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FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 1 EQUAÇÃO DA TAXA DE CONDUÇÃO DE CALOR A lei de Fourier é fenomenológica, ou seja, foi desenvolvida a partir da observação dos fenômenos da natureza em experimentos. Imaginemos um experimento onde o fluxo de calor resultante é medido após a variação das condições experimentais. Consideremos, por exemplo, a transferência de calor através de uma barra de ferro com uma das extremidades aquecidas e com a área lateral isolada termicamente: Com base em experiências, variando a área da seção da barra, a diferença de temperatura e a distância entre as extremidades, chega-se a seguinte relação de proporcionalidade: x TAq ∆ ∆.α& ( eq. 3.1 ) A proporcionalidade pode se convertida para igualdade através de um coeficiente de proporcionalidade e a Lei de Fourier pode ser enunciada assim: "A quantidade de calor transferida por condução, na unidade de tempo, em um material, é igual ao produto das seguintes quantidades: & . .q k A dT dx = − onde, &q , fluxo de calor por condução ( Kcal/h no sistema métrico); k, condutividade térmica do material; A, área da seção através da qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente à direção do fluxo ( m2); FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 2 dT dx , gradiente de temperatura na seção, isto é, a razão de variação da temperatura T com a distância, na direção x do fluxo de calor ( ºC/h ) ." A razão do sinal menos na equação de Fourier é que a direção do aumento da distância x deve ser a direção do fluxo de calor positivo . Como o calor flui do ponto de temperatura mais alta para o de temperatura mais baixa (gradiente negativo), o fluxo só será positivo quando o gradiente for positivo (multiplicado por -1). O fator de proporcionalidade k ( condutividade térmica ) que surge da equação de Fourier é uma propriedade de cada material e vem exprimir a maior ou menor facilidade que um material apresenta à condução de calor. Sua unidade é facilmente obtida da própria equação de Fourier ( equação 3.2 ), por exemplo no sistema prático métrico temos : ⎟⎟ ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜⎜ ⎝ ⎛ =−=⇒−= Cmh Kcal m Cm hKcal dx dTA qk dx dTAkq oo ... .. 2 && No sistema inglês fica assim : No sistema internacional (SI), fica assim : W m.K Btu h ft Fo. . Os valores numéricos de k variam em extensa faixa dependendo da constituição química, estado físico e temperatura dos materiais. Quando o valor de k é elevado o material é considerado condutor FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 3 térmico e, caso contrário, isolante térmico. Com relação à temperatura, em alguns materiais como o alumínio e o cobre, o k varia muito pouco com a temperatura, porém em outros, como alguns aços, o k varia significativamente com a temperatura. Nestes casos, adota-se como solução de engenharia um valor médio de k em um intervalo de temperatura. A variação da condutividade térmica ( no S.I. ) com a temperatura é mostrada na figura 3.4 para algumas substâncias. Sabendo que o fluxo de calor é uma grandeza vetorial pode-se escrever uma forma mais geral da equação da taxa de condução: " ⎛ ⎞∂ ∂ ∂= − ∇ = − + +⎜ ⎟∂ ∂ ∂⎝ ⎠ T T Tq k T k i j k x y z Em que ∇ é o operador diferencial tridimensional e ( ), ,T x y z é o campo de temperatura escalar Cada um dos termos da expressão do fluxo de calor representa a transferência de calor em uma dada direção do plano cartesiano, ou seja: " ∂= − ∂x Tq k x " ∂= − ∂y Tq k y " ∂= − ∂z Tq k z EXIGÊNCIA DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA A termodinâmica fornece o subsídio da primeira lei para conservação da energia a ser aplicada em qualquer sistema. FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 4 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA PARA UM VOLUME DE CONTROLE O Volume de controle é um espaço delimitado por uma superfície de controle através do qual a material e energia podem passar. A primeira lei da termodinâmica pode ser dada em função de um determinado instante tempo (t) ou ao longo de um intervalo de tempo (∆t) Instante de Tempo (t): A taxa na qual as energias térmica e mecânica entram em um volume de controle, mais a taxa na qual a energia térmica é gerada no interior do volume de controle, menos a taxa na qual as energias térmica e mecânica deixam o volume de controle deve ser igual à taxa do aumento da energia armazenado no interior do volume de controle. + − = ≡& & & &are g s ardEE E E Edt Intervalo de Tempo (∆t): A quantidade de energia térmica e mecânica que entra em um volume de controle, mais a quantidade de energia térmica gerada no interior do volume de controle, menos a quantidade de energia térmica e mecânica que deixa o volume de controle deve ser igual ao aumento da quantidade de energia armazenada no interior do volume de controle. + − ≡ ∆e g s arE E E E • Os termos relativos a entrada e saída de energia são fenômenos de superfície • O termo da geração de energia é associado a conversão de uma outra forma de energia em energia térmica, sendo um fenômeno volumétrico • O termo de armazenamento de energia é um fenômeno volumétrico, e variação dentro do volume de controle podem ser devidas a variação de energia interna. EQUAÇÃO DA DIFUSÃO DO CALOR O principal objetivo na analise da condução de calor é determinar o campo de temperatura em um meio resultante das condições impostas em suas fronteiras. O fluxo de calor pode ser determinado conhecido o campo de temperatura pela lei de Fourier FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 5 Pela análise da conservação da energia pode-se avaliar um volume de controle diferencial, no qual identifica os processos relevantes de transferência de energia e introduz as equações das taxas de transferência de calor apropriadas. A taxa de transferência de calor por condução nas superfícies opostas pode ser expressa como uma expansão da série de Taylor, da qual se despreza os termos de ordem superior, tem-se assim: • Para direção x: + ∂= + ∂ x x dx x qq q dx x • Para direção y: + ∂= + ∂ y y dy y q q q dy y • Para direção z: + ∂= + ∂ z z dz z qq q dz z O termo de geração de energia pode ser representado por uma fonte de energia,dado na forma: = ⋅& &gE q dxdydz Onde &q é a taxa na qual a energia é gerada por unidade de volume (W/m3) Além disso, ocorre variações na quantidade de energia térmica interna armazenada pelo material no volume de controle. Se o material não sofre mudança de fase, a energia armazenada pode ser dado por: FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 6 ∂= ⋅ ⋅ ∂ & ar TE Cp dxdydz t ρ Substituído na lei de conservação de energia, tem-se: + + + ∂+ + + ⋅ − − − = ⋅ ⋅ ∂&x y z x dx y dy z dz Tq q q q dxdydz q q q Cp dxdydz t ρ Desta forma tem-se a seguinte expressão: ∂∂ ∂ ∂+ + + ⋅ − − − − − − = ⋅ ⋅∂ ∂ ∂ ∂& yx z x y z x y z qq q Tq q q q dxdydz q dx q dy q dz Cp dxdydz x y z t ρ Simplificando, tem-se: ∂∂ ∂ ∂⋅ − − − = ⋅ ⋅∂ ∂ ∂ ∂& yx zqq q Tq dxdydz dx dy dz Cp dxdydz x y z t ρ As taxas de calor por condução podem ser avaliadas a partir da lei de Fourier • Para direção x: ∂= − ⋅ ⋅ ∂x Tq k dydz x • Para direção y: ∂= − ⋅ ⋅ ∂y Tq k dxdz y • Para direção z: ∂= − ⋅ ⋅ ∂z Tq k dxdy z Substituindo, tem-se ⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎛ ⎞ ⎛ ⎞⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅ ⋅⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠ & T T T Tq dxdydz k dxdydz k dxdydz k dxdydz Cp dxdydz x x y y z z t ρ Simplificado: ⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅ ⋅⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠ & T T T Tq k k k Cp x x y y z z t ρ Esta equação é conhecida como equação da difusão do calor em coordenadas cartesianas, estabelece que me qualquer ponto do meio, a taxa de energia líquida transferida por condução para o interior de um volume unitário somado à taxa volumétrica de geração de energia térmica deve ser igual à taxa de variação da energia térmica armazenada no interior desse volume Quando a condutividade térmica é constante,a equação do calor é dada na forma: 2 2 2 2 2 2 ∂ ∂ ∂ ⋅ ∂+ + + = ⋅∂ ∂ ∂ ∂ &q T T T Cp T k x y z k t ρ O termo ⋅Cp k ρ é o inverso da difusividade térmica do meio, ou seja = ⋅ k Cp α ρ , desta forma tem- se: FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 7 2 2 2 2 2 2 1∂ ∂ ∂ ∂+ + + = ⋅∂ ∂ ∂ ∂ &q T T T T k x y z tα Desta forma, pode-se dividir a condução de calor de acordo com as simplificações e soluções da equação da difusividade de calor ou seja: • Unidimensional permanente (sem geração): 2 2 0 ∂ =∂ T x • Bidimensional permanente (sem geração): 2 2 2 2 0 ∂ ∂+ =∂ ∂ T T x y • Tridimensional permanente (sem geração): 2 2 2 2 2 2 0 ∂ ∂ ∂+ + =∂ ∂ ∂ T T T x y z • Tridimensional transiente (sem geração): 2 2 2 2 2 2 1∂ ∂ ∂ ∂+ + = ⋅∂ ∂ ∂ ∂ T T T T x y z tα Para realizar a solução das equações diferenciais de difusividade de calor é necessário estabelecer as condições de contorno e iniciais. A condição inicial representa a temperatura no instante inicial do corpo As condições de contorno se dividem em três: 1. Temperatura da superfície constante ( )0, = sT t T 2. Fluxo de calor constante na superfície a. Fluxo de calor finito: " 0= ∂− =∂ sx Tk q x b. Superfície adiabática ou isolada: 0 0 = ∂− =∂ x Tk x 3. Condição de Convecção na superfície: ( ) 0 0,∞ = ∂− = −⎡ ⎤⎣ ⎦∂ x Tk h T T T x FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 8 Exemplo 1 - A distribuição de temperatura através de uma parede de 1m de espessura num dado instante de tempo é dado por: ( ) 2900 300 50T x x x= − − Em que T está em graus Celsius e x em metros. A parede gera um calor uniforme igual 31000 /q W m=& , e sua área é de 210m com as seguintes propriedades: 31600 /kg mρ = , 40 /k W m K= ⋅ e 4 /pc kJ kg K= ⋅ • Determine a taxa de transferência de calor que entra na parede (x=0) e a que sai (x=1m) • Determine a taxa de variação da energia armazenada na parede • Determine a taxa de variação de temperatura em relação ao tempo em x=0, 0,25 0,5 Exemplo 2 - Condução de calor unidimensional, em regime estacionário ocorre em uma barra com condutividade térmica constante k e cuja área da seção reta varia conforme a relação 0 a x xA A e ⋅= ⋅ em que 0A e a são constante. A superfície lateral da barra isolada Escreva uma expressão para a taxa de condução de calor ( )xq x . Use a expressão para determinar a distribuição de temperatura ( )T x
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