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TEXTO 5 - O APRIORISMO KANTIANO

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2
UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE FILOSOFIA - LICENCIATURA
PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR
MÓDULO 5: O APRIORISMO KANTIANO
TIAGO TIETZ LANES – 1900878
VILA VELHA
2021
O APRIORISMO KANTIANO
TIAGO TIETZ LANES
Resumo: A teoria da cognição de Kant é aparentemente a parte mais significativa de seu legado teórico. O objetivo deste artigo é discutir os pressupostos teóricos a priori de Kant e acompanhar seu destino histórico na filosofia analítica. Em uma de suas cartas a K. Garvei, Kant explica que toda sua filosofia surgiu de uma tentativa de resolver os problemas da cosmologia. A base cosmológica dos problemas gnoseológicos é especialmente clara na "Crítica da Razão Pura". Duas questões devem ser distinguidas nos problemas cosmológicos de Kant. O primeiro é a natureza das antinomias e seu status. Da existência de antinomias, Kant conclui que nossas ideias de espaço e tempo não são aplicáveis ​​ao Universo como um todo. Elas só podem ser usadas ​​como uma identificação dos objetos. A segunda questão diz respeito à mecânica newtoniana, que por sua vez, foi a base de toda a cosmologia e cosmogonia de Kant. A mecânica newtoniana foi um exemplo de ciência teórica (assim como a geometria euclidiana era uma teoria matemática para ele). De acordo com Kant, a ciência pode ser literalmente chamada apenas daquilo que é apodítica crível; a cognição que é confiável apenas empiricamente e apenas indiretamente. Era, portanto, necessário explicar por que a mecânica newtoniana é uma teoria apodítica e provar que o ceticismo de D. Hium é infundado. O resultado da resolução de problemas cosmológicos foi método transcendental e ideal.
Palavras-chave: Filosofia moderna. Imanuel Kant. Apriorismo.
INTRODUÇÃO
A filosofia teórica kantiana, ou vários elementos dela, ainda são um assunto de exploração para pensadores de diferentes movimentos da filosofia contemporânea, e que mostra a relevância contínua do pensamento de Kant para a nossa cultura filosófica. O exame de interpretações historicamente formadas e posições críticas como as de Sniadeckis e Daugirdas ajudam a repensar, desenvolver e corrigir interpretações e análises existentes da filosofia de Kant ou na criação de novas. 
A epistemologia kantiana desenvolveu-se a partir da dicotomia entre o racionalismo continental e o empirismo britânico, como representada por Leibniz e Wolff, de um lado, e Berkeley e Hume, de outro. Seu criticismo é uma tentativa de reunião entre razão e empiria, como fontes de conhecimento. Se as alternativas eram enfatizadas pelas filosofias anteriores em detrimento uma da outra, Kant, por outro lado, considera o conhecimento como produto da síntese de ambas as faculdades. Alguns de seus aspectos são a priori (independem da experiência e tem validade necessária), mas, em oposição à concepção racionalista, tais aspectos são apenas formais, não são, eles mesmos, o objeto do conhecimento, mas, antes as condições que possibilitam o conhecimento empírico. Outros aspectos são empíricos, de fato, o conhecimento tem início com a experiência, mas, contrário a concepção empirista, não é dela que deriva sua natureza e sua legitimidade. 
1. O IDEALISMO TRANSCENDENTAL KANTIANO
O idealismo transcendental de Kant busca interpretar a universalidade da natureza das leis e difere muito pouco do racionalismo tradicional: a experiência define os limites da mente, mas não limita o poder da mente dentro desses limites. Kant acreditava incondicionalmente e em absoluto na mecânica newtoniana - o autor da Crítica da Razão Pura foi completamente acrítico a esse respeito.
Kant comparou o idealismo transcendental, mais especificamente, a visão de que nosso intelecto não deriva suas leis da natureza, mas dá a elas essas leis, ao golpe de Nicolau Copérnico na astronomia. Nas palavras de Karl Popper:
a “revolução de C Copérnico" feita por Kant soluciona um problema humano originado na revolução de Copérnico, pelo afastamento do homem da posição central que ocupava no universo físico. Kant mostra não só que nossa posição no universo físico é irrelevante, mas, também, que, num certo sentido, pode-se continuar dizendo que o universo gira à nossa volta — de fato, somos nós que criam os, pelo menos em parte, a ordem nele encontrada; nós próprios produzimos o conhecimento que tem os do universo. Somos descobridores — e a arte da descoberta é um ato de criação. (POPPER, 2008, p. 208)
 Nossa análise nos leva a concluir que esse conceito não foi um ponto de inflexão tão importante na filosofia. Tentemos traçar algumas diretrizes para o destino desse conceito, discutindo a relação entre a teoria das formas a priori de cognição e a filosofia analítica. Kant distinguiu formas a priori de contemplação sensorial e intelecto. Mas as afirmações da matemática e da ciência teórica, na visão de Kant, são igualmente necessárias, independentemente de como essa necessidade seja determinada, intuitiva ou discursivamente.
Sendo o conhecimento uma relação entre sujeito e objeto, o primeiro não capta o segundo de forma imediata, mas o conforma a seu aparato cognoscitivo, ou seja, a experiência não é pura, mas determinada pelas formas da sensibilidade e do entendimento, que são próprias do sujeito. É feita, portanto, a distinção entre forma e conteúdo do conhecimento, a primeira é dada a priori pelo sujeito e aplicada à segunda, que é dada a posteriori pelo objeto, mas se conforma à aquela. Dessa forma, o que é conteúdo da experiência do sujeito é o fenômeno, ou aparência, em oposição ao objeto enquanto tal, que está além da experiência, logo, é incognoscível. A isto é dado o nome de númeno, ou coisa-em-si. 
É por meio das formas a priori do espírito que se experiencia o mundo. Elas são ou da intuição, ou do entendimento. A primeira é a receptividade através da qual são recebidos e interpretados os dados empíricos, e a segunda é a espontaneidade por meio da qual o que é conteúdo da sensibilidade é pensado e conceitualizado. 
Só pode ser objeto de conhecimento o que pode ser intuído. As formas puras da intuição são: o espaço e o tempo, que são necessários a toda experiência possível, mas, não são, eles mesmos, experienciados. As formas puras do entendimento são suas doze categorias, que são subdivididas em quatro grupos: relação (substância, causalidade e reciprocidade), quantidade (unidade, pluralidade e totalidade), qualidade (realidade, negação e limitação) e modalidade (possibilidade, existência e necessidade). 
Essas categorias possibilitam a formação de operações lógicas, juízos e conceitos, que nos permitem conhecer além da experiência imediata. Para Kant, intuições e conceitos não constituem conhecimento quando separados. As intuições são o conteúdo dos conceitos, e não podem ser feitos juízos sem um ou outro. Ainda assim, tanto intuições quanto conceitos são próprias do sujeito, de forma que a coisa-em-si permanece fora do alcance de ambos. 
Enquanto a experienciação é responsável, ao menos parcialmente, pela existência dos fenômenos, o noúmeno independe completamente do sujeito cognoscente. Por conseguinte, a doutrina do Idealismo Transcendental é distinta de duas outras que, no jargão kantiano, podem ser chamadas a primeira de Realismo Transcendental, que aceita a existência objetiva, ou seja, independente do sujeito, do tempo, do espaço e dos fenômenos como coisas-em-si, e a segunda de Idealismo Empírico, que é a tese de que apenas a mente e estados mentais podem ser conhecidos, e que não se pode sequer inferir a existência de objetos físicos, ou de coisas-em-si, para além dos conteúdos mentais. 
2 OS JUÍZOS SINTÉTICOS A PRIORI E O CONHECIMENTO EMPÍRICO 
Os juízos tradicionalmente se dividem entre analíticos e sintéticos. Sendo os primeiros juízos explicativos, nos quais o predicado já está contido no sujeito, ou seja, são verdades necessárias ou tautologias, cuja negação implica contradição, e os segundos são juízos de ampliação, nos quais o predicado acrescenta algo ao sujeito e obtém-se, deste modo, conhecimento novo a respeito do sujeito. 
Os juízos analíticos são a priori;como seu objeto são apenas verdades necessárias, estes juízos não veiculam conhecimento algum a respeito de questões de fato. Os juízos sintéticos, por outro lado, são a posteriori, trata-se de juízos de experiência, ou seja, por meio destes se obtém verdades contingentes, cuja negação não implica contradição. 
Kant adiciona a estes um terceiro tipo de juízo, os sintéticos a priori, isto é, juízos de ampliação (sintéticos), cuja validade independe da experiência e é necessária (a priori). Estes são: os juízos da matemática, da geometria e das ciências naturais. Em resumo, para Kant, são possíveis: juízos analíticos, como por exemplo: “todo corpo é extenso” ou “todo solteiro não é casado”, e juízos sintéticos, tanto a posteriori, como “todo corpo é pesado”, quanto a priori, como “7 + 5 = 12”. 
No que diz respeito a questões de fato, ao se falar de causalidade, possibilidade ou necessidade, por exemplo, não se trata de uma atribuição às coisas mesmas, mas de juízos do entendimento. Esses juízos são válidos subjetivamente (ou intersubjetivamente) para o âmbito do fenômeno, que seria tomado pelo realismo ingênuo, ou por formas de idealismo como a realidade mesma. O primeiro a tomando como pronta e independente do sujeito, e o segundo a afirmando somente enquanto fenômeno, sem existência material. Diferentemente de ambos, Kant postula a existência do númeno e não toma o próprio fenômeno como realidade última. 
Kant afirma que “o afazer dos sentidos é a intuição; o do entendimento é pensar. Mas pensar é unir representações numa consciência.” e complementa, “a união das representações numa consciência é o juízo.” (1988, p. 78) Assim sendo, a experiência é formada tanto pelas intuições da sensibilidade quanto pelos juízos do entendimento. Esses últimos, entretanto, ainda que sejam feitos a partir da experiência, não são necessariamente juízos de experiência. Antes, podem ser subjetivos, tirados das intuições sensíveis e concernentes somente a essas percepções particulares de um sujeito particular, mas, podem também ser juízos de experiência propriamente. Entende- se juízos de validade necessária a toda experiência possível. 
Os juízos todos são produto do entendimento, e dizem respeito às intuições sensíveis. Os juízos subjetivos são válidos para uma consciência particular e contingentes, distinguem-se dos juízos de experiência, que são objetivamente válidos para a consciência em geral e a toda experiência possível. Deste modo, a experiência possível é o que pode ser representado pelos juízos em geral, pois as categorias puras do entendimento são, para Kant, os conceitos da intuição em geral, válidos objetivamente.
Mas se eles não são justificados logicamente, então pelo menos precisa ser explicado como eles são justificados empiricamente. Para que a estrutura lógica das teorias das ciências naturais seja tão perfeita quanto a da lógica matemática, busca-se uma base sólida para a cognição nas observações descritas por declarações de protocolo. Em ambos os programas de redução fenomenalística e fisicalistica, os termos teóricos e declarações são vistos como construções de termos e declarações observacionais. Tal abordagem era radicalmente contrária à teoria de Kant sobre a origem e o papel do aparato categórico.
3 A OBJETIVIDADE E O ESCOPO DA CAUSALIDADE 
Kant considera que a crítica de Hume à relação de causa e efeito, fora definitiva ao demonstrar que não é possível conhecer a priori, por meio da razão pura, a relação de conexão necessária entre dois objetos. Não se pode inferir a ocorrência do segundo a partir do primeiro, mesmo que esta conjunção seja experienciada sempre, e já que a noção de causalidade não pertence à razão, e é uma crença originada pelo hábito, então, ainda que sua utilidade prática seja inquestionável, sua validade para além da experiência, como princípio do pensamento que possa fundamentar a metafísica e as ciências naturais, é rejeitada. 
Para Hume, a noção de causalidade não é ontológica ou epistemológica, mas meramente psicológica: não é derivada da razão ou da experiência. Não pertence aos objetos mesmos, mas resulta do hábito da conjunção constante de fenômenos, que levam o espírito humano a esperar que tal conjunção seja necessária, e que haja não apenas uma relação de contiguidade, mas também de causalidade entre os fenômenos experienciados. Consequentemente, ele conclui que o entendimento só pode conhecer as aparências, mas não os “poderes ocultos”, ou as estruturas internas do objeto. Desta forma, Hume chega a um ceticismo radical, mas preserva a importância prática do hábito e da noção de causalidade, ainda que esta seja infundada e subjetiva. 
Kant aceita o argumento de Hume contra a noção de que a causalidade é um conceito apreendido pela razão. Uma vez que não se pode inferir por dedução, a partir da análise de um uma ideia ou objeto, nenhum outro que seja sua causa ou efeito. Ainda assim, rejeita que ela seja adquirida empiricamente e que sua validade seja fictícia, resultante do hábito. Contudo, a conclusão de Hume pelo ceticismo é rejeitada. Para Kant, a causalidade é um dos conceitos a priori do entendimento, um princípio da ciência pura da natureza, válido em relação a todo fenômeno possível. 
Portanto, a causalidade não é estendida ao númeno, que está além de toda experiência possível. Além disso, assim como não se pode conhecer tal conexão necessária nas coisas mesmas, tampouco é possível conhecer esta relação no fenômeno enquanto tal. Contudo, Kant elucida: 
A questão, porém, não é saber como as coisas em si são determinadas, mas como é o conhecimento experimental das coisas em relação aos momentos dos juízos em geral, isto é, como coisas enquanto objetos da experiência podem e devem ser subsumidas naqueles conceitos do entendimento. (KANT, 1988, p. 87) 
De fato, a ideia de conexão necessária não é conhecida empiricamente, mas isto não invalida esta forma de raciocínio ou culmina na impossibilidade de se obter conhecimento empírico. Enquanto o sujeito conhecedor de Hume é puramente receptivo às impressões e seu entendimento é inerte, para Kant, as impressões são o conteúdo do conhecimento, mas é o sujeito que dá forma a elas. A sensibilidade pura é responsável pelo espaço e pelo tempo, que possibilitam simultaneidade e a contiguidade dos fenômenos. A espontaneidade é responsável pela formação de juízos conforme as categorias a priori, entre as quais está a causalidade. Esta não é própria dos objetos em si, mas é um tipo de juízo do entendimento válido no âmbito do fenômeno, ou seja, aplicável a toda experiência possível. O sujeito concede ao objeto a forma segundo a qual este é experienciado por meio das formas a priori da intuição (espaço e tempo), e por meio das categorias do entendimento é que essa experiência é organizada no pensamento. 
O conceito de causalidade tem a forma de um juízo condicional. A proposição de percepção “se um corpo é iluminado pelo Sol, ele é aquecido” é um juízo hipotético sobre uma relação entre fenômenos, no qual não há relação causal. Essa proposição trata somente de uma conexão subjetiva de percepções. Por outro lado, a proposição “a luz emitida pelo Sol é a causa do calor” é uma proposição de experiência, possui validade necessária, não apenas em relação aos fenômenos, mas em relação a toda experiência possível. A causalidade é, portanto, uma lei geral da natureza, ou seja, é um conhecimento válido objetivamente para o âmbito fenomênico, no qual é possível relacionar por meio de juízos hipotéticos dois fenômenos que se sucedem temporalmente, como causa e efeito. 
Kant afirma (1988, p. 87) que se conhece a priori que um objeto que não está em relação com nenhum outro não pode ser conhecido. Quanto a relação de causa e efeito, uma representação de um objeto deve ser determinada em relação a outra para que seja possível obter conhecimento a seu respeito, e é no entendimento, por meio dos juízos sintéticos a posteriori que a relação causal entre fenômenos é concebida, não neles mesmos ou no númeno. Trata-se, então, de uma questãosobre como o conteúdo da intuição é conceitualizado no entendimento. 
A categoria da causalidade é aplicada a fenômenos que são tomados como necessariamente sucedentes um do outro, sendo o primeiro causa, e o segundo efeito. Essa forma de juízo, segundo Hume, é válida somente aos casos já experienciados da conjunção dos fenômenos, pois não se pode inferir a partir do primeiro, o segundo, senão por meio da experiência. Essa última é insuficiente para justificar a si mesma, ou seja, a experiência passada não implica que a experiência futura será idêntica. Kant, por outro lado, estende o âmbito de atuação da causalidade, enquanto categoria do entendimento, a toda experiência possível, de modo que ainda que a coisa-em-si esteja para além deste âmbito, todo fenômeno, ou seja, todo objeto de experiência conforma-se a ela. 
CONCLUSÃO 
Kant, parte da crítica humeana a noção de causalidade e, ainda que a reintroduza como forma raciocínio e de conhecimento valido, não o faz do modo tradicional (pré-humeano), ou seja, não a concebe como um conceito metafísico. O escopo da legitimidade da causalidade, para Kant, é o mundo fenomênico, ou, a experiência possível, que é o produto da espontaneidade do entendimento humano, somado à receptividade da sensibilidade. Ou seja, Kant está de acordo com Hume quando este afirma que o conceito em questão não tem legitimidade, seja na razão pura, seja na coisa-em-si, entretanto, discorda ao postular que a causalidade é perfeitamente legitima como princípio epistemológico, por meio do qual a experiência é organizada nos juízos do pensamento e que possui, por conseguinte, validade objetiva neste âmbito. Restitui-se, com efeito, uma das fundações do conhecimento empírico e, em especial, científico.
 
REFERÊNCIAS 
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. 3a ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012. 
KANT, Immanuel. Prolegómenos a toda metafísica futura. Trad. De Artur Morão. São Paulo: Edições 70, 1988.
POPPER, Karl R. Conjecturas e refutações. Tradução de Sérgio Bath. - 5. ed. - Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.
ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento e teoria da ciência. São Paulo: Paulus, 2005.

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