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Relatório Tribunal do Juri

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Curso: Direito 
Disciplina: Prática penal
Professor: Mayara Ribeiro
Aluna: Alana Cristina Gualberto da Silva 
R.A.: 202051805307 
Semestre: 9º/10º
Período: Noturno 
RELATÓRIO AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO PERANTE O TRIBUNAL DO JÚRI 
Data: 10/03/2017 
Ação: Ação Penal de Competência do Júri - Homicídio simples na forma tentada
Processo: 0036594-49.2013.8.12.0001
Juiz Presidente: José de Andrade Neto 
Vara: 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Campo Grande/MS 
Autor: Ministério Público Estadual Promotora: Lívia Carla Guadanhim Bariani
Réu: Thiago Augusto da Silva Watanabe Adv.: Waldir Fernandes
Resumo: Tratava-se de ação penal pública, instaurada pelo Ministério Público Estadual, acerca de um homícidio simples tentado; tipificado no art. 121 caput c/c art 14, ambos do Código Penal.
O denunciado foi Thiago Augusto da Silva Watanabe pela prática do delito na data de 01/08/2013, por volta das 22h:30min, na Rua Serra Negra, n. 287, bairro Vila Eliane, Capital de Campo Grande, local no qual foi vitimado Márcio Ferreira dos Santos por disparos de arma de fogo. Os ferimentos não causaram a morte da vítima por circunstâncias alheias a vontade do autor.
Segundo a denúncia a vítima Márcio era ex-convivente da testemunha Cecília Renata Gomes que mantinha um relacionamento amoroso com o denunciado Thiago; a testemunha era constantemente ameaçada pela vítima, inclusive por meio de ligações do interior do estabelecimento prisional da Gameleira, local de recolhimento da vítima. Na data dos fatos denunciado e testemunha estavam em uma lanchonete no bairro Sayonara, local no qual a vítima proferiu diversas ameaças ao casal e deixou o local. O denunciado Thiago e a testemunha Cecília foram até a residência no endereço supracitado, onde avistaram a vítima Márcio na companhia da testemunha Wagner de Melo Lopes; houve discussão e a testemunha Cecília tentou persuadir seu companheiro a entrar na residência. Cecília entrou na residência por um momento e o denunciado disparou contra a vítima Márcio Ferreira dos Santos, que foi atingido; houve fuga por parte do denunciado e a vítima foi socorrida. Vítima e testemunhas apontam o denunciado como sendo o autor do delito; a denúncia comprova a materialidade por meio de boletins de ocorrência, auto de apreensão, laudo pericial de exame químico, laudo pericial de exame físico-descritivo e laudo de exame de corpo de delito.
Foi requerido a citação do denunciado para resposta escrita, designação de audiência de instrução e pronúncia da denúncia perante o Tribunal do Júri. As testemunhas arroladas foram: 1ª) Márcio Ferreira dos Santos (vítima) fl. 30 IP; 2ª) Cecília Renata Gomes fls. 07/08 IP; 3ª) Graciela Amarilla fl. 24 IP; 4ª) Anna Maria Ferreira dos Santos fl. 25 IP; 5ª) Wagner de Melo Lopes fl. 26 IP; 6ª) Domingos Ferreira dos Santos (genitor da vítima) fl. 32 IP; 7ª) PM Fábio Rubens Moura da Silva fl. 27 IP; 8ª) PM João Cláudio Clemente fl. 28 IP; 9ª) PM Miguel Alves de Souza fl. 29 IP; 10ª) PM Gisele Guedes Viana fls. 05/06 IP.
Por se tratar de procedimento especial foi apresentada defesa preliminar, na qual alegou-se presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF), e a incumbência do ônus da prova à acusação para que a defesa a questione nas alegações finais; foram arroladas pela defesa as seguintes testemunhas: 1ª Valkiria Mendes; 2ª Marcos André Lima; 3ª Cecília Renata Soares.
O Relatório de Sentença de Pronúncia decidiu pela pronúncia do acusado, que em sede de alegações finais pleiteou a absolvição sumária do acusado e subsidiariamente a desclassificação para o delito de lesão corporal. Nessa fase cabe somente a admissibilidade ou não da pronúncia, sem adentrar o mérito (art. 413, CPP), visto que o procedimento do júri é um procedimento bifásico e nesta primeira fase cabe somente a análise de prova de materialidade e autoria, ambas presentes e comprovadas por meio dos laudos apresentados; as teses de legítima defesa e desclassificação do delito mostraram-se incontestes nos autos, ensejando no pronunciamento do acusado Thiago ao crime tipificado no art. 121, caput (homicídio) c/c art. 14, II (tentativa), ambos do Código Penal. O acusado foi mantido em liberdade (art. 413 §3º, CPP) e intimado na forma do art. 420, CPP.
Houve interposição de Recurso em Sentido Estrito, fundamentando-o no art. 518, IV, CPP, pedindo a retratação da decisão para impronúncia e requerendo que os autos fossem submetidos ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. A defesa pleiteou a falta de provas de autoria para a pronúncia, bem como para a qualificadora, sustentando legítima defesa e a falta de reconhecimento das testemunhas do réu como autor do crime, além do fato deste não ter agido com traição ou emboscada não ensejando na qualificadora que dificultou a defesa da vítima. Os requisitos de admissibilidade (cabimento, adequação, tempestividade, fatos impeditivos e extintivos) do recurso foram preenchidos e o recurso recebido.
O MPE ofereceu contrarrazões pedindo a improcedência das razões e sustentando a decisão do juízo a quo, destacando que durante a persecução penal não houve alegação de que o réu agiu de forma a dificultar a defesa da vítima por meio de emboscada ou traição, o que seria uma alegação desconexa com o propósito de induzir o juiz a erro, enfatizando a presença dos elementos de autoria e materialidade que ensejaram no pronunciamento da denúncia, fundamentando-se ainda no princípio ‘in dubio pro societate’.
O acórdão recebeu em parte o recurso, mantendo a pronúncia e analisando somente as provas incidentes sobre materialidade e autoria e não sobre as controvérsias, visto exceder sua competência. A parte conhecida não foi provida por unanimidade.
Mantida a pronúncia da denúncia, a sessão de julgamento do júri foi instaurada no dia 20/02/2017, às 8h, na cidade de Campo Grande/MS, na sala do Tribunal do Júri do Fórum local, presidido pelo Juiz José de Andrade Neto, Juiz substituto e será narrada a seguir.
Desenvolvimento: o Juiz José de Andrade Neto se apresentou e houve averiguação da existência das cédulas com o nome dos 18 jurados e o assessor jurídico fez a chamada para confirmar a presença de todos, conforme art. 454, CPP, houve a verificação das cédulas e o pregão, o juiz contou as cédulas depositadas na urna em voz alta e voltou a depositá-las na mesma, declarando instaurada a sessão; foi anunciado pelo porteiro do auditório anunciou o procedimento do julgamento do acusado Thiago Augusto Garcia Watanabe, no qual figurou como vítima Márcio Ferreira dos Santos. As testemunhas de testemunha e de defesa foram colocadas em salas separadas. Não houve arguição de nulidade, de acordo com o art. 571, V, CPP. O acusado identificou-se como Thiago Augusto Garcia Watanabe, bem como seu representante Advogado Carlos Olimpio de Oliveira Neto. 
Os jurados foram sorteados, de acordo com o art. 467, CPP, para compor o Conselho de Sentença os jurados 1. Morgana da Silva Almeida; 2. Kamila Meireles Aparecida Garcia Rosa; 3. Mafalda Silveiro Leite; 4. Cíntia Portela Dória Quantin; 5. Celia Cordeiro de Luna Vieira; 6. Vilma Matheus Miranda e 7. Márcio Araújo Ojeda, livres dos vícios de impedimento, suspeição e incompatibilidade; o Juiz explicou que tanto o MPE quanto a defesa poderiam recusar até três jurados sem nenhuma justificativa, foram dispensados pela defesa os jurados Vicente Martins Rezende e Jussara da Silva Dolóia e pelo representante do MPE a jurada Ana Lúcia Saraiva da Cunha Ganci. Os jurados e os demais fizeram o voto de compromisso em nome da lei e todos receberam o relatório do processo impresso, bem como as demais peças em arquivos PDF.
O juiz ressaltou a importância da linguagem corporal, para que o sigilo da consciência de cada um fosse mantido.
Como dita o art. 473, CPP, teve início a instrução plenária na qual as três testemunhas arroladas pela defesa prestaram seus respectivos depoimentos, como se segue:
O primeiro a ser ouvido foi Marcos André Lima, que respondeu ao Juiz que era amigo deinfância do acusado Thiago; que tal amizade não o impediria de dizer a verdade; que tinha consciência das consequências do falso testemunho em plenário; que tinha conhecimento da acuação; que soube da mesma porque estava passando na esquina e encontrou o acusado Thiago, parou pra conversar com ele porque a mãe do acusado tinha falecido a pouco e o acusado Thiago revelou que havia brigado com o ex marido de sua companheira Renata e que havia “dado uma pancada nele”; que continuou seu trajeto para o Jardim Aeroporto; que não conhecia a vítima Márcio; que encontrou o acusado Thiago após às 20h; que o acusado Thiago estava nervoso; que estava de carro e o acusado Thiago de moto; que não sabia detalhes da briga ou a quanto tempo tinha ocorrido; que conversou depois com o acusado Thiago, mas não perguntou detalhes sobre o ocorrido; que ficou sabendo da acusação porque compareceu à audiência anterior; que tinha conhecimento que o acusado trabalhava em dois empregos, sendo em uma farmácia e em uma pizzaria; que não tinha ouvido falar em nenhum envolvimento a priori em outras confusões; que o acusado era uma pessoa trabalhadora normal; que nunca tinha ouvido falar que o acusado havia sido preso anteriormente; que o acusado não tinha filhos a época do crime; que o relacionamento com Renata chegou ao fim e que o acusado é casado atualmente com outra pessoa; que não sabe quando o relacionamento chegou ao fim.
A palavra foi passada para a defesa e a testemunha passou a responder que encontrou o acusado Thiago a cerca de trinta metros da casa de Renata; que não ouviu tiros; que não viu nenhuma arma com o acusado quando o encontrou; que Thiago sempre trabalhou como entregador; que o acusado foi casado antes de se relacionar com Renata e que atualmente o acusado está casado com Valkiria. 
Nem o MPE nem os jurados tiveram perguntas e a testemunha foi dispensada.
A segunda testemunha a ser ouvida foi Valkiria Mendes, esposa do acusado Thiago, que foi ouvida como informante, visto seu interesse no processo. Valkiria passou a responder ao juiz que conhece o acusado Thiago há quatro anos; que conheceu o acusado após o fato; que soube do ocorrido por meio do próprio acusado; que o acusado disse que tinha um relacionamento com Renata, que o ex dela foi agredi-lo e que o acusado o golpeou com um banco; que não sabe detalhes da briga; que quando conheceu o acusado ele estava trabalhando como entregador em uma pizzaria e em uma farmácia; que atualmente o acusado trabalha como entregador em uma loja de móveis usados; que o acusado não se envolveu em nenhuma briga depois que ela o conheceu; que não tiveram problemas no relacionamento; que têm um filho de sete meses; que o acusado não tem outros filhos; que le já foi casado.
A palavra foi passada à defesa e a testemunha passou a responder que possui um relacionamento tranquilo com o acusado; que nunca houve agressões; que brigaram quando ela estava grávida; que ela pediu medida protetiva devido a não aceitação da gestação; que não lembra como se deu o registro na delegacia; que tem consciência das consequências das contradições do testemunho; que o acusado sempre trabalhou e que ambos mantêm um relacionamento tranquilo.
Não houveram questionamentos do MPE ou dos jurados e a testemunha foi dispensada.
Cecília Renata foi chamada para dar seu depoimento e devido ao relacionamento com vítima e acusado foi ouvida como informante; ela passou a responder ao juiz que praticamente morava junto com Thiago; que o pai de suas filhas Márcio estava preso; que quando a vítima Márcio descobriu que ela estava se relacionando com o acusado Thiago começou a ameaçá-los de morte; que os telefonemas aconteciam de dentro da penitenciária; que no dia do fato a vítima Márcio já havia saído da prisão; que ela e o acusado Thiago estavam lanchando; que sofreram ameaças de morte por parte da vítima; que foram embora de moto; que passaram na casa do pai de Cecília para avisá-lo que ela dormiria fora; que desceu da moto e assim que entrou na residência a vítima Márcio chegou; que viu que ambos estavam discutindo; que entrou na residência com as filhas pequenas que saíram devido ao barulho; que quando estava entrando viu que a vítima Márcio colocou a mão na cintura; que o acusado Thiago se defendeu com um banco; que correu com as filhas para dentro da residência; que quando saiu ambos não estavam mais lá; que não houve tiro; que viu quando o acusado arremessou o banco na vítima; que na discussão o acusado Thiago dizia pra vítima Márcio ir embora; que a vítima respondia que iria matar tanto o acusado Thiago quanto Cecília; que o acusado dizia que a vítima tinha que aceitar o término e que não queria confusão; que em momento nenhum ela entrou na discussão; que a vítima aparentava estar sob o efeito de entorpecentes; que conviveu com a vítima por nove anos e que ela sempre foi usuária de drogas; que no dia do fato quando chegou com o acusado Thiago seu irmão estava na calçada bebendo com os amigos; que todos saíram correndo no momento da discussão por acharem que a vítima Márcio estaria armado; que por isso havia um banco na calçada; que havia mais gente quando chegaram; que não conhece os amigos do irmão; que seu irmão viu a discussão e correu quando a vítima Márcio colocou a mão na cintura; que seu irmão não foi ouvido como testemunha; que viu quando os amigos do irmão correram pela janela; que não viu nenhuma arma com a vítima Márcio e nem com o acusado Thiago; que a vítima correu e que entrou em um carro; que no dia ela foi presa; que todos a questionavam de arma, mas não havia arma nenhuma; que a vítima Márcio morava próximo a residência, a cerca de uma quadra; que não sabe se a vítima entrou na residência dela; que a polícia o procurou; que a vítima não estava em nenhum hospital ou posto de saúde; que a vítima Márcio foi agredida na cabeça; que a vítima caiu, levantou e saiu correndo; que a vítima não sacou nenhuma arma; que a vítima ameaçou o acusado; que afirma que não houve nenhum tiro; que ninguém estava armado; que a vítima Márcio tinha sido preso pelo crime de roubo; que já estava separada da vítima quando essa foi presa; que não tinha uma casa somente com o acusado Thiago; que ficavam na casa da mãe do acusado; que não tiveram filhos; que o acusado era uma pessoa pacífica quando mantinham o relacionamento; que trabalhava como entregador em uma farmácia e em uma pizzaria; que nunca viu o acusado armado; que nunca o viu brigar com ninguém; que se separaram cerca de sete meses após o ocorrido; que não tem conhecimento da vida atual do acusado; que tem amizade com a esposa atual do acusado.
A palavra foi passada para a defesa e a testemunha passou a responder que a vítima Márcio sempre foi uma pessoa violenta nos nove anos de convivência que partilharam; que sempre foi ameaçada pela vítima após o término; que recebe telefonemas de ameaças até os dias atuais; que tem medo; que possui duas filhas com a vítima; que tem conhecimento que a vítima está presa; que atualmente mora junto com outra pessoa; que após o rompimento do relacionamento com o acusado Thiago mantiveram uma amizade; que não teve problemas com o término com o acusado; que tem amizade com a atual esposa do acusado; que o acusado é uma pessoa tranquila sem caráter possessivo; que não houve disparo de arma de fogo e que o acusado nunca teve posse de nenhuma arma enquanto mantiveram relacionamento.
A palavra foi passada ao MPE e a testemunha passou a responder que seu depoimento atual divergia do depoimento dado no dia dos fatos na delegacia; que no dia dos fatos foi levada para a delegacia por policiais que disseram que o que eles falassem ali na porta da residência ela deveria falar lá na delegacia; que foi algemada e colocada na viatura; que a todo momento os policiais diziam o que ela deveria relatar; que caso ela não relatasse o que estavam dizendo ela iria presa e perderia a guarda das filhas; que rodaram por bastante tempo com ela na viatura na esperança de uma ligação do acusado Thiago; que disse ao escrivão toda a história até adiscussão e que disseram que ela tinha ouvido tiros; que a vítima Márcio não estava na frente da casa quando ela chegou com o acusado, como relatado; que a vítima não visitava as filhas; que seu pai disse ter ouvido tiros e que ela negou; que seu depoimento da delegacia diverge do depoimento atual porque os policiais disseram que ela devia relatar o que estavam falando; que relatou ter ouvido tiros, mas que viu que não eram; que viu claramente quando o acusado agrediu a vítima com um banco.
Os jurados não tiveram questionamentos e a testemunha foi dispensada.
O acusado foi interrogado logo após a oitiva das testemunhas, conforme o art. 474, CPC, como se segue; foi enfatizado o direito dele ao silêncio.
Passou a responder que conversou com seu advogado previamente a respeito da acusação; que namorava com Cecília a época dos fatos; que mantinham um relacionamento tranquilo; que a vítima Márcio sempre ligava no celular de Cecília ameaçando o casal; que não foi o primeiro namorado de Cecília depois que ela terminou com a vítima; que os namorados anteriores foram igualmente ameaçados; que as ameaças ocasionavam os términos dos relacionamentos de Cecília; que no dia dos fatos estava com Cecília na lanchonete Sayonara; que a vítima passou de bicicleta proferindo ameaças; que sua mãe havia falecido a cerca de uma semana; que foram para a residência de Cecília; que Cecília desceu da moto e entrou na residência; que a vítima estava vindo em direção a residência com um outro rapaz chamado Wagner; que a vítima estava gritando que queria ver as filhas; que já eram quase 23h; que pediu pra vítima ir embora; que disse à vítima que ela não ajudava as filhas; que Wagner acompanhou a confusão; que o irmão de Renata estava bebendo com amigos na calçada embaixo de uma árvore; que a vítima colocou a mão na cintura e como reação imediata pegou o banco e golpeou a vítima na cabeça; que a vítima não cambaleou e correu; que Wagner correu e que ele mesmo pegou a moto e fugiu; que a vítima não encostou nele; que quando a vítima correu proferiu ameaças de vingança; que saiu de moto porque imaginou que a vítima fosse voltar; que foi para a casa de um amigo no Jardim Santo Antônio; que dormiu na casa desse amigo porque a polícia estava atrás dele dizendo que ele estava armado; que havia conversado por telefone com Cecília; que ela disse que a polícia só iria soltá-la quando ele aparecesse com a suposta arma; que teve uma passagem como usuário de drogas cerca de três anos antes do fato; que nunca teve problemas com nenhum policial; que a família da vítima estava próxima ao local dos fatos; que acha que vieram deles o boato da arma de fogo; que a vítima não apareceu baleada no dia seguinte; que se estivesse portando uma arma de fogo o homicídio seria consumado devido a proximidade do acusado a vítima na hora da discussão; que nunca andoou armado; que voltou para a casa e para o trabalho três dias depois do fato; que ficou três dias foras porque estava sendo perseguido pela família da vítima; que não registrou nenhum boletim de ocorrência; que trabalhava na Delta medicamentos e tinha uma renda de cerca de R$1700,00 e na pizzaria na qual tinha uma renda de cerca de R$2500,00; que não sustentava ninguém; que morava com sua mãe; que não tinha filhos; que o relacionamento com Cecília terminou cerca de quatro meses após os fatos; que o término se deu de forma natural; que atualmente está em outro relacionamento há quatro anos no qual tem um filha de sete meses; que ajuda no sustento tanto da filha quanto da esposa; que a esposa também trabalha fora; que não teve nenhum outro envolvimento com a polícia após o fato; que na época dos fatos era usuário de cocaína; que não faz mais uso da substância a cerca de três anos e setes meses; que não estava sob o efeito da droga no dia dos fatos.
A palavra foi passada ao MPE e o acusado passou a responder que não se recordava, ao certo, quanto tempo depois do ocorrido se apresentou na delegacia para prestar depoimento; que o advogado foi o responsável pelo arrolamento de testemunhas; que foi tudo muito rápido para se apegar a detalhes.
Não houveram questionamentos da defesa ou dos jurados e o interrogatório foi encerrado.
O plenário foi suspenso as 9h20min e retomado as 9h31min no qual teve início os debates orais, iniciadas pelo MPE, conforme art. 476, caput, com duração máxima de 1h30min.; o MPE pediu a condenação do acusado nos termos da decisão de pronúncia, como se segue:
O promotor de justiça ofereceu seus cumprimentos a todos os presentes e ressaltou que o julgamento não dizia respeito a pessoa do acusado Thiago, mas sim ao fato em si; descreveu o que seria uma tentativa; narrou os fatos de acordo com a denúncia; trouxe a tipificação na qual a narrativa se adequava; sustentou a acusação por tentativa de homicídio; explicou a fase do inter criminis; leu o boletim de ocorrência da polícia militar; trouxe a leitura de partes do processo e alguns depoimentos prestados na delegacia, prestados principalmente por familiares da vítima Márcio; enfatizou os laudos realizados nos bonés; trouxe que a discussão era pela condenação e não pela prisão do acusado Thiago. 
A manifestação encerrou-se às 10h35min e houve mais uma suspensão dos trabalhos que foram retomados as 10h39min, com a palavra dada a defesa (art. 473, §3º) que foi devidamente alertada sobre a inadmissão de inovação de teses defensivas em caso de eventual utilização da tréplica, por flagrante violação do princípio constitucional do contraditório e ainda que todas as teses deveriam ser expostas sem alegação posterior de prejuízo ou surpresa, visto que o magistrado deixou claro o procedimento do plenário previamente.
A defesa, com igual tempo de 1h30min., apresentou as seguintes teses e sub teses: a) absolvição do acusado por ausência de materialidade da tentativa de homicídio; b) absolvição diante da ocorrência da legítima defesa; c) desclassificação do delito de tentativa de homicídio para o crime de lesão corporal leve, como relatado a seguir:
Foram feitos os cumprimentos de praxe; trouxe o contexto da criação da Lei Maria da Penha e a influência do patriarcado na violência doméstica; elencou que traria uma defesa técnica, uma defesa fática e a desclassificação do crime; sustentou que Wagner foi ajudar a vítima Márcio a agredir o acusado Thiago; trouxe o princípio ‘in dubio pro reo’ para sua defesa técnica, bem como ‘in dubio pro societate’ ; afirmou não haver prova técnica suficiente para materializar o disparo de arma de fogo, baseado no exame de corpo de delito que não afirmou categoricamente ser a lesão fruto de um tiro e afirmou não haver sangue no boné apreendido; trouxe a vítima Márcio como um criminoso e agressor baseado nos antecedentes criminais do mesmo; que caso houve disparo de arma de fogo esse só se deu para repelir justa e iminente agressão, visto as ameaças sofridas pelo acusado Thiago e que de acordo com os autos não houve risco de vida, devendo o delito ser desclassificado para uma lesão corporal leve, caso o Conselho de sentença assim entenda. 
Os debates foram encerrados, não havendo réplica, e o juiz explicou os quesitos de votação (materialidade, autoria, intenção de matar e absolvição) que foram aceitos pelas partes; foi facultado a todos o acesso aos autos e foi anunciado o julgamento, determinando a retirada dos membros do Conselho de Sentença, bem como das partes até a sala secreta, onde de portas fechadas a sessão tornou-se secreta e os quesitos foram votados observando o disposto no art. 482, CPP, conforme seguem:
1º) Na data de 1º de agosto de 2013, por volta das 22h30, na Rua Serra Negra, n. 287, no bairro Vila Eliane, nesta Capital, a vítima Márcio Ferreira dos Santos foi atingida por disparos de arma de fogo que lhe provocaram a lesão descrita no laudo de exame de corpo de delito de f. 71-2? 
Votos SIM:3 
Votos NÃO:4 
2º) O réu Thiago Augusto Garcia Watanabe efetuou os disparos de arma de fogo contra a vítima Márcio Ferreira dos Santos, nas condições acima descritas? 
Prejudicado 
3º) O réu deu inícioà execução de um crime de homicídio que somente não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade? 
Prejudicado 
4º) O Jurado absolve o acusado? 
Prejudicado
Após a votação dos quesitos as cédulas foram contadas diante dos jurados. A incomunicabilidade foi garantida pelos oficiais de justiça e a sentença absolutória, com fulcro no art. 386, II, CPP, foi proferida, sendo lida em plenário na presença de todos.
O Conselho de Sentença acolheu a tese defensiva de ausência de materialidade da tentativa de homicídio.
Tudo foi reduzido a termo pelo assessor jurídico do gabinete Leonardo Cavallini Ribeiro, findando a sessão as 11h51min.

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