Buscar

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Farmacologia dos Sistema Respiratório
1
Farmacologia dos Sistema 
Respiratório
Prof. MSc. André Luiz de Moura
Farmacologia dos Sistema Respiratório
2
Sumário
1. Introdução 4
1.1. Revisão do sistema respiratório 4
1.2. Função dos componentes do sistema respiratório 5
1.3. Controle neurogênico do sistema respiratório 6
1.4. Sistemas de proteção do trato respiratório 7
1.4.1. Sistema mecânico de defesa 7
1.4.2. Sistema de defesa imunológico 8
2. Introdução à farmacologia do sistema respiratório 8
3. Farmacologia dos distúrbios das vias aéreas superiores 8
3.1. Resfriados e gripe 8
3.2. Resfriado 8
3.2.1. Manifestações clínicas do resfriado 9
3.2.2. Tratamento de resfriado 10
3.3. Gripe 11
3.3.1. Etiologia da gripe 12
3.3.2. Reservatórios de influenza 12
3.3.3. Período de incubação 13
3.3.4. Período de transmissibilidade 13
3.3.5. Meios de transmissão 13
3.3.6. Métodos preventivos 15
3.3.7. Vacinação 16
3.3.8. Tratamento da gripe 16
3.3.9. Uso de oseltamivir como quimioprofilaxia 17
4. Rinite 17
4.1. Definição de rinite 18
4.2. Tipos de rinite 19
4.3. Fatores envolvidos com a rinite 20
4.4. Métodos de prevenção da rinite 21
4.5. Tratamento medicamentoso da rinite 22
4.6. Fármacos utilizados no manejo da rinite 23
4.6.1. Drogas descongestionantes nasais 23
4.6.2. Anti-histamínicos 23
4.6.3. Antagonistas muscarínicos 27
4.6.4. Glicocorticoides 27
4.6.5. Cromonas 28
4.6.6. Antagonistas de receptores de leucotrienos 29
5. Farmacoterapia da asma 30
5.1. Definição de asma 30
5.2. Sintomas que sugerem asma 31
5.3. Sintomas que não sugerem asma 31
Farmacologia dos Sistema Respiratório
3
5.4. Resposta imune e asma 31
5.5. Classificação da asma 33
5.6. Tratamento da asma 33
5.6.1. Terapia não medicamentosa da asma 33
5.6.2. Terapia medicamentosa da asma 34
5.7. Resumo da manutenção da asma 39
6. Farmacoterapia da tosse 41
6.1. Tosse 41
6.2. Arco reflexo da tosse 41
6.3. Terapia medicamentosa para tosse seca 43
6.3.2. Drogas que elevam o limiar do centro da tosse 43
6.3.3. Drogas que elevam o limiar da via eferente do reflexo da tosse 44
6.3.4. Outros 44
6.4. Terapia medicamentosa para tosse produtiva 44
6.4.1. Tosse produtiva 44
6.5. Fármacos mucoativos 45
6.5.1. Promotores do transporte de muco 45
6.5.2. Indutores da secreção reflexa 45
7. Tuberculose 47
7.1. Sintomas relacionados à tuberculose 48
7.2. Populações mais vulneráveis à tuberculose 48
A 48
B 48
7.3. Profilaxia da tuberculose 49
7.4. Tratamento da tuberculose no Brasil 49
8. Referências 53
Farmacologia dos Sistema Respiratório
4
1. Introdução
1.1. Revisão do sistema respiratório
O sistema respiratório tem por objetivo captar da atmosfera o oxigênio e fornecer esse componente aos tecidos ao 
mesmo tempo em que remove do sangue o dióxido de carbono liberado das funções metabólicas orgânicas. A porta de 
entrada para esse sistema ocorre na cavidade nasal ou na boca, que se comunicam pela faringe.
O ar inspirado segue por laringe, traqueia e brônquios até chegar aos pulmões, onde ocorrem as trocas gasosas, ou 
seja, o oxigênio inalado difunde-se para os capilares sanguíneos enquanto um processo inverso ocorre com o dióxido 
de carbono proveniente dos tecidos, que é eliminado na expiração.
Os pulmões, principais órgãos do sistema respiratório, estão localizados sobre o diafragma, separados pelo coração. 
O pulmão esquerdo é um pouco menor que o direito e é formado por dois lobos – superior e inferior –, enquanto que o 
pulmão direito é constituído por três lobos pulmonares: superior, médio e inferior (figura 1) (BIOLOGIA..., 2013).
Figura 1: Representação esquemática do sistema respiratório humano. Fonte: http://
ciencia-em-si.webnode.pt/products/o-sistema-respiratorio-humano/. 
Quando o ar adentra no organismo através das narinas ou pela boca (respiração bucal), avança até chegar à laringe. 
Esta é um tubo formado por peças cartilaginosas cuja entrada é protegida pela epiglote, que se fecha durante a deglutição 
a fim de proteger as vias aéreas dos alimentos e líquidos ingeridos. Após passar pela laringe, o ar atinge a traqueia, 
que, na sua porção inferior, ramifica-se, dando origem aos brônquios, que penetram nos pulmões e sofrem diversas 
ramificações, formando os bronquíolos e dando origem à formação da árvore respiratória (figura 2) (BIOLOGIA..., 2013).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
5
Figura 2: Representação diagramática de um sistema respiratório. 
Em A), observa-se macroscopicamente os pulmões e parte das 
vias de condução, em B) pode se verificar de uma forma mais 
minuciosa a distribuição dos brônquios e bronquíolos e, C) mostra 
o arranjo mais delicado dos bronquíolos, que originam a popular 
arvore brônquica. Fontes: http://www.unifesp.br/dmorfo/histologia/
ensino/pulmao/anatomia.htm; http://embrioehistodrikaligabi.
wordpress.com/; http://www.vernonmaraschin.com.br/pulmoes/. 
O sistema respiratório também pode ser subdividido da 
seguinte forma:
a) Vias aéreas superiores: é formada por estruturas 
responsáveis pela entrada e pela saída do ar 
atmosférico inspirado. Inicia-se na cavidade nasal e 
termina na glote; desta forma, cavidade nasal, seios 
da face, faringe, laringe, cordas vocais e glote são 
as estruturas anatômicas componentes dessa região 
respiratória.
b) Vias aéreas inferiores: é a continuidade da 
traqueia, à qual se adicionam os brônquios principais 
e os segmentos brônquicos (bronquíolos). Com 
exceção da traqueia, essas estruturas são os principais 
componentes da árvore brônquica. 
1.2. Função dos componentes do sistema 
respiratório
Cada uma das estruturas do sistema respiratório possui 
uma função distinta e importante para o sistema. A seguir, 
serão apresentadas as funções de cada uma das principais 
estruturas do sistema respiratório.
a) Nariz (narinas): é por meio dessa estrutura que o 
ar entra e sai do aparelho respiratório. É composta 
por mucosa e pelos, os quais são responsáveis por 
filtrar partículas de poeira e outros corpos estranhos 
que possam ser inspirados junto ao ar. As narinas 
também incluem células olfativas, capazes de detectar 
os odores presentes no ar.
b) Faringe e laringe: essas duas estruturas, 
anatomicamente, localizam-se logo após as cavidades 
nasais, sendo sua principal função conduzir ar e 
alimentos. A laringe é um órgão curto e conecta a 
faringe à traqueia. Sua localização anatômica está 
relacionada à sua função, que é servir de condutor na 
passagem do ar durante a respiração, produzir voz e 
impedir que alimentos e objetos estranhos deglutidos 
entrem nas vias aéreas inferiores (traqueia).
c) Traqueia: é um tubo cartilaginoso que parte da laringe 
para dentro da caixa torácica. Possui um comprimento 
que pode variar de 12,5 cm a 15 cm de comprimento 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
6
e 2,5 cm de diâmetro. Esse conduto termina junto à 
bifurcação que origina os dois brônquios principais. A 
traqueia é composta por aproximadamente 20 anéis 
cartilaginosos e é recoberta por uma mucosa glandular 
e ciliada. Os cílios são estruturas anatômicas que 
transportam o cuco e corpos estranhos em direção à 
laringe e faringe.
d) Brônquios, bronquíolos e alvéolos: ao término da 
traqueia, está situada uma bifurcação dela que origina 
dois brônquios principais (direito e esquerdo). Após 
entrar nos pulmões, os brônquios originam estruturas 
menores, denominadas de bronquíolos. Estes também 
se dividem em vários outros segmentos de menor 
comprimento e diâmetro até originarem os alvéolos 
pulmonares, que são as estruturas finais do conduto 
respiratório. Elas aglomeram-se em uma estrutura 
semelhante a um cacho de uva, conhecida como saco 
alveolar, no qual as trocas gasosas acontecem (CO2 
por O2).
e) Pulmões: cada pessoa tem dois pulmões, órgãos 
vitais, fundamentais para a respiração. Localizados na 
parte superior do tórax, estendem-se até o diafragma 
(músculo responsável pela respiração) e um pouco 
acima das clavículas.O pulmão direito é mais espesso, 
mais largo e um pouco mais curto que o esquerdo, 
uma vez que o diafragma é mais alto no lado direito 
para acomodar o fígado. O pulmão esquerdo apresenta 
uma concavidade, na qual se aloja o coração. A forma 
de cada pulmão lembra uma pirâmide, com um ápice, 
uma base, três bordos e três faces. Os pulmões são 
morfologicamente diferentes: o direito é constituído 
por três lobos, e o esquerdo, apenas por dois.
f) Células secretórias e caliciformes: são 
responsáveis pela consistência do muco, que é 
essencial para a retenção de partículas estranhas e 
nocivas aos pulmões.
g) Células ciliadas: estão presentes ao longo de todo 
o trato respiratório, com exceção de faringe, porções 
posteriores do nariz e unidades respiratórias (alvéolos). 
São responsáveis por promover a retirada do muco e 
de partículas indesejáveis do sistema respiratório.
h) Células claras: estão presentes em nível bronquiolar 
e podem desempenhar papel secretório.
i) Células alveolares: são constituídas por três distintos 
tipos celulares denominados pneumócitos (I, II e III):
1. Pneumócitos tipo I: espalhado por toda a 
superfície alveolar, recobre cerca de 95% do 
alvéolo. Está em íntima proximidade com os 
capilares alveolares, e a maior parte das trocas 
gasosas ocorrem por meio de seus processos.
2. Pneumócitos tipo II: é uma célula secretora 
de surfactante (muco alveolar ou catarro), 
substância responsável pela tensão superficial 
que impede o colabamento alveolar.
3. Pneumócitos tipo III: são células em forma de 
escova que estão intimamente relacionadas às 
inervações e possuem função quimiorreceptora.
1.3. Controle neurogênico do sistema 
respiratório
As vias respiratórias são inervadas por diferentes 
componentes do sistema nervoso central (SNC) e do 
sistema nervoso autônomo (SNA), que podem promover 
efeitos excitatórios ou inibitórios. O sistema nervoso 
(SN) controla algumas funções do sistema respiratório, 
por exemplo, tônus broncomotor, secreção das glândulas 
submucosas, funcionamento das células epiteliais, tônus 
e permeabilidade vascular, ativação de mastócitos e de 
outras células relacionadas ao sistema inflamatório.
A respiração é controlada por descargas rítmicas 
espontâneas provenientes do centro respiratório no bulbo, 
moduladas pelo influxo da ponte e dos centros superiores 
do sistema nervoso central (SNC) e dos aferentes vagais 
dos pulmões.
Em condições normais, as vias aéreas são controladas 
por um sistema neuroefetor autonômico. As vias 
eferentes são constituídas pelos nervos parassimpáticos, 
que liberam acetilcolina, pelos nervos simpáticos, 
que liberam noradrenalina, pela adrenalina circulante 
(proveniente da medula da glândula adrenal) e pelos 
neurônios inibitórios não adrenérgicos não colinérgicos 
(NANC). As vias aferentes incluem três tipos diferentes 
de receptores sensoriais.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
7
Resumindo:
Vias eferentes
 » Os nervos parassimpáticos medeiam a constrição 
brônquica e a secreção de muco por meio de uma 
ação sobre os receptores muscarínicos M3. 
 » Os nervos simpáticos inervam os vasos sanguíneos 
(causando constrição) e as glândulas (inibindo a 
secreção), mas não o músculo liso das vias aéreas.
 » A adrenalina circulante atua sobre os receptores 
β2-adrenérgicos, relaxando o músculo liso das vias 
aéreas.
 » O principal neurotransmissor que causa relaxamento 
do músculo liso das vias aéreas é o transmissor 
inibitório NANC (não adrenérgico não colinérgico), 
que se acredita seja o óxido nítrico (NO).
 » Os transmissores excitatórios NANC são peptídeos 
liberados pelos neurônios sensoriais.
Vias aferentes
 » Os receptores de irritação e as fibras C respondem 
a substâncias químicas exógenas, a mediadores 
da inflamação e a estímulos físicos (por exemplo, 
ar frio) causando broncoconstrição e secreção de 
muco, por meio da liberação de acetilcolina nas vias 
aéreas superiores e da liberação de neuropeptídios 
excitatórios nas vias aéreas inferiores. Os estímulos 
químicos, ao atuarem sobre os receptores de 
irritação nas fibras mielinizadas das vias aéreas 
superiores e/ou sobre os receptores de fibras C 
nas inferiores, provocam tosse, broncoconstrição 
e aumento na secreção de muco. Os estímulos 
que produzem esses efeitos incluem tanto agentes 
exógenos, como amônia, dióxido de enxofre, fumaça 
de cigarro e o instrumento experimental capsaicina 
(pimenta), quanto estímulos endógenos, como 
os mediadores da inflamação (prostaglandinas, 
bradicinina, serotonina, histamina, leucotrienos, 
entre outros).
1.4. Sistemas de proteção do trato respiratório
Quando inspiramos o ar atmosférico, os pulmões 
tornam-se uma porta de entrada para diversos agentes 
nocivos. O grau de exposição a agentes nocivos é muito 
elevado, pois a superfície alveolar total proporciona uma 
área física muito elevada para facilitar a difusão dos 
gases, porém isso, por outro, faz com que esse órgão 
seja particularmente susceptível a infecção e lesão por 
partículas estranhas oriundas do ar inspirado.
Em indivíduos livres de doenças respiratórias, a 
árvore brônquica é uma região livre de microrganismos, 
diferentemente dos órgãos que formam as vias aéreas 
superiores, que comumente são colonizados por 
microrganismos saprófitos e, por vezes, patogênicos. 
Para que esses organismos não cheguem aos pulmões, 
evitando-se, assim, o desenvolvimento de processos 
patológicos, esses órgãos contam com mecanismos de 
defesa mecânicos e imunológicos, que podem ou não 
atuar concomitantemente (LOPES et al., 2010).
1.4.1. Sistema mecânico de defesa
O primeiro mecanismo de defesa do sistema respiratório 
ocorre por meio de processos mecânicos característicos 
de cada órgão. As narinas apresentam cílios em sua 
superfície que, associados ao turbilhamento do ar durante 
a inspiração, têm a finalidade de filtrar partículas maiores, 
como as de poeira e, consequentemente, impedir a 
passagem de microrganismos. Uma vez que nem sempre 
esse mecanismo de defesa é suficiente para proteger contra 
a entrada desses agentes, o aparelho respiratório ativa 
outros meios de proteção, como a filtração aerodinâmica e 
o transporte mucociliar (LOPES et al., 2010).
Outros meios de dificultar a entrada de partículas ou 
de agentes infecciosos no trato respiratório incluem atos 
voluntários e reflexos involuntários, como assoar, fungar 
ou espirrar. O ato de tossir tem por finalidade auxiliar na 
limpeza das vias aéreas inferiores, expectorando secreções 
e/ou outros agentes estranhos ao organismo, levando-os à 
região da orofaringe para que sejam expelidos pela boca 
(LOPES et al., 2010).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
8
1.4.2. Sistema de defesa imunológico
O sistema imunológico é composto por uma série de 
células e moléculas distribuídas pelo organismo que se 
caracterizam pela capacidade de identificar determinados 
antígenos e assim desencadear uma resposta de defesa 
capaz de provocar a destruição ou inativação de tais 
agentes. Assim, esse mecanismo de defesa é um sistema 
eficiente no combate a agentes infecciosos que podem 
gerar processos patológicos nocivos à saúde (MARTÍNEZ; 
ALVAREZ-MON, 1999). 
Em contrapartida, deficiências no sistema 
imunológico estão intimamente associadas ao aumento 
da susceptibilidade a processos infecciosos, seja por 
disfunções na resposta inata (como as de células fagocíticas 
ou alterações no sistema complemento), seja na resposta 
adaptativa (deficiência de anticorpos ou das células de 
defesa do tipo T) (MACHADO et al., 2004).
2. Introdução à farmacologia do sistema 
respiratório
Por se tratar de um sistema muito delicado e que é 
frequentemente acometido por diversos distúrbios que 
de forma significativa pode comprometer os afazeres 
diários e até mesmo a vida, o sistema respiratório é 
constantemente bombardeado com inúmeras substâncias 
químicas (medicamentosindustrializados ou obtidos por 
meio da medicina popular). 
Dentre os problemas respiratórios mais comuns, 
destacam-se a rinite, a tosse, a bronquite, a tosse produtiva 
(tosse com secreção), a tuberculose, a asma, entre outros.
São diversos os fatores que podem contribuir para 
o surgimento dessas patologias. Clima seco, poluição, 
microrganismos contidos no ambiente, produtos 
químicos, cigarro, entre outros, são os principais agentes 
desencadeadores dos problemas respiratórios.
Dessa forma, é de grande importância que os 
profissionais da saúde estejam preparados para 
reconhecer os sinais e sintomas desses problemas, bem 
como os diversos tipos de tratamento, não medicamentos 
e medicamentosos.
3. Farmacologia dos distúrbios das vias 
aéreas superiores
3.1. Resfriados e gripe
Anualmente, com a mudança de estações e, 
principalmente, com a chegada do inverno, aumenta 
a preocupação com relação à prevenção de doenças 
respiratórias como a gripe. Apesar da popularização desse 
termo para descrever, genericamente, sintomas de nariz 
congestionado associado a espirros e dor de cabeça, a 
gripe e os resfriados têm como agente etiológico vírus 
diferentes (BRASIL, 2009).
Esses microrganismos apresentam características 
morfológicas que permitem sua diferenciação uns dos 
outros. Enquanto os resfriados são provocados mais 
comumente pelos rhinovírus e pelos coronavírus, a gripe 
é causada pelos ortomixovírus da influenza dos tipos A, 
B e C. Dentre eles, o influenza tipo A (H1N1) é o mais 
conhecido devido à sua elevada capacidade de causar 
epidemias e pandemias de gripe (THULER, 2014).
3.2. Resfriado
O resfriado é uma patologia infecciosa do trato 
respiratório superior, atingido a região nasal e a 
garganta. Normalmente, não há quadros febris 
em adultos, sendo mais frequente em crianças. As 
principais manifestações clínicas envolvem presença 
de secreção nasal (coriza) acompanhada de obstrução 
nasal, além de irritação e hiperemia das narinas (tanto 
em adultos quanto em crianças).
Os adultos saudáveis são susceptíveis a desenvolver 
um resfriado de duas a quatro vezes ao ano. Já em 
pacientes infantis, esse número sobe para seis vezes ao 
ano. Com a exposição ao agente, a infecção pode ser 
facilitada por distúrbios emocionais, fadiga excessiva e 
processos alérgicos. Também é importante destacar que 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
9
o frio, por si só, não causa resfriado, apenas facilita a 
propagação do vírus. O motivo pelo qual uma pessoa tem 
mais probabilidade de se infectar em um dado momento 
do que outra não é bem claro.
Estudos apontam para o fato de que, em alguns 
pacientes, a infecção viral se espalha para os órgãos 
adjacentes àqueles afetados, resultando em diferentes 
manifestações clínicas. Ocasionalmente, alguns indivíduos 
resfriados apresentam alta predisposição a complicações 
bacterianas. Apesar da natureza geralmente benigna, o 
resfriado é um enorme fardo econômico para a sociedade 
em termos de visitas a médicos e a outros profissionais de 
saúde, além de gastos com o tratamento e as constantes 
ausências a trabalho, escola ou creche.
Pesquisas sobre as causas das doenças respiratórias 
durante os anos 1950 e 1960 levaram à descoberta de 
adenovírus, vírus parainfluenza, rinovírus, vírus respiratório 
sincicial (VRS), enterovírus, e coronavírus, além do vírus 
influenza, que já era identificado (tabela 1). 
Tabela 1 – Principais cepas virais desencadeadoras de 
resfriados e estimativa anual de casos relacionados aos 
diferentes tipos de agentes virais
Tipo de vírus Proporção anual 
estimada de casos
Rinovírus 30–50%
Coronavírus 10–15%
Vírus influenza 5–15%
Vírus respiratório sincicial 5%
Vírus parainfluenza 5%
Adenovírus <5%
Enterovírus <5%
Metapneumovírus Desconhecido
Desconhecido 20–30%
Fonte: Adaptado de Heikkinen e Järvinen, 2003.
A proporção relativa das diferentes cepas virais e a causa 
do resfriado variam dependendo de vários fatores, que 
podem ser organizados em idade, estação, amostragem 
e métodos de detecção viral. No entanto, o rinovírus tem 
sido consistentemente considerado a causa mais comum 
em todas as faixas etárias, independentemente das 
técnicas de detecção utilizadas (tabela 1).
Anualmente, rinovírus respondem por cerca de 30-
50% das doenças respiratórias, no entanto, durante 
a alta temporada de outono, podem causar até 80% 
de todas as infecções das vias respiratórias superiores. 
Mais de 100 diferentes sorotipos do vírus têm sido 
identificados, a prevalência relativa dos quais parece 
variar entre as diferentes áreas geográficas e também 
ao longo do tempo. Embora ainda escassos, estão 
disponíveis dados sobre o papel do coronavírus como 
uma das causas da constipação comum. Esses vírus são 
encontrados em 7-18% dos adultos com infecções das 
vias respiratórias superiores.
Epidemiologicamente, a ocorrência de um resfriado 
mostra sazonalidade clara. Nas regiões temperadas do 
hemisfério norte, a frequência de infecções respiratórias 
aumenta rapidamente no outono, mantém-se bastante 
elevada durante todo o inverno e diminui novamente na 
primavera. Em áreas tropicais, a maioria dos problemas 
relacionados surge durante a estação chuvosa. A 
incidência de infecções das vias respiratórias superiores é 
inversamente proporcional à idade (figura 3).
Figura 3 – Média anual de incidência de problemas respiratórios 
em conformidade com a faixa etária. Fonte: Monto, 1994.
3.2.1. Manifestações clínicas do resfriado
Os sintomas do resfriado são bem mais brandos do 
que os da gripe e estão relacionados com o acometimento 
principalmente do nariz e da garganta. Na maioria 
dos casos, os resfriados começam com um pequeno 
desconforto na garganta, passando à narina, podendo 
afetar ainda regiões como olhos e ouvido (principalmente 
em crianças).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
10
No resfriado, a febre, quando existente, normalmente 
está abaixo dos 38 °C, no entanto, há situações em 
que pode ocorrer elevação da temperatura para valores 
maiores, principalmente durante o período inicial. Isso 
explicaria o porquê de, em alguns casos, o paciente ficar 
muito mais sensível ao frio, podendo haver confusão 
com a gripe.
Os sintomas do resfriado surgem após um período 
de incubação que pode variar consideravelmente entre 
as diferentes cepas virais. Em infecções experimentais 
de rinovírus, o aparecimento dos sintomas ocorre em 
um período de 10-12h após a inoculação intranasal, 
enquanto que o período de incubação do vírus influenza 
varia de um a sete dias.
Em geral, a severidade dos sintomas aumenta 
rapidamente, com picos dentro de 2-3 dias após a 
infecção, e diminui logo depois. A duração média do 
resfriado é de 7-10 dias, mas numa proporção de 
pacientes alguns sintomas podem estar ainda presentes 
após três semanas.
Geralmente, os sintomas apresentados são acúmulo 
de catarro e coriza, e, em alguns casos, uma pequena 
inflamação da garganta. Vale lembrar, porém, que o 
nariz nunca deve ser assoado com muita força, pois isso 
pode favorecer a ocorrência de sinusites e otites, que 
estão entre as principais complicações bacterianas que 
podem surgir ao final do resfriado, exigindo tratamento 
com antibióticos.
Na maioria das vezes, a contaminação das narinas por 
bactérias deve-se ao esforço gerado nos espirros e na 
força de ar gerada durante o ato de assoar o nariz. Esses 
procedimentos podem promover rompimento de vasos 
sanguíneos (que pode acarretar pequena hemorragia) e 
lesão do tecido conjuntivo (porta de contaminação), além 
de promover a formação de feridas externas (figura 4).
Figura 4 – Representação de um quadro infeccioso na região 
externa do nariz após quadro de resfriado. Fontes: http://www.
blogdacomunicacao.com.br/resfriado-comum-pode-estar-com-
os-dias-contados/; http://whatisherpes.net/nasal-herpes/. 
3.2.2. Tratamento de resfriado
Não existe um tratamentomedicamentoso efetivo para 
o vírus do resfriado; quando uma pessoa é acometida por 
esse agente infeccioso, a conduta é orientar o paciente 
de forma que este adote condutas que possam atenuar 
os sinais e sintomas da patologia e que produzam 
condições adequadas para que o organismo se recupere 
o quanto antes. Por essa razão, é muito importante 
orientar o paciente a ingerir muito líquido, como água 
e sucos, pois essa ação promove boa hidratação, o 
que previne o ressecamento das mucosas nasais e da 
região orofaríngea, promovendo fluidez e facilitando a 
eliminação do muco contaminado. 
Práticas como gargarejo com água morna e sal várias 
vezes ao dia ou ingestão de água morna com limão e mel 
promovem uma sensação de anestesia local na garganta, 
e isso pode contribuir para reduzir a irritabilidade e aliviar 
a tosse. A lavagem nasal com solução fisiológica está 
indicada para ajudar no alívio dos sintomas do nariz, 
mesmo porque esta prática promove intensa limpeza das 
fossas nasais, retirando a secreção contaminada e outros 
agentes irritantes retidos por esta. O uso de tabaco e a 
exposição à fumaça ou à poeira podem piorar a irritação 
da garganta e a tosse.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
11
A um indivíduo que apresente o nariz constipado, é 
recomendado evitar expor-se a locais frios e fazer repouso, 
principalmente nos primeiros dias de infecção. Pacientes 
febris e/ou com sintomatologia intensa deverão manter-se 
isolados e em repouso na tentativa de evitar a disseminação 
da patologia para outras pessoas (BIOLOGIA..., 2013).
A tosse é um dos principais meios de eliminar secreções 
e partículas das vias respiratórias durante uma virose, por 
isso é melhor que não seja tratada. Em casos de tosse 
intensa, pode-se usar agentes antitussígenos. Apesar 
de o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina, AAS), por 
exemplo, aumentar a difusão do vírus, ao mesmo tempo 
promove ligeira melhora dos sintomas de febre e dor de 
cabeça. Quando necessário, é preferível a administração 
de paracetamol ou ibuprofeno a crianças e adolescentes, 
uma vez que o uso de aspirina eleva o risco de síndrome 
de Reye. Pesquisas recentes mostram que a vitamina C 
não cura, nem reduz o risco de pessoas comuns pegarem 
resfriado (BIOLOGIA..., 2013).
O uso de substâncias como os descongestionantes 
nasais promove apenas um alívio sintomático limitado. Os 
agentes anti-histamínicos podem diminuir a constipação 
nasal, no entanto, há relatos clínicos que comprovam que 
essa ação pode depender da sensibilidade do paciente. 
Além disso, os fármacos bloqueadores de receptores 
H1 normalmente promovem sonolência e outros efeitos 
adversos, principalmente em indivíduos de idade avançada. 
O ato popular de inalar vapores ou essências mediante 
um nebulizador é um método que alguns consideram 
útil para fluidificar as secreções e reduzir o desconforto. 
Essas medidas podem ser úteis, desde que o paciente não 
seja alérgico às substâncias empregadas e, ainda, que 
estas sejam utilizadas em quantidade e forma corretas. 
A utilização de agentes antimicrobianos não é eficaz no 
que diz respeito ao combate à infecção ou à fluidificação 
e expectoração do muco. Eles só possuem indicação em 
situações em que se constata infecção bacteriana.
Não existem vacinas capazes de promover proteção 
contra resfriado, porém podem ser encontradas algumas 
que são capazes de prevenir a gripe. Elas podem ser 
administradas em crianças (com mais de seis meses) ou 
adultos, mas geralmente as primeiras só as recebem em 
casos especiais: quando possuem alergias respiratórias, 
doenças do coração ou pulmão ou quando estão internadas 
em instituições.
3.3. Gripe
A gripe é uma patologia conhecida desde a época de 
Hipócrates (século V a. C.). É uma doença de alta potência, 
com surtos a cada 2-3 anos e pandemias a cada 10-15 
anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 
ela afeta cerca de 5-30% da população a cada ano. Em 
conformidade com uma revisão realizada por Bridges et al. 
(2000), entre 1% e 26% das pessoas entre 18 e 64 anos 
podem ser infectados pela gripe anualmente. 
Essa patologia possui um importante componente 
socioeconômico, devido às complicações de saúde que 
provoca, principalmente em crianças, mulheres grávidas 
e pessoas com mais de 65 anos ou de qualquer idade que 
sofram de doenças debilitantes crônicas.
Durante surtos epidêmicos de gripe, existe um aumento 
significativo no absentismo ao trabalho, implicando um 
significativo custo para as empresas, pois estas arcam com 
os custos salariais durante o período de licença médica, 
bem como os de outros trabalhadores para substituir 
aqueles que estão afastados em decorrência da patologia. 
Programas de vigilância sanitária mostram que o maior 
absentismo ocorre durante o pico do surto de gripe, 
geralmente entre dezembro e março para países europeus 
e entre junho e agosto para o Brasil. Em geral, a gripe é 
responsável por cerca de 10% das ausências no trabalho 
ao logo do ano.
No Brasil, com a chegada do inverno, a Vigilância 
Sanitária e o Ministério da Saúde alertam a população 
quanto à necessidade de serem adotadas medidas de 
prevenção contra as doenças respiratórias, especialmente 
nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A concentração 
de pessoas em ambientes fechados (ônibus, metrôs, 
locais de trabalho) normalmente favorece a circulação 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
12
de diversos tipos de vírus que acometem o sistema 
respiratório, inclusive o da influenza. Dessa forma, hábitos 
simples de higiene são importantes para prevenção, já que 
o vírus permanece vivo no ambiente por até 72 horas e 
em superfícies como corrimões, maçanetas e torneiras, 
por até 10 horas.
Desta forma, deve-se possuir grande cuidado com 
pessoas idosas e crianças, principalmente em períodos e 
regiões sujeitas a interferências sazonais (inverno, outono 
e primavera). O Ministério da Saúde recomenda que, 
quando em ambiente escolar, as crianças mantenham as 
mãos, os brinquedos e os objetos de uso comuns bem 
higienizados com água e sabão ou, caso seja possível, 
com álcool gel a 70%. Ainda está recomendado que o 
procedimento de “soneca” adotado nas creches ocorra de 
forma que as crianças sejam mantidas a uma distância 
mínima de um metro entre si.
No caso de pacientes idosos, a gripe pode gerar 
complicações graves, tais como a pneumonia e o 
agravamento de doenças crônicas preexistentes, como 
a hipertensão e o diabetes. Dentre as várias formas de 
prevenção, a vacinação contra a gripe é uma das principais. 
Esse meio de prevenção é normalmente ofertado em 
campanhas de vacinação (geralmente em períodos que 
antecedem o inverno) pelo Ministério da Saúde aos grupos 
mais vulneráveis, como idosos, e a membros de equipes 
de saúde e órgãos públicos.
3.3.1. Etiologia da gripe
A gripe é uma doença infecciosa que pode ocorrer em 
aves e mamíferos. Sua etiologia é associada à infecção por 
cepas virais do vírus influenza (família Orthomyxoviridae). 
A denominação influenza é derivada da língua italiana e 
significa influência. Existem três classes de vírus influenza: 
A, B e C. Todos são capazes de infectar seres humanos, 
entretanto, o tipo A pode atingir diversas espécies de 
animais, além de ser responsável por epidemias gripais.
Essa cepa é classificada em subtipos, que variam devido 
a mutações que sofrem ao longo do tempo (exemplos: a 
gripe espanhola e a gripe suína). Já os tipos B e C afetam 
somente o homem, sendo o C a forma mais leve e menos 
frequente (CARVALHO, 2013). A tabela 2 traz um breve 
histórico sobre as principais pandemias de gripe.
Tabela 2 – Principais pandemias relacionadas ao período de ocorrência e à cepa viral
Nome da pandemia Data Mortes Subtipo envolvido Índice de gravidade pandêmica
Gripe russa 1889–1890 1 milhão Possivelmente H2N2 ?
Gripe espanhola 1918–1920 40 a 100 milhões H1N1 5
Gripeasiática 1957–1958 1 a 1,5 milhões H2N2 2
Gripe de Hong Kong 1968–1969 0,75 a 1 milhão H3N2 2
Gripe suína 2009-2010 10 mil a 25 mil H1N1 6
Fonte: http://www.roche.pt/sites-tematicos/gripe/index.cfm/gripe/epidemias-e-pandemias/pandemias/. 
3.3.2. Reservatórios de influenza
Diversas espécies, como seres humanos, suínos, equinos, focas e aves, são considerados reservatórios de patógenos 
na natureza. A transmissão ocorre, geralmente, entre membros da mesma espécie, com exceção dos porcos, cujas 
células possuem receptores virais semelhantes ao do homem e das aves, de forma que o vírus da influenza tipo A, que 
possui a capacidade de infectar diversas espécies, pode ser transmitido ao homem pela carne suína contaminada.
O porco por sua vez, pode entrar em contato com o vírus por meio do contato com o homem ou aves infectadas. 
Devido a essa característica, o vírus do tipo C também á capaz de infectar seres humanos e suínos, enquanto que o 
vírus do tipo B é exclusivo de seres humanos.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
13
3.3.3. Período de incubação 
 » Influenza sazonal
Possui período de incubação de um a quatro dias.
 » Influenza pandêmica ou com potencial 
pandêmico
Está relatado cientificamente que o período de 
incubação do vírus da influenza aviária é mais longo 
quando comparado a outros tipos, podendo variar de dois 
a oito dias. Esse fato pode, de certa forma, interferir no 
diagnóstico precoce e correto da patologia. Segundo a 
OMS (BRASIL, 2009), atualmente, o período de incubação 
do vírus influenza A varia de 1 a 7 dias, com média de 1 a 
4 dias, devido às mutações que levaram ao novo vírus da 
influenza A H1N1, descoberto na pandemia de 2009.
3.3.4. Período de transmissibilidade 
 » Influenza sazonal
Uma vez infectado, um indivíduo pode transmitir o vírus 
em um período que varia de dois dias antes do início dos 
sintomas a cinco dias após.
 » Influenza pandêmica ou com potencial 
pandêmico
Na pandemia gripal de 2009, causada pelo vírus 
influenza H1N1, foi observado que indivíduos adultos 
transmitem esse vírus de um dia antes até o sétimo dia 
após o início dos sintomas, enquanto que, em crianças, 
ele pode ser transmitido até 14 dias após o início da 
sintomatologia característica da gripe (BRASIL, 2009).
3.3.5. Meios de transmissão 
 » Influenza sazonal
Comumente, a transmissão do vírus influenza sazonal 
ocorre de forma direta, ou seja, pessoa a pessoa. O 
principal meio de contaminação é o contato direto de um 
indivíduo saudável com pequenas gotículas de secreção 
biológica (>5 milimicras de diâmetro), expelidas pelo 
indivíduo infectado pelo vírus. Esse meio de contaminação 
pode ocorrer em situações como espirros, tosse, diálogo, 
entre outros (figura 5).
Figura 5 – Representação da disseminação da gripe por meio de 
secreção (espirro). Fonte: http://www.docelimao.com.br/site/receitas-
a-dicas/curiosidades/692-perguntas-e-respostas-sobre-a-gripe-suina. 
 » Influenza pandêmica ou com potencial 
pandêmico
Ainda que rara, a contaminação humana pelo vírus 
da gripe aviária pode ocorrer durante a limpeza e a 
manutenção dos criadouros, pela inalação das secreções 
respiratórias, fezes e sangue de aves contaminadas. A 
contaminação pode, ainda, ocorrer durante o abate ou a 
manipulação (BRASIL, 2014). 
Apesar de não comprovado cientificamente, há relatos 
de que a gripe aviária pode ser transmitida por meio do 
consumo de ovos e carne de aves infectadas, assim como 
também pelo contato com pessoas contaminadas (figura 
6) (BRASIL, 2014).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
14
Figura 6 – Fluxo de transmissão do vírus da gripe A. Fonte: http://drpaulomaciel.com.br/a-versao-oficial-da-gripe-a/. 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
15
3.3.6. Métodos preventivos
Em conformidade com dados obtidos do Ministério da 
Saúde, atualmente, no Brasil e em diversas regiões do 
mundo, é descrita a ocorrência de uma pandemia com 
predominância de casos clinicamente leves e com baixa 
letalidade. Porém fenômenos envolvendo recombinação 
genética e fatores de virulência podem levar ao surgimento 
de novas ondas epidêmicas que elevem a necessidade por 
serviços de saúde ambulatoriais e hospitalares.
Em decorrência desses fatores, é fundamental a 
implantação de serviços de atenção primária, os quais 
devem orientar a população quanto aos métodos 
preventivos. Alimentação balanceada e saudável, ingestão 
de líquidos, preferencialmente não muito gelados, ao 
menos oito horas por dia de sono e prática regular de 
exercícios são medidas que auxiliam na manutenção 
de uma vida saudável e no fortalecimento do sistema 
imunológico. Além disso, ainda é possível descrever como 
medidas profiláticas:
 » Sempre lavar as mãos com água e sabão, 
principalmente após sair de ônibus, metrô, shopping, 
parque e outros lugares de aglomeração (http://
www.youtube.com/watch?v=1LnTkUEdpE0).
 » Evitar aglomerados humanos, principalmente se 
houver pessoas doentes nesses locais.
 » Em surtos de gripe, utilizar máscaras quando seu 
uso for indicado pelas autoridades.
 » Vacinar-se anualmente, caso pertença ao grupo de 
risco (idosos, imunocomprometidos etc.) (figura 7).
Figura 7 – Passos para evitar a contaminação e a disseminação da gripe. Fonte: http://corpo-saude.wmnett.com.br/gripe-suina.html. 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
16
3.3.7. Vacinação
A vacinação anual contra o vírus influenza é ainda 
o melhor método para se prevenir. Essa prática deverá 
ocorrer antes de iniciar o inverno, pois é a época em que 
ocorre aumento dos casos. A vacinação não garante 100% 
de imunidade, mas pode ajudar a prevenir os casos de 
gripe ou, pelo menos, reduzir a gravidade da doença.
Estudos epidemiológicos descrevem que a eficácia da 
imunização varia de 70-90% entre adultos jovens e de 30-
40% entre idosos debilitados, em virtude da dificuldade que 
alguns indivíduos possuem em produzir anticorpos após a 
vacinação. O resultado da proteção está relacionado com 
o tipo da cepa viral utilizada para a produção da vacina, 
que pode variar de ano a ano. Mesmo diante tais dados, a 
vacinação ainda é a principal forma de proteção contra as 
complicações da gripe (RESFRIADO, 2013).
Não devem ser vacinadas as pessoas:
 » Que tiveram uma reação prévia a essa vacina contra 
a gripe.
 » Que já apresentaram reação alérgica a ovos de 
galinha, neomicina ou timerosal.
 » Que apresentaram uma desordem caracterizada por 
paralisia chamada de síndrome de Guillain-Barré, 
com suspeita de ter ocorrido após uma vacina anti-
influenza.
 » Com alguma doença febril atual.
 » No primeiro trimestre da gravidez.
3.3.8. Tratamento da gripe
Para o tratamento da gripe pandêmica, devem ser 
utilizados medicamentos antivirais, por exemplo, o 
oseltamivir, o qual pode ser administrado a pacientes 
com gripe ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG), 
dentro de um período de 48 horas a partir do início de 
sintomas. É de grande importância levar em consideração 
as orientações definidas pelo laboratório. Caso necessário, 
o medicamento poderá ser utilizado no tratamento de 
indivíduos portadores de fatores de risco. Como em toda 
prescrição terapêutica, é fundamental a observância 
quanto às interações medicamentosas, as contraindicações 
formais e os efeitos colaterais; além disso, é relatado 
elevado índice de resistência às diversas cepas de vírus 
influenza caso seja utilizado de forma indiscriminada, razão 
pela qual se deve ter muita cautela em sua prescrição e 
dispensação, devendo-se evitar a venda indiscriminada.
O oseltamivir deve ser usado durante o período 
gestacional apenas em situações em que o risco potencial 
para o feto seja menor que o benefício.
Indivíduos diagnosticados com doença respiratória 
aguda grave e as pessoas próximas a eles que 
apresentem os mesmos sintomas, assim como pacientes 
com síndrome gripal, são elegíveis para o tratamento com 
oseltamivir. Contudo, tais pacientesdevem ser avaliados 
e monitorados a fim de se identificar o melhor tratamento 
para (BRASIL, 2009).
Recomenda-se a administração de 75 mg de oseltamivir, 
duas vezes ao dia, durante cinco dias (adultos). Em crianças 
entre 1 e 12 anos, abaixo dos 40 kg, as doses devem ser 
seguidas conforme tabela abaixo (tabela 3), pelo mesmo 
período de tratamento (cinco dias) (BRASIL, 2010a).
Tabela 3 – Dosagem de oseltamivir recomendada para 
crianças, por peso e frequência diária.
Peso Dose Frequência
Menos de 15 kg 30 mg
2 vezes ao dia
De 15 a 23 kg 45 mg
De 23 a 40 kg 60 mg
Acima de 40 kg 75 mg
A administração de dose dobrada de oseltamivir 
(150 mg) de 12 em 12 horas pode ser necessária para 
indivíduos com insuficiência respiratória, neutropenia, 
imunossupressão, terapia com quimioterápicos ou fazendo 
uso de corticosteróides ou portadores de obesidade grau 
III. Em pacientes que sofrem de insuficiência renal, a 
dose deverá ser ajustada de acordo com o clearance (10-
30 mL/min: 75mg, uma vez ao dia) e em função de ser 
ou não submetido à diálise (hemodiálise: 30 mg, após a 
sessão; diálise peritoneal: 30 mg, uma vez por semana) 
(BRASIL, 2010b).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
17
3.3.9. Uso de oseltamivir como quimioprofilaxia
O uso do oseltamivir como agente quimioprofilático 
em larga escala está absolutamente contraindicado. Em 
situações profiláticas, deve ocorrer apenas no caso de:
 » Profissionais de laboratório que manipularam 
amostras clínicas que contenham a nova influenza 
A (H1N1) 2009 pandêmica, sem o uso de 
equipamento de proteção individual (EPI) ou com o 
uso inadequado deste.
 » Profissionais da saúde que realizaram procedimentos 
invasivos (geradores de aerossóis) ou manipularam 
secreções de um caso suspeito ou confirmado de 
infecção pela nova cepa da influenza A (H1N1) 
2009 pandêmica, sem o uso de EPI ou com o uso 
inadequado deste (BRASIL, 2009).
Para essas situações, o uso deste medicamento 
deverá ocorrer da seguinte forma: 75 mg, uma vez ao 
dia, por 10 dias.
É importante ressaltar que:
 » Os pacientes que desenvolvem efeitos colaterais 
gastrointestinais graves podem reduzir a absorção 
oral do oseltamivir. Em tal situação, porém, não 
há, atualmente, nenhuma evidência científica 
para sugerir o aumento da dose ou do tempo de 
uso do antiviral.
 » Os pacientes que vomitam até 1 hora após a 
ingestão do medicamento podem receber uma dose 
adicional, conforme a tabela 3.
4. Rinite
O nariz é o primeiro segmento do trato respiratório 
superior, juntamente com os seios paranasais. Do ponto 
de vista anatômico, pode-se dividi-lo em nariz externo 
e cavidade nasal. Suas estruturas recebem a constante 
impactação do ambiente e de patógenos que podem dar 
origem a uma crise de rinite.
A mucosa nasal é extensamente irrigada, e sua inervação 
dá-se pelo nervo trigêmeo, através dos seus ramos 
oftálmicos e maxilares, com predominância do sistema 
nervoso parassimpático. Morfologicamente, essa região é 
revestida por epitélio colunar ciliado pseudoestratificado, 
no qual, comumente, podem ser observadas áreas com 
metaplasia, principalmente onde há contato direto da 
mucosa com o ar inspirado, assim como nas proximidades 
do epitélio olfatório.
Essa mucosa é recoberta por muco com pH levemente 
ácido composto por água (95%), glicoproteínas, enzimas, 
imunoglobulinas e restos celulares. Nas camadas mucosa e 
submucosa, podem ser observadas células basais colunares 
e leucócitos como linfócitos, mastócitos, monócitos, 
basófilos e eosinófilos (figura 8) (SOLÉ; SAKANO, 2012).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
18
 
Figura 8 - Representação das estruturas anatômicas das fossas nasais: painel superior (vasos sanguíneos e mucosa) e painel inferior 
(inervações). Fontes: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=340; http://www.hs-menezes.com.br/anatomia_2_23.html. 
4.1. Definição de rinite
Rinite é uma patologia que acomete a região nasal devido a uma inflamação da mucosa nasal após o contato 
com alérgenos (SIH, 2005). Clinicamente, é definida como um distúrbio sintomático do nariz caracterizado por 
espirros, constipação nasal, rinorreia (coriza), prurido e hiposmia (diminuição do olfato) (SOLÉ; SAKANO, 2012). 
Esses sintomas ocorrem durante dois ou mais dias consecutivos por mais de uma hora na maioria dos dias. Esse 
processo inflamatório pode estar associado a outras doenças alérgicas, como conjuntivite e asma, e com doenças 
infecciosas, como sinusites e amigdalites.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
19
4.2. Tipos de rinite
A rinite pode ser classificada de acordo com o quadro 
clínico, assim como pela frequência e intensidade dos 
sintomas, pela citologia nasal, pelos fatores etiológicos 
que desencadeiam as crises e pela duração destas. 
Dentre as classificações existentes, aquela por meio 
dos fatores etiológicos tem sido considerada a mais 
adequada pelo fato de ser determinante para a escolha 
da terapia a ser empregada no tratamento dos pacientes 
(SOLÉ; SAKANO, 2012).
Em conformidade com o III Consenso sobre Rinite 
(SOLÉ; SAKANO, 2012), a classificação da rinite pode ser:
 » Infecciosa:
◊ Viral.
◊ Bacteriana.
◊ Fúngica.
 » Alérgica.
 » Não alérgica:
◊ Induzida por drogas:
 . Vasoconstritores tópicos 
(rinite medicamentosa).
 . Anti-inflamatórios não hormonais.
 . Anti-hipertensivos.
 . Psicotrópicos (antipsicóticos).
 . Cocaína.
◊ Hormonal.
◊ Rinite eosinofílica não alérgica (RENA).
◊ Rinite idiopática.
◊ Rinite neurogênica:
 . Gustatória
 . Emocional.
 . Irritantes (ar frio).
 . Senil.
◊ Rinite atrófica.
◊ Rinite associada a refluxo gastroesofágico.
 » Outras:
◊ Rinite mista.
◊ Rinite ocupacional:
 . Alérgica.
 . Não alérgica.
◊ Rinite alérgica local.
A rinite alérgica (RA) acomete cerca de 30% da 
população mundial. Além dos distúrbios já citados 
anteriormente, a RA parece estar relacionada com outras 
doenças respiratórias, como a asma, a rinossinusite, a 
faringoamigdalite, a laringite, além de distúrbios do sono, 
respiração bucal e tosse crônica. Assim, afeta a qualidade 
de vida dos indivíduos que sofrem com essa doença, 
interferindo nas atividades que exigem concentração, 
principalmente entre as crianças. Crianças com RA 
possuem maior risco de desenvolver dermatites atópicas 
e asma (MENON-MIYAKE et al., 2013).
Essa inflamação na mucosa nasal é mediada por IgE 
(SOLÉ; SKANO, 2012). O excesso na produção dessas 
imunoglobulinas, característico das RAs, é denominado 
atopia. O início das manifestações de RA parece ser mais 
frequente durante a infância até por volta dos 20 anos. 
Crianças com história familiar de atopia de ambos os pais 
apresentam 70% de chance de sofrerem de RA; esse 
risco cai para 50% se somente um dos pais apresentarem 
tal fator em seu histórico. Os sintomas de RA não são 
comuns em indivíduos acima dos 50 anos de idade 
(DOLCI; DOLCI, 2009).
Segundo recomendação da iniciativa Allergic Rhinitis 
and Its Impact on Asthma (ARIA) e da OMS, a classificação 
da rinite alérgica deve considerar a duração (intermitente 
ou persistente) e a gravidade dos sintomas, incluindo 
aspectos de qualidade de vida (figura 9).
Figura 9 - Classificação da rinite alérgica em conformidade com Allergic 
Rhinitis and Its Impact on Asthma. Fonte: Solé; Sakano, 2012.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
20
4.3. Fatores envolvidos com a rinite
Os principais alérgenos ambientais que desencadeiam e/ou agravam a rinite são os ácaros da poeira domiciliar, 
baratas, fungos, epitélio, urina e saliva de animais (cão e gato). Os principais irritantes inespecíficos são a fumaça 
do cigarro e compostos voláteis presentes em produtos de limpeza e construção, desencadeando os sintomas por 
mecanismos não imunológicos (figura 10).
Figura 10 - Ciclo evolutivo da rinite. Fonte: http://drypchauhan.wordpress.com/2012/11/07/homeopathic-
treatment-of-allergic-rhinitis/;http://www.kalinka-store.com/diseases/rhinitis-treatment. 
Os alérgenos são identificados pelos anticorpos IgE e apresentados às células de defesa, desencadeando a ativação 
destas que, consequentemente, liberam os mediadores químicos do processo inflamatório e alérgico (figura 11).
Figura 11 – Representação esquemática do processo alérgeno e inflamatório. (adaptado de: Naclario. New Engl J Med 1991;325:860-869)
Os mediadores químicos liberados são responsáveis por promover ativação das moléculas de adesão leucocitária, 
quimiotaxia, aumento de permeabilidade vascular, irritabilidade nasal, hiperemia, espirros, prurido, edema de tecido 
esponjoso (constipação) e coriza.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
21
Os principais mediadores envolvidos são:
 » Histamina.
 » Bradicinina.
 » Leucotrienos cisteínicos.
 » IL-4.
 » Citocinas Th 2.
 » IL-5.
 » IL-13.
 » GMC-SF. 
Atualmente, muitos estudos defendem o conceito de 
“via aérea única”, segundo o qual os sintomas da asma 
e da rinite fazem parte do quadro clínico de uma mesma 
doença. Essa definição é defendida pelo fato de que as 
alterações geradas nas vias aéreas superiores são capazes 
de afetar as inferiores e vice-versa, já que a inflamação 
da mucosa de ambas as regiões ocorre por mecanismos 
imunológicos similares e inter-relacionados.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010c), um 
estudo multicêntrico apontou que 80% das pessoas que 
sofrem com a asma também apresentam quadros de 
rinite alérgica e que 15% a 30% dos portadores de rinite 
apresentam sintomas clínicos da asma (figura 12).
Figura 12 – Representação da teoria de via aérea única (relação rinite-
asma). Fonte: http://rhinitis-treatment-natural.blogspot.com.br/. 
4.4. Métodos de prevenção da rinite
Em conformidade com Sacconi (2010), os principais 
métodos a ser adotados para prevenção de crises ou 
manutenção de ambiente para pessoas portadoras de 
rinite são:
1. Não fumar e não permitir que fumem dentro de casa
2. Roupas raramente usadas devem ser arejadas e 
lavadas antes do uso
3. Dar preferência à vida ao ar livre. Praticar algum 
tipo de atividade física
4. Evitar tapetes, cortinas e almofadas no quarto de 
dormir
5. Dar preferência a pisos laváveis e cortinas do tipo 
persianas ou de material que possa ser limpo com 
pano úmido
6. Camas e berços não devem ser colocados 
lateralmente junto à parede ou perto da janela
7. Evitar mofo e umidade, principalmente no quarto 
de dormir
8. Evitar animais de pelúcia e estantes de livros, 
revistas e caixas de papelão no quarto
9. Evitar spray com “cheiros” ou saches no quarto de 
dormir
10. Evitar travesseiros de paina ou penas. Use os de 
espuma, sempre que possível, envoltos em plástico 
(napa)
11. Faça uma capa para o colchão, de material que 
possa ser limpo com pano úmido. Limpar o estrado, 
uma vez por mês
12. Lavar os cobertores, de 15 em 15 dias e exponha ao 
sol uma vez por semana
13. Evitar vassouras e espanadores de pó. Passar pano 
úmido diariamente na casa e nos móveis, antes do 
uso do aspirador de pó
14. Evitar animais de pêlo. Animais de estimação para 
crianças alérgicas são peixes e tartarugas
15. Caso seja impossível evitar os animais de pêlo, eles 
devem tomar banho, ao menos uma vez por semana 
e não devem, de forma alguma, permanecer no 
quarto de dormir
Farmacologia dos Sistema Respiratório
22
16. Evitar desinfetantes e produtos de limpeza com 
odor forte. Dê preferência a pastas e sabões em pó 
para limpeza de banheiro e cozinha
17. Evitar plantas naturais e artificiais dentro de casa
4.5. Tratamento medicamentoso da rinite
Embora a melhor maneira de tratar a rinite alérgica seja 
minimizar a exposição aos alérgenos, é quase impossível 
evitar completamente os do ar, tais como o pólen, a 
poluição, a poeira, os produtos de limpeza, as alterações 
de temperatura, entre outros. 
O objetivo do tratamento da rinite alérgica é a 
prevenção e o alívio dos sintomas, de forma segura e 
eficaz. O tratamento, que inclui medidas farmacológicas 
e não farmacológicas, depende da classificação da 
rinite. Existem muitos medicamentos, que podem ser 
adquiridos por meio de prescrição e até sem receita 
médica, para tratar a febre, o mal-estar e os sintomas 
mais graves da rinite.
Medicamentos tópicos nasais são indicados em um 
grande número de doenças que acometem as vias aéreas. 
Eles incluem vasoconstritores, corticosteroides, anti-
histamínicos e solução fisiológica. Entretanto, têm sido 
relatados casos de irritação da mucosa e odor desagradável 
relacionados a alguns medicamentos.
Os conservantes e estabilizantes presentes nas 
formulações, necessários para a preservação deles (como 
cloreto de benzalcônio, sorbato de potássio, metilparabeno, 
propilparabeno, EDTA), têm sido responsabilizados por tal 
efeito, principalmente quando algum componente alcoólico 
também está presente na composição (MIYAKE, 2014).
Recentemente, estudos in vivo e in vitro têm demostrado 
a ação dos conservantes na mucosa nasal. Os resultados 
apontam que o sorbato de potássio não é agressivo, 
enquanto que o cloreto de benzalcônio diminui a frequência 
de batimentos dos cílios e o clearance mucoide, podendo 
causar prejuízo à função nasal dos pacientes com indicação 
precisa que os utilizam continuamente e, ainda assim, não 
obtêm melhora. Observa-se ainda que a intensidade da 
rinite vasomotora causada por medicamentos encontra-
se aumentada quando este contém conservantes 
associados. Por isso, faz-se necessário o desenvolvimento 
de medicamento sem a presença de conservantes na sua 
formulação, tanto aqueles para o tratamento da rinite, 
como os corticosteroides, como os para simples hidratação 
da mucosa, como a solução salina (MIYAKE, 2014).
Em relação às classes farmacológicas mais indicadas 
para o tratamento da rinite, a seguir estão listadas as 
principais e, na tabela 4, relacionadas à sua eficácia na 
correção dos sintomas da rinite.
 » Vasoconstritores (descongestionantes).
 » Anti-histamínicos sistêmicos e tópicos.
 » Anticolinérgicos.
 » Corticosteroides tópicos.
 » Cromonas tópicas.
 » Antileucotrienos.
Tabela 4 – Classes farmacológicas utilizadas para 
o tratamento da rinite e sua eficiência no controle dos 
sintomas.
Efeito das diferentes formas de 
tratamento sobre os sintomas
Espirros Rinorréia Obstrução nasal
Prurido 
nasal
Anti-histamínicos H1
 orais ++ ++ + +++
 nasais ++ ++ + ++
 oculares 0 0 0 0
Corticosteróides 
 tópicos nasais +++ +++ +++ ++
Cromoglicato
 tópico nasal + + + +
 tópico ocular 0 0 0 0
Descongestionantes 
 tópicos nasais 0 0 ++++ 0
 orais 0 0 + 0
Anticolinérgicos 0 ++ 0 0
Anti-leucotrienos 0 + ++ 0
Fonte: Adaptado de van Cauwenberge et al., 2000. 
Erroneamente, muitos profissionais e pacientes 
acreditam que os medicamentos popularmente conhecidos 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
23
como descongestionantes (vasoconstritores) devem 
ser os de primeira escolha para o controle das crises de 
rinite. Esse é um grande equívoco, pois esses fármacos 
apenas tentam reverter a dilatação vascular induzida pelos 
mediadores químicos do processo alérgico/inflamatório. 
Caso não seja evitada a ação dessas substâncias químicas, 
os vasoconstritores não desencadeiam boa resposta. 
Por isso, é imprescindível que o paciente seja orientado 
corretamente de que a utilização de medicamentos 
que atuem sobre o sistema imunológico é de grande 
importância para controle das crises.
4.6. Fármacos utilizados no manejo da rinite
4.6.1. Drogas descongestionantes nasais
Os descongestionantes são fármacos vasoconstritores 
para uso oral e tópico, promovem alívio dos sintomas 
obstrutivos. São agonistas seletivos dos receptores alfa-
1-adrenérgicos, responsáveis por promover a resposta 
contrátil dos vasos sanguíneos nasais. Essas substâncias 
podem ser divididas em:
Aminas não catecolaminérgicas:
 » Sulfatoe cloridrato de efedrina: 
◊ Eficazes por via oral e tópica.
◊ Efeito: 3-4h.
◊ Efeitos colaterais: estimulação do SNC, tremores, 
insônia, nervosismo, hipersensibilidade, elevação 
da PA, tolerância.
 » Cloridrato de fenilefrina:
◊ Agonista dos receptores ɑ-1-ar (maior potência 
em relação à efedrina).
◊ Efeito: 1-3 h.
◊ Efeitos colaterais: tremores, insônia, nervosismo, 
hipersensibilidade, elevação da PA, tolerância.
Derivados imidazólicos:
 » Cloridrato de oximetazolina:
◊ Efeito mais prolongado comparado a todos os 
descongestionantes.
◊ Início de ação em 10 minutos e duração de 
aproximadamente cinco horas.
◊ Efeitos colaterais: uso prolongado pode induzir 
ao efeito de congestão rebote (tolerância), 
dependência física e, em algumas situações, 
psíquica, ardência, cefaleia, insônia, palpitações, 
espirros e dor aguda. 
 » Cloridrato de nafazolina:
◊ Atua diretamente em receptores ɑ-AR.
◊ Inicia seus efeitos em 10 minutos e persiste por 
2-6 h.
◊ Efeitos colaterais: congestão rebote (tolerância), 
dependência física e, em algumas situações, 
psíquica, paralisia ciliar, espirros, arritmias 
cardíacas, hipertensão transitória e sonolência.
4.6.2. Anti-histamínicos
São fármacos eficazes no tratamento de rinites 
alérgicas (espirros, prurido, rinorreia), possuem pouca 
ação descongestionante.
 » Etanolaminas: difenidramina, carboxamina, 
clemastina.
 » Alquilaminas: bromofeniramina, clorfeniramina, 
dexclorfeniramina.
 » Fenotiazina: prometazina.
 » Outros: ciproeptadina, azatadina, hidroxizina, 
loratadina.
A reação alérgica ocorre 15 a 30 minutos após o contato 
do antígeno com imunoglobulina do tipo IgE, presentes na 
membrana de mastócitos ou basófilos. Com isso, ocorre 
a degranulação dessas células, liberando mediadores 
químicos que iniciam a cascata da reação alérgica. Dentre 
os principais mediadores liberados, está a histamina, 
que promove vasodilatação, edema, prurido e secreção 
(BRASIL, 2010c).
O emprego de anti-histamínicos é indicado para 
combate dos sintomas da rinite, como prurido nasal, 
espirros, coriza e congestão nasal. Os anti-histamínicos 
de primeira geração promovem efeitos colaterais de forma 
mais pronunciada que os de segunda, devido à baixa 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
24
seletividade para receptores H1, além de serem capazes de inibir receptores do sistema nervoso central e muscarínicos. 
Clinicamente, pode-se observar sonolência, sedação (que pode ser potencializada com o uso associado de álcool), 
ressecamento das mucosas, visão turva, constipação, retenção urinária e taquicardia. Os anti-histamínicos de segunda 
geração possuem efeitos adversos mais leves quando comparados aos de primeira. São medicamentos menos lipofílicos 
e com menos efeitos colaterais anticolinérgicos e sedativos por não atravessarem a barreira hematoencefálica (DOLCI; 
DOLCI, 2009).
Nas tabelas a seguir, são demonstrados os principais anti-histamínicos de uso para os quadros de rinite alérgica. É 
possível observar as principais formas farmacêuticas, bem como sua posologia para adultos e crianças.
Tabela 5 – Anti-histamínicos (H1) clássicos de uso sistêmico
Fonte: Solé; Sakano, 2012.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
25
Tabela 6 – Anti-histamínicos (H1) de segunda geração de uso sistêmico
Fonte: Solé; Sakano, 2012.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
26
Tabela 7 – Anti-histamínicos (H1) clássicos de uso tópico
Fonte: Solé; Sakano, 2012.
Tabela 8 - Anti-histamínicos clássicos de uso sistêmico associados a descongestionantes
Fonte: Solé; Sakano, 2012.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
27
Tabela 9 – Anti-histamínicos de segunda geração de uso sistêmico associados a descongestionantes
Fonte: Solé; Sakano, 2012.
4.6.3. Antagonistas muscarínicos
Brometo de ipratrópio: é amplamente utilizado para 
o tratamento de rinorreia. Diminui o reflexo parassimpático 
e os efeitos da acetilcolina nas células mucosas. Por outro 
lado, pode desencadear boca seca e taquicardia por 
antagonismo fisiológico.
4.6.4. Glicocorticoides
Corticosteroides de uso local (tópico):
Os corticoides de uso intranasal são o tratamento mais 
eficaz para a rinite alérgica. Diversos estudos demonstram 
a eficácia desses medicamentos quando comparados a 
anti-histamínicos e antagonistas de leucotrienos (DOLCI; 
DOLCI, 2010). As substâncias mais utilizadas pertencentes 
a essa classe são: fluticasona, budesonida, beclometasona, 
mometasona e triancinolona. A grande vantagem delas dá-
se pelo seu uso tópico, que de certa forma promove muito 
pouco efeito sistêmico quando seguida corretamente sua 
posologia (tabela 10).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
28
Tabela 10 – Principais corticoides de uso tópico nasal utilizados para controle das crises de rinite
Fonte: Solé; Sakano, 2012.
Os principais efeitos adversos observados em 
pacientes que fizeram uso de glicocorticoides tópicos 
estão relacionados com a dose e a técnica de utilização. A 
forma correta de utilização dos sprays nasais deve evitar o 
direcionamento do jato para o septo nasal, evitando assim 
lesões e sangramentos que podem ser causados pelo 
aplicador. Algumas formulações que contêm propilenoglicol 
ou cloreto de benzalcônio podem provocar irritação da 
mucosa nasal e disfunção ciliar, respectivamente. Efeitos 
sistêmicos dependem da dose utilizada e dependem da 
farmacocinética do medicamento (BRASIL, 2010c).
Corticosteroides de uso sistêmico:
O uso de glicocorticoides sistêmicos não é indicado para 
o tratamento da sintomatologia inicial da rinite alérgica. 
Quando necessário, seu uso – por via oral – deve ser 
restrito a curtos períodos (de cinco a sete dias) e somente 
quando os sintomas nasais se encontram exacerbados. 
Em casos mais graves, deve ser excluída a possibilidade 
de comorbidades associadas ao quando de rinite alérgica, 
como rinossinusite bacteriana aguda (BRASIL, 2010c).
Dentre as substâncias mais utilizadas, encontramos 
dexametasona, prednisona, prednisolona e betametasona.
Vale ressaltar que essas substâncias promovem 
considerável retenção hídrica, diminuição da atividade 
das células formadoras de osso (osteoblastos), aumento 
da glicemia, diminuição da atividade das células de 
defesa, além de poder intensificar as crises de glaucoma 
e hipertensão.
4.6.5. Cromonas
É uma classe de fármacos conhecida como 
estabilizadores de mastócitos. Atuam impedindo a ação 
de mediadores químicos liberados no processo alérgico. 
Um segundo mecanismo seria o aumento da concentração 
do AMPc (monofosfato cíclico de adenosina) intracelular, o 
que evitaria a degranulação mastocitária (BRASIL, 2010c). 
Seu uso tópico nasal, cujos efeitos colaterais são 
mínimos, pode ser indicado A pacientes que não podem 
fazer uso de corticoides. São fármacos para uso preventivo, 
ou seja, antes da exposição aos alérgenos, agindo na 
Farmacologia dos Sistema Respiratório
29
estabilização da parede dos mastócitos; não são de uso em situação de crise aguda. Recomenda-se o uso de solução 
salina de cromoglicato a 2% ou 4%, duas gotas ou jatos em cada narina a cada quatro a seis horas. É seguro em 
crianças e gestantes e liberado para uso abaixo dos 2 anos de idade, faixa de idade em que os corticoides tópico nasais 
não são liberados.
4.6.6. Antagonistas de receptores de leucotrienos
É uma classe de substâncias que podem ser usadas em monoterapia ou em combinação com outros medicamentos 
para tratar a rinite alérgica. Diminuem a resposta alérgica de um modo diferente quando comparados aos anti-
histamínicos ou aos corticosteroides. São administrados por via oral uma vez ao dia. São tão eficazes como os anti-
histamínicos no controle dos sintomas da rinite alérgica, porém seu efeito não é tão intenso quanto os corticoides 
administrados por via tópica.
No Brasil, o representante desta classe é o montelucaste (Singulair®). 
Figura 13 - Resumo da terapia da rinite. Fonte: http://atualizacaofarmaceutica.com/farmacologia/sistema-respiratorio/tratamento-da-rinite/.Farmacologia dos Sistema Respiratório
30
5. Farmacoterapia da asma
5.1. Definição de asma
A asma é uma patologia que compromete a função do sistema respiratório e é definida como uma síndrome 
caracterizada pela obstrução reversível do fluxo de ar nas vias aéreas devido ao contato com alérgenos não nocivos a 
indivíduos saudáveis (SILVA, 2011).
Outros órgãos definem essa condição patológica:
 » CIBA Foundation Guest Symposium (1959): doença pulmonar obstrutiva intermitente ou reversível.
 » American Thoracic Society (1962): doença caracterizada por aumento da resposta das vias aéreas, cuja 
gravidade é alterada tanto espontaneamente como por meio de tratamento.
 » American Thoracic Society (1987): síndrome clínica caracterizada por aumento da responsividade das vias 
aéreas a vários estímulos.
 » Global Strategy for Asthma Management and Prevention (1995): doença crônica inflamatória das vias 
aéreas, em que muitas células desempenham um importante papel, em particular os mastócitos, os eosinófilos 
e os linfócitos T.
 » III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002): doença inflamatória crônica caracterizada por 
hiper-responsividade (HR) das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível 
espontaneamente ou com tratamento. Resultante de uma interação entre genética, exposição ambiental e 
outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e à manutenção dos sintomas.
 » Ministério da Saúde (BRASIL, 2010a): doença inflamatória crônica caracterizada por hiper-responsividade 
das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento. 
É uma condição multifatorial determinada pela interação de fatores genéticos e ambientais.
Portanto, é possível notar que, independentemente da definição, todas são unânimes em descrever que se trata 
de uma disfunção imunológica que possui como característica principal o desenvolvimento de broncoconstrição e a 
consequente redução do fluxo de ar (figura 14).
Farmacologia dos Sistema Respiratório
31
Figura 14 – Representação de um sistema brônquico normal 
(painel superior) e uma situação em crise asmática (painel 
inferior). Fonte: http://www.pueri.com.br/asma.htm. 
Os principais fatores de risco envolvidos com o 
surgimento das crises asmáticas podem ser organizados 
em ambientais e individuais (fatores referentes ao próprio 
paciente). Entre os individuais, estão situações estressantes 
(asma emocional), atividade física, aspectos genéticos, 
obesidade e sexo masculino (durante a infância).
Os fatores ambientais são representados por exposição 
a fumaça, cigarro, produtos de limpeza, perfumes, 
corantes, poeira domiciliar e ocupacional, insetos, 
infecções virais (especialmente vírus sincicial respiratório 
e rinovírus). Neste último caso, muitos autores defendem 
o fato de que a asma pode estar intimamente vinculada a 
casos de rinite alérgica.
O diagnóstico da asma ocorre por meio dos achados 
clínicos e laboratoriais, como a prova de função pulmonar, 
que contribui para a classificação da gravidade da doença. 
A seguir, estão descritos os principais sintomas que 
contribuem para o diagnóstico da asma (BRASIL, 2010a).
5.2. Sintomas que sugerem asma
 » Mais de um dos sintomas: sibilância, dispneia, 
secreção clara e espeça, desconforto torácico e 
tosse. Principalmente se:
◊ Pioram à noite e no início da manhã
◊ Em resposta a exercícios, exposição a alérgenos, 
poluição ambiental e ar frio
◊ Desencadeados por AAS ou betabloqueadores
◊ Melhoram com broncodilatadores ou corticoides 
sistêmicos
 » História atopica
 » História familiar de asma ou atopia
 » Sibilância difusa, audível na ausculta torácica
 » Eosinofilia não explicada
 » Sintomas episódicos
5.3. Sintomas que não sugerem asma
 » Tosse crônica na ausência de sibilância ou dispneia
 » Desnutrição
 » Exame físico normal quando sintomático
 » Disfonia
 » História de tabagismo moderado a intenso (> 20 
anos-maço)
 » Diagnóstico diferencial com cardiopatia, DPOC, 
bronquiolite e DRGE
 » Espirometria ou PFE normais quando sintomático e 
ausência de resposta a BD
5.4. Resposta imune e asma
Algumas causas e fatores desencadeantes de asma são 
comuns a todos os asmáticos, e outras são específicas de 
alguns doentes, especialmente os alérgenos.
Como descrito anteriormente, exposição a alérgenos 
desencadeia uma resposta imunológica capaz de ativar 
um sistema dependentes de mediadores químicos, que 
são os responsáveis por induzir alterações bioquímicas 
da musculatura lisa que reveste os brônquios. A resposta 
gerada por esses sinalizadores é a broncoconstrição, que 
impede a saída de ar dos alvéolos pulmonares.
O ciclo evolutivo dessa resposta está apresentado a 
seguir.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
32
Figura 15 – Representação do ciclo evolutivo da asma. No painel superior, observam-se os fatores de risco e, no painel 
inferior, a resposta inflamatória e imunológica em função da presença dos antígenos. Fonte: Golan et al., 2009.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
33
5.5. Classificação da asma
A asma é classificada em conformidade com a gravidade de cada caso (quadro a seguir) em:
 » Intermitente ou persistente leve (60%).
 » Persistente moderada (25% a 30%).
 » Persistente grave (5% a 10%).
Quadro 11: Classificação da intensidade das crises de asma em indivíduos jovens e adultos.
Achado* Muito grave Grave Moderada/leve
Gerais Cianose, sudorese, exaustão Sem alterações Sem alterações
Estado mental Agitação, confusão, sonolência Normal Normal
Dispnéia Grave Moderada Ausente/leve
Fala Frases curtas/monossilábicas.
Lactente: maior dificuldade alimentar
Frases incompletas/parciais.
Lactente: choro curto, 
dificuldade alimentar
Frases completas
Musculatura acessória Retrações acentuadas ou 
em declínio (exaustão)
Retrações subcostais e/ou 
esternocleidomastóideas acentuadas
Retração intercostal 
leve ou ausente
Sibilos Ausentes com MV 
localizados ou difusos
Localizados ou difusos Ausentes com MV normal/
localizados ou difusos
FR (irm)** Aumentada Aumentada Normal ou aumentada
FC (bpm) > 140 ou bradicardia > 110 ≤ 110
PFE (% melhor 
ou previsto)
< 30% 30-50% > 50%
SaO2 (ar ambiente) < 90% 91-95% > 95%
PaO2 (ar ambiente) < 60 mmHg Ao redor de 60 mmHg Normal
PaCO2 (ar ambiente) > 45 mmHg < 40 mmHg < 40 mmHg
* A presença de vários parâmetros, mas não necessariamente todos, indica a classificação geral da crise.
** FR em crianças normais: < 2 meses, < 60 /min; 2-11 meses, < 50/min; 1-5 anos, < 40 /min; 6-8 anos, > 30 /min;
> 8 anos = adulto.
MV: murmúrio vesicular; FR: frequência respiratória; FC: frequência cardíaca; PFE: pico de fluxo expiatório;
SaO2: saturação de oxigênio no sangue arterial; PaO2: pressão parcial de oxigênio no sangue arterial;
PaCO2: pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial.
Fonte: IV Diretrizes..., 2006.
5.6. Tratamento da asma
5.6.1. Terapia não medicamentosa da asma
A terapia não medicamentosa da asma está 
principalmente associada ao controle dos fatores de risco 
relacionados com a precipitação das crises. Eles foram 
anteriormente descritos para o controle da rinite alérgica e 
podem ser resumidos em:
 » Limpeza do ambiente com pano úmido, de 
preferência não varrer e sim utilizar um aspirador 
de pó.
 » Trocar com maior frequência as roupas de cama, 
colocar travesseiros, cobertores e edredons ao sol, 
limpar constantemente embaixo da cama e não se 
esquecer do estrado.
 » Retirar pó de folhas de plantas (artificiais ou 
naturais).
 » Evitar fumaça de cigarro e ambiental, perfumes 
fortes, produtos de limpeza.
 » Abrir constantemente as portas dos guarda-roupas 
para ventilação e iluminação.
 » Umidificar (quando o clima estiver seco) os 
ambientes e as narinas, neste caso, usando solução 
salina para limpeza das vias nasais.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
34
5.6.2. Terapia medicamentosa da asma
Os objetivos primários do tratamentofarmacológico da 
asma crônica são obter completo controle dos sintomas, 
prevenir exacerbações e alcançar a melhor função 
pulmonar possível, com mínimos efeitos colaterais.
Existem dois tipos de medicamentos utilizados para o 
tratamento da asma: os agentes de alívio e os agentes 
de controle (ou prevenção). Essa classificação segue o 
mecanismo de ação de cada fármaco: broncodilatadores 
aliviam a constrição dos brônquios, promovendo alívio, 
enquanto que drogas anti-inflamatórias minimizam o 
processo inflamatório presente nas vias respiratórias, 
sendo, portanto, classificadas como medicamentos de 
controle (GOLAN, 2009).
A escolha do medicamento para o tratamento da asma 
deve ser feita de acordo com cada caso. Inicialmente, é 
indicado o uso da menor dose possível para se obter controle 
da sintomatologia. Após três meses de tratamento, deve-
se tentar a diminuição e frequência da dose e reavaliar o 
paciente (GOLAN, 2009).
Em muitos casos, os pacientes podem, por algum 
motivo, não aderir ao tratamento prescrito, de modo 
que, em entrevista, seja constatada a ineficiência deste. 
Em decorrência desse fato, é necessário reavaliar a 
terapia levando em conta outros fatores além daqueles 
já conhecidos, como erros de utilização/aplicação do 
medicamento, infecções virais, exposição a alérgenos etc. 
(GOLAN, 2009).
O Ministério da Saúde preconiza que o tratamento da asma seja direcionado para o tipo de asma do paciente (figura 16).
Figura 16 – Tratamento farmacológico em conformidade com a gravidade da asma. Fonte: Brasil, 2010a.
Os medicamentos utilizados para o tratamento da asma podem ser organizados em:
 » Broncodilatadores β2-agonistas:
◊ Longa ação: salmeterol e fenoterol.
◊ Curta ação: salbutamol, terbutalina, fenoterol.
 » Anticolinérgicos:
◊ Ipratrópio.
 » Corticosteroides:
◊ Inalatórios: beclometasona, budesonida, fluticasona.
◊ Sistêmicos: prednisona, prednisolona, triancinolona, betametasona.
 » Cromonas:
◊ Nedrocromil, cromoglicato.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
35
 » Antileucotrienos:
◊ Montelucaste.
Fármacos adjuvantes:
 » Mucolíticos, fluidificantes:
◊ N-acetilcisteína, carbocisteína.
◊ Bromexina, ambroxol.
 » Xantinas:
◊ Teofilina, aminofilina.
5.6.2.1. Agonistas β2-adrenérgicos
São fármacos utilizados por administração tópica 
(inaladores microdosados) para a reversão do 
broncoespasmo nas crises de asma.
Farmacologicamente, essas substâncias são utilizadas 
para estimular seletivamente os receptores β2-adrenérgicos 
(β2-AR), o que resulta na elevação da concentração 
intracelular de AMPc e maior ativação da proteína quinase 
dependente de AMPc (PKA) (figura 17). 
Figura 17 – Eventos intracelulares desencadeados pela ativação 
dos receptores beta2-adrrenérgicos por agonistas seletivos. Fonte: 
Ritter et al., 2008; http://gestaodelogisticahospitalar.blogspot.
com.br/2012/06/pacientes-de-asma-alegam-que-falta.html. 
Esta, por sua vez, é responsável por promover fosforilação de inúmeras estruturas intracelulares, resultando nas 
seguintes ações:
1. Relaxamento do músculo liso, incluindo brônquico, uterino e vascular.
2. Inibição da liberação de mediadores inflamatórios.
3. Aumento do movimento mucociliar.
4. Aumento de frequência cardíaca, força de contração do miocárdio e a velocidade de condução do impulso e aumento 
da produção de focos ectópicos no miocárdio e da automaticidade no tecido marcapasso. Isso pode causar arritmias 
e sintomas de palpitações.
5. Tremores musculares.
6. Vasodilatação no músculo. Parte desse efeito é indireto, pela ativação do endotélio na biossíntese.
7. Efeitos metabólicos: 
 » Aumento da liberação de ácidos graxos livres.
 » Hiperglicemia, devido a um maior aumento na glicogenólise comparada à secreção de insulina,
 » Hipocalemia (por meio de redistribuição de K+ em células),
8. Dessensibilização.
Farmacologia dos Sistema Respiratório
36
Portanto, quando um paciente hipertenso ou 
apenas com um pequeno período de pressão arterial 
descompensada faz uso de propranolol para o controle 
dessa desordem, pode desenvolver crise respiratória 
acentuada em decorrência do bloqueio competitivo dos 
receptores β2-adrenérgicos na musculatura lisa brônquica.
Em muitos atendimentos em balcão de drogaria 
(geralmente por parte de balconistas), essa informação 
passa despercebida, e o atendente acaba “empurrando” 
para esse paciente um xarope antitussígeno ou um 
broncodilatador imaginando que poderia apenas ser mais 
uma crise alérgica em função de alteração do tempo.
5.6.2.2. Farmacocinética dos agonistas β-adrenérgicos
O salbutamol é um agonista de ação curta que sofre 
considerável metabolismo pré-sistêmico na mucosa 
intestinal (sulfatação) e conjugação hepática para formar 
um metabolito inativo, que é excretado na urina. A maior 
parte (cerca de 90%) da dose administrada por aerossol 
é engolida, mas cerca de 10-15% do que é inalado em 
grande parte permanece como fármaco livre nas vias 
aéreas. O tempo de meia-vida plasmático é de duas a 
quatro horas.
Ao contrário do salbutamol, o salmeterol é um fármaco 
de longa ação, com uma duração de resposta de pelo menos 
12 horas, permitindo a administração duas vezes ao dia. 
A cadeia lateral lipofílica de salmeterol liga-se firmemente 
a uma exolocal que é adjacente, mas de forma distinta do 
sítio de ligação dos demais agonistas de receptores β2-
adrenérgicos. Consequentemente, o salmeterol funciona 
como um agonista quase irreversível.
O início da broncodilatação é lento (15-30 minutos). 
Em consequência, o fármaco não deve ser usado para 
tratar ataques agudos de broncoespasmo. Para essa 
situação, estão indicados o salbutamol ou o fenoterol, que, 
apesar de serem agonistas de curta duração, promovem 
rápida resposta broncodilatadora. Por outro lado, é 
aconselhável como primeira linha de terapia profilática. 
Ainda é aconselhável sua utilização em associação com 
um glicocorticoide.
5.6.2.3. Antagonistas de receptores muscarínicos
Os fármacos inibidores de receptores muscarínicos 
foram os primeiros agentes a ser utilizados no alívio das 
crises de asma. Em 1896, o Stedmanʼs Twentieth Century 
practice of modern medical science relatava melhora 
no quadro clínico de pacientes asmáticos que faziam 
uso do “cigarro contra asma”, formulação composta por 
estramônio, extraído da planta Datura stramonium.
Os ingredientes ativos no estramônio eram na 
verdade os alcaloides da beladona (atropina), um 
agente anticolinérgico. Na atualidade, quando o paciente 
está impedido de utilizar os agonistas β2-adrenérgicos 
(arrítmicos, hipertensos descompensados ou isquêmicos), 
a prática adotada é utilizar o brometo de ipratrópio. 
O ipratrópio é um análogo quaternário de amônio 
derivado da atropina com elevada absorção no epitélio 
pulmonar. Em decorrência dessa propriedade, é um 
fármaco que, quando administrado em doses terapêuticas, 
pode precipitar efeitos adversos significativos (taquicardia, 
náusea, boca seca, constipação e retenção urinária). 
Sua potência para promover por si só o efeito 
broncodilatador é menor em comparação com o 
salbutamol; por outro lado, a duração da resposta é maior. 
O ipratrópio deve ser utilizado na terapia de manutenção 
e tratamento de crises agudas graves de asma e bronquite 
crônica e é uma substância compatível para se utilizar em 
associação com agonistas β2-adrenérgicos. 
O ipratrópio e a atropina são antagonistas competitivos 
nos receptores muscarínicos colinérgicos, os quais estão 
envolvidos com o aumento da secreção traqueobrônquica 
e os broncoespasmos, mediados por meio do reflexo vagal 
em receptores M3. 
Quando administrado na forma de aerossol 
(microdoses), sua absorção é baixa, o que reduz os efeitos 
sistêmicos. Seu tempo de meia-vida plasmática varia de 
três a quatro horas, sendo seus metabólitos eliminados 
pelo sistema urinário. Seus principais efeitos adversos 
foram descritos anteriormente.

Continue navegando