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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO- UFOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS- ICEB DEPARTAMENTO DE QUÍMICA- DEQUI QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA/QUI -137 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X APLICADA À METALURGIA ALUNOS: ROBINSON REIS MIRANDA PROFESSORA: GILMARE SILVA NICOLAS MAMEDE PIRES OURO PRETO-MG QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA – FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X OURO PRETO- MG, JULHO de 2011. 2 HISTÓRICO Os primeiros registros escritos sobre fenômenos luminescentes apareceram na literatura chinesa por volta de 1500-1000 a.C., e tratavam sobre a luminosidade dos vaga-lumes. Na Grécia antiga Aristóteles registrou observações de emissões luminosas vindas de peixes deteriorados. A primeira observação registrada de fluorescência em um líquido foi feita por Nicolas Monardes em 1565 A luminescência em sólidos foi descoberta acidentalmente por Bolognian Vincenzo Cescariolo em 1603 após aquecer uma pedra O termo fluorescência foi inventado por Stokes em 1852, derivado da palavra fluoride. O uso da fluorescência para fins analíticos foi sugerido pela primeira vez em 1867 por Goppelsröder, que propôs a análise do Al por meio da fluorescência de uma de suas ligas. Os Raios-X foram descobertos por Wilhelm Roentger, em 1895. Quando essa radiação incide em matéria, vários fenômenos acontecem e o feixe é atenuado, tanto por absorção como por espalhamento. A absorção é mais significativa e cresce com o número atômico da substância, fazendo com que materiais heterogêneos apresentem diferentes atenuações, em função do número atômico médio das diferentes áreas irradiadas. A primeira aplicação desta radiação foi demonstrada pelo próprio Roentger, que publicou um trabalho em 1898 onde exibia a radiografia da mão de sua esposa, com os ossos perfeitamente visíveis. A técnica passou a ser imediatamente usada em Medicina, e perdura até os nossos dias. A sofisticação vista nestes quase cem anos resume-se em geração de imagens em telas de TV e na Tomografia. QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA – FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X OURO PRETO- MG, JULHO de 2011. 3 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X A fluorescência é um processo de fotoluminescência no qual os átomos ou moléculas são excitados por absorção de radiação eletromagnética. As espécies excitadas então relaxam ao estado fundamental, liberando seu excesso de energia como fótons. Uma das características mais relevantes da fluorescência molecular está na sua sensibilidade intrínseca, a qual freqüentemente é de uma a três vezes maiores que a da espectroscopia de absorção. A fluorescência é um dos muitos mecanismos pelos quais a molécula retorna ao seu estado fundamental original após ter sido excitada pela absorção de radiação. Todas as moléculas absorventes apresentam potencial para fluorescerem, contudo, muitos compostos não o fazem porque suas estruturas provêem caminhos para a relaxação não radiativa mais rápida que a emissão fluorescente. O rendimento quântico de fluorescência molecular é simplesmente a razão entre o número de moléculas que fluorescem e o número total de moléculas excitadas, ou a razão entre os fótons emitidos e os fótons absorvidos. As moléculas que fluorescem intensamente, apresentam eficiências quânticas que se aproximam da unidade sob certas condições. As espécies não fluorescentes apresentam eficiências essencialmente iguais à zero. Os compostos que contêm anéis aromáticos apresentam emissão fluorescente mais intensa e mais útil. Enquanto certos compostos carbonílicos alicíclicos e alifáticos, bem como as estruturas de ligações duplas altamente conjugadas, também fluorescem, existem muito pouco desses compostos comparando-se com o número de compostos que contêm anéis aromáticos e que fluorescem. De fato, para determinadas espécies sob condições controladas, a presença de uma única molécula pode ser determinada pela espectroscopia de fluorescência. Outra vantagem está na faixa linear de concentração dos métodos de fluorescência, a qual é significativamente maior que aquela encontrada na espectroscopia de absorção. Contudo, os métodos de fluorescência são muito menos aplicados que os métodos de absorção em razão do número limitado de sistemas químicos que fluorescem com intensidade apreciável. A fluorescência está também sujeita a muitos outros efeitos de interferência ambiental que os métodos de absorção. A produção de Raios-X resulta do bombardeamento de um alvo selado e sob alto vácuo (Rh, Cr, W), por um feixe de elétrons proveniente de um filamento aquecido (cátodo). A aplicação de uma diferença de potencial entre cátodo e ânodo faz com que os elétrons emitidos sejam acelerados, havendo impacto com o alvo. O espectro obtido é constituído por um número discreto de comprimentos de onda de várias intensidades (espectro Característico), sobrepondo-se a uma banda contínua de radiação (espectro Contínuo ou radiação branca). O espectro característico mostra o rearranjo eletrônico resultante da queda dos elétrons-alvo excitados ao nível fundamental. As linhas de emissão, discretas e superpostas entre si, traduzem o ponto em que a energia foi suficiente para remover completamente um dos elétrons-alvo e mostram que outro elétron ocupou seu lugar, emitindo um fóton de radiação X, com comprimento de onda correspondente aos níveis de energia envolvidos, e, portanto, característico do elemento do alvo. As linhas do espectro QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA – FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X OURO PRETO- MG, JULHO de 2011. 4 característico, como mencionado, apresentam comprimentos de onda correspondentes aos níveis de energia envolvidos, e são representados por letras do alfabeto grego e números. A letra indica as camadas envolvidas, enquanto os números reportam-se às subcamadas. Tubo de Raios-X Gerador de Raios-X e módulos de Fluorescência de Raios-X Aplicações industriais dos Raios-X foram surgindo, não só explorando os fenômenos de absorção como também os de espalhamento. Na produção de materiais tão variados quanto ligas metálicas, cerâmicas ou tecidos, os Raios-X determinam porosidade, espessura de camadas, variações de densidade, falhas, inclusões e trincas, basicamente para controle de qualidade. Revista de bagagem em aeroportos e áreas de segurança também é feita por Raios-X O primeiro equipamento de Raios-X foi apresentado por Moseley, em 1912. Era um equipamento primitivo onde a própria amostra funcionava como alvo do tubo gerador. As altas temperaturas geradas impediam que substâncias voláteis ou de baixo ponto de fusão fossem analisadas. Os primeiros equipamentos comercialmente disponíveis datam do começo da década de 50, ainda sem vácuo, o que só permitia a análise de elementos de número atômico superior ao Ti. Praticamente todos os equipamentos, hoje em dia, possibilitam a análise do F em diante, e com cristais especiais pode-se descer até o Be. A melhoria das condições instrumentais trouxe pequenos e contínuos avanços, isto é, melhor resolução e melhor importância, além de limites inferiores de dosagem cada vez mais baixos, mas são pequenos passos, gradativos, ao longo de 40 anos. O grande salto da técnica iniciou em 1989, com a comercialização dos novos “softwares standardless”. Usando um velho conceito (sensitividade instrumental) de forma nova (a sensitividade como calibração instrumental), pode-se hoje analisar 72 elementos químicos, em 15 minutos, sem o auxílio de padrões parecidos com as amostras, sem levantar curvas de calibração.Podem-se analisar metais, rochas, minérios, cerâmicas, cavacos, fios e o que mais se quiser, sem padrões e em qualquer tamanho de amostra. São análises semiquantitativas confiáveis, algumas vezes podendo ser comparadas às quantitativas. QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA – FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X OURO PRETO- MG, JULHO de 2011. 5 Princípio da Fluorescência de Raio- X Atualmente, existem muitos tipos de equipamentos, mas todos recaem em duas categorias: Os espectrômetros por dispersão de comprimento de onda (WDS) Os espectrômetros por dispersão de energia (EDS). As principais diferenças entre as duas técnicas de Raios-X, WDS e EDS, estão embasadas na fonte de excitação, no número de elementos analisáveis, na velocidade de análise e no seu preço. Ambos os equipamentos, em princípio, podem analisar quase todos os elementos entre o F e o U, ambos se beneficiam de microprocessadores e multicanais. O FRX-WDS pode ser sequencial (um elemento analisado de cada vez por um único sistema de detecção) ou simultâneo (vários canais presentes no sistema, como em EO e ICP). Já o FRX-EDS foi e são mais utilizados em quantômetros, microssondas e microscópios de varredura eletrônica, onde a análise qualitativa ou semi-quantitativa é mais importante do que a quantificação, mas vem ganhando espaço como instrumento analítico independente. O custo dos dois equipamentos é bem diferente, dependerá de seus componentes embutidos e potencialidade da técnica a ser utilizada. As principais características a serem computadas para escolha entre um ou outro podem assim ser explicitadas: Para análises quantitativas onde velocidade é o ponto crucial, e onde o custo inicial pode ser justificado, WDS simultâneo é a resposta mais indicada. Para análises quantitativas onde se quer ter maior flexibilidade e onde velocidade não é crítica, com moderado custo inicial justificável, WDS sequencial é o equipamento ideal. Quando o custo inicial é o fator preponderante, ou quando limites de detecção e exatidão podem ser menos rígidos (análises semi- quantitativas ou comparativas), EDS pode ser a melhor solução em custo/benefício. QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA – FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X OURO PRETO- MG, JULHO de 2011. 6 Os equipamentos de FRX WDS são compostos, basicamente, por um tubo que gera radiação X, colimadores para tornar o feixe paralelo, cristais para difratar a radiação, detectores e amplificadores de sinais, e seletor de altura de pulso, para transformar em números a resposta do átomo à excitação. APLICAÇÕES A FRX é uma técnica muito difundida e adequada nas mais variadas indústrias, pelas muitas vantagens: É rápida; É não destrutiva; Não altera as amostras; Pode ser feita sobre sólidos (pós, metais, cerâmicos, plásticos) ou líquidos; Pode ser uma análise qualitativa (varredura), semiquantitativa ou quantitativa, quase todos os elementos da Tabela Periódica podem ser dosados (do Be ao U), os ânions podem ser dosados, a exatidão e reprodutibilidade são altas e as faixas de concentração são amplas (de ppm a perto de 100%). A FRX consegue analisar praticamente todos os elementos da Tabela Periódica. Com os novos cristais de grande espaçamento analisa-se do Be ao U, o que significa cerca de 80 elementos. Ficam excluídos alguns gases nobres, alguns transurânicos, o H e o Li. Os limites de detecção atingem hoje poucos ppm para a maioria dos elementos, e como essa técnica sempre teve bom desempenho para altos teores, pode-se trabalhar de “zero a cem” para qualquer elemento em qualquer material. A maior dificuldade na execução de análises para materiais geológicos é a grande variedade de teores e materiais. Tanto os bens minerais como os minerais de ganga devem ser analisados, em frações onde predominam uns sobre os outros, e em frações onde um está concentrado e o outro está a nível de traço. Assim, para cada elemento a ser dosado, os teores podem variar de ppm a muitos %, fazendo com que uma só técnica analítica ou um só programa QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA À METALÚRGICA – FLUORESCÊNCIA DE RAIOS- X OURO PRETO- MG, JULHO de 2011. 7 analítico não sejam suficientes para extrapolarem-se os teores reais à faixa ótima de atuação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LAKOWIZ, J. R. Principles of Fluorescence Spectroscopy. Plenum Press, 1999 SKOOG,tradução da 8 a edição norte-americana LAJUNEN, L. H. J. Spectrochemical Analysis by Atomic Absorption and Emission. Cambridge: Royal Society of Chemistry, 1992. Scapin,Valdirene de Oliveira, dissertação de mestrado,USP,18/02/2004
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