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Prova de xícaras INSTITUTO FEDERAL DO SUDESTE DE MINAS GERAIS Campus Manhuaçu Classificação e Certificação do Café - Curso Técnico em Cafeicultura Prof. Lais Brito Cangussu 1/2019 INSTRUÇÃO NORMATIVA n° 8, 11 de junho de 2003 (MAPA) Regulamento Técnico de Identidade e de Qualidade para classificação do café beneficiado grão cru Objetivo: Definir as características de identidade e de qualidade para classificação do café beneficiado grão cru. Categoria (espécie) subcategoria (formato do grão e a granulometria) Grupo (o aroma e o sabor) - Arábica ou Robusta Subgrupo (a bebida) Classe (cor) Tipo (qualidade) Prova de Xícaras Surgiu no Brasil no início do século XX Adotada oficialmente em 1917 Avaliação em função, principalmente, dos sentidos. Fator mais importante na determinação da qualidade do café – A bebida Visão Paladar Tato Olfato Sensações: intensidade, extensão, duração, qualidade e gosto ou desgosto. Prova de xícaras Sentido da visão Usado para avaliar o aspecto, a cor, o preparo do grão e acompanhar o ponto certo e a qualidade do café na torra Prova de xícaras Sentido do paladar (gosto) Está ligado à língua, órgão de estrutura muscular preso na parte superior do osso hióide e na parte inferior por uma prega chamada freio. A língua é envolvida por uma mucosa que, além de uma grande sensibilidade táctil, apresenta saliências que são as papilas gustativas. Nelas estão conectadas terminações nervosas que levam as sensações de gosto ao cérebro. As papilas filiformes são de forma cônica. Além de serem receptores dos sabores salgados e ácidos, exercem uma função tátil e térmica na superfície da língua. Fungiformes: papilas em forma de cogumelo são encontradas na frente da língua. Eles são os mais fáceis de diferenciar e normalmente são usados para perceber o sabor doce. As papilas foliadas são encontradas nas laterais e pequenas dobras da mucosa lingual e no dorso da língua. São as papilas que são menos desenvolvidas. As caliciformes estão localizadas na parte de trás da língua, onde a garganta começa. Eles são responsáveis por perceber o gosto amargo e são colocados em uma depressão semelhante a um cálice, daí seu nome. Prova de xícaras Sabores fundamentais Doce Amargo Ácido Salgado Umami Prova de xícaras Sentido do tato As terminações nervosas na pele e nas mucosas são responsáveis pelo sentido do tato, que se manifesta por diferentes impressões. No caso do degustador de café, as impressões tácteis são as que estão presentes na ponta da língua através das papilas filiformes, respondendo aos estímulos de contato e pressão, como, por exemplo, a bebida dura, que dentre outros sentidos é percebida pelo tato. Prova de xícaras Sentido do olfato No nariz que estão localizadas as terminações nervosas do olfato. Essas terminações são sensíveis aos gases trazidos pelo ar que respiramos levando as sensações ao cérebro. Tudo aquilo que pode ser percebido pelo sentido do olfato denomina-se aroma. Ao degustar o café, a combinação de gosto (paladar) e aroma confere o que denominamos de sabor do café. Materiais e equipamentos para a degustação Deve ter 0,87 m de altura e 1,04 m de diâmetro. É utilizada para facilitar o serviço do degustador, que deve ficar sempre na mesma posição e ter contato com todos os lotes a serem analisados, que passam por ele quando a mesa é girada. Mesa giratória para prova Prova de xícaras Materiais e equipamentos para a degustação Deve ser apropriado para para a torra de amostra para degustação, com sistema de resfriamento do café torrado e ventilação apropriada para eliminação da fumaça e com moinho aclopado. Torrador/Moinho Prova de xícaras Materiais e equipamentos para a degustação Recipiente onde o degustador expele o líquido degustado Cuspideira Prova de xícaras Materiais e equipamentos para a degustação São xícaras de pirex ou porcelana com capacidade de 100 mL Xícaras de prova Prova de xícaras Materiais e equipamentos para a degustação A bandeja de resfriamento deve ser perfurada para dar passagem ao ar do exaustor, que facilita o resfriamento. A bandeja de coleta do pó deve ficar localizada abaixo do moinho, para o recolhimento do pó, e não deve ser perfurada. Bandejas quadradas Prova de xícaras Materiais e equipamentos para a degustação Colher tipo concha com capacidade de aproximadamente 10 mL. Colher para degustação Prova de xícaras Cálculo quantidade de pó Prova de xícaras Para cada lote de café, serão utilizadas 7 xícaras com 8- 10 gramas de pó de café em cada uma. Para cada xícara: 10 g de pó 10 g para limpar o moinho 20 g para exposição na mesa 10 % do peso dos grãos selecionados para quantificar as perdas de umidade da amostra Torra A torra deve ser realizada com bastante cuidado e atenção, para que o seu ponto seja acertado, pois caso seja classificada como má torra, o café não apresentará as características desejadas, perdendo, assim, todo o processo de torração. A torra para a prova de xícara é caracterizada por uma coloração achocolatada-clara denominada torra americana. A torra é classificada em: fina, boa, regular, má e característica Limpeza interna do torrador: utilizada amostra neutra (bebida dura) de café (colocada para girar durante um minuto). 17 Torra O torrador é composto por motor, rosca sem fim, correia, fogareiro, sistema de ventilação, sistema de resfriamento, moinho e tambores giratórios perfurados. Todos esses itens devem ser verificados antes de se iniciar o processo, sendo lubrificados quando necessário. Ponto de torra: início da mudança de cor dos grãos e emissão de fumaça, pois esta sinaliza o final da liberação da água existente no grão e o início da liberação de outras substâncias, indicando a proximidade do ponto de torra. Outro sinal é a dilatação das moléculas dos grãos pela liberação de água, fazendo com que estalem como pipoca. O resfriamento é importante para preservação da qualidade do café. Quanto mais rápido for interrompido o processo de torra, maior será a garantia de conservação da qualidade da amostra analisada. Moagem A película deve ser retirada para não interferir na prova de xícara, e pode ser realizada por meio de abanação ou pela ventilação do torrador. É importante que a moagem obedeça um padrão de granulação apropriada (mais grossa) para que a qualidade se realce durante a infusão. Influência bebida A bebida do café é influenciada pela presença de grãos verdes, verdes-pretos, pretos e ardidos. Outras influências: cuidados no preparo, condições climáticas. Todo fruto maduro possui todas as características desejáveis para produzir uma bebida de qualidade. Se o café for corretamente conduzido certamente essas características serão preservadas e repassadas para o grão. Bebida café arábica Características Mole Sabor agradável, brando e adocicado Estritamente mole Todos os requisitos da bebida mole, pórem mais acentuados Apenas mole Sabor levemente doce e suave, mas sem adstringência ou asperezas de paladar Duro Gosto acre, adstringente e áspero, entretanto não apresenta paladares estranhos Riado Leve sabor químico, típico de iodofómio Rio Cheiro e gosto químico em grande proporção (iodofórmio) Rio Zona Sabor e odor muito acentuado, assemelhado ao iodofórmio ou ao ácido fênico, intoleráveis ao paladar e olfato Arábica: Equilíbrio entre o ácido, o amargo e o doce Bebidas Finas: Mole, estritamente mole, apenas mole e duro Bebidas fenicadas: riado, rio e rio zona. Subgrupo Bebida café conillon Má regulagem da máquina beneficiadora Excelente Defeitos não interfere na bebida, trazendo uma acidez leve e mediana, apresentado gosto típico da espécie neutro Boa sabor neutro, típico da espécie e ligeira acidez Regular Sabor típico de robusta sem acidez Anormal Sabor não característico ao produto. Sabor de mofo, rançoso, velho, etc. A espécie robusta possui características próprias, ou seja, cor, sabor, corpo e acidez muito diferentes do café arábica. Forte presença do amargo Subgrupo Preparoinfusão O preparo da infusão é a etapa final e deve ser realizada com bastante cuidado, principalmente com relação à higiene dos materiais que serão utilizados. Deve-se evitar gostos e aromas estranhos que possam interferir diretamente no resultado da análise sensorial. Para cada xícara são necessários 100 mL de água. Também é necessário: 1 xícara para a higiene da colher de prova e 1 xícara para a higiene bucal. A temperatura a ser provada é pessoal, portanto na análise sensorial cada um irá encontrar a temperatura ideal Arábica Robusta Arábica Robusta Ácido clorogênico 5,5 -8,0 7,0 – 10,0 2,2 – 4,5 3,8 – 4,6 Açucares redutores 0,1 – 1,0 0,4 – 1,0 0,2 – 0,3 0,2 – 0,3 Cafeína 0,9 – 1,2 1,6 – 2,0 1,0 – 1,3 1,7 – 2,4 Cinzas 3,0 – 4,2 4,0 – 4,4 2,0 – 4,5 4,0 – 6,0 Lipídeos 14,0 – 16,0 9,0 – 13,0 14,0 – 20,0 11,0 – 16,0 Outros ácidos 1,5 – 2,0 1,5 – 2,0 1,0 – 2,4 1,0 – 2,6 Polissacarídeos 44,0 – 55,0 37,0 – 47,0 24,0 – 39,0 25,0 – 37,0 Proteínas 11,0 – 13,0 11,0 – 13,0 7,8 – 10,4 7,8 – 10,4 Sacarose 6,8 – 8,0 5,0 – 7,0 0 0 Sólidos solúveis 23,8 – 27,3 26,8 – 30,1 26,0 – 30,0 28,0 – 32,0 Trigonelina 1,0 – 1,2 0,7 – 1,0 0,5 – 1,0 0,3 – 0,7 Composição Café Torrado Cru Não será exigida nenhuma marcação ou rotulagem relativa à sua classificação, entretanto, deverá o produto estar acompanhado do seu respectivo certificado de classificação. Constar no laudo os motivos que levaram o produto a ser considerado como Fora de Tipo ou Desclassificado. Caso tenha sido solicitado pelo interessado o teor de cafeína, deverá constar no laudo o resultado obtido em laboratório credenciado, mencionado o nome e o número do registro no conselho de classe do profissional autor do laudo, devendo uma cópia de tal documento ser arquivada junto ao laudo de classificação. O laudo é revisado, datado, carimbado e assinado, devendo constar obrigatoriamente carimbo com o nome do classificador e o número do registro no MAPA. Fora de TIPO Mais de 360 defeitos; Mais de 50 grãos pretos ou mais de 100 grãos ardidos ou mais de 100 grãos preto verde; Mais de 300 defeitos, excetuando-se os grãos quebrados, mal granados, conchas, miolos de concha e os brocados limpos. Deverá ser rebeneficiado Reensacado e remarcado Desclassificado Desclassificados temporariamente e proibida comercialização até o rebeneficiamento: Mais de 1 % de matérias estranhas e impurezas; Apresentar insetos vivos; Proibida comercialização e destinação para consumo humano e animal: Aspecto generalizado de mofo; Mau estado de conservação; Odor estranho de qualquer natureza, impróprio ao produto; Resíduos de produtos fitossanitários, teor de micotoxinas e outros contaminantes ou substâncias nocivas à saúdes acima do limite estabelecido por legislação; Presença de sementes tóxicas; Só poderá ser utilizado para outros fins depois de ouvido o MAPA O serviço de classificação deverá comunicar imediatamente o MAPA sobre ocorrência de produto desclassificado. Caberá ao MAPA a decisão quanto ao destino do produto desclassificado O proprietário deverá arcar com os custos pertinentes a operação para destino do produto. Desclassificado Higienização do moinho e demais utensílios Passar pelo moinho uma pequena quantidade do café a ser submetido a prova de xícara, descartando o produto moído Moer 8 – 10 g café torrado, posicionando cada xícara no orifício de saída- repetir 7 vezes Dispor as xícaras em uma mesa de prova circular e giratória Escaldar o pó, utilizando água mineral ou filtrada após a fervura Mexer a infusão com a colher de prova, devendo o provador cheirá-la e retirar a espuma sobrenadante Por meio dos aromas percebidos, separar as bebidas mais favoráveis para degustar primeiro e as menos favoráveis por ultimo Lavar a colher de prova entre uma amostra e outra Aguardar decantação do pó e retirar espuma e resíduos da borda. Aguardar resfriamento da mistura Iniciar a prova e expelir na cuspideira Certificado de classificação Emitido pelo MAPA ou pelas pessoas jurídicas devidamente credenciadas pelo mesmo. É o documento hábil para comprovar a realização da certificação. O prazo para contestação do resultado será de 45 dias após a emissão do certificado.
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