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Pneumotórax: Presença de ar no espaço pleural

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Pneumotórax 
• Contextualize o pneumotórax. O que ocorre fisiologicamente no corpo 
do indivíduo que apresenta essa condição? 
O pneumotórax é caracterizado pela presença de ar no espaço pleural – 
normalmente este é virtual e compreendido entre as pleuras visceral e parietal. A 
entrada de ar pode ocorrer a partir de uma lesão pulmonar que provoque uma 
solução de continuidade na pleura visceral, causando ruptura alveolar e 
extravasamento de ar para a cavidade pleural, ou através de uma solução de 
continuidade, traumática ou não, da parede torácica (pneumotórax aberto). Quando 
a quantidade de ar no espaço pleural é pequena, o pneumotórax pode ser 
assintomático, mas quando ocorre entrada de grande quantidade de ar ou se houver 
uma doença pulmonar associada, pode ser bastante sintomático, levando até 
mesmo a uma situação de risco à vida do paciente (SILVA, HETZEL e FELICETTI, 
2012). 
Em condições normais, os pulmões tendem a colabar devido à pressão 
atmosférica. Durante o ciclo respiratório, a pressão intrapleural é negativa, e 
responsável por manter a expansibilidade pulmonar. Durante a ventilação com 
volume de ar corrente, a pressão intrapleural varia entre -8 e -9 mmHg durante a 
inspiração e -3 a -6 mmHg durante a expiração (PEREIRA, 2020). 
No ciclo respiratório a pressão no interior dos brônquios é maior que a 
pressão intrapleural, variando entre -1 e -3 mmHg na inspiração e entre -1 e -5 na 
expiração, consequência da elasticidade do tecido pulmonar, levando à aposição da 
pleura visceral contra a parietal. O equilíbrio das pressões é perdido quando ocorre 
comunicação do meio externo com a cavidade pleural. Nos pacientes com 
pneumotórax, durante a expiração, a pressão intrapleural sobrepõe-se à pressão 
alveolar, levando ao colapso pulmonar. A progressiva perda de negatividade e o 
colapso do tecido pulmonar mantem-se até que a ruptura seja vedada ou até que a 
pressão interna se iguale com a externa (PEREIRA, 2020). 
A pressão intrapleural entre 11 a 15 mmHg pode desviar o mediastino, 
causando pinçamento das veias cavas, interferir no retorno venoso do coração, 
reduzindo o débito cardíaco, podendo levar a um quadro de pneumotórax 
 
 
hipertensivo. A severidade do quadro depende da amplitude do pneumotórax, da 
condição pulmonar associada e do nível tensional, responsáveis pela limitação da 
ventilação pulmonar. Ocorre diminuição da capacidade vital, volume pulmonar total, 
da difusão, complacência e da pressão alveolar de oxigênio (PEREIRA, 2020). 
Em casos de barotrauma, o pneumotórax surge se o gás atingir o espaço 
pleural. Se este ocorrer a uma profundidade significativa, o gás pleural expande 
durante a ascensão de acordo com a lei de Boyle e pode resultar num pneumotórax 
hipertensivo. As manifestações clinicas incluem dispneia, dor torácica pleurítica, 
taquicardia, hipotensão, desvio da traqueia, hiperressonância à percussão e redução 
unilateral do murmúrio vesicular. É relativamente raro, surgindo em 
aproximadamente 10% dos episódios de barotrauma do pulmão (MACHADO, 2019). 
Pneumotórax deve ser suspeito em pacientes que apresentam dispneia 
aguda e dor torácica (classicamente pleurítica), particularmente naqueles com fator 
de risco subjacente. Os principais diagnósticos diferenciais incluem embolia 
pulmonar aguda, pleurite, pneumonia, isquemia do miocárdio ou infarto, e dor 
musculoesquelético. Exames laboratoriais, eletrocardiografia e imagem torácica são 
geralmente realizados durante o processo de avaliação diagnóstica; é a identificação 
de um pneumotórax na imagem torácica que tipicamente diferencia pneumotórax de 
muitas dessas entidades (LEE, 2021). 
Figura 1. Sinais de alerta para Pneumotórax 
 
FONTE: PEREIRA, 2020. 
A radiografia torácica (tipicamente realizada na posição vertical) é a 
modalidade de imagem diagnóstica mais comum utilizada para pacientes estáveis 
 
 
com suspeita de pneumotórax. A presença de um pneumotórax é estabelecida 
demonstrando uma linha pleural visceral branca na radiografia torácica. A linha 
pleural visceral define a interface entre o ar pulmão e pleural (LEE, 2021). 
Figura 2. Pneumotórax simples direito com colapso pulmonar completo 
 
FONTE: LEE, 2021 
 
REFERÊNCIAS: 
• LEE, Gary YC. Clinical presentation and diagnosis of pneumothorax. 
UPTODATE, 2021. 
• MACHADO, Francisco Nogueira. Fisiopatologia do Mergulho: Doença 
Descompressiva e Barotrauma. 2019. 
• PEREIRA, Amanda Siqueira et al. Pneumotórax, Pneumomediastino e 
Bolhas na COVID-19. ULAKES JOURNAL OF MEDICINE, v. 1, 2020. 
• SILVA, Luiz.Carlos.Corrêa. D.; HETZEL, Jorge. L.; FELICETTI, José. C.; 
AL., et. Pneumologia. Porto Alegre: Grupo A, 2012.

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