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1.Anamnese Principais sintomas referidos na prática clínica: dor torácica, dispneia, síncope, fadiga e cansaço, palpitações, edema. O detalhamento da dor torácica permite distinguir entre dor precordial de origem cardiovascular e dor de origem não cardíaca. Características de dor anginosa: aperto, queimação e/ou desconforto em região precordial, retroesternal ou epigástrica, irradiada para mandíbula e região cervical, ambos os membros, dorso ou epigástrio, que melhora com repouso ou uso de nitratos e piora com atividade física, estresse emocional, frio e refeição copiosa. Na insuficiência cardíaca, a dispneia é originária de hipertensão venocapilar pulmonar e desencadeada quando o paciente realiza esforço físico. Piora ao decúbito horizontal (ortopneia) e melhora na posição sentada ou em pé. Também em paciente com insuficiência cardíaca é possível observar dispneia paroxística noturna devida à sobrecarga volêmica resultante da reabsorção dos edemas gravitacionais. A palpitação é definida como a sensação desconfortável do batimento cardíaco. A maior parte são arritmias benignas como extrassístoles e taquicardias supraventriculares, no entanto há a preocupação em relação à ocorrência de taquicardia ventricular sustentada. Nas palpitações, caracterizar o modo de início, cronologia, localização, qualidade, duração, intensidade, manifestações associadas, fatores precipitantes, agravantes e de alívio, além de término do episódio. Principais causas de edema: insuficiência cardíaca, trombose venosa profunda, celulite, abscesso de psoas, pós- safenectomia, insuficiência venosa, obstrução linfática, cirrose hepática, insuficiência renal, hipotireoidismo, medicações. 2.Exame Físico Deve ser realizado por meio da inspeção, palpação, percussão e ausculta. Deve-se avaliar o estado geral, nível de consciência, extremidades, olhos, pele, estruturas osteomusculares e abdome. Exame físico necessário para avaliação cardiovascular: pulso venoso, pulso arterial, pressão arterial, análise da caixa torácica, ictus cordis, nível de consciência, fáceis, pele, esforço respiratório, extremidade, abdome. Perfusão periférica: reflete o status circulatório nas extremidades, diretamente relacionado à integridade da vascularização local e ao débito cardíaco. Deve-se avaliar a temperatura, coloração e tempo de enchimento das extremidades, comprimindo-se a polpa de um dedo das mãos ou pés e avaliando o tempo necessário para o novo enchimento, sendo o normal em torno de 2 segundos. Cianose: é a coloração azulada da pele e mucosas, frequentemente observadas em leitos ungueais, polpas digitais, lábios, nariz e orelhas, consequente à redução da oxihemoglobina no leito capilar. Pode ser periférica (quando há redução do fluxo sanguíneo nas extremidades ou retenção venosa) ou central (quando ocorre diminuição da oxigenação sanguínea pelos pulmões, por derivação anatômica ou por anormalidade da hemoglobina). PROPEDÊUTICA CARDIOVASCULAR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO Baqueamento digital (hipocratismo digital): alteração na falange distal dos dedos das mãos e dos pés, que se torna dilatada, de aspecto bulboso e com convexidade do leito ungueal, com concomitante alteração da unha (unha em vidro de relógio. Decorre de cianose central crônica. A palpação do pulso arterial permite avaliar a regularidade do ritmo, a frequência cardíaca e até mesmo inferir a presença de cardiopatias estruturais que alteram sua morfologia. Artérias homólogas devem sempre ser comparadas quanto à amplitude do pulso, podendo sugerir diagnóstico de obstruções arteriais periféricas. Tipos de pulso - Pulso anacrótico (parvus et tardus): subida inicial lenta com pico próximo à segunda bulha. - Pulso célere (martelo-d'água ou pulso de Corrigan): amplitude aumentada, subida e quedas rápidas. - Pulso dicrótico: onda dicrótica acentuada. - Pulso bisferiens: duas ondas de pulso durante a sístole, sendo a segunda onda maior que a primeira. - Pulso digiforme: a primeira onda de pulso é maior que a segunda. - Pulso paradoxal: diminuição exagerada da amplitude do pulso palpada ou aferida durante a inspiração profunda. - Pulso alternante: caracterizado pela palpação de um pulso de morfologia normal, porém com alternância de amplitude entre os batimentos. - Pulso bigeminus: pulso normal seguido de pulso prematuro, que, por sua vez, antecede uma pausa compensatória. Deformidades torácicas como tórax em barril, cifoescoliose, pectus excavatum ou pectus carinatum podem ser observadas em doenças do colágeno e implicar a ocorrência de determinadas cardiopatias ou serem responsáveis pelo desenvolvimento de cor pulmonale. O pulso venoso é uma onda de volume que reflete a dinâmica do retorno venoso ao coração direito. As ondas observadas no pulso venoso jugular expressam as mudanças de volume que ocorrem no átrio direito e a cada momento do ciclo cardíaco. Pulso venoso jugular - Onda A: Corresponde ao aumento da pressão atrial direita pela sístole atrial. Ocorre imediatamente antes de B1 e da ejeção ventricular (pulso carotídeo). - Onda C: Interrompe a queda da onda A e corresponde ao aumento da pressão devida à protusão retrógada da valva tricúspide pelo aumento da pressão ventricular no início da sístole. Ocorre logo após B1. - Descenso X: Ocorre devido à queda de pressão pelo relaxamento atrial direito e pela movimentação valvar tricuspídea para baixo na sístole ventricular direita. - Onda V: Reflete o aumento pressórico devido ao enchimento atrial direito na diástole atrial, com a valva tricúspide fechada. Ocorre ao final da sístole junto ao descenso do pulso carotídeo. - Descenso Y: Corresponde à queda da pressão atrial pela abertura da valva tricúspide e ao esvaziamento para o ventrículo direito. O Sinal de Kussmaul refere-se ao aumento da pressão venosa durante a inspiração, em situações patológicas em que há restrição ao enchimento ventricular direito. Ausculta cardíaca - Bulhas - Primeira bulha: o fechamento das valvas mitral e tricúspide é o componente mais importante desse som, que ocorre concomitantemente ao pulso carotídeo. - Segunda bulha: origem decorrente do fechamento das valvas aórtica e pulmonar. - Terceira bulha: som de baixa frequência associado ao aumento das dimensões ventriculares. Ocorre após B2 durante o enchimento ventricular e indica presença de ventrículo aumentado e de pouca complacência. - Quarta bulha: ocorre após B2, logo antes de B1, e está relacionada à consequente diminuição da distensibilidade do ventrículo esquerdo. PROPEDÊUTICA CARDIOVASCULAR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO PROPEDÊUTICA CARDIOVASCULAR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO Características do sopro cardíaco: intensidade, frequência, timbre, configuração, cronologia, duração, localização e irradiação. Há alguns padrões básicos de sopros cardíacos que sempre devem ser lembrados.
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