetário baseado no 
ouro impedia que houvesse inflação, mesmo com taxas de juros baixas, a demanda mundial estava 
aquecida, era um ambiente muito propício à especulação, como vemos na fala do economista Galbraith:
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Unidade I
O ambiente de confiança e otimismo é fator essencial para que haja algum 
“boom” de crescimento bem como a poupança, mesmo que seja com 
dinheiro emprestado. O desabrochar da especulação é muito mais provável 
após marcantes períodos de prosperidade do que nas primeiras fases de 
recuperação de uma depressão (GALBRAITH, 1979, p.151).
12
10
Craque da Bolsa
Recessão
New Dealmilhões
Guerra de 1941
8
6
4
2
1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 1939 1940 1941 1942
Figura 1
 Observação
Quando a taxa a taxa de juros está baixa, estimula a produção e isso se 
reflete no desempenho positivo da bolsa de valores.
O colapso da economia foi inevitável, eram inúmeras as empresas fantasmas, a especulação estava 
incontrolável, os estoques se avolumavam. A venda generalizada de ações por pânico em virtude da 
perda de confiança alastrou‑se sem controle.
A quebra da bolsa de valores de Nova York de 1929 tornou‑se uma verdadeira tragédia; fortunas se 
desfizeram do dia para a noite, empresas faliram, houve desemprego em massa, enfim, os anos que se 
seguiram ao episódio não seriam nada fáceis. Estava iniciada a Grande Depressão.
 Saiba mais
Para maiores informações sobre o tema, leia:
GALBRAITH, J. O colapso da Bolsa de 1929. Rio de Janeiro: Expressão e 
Cultura, 1979.
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E o que o Brasil tinha a ver com isso? Muito. Lembre‑se: o maior comprador do café produzido pelo 
País eram os Estados Unidos, além disso, o governo brasileiro, junto com os cafeicultores, financiava a 
lavoura de café com empréstimos externos desde 1906, durante os acordos firmados no Convênio de 
Taubaté (FURTADO, 1984).
Como havia ocorrido nos países mais ricos, o padrão‑ouro não havia resistido à Primeira Guerra, mas 
foi retomado mais tarde, com a Caixa de Estabilização, experiência que só durou até 1929.
 Observação
No Brasil, padrão‑ouro resultava do estabelecimento da Caixa de 
Conversão, que emite papel‑moeda com lastro no metal.
Com a quebra da bolsa, os EUA imediatamente pararam de comprar o café brasileiro (o café é um 
bem supérfluo) e pararam de emprestar dólares para que o governo brasileiro comprasse o excedente 
de café. A crise foi exportada para o nosso país e parecia que tínhamos entrado em um beco sem saída.
1.2 A Revolução de 1930 – o fim da Velha República e o início da era 
Getúlio Vargas
1.2.1 A Revolução de 1930
A Revolução de 1930 ocorreu em 24 de outubro e foi um movimento armado que impediu que o 
novo presidente da República, Júlio Prestes, assumisse o poder. A sucessão à presidência proposta pelo 
último presidente do Brasil, Washington Luís, estava atrelada à crise no setor cafeeiro, e esse último 
presidente era paulista e cafeicultor.
Pela lógica da “Política do Café com Leite”, que existia na Velha República, o indicado para a sucessão 
deveria ser um mineiro. Porém, devido à profunda crise de 1929, Washington Luís achou por bem indicar 
outro cafeicultor, Júlio Prestes, rompendo com a política anterior.
Nas eleições de 1930, São Paulo e Minas Gerais romperam os acordos de alternância à presidência 
desde o início da república. Isso ocorreu frente à indicação de Júlio Prestes em detrimento do mineiro 
Antônio Carlos de Andrada, que era então presidente do estado de Minas Gerais.
Formou‑se no período a Aliança Liberal liderada pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande 
do Sul, insatisfeitos com os rumos políticos do País. O clima político tornou‑se muito tenso frente à 
acusação de fraude eleitoral contra o governo de São Paulo, pois a vitória de Júlio Prestes à presidência 
foi acusada de fraudulenta.
O clima chegou a seu ápice com o assassinato do paraibano João Pessoa, indicado a vice‑presidente 
de Getúlio Vargas. Houve uma revolta armada que como consequência derrubou Washington Luís, e 
assim iniciou‑se a Nova República e teve fim a hegemonia do poder da oligarquia cafeeira paulistana. 
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Unidade I
Getúlio Vargas, que anteriormente havia sido ministro da Fazenda de Washington Luís e era presidente 
do estado do Rio Grande do Sul, assumiu a chefia do “Governo Provisório” em 3 de novembro de 1930.
Figura 2 
 Saiba mais
Veja o documentário:
REVOLUÇÃO de 30. Dir. Sylvio Back. Brasil: Sylvio Back Produções 
Cinematográficas, 1980. 118 minutos.
1.3 A política econômica de salvação do café da Nova República
Com a crise mundial deflagrada pela quebra da bolsa de valores de Nova York, a situação da 
economia cafeeira ficou em situação muito grave. Tornara‑se impossível conseguir crédito no exterior 
para financiar a compra de novos estoques.
A liquidação das resevas metálicas somada à ausência de compradores de café levou a uma grande 
queda de preço do produto, a baixa foi de 22,5 centavos de dólares por libra para 8 centavos (FURTADO, 
1984, p. 187).
A baixa do preço internacional do café e a falência de conversibilidade levaram à queda do valor da 
moeda nacional, favorecendo os produtores de café, mas o mercado externo não tinha como absorver 
essa enorme produção.
 Observação
O café é um produto considerado supérfluo, e, portanto, muito sensível 
às variações de preço; a procura é pouco elástica em função dos preços.
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Além disso, a desvalorização da moeda, ao estimular a venda de café, induzia o cafeicultor a continuar 
colhendo café. Isso levava à maior baixa de preços e à nova depreciação da moeda nacional.
A pergunta que o novo governo implantado por Getúlio Vargas passa a enfrentar é: como lidar 
com os estoques sem acesso a recursos externos? Era evidente que o execedente de produção não seria 
escoado em um tempo hábil, a resposta seria destruir o execedente das colheitas, queimado‑os.
Veja a tabela a seguir:
Tabela 1 – Café destruído pelo governo federal e produção nacional 
(1931‑1945) – toneladas
Ano Toneladas de café destruídas A Quantidade produzida de café B % de A sobre B
1931 169.547 1.301.670 13,03
1932 559.778 1.535.745 36,45
1933 821.221 1.776.600 46,22
1934 495.947 1.652.538 30,01
1935 101.587 1.135.872 8,94
1936 223.869 1.577.046 14,2
1937 1.031.786 1.460.959 70,62
1938 480.240 1.404.143 34,2
1939 211.192 1.157.031 18,25
1940 168.964 1.002.062 16,86
1941 205.370 961.552 21,36
1942 138.768 829.879 16,72
194376.459 921.934 8,29
1944 8.127 686.686 1,18
Total 4.692.855 17.403.717 26,96
Fonte: Gremaud, Vasconcellos e Toneto (2007).
Essa atitude do governo da Nova República foi de extrema importância para condução da economia 
brasileira em periodo de crise tão profunda. Ao queimar o execedente de café e, com isso, regular 
o preço do produto, estava‑se na realidade mantendo‑se o nível de emprego que afetava não só o 
mercado externo, mas também o mercado interno, reduzindo‑se, assim, os efeitos multiplicadores de 
desemprego sobre os demais setores da economia (FURTADO, 1984).
O choque externo sobre a economia brasileira afetou a moeda e o balanço de pagamentos, vejamos 
a seguir alguns indicadores:
As resevas, que somavam 31 milhões de libras em setembro de 1929, caíram 
a 14 milhões em agosto de 1930 e haviam desaparecido em 1931. Em 
1931‑32 as importações caíram a um terço do seu valor em libras esterlinas 
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Unidade I
de 1928, enquanto as exportações caíram quase que à metade. Em volume 
as importações decresceram em cerca de 60% entre 1928 e 1932, enquanto 
as exportações declinaram 16%. Os preços de importação em mil‑réis 
cresceram 6%, enquanto os preços de exportação caíram quase 25%. Assim, 
os termos de intercâmbio sofreram uma deterioração de cerca de 30% e a 
capacidade de importar, de 40% (ABREU, 1990, p. 74).
Com a desvalorização da moeda nacional, somada à manutenção do emprego por meio da proteção 
do setor exportador, podemos afirmar que os interesses ligados à indústria nacional ficaram protegidos, 
pois os produtos importados ficaram muito caros e os industriais tinham acesso a insumos relativamente 
baratos, além da manutenção do poder de compra, que era formado basicamente por aqueles que direta 
ou indiretamente estavam ligados ao setor cafeeiro.
Outra questão fundamental sobre o período refere‑se ao pagamento da dívida externa que o Brasil 
tinha com os bancos internacionais. Em função da crise, é lógico que o País passou a ter enormes 
dificuldades para honrar o seus comprimissos com os bancos internacionais.
Um funding loan parcial foi negociado em 1931, e a negociação foi unilateral da parte do Brasil:
Garantia o pagamento integral do serviço dos Funding Loan de 1989 a 1914 
e estipulava que os juros relativos aos demais empréstimos federais por três 
anos seriam pagos com títulos de 5% cuja emissão corresponderia ao Funding 
Loan de 1931. As amortizações relativas a esses empréstimos federais seriam 
suspensas e nada se dispunha sobre o serviço dos empréstimos estaduais e 
municipais (ABREU, 1990, p. 76).
 Observação
Conforme nos conta Abreu (1990), o primeiro funding loan foi uma 
medida econômica tomada por Campos Sales durante a República Velha, 
em 1989, durante a crise do encilhamento. Essa medida estabelecia a 
concessão de emprétimos de 10 milhões de libras esterlinas, a ser utilizado 
para o pagamento dos juros da dívida externa brasileira, nos três anos 
seguintes – houve concessão de mais 10 anos para o pagamento da dívida. 
Em resumo, funding loan significava dar um prazo maior para o pagamento 
da dívida por meio de um novo empréstimo.
Após o primeiro funding loan, seguiram‑se os de 1914 e o de 1931.
Como vemos na citação de Abreu (1990), o acordo não era bom para os Estados Unidos, que tinham 
grande participação nas dívidas estaduais e municipais. Assim, havia uma tensão entre as relaçãoes 
entre EUA e o Brasil.
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Analisando sob a ótica de Celso Furtado (1984) a Política e Salvação do Café adotada por Vargas, 
podemos afirmar que foi um período no qual o Brasil caminhou por uma contramão histórica, ou 
seja, enquanto o mundo enfrentava uma crise sem preedentes, no Brasil iniciava‑se o processo de 
modernização por meio da industrialização.
Isso significa que a demanda agregada que foi sustentada pela manutenção da compra do 
excedente cafeeiro, a desvalorização da moeda nacional que protegia o mercado interno e, portanto, 
a indústria nascente levaram ao abandono paulatino por parte do País de um modelo unicamente 
primário‑exportador para um modelo de desenvolvimento baseado na indústria.
1.4 As teorias que explicam a industrialização do Brasil
Nesse item estudaremos quatro teorias que procuram entender como se deu o processo de 
industrialização do Brasil. São teses estudadas por importantes economistas brasileiros e um brasilianista. 
Uma das teorias mais aceitas é a dos Choques Adversos, defendida por Celso Furtado e pelos teóricos 
da Cepal.
Analisaremos também a Teoria da Industrialização Liderada pelas Importações, defendida pelo 
brasilianista Warren Dean, além da Teoria do Capitalismo Tardio, de Maria da Conceição Tavares, 
Sérgio Silva e João Manoel C. de Mello, e a Ótica da Industrialização Promovida pelo Governo, de 
Maria Teresa Versiani.
1.4.1 Teoria dos Choques Adversos
Essa teoria parte do princípio de que a industrialização brasileira ocorreu como resultado de estímulos 
à produção industrial provenientes de dificuldades no comércio internacional e de implementação de 
políticas internas expansionistas.
É o caso que acabamos de estudar. A crise dos anos 1930 representou não um retrocesso, mas um 
importante avanço da modernização do País, por meio da industrialização como reação à derrocada da 
economia cafeeira (FURTADO, 1984).
É lógico que como todas as teorias, a dos Choques Adversos também é passível de críticas; 
um dos mais importantes dados que questionam a validade dessa teoria para todo o período 
que abrange a industrialização do Brasil refere‑se à não identificação de um crescimento 
industrial induzido pelas exportações no período que antecede a década de 1930, como 
podemos observar na tabela a seguir, em momentos de crise como em 1914 (início da Primeira 
Guerra). Nesse período, de fato, a indústria decresce em relação ao ano anterior, indo contra os 
princípios dos choques adversos. A tabela também aponta para a existência de uma indústria, 
mesmo que incipiente.
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Tabela 2 – Taxas de variação em relação ao ano anterior
Ano Produto industrial Produto agrícola
1910 4,4 4,7
1911 9 ‑7,4
1912 10,7 11
1913 0,9 ‑2,2
1914 ‑8,7 6,7
1915 12,9 ‑0,9
1916 11,4 4,2
1917 8,7 3,6
1918 ‑1,1 3
1919 14,8 ‑1,3
1920 5,2 13,4
1921 ‑1,8 4,1
1922 18,8 0,5
1923 13,3 3,9
1924 ‑1,1 1
1925 1,1 ‑3,2
1926 2,4 3,2
1927 10,8 10,8
1928 7 18,4
1929 ‑2,2 0,3
Fonte: Abreu (1990, p. 393).
Observe a tabela seguinte, que contabiliza empresas de máquinas, oficinas mecânicas e fundições 
no estado de São Paulo no ano de 1917, ou seja, bem antes de 1930, mostrando a diversidade e a 
quantidade, já bastante considerável, de fábricas no Brasil:
Tabela 3 – Empresas de máquinas, oficinas mecânicas e fundições, estado de São Paulo, 
1907 (em mil‑réis correntes)
Empresa Cidade Operários Capital Valor da produção
F. & L. Sydow (antes 1891) São Paulo 21 4.000 100.000
F. Amaro (1892) São Paulo 100 200.000 700.000
Cia. Mecânica Importadora (1890) São Paulo 353 5.000.000 303.000
Rizkallah Jorge São Paulo 45 80.000 75.000
Herman Stoltz & C. São Paulo 51 100.000 100.000
Aliberti & C. São Paulo 33 60.000 12.000
J. Rangel & C. São Paulo 22 20.000 144.000
Philadelpho Castro São Paulo 15 25.000 60.000
Affonso Mariano São Paulo 95 40.000 480.000
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Empresa Cidade Operários Capital Valor da produção
Antonio Marmano São Paulo 65 50.000 360.000
Huntgen & C. São Paulo 74 350.000 380.000
Lidgerwood Company Limited (1860) São Paulo 206 400.000 583.000
Bacheli & Bulgarelli São Paulo 5 4.000 36.000
Cardinali & Matarazzo São Paulo 53 50.000 160.000
Craig & Martins (1895) São Paulo 105 100.000 400.000
Craig & Martins São Paulo 76 100.000 200.000
Bernardo Kuntgen São Paulo 136 700.000 550.000
Caldas & C. Piracicaba 10 50.000 96.000
Companhia Mac Hardy (1875) Campinas 254 978.000 860.000
Pedro Anderson & C. Campinas 49 98.000 600.000
Pedro Faber Campinas 7 40.000 30.000
Lidgerwood Company Limited (1860) Campinas 46 100.000 100.000
Arens Irmãos (1876) Jundiaí 168 650.000 920.000
Jefferson Barreto & C. São Paulo 51 300.000 350.000
A. Milanesi & Irmãos (1900) Botucatu 15 30.000 n.d.
Carlos Tonanni (1902) Jaboticabal 110 600.000 n.d.
Fonte: Marson (2012, p. 59).
1.4.2 Ótica da Industrialização Liderada pelas Exportações
Ótica defendida pelo brasilianista Warren Dean, parte do princípio de que a origem do crescimento 
inicial da indústria brasileira relaciona‑se linearmente com as exportações. O crescimento do setor 
exportador implicaria, pois, uma expansão do mercado interno e das importações de maquinaria, e 
se traduziria em um aumento dos investimentos industriais. Uma retração no setor exportador, ao 
contrário, provocaria uma redução nesses investimentos.
Apesar do que vimos nas tabelas anteriores, de fato, havia indústria antes de 1930. Essa expansão é 
bem menor e menos importante do que a observada após 1930, assim essa teoria consegue explicar a 
indústria pré‑1930, mas não o aumento da produção industrial que ocorreu após a crise de 1929 (DEAN, 
1976). Podemos observar isso na tabela a seguir:
Tabela 4 – Taxas de variação em relação ao ano anterior
Ano Produto industrial Produto agrícola
1930 ‑6,7 1,2
1931 1,2 ‑6,3
1932 1,4 6,0
1933 11,7 12,0
1934 11,1 6,2
1935 11,9 ‑2,5
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1936 17,2 9,5
1937 5,4 0,1
1938 3,7 4,2
1939 9,3 ‑2,3
1940 ‑2,7 ‑1,8
1941 6,4 6,3
1942 1,4 ‑4,4
1943 13,5 7,3
1944 10,7 2,4
1945 5,5 ‑2,2
1946 18,5 8,4
1947 3,3 0,7
1948 12,3 6,9
1949 11,0 4,5
Fonte: Abreu (1990, p. 396).
1.4.3 Capitalismo Tardio
A emergência e a evolução de uma indústria manufatureira em São Paulo são analisadas por essa teoria 
como uma etapa do desenvolvimento de uma economia agrícola exportadora capitalista e determinada, 
portanto, em primeiro lugar, por fatores internos. A libertação da escravatura tem importante papel no 
processo de inserção do País no modo capitalista de produção, pois só haverá capitalismo se houver mão 
de obra assalariada e, por sua vez, só haverá mão de obra assalariada em escala importante se houver 
indústria (MELLO, 1982).
Como nas outras teorias analisadas até aqui, a crítica que podemos fazer sobre essa análise é que ela, 
assim como a teoria dos Choques Adversos de Celso Furtado, subestima a diversidade industrial ocorrida 
no período antes de 1930.
1.4.4 Ótica da Industrialização Promovida Intencionalmente por Políticas do Governo
Essa ótica dá ênfase à proteção concedida à indústria como um fator que teria propiciado a 
emergência e o desenvolvimento de um setor manufatureiro num país agrícola exportador, identificando 
ainda ciclos alternados de investimento e de produção, determinados por alterações na taxa de câmbio 
(VERSIANI, 1975).
Como critica a essa teoria podemos dizer que partir sempre do pressuposto de que o governo 
esteve disposto a proteger a indústria seria uma precipitação. Não há nenhuma comprovação de 
que o Estado brasileiro teria promovido uma política explicitamente protecionista no período que 
antecede a Primeira Guerra.
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1.5 Avaliação do desempenho do setor industrial em períodos controvertidos
Podemos fazer breves análises sobre a industrialização do País a partir das teorias brevemente descritas: 
a despeito de uma expansão industrial relevante na década de 1930, a gênese da industrialização é 
anterior a esse período, há não uma só indústria nascente no período, ela apresenta alguma diversificação.
No investimento industrial durante os anos do Encilhamento o então ministro da Fazenda, Rui 
Barbosa, adotou uma política que visava a estimular a industrialização e o desenvolvimento brasileiro, 
mas sabemos que essa política levou a uma grave crise econômica, o que resultou em altíssimos níveis 
de inflação. Apesar da crise, muitas indústrias resistiram, deixando um legado que seria utilizado como 
base industrial anos mais tarde.
Como vimos na teoria de Maria Teresa Versiani, que defende a ideia que a indústria teria sido promovida 
por políticas públicas que teriam o intuito de proteção à produção industrial brasileira, se isso não se 
confirma, mesmo que “meio sem querer”, também acabou por estimular a modernização do país.
Enfim, podemos dizer que as quatro teorias se adequam a períodos específicos que vão da proclamação 
da República do Brasil até a Segunda Grande Guerra (1939‑45).
 Saiba mais
Assista ao filme:
MAUÁ – o imperador e o rei. Dir. Sérgio Rezende. Brasil: Company 
Contact Information, 1999. 135 minutos.
1.6 A industrialização da cidade de São Paulo
A cidade de São Paulo foi palco de um crescimento extraordinário, de uma pequena vila com pouco 
mais de 31.000 moradores em 1870, a cidade já contava com uma população de em torno de 70 mil 
habitantes no período entre 1870 e 1890 (SÃO PAULO, [s.d.]).
Esse significativo crescimento populacional deveu‑se fundamentalmente à requisição cada vez 
maior da demanda por mão de obra que passou a existir nas fazendas de café, em função tanto do 
aquecimento da própria produção cafeeira quanto da pressão pela abolição da escravatura (FURTADO, 
1984). A população de São Paulo, em 1900, já chegava ao surpreendente número de 270 mil habitantes, 
e em 1920, a 600 mil habitantes, a maioria de imigrantes.
Os números da entrada de imigrantes pela cidade de São Paulo são surpreendentes. Vejamos alguns 
registros da entrada de pessoas vindas principalmente da Itália, mas também de outros países europeus 
como Portugal, Espanha e Alemanha:
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Unidade I
Tabela 5 
Ano Imigrantes
1886 9.536
1887 32.112
1888 92.086
1889 27.893
1890 28.291
1891 108.736
Adaptada de: Reznik e Fernandes (2014).
O início da industrialização da cidade deveu‑se ao café e aos investimentos em infraestrutura 
gerados tanto para o escoamento da lavoura cafeeira quanto pela fixação do cafeicultor no planalto.
As primeiras instalações industriais visavam justamente atender à demanda dos cafeicultores, 
visando a construção civil, iluminação pública, calçamentos etc. e principalmente a uma infraestrutura 
mais sofisticada, como a construção de estradas de ferro que escoariam a produção do interior para o 
porto de Santos, passando obrigatoriamente pela cidade de São Paulo (SÃO PAULO, 2005).
A industrialização de São Paulo não teria ocorrido se não fosse o capital cafeeiro. As primeiras 
tentativas de industrialização do Brasil não aconteceram no sudeste cafeeiro, mas sim no Nordeste, 
contudo essas experiências acabaram não tendo resultados positivos, fundamentalmente pela ausência 
de um mercado interno, já que se tratava de uma região muito pobre e na qual faltava uma infraestrutura 
que desse apoio a essa indústria, como transporte e energia.
Vejamosuma história sobre essa tentativa de industrialização do Nordeste no século XIX.
1.7 A história de Delmiro Gouveia
Delmiro Gouveia, nascido no Ceará em meados do século XIX, foi o primeiro empresário a empregar, 
em 1913, a energia hidráulica da queda de Angiquinho na cachoeira de Paulo Afonso a fim de colocar 
em funcionamento as máquinas de sua indústria, que se chamava Companhia Agro Fabril Mercantil, 
instalada na cidade de Recife, em Pernambuco.
Em 1914, Gouveia inaugurou uma fábrica de linhas que passou a dominar o mercado brasileiro, mas 
também atingiu mercados na América do Sul, como Argentina, Chile, Bolívia e Peru. Ainda nesse ano, o 
empresário iniciou a construção de estradas para a circulação de seus produtos em Alagoas, onde residia 
na época, fundando 520 km de vias carroçáveis, introduzindo, assim, pela primeira vez os automóveis 
no sertão nordestino.
Gouveia viajou diversas vezes para os Estados Unidos e Europa, locais de onde trouxe a ideia do uso 
da energia elétrica. Instalou‑se no distrito de Pedra, em Alagoas (atualmente o distrito chama‑se Delmiro 
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Gouveia), próximo a Paulo Afonso, em 1909, e o distrito passou a contar com uma população de 5 mil pessoas 
que tinham acesso a essa grande novidade que era a luz artificialmente produzida, além de água encanada, 
esgoto, telefone, telégrafo, tipografia, capela, cinema, lavanderia, fábrica de gelo, armazéns e escolas.
A fábrica trouxe muitos empregos, fundando a primeira vila operária no sertão. Os moradores da vila 
não pagavam pela água e pela energia elétrica, mas não podiam jogar lixo nas ruas, beber nada alcoólico 
ou portar armas.
Três anos após a inauguração da fábrica, Delmiro Gouveia foi assassinado a tiros aos 54 anos 
em circunstâncias que nunca foram esclarecidas. Pressupõe‑se que toda essa modernidade deva ter 
incomodado os coronéis dos grandes latifúndios nordestinos, que pretendiam manter a população na 
pobreza e, consequentemente, na ignorância, e assim assegurar seu curral eleitoral, além de garantir uma 
mão de obra barata e abundante. Termina assim muito rapidamente a mais bem‑sucedida experiência 
de industrialização do Nordeste brasileiro (A HISTÓRIA..., [s.d.]).
 Saiba mais
Leia o seguinte livro, para iniciação aos assuntos ligados à vida e obra 
do empreendedor nordestino:
FARIAS, J. A. de. Delmiro Gouveia. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2001.
Veja também o filme:
CORONEL Delmiro Gouveia. Dir. Geraldo Sarno. Brasil: Globo Vídeo, 
1977. 90 minutos.
1.8 Algumas histórias de famosos grupos industriais brasileiros de São Paulo
Os imigrantes e os cafeicultores foram os precursores da industrialização do Brasil. Dentre os 
imigrantes, podemos citar as famílias Matarazzo (italiana), Jafet (libanesa), Crespi (italiana), Klabin 
(judia) e Ignácio (português).
A seguir veremos rapidamente duas dessas histórias.
1.8.1 A indústria Matarazzo
Ao contrário do que muitos pensam, Francisco Matarazzo, quando chegou ao Brasil, em 1881, não 
era pobre e uma pessoa de pouca instrução. Ele tinha educação superior e experiência no comércio 
trazida da Itália. O conde Matarazzo se estabeleceu inicialmente na cidade paulista de Sorocaba, no 
comércio de banha de porcos, e anos depois mudou‑se para a capital São Paulo, onde fundou uma 
empresa que importava farinha de trigo e toucinho.
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Em 1900, com crédito obtido no British Bank of South America, construiu o primeiro moinho a vapor 
em São Paulo e em 1904 fundou uma fábrica têxtil. Além disso, foi proprietário de uma fábrica de azeite, 
fósforos, massas, velas, conservas, caixas de madeira, tipografia, cerâmica etc.
Em 1930, o nome da família Matarazzo era sinônimo de riqueza e êxito empresarial (REGO, 2014).
1.8.2 O grupo Votorantim
Em 1892, o português Antônio Pereira Ignácio deu início à sua carreira industrial como retalheiro e 
fundou uma empresa de beneficiamento de algodão.
O empresário esteve nos Estados Unidos, onde se aperfeiçoou e, com os lucros obtidos na sua fábrica, 
adquiriu uma fábrica de cimento.
Em 1917, adquiriu a empresa têxtil Votorantim, segunda maior empresa do ramo em São Paulo, 
e acabou por obter o controle de 17% das algodoarias do estado de São Paulo. Em 1925, o genro de 
Pereira Ignácio, J. Ermírio de Moraes, tornou‑se diretor‑gerente da companhia Votorantim e, depois, seu 
único proprietário (REGO, 2014).
Esse grupo que surgiu em São Paulo, do lado das indústrias Matarazzo, Crespi, Klabim, Jafet etc., se 
tornou um símbolo da industrialização e do desenvolvimento de São Paulo.
Figura 3
 Saiba mais
Leia o texto:
SEVCENKO, N. A cidade metástasis e o urbanismo inflacionário: incursões 
na entropia paulista. Revista USP, São Paulo, n. 63, p. 16–35, set./nov. 2004. 
Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/63/02‑nicolau.pdf>. Acesso 
em: 7 ago. 2015.
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1.9 O modelo de substituição de importações
Após a crise de 1930, a indústria brasileira passou à forma que comumente chamamos de PSI, ou 
seja, Processo de Substituição de Importações.
Como escreveu Celso Furtado, a maneira como o Brasil enfrentou a crise de 1930 fez com que se 
deslocasse o centro dinâmico da economia brasileira. Ou seja, o elemento essencial deixou de ser a 
demanda externa (típica de economias primário‑exportadoras) e passou a ser a atividade industrial, que 
é obviamente nesse período voltada para o mercado interno.
Apesar do nível de renda ser mantido, com a Política de Salvação do Café, persistiam os constantes 
desequilíbrios no balanço de pagamentos brasileiros causados fundamentalmente pela queda na 
exportação do café. A renegociação da dívida externa brasileira e a desvalorização da moeda nacional 
aliviaram a pressão sobre o balanço.
Porém, a desvalorização da moeda nacional causou forte elevação nos preços dos bens importados; 
isso teve o poder de tornar os produtos nacionais mais atraentes, estimulando o seu consumo pelo 
mercado interno. Essa rentabilidade tornou o setor mais dinâmico e passou a atrair investimentos tanto 
do próprio setor cafeeiro como de outros setores também. Esse é o deslocamento do centro dinâmico 
citado por Furtado (GREMAUD, 2002).
Podemos afirmar, portanto, que a industrialização do Brasil na década de 1930 se deu pelo processo 
de substituição de importações.
 Observação
Substituição de importações significa produzir internamente o que 
antes era comprado fora do país.
Quais são as características fundamentais desse tipo de industrialização baseada no PSI?
São:
• A industrialização, nesse caso, é fechada, ou seja, voltada para dentro. Visa fundamentalmente 
atender o mercado interno.
• Depende de medidas protetoras do governo dos concorrentes externos (GREMAUD, 2002).
Quais os mecanismos de proteção à indústria nacional usados no PSI?
• Desvalorização do câmbio: desvalorizando o câmbio, o produto importado fica muito caro, o que 
por si só acaba se constituindo como protetor da indústria nacional. A vantagem da desvalorização 
do câmbio é que indiretamente acaba também favorecendo o setor exportador, gerando mais 
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recursos para estimular a indústria nacional. Contudo, a desvantagem é que o país fica dependente 
de tecnologia e de bens de capitaldos quais ele não tem autonomia e cujos preços geralmente 
ficam extremamente altos, pois são importados.
• Elevação das tarifas de importação: as tarifas de importação são elevadas, obtendo‑se, dessa 
forma, um efeito protecionista sobre alguns produtos pré‑definidos pelo governo. Esses produtos 
são aqueles que podem ser produzidos internamente e aos quais aplicam‑se tarifas mais baixas 
para bens que o país não tenha possibilidade de produzir (GREMAUD, 2002).
Percebe‑se que o mecanismo fundamental do modelo de PSI estava no estrangulamento do mercado 
externo, porém, se você avança em um setor, provavelmente irá estrangular outro setor.
Por exemplo: se desenvolvemos a indústria de bens alimentícios por meio de medidas protecionistas, 
por outro lado são necessárias mais máquinas para mecanizar o setor e tornar a produção mais eficiente. 
Se não possuímos a tecnologia para construir essas máquinas, obrigatoriamente teremos de adquiri‑las 
fora do país, daqueles que possuem essa tecnologia. Isso cria um paradoxo: apesar de o governo 
eventualmente poder nos beneficiar com isenção de tarifas aduaneiras, a moeda nacional continua 
desvalorizada, assim, pagaremos caro por esses equipamentos e esses preços terão de ser repassados ao 
consumidor final, limitando o avanço da demanda.
Outra característica importante do modelo de PSI é o inevitável aumento da participação do 
Estado, pois para que a industrialização se concretize, é necessário que o governo gere adequação 
da legislação, por exemplo, criando uma lei trabalhista; também é necessária a criação de órgãos e 
instituições de fomento à indústria, como a criação de um Banco de Desenvolvimento – no caso do 
Brasil, o BNDE.
O Estado precisa também criar infraestrutura, como fornecimento de energia, água, saneamento 
e meios de escoamento da produção, como estradas, portos etc. O governo brasileiro também se viu 
obrigado a fornecer insumos básicos à produção com a fundação da CSN (Companhia Siderúrgica 
Nacional) e a Companhia Vale do Rio Doce, além da própria Petrobras (GREMAUD, 2002).
Podemos inferir que, devido ao excesso de protecionismo, as indústrias criadas por meio desse modelo 
tendem a ser mais ineficientes, pois além da proteção, não contam com uma concorrência expressiva.
Uma característica cruel do modelo de PSI é a tendência de haver um aumento da concentração 
de renda. Isso porque com a falta de investimentos na agricultura há uma liberação da mão de obra 
para os crescentes centros urbanos, gerando problemas socioeconômicos de alocação adequada dessa 
população carente. Os salários tendem a ser baixos devido ao excesso de oferta de mão de obra e as 
condições de vida desses trabalhadores costumam ser extremamente ruins. O aumento de favelização e 
da violência urbana são consequências imediatas desses desequilíbrios.
Esse modelo não permite a inserção de grupos ou pessoas pouco capitalizadas, dando oportunidade 
apenas àqueles que contam com quantias maiores de dinheiro ou financiamento (GREMAUD, 2002).
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 Lembrete
O Processo de Substituição de Importações será o modelo adotado pelo 
Brasil até o final da década de 1980.
1.10 A Revolução de 1932
A Revolução de 1932, também conhecida como Revolução Constitucionalista, ocorreu em São 
Paulo entre 9 de julho e outubro de 1932. Ela tinha como objetivo principal a derrubada do governo 
de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição. Foi o último grande conflito armado 
ocorrido no Brasil.
São Paulo deixou de apoiar governo de Getúlio Vargas, constituindo um partido denominado Frente 
Única, que exigia o fim da ditadura do governo provisório de Vargas. A revolta contra o governo era 
uma reação contra a derrubada de Júlio Prestes, que havia tido em 1930 o voto de 90% dos paulistanos.
O estopim da revolta se deu quando, em 23 de maio, quatro dos cinco jovens que formavam o 
chamado MMDC (Martins, Miraguaia, Dráuzio, Camargo e Alvarenga) foram assassinados por partidários 
de Getúlio Vargas. Ao movimento liderado pelo MMDC se uniram o PRP (Partido Republicano Paulista) 
e o Partido Democrático.
Apesar de Getúlio Vargas já ter estabelecido que haveria eleições para uma nova Assembleia 
Nacional Constituinte e nomeado um interventor paulista, os paulistas continuavam insatisfeitos com 
as constantes interferências do governo federal e não evitaram o conflito.
Na figura a seguir, podemos observar um cartaz confeccionado na época e espalhado pela cidade 
de São Paulo, que convocava os paulistas a lutarem na Revolução de 1932 contra o governo federal, 
pegando em armas e citando o grupo MMDC:
Figura 4 
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Enfim, em 9 de julho, o movimento revolucionário se inciou. Pedro de Toledo foi proclamado 
governador de São Paulo. Alistaram‑se 200.000 voluntários e, destes, 60.000 combateram. Apesar do 
número extraordinário de combatentes, São Paulo estava em desvantagem e acabou cercado pelas 
forças federais. Não havia como conseguir armas e São Paulo criou uma moeda própria, uma moeda 
lastreada em ouro recolhido pelos revolucionários em uma campanha denominada “Ouro para o bem 
de São Paulo”.
Em setembro de 1932, as condições de São Paulo eram muito precárias, assim, as tropas gaúchas 
acabaram por ocupar a cidade de São Paulo. Terminado o conflito, muitos revolucionários se exilaram e 
o saldo de mortos foi bastante significativo – oficialmente foram 634 mortos.
O saldo, porém, não foi totalmente negativo: a Revolução marcou o início do processo de 
democratização, pois em 3 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional 
Constituinte e isso levou à promulgação da Constituição brasileira de 1934 (REVOLUÇÃO..., [s.d.]).
2 OS ANOS DE 1934 A 1937
2.1 A democracia de Getúlio Vargas
Uma nova Constituição foi promulgada em 16 de julho de 1934, promovendo vários avanços na 
democracia brasileira, como a proteção aos trabalhadores, o voto feminino e a obrigatoriedade do 
ensino primário (que atualmente denominamos fundamental).
Também foi criada através da nova Constituição uma Justiça do Trabalho que se adequava aos novos 
ritmos de tempo de trabalho urbano assalariado do País, como a criação da jornada de oito horas diárias 
de trabalho, repouso semanal e férias remuneradas. Getúlio Vargas se reelegeu nesse mesmo ano por 
meio do voto democrático, se legitimando no poder após o golpe de 1930.
Figura 5 – Getúlio Vargas
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Esse período pode ser considerado um interregno democrático que antecedeu o golpe do Estado 
Novo de 1937, porém, apesar desses avanços, foi uma época politicamente muito conturbada. Dentre 
as crises políticas que nela houve podemos citar a Intentona Comunista de 1935 promovida pela ALN 
(Aliança Nacional Libertadora), que tinha como base ideológica o socialismo, cujos líderes eram Luiz 
Carlos Prestes e sua esposa Olga Benário Prestes.
 Saiba mais
Assista ao filme:
OLGA. Dir. Jayme Monjardim. Brasil: Europa Filmes; Globo Filmes, 2004. 
141 minutos.
Economicamente, esse período foi marcado pelo alívio do balanço de pagamentos, porém havia 
uma pressão dos empresários norte‑americanos para que houvesse um regime de câmbio preferencial 
no Brasil:
[...] Essas pressões provocaram o envio da missão chefiada por John 
Williams, do Federal Reserve Bank of New York, para aliviar a situação 
cambial brasileira. Em contraste com diagnósticos ortodoxos, tal como 
Niemeyer em 1931,Williams reconheceu que a solução do problema 
cambial não dependia das autoridades brasileiras e sim da recuperação 
do nível de comércio internacional e da redução dos obstáculos ao 
livre comércio. O controle cambial só havia sido adotado após o 
esgotamento das políticas de exportação de reservas e de depreciação 
cambial. Reconhecia que esta última acarretava a redução da receita de 
exportação em vista da inelasticidade da demanda de café, conjugada à 
importância do Brasil no mercado internacional do produto [...] (ABREU, 
1990, p. 83).
No início de 1935, em função da gravidade da crise cambial, foi proposta pelo presidente do Banco 
do Brasil a suspensão do pagamento do serviço da dívida externa. Para minimizar essa crise com os EUA, 
o então ministro da Fazenda, Sousa Costa, comprometeu‑se a liberalizar o regime de câmbio e manter 
o serviço da dívida. Com essa política mais liberal, as exportações se expandiram em 20% entre 1935 e 
1936, enquanto as importações mantiveram‑se constantes.
As dificuldades eram muitas, mas a economia do Brasil crescia em torno de 6,5% ao ano entre 1934 
e 1937. O encarecimento das importações permitiu o uso da capacidade ociosa na indústria.
Nesse período, embora se iniciasse uma lenta recuperação da economia mundial, a política de 
compra e queima do café ainda permanecia, o que assegurava o preço da saca.
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Em relação aos resultados comparados entre crescimento industrial e agrícola, nota‑se que a 
agricultura teve no período um desempenho medíocre, crescendo pouco mais de 2% ao ano, enquanto 
a indústria cresceu em média 11% ao ano (ABREU, 1990).
Em termos de política internacional, o governo apresentava uma aproximação cada vez maior com 
a Alemanha e um distanciamento dos Estados Unidos. Getúlio Vargas aparentemente se sentia mais 
confortável com os princípios ideológicos de uma direita não democrática que encontrava terreno fértil 
na Alemanha após o fim da República de Weimer e a ascensão do governo nazista do Terceiro Reich, que 
pregava uma gestão com princípios nacionalistas, intervencionistas e concentracionistas – princípios 
esses que influenciariam o Estado Novo entre 1937 e 1945.
Algumas estatísticas do período em relação ao comércio exterior: de 1928 a 1939, a participação 
norte‑americana caiu de 27% para 23%; a britânica, de 22% para 10%; a francesa, de 6% para 3%; 
enquanto a alemã cresceu de 12% para 25% (ABREU, 1990). Esses números deixam claro que havia uma 
aproximação comercial com a Alemanha.
Logicamente, o maior comércio com a Alemanha não estava assentado somente em bases ideológicas, 
mas também sobre a tensão com os Estados Unidos, desde a renegociação da dívida externa com os 
norte‑americanos.
2.2 O Estado Novo (1937‑45)
A Constituição de 1934, como vimos, iniciou um processo de democratização do País e determinou 
a realização de eleições diretas para a presidência da república em 1938. Pela nova Carta, Getúlio Vargas 
poderia ser reeleito.
O mundo entrava em efervescência ideológica a partir da década de 1930 com a ascenção de diversas 
ditaduras, principalmente na Alemanha, com a ideologia nazista conquistando cada vez mais adeptos, 
e na Itália, com as ideias fascistas comandadas por Mussolini. As ideologias nazistas e fascistas eram 
marcadas por forte sentimento nacionalista e pela centralização estatal.
No Brasil não era diferente, de um lado as greves se tornavam cada vez mais constantes com apoio 
da ANL (Aliança Nacional Libertadora) e, de outro, havia grupos que defendiam doutrinas cada vez mais 
próximas do nazi‑fascismo europeu, por meio da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização fascista 
liderada por Plínio Salgado.
Tornava‑se cada vez mais evidente a aproximação ideológica de Getúlio Vargas com a AIB e o 
afastamento cada vez maior da ALN, que havia apoiado em 1930 a subida de Vargas ao poder.
O governo passou a amedrontar a população brasileira com um pressuposto “perigo vermelho”. Em 
função dessa ameaça, Getúlio Vargas declarou estado de sítio em 1935, fechou o Congresso e os direitos 
civis foram suspensos. O governo federal perseguiu e torturou seus inimigos. Em 1936, Luís Carlos 
Prestes e sua esposa Olga Benário Prestes foram presos. Olga, que era estrangeira e judia, foi deportada 
para um campo de concentração nazista na Alemanha, onde acabou falecendo.
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O golpe do Estado Novo foi dado em 10 de novembro de 1937, inaugurando um período de profundo 
autoritarismo no Brasil. O governo justificou o golpe alegando que havia uma ameaça comunista que 
deveria ser debelada, dizendo que havia descoberto um documento denominado Plano Cohen, que 
expunha a intenção de entregar o País aos comunistas soviéticos.
O Plano Cohen, de 1935, era um pressuposto plano que tinha por objetivo derrubar o presidente 
Getúlio Vargas e propiciar aos comunistas a tomada do poder. No dia 30 de setembro de 1937, o general 
Góes Monteiro, chefe do Estado‑Maior do Exército brasileiro, noticiou, no programa de rádio Hora do 
Brasil, a descoberta de um plano arquitetado pelo Partido Comunista do Brasil que tinha como objetivo 
derrubar o presidente. No dia seguinte, Getúlio Vargas anunciou que o Brasil estava em estado de 
guerra, justificando, assim, o golpe de Estado.
Anos mais tarde, comprovou‑se que o plano nunca existiu, era uma farsa, que foi elaborada pelo 
próprio governo com o objetivo de declarar o Estado Novo e, assim, manter Vargas no poder sem que 
houvesse as eleições previstas na Constituição de 1934. Quem revelou a farsa foi o próprio general Góes 
Monteiro.
O presidente foi assumindo uma postura ditatorial diante da aproximação com a Alemanha Nazista. 
Na elaboração do falso Plano Cohen, Vargas mostrou uma proximidade com o grupo denominado 
“Integralistas”, liderado por Filinto Muller, que pregava um extremo nacionalismo e a perseguição aos 
comunistas.
2.3 A censura no Estado Novo
O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) foi criado durante o período do Estado Novo. 
O nome inocente não revelava as verdadeiras intenções desse órgão, que foi responsável não só pela 
promoção do regime junto à população, mas também pela violenta censura aos órgãos de imprensa 
e aos veículos de comunicação; a música, o cinema e as artes em geral foram vítimas de constante 
perseguição por parte do DIP.
O governo do período foi marcado por um extremo populismo e pela fomentação de sentimentos 
nacionalistas e, com isso, apesar de ser uma ditadura, conseguiu o apoio da população brasileira. Foi 
instituído um sindicato oficial, vinculado ao Ministério do Trabalho, e proibida a organização sindical 
não governamental. Assim, as relações entre trabalhadores e patrões ficavam sob o controle do Estado.
Por outro lado, em 1943, o governo consolidou as leis trabalhistas por intermédio da criação da CLT 
(Consolidação das Leis Trabalhistas), que garantiu importantes direitos ao trabalhador, como o direito 
ao descanso semanal remunerado, a férias, à jornada de trabalho de oito horas, ao salário mínimo, e 
à regulamentação do trabalho feminino e dos menores de idade; assim, Vargas passou a ser chamado 
nessa época de “Pai dos Pobres”.
O sentimento de apoio ao governo era alimentado também pela promessa de modernização e 
industrialização cada vez maior do País. Para isso foram criados órgãos de apoio ao desenvolvimento, 
como o Conselho Nacional do Petróleo e o Conselho Federal do Comércio Exterior. Como sabemos, 
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esse foi o período da criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), então símbolo maior de 
desenvolvimento do País.
A Constituição de 1934 de caráter democrático foi derrubada e o governo outorgou outra Constituição, 
baseada na Carta Polonesa – tanto que ficou conhecida como “A Polaca”. Era um conjunto de leis muito 
mais autoritário, baseado nos princípios fascistas que tanto pareciam agradar ao presidente. Tratava‑se 
de mais um profundo golpe na jovem democracia que havia sido uma promessa em 1934.
Por essa trajetória, pode‑se perceber que Getúlio Vargas era um camaleão da política: deu um golpe 
em 1930, desrespeitando a Constituinte da época, pouco tempo depois, promulgou uma Constituição 
democrática em 1934, ano em que assumiu o poder por vias legais e, finalmente, em 1937, deu outro 
golpe de Estado, dessa vez instalando uma ditadura feroz que perseguiu e torturou seus inimigos 
políticos, abandonando a Constituição democrática e substituindo‑a por outra de caráter fascista.
Como veremos mais adiante, Getúlio Vargas voltou ao poder em 1951, eleito democraticamente 
e assumindo claramente uma postura de defesa das camadas menos favorecidas da população e se 
afastando da burguesia industrial, o que o levou ao isolamento e finalmente a um trágico fim que 
culminou com seu suicídio.
3 A SEGUNDA GUERRA E O ESTADO NOVO – 1939‑1945
Não iremos, neste momento, entrar em detalhes de um conflito tão amplo e de enorme complexidade, 
mas é interessante fazer um pequeno resumo dessa guerra para podermos entender a participação do 
Brasil e como sua economia foi influenciada pelo maior conflito ocorrido no século XX.
A II Grande Guerra foi deflagrada em 1939 e colocou em disputa o nazi‑fascismo contra a 
liberal‑democracia. Apesar de Getúlio Vargas ter nutrido simpatia pelas ideologias alemã e italiana no 
período, o Brasil combateu ao lado dos aliados.
Entretanto, voltando ao conflito na Europa, podemos afirmar que não foi uma guerra que começou 
do dia para noite. Aliás, desde a assinatura do Tratado de Versalhes, em 1921, que, em função de suas 
exigências muitas vezes inexequíveis, colocou a Alemanha em uma situação muito difícil, já se iniciava 
uma situação de conflito na Europa.
 Observação
O Tratado de Versalhes foi assinado em 1921 e dentre suas exigências em 
relação à derrota da Alemanha na Primeira Guerra (1914‑1918), estavam: 
devolução dos territórios de Alsácia‑Lorena para a França, desmilitarização 
do país e pagamento de dívidas enormes de guerra pela Alemanha aos 
países que compunham a Tríplice Aliança.
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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Na década de 1930, foi recorrente o surgimento de governos totalitários que eram nacionalistas e 
militaristas. Na Alemanha, surgiu o nazismo, liderado por Adolf Hitler e, na Itália, o fascismo, liderado por 
Benito Mussolini. Ambos os países enfrentavam graves crises econômicas desde o final da Primeira Guerra, 
em 1918. Esses países, junto com o Japão, que tinha desejos expansionistas na Ásia, formaram o Eixo.
O início do conflito ocorreu em 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia. Os Aliados, formados 
pela França, Inglaterra, URSS e EUA, declararam guerra à Alemanha.
O Eixo obteve importantes vitórias, conquistando Polônia, Ucrânia, Iugoslávia, Sudetos, França, 
Noruega e parte do norte da África. O Japão também obteve êxito, invadindo o norte da China. Em 1941, 
o Japão atacou a base naval de Pearl Harbor, nos Estados Unidos (Havaí), obrigando os norte‑americanos 
a entrarem no conflito ao lado dos Aliados.
O Eixo começou a perder forças a partir de 1941 e as derrotas, a partir de então, se acumulariam. A 
derrota na frente russa foi muito grave para o exército alemão, até o final da guerra com a vitória dos 
Aliados, em 1945.
A Segunda Guerra Mundial foi marcada por eventos terríveis, como o genocídio praticado contra 
judeus (seis milhões de mortos nos campos de concentração nazistas), o genocídio de ciganos (três 
milhões de mortos nos campos de concentração nazistas) e o ataque atômico às cidades japonesas de 
Hiroshima de Nagasaki em agosto de 1945, evento esse que encerrou definitivamente a Segunda Guerra.
 Saiba mais
Assista ao filme:
O RESGATE do soldado Ryan. Dir. Steven Spielberg. EUA: DreamWorks 
SKG; Paramount Pictures; Amblin Entertainment, 1999. 169 minutos.
Figura 6 – À esquerda, Mussolini; à direita, Hitler
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3.1 O Brasil e a Segunda Guerra Mundial
Getúlio Vargas, como vimos anteriormente, havia assumido uma posição ideológica mais próxima 
do Eixo do que dos aliados, porém essa posição se modificaria em 1942, quando algumas embarcações 
brasileiras foram atingidas por submarinos alemães no Oceano Atlântico. Em função desse ataque, o 
Brasil se aliou aos Estados Unidos. Ao nosso país interessava essa união, pois os EUA prometiam ajuda na 
construção e instalação da nossa primeira siderúrgica, fundamental para o processo de industrialização 
do País. Por outro lado, a aliança com o Brasil interessava aos Aliados em função da posição geográfica 
do país, fundamentalmente por causa do nosso imenso litoral.
O Brasil participaria diretamente do conflito ao enviar tropas para a Itália. Foi, assim, enviada a 
Monte Castelo, na Itália, a 61,3 km de Bolonha, perto dos Apeninos, uma força expedicionária conhecida 
como FEB (Força Expedicionária Brasileira). A batalha durou três meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 
de fevereiro de 1945. Enfim, o monte foi tomado pelos brasileiros, contendo o avanço alemão.
O Brasil cedeu bases militares aos Aliados, a principal foi a da cidade de Natal, no Rio Grande do 
Norte, que servia de local de abastecimento para a força aérea norte‑americana.
Quando a Guerra acabou, em 1945, Getúlio Vargas foi deposto pelos militares, sob o comando de 
Góes Monteiro. O poder ficou temporariamente sob a responsabilidade de José Linhares, presidente do 
Supremo Tribunal Federal.
Quem assumiu a presidência, pelo voto popular, em 2 de dezembro de 1945, foi o general Eurico 
Gaspar Dutra, dando, desse modo, fim ao Estado Novo.
3.2 A economia brasileira durante o período da Segunda Guerra
O Estado Novo fortaleceu o poder central, foram criadas agências governamentais que tinham como 
objetivo regular a área econômica. A legislação social deu forças à classe trabalhadora e em 1940 a 
construção da primeira siderúrgica brasileira marcou a mudança na forma de ação do Estado.
Em 1937, foram adotados regimes de controle cambial e de importações que pretendiam uma taxa 
de câmbio favorável. Esse período foi marcado também por escassez de divisas, em função da elevação 
das importações, que cresceram cerca de 40% em valor de 1936 a 1937, o que forçou o governo a 
exercer um forte controle sobre o câmbio. De 1937 a 1939, os preços do café caíram 25% enquanto a 
quantidade exportada cresceu 40% (ABREU, 1990).
Quanto à política externa, lentamente o Brasil começou a se reaproximar dos Estados Unidos, como 
podemos perceber na citação a seguir:
A política norte‑americana baseada na desistência de pressões para obtenção 
de vantagens a curto prazo em benefício de um objetivo estratégico explica 
a ineficácia dos protestos repetidos de credores privados norte‑americanos. 
No Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, esboçaram‑se planos 
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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
de desenvolvimento econômico do Brasil, abandonando‑se as soluções 
de curto prazo, tais como a concessão de

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