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DETERMINAÇÃO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA COM O TEMPO NO CENTRO DE DIFERENTES FORMAS SÓLIDAS IMERSAS EM FLUIDO A TEMPERATURA CONSTANTE Disciplina: Fenômeno de Transporte Experimental Professor: Sérgio Montoro Turma de 6ª feira - Grupo 1 Ana Laura Ciconi Zuliani Elias Sant'Ana Ramos João Carlos da Silva Luiz Henrique S. Leite Renata Jesuina Takahashi Outubro de 2012 INTRODUÇÃO Os fenômenos que regem a transferência de calor de um meio para um sólido ou vice-versa podem ser equacionados de diferentes formas, levando em consideração as condições de contorno, se estamos analisando o regime estacionário ou transiente, e também a energia interna acumulada pelo corpo em virtude de sua capacidade calorífica. Para isto, usamos a equação geral da condução de calor: Analisando um corpo de geometria simples, ilustrado a seguir temos: Figura 01: Amostra ilustrada. Onde a placa infinita de espessura 2L esta inicialmente a uma temperatura Ti. Para tornar a equação mais conveniente, introduzimos a variável Com isto temos as condições de contorno: (a) (b) (c) Admitindo que a solução desta equação tenha a forma , temos duas equações: Onde é a constante de separação. Para que as condições de contorno sejam satisfeitas é necessário que e a solução tem a forma: Da condição de contorno (b), . Como não pode ser igual a zero, da condição de contorno (c). Concluímos que 2L.h=0, ou seja: Esta equação pode ser reconhecida como uma expansão em série de senos Fourier com a constante determinada na condição inicial (a): A solução final é, então: Análise do regime transiente pelo método dos parâmetros concentrados: Se considerarmos um corpo suficientemente pequeno, para que a variação de temperatura ao longo de sua estrutura seja quase nula, então a análise do perfil de temperatura do corpo será facilitada. Isto ocorre devido a menor resistência promovida pela condução interna do corpo, em relação à convecção do fluido em que o sólido esta imerso. Para que um corpo possa ser analisado desta forma, o fluxo de calor por condução deve ser menor que 10% do fluxo de calor por convecção. Esta análise é feita através do numero de Biot, que é representado por: Onde: “h” é o valor da convecção do meio, “s” é o valor do volume dividido pela área de contato do sólido com o meio, também chamado de comprimento característico, e “k” é o valor do coeficiente de condução do sólido. Este número deve ser menor que 0,1 para usar este tipo de análise. MATERIAS E MÉTODOS Os materiais utilizados no experimento foram - Sólidos: Cilindros, Esferas e Placas de Cobre e Alumínio; - Reservatório preenchido com água aquecida e a temperatura constante; - Termopar, cronômetro e paquímetro. As etapas cumpridas no experimento foram: 1º - Mediu-se as dimensões do sólido com o paquímetro; 2º - Colocou-se o sólido no reservatório com água a temperatura constante; 3º - Foi acoplado o termopar no local adequado do sólido; 4º - Foram efetuadas as leituras de tempo em temperaturas pré-determinadas, registrando o aquecimento do sólido; 5º - A peça foi retirada do fluido e imergida em água gelada para resfriá-la; 6º - Outra peça foi selecionada e repetiu-se o procedimento citado; 7º - Terminados todos os sólidos, repetiu-se o procedimento de aquecimento com todos os sólidos, porém ao fim das medições de tempo as peças foram mantidas no reservatório; 8º - Após as leituras de aquecimento, as peças, que estavam no reservatório, foram colocadas no ambiente para serem resfriadas e foram feitas as leituras da temperatura em intervalos tempo pré-determinados. RESULTADOS E DISCUSSÂO Seguem nas tabelas abaixo os valores das dimensões dos sólidos utilizados no experimento, assim como outros parâmetros necessários para a realização dos cálculos. A seguir também estão algumas equações necessárias para o cálculo de certos parâmetros: Tabela 01: Parâmetros dos corpos de prova de Alumínio. Parâmetros Cilindro Alumínio Placa Alumínio Esfera Alumínio Diâmetro (m) 0,048 - 0,048 Altura (m) 0,150 0,0102 - Comprimento (m) - 0,150 - Largura (m) - 0,099 - Volume 0,000274913 0,00015349 5,78765E-05 Área da superfície 0,02652672 0,0352164 0,00723456 Ls 0,010363636 0,004358469 0,008 Calor específico (cp) 900 900 900 Massa específica (ρ) 2702 2702 2702 K 237 237 237 h(água) 1500 1500 1500 Biot 0,065592635 0,027585249 0,050632911 λ 0,059518399 0,141523776 0,07710338 Tabela 02: Parâmetros dos corpos de prova de Cobre. Parâmetros Cilindro Cobre Placa Cobre Esfera Cobre Diâmetro (m) 0,0475 - 0,0485 Altura (m) 0,15 0,01 - Comprimento (m) - 0,15 - Largura (m) - 0,099 - Volume (m3) 0,000266 0,000149 5,97E-05 Área da superfície (m2) 0,025915 0,03468 0,007386 Ls 0,010252 0,004282 0,008083 Calor específico (cp) 385 385 385 Massa específica (ρ) 8933 8933 8933 K 401 401 401 h(água) 1500 1500 1500 Biot 0,038348 0,016017 0,030237 λ 0,042543 0,101856 0,053956 AQUECIMENTO Quando a peça é inserida no banho termostático, ela é gradualmente aquecida. Foram feitas medidas do tempo necessário para que as peças atingissem valores pré-determinados de temperatura, e as medidas de tempo foram comparadas com valores teóricos calculados pela equação abaixo: θt = θ0.e-λ.t e θi = Ti-Tf θt. [θ0]-1 = e-λ.t ( -λ.t = ln(θt/θ0) t = -λ-1.ln(Tt-Tf/T0-Tf) ( T0 = 28 e Tf = 44 tt = -(λ-1).ln(44-Tt/16) Os valores pré-determinados de temperatura podem ser vistos abaixo. Os tempos t1 e t2 são as medições feitas no experimento, tmédio é a média entre t1 e t2 e tteórico é o tempo calculado pela equação mostrada acima. O mesmo procedimento do cilindro foi usado nos demais sólidos. Cilindro de Alumínio Tabela 03: Tempo de aquecimento do cilindro de Alumínio. Temperatura (°C) t1(s) t2(s) tmédio(s) tteórico(s) %desvio 28 0 0 0 0 0 29 2,14 2,17 2,155 1,084 98,73 30 3,6 4,01 3,805 2,244 69,59 31 5,32 5,71 5,515 3,488 58,08 32 7,42 7,48 7,45 4,833 54,13 33 9,25 9,56 9,405 6,295 49,39 34 11,66 11,72 11,69 7,897 48,03 35 13,81 14,19 14 9,667 44,82 36 15,94 15,93 15,935 11,646 36,82 Placa de Alumínio Tabela 04: Tempo de aquecimento da placa de Alumínio. Temperatura t1(s) t2(s) tmédio(s) tteórico(s) %desvio 28 0 0 0 0 0,00 29 0,39 1,12 0,755 0,456 65,56 30 0,78 2,17 1,475 0,944 56,33 31 1,21 3,3 2,255 1,467 53,70 32 2,56 4,29 3,425 2,033 68,49 33 5,73 5,36 5,545 2,647 109,44 34 8,21 6,78 7,495 3,321 125,68 35 12,1 7,79 9,945 4,065 144,62 36 15,1 8,84 11,97 4,898 144,40 Esfera de Alumínio Tabela 05: Tempo de aquecimento da esfera de Alumínio. Temperatura t1(s) t2(s) tmédio(s) tteórico(s) %desvio 28 0 0 0 0 0,00 29 4,31 1,22 2,765 0,834 230,33 30 6,15 2,59 4,37 1,732 152,33 31 7,72 3,95 5,835 2,693 116,67 32 9,47 5,94 7,705 3,731 106,51 33 10,87 7,71 9,29 4,859 91,17 34 12,66 7,71 10,185 6,096 67,08 35 14,41 10,96 12,685 7,462 69,99 36 16,21 13,17 14,69 8,989 63,41 Cilindro de Cobre Tabela 06: Tempo de aquecimento do cilindro de Cobre. Temperatura t1(s) t2(s) tmédio(s) tteórico(s) %desvio 28 0 0 0 0 0,00 29 2,14 2,62 2,38 1,517 56,89 30 4,13 4,38 4,255 3,139 35,56 31 6,09 6,31 6,2 4,88 27,03 32 8,52 8,79 8,655 6,762 27,99 33 11,56 11,28 11,42 8,807 29,66 34 14,18 14,15 14,165 11,048 28,22 35 17,07 17,14 17,105 13,523 26,48 36 20,37 20,35 20,36 16,292 24,96 Placa de Cobre Tabela 07: Tempo de aquecimento da placa de Cobre. Temperatura t1(s) t2(s) tmédio(s) tteórico(s) %desvio 28 0 0 0 0 29 0,99 0,81 0,9 0,633 42,04 30 1,7 1,85 1,775 1,31 35,39 312,73 2,91 2,82 2,03 38,33 32 3,6 3,93 3,765 2,824 33,30 33 4,47 5,25 4,86 3,678 32,11 34 5,71 6,35 6,03 4,614 30,68 35 7,08 7,81 7,445 5,65 31,80 36 8,76 9,25 9,005 6,805 32,33 Esfera de Cobre Tabela 08: Tempo de aquecimento da esfera de Cobre. Temperatura t1(s) t2(s) tmédio(s) tteórico(s) %desvio 28 0 0 0 0 0,00 29 1,13 1,53 1,33 1,196 11,19 30 2,14 2,89 2,515 2,474 1,62 31 3,61 4,33 3,97 3,848 3,16 32 4,93 6,06 5,495 5,331 3,06 33 6,39 8,26 7,325 6,944 5,48 34 8 10,05 9,025 8,71 3,61 35 9,59 12,39 10,99 10,66 3,06 36 11,77 12,47 12,12 12,84 5,66 RESFRIAMENTO No processo de resfriamento, as peças que estavam no banho foram colocadas ao ambiente para resfriarem-se, e em intervalos de tempo de 3 minutos a temperatura era registrada. Os valores de temperatura foram comparados a valores teóricos, obtidos pela equação abaixo: θt = θ0.e-λ.t e θi = Ti-Tf Tt-Tf = (T0-Tf). e-λ.t ( Tt = (T0-Tf). e-λ.t + Tf Como: T0 = 43 e Tf = 28 Tt = 15. e-λ.t + 28 Seguem abaixo mais alguns parâmetros necessários para os cálculos: Tabela 09: Parâmetros das amostras de Alumínio. Parâmetros Cilindro Alumínio Placa Alumínio Esfera Alumínio h(ar) 11,16 10,91 13,19 Biot 0,000488 0,000201 0,000678 λ 0,000443 0,001029 0,000678 Tabela 10: Parâmetros das amostras de Cobre. Parâmetros Cilindro Cobre Placa Cobre Esfera Cobre h(ar) 11,16 10,91 13,19 Biot 0,000285 0,000117 0,000266 λ 0,000317 0,000741 0,000474 Cilindro de Alumínio Tabela 11: Tempo de resfriamento do cilindro de Alumínio. t(s) Tmedido Tteórico %desvio 0 43 43,00 0,00 180 41 41,85 2,03 360 39 40,79 4,39 540 38 39,81 4,54 720 36 38,90 7,46 900 34 38,07 10,69 1080 33 37,30 11,52 1260 32 36,58 12,53 1440 31 35,93 13,71 Placa de Alumínio Tabela 12: Tempo de refriamento da placa de Alumínio. t(s) Tmedido Tteórico %desvio 0 43 43,00 0,00 180 40 40,46 1,15 360 38 38,36 0,93 540 36 36,61 1,65 720 34 35,15 3,27 900 32 33,94 5,72 1080 31 32,94 5,88 1260 29 32,10 9,66 1440 29 31,41 7,67 Esfera de Alumínio Tabela 13: Tempo de resfriamento da esfera de Alumínio. t(s) Tmedido Tteórico %desvio 0 43 43,00 0,00 180 39 41,28 5,52 360 37 39,75 6,92 540 35 38,40 8,86 720 34 37,21 8,62 900 32 36,15 11,48 1080 31 35,21 11,96 1260 30 34,38 12,75 1440 29 33,65 13,82 Cilindro de Cobre Tabela 14: Tempo de resfriamento do cilindro de Cobre. t(s) Tmedido Tteórico %desvio 0 43 43,00 0,00 180 41 42,17 2,77 360 40 41,38 3,34 540 39 40,64 4,04 720 38 39,94 4,85 900 37 39,28 5,80 1080 36 38,65 6,86 1260 35 38,06 8,04 1440 34 37,50 9,34 Placa de Cobre Tabela 15: Tempo de resfriamento da placa de Cobre. t(s) Tmedido Tteórico %desvio 0 43 43,00 0,00 180 40 41,13 2,74 360 38 39,49 3,77 540 36 38,05 5,40 720 34 36,80 7,60 900 32 35,70 10,36 1080 31 34,74 10,76 1260 29 33,90 14,45 1440 29 33,16 12,55 Esfera de Cobre Tabela 16: Tempo de resfriamento da esfera de Cobre. t(s) Tmedido Tteórico %desvio 0 43 43,00 0,00 180 41 41,77 1,85 360 40 40,65 1,59 540 38 39,61 4,07 720 37 38,66 4,30 900 35 37,79 7,39 1080 34 36,99 8,08 1260 33 36,25 8,98 1440 32 35,58 10,06 CONCLUSÃO A análise transiente de parâmetros concentrados é uma maneira bastante simplificada de se resolver alguns casos que envolvem troca de calor. Ela nos permite ignorar a variação de temperatura dentro das substâncias sobre determinadas circunstâncias, o que acaba simplificando bastante os cálculos de transferência de calor, e ainda obtém resultados satisfatórios. A circunstância exigida para este tipo de resolução é que o citado Número de Biot seja menor que 0,1. O número de Biot é a relação entre a taxa de calor por convecção de um fluido e o comprimento relativo de um material pela condutividade térmica desse material. Um valor menor que 0,1 significa que o calor que o fluido pode transmitir ou receber é dez vezes menor que a condutividade térmica do material, sendo assim qualquer calor transmitido pelo fluido se espalha muito rapidamente pelo material, e o gradiente de temperatura gerado é muito pequeno e pode ser desconsiderado. Os objetos de cobre mostraram maior precisão, com destaque para o aquecimento da esfera de Cu, a explicação desta observação pode estar no fato de o cobre apresentar menores valores do numero de Biot do que o alumínio. Embora os resultados tenham sido apenas parcialmente bons, o método se mostra uma boa opção, pois não é necessário trabalhar com as complexas equações matemáticas que envolvem o processo e obtêm um resultado relativamente preciso, com em geral 10% de erro. Referências Bibliográficas: INCROPERA, F. Fundamentos da Transferência de Calor e de Massa, São Paulo – LTC
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