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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DESTRITO FEDERAL – UNIPLAN CURSO DE PEDAGOGIA PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA BRUNA PEREIRA CORRÊA - Mat. UL18200939 CLEIZE MORAES COSTA - Mat. UL18201064 FABRÍCIA DE NAZARÉ FURTADO LOBATO – Mat. UL18200432 JAQUELINI LOPES DOS SANTOS - Mat. UL18200937 MIRIAN ARAÚJO BARREIRA - Mat. UL18201471 Barcarena – PA 2021 BRUNA PEREIRA CORRÊA - Mat. UL18200939 CLEIZE MORAES COSTA - Mat. UL18201064 FABRÍCIA DE NAZARÉ FURTADO LOBATO – Mat. UL18200432 JAQUELINI LOPES DOS SANTOS - Mat. UL18200937 MIRIAN ARAÚJO BARREIRA - Mat. UL18201471 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia, do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - UNIPLAN, como requisito parcial para obtenção do título de Pedagogo. Orientador: Prof. Esp. Sergio Angelim Barcarena – PA 2021 BRUNA PEREIRA CORRÊA - Mat. UL18200939 CLEIZE MORAES COSTA - Mat. UL18201064 FABRÍCIA DE NAZARÉ FURTADO LOBATO – Mat. UL18200432 JAQUELINI LOPES DOS SANTOS - Mat. UL18200937 MIRIAN ARAÚJO BARREIRA - Mat. UL18201471 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – UNIPLAN / unidade Barcarena, para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. Orientador: Profº. Sérgio Angelim dos Anjos. EXAMINADOR: ______________________________________________________________ Profº. Sérgio Angelim dos Anjos Resultado: ______________________________ Nota: __________ Data de Aprovação: _____/_____/_______ BARREIRA, Mirian Araújo, Práticas Pedagógicas na Alfabetização e Letramento do Aluno com Transtorno do Espectro Autista / Mirian Araújo Barreira...[et al.] – 2021. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – Uniplan, Barcarena, 2021. Área de Concentração: Educação Orientador: Prof. Esp. Sérgio Angelim dos Anjos 1. Práticas Pedagógicas. 2. Alfabetização. 3. Letramento. 4. Transtorno do Espectro Autista. 5. Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – Uniplan. Barcarena, BR – PA, 2021. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................8 Capítulo I: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.......................................................10 1.1 A Importância Das Práticas Pedagógicas No Processo De Inclusão.....10 1.2 Lúdico como práticas pedagógicas na Inclusão do TEA........................11 Capítulo II: TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA................................14 2.1 Aspecto Histórico.....................................................................................14 2.2. Abordagem Geral do Transtorno do Espectro Autista............................15 2.3 Diagnóstico do Autismo...........................................................................16 2.4 Grau do Autismo......................................................................................17 2.5 Epidemiologia do TEA no Brasil..............................................................17 Capítulo III: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO.........................................19 3.1 Aspecto Geral..........................................................................................19 3.2 Alfabetização e Letramento do Aluno TEA..............................................20 4. METODOLOGIA........................................................................................22 4.1 Delineamento Do Estudo.........................................................................22 4.2 Busca Na Literatura.................................................................................22 ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO..............................................................22 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................25 LISTAS DE SIGLAS DSM 5 - Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais TEA - Transtorno do Espectro Autista SUS - Sistema Único de Saúde CIF - Código Internacional de Funcionalidade e Incapacidade CID-10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde RIL – Revisão Integrativa da Literatura SciELO - Biblioteca Eletrônica Cientifica APA - Associação Americana de Psiquiatria RESUMO A educação é a base para o ensino da vida como um todo, no entanto, alfabetização e o letramento devem ser trabalhados juntos de maneira a alcançar resultados positivos e favoráveis ao processo de leitura e escrita. Esse processo é essencial para que o indivíduo consiga interagir na sociedade, uma vez que os códigos linguísticos são utilizados para transmitir uma ideia ou um ponto de vista. Nesse sentido, torna-se fundamental abordar os conteúdos acerca da utilização das práticas pedagógicas para a alfabetização e letramento dos alunos com TEA, afim de favorecer seu desenvolvimento e a sua integração no processo educacional. // Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar, observar, refletir e abordar através da literatura os conteúdos acerca da importância da utilização das práticas pedagógicas para a alfabetização e letramento dos alunos com TEA. // Os passos metodológicos iniciaram-se através de uma revisão bibliográfica integrativa, cujo instrumento utilizado foi um compilado de informações e dados extraídos de bibliográficas de livros, artigos científicos, dissertações, de caráter descritivo com delineamento qualitativo. // As analises deste trabalho foram apresentadas se dividindo nas seguintes sessões: Introdução, apresentando a explanação do tema, problemática, justificativa e objetivo do trabalho. Referencial teórico, onde apresenta o desenvolvimento do trabalho, que está subdividida em capítulos e subcapítulos, na qual o trabalho está apoiado. Metodologia, detalhamento dos procedimentos nas fases da pesquisa e como foi organizado o trabalho. Argumentação e discussão, dados analisados a partir da teoria apresentada na fundamentação teórica. E por fim, as Considerações finais apresentando algumas conclusões em relação a importância fundamental da pesquisa. Palavras-Chaves: TEA, Inclusão e Alfabetização e Letramento. ABSTRACT Education is the basis for teaching life as a whole, however, literacy and literacy must be worked together in order to achieve positive and favorable results for the reading and writing process. This process is essential for the individual to be able to interact in society, since language codes are used to convey an idea or a point of view. In this sense, it is essential to address the contents about the use of pedagogical practices for literacy and literacy of students with ASD, in order to favor their development and their integration in the educational process. // Therefore, the present work aims to analyze, observe, reflect and address through the literature the contents about the importance of using pedagogical practices for the literacy and literacy of students with ASD. // The methodological steps started through an integrative bibliographic review, whose instrument used was a compilation of information and data extracted from bibliographic books,scientific articles, dissertations, with a descriptive character with a qualitative design. // The analyzes of this work were presented in the following sections: Introduction, presenting the explanation of the theme, problematic, justification and objective of the work. Theoretical framework, which presents the development of the work, which is subdivided into chapters and subchapters, in which the work is supported. Methodology, detailing of procedures in the research phases and how the work was organized. Argumentation and discussion, data analyzed from the theory presented in the theoretical foundation. And finally, the Final Considerations presenting some conclusions regarding the fundamental importance of the research. Keywords: TEA, Inclusion and Literacy and Literacy. 8 INTRODUÇÃO A educação é a base para o ensino da vida como um todo, no entanto, é importante destacar que começa de modo formal na educação infantil, onde a alfabetização e o letramento devem ser trabalhados juntos de maneira a alcançar resultados positivos e favoráveis ao processo de leitura e escrita. O processo de alfabetização e letramento é essencial para que o indivíduo consiga interagir na sociedade, uma vez que os códigos linguísticos são utilizados para transmitir uma ideia ou um ponto de vista, para que o mesmo desenvolva comportamentos e habilidades através da leitura e da escrita para compreender as mais diversas situações de interação que ocorrem por meio das práticas sociais (SOARES, 2000). De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5) - 2014, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser caracterizado por comprometimentos em dois domínios centrais: déficits na comunicação social, interação social e comportamentos, e interesses em atividades com padrões repetitivos e restritos. No entanto, compreender o processo de aprendizagem e desenvolvimento de crianças com TEA torna-se um desafio, visto que os prejuízos advindos do transtorno, no que se refere às interações sociais, à comunicação e ao padrão de comportamento restrito, trazem dificuldades para atraí-las a um mundo que é extremamente simbólico e carregado de significações que só têm sentido quando vivenciado coletivamente (PINHO, 2018). “Dessa maneira, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, o aluno com TEA precisa de um ensino direcionado, que consiga auxiliá-lo na interiorização da linguagem social e exteriorização do pensamento, de modo a assimilar os códigos linguísticos e usá-los de forma intencional e autônomo” (CAPELLINI; SHIBUKAWA; de OLIVEIRA RINALDO, p. 87, 2016). Os estudos sobre TEA começou desde a década 90 e atualmente tem se intensificado mostrando que na maioria dos casos, as crianças com este transtorno não aprendem de forma satisfatória (MAGALHÃES et al. 2017). Para Queiroz e Ferreira (2018), a inclusão de crianças com TEA na escola regular tem sido um desafio, e a maioria das escolas ainda não está preparada para receber esses alunos, ainda é necessário a adequação em termos de estrutura, recursos, e formação 9 continuada dos profissionais, de modo a possibilitar o desenvolvimento de estratégias que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem desses sujeitos. Portanto, o presente estudo foi motivado a partir das experiências pessoais e acadêmicas que nos levou a perceber algumas dificuldades de alguns professores e indagar quais as práticas pedagógicas são adequadas para desenvolver atividades e estratégias de intervenção de forma a facilitar o aprendizado dos alunos que apresentam TEA. No mais, de acordo com essa perspectiva, torna-se fundamental abordar os conteúdos através dos conhecimentos científicos atuais acerca da utilização das práticas pedagógicas para a alfabetização e letramento dos alunos com TEA, afim de favorecer seu desenvolvimento e a sua integração no processo educacional, pois é dentro desse contexto de interação social, comportamento e comunicação que se manifestam algumas limitações no processo de ensino e aprendizagem do aluno com TEA. E o contato com o mesmo despertou o interesse em conhecer as práticas pedagógicas inclusivas que podem contribuir em sua inclusão educacional. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar, observar, refletir e abordar através da literatura os conteúdos acerca da importância da utilização das práticas pedagógicas para a alfabetização e letramento dos alunos com TEA, afim de favorecer seu desenvolvimento e a sua integração no processo educacional. 10 CAPÍTULO I – PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 1.1 A Importância Das Práticas Pedagógicas No Processo De Inclusão Um dos objetivos das práticas pedagógicas é integrar progressivamente o estudante em contexto reais de ensino e aprendizagem numa certa disciplina; Contribuir para a formação de um professor que possua saberes teóricos e práticos, que saiba fazer a gestão de um currículo, aplicar os diferentes tipos de aprendizagem e orientar a sua aprendizagem; Proporcionar a aquisição de habilidades e competências que possibilitem a intervenção, a investigação e a prática de projetos pedagógicos; Contribuir com as suas atividades para a formação de professores e que saiba gerir o processo de ensino e aprendizagem das mais adequadas e variadas formas (DE OLIVEIRA SINGO, 2018). As práticas pedagógicas inclusivas possibilitam a garantia de que os alunos tenham de fato o direito de poder acessar os conhecimentos produzidos na escola sem que sejam prejudicados com a falta de recursos, e que permitam o processo de produção do conhecimento (PINHEIRO, 2020). De acordo com Giroto; Poker; Omote (2012), “[...] a reorganização do sistema educacional, na perspectiva inclusiva, aponta para um novo modelo de escola e, consequentemente, um novo modelo de formação docente”. Neste sentido, deve fornecer várias estratégias e recursos para atender às novas necessidades educacionais e características dos alunos. Sendo assim, as práticas pedagógicas inclusivas têm esse papel: dialogar entre si para ampliar a linha de pensamento e ação acerca do processo de ensino e aprendizagem garantindo meios para que o educando tenha desejo e motivos de continuar nos estabelecimentos de ensino, pois a realidade escolar de hoje obriga a buscar cada vez mais maneiras de transmitir o sentimento e o significado da aprendizagem contínua aos alunos. Para as pessoas com deficiência essa participação é maximizada porque a sociedade impôs a eles o estigma de que são incapazes, limitar-se a esse processo é difícil e poucas pessoas conseguem, são muitos os estigmas e estereótipos que exacerbam o sentimento de abandono desses alunos. (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012, p. 11) Diversos autores nos últimos anos têm se dedicado a estudar sobre a importância das ferramentas que colaborem para o processo educativo dos educandos com necessidades educacionais especiais, visto que não é apenas o ambiente escolar acolher e possibilitar o acesso e mais a permanência desses alunos, mas oportunizar meios para que todos os alunos possam se sentir participantes desse espaço (VALENTIM, 2011). 11 Sobre esse cenário, Martins et al (2018), ressaltam que a educação inclusiva compreende uma ação política e responsável com o outro em sua mais complexa situação, além disso, é por meio dessa oportunização de acesso e garantia de direitos da pessoa com deficiência tende a melhorar o espaço escolar, no sentido de proporcionar um ambiente dotado de experiências e indivíduos conscientes que respeitam o outro em sua complexidade, em seus processos emancipatórios, sua postura crítico-reflexiva, e também como estímulo de seu protagonismo social na sua forma de atuar no âmbito escolar. Deste modo, o aluno com deficiência educacional especial precisa ser entendidocom um agente de luta, de resistência, do fazer vivido, como já preceitua Paulo Freire em vários estudos que o ser social é compreendido de saberes produzidos no seu dia a dia, muitos destes saberes são essenciais para se complementar com aqueles produzidos nos muros da sala de aula, por isso que o profissional docente deve educar o olhar sobre o aluno, independentemente da sua incapacidade, raça, classe social, orientação sexual e outros (CAMPOS; DUARTE, 2011). 1.2 Lúdico Como Prática Pedagógica Na Inclusão Do TEA Sabe-se que a aprendizagem ocorre na criança não somente a partir de práticas formais de ensino, mas também através das observações de tudo o que ocorre ao seu redor, principalmente pelo comportamento dos pais e professores. Assim, na educação infantil são utilizados diversos métodos no processo de ensino e aprendizagem, destacando-se como primordial o trabalho lúdico que favorece o aprendizado da criança, considerando que ela aprende enquanto brinca (PASTORELLO; ANGELO E TORRES, 2015). O trabalho lúdico vem sendo utilizado como uma boa estratégia principalmente na educação infantil considerando suas vantagens em relação aos estímulos para o desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem de uma criança, auxiliando-a na promoção das capacidades de atenção, memória, percepção, sensação e todos os aspectos básicos relacionados à aprendizagem (CRESPO, 2019). Fernandes (2011) afirma que a educação especial pode ser ofertada através de recursos e serviços especializados, possibilitando a aprendizagem e a participação dos alunos em diversas atividades propostas, desde que respeitadas suas limitações. 12 Sendo assim, o processo de alfabetização de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é complexo e exige um aprofundamento sobre o funcionamento mental dessas crianças, no que concerne à aprendizagem e apropriação do sistema de escrita alfabética, elas devem ser olhadas em sua dimensão humana, em termos de suas possibilidades a serem desenvolvidas e seus desafios a serem superados, a partir do estabelecimento de recursos e materiais que promovam sua aprendizagem (PINHO, 2018). E pensando nos desafios enfrentados para incluir com qualidade uma criança com TEA no espaço escolar, é fundamental refletir sobre a importância do prazer e da motivação para atingir o aprendizado de tal criança, pois, quanto mais divertida e interessante for a tarefa, maior será o tempo de engajamento da criança (SANTOS, 2016). As atividades lúdicas são capazes de despertar nas crianças com TEA o prazer por aprender, o autoconhecimento, além de elevar sua autoestima e nível de autoconfiança, visto que, o trabalho com atividades lúdicas promove o aprender de maneira organizada e prazerosa, além de permitir a identificação de habilidades e possíveis dificuldades que os alunos possam apresentar em seu processo de alfabetização (SOARES, 2016). Portanto, as atividades lúdicas são consideradas uma fonte de significação, na medida em que a criança tem a possibilidade de explorar e manipular materiais variados, passando a reinventar sua realidade, reconstituindo suas vivências e atribuindo significado as suas experiências, transformando essas atividades (concreto) em linguagem escrita (abstrato), e assim, evoluindo em seu desenvolvimento educativo (PIAGET, 1979). Para Silva (2013) a ludicidade deve ser utilizada diante do diagnóstico precoce, onde podem ser utilizados jogos, brinquedos e brincadeiras para tornar prazeroso o desenvolvimento da aprendizagem das crianças com autismo. No mais, Crespo (2019), diz que o trabalho lúdico ofertado às crianças autistas também visa muitos benefícios para seu desenvolvimento, porém, exige maior mediação do outro (familiares/professores) para que este processo ocorra de forma adequada, levando em considerando um sistema de ensino regular preparado para lidar com alunos sem dificuldades de aprendizagem, os educadores precisam reconhecer a singularidade de cada aluno dentro da ótica social, cultural, psicológica e de aprendizagem, possibilitando um trabalho focado que venha a contribuir com 13 suas dificuldades específicas, não devendo jamais ser generalizada toda e qualquer dificuldade de aprendizagem (CRESPO, 2019). 14 CAPÍTUO II - TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 2.1 Aspecto Histórico “A palavra autismo vem do grego autos e que significa “self”. O termo autismo foi criado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuer, em 1911, que estudava os sintomas de esquizofrenia em adultos. No entanto, o psiquiatra infantil Léo Kanner foi o primeiro a publicar uma investigação sobre o Autismo na década de 1940 em seu artigo Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo para descrever um grupo de onze crianças que se diferenciavam das outras pela incapacidade de estabelecer relações com pessoas, e por apresentarem um conjunto de atrasos, alterações na aquisição ou uso da linguagem, obsessão em manter o ambiente organizado acompanhado de uma tendência em repetir atividade ritualizada” (ORRÚ, 2012 p.18). Nessa época, crianças observadas com transtornos psiquiátricos graves eram frequentemente diagnosticadas em uma única e ampla categoria, denominada esquizofrenia. Todavia, a diferença entre autismo e esquizofrenia não se deu apenas no início, Kanner observou que alguns sintomas clinicamente verificáveis eram similares, tais como retraimento social e irritabilidade. E em 1956, ele propôs uma reformulação dos critérios de diagnósticos, pois acreditava que deveriam desenvolver um método mais passível de generalização (ADLER; MINSHAWI; ERICKSON, 2014). No Brasil, o conhecimento sobre TEA foi se instalando gradativamente através dos conceitos da psiquiatria de Kanner, da psiquiatria infantil francesa de 1980, e das abordagens psicanalíticas. No ano de 1983, surgia a primeira Associação de Amigos de Autistas do Brasil, a AMA-SP, tendo como principal mentor o Dr. Raymond Rosemberg. E em 1989, a Associação Brasileira do Autismo (Abra) promoveu o I Congresso Brasileiro de Autismo, cuja segunda edição aconteceria em 1991 (ASSUMPÇÃO JUNIOR et al, 1995). Em 1953, foi publicada pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais (DMS), manual este conhecido como “bíblia” da psiquiatria, que traz até hoje o que há de mais atual em termos de classificação e diagnóstico de transtorno mentais. O DMS passou por várias versões e sempre teve como objetivo reunir e organizar informações sobre os transtornos e os avanços na neurociência, e na genética ao longo dos anos (MANUAL DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO MENTAIS, 2021). 15 Em 2013, foi publicado a versão mais atual do manual, o DMS-5, oficialmente publicado em 18 de maio de 2013, cujo objetivo em garantir que a nova classificação, com a inclusão, reformulação e exclusão de diagnóstico, forneça uma fonte segura e cientificamente embasada para aplicação em pesquisa e na prática clínica. Além de exibir consideráveis mudanças nos critérios de diagnósticos do autismo, tais como categoria diagnóstica utilizando o termo TEA (Transtorno do Espectro Autista). Os transtornos incluídos no TEA foram: Transtorno Autista, Transtorno Desintegrativos da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outra especificação. No entanto, essas categorias passaram a ser consideradas na mesma categoria do Espectro Autista, e não mais em condições diferentes. O manual também indica que, quando o TEA estiver associado a alguma condição médica, genética ou ambiental, o médico deverá sinalizar essa outra especificidade no diagnóstico e repassar aos pais as devidas informações e os impactos desse outro diagnóstico na vida da criança (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).Ainda no ano de 2013, o Ministério da Saúde Brasileiro em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), criaram uma cartilha denominada “Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)”. Essas diretrizes têm como objetivo central frisar as orientações às equipes multiprofissionais para o cuidado à saúde do indivíduo com TEA e sua família, nos diferentes pontos de atenção da rede de cuidados à pessoa com deficiência. Para sua elaboração, foram utilizados o Código Internacional de Funcionalidade e Incapacidade (CIF) e os sistemas internacionais de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) (BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). 2.2 Abordagem Geral Do Transtorno Do Espectro Autista O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é apontado com uma disfunção multifatorial, tendo como etiologia ligada a fatores genéticos, ambientais, imunológicos e neurológicos. Seu diagnóstico pode ser dificultado por não apresentar os mesmos sinais em todos os quadros e pelo aparecimento destes nos primeiros anos de vida (CANUT et al, 2014). Trata-se de um transtorno invasivo do desenvolvimento atípico do cérebro que pode se tornar perceptíveis antes dos 2 anos e pode ter um diagnóstico entre 2 a 4 anos na idade, ou seja, quanto mais precoce os sintomas se manifestam, 16 mais rápido será a identificação. Os sintomas variam de uma criança para a outra, as características principais se definem como, comprometimento no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal, déficit de atenção, comportamentos repetitivos e aparentemente sem propósitos, bloqueio de realizar atividades em grupos e de interação social (FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020). Especialistas concordam que é um transtorno causado por uma possível desordem do desenvolvimento dos neurônios durante o processo de maturação gestacional, mas que não podendo ser diagnosticado durante a gestação. Estudiosos afirmam que, para conseguir reverter alguns dos traços dessa disfunção, é fundamental que ela seja reconhecida antes dos sete anos, porém, o diagnóstico só pode ser fechado com 3 ou 4 anos de idade, ou seja, idade em que a criança já possui controle a nível neuropsicomotor (BRAMBILLA et al, 2005 apud AZEVEDO; GUSMÃO, 2016). Portanto, o TEA é considerado um transtorno que vai além da sua complexidade, pois é necessário a ajuda familiar em observar os sinais e ir em busca de vários profissionais que possa ajudá-lo com o diagnóstico. 2.3 Diagnóstico do Autismo Pesquisas demonstram que a identificação precoce dos sinais e dos sintomas de risco para o desenvolvimento do TEA é extremamente importante, pois, quanto mais rápido iniciar o tratamento, melhores serão as consequências em termos de desenvolvimento cognitivo, linguagem e habilidades sociais (DAWSON et al, 2012; HOWLIN et al, 2009; REICHOW, 2012). Para chegar a um diagnóstico de autismo não é simples, pois não existem exames para identificá-los. Porém, alguns podem ser necessários para descartar outros problemas, como exames auditivos, visuais etc. É preciso fazer uma avaliação completa da criança para se chegar a um diagnóstico e deve ser feito por uma equipe de profissionais especializados. Essa equipe vai precisar de um tempo para observar o comportamento da pessoa, analisar sua história de vida e o desenvolvimento de suas relações sociais. A avaliação não é feita em um único atendimento, pois é um processo que deve ter acompanhamento contínuo. Essa avaliação também vai indicar o tratamento mais adequado para cada pessoa, e deve ser refeita periodicamente 17 para acompanhar sua evolução (CARTILHA DIREITOS DAS PESSOAS COM AUTISMO, 2011). 2.4 Grau Do Autismo De acordo com o Manual de Orientação do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, o transtorno do Espectro do Autismo, pode ser classificado em três graus, dependendo do nível de dependência e necessidade de cada pessoa (MANUAL DE ORIENTAÇÃO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, 2019), tais como: Nível 1 (Grau Leve): Necessidade de pouco apoio, a criança nesse grau apresenta dificuldade na comunicação social e dificuldade em iniciar interações com outras pessoas. Há também um padrão de comportamento repetitivo e restrito. Nível 2 (Grau Moderado): Necessidade de apoio mais substancial, pois há um déficit mais evidente nas habilidades de comunicação. Há também uma certa resistência na criança quanto a rotinas e estresses, deste modo, dificuldade em manter o foco em atividades. Nível 3 (Grau Severo): Necessidade de apoio altamente substancial, a criança apresenta severos prejuízos na sua comunicação. Além de uma forte presença de inflexibilidade comportamental e não há facilidade de lidar com mudanças na rotina. 2.5 Epidemiologia Do TEA No Brasil O número elevado de indivíduos diagnosticados com TEA destina-se a um problema de saúde pública, para o qual é necessária a implementação de estratégias para o diagnóstico precoce, determinação de possíveis fatores de risco e atendimento efetivo às crescentes necessidades comportamentais, educacionais e ocupacionais dessa população (CAMOS, 2019). O Ministério da Saúde publicou em 2013 junto a Diretriz de Atenção à Reabilitação da Pessoa com TEA, que os profissionais de saúde, bem como os familiares, podem contribuir e facilitar a identificação precoce do autismo em crianças de até 3 anos de idade (GOMES et al, 2015). 18 No Brasil, em 2010, aproxima-se cerca de 500 mil pessoas com autismo. No presente momento estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas. Apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem para conseguir encontrar tratamento adequado (REVISTA ESPAÇO ABERTO, 2019). 19 CAPÍTUO III - ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 3.1 Aspecto Geral Aprender a língua falada e escrita é um dos elementos mais importantes na prática social. Muitos acreditam que esse processo consiste inteiramente na codificação e decodificação de letras e sons, o que significa que por meio de mecanismos repetitivos o aluno memoriza os códigos ou letras para lê-los e escrevê- los ao mesmo tempo (GARCIA; OLIVEIRA, 2019). Essa ideia foi desmitificada a partir das diversas pesquisas e investigações que vêm ocorrendo na área da linguagem e no entendimento de como o ser humano constrói o conhecimento. Assim Carvalho e Mendonça (2006) apontam que, “As pesquisas e práticas pedagógicas de alfabetização que tiveram lugar nos últimos anos vêm evidenciando duas questões da maior importância para os educadores. Uma delas é que não basta ensinar aos alunos as características e o funcionamento da escrita, pois esse tipo de conhecimento não os habilita para o uso da linguagem em diferentes situações comunicativas. E a outra é que não basta colocar os alunos na condição de protagonistas das mais variadas situações de uso da linguagem, pois o conhecimento sobre as características e o funcionamento da escrita não decorre naturalmente desse processo. Em outras palavras, isso significa dizer que é preciso planejar o trabalho pedagógico de alfabetização, articulando as atividades de uso da linguagem com as atividades de reflexão sobre a escrita. Isso significa dizer que a alfabetização, tomada como a aprendizagem inicial da leitura e escrita, não pode se dar fora de contextos de letramento que potencializem o domínio da linguagem”. (CARVALHO; MENDONÇA, 2006, p. 35) Para Soares (2000), [...] Letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas, seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentose práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização (SOARES, 2004, p. 29). Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever, já o indivíduo letrado, é aquele que vive em estado de letramento, ou seja, não é só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica, leitura e a escrita (SOARES, 1998). 20 O termo letramento não substituiu a palavra alfabetização, mas aparece associada a ela. Apesar disso, as práticas de letramento que aconteciam no Brasil se confundiam com as de alfabetização, como afirma Soares (2004) "no Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se superpõem, frequentemente se confundem”. Dessa forma, levando em consideração o papel do sujeito na sociedade e da sua interação com o outro, entende-se assim que a educação completa seu objetivo quando, além de codificar e decodificar o sistema alfabético brasileiro, o sujeito é capaz de absorver o conteúdo e adotar uma postura crítica sobre o mesmo. Para desvendar as peculiaridades desses termos, alfabetizar e letrar, implica compreender que ambos exigem novas formas de abordagens e dimensões de naturezas diferentes que relacionam saberes, capacidades e competências diversificadas (SOARES, 2004). 3.2 Alfabetização E Letramento Do Aluno TEA O aumento do número de crianças com TEA matriculadas em escolas regulares, principalmente nas de Educação Infantil, indica que a luta pela inclusão ganhou força ao longo dos anos. Por isso, é indispensável conhecer mais sobre esses alunos e saber quais especificidades apresentam para o planejamento de ações que considerem não somente suas necessidades, mas principalmente as habilidades que possuem (CAMARGO; BOSA, 2012). O Letramento emergente, de acordo com Williams (2004), um conceito comumente usado para representar o encontro inicial de jovens crianças com a leitura e a escrita. No que diz respeito a crianças com TEA, hoje é o consenso da necessidade de intervenções precoces que promovam o letramento emergente. Conforme Soares (2003), não basta saber ler e escrever, é necessário saber fazer uso de práticas sociais de leitura e escrita. O indivíduo deve ser capaz de produzir sentido para a linguagem e, dessa forma, chegar às suas próprias descobertas. Portanto, além do letramento emergente dos alunos com Transtorno do Espectro Autista, é preciso desenvolver situações de ensino e aprendizagem que oportunizem a elaboração de práticas sociais de leitura e escrita, porque é tão relevante quanto o ato de ler e de escrever, é saber usar socialmente essas habilidades. Dessa forma, Magalhães e Vargas (2016), diz que 21 [...] propor a aprendizagem da produção de textos escritos para alunos com TEA requer pensar esse eixo da alfabetização numa perspectiva de letramento, considerando e utilizando o interesse do aluno, sua história e as capacidades em possuir uma aprendizagem significativa. Pressupõe-se que, no contexto escolar, as crianças, desde cedo, podem e devem se arriscar a produzir textos individuais e espontâneos, mesmo não tendo o domínio do sistema alfabético, em situações de escrita espontânea mediadas pelo docente inclusive a posteriori para estruturação conjunta da produção textual com o aluno. (MAGALHÃES E VARGAS,2016, p. 99) E para Vygotsky (2000), “A escrita desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cultural da criança, visto que seu desenvolvimento, quando sob o aspecto de linguagem escrita, em consonância com as necessidades naturais desenvolvidas pelo próprio educando - em contraposição a necessidades artificialmente impostas de aprendizado de uma escrita meramente mecânica e dissociada da vivência social do mesmo – tem o poder de facilitar bastante o seu desenvolvimento enquanto sujeito de cultura”. (VYGOTSKY, 2000, p. 50) Dessa forma, aprender a escrever possibilita que a criança ultrapasse aquilo a que está acostumada, no seu grupo social, para que possa quando inserida em contextos mais letrados ter ferramentas mais críticas e criativas de participação social, por meio da escrita (BRASIL, 2012). E dentre os variados métodos de alfabetização existentes, não se pode selecionar um e dizer que este seja o mais eficaz ou o mais indicado para alfabetizar crianças autistas. Assim como as crianças sem autismo, as crianças com autismo também precisarão de uma análise individualizada de suas características pessoais, limitações e potencialidades. Abaixo apresentamos alguns métodos de intervenção para alfabetização e aprendizagem: Quadro 1 – Métodos de alfabetização MÉTODO PECS É conhecido mundialmente por estar ligado aos componentes incitativos da comunicação por meio da utilização de figuras. MÉTODO TEACH Trabalha-se a linguagem receptiva e a expressiva. Para tanto, são utilizados estímulos visuais como fotos, figuras ou cartões, além de estímulos corporais. MÉTODO MONTESSORI Trabalha a educação da vontade e da atenção, com a qual a criança terá a liberdade de escolher o material a ser utilizado, proporcionando a cooperação entre alunos. MÉTODO ABA Incentiva o conhecimento através de materiais concretos cientificamente desenhados. Auxilia o desenvolvimento do pensamento conceitual e abstrato. Fonte: adaptado GARCIA; OLIVEIRA, 2019 22 METODOLOGIA Estudo elaborado a partir dos objetivos desta pesquisa através de uma revisão bibliográfica integrativa, por se tratar de um método que têm como finalidade agrupar e sintetizar os resultados de pesquisas sobre um determinado tema, de maneira ordenada e organizada, o que contribui para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado. Cujo instrumento utilizado será um compilado de informações e dados extraídos de bibliográficas de livros, artigos científicos, dissertações. Delineamento Do Estudo De caráter descritivo com delineamento qualitativo por meio de uma Revisão Integrativa da Literatura (RIL), com o propósito de obter um profundo entendimento das práticas pedagógicas na alfabetização e letramento do aluno com transtorno do espectro autista. Baseando-se em estudos anteriores, que consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos (MATTOS, 2015). Busca Na Literatura A coleta de dados será realizada on-line, por meio da Biblioteca Eletrônica Cientifica (SciELO) e Google Acadêmico, no primeiro semestre de 2021, selecionando artigos publicados no período de 2015 a 2020. ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO O processo de aprendizagem de crianças que apresentam TEA traz uma discussão muito presente no sistema educacional. Participar de forma plena das tarefas escolares, interagir com seus pares de forma significativa e utilizar a comunicação dentro de um contexto social pode ser desafiador para essas crianças, 23 devido aos prejuízos que apresentam na interação, comunicação e no comportamento (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). O contato com essas crianças instiga-nos a pensar em alternativas de trabalho pedagógico que possam contribuir para sua inclusão educacional ao promover a participação ativa nas tarefas e atividades escolares, oportunizar situações de trocas de experiências ricas em aprendizagens que poderão ser fundamentais para a aquisição de conhecimentos que auxiliarão em seu processo de desenvolvimento (PINHO, 2018). A pesquisa de Morais (2012), ressalta que todos têm o direito de se alfabetizar e aprender dentro de um espaço diversificado, que valorize a bagagem cultural trazendo consigo ao chegar na escola, eque todos devem respeitar seu ritmo e tempo de aprendizagem, valorizando as possibilidades de leitura e práticas que podem ser oferecidas. Portanto, esta ideia é particularmente importante para as crianças com TEA. Nesse sentido, chama a atenção para a criação de ambientes lúdicos de aprendizagem que promovam a compreensão dos efeitos sonoros, culminando na escrita das palavras, ou seja, aconselha o brincar com as palavras de forma prazerosa e significativa através de jogos, brincadeiras e canções, deixando de bombardear as crianças com informações sobre as famílias silábicas, como mera memorização sem sentido e de maneira descontextualizada. Gomez e Terán (2014), diz que a forma de aprendizado da criança com autismo difere daquela das crianças com desenvolvimento neurotípico, devido à forma como interage no meio social e da maneira como se comunica, seja com movimentos repetitivos de balanço seja com a expressão verbal repetitiva. Essa forma de comunicação peculiar, está relacionada à estruturação do universo simbólico dessa criança, que apresenta prejuízos, desde o início de seu desenvolvimento, devido às limitações no campo da representação mental das vivências que são limitadas pela dificuldade nas relações sociais e no uso do código comum às demais pessoas. Isso prejudica também os processos de aprendizagem dos conteúdos educativos. Na pesquisa de Araújo (2015), voltada para à alfabetização de crianças com TEA na rede regular de ensino, foram realizadas cinco entrevistas com professores alfabetizadores. O objetivo foi caracterizar a percepção desses docentes sobre a alfabetização e o conhecimento do autismo. Os resultados apresentados mostram que os professores apresentam pouco conhecimento sobre o assunto e não dispõem de 24 estratégias de trabalho adequadas para alfabetizar esses alunos, devido ao despreparo. Contudo, pesquisas como de Sant’Anna (2015) revelam que ainda há inúmeros fatores a serem vencidos como a falta de condições de acessibilidade à escola e a fragilidade na efetivação de políticas públicas para formação de professores, entre outros, como condição que dificulta a efetivação de uma educação com qualidade para todos, de tal modo que garanta acesso, permanência e aprendizagem de todos os alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste estudo, através dos objetivos iniciais e na metodologia abordada, foi possível proporcionar um amplo conhecimento sobre as práticas pedagógicas na alfabetização e letramento do aluno com transtorno do espectro autista, assim como, a importância do lúdico presente nessas práticas pedagógicas, principalmente na educação infantil (início da vida escolar do indivíduo) para o desenvolvimento, aprendizagem, socialização, formação pessoal e social das crianças. Foi possível também, ter conhecimento sobre o processo de inclusão, aspecto histórico do TEA, abordagem geral, diagnóstico, grau do autismo, epidemiologia no Brasil. Além de compreender a importância da interação professor-aluno, aluno- aluno. E a importância deste como um todo no processo de inclusão de crianças com TEA e suas possibilidades de participação e desenvolvimento por meio das práticas pedagógicas. Nesse sentido, espera-se que este trabalho venha contribuir no processo da alfabetização e letramento da educação inclusiva, analisando as práticas que ocorrem em uma sala de aula comum em todos os segmentos. 25 REFERÊNCIAS ADLER, B. A; MINSHAWI, N. F; ERICKSON, C. A. Evolution of autism: from Kanner to DSM-V. In: J. TARBOX, D. R; DIXON, P; STURMEY, J. L; MATSON, J. L. (Org.), Handbook of early intervention for autism spectrum disorders: research, policy, and practice, p.1 – 842. USA: Springer. 2014. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. 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