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MECANISMOS DE DEFESA DO EGO Professor Domingos de Oliveira Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as manifestações do Ego diante das exigências das outras instâncias psíquicas (Id e Superego), mas a psicanálise freudiana não é a única teoria a se utilizar desse conceito. Outras vertentes da psicologia também se utilizam dessa denominação. Os mecanismos de defesa são determinados pela forma como se dá a organização do ego: quando bem organizado, tende a ter reações mais conscientes e racionais. Todavia, as diversas situações vivenciadas podem desencadear sentimentos inconscientes, provocando reações menos racionais e objetivas e ativando então os diferentes mecanismos de defesa, com a finalidade de proteger o Ego de um possível desprazer psíquico, anunciado por esses sentimentos de ansiedade, medo, culpa, entre outros. Quando o ego se manifesta diante de ameaças de desprazer, organizam-se mecanismos para defender o sujeito dessas ameaças. Os mecanismos de defesa são ações psicológicas que buscam reduzir as manifestações iminentemente perigosas ao Ego. ID – EGO - SUPEREGO • ID: é regido pelo principio do prazer, profundamente ligado a libido, esta relacionado a ação de impulsos, sendo considerado inato. Esta localizado na zona do inconsciente da menta, sem conhecer a realidade consciente e ética, agindo portanto apenas a partir de estímulos instintivos, o que lhe atribui a característica de amoral. • EGO: é a parte consciente da mente, sendo responsável por funções como percepção, memória, sentimentos e pensamentos. É regido pelo principio da realidade, sendo o principal influente na interação entre o sujeito e o ambiente externo. É um componente moral que leva em consideração as normas éticas existente, e atua como mediador entre o ID e o SUPEREGO. • SUPEREGO: é o componente inibidor da mente, atuando de forma contraria ao ID. É considerado hipermoral, segue o principio do dever, e faz o julgamento das intenções do sujeito sempre agindo de acordo com heranças culturais relacionadas a valores e regras de condutas. O SUPEREGO é então o componente moral e social da personalidade. Logo o ID, EGO E SUPEREGO são conceitos bastante abstratos e talvez de difícil compreensão a primeira vista, mas que podem ser demonstradas mais claramente através de exemplos do cotidiano das pessoas. EX: se você sente vontade de comer algo após o almoço, a tendência do ID é imediatamente ir em contraria, dizendo ser totalmente desnecessário comer no momento, uma vez que você acabou de fazer uma refeição. O EGO, por sua vez, mediará o conflito e vai criar questões como “seria melhor eu esperar mais um pouco para comer novamente?” e “estou realmente satisfeito ou preciso comer mais?” Portanto, são estratégias empregadas pelo ego para proteção, em face de ameaça a integridade biológica ou psicológica. Quando estas estratégias não funcionam adequadamente surge então o conflito..... CONFLITO • Poderíamos definir o Superego como o “xerife” da personalidade, aquele que impõe a lei, os valores morais, ético- sociais. Portanto, o Id com seus instintos buscando ser atendidos “a qualquer preço” e se depara, con-fronta com “as leis” do Superego, donde va-mos ter um conflito. • O sentido que se dá à palavra conflito em psicologia é muito semelhan-te ao significado que damos no dia-a- dia. Conflito significa embate, luta, con-fronto, disputa. De um lado, alguém que deseja alguma coisa e, do outro, alguém que não permite. • No psiquismo, o conflito se estabelece pelas exigên-cias do Id no atendimento dos seus impulsos e o confronto com a realidade exterior na qual o Ego tem o papel de fazer a mediação, achar uma forma entre elas e as “leis” do superego. • Esta disputa provoca um desgaste de energia, ao mesmo tempo que gera uma tensão. Fazendo uma comparação, seria como manter um músculo contraído, o que gera uma tensão mas provoca um desgaste de energia. • A compreensão do que gera o conflito e de suas repercussões e consequências é fundamental para entender a origem da doença mental na visão psica-nalítica. Estabelecido o conflito, é necessário que alguma solução seja encontrada porque, caso o conflito permaneça, a personalidade pode ser afetada em maior ou menor proporção, gerando a doença mental. Todos os mecanismos de defesa exigem certo investimento de energia e podem ser satisfatórios ou não em cessar a ansiedade, o que permite que sejam divididos em dois grupos: Mecanismos de defesa bem-sucedidos e aqueles ineficazes. A) Os bem-sucedidos são aqueles que conseguem diminuir a ansiedade diante de algo que é perigoso. B) Os ineficazes são aqueles que não conseguem diminuir a ansiedade e acabam por constituir um ciclo de repetições. Nesse último grupo, encontram-se, por exemplo, as neuroses e outras defesas patogênicas. Existem pelo menos quinze tipos de mecanismos de defesa conhecidos e explicados pelas teorias da psicologia. Entre eles, podemos citar: compensação, expiação, fantasia, formação reativa, identificação, isolamento, negação, projeção e regressão. Cada mecanismo de defesa tem uma forma específica de funcionamento, vamos conhecer alguns deles brevemente: Compensação: Esse mecanismo de defesa tem por característica a tentativa do indivíduo de equilibrar suas qualidades e deficiências, por exemplo, uma pessoa que não tem boas notas e se consola por ser bonita. Deficiente físico torna-se um estudioso Deslocamento: O mecanismo de deslocamento está sempre ligado a uma troca, no sentido de que a representação muda de lugar, e é representada por outra. Esse mecanismo também compreende situações em que o todo é tomado pela parte. Por exemplo: alguém que teve um problema com um advogado e passa, então, a rejeitar todos esses profissionais, ou ainda, num sonho, quando uma pessoa aparece, mas, na verdade está representando outra pessoa. Expiação: É o mecanismo psíquico de cobrança. O sujeito se vê cobrado a pagar pelos seus erros no exato momento em que os comete, com esperança na crença de que o erro será imediatamente ou magicamente anulado. Fantasia: Nesse mecanismo de defesa, o individuo cria uma situação em sua mente que é capaz de eliminar o desprazer iminente, mas que, na realidade, é impossível de se concretizar. É uma espécie de teatro mental onde o indivíduo protagoniza uma história diferente daquela que vive na realidade, onde seus desejos não podem ser satisfeitos. Nessa realidade criada, o desejo é satisfeito e a ansiedade diminuída. Os exemplos de fantasia são: os sonhos diurnos, ou fantasias conscientes, as fantasias inconscientes, que são decorrentes de algum recalque e as chamadas fantasias originárias. Formação Reativa: É um mecanismo caracterizado pela aderência a um pensamento contrário àquele que foi, de alguma forma, recalcado. Na formação reativa, o pensamento recalcado se mantém como conteúdo inconsciente. As formações reativas têm a peculiaridade de se tornar uma alteração na estrutura da personalidade, colocando o indivíduo em alerta, como se o perigo estivesse sempre presente e prestes a destruí-lo. EX: uma pessoa com comportamentos homofóbicos, que na verdade, sente-se atraído por pessoas do mesmo sexo. Ex. não gosta da enfermagem mas faz para agradar aos pais, mas durante o exercício profissional ela fala aos estudantes as perspectivas da profissão. Identificação: É o mecanismo baseado na assimilação de características de outros, que se transformam em modelos para o individuo. Esse mecanismo é a base da constituição da personalidade humana. Como exemplo podemos citar o momento em que as crianças assimilam características parentais, para posteriormente poderem se diferenciar. Esse momento é importante e tem valor cognitivo à medida que permite a construção de uma base onde a diferenciação pode ou não ocorrer. Ex. a pessoa sofre um acidente, fica váriosdias acamada e ao sair do hospital resolve ser enfermeira. Isolamento: É o mecanismo em que um pensamento ou comportamento é isolado dos demais, de forma que fica desconectado de outros pensamentos. É uma defesa bastante comum em casos de neurose obsessiva. Os exemplos desse mecanismo são diversos, como rituais, fórmulas e outras ideias que buscam a cisão temporal com os demais pensamentos, na tentativa de defesa contra a pulsão de se relacionar com outro. Ex. uma mulher descreve como foi atacada e estuprada sem demonstrar nenhuma emoção. Negação: É a defesa que se baseia em negar a dor, ou outras sensações de desprazer. É considerado um dos mecanismos de defesa menos eficazes. Podemos citar como exemplo o comportamento de crianças de “mentir”, negando ações que realizaram e que gerariam castigos. Projeção: Resumidamente, podemos dizer que é o deslocamento de um impulso interno para o exterior, ou do indivíduo para outro. Os conteúdos projetados são sempre desconhecidos da pessoa que projeta, justamente porque tiveram de ser expulsos, para evitar o desprazer de tomar contato com esses conteúdos. Um exemplo é uma mulher que se sente atraída por outra mulher, mas projeta esse sentimento no marido, gerando a desconfiança de que será traída, ou seja, de que a atração é sentida pelo marido. Além desse, outros exemplos de projeção podem estar na causa de preconceitos e violência. Ex. uma pessoa esta doente e diz que a outra é que esta. Regressão: É o processo de retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, onde as satisfações eram mais imediatas, ou o desprazer era menor. Um exemplo é o comportamento de crianças que, na dificuldade em seus relacionamentos com outras crianças, retornam, por exemplo, a fase oral e retomam o uso de chupetas, ou ainda, comem excessivamente. Ex. criança toma leite na xícara aos dois anos e ao internar só aceita leite na mamadeira, a qual já havia deixado a mais de seis meses. Intelectualização: é uma tentativa de evitar a expressão de emoções reais associada a uma situação de stress. Ex. muda-se de uma cidade e oculta a ansiedade relacionada a mudança, usando um processo intelectual. Introjeção: integrar as crenças e valores de um outro individuo. Ex. as crianças e valores dos pais. Racionalização: tenta formular razões lógicas para justificar seu sentimento ou comportamento. Ex. a pessoa diz que bebe porque é a única maneira de lidar com seu casamento que é um fracasso. Sublimação: redireciona seus impulsos que não são socialmente aceitáveis para atividades construtivas. Ex. mãe tem seu filho morto em um atropelamento e torna-se presidente da associação das vitimas de atropelamento. A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE SEGUNDO ALGUMAS TEORIAS PERSONALIDADE A palavra personalidade vem do grego cujo significado é persona, que traduzida significa mascara É um conjunto de características físicas, genéticas e sociais que reúne um individuo, o que o fazem diferente e único em relação ao restante dos indivíduos. No entanto, a inter-relação e a comunhão de todas estas características, geralmente estáveis, são as que determinarão a conduta e o comportamento de uma pessoa, proporcionando estabilidade das mesmas, prever a resposta que pode dar a um individuo que conhecemos diante de uma determinada circunstância ou estimulo. Portanto, personalidade são padrões duradouros de perceber, relacionar com ambiente e consigo mesmo, e, pensar a respeito disso. ESTÁGIOS DA PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD Idade Fase Tarefa Zero a 18 meses Oral Alivio da ansiedade e gratificação. 18 meses a 3 anos Anal Independência e auto controle. 3 a 6 anos Fálico Identificação com pai do mesmo sexo, desenvolvimento da identidade sexual. 6 a 12 anos De latência Sexualidade reprimida, da Preferência a colegas do mesmo sexo. 12 aos 20 anos Genital Desperta a libido, tem atração sexual pelo sexo oposto. ESTÁGIOS DA PERSONALIDADE SEGUNDO SULLIVAN Idade Fase Tarefa Zero a 18 meses Neonatal Alivio da ansiedade 18 meses a 6 anos Infância Aprender a aceitar gratificações sem ansiedade. 6 a 9 anos Juvenil Estabelece relações satisfatórias com os colegas. 9 a 12 anos Pré- adolescência Estabelece relações satisfatória com pessoa do mesmo sexo, inicio da afeição por outra pessoa. 12 a 14 anos Inicio da adolescência Inicia a relação com pessoas do sexo oposto, começa a desenvolver um sentimento de identidade. 14 a 21 anos Final da adolescência Estabelece identidade própria, inicio do desenvolvimento de relações intimas. ESTÁGIOS DA PERSONALIDADE SEGUNDO ERIKSON Idade Fase Tarefa Período neonatal Confiança x desconfiança Confiança na figura materna Zero a 18 meses Inicio da infância Autonomia x vergonha e culpa Adquire algum autocontrole e independência 18 meses a 3 anos Final da infância Iniciativa x culpa Começa a dirigir a suas próprias atividades. 3 a 6 anos Idade escolar Industria x inferioridade Sentimento de autoconfiança por aprender, competir, e gosta de ser reconhecido 6 a 12 anos Adolescência Idade x confusão de papéis Integra os sentimentos anteriores a um sentimento seguro 12 a 20 anos Adulto jovem Intimidade x isolamento Estabelece uma relação intima e duradoura. 20 a 30 anos Idade adulta Produtividade x estagnação Alcançar objetivos estabelecidos, passa a pensar na futuras gerações. 30 a 65 anos Idade avançada Integridade do ego x desespero Rever a própria vida, pensa nos eventos positivos e negativos da vida. ESTÁGIOS DA PERSONALIDADE SEGUNDO PIAGET Idade Fase Tarefa Zero a dois anos Sesoriomotor Desenvolvimento do sentimento do EU, do ambiente externo. 2 a 6 anos Pré- operacional Aprende a expressar-se pela linguagem, inicio da compreensão de gestos simbólicos. 6 a 12 anos Operações concretas Aprende a lógica do pensamento, diferencia e classifica tudo, inicio da socialização. 12 a 15 + anos Operações formais Aprende a pensar e raciocinar, adquiri maturidade cognitiva.
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