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BIOQUÍMICA II (ISCTEM. MG - 2021.s2) Principio de Bioenergética Introdução ao Metabolismo Generalidades Prof. Doutor R. Ráice (ruiraice@yahoo.com.br) [Adaptação da aula da Dra. Graça Salomé] 8.Nov.2021 – 30.Abril/2022 RR-2021.s2 11/9/21 OBJECTIVOS EDUCACIONAIS 1. Definir: metabolismo, anabolismo, catabolismo, via metabólica, respiração celular 2. Listar as diferentes formas de regulação das vias metabólicas 3. Explicar as formas de regulação de vias metabólicas 4. Mencionar a importância biomédica do metabolismo 5. Definir bioenergética 6. Enunciar as principais leis da termdinâmica (1ª e 2ª lei) 7. Definir energia livre de Gibbs (G) e constante de equilíbrio (Keq) 8. Definir variação de energia livre actual (ΔG) Algumas questões para reflecção/motivação 1. Donde vem e quanta energia precisamos para fazermos as actividades (trabalhar, subir e descer degraus, levantar e sentar-se…)? 2. Porquê oxidamos glucose em CO2 e H2O usando várias reacções em vez de uma só? 3. A síntese de glucose liberta ou consome energia? 4. Qual é a/o forma/tipo de energia que as células do organismo humano utilizam para realizar as diferentes actividades? 5. É importante regular as actividades metabólicas? a. Porquê? METABOLISMO - conceitos � METABOLISMO – Rede altamente integrada de reacções químicas coordenadas, que mantém as células vivas. ¡ Catabolismo – degradação (envolve principalmente a oxidação) de moléculas orgânicas de nutrientes em produtos mais simples e pequenos. Há libertação de energia, (ATP, NADH, FADH2 e NADPH, e calor). ¡ Anabolismo – síntese de moléculas ou macromoléulas, com consumo de energia, na forma de ATP, GTP ou de NADH, NADPH. METABOLISMO - conceitos ● Respiração celular – conjunto de processos que permitem a obtenção de energia dos nutrientes para realizar actividades biológicas. ● Pode ser aeróbica (combustão completa) ou anaeróbica (combustão incompleta). ● Via metabólica – Conjunto de reacções químicas sucessivas que levam a transformação de um substrato num ou mais produtos finais. METABOLISMO Respiração celular Respiração celular Respiração celular METABOLISMO - regulação Regulação das vias metabólicas ● As actividades metabólicas devem ser ajustadas de acordo com as necessidades fisiológicas da célula ou do organismo. ● A regulação pode ser feita a vários níveis dentro e fora da célula. ● Dentro da célula: regulação da actividade enzimática; compartimentalizaçao dos processos; ● Fora da célula: envolvimento do sistema neuroendócrino METABOLISMO-regulação � Regulação de actividade enzimática. § Enzimas que catalisam reacções irreversíveis e de compromisso são sujeitas aos mecanismos de controle e regulação § __+_ estimulação § __-_ inibição METABOLISMO-regulação A influência regulatória (estimulação ou inibição) pode ser resultado de: Ø Quantidade ajustada: ↑ ou ↓de síntese ou degradação – controle adaptativo. Ø Modifcação covalente (ex.: fosfo e desfosforilação). Ø Regulação alostérica. Ø Inibição competitiva, não-competitiva, descompetitiva. Ø Indução enzimática. Ø Inibição por feedback. METABOLISMO - regulação ● Hormonas podem regular a síntese ou degradação de enzimas metabólicas ou o seu estado de actividade. Elas são libertadas após estímulo fisiológico (stress, refeição, exercício físico, fome, etc.), e coordenam as actividades de diferentes tecidos nessas situações METABOLISMO - regulação � A compartimentalização dos processos químicos contribui na regulação do metabolismo. ¢ As concentrações dos intermedários, das enzimas reguladoras, podem ser mantidas a níveis diferentes nesses compartimentos METABOLISMO – importância clínica ● Deficiencias enzimáticas à doenças metabólicas ● Manifestações clínicas são resultants da falta do produto final ou do acúmulo do susbtrato da enzima ou ambos. ● Ex.: Deficiência de Orotidilato descarboxilase leva a deficiência de UTP, CTP e TTP com acúmulo de OMP e orotato. ● Deficiência de vitaminas e minerais, presença de toxinas e desordens endócrinas podem perturbar as vias metabólicas ● Ex.: deficiência de tiamina resulta no deficientee catabolismo de glícidos. O chumbo inibe enzima que participa na sintese do Heme A deficiência de insulina leva a perturbaçção no metabolism de glícidos, lípidos e proteínas METABOLISMO – importância clínica BIOENERGÉTICA (Generalidades) 17 BIOENERGÉTICA Estudo quantitativo das transduções de energia que ocorrem nas células vivas, e da natureza e função dos processos químicos que constituem a base dessas transduções Transdução de energia = mudança de uma forma para outra Química para mecânica, mecânica para térmica, química para eléctrica, etc. BIOENERGÉTICA � Sistema a reagir = colecção de matéria que está a sofrer um determinado processo químico ou físico. O sistema pode ser um organismo, uma célula ou dois compostos a reagir. � Universo = sistema a reagir + meio circundante ¡ Sistema aberto: há troca entre o sistema e o meio circundante (ex.: corpo humano) – sistemas biológicos. ¡ Sistema fechado: não há troca entre o sistema e o meio circundante (tubo de ensaio fechado e isolado) – é possível no laboratório BIOENERGÉTICA As transformações bioquímicas obedecem as leis da termodinâmica 1ª lei: é o princípio da conservação da energia Para qualquer mudança física ou química, a energia total no universo mantém-se constante. A energia pode mudar de forma ou ser transportada de um lugar para outro mas nunca é criada nem destruída. 2ª lei: Em todos os processos naturais, a entropia do universo aumenta. O universo tende sempre para o aumento da desordem. BIOENERGÉTICA � Os sistemas vivos nunca estão em equilíbrio com o meio circundante. � Os organismos criam ordem (sintese de proteínas de ADN,etc.) neles. � Mas as transações entre o sistema e meio circundante são constantes. ¡ Assim a ordem criada nos organismos (crescimento, divisão celular,etc) é compensada pela desordem no meio circundante, aumentando assim a entropia do universo não sendo deste modo contrariada a 2ª lei da termodinâmica. BIOENERGÉTICA ● Organismo ordenado nutrientes e luz solar calor e entropia BIOENERGÉTICA � Organismos e células vivas necessitam de realizar trabalho para viver, crescer e reproduzir. � Uma forma de realizar trabalho é do aumento da temperatura O calor não realiza trabalho nas células vivas. BIOENERGÉTICA ● As células são sistemas isotérmicos que devem utilizar a energia livre para realizar trabalho. ● Energia livre de Gibbs: G = Energia capaz de realizar trabalho durante uma reacção, a temperatura e pressão constantes BIOENERGÉTICA � Organismos obtêm energia livre: ¡ Fotossintéticos Radiação solar. ¡ Heterotróficos Nutrientes. Ambos transformam energia livre em ATP e em outros compostos ricos em energia, capazes de proporcionar energia para realizar o trabalho biológico a temperatura constante. BIOENERGÉTICA ● Variação de energia livre: ∆G = Gp – Gr ● Depende da concentração dos produtos e reagentes ΔG < 0 - reacção é exergónica ΔG > 0 - reação é endergónica BIOENERGÉTICA Entalpia: H = conteúdo de calor de um sistema a reagir. Variação de entalpia: ∆H = Hp - Hr ● reacção é endotérmica: ∆H > 0 ● reacção é exotérmica: ∆H < 0 Entropia: S = representa quantitativamente a desordem num sistema. Variação na entropia: ∆S = Sp – Sr ● Quando S do sistema aumenta : ∆S > 0 ● Quando S diminui: ∆S < 0 BIOENERGÉTICA ● Num sistema que reage espontaneamente ● ∆G < 0 ● ∆S > 0 ● ∆H < 0 ● Nas condições existentes nos sistemas biológicos,que incluem temperatura e pressão constantes: ∆G = ∆H - T∆S Princípios de Bioenergética OBJECTIVOS EDUCACIONAIS 8. Definir variação de energia livre padrão (ΔG’o) 9. Explicar a relação entre ΔG e ΔG’o 10. Explicar a relação entre a constante de equilíbrio (Keq) e ΔG’o e a direcção da reacções químicas sob condições padrão. 11. Explicar como se relacionam os valores de ΔG’o e Keq numa série de reacções consecutivas 12. Listar pelo menos cinco compostos com ligações de alta energia. 13. Explicar a relacao entre a ΔG’o e ΔΕ’o 14. Calcular ΔG e ΔG’o, Keq, ΔΕ’o BIOENERGÉTICA � ∆G’º - Variação de energia livre padrão: variação de energia livre em condições padrão ¢ T-25ºC, ¢ Concentração dos produtos e reagentes 1 M, ¢ Pressão parcial dos gases 1 atm. ¢ pH = 7 � ∆G’º é a força que conduz o sistema ao equilíbrio. É constante (condições padrão) e é característica para cada reacção. BIOENERGÉTICA Relação entre ∆G e ∆G’º � ∆G depende da concentração ds reagentes e dos produtos, ¡ No equilíbrio ([reagentes] = [produtos]), ΔG = zero. ¡ Assim: ∆G’º é um meio matemático simples de expressar a constante de equilíbrio (Keq) duma reacção. BIOENERGÉTICA Relação entre ∆G e ∆G’º durante o transporte transmembrana � O transporte contra gradiente de concentração consome energia. Esse processo possui ∆G’º = 0 porque não ocorre quebra nem formação de ligações químicas. ¡ Assim a ∆Gt = RTln(C2/C1) onde C2 – concentração da substancia no local de onde é transportada. C1 – concentração da substancia no local para onde é transportada. � Se a substancia transportada é um iao a formula fica: � ∆Gt = RTln(C2/C1) + zF∆ψ onde z – é a carga do iao F – constante de Faraday ∆ψ – potencial transmembrana BIOENERGÉTICA Algumas constantes físicas e unidades usadas na termodinâmica � Constante dos gases: R = 8,315 J/mol.K (1,987 Cal/mol.K) � Constante de Faraday: F = 96480 J/V.mol � Unidade de ΔG e ΔH é J/mol (Cal/mol) ¡ 1 Cal = 4,184 J � Unidade de temperatura absoluta é Kelvin (K) ¡ Temperatura absoluta = temperatura em graus Celsius + 273 ¡ 0ºC = 273K ● Dada a reação: 2Fosfato inorgânico ↔ Pirofosfato K’eq = 2138,5 ● Calcule a variação da energia livre padrão da reação. T=25ºC, pH=7, R=8,315 J/mol.K. = - 18.999,96 J/mol = -19 KJ/mol ∆G’º = - (8,315 J/mol.K) . 298 K . ln 2138,5 =? BIOENERGÉTICA Relação entre Keq, ∆G’º e a direcção das reacções químicas sob condições padrão: A + B C + D ● A espontaneidade de uma reacção é dada pela ∆G e não pela ∆Gº’. Mas ∆G não dita a ocorrência da reacção a uma velocidade alta. [TPC – Justifique!!] Ex: Combustão da madeira Quando Keq é ∆G’º é Iniciando com 1M de cada componente, a reacção: > 1,0 Negativo Procede na direção dos produtos 1.0 Zero Está em equilíbrio < 1,0 Positivo Procede na direcção dos reagentes BIOENERGÉTICA ● Nas células vivas o aumento da temperatura não seria ideal dado que as células funcionam dentro de limites estreitos de temperatura. ● as reacções seriam muito lentas sem catalizadores e esta lentidão não seria compatível com a vida. ● As enzimas diminuem a energia de activação, acelerando as reacções termodinamicamente favoráveis sem alterar a K’eq. BIOENERGÉTICA BIOENERGÉTICA ● Nas vias metabólicas em que há uma série de reacões consecutivas: ∆G’º total = ∆G’º1 + ∆G’º2 + ∆G’º3 + ..... + ∆G’ºn K’eqtotal = K’eq1 x K’eq2 x K’eq3 x ....... x K’eqn ● Este princípio da bioenergética explica como é que as reacções endergónicas (termodinamicamente não- favoráveis) podem ser conduzidas, estando acopladas a reacções exergónicas (termodinamicamente favoráveis), através de um intermediário comum. BIOENERGÉTICA BIOENERGÉTICA Ex: sintese de Glucose 6-Fosfato: 1. Glucose + Pi Glucose 6-P + H2O ∆G’º = +13.8 Kj/mol 2. ATP + H2O ADP + Pi ∆G’º = -30,5 Kj/mol Ambas reacções partilham intermediários: H2O e Pi Gluc + Pi Gluc 6-P + H2O ∆G’º=+13,8 Kj/mol K’eq1 = 3,9.10-3 M-1 ATP + H2O ADP + Pi ∆G’º= -30,5 Kj/mol K’eq2 = 2,0.105 M +________________________ +______________ X____________ Gluc + ATP Gluc 6-P + ADP ∆G’º= -16,7 Kj/mol K’eqtotal = 7,8.102 BIOENERGÉTICA � A energia armazenada no ATP é usada para conduzir a reação de síntese de Glucose 6-P, apesar da sua formação a partir de Glucose e Pi, ser endergónica. ¡ Assim a reação total é exergónica. ¡ Essa condução é feita por um mecanismo de transferência de grupo e não por hidrolise. � Esta estratégia de intermediário comum é empregada pelas células vivas para a síntese de intermediários metabólicos e de componentes celulares. ¡ Esta funciona quando há disponibilidade de compostos ricos em energia como o ATP e a creatina fosfato. BIOENERGÉTICA ● Compostos com alto nível de energia livre de hidrolise São aqueles cuja hidrólise cursa com a libertação de grande quantidade de energia. Esta é muitas vezes usada para conduzir outras reações energeticamente desfavoráveis em condições fisiológicas. O ATP é o composto que é mais usado pelas células. Acoplamento de reacções BIOENERGÉTICA ● Energia livre de hidrolise do ATP ● É a repulsão electroestática dos grupos fosforil do ATP e a estabilização em ressonância dos produtos da hidrólise que favorecem a grande variação da energia livre desta reação. BIOENERGÉTICA ● AMP~P~P AMP~P + Pi (ATP ADP + Pi) ● AMP~P AMP + Pi (ADP AMP + Pi) Alternativamente: ● AMP~P~P AMP + P~Pi (ATP AMP + PPi) ● ● P~P 2 Pi (PPi 2 Pi) BIOENERGÉTICA ● ATP – É a moeda de energia que liga o catabolismo e o anabolismo. A sua energia é usada para vários processos vitais na célula (transporte activo, contração muscular,etc) BIOENERGÉTICA Nutrientes armazenados Alimentos ingeridos Fotões solares Reacções catabólicas (vias exergónicas) CO2 NH3 H2O Precursores Produtos simples Trabalho osmótico Trabalho mecânico Biomoléculas complexas Outros trabalhos celulares Reacções anabólicas (vias endergónicas) ADP + Pi ATP BIOENERGÉTICA Oxidação e redução ● Envolve transferência de eletrões de uma espécie química para outra. O composto que perde eletrões é oxidado e o que ganha eletrões é reduzido. ● Potencial redox exprime a tendência de um aceitador de eletrões (de um par redox) receber eletrões. ou ● O fluxo de eletrões é feito do par redox com menor potencial redox padrão (Eo) para o de maior potencial redox (Eo). BIOENERGÉTICA ● ∆Eº = Eo do aceitador - Eo do dador ● ∆Eº informa sobre o sentido do fluxo de eletrões ● Unidade de ∆Eº - Volt (V) ● O fluxo de eletrões nas reações de oxidação e redução liberta energia que é responsável, direta ou indiretamente por todo o trabalho realizado pelos organismos vivos. ● A relação entre ∆E e ∆G ou ∆E’o e ∆G’º é dada pela equação ● Assim é possível calcular a ∆G a partir de ∆E BIOENERGÉTICA Transportadores de eletrões especializados � NAD+ e NADP+- funcionam como aceitadores de eletrões nas vias catabólicas. São coenzimas, que se ligam reversivelmente a enzima. NAD(P)+ + 2 e- + 2H+ → NAD(P)H + H+ � FAD e FMN– também funcionam como aceitador de eletrões. São grupos prostéticos. FAD + 2 e- + 2 H+ → FADH2 FMN + 2 e- + 2 H+ → FAMH2 ● Outros: Ubiquinona, citocromos a, b, c, etc BIBLIOGRAFIA v A. Lehninger - LEHNINGER: Principles of Biochemistry. 4ª Edição – FREEMAN. 2005 v R. K. Murray; D.K.Granner; P.A.Mayes; V. W. Rodwell - Harper’s Biochemistry - 26ª Edição – McGraw-Hill. 2003 v G. Meisenberg; W. Simmons – Principles of Medical Biochemistry –Mosby. 1998
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