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PROTOCOLO MEDICAMENTOSO - ANESTESIOLOGIA Objetivos: 1. Controle farmacológico da ansiedade; 2. Escolher o fármaco adequado para o controle da dor; - Cirurgias bucais não invasivas; - Cirurgias bucais invasivas. 3. Escolher o fármaco adequado para o controle da inflamação; 4. Prescrição antimicrobiana; 5. Como atuar no tratamento das alveolites; 6. Como atuar no tratamento das pericoronarites; 7. Controle da hemorragia em cirurgia oral menor; 8. Prevenção da endocardite infecciosa. 1. Controle da ansiedade - Verbal ou medicamentoso; - O paciente pode chegar tranquilo e desenvolver crise de ansiedade durante o procedimento. Muito provável que em procedimentos longos o paciente desenvolva quadro ansioso; - Uso de ansiolíticos recomendado em pacientes que apresentam quadro de ansiedade já, ou procedimentos longos; - Pacientes sem casos de ansiedade e em procedimentos mais rápidos, não se recomenda o uso de ansiolítico (ex.: extração 3º molar); - Dispor de ansiolíticos para evitar ansiedade do paciente e garantir que o procedimento seja efetivo. Garantir eficácia na técnica anestésica e consequentemente aumentar o tempo da anestesia. - Pacientes mais velhos são mais dispostos a desenvolver o chamado “medo do desconhecido”, já que eles vivenciaram outra época da odontologia. Se através de métodos verbais, o paciente continuar apresentando sinais de ansiedade, fazer uso de medicamentos para acalmá-lo. Características clínicas de pacientes ansiosos: - Ansiedade (resposta emocional - alterações fisiológicas / Aliviação do sistema nervoso simpático); - Aumento da frequência respiratória: taquipnéia; - Aumento da pressão arterial; - Aumento da tensão muscular; - Palpitação; - Palidez; - Sudorese; - Tremores; - Dilatação pupilar; - Formigamento. Redução do Estresse: Indicação: - Situações em que o paciente apresenta sinais ou sintomas de ansiedade e medo; - Não controlados através da tranquilização verbal ou outros métodos de condicionamento psicológico. Objetivo: - Medicação pré-anestésica; - Manter o paciente tranquilo e cooperativo durante o atendimento. NEM TODOS OS ANSIOLÍTICOS SÃO BENZODIAZEPÍNICOS Medicação ansiolítica pré-anestésica: Adultos: - Diazepam (ansiolítico): 10mg - comprimidos Valium. ➔ Dose e posologia: 1 comprimido 1 hora antes da intervenção. ➔ Meia vida maior que a do Midazolan, cerca de 2 ou 3 horas, com sedação menos profunda. ➔ Melhor indicado para pacientes controlados em procedimentos. - Midazolan (ansiolítico e hipnótico): 15 mg - comprimidos Dormonid. ➔ Dose e posologia: 1 comprimido 1 hora antes da intervenção. ➔ Meia vida menor que a do Diazepam com sedação mais profunda e para pacientes mais ansiosos. - Prescrever benzodiazepínicos quando métodos psicológicos não forem efetivos. - Pacientes que precisam de procedimentos muito longos, precisam de benzodiazepínicos. - Em pacientes muito ansiosos pode-se prescrever um diazepam na noite anterior e midazolan antes do procedimento. Idosos: - Lorazepam: 1mg - comprimidos Lorax. ➔ Dose e posologia: 1 comprimido 1 hora antes da intervenção. - Pode se utilizar diazepam 5 mg, ao invés de 10 mg; - Vir acompanhado por um adulto; - Contra-indicado uso de Midazolam devido a sua sedação profunda; Crianças - Acima de 05 anos: - Sempre acompanhadas de adultos - Diazepam: 5mg - comprimidos Valium. ➔ Dose e posologia: 0,1 a 0,3 mg/kg, não excedendo a dose de 5mg; ➔ Dissolver em água ou suco 01 hora antes da intervenção. Crianças - Abaixo de 05 anos: - Dextroclorofeniramina: Polaramine. ➔ 5 ml (1 à 2 colheres); - Hidrato de cloral 16%: manipulado com corretivo para sabor. ➔ 5 ml 1 hora antes do procedimento. Nomes comerciais de referência indicados para uso, pois o genérico pode apresentar menor eficácia nesse caso. Procedimentos odontológicos de menor complexidade Exodontias Simples, Gengivectomia, Cunha distal, Ulotomia, Ulectomia; Gengivectomia: - Não manipula osso, somente gengiva; - Só se prescreve analgésico; - Risco inflamatório e infeccioso muito baixo. Cunha distal: - Incisão triangular para remoção da porção distal da gengiva, na distal do 3º molar (na maioria das vezes, mas pode acontecer em outros molares); - No último molar do arco, onde a mandíbula está inflamando com frequência; - Assim expondo toda a coroa do dente, permitindo ele erupcionar por completo; Ulotomia: - Realizada em Odontopediatria; - Durante a erupção dos incisivos permanentes superiores, pode formar-se uma gengiva fibrosa na incisal desses dentes; - Realiza-se uma ulotomia para romper essa barreira fibrosa; - Somente uma incisão; - Somente prescrição de analgésico, sem anti-inflamatórios. Ulectomia: - Parecido com a ulotomia; - Remoção do tecido gengival, e não apenas incisão; - Em forma circular ao redor do dente; Exodontia Simples: - Simples: não envolve retalho; - Não-simples: envolve retalho; - Só rompe fibra dento gengival, sem tocar na gengiva; - Não envolve manipulação gengival; - Mínimo trauma gengival; - Cirurgia guiada; - Somente analgésico, porém pode ser prescrito anti-inflamatório com ação analgésica (ex.: Ibuprofeno). ANALGESIA PÓS OPERATÓRIA Dipirona: - Dose usual: 500mg; - Teto: 800mg (acima de 800 mg, só aumenta o efeito tóxico da medicação/efeitos indesejáveis); - A dose teto = máxima de concentração que a droga promove analgesia; - Comprimidos de 500mg ou solução gota de 500mg/ml; - Equivalência: - Novalgina: 500mg = 1 ml = 20 gotas; - Anador: 500 mg = 1 ml = 30 gotas; - Dose e posologia: 1 cp ou 20 a 30 gotas de 4/4h ou 6/6h de 1 a 3 dias; - Evitar o uso em gestantes, distúrbios hematopoéticos, PA sistólica abaixo de 100 mmHg, pac com função renal ou hepática debilitada; - Contra-indicações: alergia à Dipirona (subst.. por Paracetamol, Ibuprofeno, etc.) Para a dor instalada a dipirona tem melhor controle da dor, pois o paracetamol tem dificuldade de atuar nas terminações nervosas já sensibilizadas. Paracetamol: - Dose usual: 500mg; - Teto: 800mg; - Tylenol 750mg – comprimidos; - 1 cp de 4/4 h a 6/6h de 1 a 3 dias; - Precauções: portador de hepatite e em caso de gravidez utilizar por tempo curto; - Contra-indicação:alergia ao paracetamol (raro) e disfunção hepática; Crianças - menores de 12 anos ou 30 kg: Paracetamol (Tylenol): - Sol. Gotas 200 mg/ml (1 ml = 20 gotas); - 1 gota/kg até 35 gotas. Dipirona Magnésica (Magnopyrol): - Sol. Gotas 400mg/ml ( 1 ml = 30 gotas); - 1 gota/kg; OBS: Administrar com suco para disfarçar o sabor e administrar logo após o procedimento. Cirurgias Ambulatoriais Invasivas Dentes inclusos ou exodontia com retalho, implantes dentários, cirurgias perirradiculares, cirurgias mucogengivais, alveoloplastias; Analgesia de dores intensas, edema e limitação funcional: Medicação pré-operatória: Anti-inflamatórios: - Objetivos: controlar dor e edema e evitar limitação funcional; Corticoesteróides: - 1ª opção no controle da inflamação; -BETAMETASONA 2mg: - Celestone – 2 cp 1h antes do procedimento; 1 cp 8/8h até 5 dias; - DEXAMETASONA 4mg: - Decadron 4 mg – 1 a 2 cp 1h antes do procedimento; 1 cp 8/8h até 5 dias; - Contra-indicações: infecções fúngicas e histórico de alergias (raro); Pico da inflamação no 3º dia AINEs: - Preferência pelos que causam menor irritação gástrica; - Iniciar 1h antes do procedimento; - Ingerir por até 3 dias; OBS: Toragesic = ótimo analgésico, opção para quando tiver dor intensa ou persistente mesmo com uso de outro AINE; OBS: se paciente relatar desconforto gástrico com dor leve ou moderada mantém AINE e prescreve protetor gástrico (Omeprazol). Se a dor for intensa suspende o AINE e prescreve protetor gástrico (Omeprazol); Celecoxibe e Meloxicam são ótimos AINES seletivos de COX-2 e com ótima posologia (1 ou 2 vezes ao dia); Medicação pós-operatória: - Dor: Dipirona 500 mg ou Paracetamol 500 e 750 mg; - Posologia: 1 comp 4/4h a 6/6h até 3 dias; - Inflamação: Nimesulida 100mg; - Posologia: 1 cp de 12/12h por até 5 dias; Ibuprofeno 600mg; - Posologia: 1 cp de 8/8h por até 5 dias; Dexametasona 4mg; - Posologia:1 cp de 8/8h por até 5 dias. Antibioticoterapia no Suporte às Extrações Dentárias: - Antibioticoterapia profilática: prevenção; - Antibioticoterapia terapêutica: tratamento; Controle de infecção - Antibioticoterapia profilática: 01) Pré-operatória: - Amoxicilina 500mg: * Ingerir 4 cp 1h antes da cirurgia; * Alérgicos à penicilina * Reações alérgicas tardias à penicilina; - Cefalexina 500mg: * Ingerir 4 cp 1h antes do procedimento; * Reações alérgicas imediatas à penicilina; OBS: alergia imediata NÃO receita Cefalexina, opta-se pela Clindamicina. - Clindamicina 300mg: * Ingerir 2 cp 1h antes do procedimento; OU - Azitromicina 500mg: * Ingerir 1 cp 1h antes do procedimento; 02) Pós-operatória: - Amoxicilina 500mg: * Ingerir 1 cp de 8/8h durante 7 dias; * Iniciar com 2 cp 1h antes do procedimento; * Alérgicos à penicilina; * Reações alérgicas tardias à penicilina; - Cefalexina 500mg: * Ingerir 1 cp de 6/6h durante 7 dias; * Iniciar com 2 cp; * Reações alérgicas imediatas à penicilina; - Clindamicina 300mg: * 1 cp de 6/6h durante 7 dias; * Iniciar com 2 cp 1h antes do procedimento; - Azitromicina 500mg: * 1 cp 1x ao dia durante 3 dias; * Iniciar com 1 cp 1h antes do procedimento; - Geralmente pacientes alérgicos à penicilina vão ser alérgicos à Cefalexina (opta pela Clindamicina), isso se chama infecção cruzada; - Alergia imediata à penicilina NÃO se receita Cefalexina, opta pela 3ª Clindamicina; - Alergia tardia à penicilina a 2ª opção é Cefalexina e a 3ª opção Clindamicina (mas pode usar direto Clindamicina, pois tem menos chances de reações alérgicas); - Azitromicina não possui boa eficácia contra bactérias bucais; Tratamento das Alveolites Características clínicas: - Dor intensa; - Irradiada; - Alteração do processo reparo alveolar; - Degradação do coágulo sanguíneo (alveolite seca); - Secreção purulenta (alveolite úmida, purulenta ou granulomatosa). Objetivos: - Eliminar fatores etiológicos; - Aliviar a dor; - Favorecer novamente o reparo tecidual. Tratamento: I – anestesia local: técnicas regionais; II – irrigar o alvéolo: sol. fisiológica estéril (NaCl 0,9%); III - remover corpos estranhos do alvéolo; IV – irrigar o alvéolo; V – irrigar o alvéolo com Rifamicina (irrigação lenta por 3 a 5 minutos); VI – secar com gaze estéril; VII – preencher alvéolo com pasta medicamentosa (ALVEOLITE SECA). Benzocaína + Eugenol + Meloxicam + Iodofórmio; VIII – Morder gaze por 10 minutos; IX – Pós-operatórios: alimentação fria, líquida ou pastosa, não bochechar nas primeiras 24h, evitar esforço físico nas primeiras 24h e evitar exposição ao sol; X – prescrever analgésicos; XI – reavaliar o caso a cada 24h; XII – dores intensas prescrever anti-inflamatório Via Oral ou Intramuscular; Tratamento - Prescrição de antimicrobianos: - Somente na alveolite seca (na úmida não tem efeito); - Presença de exsudato purulento: > infartamento ganglionar; > febre; > taquicardia; > falta de apetite; > mal-estar geral; > trismo. Associar Amoxicilina 875 mg com Metronidazol 250 mg: - 1 cp + 1 comp de 12/12h por 5 dias; OU Associar Amoxicilina 875 mg + Clavulanato 125 mg: - 1 cap. de 12/12h por 5 dias; Alérgicos: - Clindamicina 300mg = 1 cap. de 6/6h por 5 dias; OBS: O clavulanato amplia o espectro de ação da amoxicilina, pois quebra o anel betalactâmico das bactérias. Tratamento das Pericoronarites Características Clínicas: - Processo inflamatório de caráter agudo, crônico ou crônico agudizado; - Inflamação crônica sobre tecido gengival que recobre a coroa dos dentes em erupção ou parcialmente erupcionados; - Desenvolvimento de colônias bacterianas entre os tecidos; - Dor irradiada: ouvido, garganta e assoalho de boca; - Coloração vermelha de boca; - Pode estar presente: pus, trismo, febre, infartamento ganglionar e falta de apetite; > L.P – 3 molares inferiores; Tratamento: I – anestesia local: bloqueio regional N.A.I, Lingual e Bucal; II – remover placa dental associada; III – irrigar local com solução fisiológica; IV – orientar com relação a higiene bucal (prescrever Clorexidina 0,12% 3x ao dia); V – prescrever analgésicos; VI – retorno em 48h ou antes se necessário; VII – dores intensas associar AINES Intramuscular ou Via oral; Prescrição de antimicrobiano: - Sinais de disseminação local; - Sinais de toxemia: trismo, febre, taquicardia, infartamento ganglionar, mal-estar geral; 1ª opção: Amoxicilina + clavulanato de potássio; * Clauvulin 875 mg + 125 mg; * dose inicial 1g; * dose de manutenção 1 comp. a cada 12h por 7 dias; 2ª opção: Amoxicilina 500 mg + metronidazol 400 mg; * amoxicilina 500mg; * dose inicial 1g; * dose de manutenção – 500 mg de 8/8h por 7 dias; Alérgicos à penicilina: - Clindamicina; - Dalacin C; - ingerir 300mg de 6/6h por 7 dias; Tratamento das Hemorragias I – identificar causa; II – localizar pontos de sangramento; III – limpar local com sol. fisiológica; IV – comprimir local com gaze estéril; V – anestesia local: técnicas regionais; VI – suturar com cuidado: aproximar bordos; VII – morder gaze no local por 30 minutos. Hemorragias Controladas Protocolo: I – liberar o paciente; II – dieta líquida, fria e HP; III – evitar esforço físico e evitar bochechos por 48h; IV – acompanhar a evolução do quadro. Hemorragia não controlada: prescrever Transamin, e se não adiantar encaminha para o médico hematologista. Prevenção da Endocardite Infecciosa - Preocupação com pacientes com predisposição/risco + procedimento que possa causá-la; - Procedimentos de risco que envolvam maior invasão dos tecidos (ex.: raspagem subgengival). Características: - Processo infeccioso da superfície do endocárdio; - 5 a cada 100000 hab.; Fatores de risco: - Lesões do endocárdio; - Microorganismos envolvidos: * Estreptococos (56,4%); * Estafilococos (24,9%). Profilaxia da endocardite é recomendada em condições de alto risco: - Valvas cardíacas protéticas; - Endocardite prévia; - Condutos pulmonares sistêmicos obstruídos cirurgicamente; - Doenças cardíacas congênitas cianóticas: > transposição de grandes artérias. Condições de risco moderado: - Malformação congênitas; - Disfunção valvar adquirida; - Prolapso da valva mitral com regularização valvar. Profilaxia da endocardite não é recomendada em condições de risco mínimo: - Correção cirúrgica do septo; - Prolapso da valva mitral sem regularização valvar; - Febre reumática; - Marcapassos cardíacos, Procedimentos em que a profilaxia da endocardite é recomendada: - Extrações dentais; - Procedimentos periodontais invasivos; - Instalação de implantes; - Reimplantes dentais; - Instrumentação endodôntica além do ápice; - Cirurgias periapicais; - Colocação de bandas ortodônticas; - Anestesia intraligamentar (somente); - Profilaxia quando existe expectativa de sangramento. Protocolo Padrão: I – Amoxicilina - Adultos = 2 gramas V.O 1h antes do procedimentos; - Crianças = 50 mg/kg de peso corporal. Alérgicos à penicilina: II – Clindamicina: - Adultos = 600mg V.O 1h antes do procedimento; - Crianças = 20mg/kg de peso corporal; III – Cefalexina: - Adultos = 2g V.O 1h antes do procedimento; - Crianças = 50 mg/kg de peso corporal. Protocolo Padrão Via Parental: I - Ampicilina: - Adultos = 2g I.M ou E.V; - Crianças – 20mg/kg de peso. Protocolo corporal via E.V: - Aplicar 30 min. antes do procedimento; II - Clindamicina: - Adultos = 600 mg via E.V; - Crianças – 20mg/kg de peso PRESCRIÇÃO MÉDICA - ANESTESIOLOGIA "Ausência de evidência a favor, não significa evidência contra.” - Prescrição médica é uma ordem escrita. Um ato de escolha. Relação paciente e prescrição médica: é necessário transparência na prescrição, com esclarecimento e disponibilidade do profissional diante de possíveis reações adversas. A falta de conhecimento sobre os medicamentos coloca em risco a saúde do paciente e a credibilidade do profissional. Informações básicas: prescrição de medicamento, escrita em língua portuguesa, contendo orientação de uso para o paciente, efetuada por profissional legalmente habilitado, que seja de formulaçãomagistral ou de produto industrializado. Portaria N° 344/1998 SVS (Secretaria de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde). Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Droga: substância ou matéria-prima que tenha finalidade medicamentosa ou sanitária. Produto: toda substância, mistura de substâncias , vegetais ou parte de vegetais, fungos ou bactérias, que sofreram ou não transformação, manipulação ou industrialização, e com possibilidade de ser ingerido ou administrado a homem ou animal. Substância: qualquer agente químico que afeta o protoplasma vivo. Psicotrópico: substância que pode determinar dependência física ou psíquica, e relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas. Entorpecentes: substância que pode determinar dependência física ou psíquica relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção Única sobre Entorpecentes. Produto farmacêutico intercambiável: produto com equivalência terapêutica de um medicamento de referência comprovada, essencialmente, por surtir os mesmos efeitos de eficácia e segurança. Substância Proscrita: substância cujo uso está proibido no Brasil. Preparação Magistral: preparação que contém substância farmacêutica, de elaboração oficinal, com formulação e quantidades elaboradas de acordo com prescrição médica, apresentada em embalagem individual. Bioequivalência: consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, com idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio ativo, e que tenham comparável biodisponibilidade quando estudados sob um mesmo desenho experimental. Biodisponibilidade: indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou em sua excreção na urina. Medicamentos dinamizados: são medicamentos preparados a partir de substâncias que submetidas a triturações sucessivas ou a diluições seguidas de sucussão, ou de outra forma de agitação ritmada, com finalidade preventiva ou curativa, a serem administrados conforme a terapêutica homeopática, homotoxicológica ou antroposófica. Denominação Comum Brasileira (DCB): denominação do fármaco ou de princípio farmacologicamente ativo, aprovada por órgão federal responsável pela vigilância sanitária. Denominação Comum Internacional (DCI): denominação do fármaco ou de princípio farmacologicamente ativo, recomendada pela Organização Mundial de Saúde. Automedicação: administração de medicamentos sem orientação médica. Autoprescrição: uso por conta própria de medicamentos com tarja vermelha ou preta, na caixa,e que só podem ser receitados por médicos. Automedicação Responsável: conceito reconhecido pela OMS por ajudar a tratar e prevenir sintomas e males menores, que não necessitam de consulta médica, através do uso responsável de medicamentos isentos de prescrição médica. Notificação de Receita: é o documento que acompanhado de receita autoriza a dispensa de medicamentos à base de substâncias constantes nas listas A1 e A2 (entorpecentes), A3, B1 e B2 (psicotrópicas), C2 (retinóicas para uso sistêmico) e C3 (imunossupressoras) do Regulamento Técnico. Medicamentos de Referência ou de Marca: são medicamentos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e comercializados no país, e cuja eficácia e qualidade foram comprovadas cientificamente por ocasião do registro. Medicamentos Genéricos: são medicamentos copiados de um produto de referência e com os quais seja intercambiável. Contêm a mesma substância ativa, concentração de dose, esquema posológico, apresentação e efeito farmacológico; e passam por testes de bioequivalência e biodisponibilidade. Tem em sua embalagem a inscrição: “Medicamento Genérico – Lei 9.787/99". Medicamentos Similares: são produtos que possuem a mesma substância ativa, concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, mas podem diferir em tamanho, forma, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos. São identificados pelo nome comercial ou de marca. Medicamentos Fitoterápicos: são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais, empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco e outros). Medicamentos Manipulados: são os fabricados, artesanalmente, de uma nova formulação, a partir de substância aprovada para uso, a fim de atender às necessidades médicas de determinado paciente. Medicamentos Homeopáticos: são medicamentos dinamizados, preparados com base nos fundamentos da homeopatia, cujos métodos de preparação e controle estejam descritos na Farmacopéia Homeopática Brasileira, edição em vigor, em outras farmacopéias homeopáticas, ou em compêndios oficiais reconhecidos pela ANVISA, e com comprovada ação terapêutica descrita nas matérias médicas homeopáticas ou nos compêndios homeopáticos oficiais, reconhecidos pela ANVISA, além de estudos clínicos ou de revistas científicas. Medicamentos Fracionados: são os remédios fabricados em embalagens especiais e vendidos na medida exata de que o paciente precisa. Medicamentos Isentos de Prescrição Médica (MIP): são “medicamentos de venda livre” ou “medicamentos anódinos”, conhecidos internacionalmente como produtos “OTC” (Over-the-Counter – “sobre o balcão”), como, por exemplo, anti-inflamatórios, analgésicos, antitérmicos, antialérgicos, relaxantes musculares etc. vendidos em gôndolas de supermercados. Reação Adversa a Medicamentos: a OMS define reação adversa a medicamentos (RAM) como “qualquer efeito prejudicial ou indesejável, não intencional, que aparece após a administração de um medicamento em doses” normalmente utilizadas no homem para a profilaxia, o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade. Não se recomenda mais a expressão: “efeitos colaterais”, e sim, RAM. Etapas para Terapêutica Efetiva: a OMS, através do Programa de Ação sobre Medicamentos Essenciais (Guia para a Boa Prescrição Médica), propõe seis etapas básicas para se alcançar uma terapêutica efetiva. Definição do problema: - Especificação dos objetivos terapêuticos; - Seleção do tratamento mais eficaz e seguro para um paciente específico; - Prescrição, incluindo medidas medicamentosas e não medicamentosas; - Informação sobre a terapêutica para o paciente; - Monitoramento do tratamento proposto. Dados da Prescrição Médica A Prescrição Médica é composta por dados: Dados Essenciais: 1. Cabeçalho – impresso que inclui nome e endereço do profissional ou da instituição onde trabalha (clínica ou hospital); registro profissional e número de cadastro de pessoa física ou jurídica, podendo conter, ainda, a especialidade do profissional. 2. Superinscrição – constituída por nome e endereço do paciente, idade, quando pertinente, e sem obrigatoriedade do símbolo RX, que significa: “receba”; por vezes, esse último é omitido, e, em seu lugar, se escreve: “uso interno” ou “uso externo”, correspondentes ao emprego de medicamentos por vias enterais e parenterais, respectivamente. 3. Inscrição – Compreende o nome do fármaco, a forma farmacêutica e sua concentração. 4. Subscrição – designa a quantidade total a ser fornecida; para fármacos de uso controlado, essa quantidade deve ser expressa em algarismos arábicos, escritos por extenso, entre parênteses. 5. Adscrição – é composta pelas orientações do profissional para o paciente. 6. Data e assinatura. Dados Facultativos: peso, altura, dosagens específicas como usadas na Pediatria. O verso do receituário pode ser utilizado para dar continuidade à prescrição, aprazamento de consulta de controle, e para as orientações de repouso, dietas, possíveis efeitos colaterais ou outras informações referentes ao tratamento. Sobre o R: o “R”cortado é um símbolo usado por alguns médicos no início de sua prescrição. Existem várias teorias explicativas sobre sua origem,porém nelas há em comum um pedido de proteção para a prescrição. Não há obrigatoriedade do seu uso na receita médica. Sobre o ®: o símbolo ® indica o nome de venda do produto, e não o princípio ativo. Verso da receita: - Sra. Maria Fulana da Silva - Rua João Lagoa da Silva, 325. - João Pessoa, Paraíba. Recomendações: - Não esquecer de tomar os medicamentos na hora certa; - Não interromper o tratamento, mesmo havendo desaparecimento dos sintomas; - Retornar no dia seguinte ao término do tratamento com o antibiótico; - Local e data; - Assinatura do profissional. Modelos de Receita Médica - Notificação de Receitas Receita Simples: é utilizada para prescrição de medicamentos anódinos e de medicamento de tarja vermelha, com os dizeres à venda sob prescrição médica, e segue as regras descritas na Lei 5.991/1973. Receita de Controle Especial: é utilizada para a prescrição de medicamentos à base de substâncias constantes das listas “C1” (outras substâncias sujeitas a controle especial), “C2” (retinóicas para uso tópico) e “C5” (anabolizantes). O formulário é válido em todo o território nacional, devendo ser preenchido em 2 (duas) vias. Terá validade de 30 (trinta) dias a partir da data de emissão. A prescrição poderá conter, em cada receita, três substâncias da lista “C1” e de suas atualizações. A quantidade prescrita de cada substância da lista “C1”, “C5” e suas atualizações é de 5 (cinco) ampolas, e, para as outras formas farmacêuticas, a quantidade refere-se a 60 (sessenta) dias de tratamento. Em caso de emergência, poderá ser aviada ou dispensada a receita de medicamentos à base de substâncias constantes das listas “C” (outras sujeitas a controle especial) deste Regulamento e suas atualizações. Receita Azul ou Receita B: notificação de Receita B é um impresso, padronizado, na cor azul, utilizado na prescrição de medicamentos que contenham substâncias psicotrópicas – listas B1 e B2 e suas atualizações constantes na Portaria 344/98. Terá validade por 30 (trinta) dias, a partir de sua emissão, e com validade apenas na unidade federativa que concedeu a numeração. Poderá conter 5 (cinco) ampolas. Para as demais formas farmacêuticas, o tratamento será correspondente a 60 (sessenta) dias. Receita Amarela ou Receita A: a notificação de Receita A é um impresso, na cor amarela, para a prescrição dos medicamentos das listas A1 e A2 (entorpecentes) e A3 (psicotrópicos). Poderá conter somente um produto farmacêutico. Será válida por 30 (trinta) dias, a contar da data de sua emissão, em todo o território nacional. As notificações de Receita “A”, quando para aquisição em outra unidade federativa, precisarão que sejam acompanhadas de receita médica com justificativa de uso. E as farmácias, por sua vez, ficarão obrigadas a apresentá-las, dentro do prazo de 72 (setenta e duas) horas, à Autoridade Sanitária local, para averiguação e visto. Notificação de Receita Especial de Retinóides: lista C2 (Retinóides de uso sistêmicos), com validade por um período de 30 (trinta) dias e somente dentro da unidade federativa que concedeu a numeração. Poderá conter 05 (cinco) ampolas. Para as demais formas farmacêuticas, a quantidade para o tratamento corresponderá, no máximo, a 30 (trinta) dias, a partir da sua emissão. Notificação de Receita Especial para Talidomida: lista C3. Tratamento para 30 (trinta) dias; validade de 15 (quinze) dias. 6.7 Substâncias anti-retrovirais – lista C4. Formulário próprio, estabelecido pelo programa de DST/AIDS. A receita e a letra do médico Letra de Médico – Código de Ética Médica – É vedado ao Médico: - Art.39 – Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos médicos. - 7.2 Rasuras na Receita Médica – Lei 5991/73. Capítulo VI. Do Receituário: • Art.43� o registro do receituário e dos medicamentos sob regime de controle sanitário especial não poderá conter rasuras, emendas ou irregularidades que possam prejudicar a verificação de sua autenticidade. Os demais receituários também não deverão conter rasuras. Se presentes, deverão ser justificadas em observações escritas, no mesmo receituário, pelo profissional. Uso do carimbo na receita médica: Art. 35 determina que somente será aviada a receita que contém a data e a assinatura do profissional, endereço do consultório ou da residência, e o número de inscrição no respectivo Conselho profissional. Como se vê, não há exigência legal do carimbo do médico em receitas, e, sim, da assinatura com identificação clara do profissional e seu respectivo CRM, sendo, pois, opcional a sua utilização. Sua finalidade é aperfeiçoar o trabalho médico. O que pode/deve constar do carimbo: vai depender de sua finalidade. O mínimo, para uso de documentos médicos, é o número de inscrição no(s) CRM(s) no(s) qual(is) o médico está cadastrado, e a sigla do estado da federação. Nada impede que outras informações sejam adicionadas, tais como matrícula Siape, cargo de auditor, número de inscrição em cooperativa médica, especialidade médica – se for registrada no CRM, pois, caso contrário, infringe o Código de Ética Médica e o Código do Consumidor. Logicamente, um carimbo com o número Siape só poderá ser utilizado em documentos médicos específicos de pacientes. O que não deve constar do carimbo: obviamente que no carimbo médico não devem constar informações discriminatórias ou convicções pessoais do médico, tais como: “médico formado na Universidade Pública tal” ou “Deus seja louvado”, pois vivemos em um país laico, e existem pacientes ateus. O carimbo não pode ser usado para impingir crenças religiosas – ou a ausência delas – aos pacientes. Substituição de Medicamento: sobre a substituição de medicamento. Ao receitar, o médico pode receitar Medicamento de Referência ou autorizar sua substituição por um genérico ou outro. Se o médico entender que o Medicamento de Referência é insubstituível, ele deverá agregar à receita uma frase com os dizeres: “NÃO AUTORIZO A SUBSTITUIÇÃO”. Não existe disposição legal no sentido de serem exatamente esses os dizeres, importando apenas que o médico externe sua vontade em não permitir a substituição do medicamento. Ficando em silêncio, estará autorizando a substituição. Ocorrendo dúvidas sobre a substituição de medicamentos, é recomendável comunicar-se com o prescritor. Erros de Medicação: o erro de medicação é qualquer evento evitável que possa causar dano ao paciente ou levá-lo à utilização inapropriada dos medicamentos. São exemplos de erros de medicação: administração de medicamento errado, omissão de dose na prescrição, administração de medicamentos não prescritos, via de administração incorreta, erros de técnica de administração, forma farmacêutica incorreta, horário errado de administração, doses impróprias, preparação/manipulação errada, administração de fármacos deteriorados, entre outros.
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