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PUC-RIO - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO JUR 1831 – Teoria das Obrigações e dos Contratos I Turma 2 HA – 2012.2 Prof. Marcelo Trindade Prova G1 – 02.10.2012 – Prova B - Gabarito Responda, sucinta e objetivamente, justificando suas respostas com base nos preceitos legais pertinentes. 1) Diferencie, entre as obrigações de não fazer, as diferentes modalidades de conduta omissiva que podem constituir o objeto da obrigação. As obrigações de não fazer são classificadas em obrigações de abstenção e de tolerância (5 pontos). Nas primeiras o devedor se obriga a não atuar; nas últimas, a permitir que o credor atue, deixando o devedor de reprimir a conduta do credor como ordinariamente poderia, caso não se houvesse obrigado (15 pontos). 2) Que meios estão à disposição do credor, em uma obrigação de fazer fungível, para buscar o cumprimento da prestação? O credor pode perseguir o cumprimento forçado pelo devedor (utilizando-se da norma do art. 461 do CPC) ou mandar que um terceiro cumpra, cobrando do devedor os custos (15 pontos) e, em qualquer dos dois casos, as perdas e danos decorrentes do não cumprimento (CC, art. 249) (5 pontos). 3) Álvaro e Eduardo, de um lado, e Carolina, de outro, celebram um contrato de permuta. Pelo contrato Álvaro e Eduardo se obrigam a entregar a Carolina um cavalo de corrida, a ser escolhido por Carolina dentre aqueles de propriedade de Álvaro e Eduardo que sejam filhos do grande campeão Tufão, e tenham menos de 5 anos. Carolina, por sua vez, obriga- se a entregar a Álvaro e Eduardo a égua Preciosa, de sua propriedade. Pergunta-se: a) Caso, no dia designado para a escolha e o pagamento, Carolina seja informado de que, dentre os cavalos de propriedade de Álvaro e Eduardo filhos de Tufão, todos os que contavam menos de 5 anos foram vendidos por Álvaro a um comprador estrangeiro milionário sem conhecimento de Eduardo, que direitos teria Carolina contra Álvaro e contra Eduardo? Como se tratava de obrigação de dar coisa incerta, a princípio o gênero não pereceria (CC, art. 246). Mas como neste caso o gênero era limitado – cavalos filhos de Tufão de uma certa idade – e os devedores dolosamente alienaram os cavalos com tais características que possuíam, caso não seja possível adquirir cavalos semelhantes, a prestação terá se tornado impossível por culpa dos devedores, devendo incidir, por aplicação analógica, o art. 234, segunda parte, do Código Civil (15 pontos). Como os devedores não eram solidários e apenas Álvaro foi culpado, a prestação indivisível se converte em pecuniária divisível, o devedor não culpado (Eduardo) fica exonerado, e apenas o culpado (Álvaro) responde pelo equivalente e pelas perdas e danos (CC, art. 263, § 2º) (5 pontos). b) Caso, ao contrário da questão anterior, Carolina escolha o cavalo Tufinho, mas ele venha a falecer antes da entrega, durante o transporte, sem culpa de Álvaro e Eduardo, que direitos tem Carolina contra Álvaro e contra Eduardo? Carolina não tem nenhum direito porque, com a escolha, a obrigação de dar coisa incerta passou a ser de dar coisa certa (CC, art. 245) (5 pontos), e a coisa certa se perdeu sem culpa dos devedores, resolvendo-se a obrigação na forma do art. 234, primeira parte, do Código Civil (15 pontos). c) Caso, ao contrário das questões anteriores, o cavalo escolhido por Carolina lhe seja entregue, a quem, e como, deve Carolina pagar? Como a prestação de Carolina era indivisível e não havia solidariedade (5 pontos), aplica-se o art. 260 do Código Civil, e Carolina deve pagar a ambos os credores conjuntamente ou a um deles, desde que este dê caução de ratificação da quitação pelo outro (15 pontos).
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