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E B O O K Introdução alimentar no desenvolvimento atípico F L Á V I A C H A M P I O N C R E F O N O 1 1 2 4 8 9 Objetivo Este ebook se destina a fornecer orientações básicas em torno da alimentação no desenvolvimento atípico Esse Material foi feito com muito carinho. Espero que seja útil. Se for compartilhar por favor não retire os créditos. O conteúdo é original e não permite reproduções para fins comerciais. Gostou? Siga nas redes sociais e fique por dentro das novidades @fonochampion_rj fonochampion Este EBOOk não substitui a avaliação e o acompanhamento fonoaudiológico O desenvolvimento motor é o conjunto de características em constante evolução que permite que um bebê que possui atividade motora essencialmente reflexa ao nascimento, evolua para a motricidade voluntária e realize movimentos complexos e coordenados, tais como andar, falar, comer e brincar de encaixe usando as mãos. .E é a partir do conhecimento do desenvolvimento neuropsicomotor típico que podemos perceber situações de desenvolvimento atípico. Que pode incluir atrasos e condições patológicas que necessitam de intervenção. Com o objetivo de prevenção no caso de estimulação precoce e objetivo de reabilitação, no caso de maiores atrasados ou condições limitantes. Sobre o desenvolvimento A introdução alimentar com o contato direto com o alimento é preconizado que se inicie a partir dos seis meses levando em consideração aspectos fisiológicos e maturacionais do sistema digestivo do bebê. Aos seis meses um bebê com desenvolvimento típico já sustenta o pescoço, já interage com o outro com risadas e o olhar curioso, já brinca de esconder com uma fralda de pano, vocaliza vogais, já se mantém sentado quando colocado e alguns podem até sentar sozinho sem apoio. A partir desse momento o bebê corre menos riscos para engasgos a língua já assume movimentos horizontais e verticais. Ou seja: está pronto para comer além de mamar! Caso a criança não tenha questões neurológicas prévias e o atraso for bem leve e caso os pais decidam fazer a introdução alimentar pelo método BLW exclusivo, o melhor é esperar a criança se manter pelo menos sentada com o tronco mais estável para começar. Ufa! Só nesse caso o conselho é esperar um pouco. E esse pouco quer dizer no máximo até os oito meses incompletos. BLW BEBÊ QUE NÃO SENTA Pode comer? Sim e não BLW são as iniciais de Baby-Led Weaning (que em português significa o “desmame guiado pelo bebê”), ela é uma abordagem de introdução alimentar em que o bebê tem o seu desenvolvimento, ritmo e autonomia respeitados e os alimentos são ofertados em pedaçoes específicos. Em todos os outros casos a criança pode ter contato com alimento de forma direta a partir dos seis meses de vida, e seis meses de vida corrigida no caso dos prematuros. O que é ter contato direto com o alimento? É provar! A consistência, o volume e o momento que isso vai acontecer depende da família e do bebê. Desde de o nascimento a criança está exposta aos alimentos. Dependendo da família essa exposição pode ser maior ou menor. Quando alguém cozinha e o bebê sente o cheiro, o cérebro dele está recebendo uma informação sensorial olfativa nova. quando ele vê a mãe comer e beber esse estímulo visual do alimento está sendo processado. E se ao mesmo tempo ele vê e sente o cheio desde que nasceu, o comer se torna natural pela imitação no desenvolvimento típico. E AGORA? Como começar a comer além de mamar? O bebe atípico Bebês com atrasos motores ou condições neurológicas que impedem as aquisições motoras em tempo esperado, não sentarão com seis meses e alguns não terão a cabecinha firme ainda, ou seja não terá boa sustentação. Seguindo 4 passos! 1 PosturaFazer o ajuste posturalnecessário 2 EstímuloOferecer o estímulo seguro 3 RespostaObservar a resposta do bebêao estímulo 4 Comida!Oferecer o alimento de formasegura A criança precisa estar sentada com apoio de cabeça, de troco e dos pés. A cabeça precisa estar centralizada, não tombar para os lados, nem para frente e principalmente não pode cair para trás! Já que a criança não senta sozinha, precisamos ajudar colocando almofadas, espumas, edredons enrolados, colar cervical, ou o que mais precisar A cadeira de alimentação pode ser adaptada com almofada nos pés e nas costas, a quina do sofá também é uma boa opção. Existem cadeiras próprias já a venda para essa função. se for comprar uma cadeira específica para alimentação o ideal é consultar um fonoaudiólogo ou um terapeuta ocupacional. 1 - POSTURA O QUE É AFINAL AJUSTE POSTURAL? 2 - Estímulo Gustativo É o estímulo dado de forma segura para que o bebê ou a criança receba um sabor pela primeira vez na boca. A família escolhe o sabor dentro da dieta liberada pelo pediatra e/ou nutricionista infantil e oferece para a criança provar. Não em uma colher primeiro. Mas pode sujar o dedo da mãe de laranja lima por exemplo. Ou sujar o brinquedo de morder e oferecer para o bebê levar à boca. Pode sujar a própria mão do bebê e ajudar a levá-la à boca. Esses estímulos podem ser oferecidos com o leite materno ou o leite que a criança está acostumada até mesmo antes da introdução alimentar . O que é e como fazer? Para fazer com que o estímulo gustativo seja variado, pode envolver o alimento em gaze e levar a boca do bebê pelas laterais. O corte é sempre longitudinal e é importante não deixar o alimento escapar da gaze e ir direto para a boca, pois o bebê pode engasgar Maçã cortada no formato longitudinal envolvida em gaze Caretas! Boca fechada! Boca Aberta! O bebê vai cuspir ou colocar para fora! Reflexo de vômito! O que esperar? E quando ir adiante? 3 - Respostas Quando o bebê estiver mais acostumado com os sabores, não fizer tantas caretas, o reflexo de vômito não for tão constante podemos seguir adiante. Maaaaaas... ALERTA PERDA DE AR, TOSSE CONSTANTE E COM ASPECTO "MOLHADA" EXTREMIDADES DOS DEDOS DA MÃOS E DOS PÉS E BOQUINHA ROXA, VÔMITO CONSTANTE, CHORO DE IRRITABILIDADE Caso tenha qualquer sinal de NÃO AVANCE!!!! Sinais de Alerta vamos comer? 4 - Comida! Com o bebê bem posturado ofereça o alimento na pontinha da colher. Esse alimento tem que atingir uma consistência pastosa média (nem muito espessa e nem muito "rala"), tanto na colher quanto na boca. Coloca a colher na boca e apoia levemente sob a língua e deixa que o bebê feche a boca. Se ele não conseguir com a sua outra mão ajude a fechar a boca fazendo um movimento leve no queixo, no sentido de baixo para cima. Espere um pouco para ele se organizar com o alimento dentro da boca. Alguns movimentos de língua novos podem aparecer. e só ofereça outra colherada se tiver certeza que o bebê já engoliu o que estava na boca A colher precisa ser pequena para se adequar a boca do bebê e precisa ser rasa. Algumas boas opções são: batata, abóbora e a pêra bem raspada. Alimentos ruins para começar: aipim, pois é muito duro, feijão por causa da casca, melancia muito aguada. Se a criança evoluir bem, sem engasgos e sem os sinais de alerta, pode ir aumentando a quantidade de colheradas e não o volume na colher. Começa com três colheradas, aumenta para cinco e assim por diante. até atingir o volume ideal para a idade. não tenha pressa. o leite oferece as condições necessárias para o bebê se desenvolver. E introdução alimentar pode durar mais de seis meses. Atenção! Os sucos não são recomendados em menores de um ano caso a criança engasgue com água, pode usar um espessante natural ou industrializado recomendado por um profissional. Muito importante: para crianças que não comem pela boca (sem dieta via oral), só podem iniciar a introdução alimentar via oral com acompanhamento por nutricionista, pediatra, fonoaudiólogo e gastropediatra. Referências Bibliograficas Bly, L. MotorSkills Acquisitions in the first year: a illustrated guide to normal development. 1ª ed. San antonio, USA. Therapy Skills builders, 1994. Bobath, B. Motor Development its effects on general development and aplication to the treatment of cerebral palsy. Physiotherapy, 1971 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, nº 33) Diament, A. J., Cypel, S., Reed, U. C. Neurologia Infantil, 5ª edição. São Paulo, SP. Atheneu, 2010. FOMON, S.J. Nutrition of normal infants. Saint Louis : Mosby, 1993. 475p KELTS, D.G., JONES, E.G. (ed.). Manual de nutrição infantil. Tradução de Hildegard Thiemann Buckup. Rio de Janeiro: Guanabara, 1984. 312p. Título original: Manual of pediatric nutrition. Flávia Champion, fonoaudióloga pela UFRJ desde 2007. Concluiu o mestrado em 2011 também pela UFRJ. Trabalha em neuropediatria desde a formação e fez diversos cursos de aperfeiçoamento na área como o Bobath pediátrico, Eletroterapia, kinésio Taping, PODD e Prompt. Acredita que o mundo da criança fica mais completo com o prazer da comunicação e dos sabores