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Demonstrações Financeiras Suplementares Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Prof. Esp. Tiago Araújo Vieira 5 Nesta unidade iremos estudar o Valor Adicionado e o Valor Abrangente, conceitos muito importantes para as empresas atualmente. Duas perguntas são fundamentais que você se faça antes de realizar esse estudo: como uma empresa pode demonstrar a riqueza que ela, efetivamente, produziu, e, como uma empresa pode demonstrar o real esforço da administração, separando os resultados que foram obra da sorte ou do azar? São duas demonstrações com conceitos novos, que mesmo os contadores mais antigos, ainda estão se acostumando. Por isso, é bem capaz que você ao aprender esses conceitos, seja agente de mudanças, auxiliando os contadores mais antigos, e não o contrário. Por isso, é muito importante que você acompanhe atentamente o texto principal (teórico) e faça com afinco os exercícios e todas as atividades previstas. Esta unidade abre as portas para esses novos horizontes da contabilidade. · Conhecer as Demonstrações do Valor Adicionado e do Resultado Abrangente, a elaboração, análise e utilização pelos usuários internos e externos da contabilidade. Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente • Introdução • Demonstração do Valor Adicionado (DVA) • Formação da Riqueza criada pela Empresa • Modelo para empresas em geral – Demonstração do Valor Adicionado • Exercício Resolvido • Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) • Diferença entre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) • Exercício resolvido Demonstração do Resultado Abrangente 6 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Contextualização Nós sempre tivemos uma relação dura de conflitos com o sindicato dos químicos, mas, ao contrário, afirmamos que valorizamos, sim, nossos trabalhadores e damos a eles uma excelente remuneração, além de vários benefícios. Você pode constatar isso olhando para a Demonstração do Valor Adicionado em nossas Demonstrações Financeiras. Hoje de manhã entrevistamos o presidente dos sindicatos dos químicos que disse que vocês não estão valorizando os trabalhadores. O que o senhor tem a dizer sobre isso? Continua a Conferência de imprensa, onde jornalistas questionam a empresa após o acidente ocorrido na fábrica do interior do Brasil, nesta manhã. Eu sou o João Augusto, da Agência de Notícias Internacional H, e a minha pergunta é sobre o relacionamento da empresa com os empregados. 7 Introdução Em particular, trata-se de duas demonstrações contábeis novas que não eram elaboradas no Brasil até a convergência do país às normas contábeis internacionais, em 2007. Essas trazem informações muito úteis, como a formação da riqueza gerada pela empresa e sua distribuição no caso da Demonstração do Valor Adicionado e situações que trazem resultados para a essa, mas que não dependem do esforço dos sócios, gerentes/administradores. Ambas as demonstrações respondem a dúvidas que antes não eram respondidas, o que beneficia investidores e usuários em geral e a sociedade como um todo. Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A Demonstração do Valor Adicionado já é conhecida internacionalmente, há algumas décadas. Em determinados países da África, por exemplo, esta é exigida pelo Governo para qualquer empresa que deseje se instalar no território, pois o interesse é a análise do quanto será gerado de riqueza. Sobre o surgimento da DVA, alguns autores discordam quanto ao local de origem. Para Athar (1999), surgiu na Europa, enquanto Cosenza (2003), afirma que a Demonstração do Valor Adicionado surgiu nos Estados Unidos (EUA), na década de vinte, utilizada como base para cálculo dos sistemas de pagamento de incentivos governamentais. Consenza menciona, também, que o Valor Adicionado já era conhecido há duzentos (200) anos, de acordo com algumas correntes filosóficas. No Brasil, a Demonstração do Valor Adicionado, que é um dos componentes do Balanço Social, originou-se da iniciativa de diversas organizações, pesquisadores e políticos, que tinham a intenção de mostrarem aos usuários, tanto externo como internos, a transparência na geração e distribuição desses recursos. Citaremos algumas organizações, como: o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que tinha como presidente o sociólogo Herbert de Souza; a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas - ADCE; e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Passou a ser obrigatória no Brasil com a aprovação da Lei 11.638/07, que trouxe importantes inovações com as Normas Internacionais de Contabilidade. Uma das diferenças desta demonstração financeira e das demais, está no fator social: além de demonstrar a geração de riqueza e a sua distribuição, interage com a sociedade1, uma vez que esta contribui direta ou indiretamente, agregando valor para a economia do país. A DVA tem como base a Demonstração do Resultado do Exercício. 1 Fazem parte da sociedade os trabalhadores, proprietários, governo e terceiros. 8 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Usuários da Demonstração do Valor Adicionado - DVA A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória para as sociedades de capital aberto e para as empresas que negociam ações na bolsa de valores. O número de usuários desta demonstração vem aumentando devido às informações que nela são evidenciadas, uma vez que as demais demonstrações financeiras não as fornecem. Varia desde os usuários internos (proprietário, empregados, sócios), até os externos (bancos, governo, investidores, acionistas), conforme veremos no organograma: DVA Acionistas e Sócios Empregados Governo e Sociedade Concorrentes Cliente e Fornecedor Fonte: SEBRAE Elaboração da Demonstração do Valor Adicionado - DVA A elaboração das demonstrações contábeis segue os procedimentos das Normas Brasileiras de Contabilidade – (Técnicas NBC-T-1), que são elaboradas tendo em vista a finalidade de atender, em geral, a usuários externos, de acordo com suas necessidades. A elaboração da DVA por segmentos é incentivada, pois fornece detalhes específicos e também por não haver um pronunciamento específico para segmentos. A normativa que regulamenta a DVA é a Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral (NBC-TG-09). O conceito de Valor adicionado, disposto no Pronunciamento CPC 09, é o seguinte: Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral, medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade. Para iniciarmos a elaboração da DVA é necessário entender alguns termos utilizados em sua estrutura, conforme a NBC-TG-09: 9 • Valor Adicionado Bruto: representa a riqueza gerada e normalmente é a diferença entre receitas e o valor de insumos adquiridos de terceiros; • Valor Adicionado Líquido: é o valor adicionado bruto descontado das retenções como depreciação, amortizações e exaustões; • Valor Adicionado Recebido em Transferência: representa a riqueza gerada por terceiros; • Valor Adicionado Total a Distribuir: é o resultado da soma do valor adicionado líquido e o valor adicionado recebido em transferência. Representa o valor adicionado a ser distribuído; • Participação no Valor Adicionado Total: indica qual a participação de empregados, sócios e acionistas, governos, financiadores e credores no valor adicionado total a distribuir. Formação da Riqueza criada pela Empresa De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamentos Técnicos (CPC 9) a formação de riqueza é composta pelos seguintes Itens e subitens: a) Receitas • Venda de mercadorias, produtos e serviços – incluios valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando, na demonstração do resultado, tais tributos estejam fora do cômputo dessas receitas. • Outras receitas – da mesma forma que no item anterior, são incluídos os tributos incidentes sobre essas receitas. • Provisões para créditos de liquidação duvidosa – Constituição/Reversão – incluem os valores relativos à constituição e reversão dessa provisão. b) Insumos adquiridos de terceiros • Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos – incluem os valores das matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos serviços vendidos, adquiridos de terceiros; não inclui gastos com pessoal próprio. • Materiais, energia, serviços de terceiros e outros – incluem valores relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros. Nos valores dos custos dos produtos vendidos, materiais, serviços, energia consumidos, devem ser considerados os tributos incluídos no momento das compras recuperáveis ou não. Esse procedimento é diferente das práticas utilizadas na Demonstração do Resultado do Exercício. • Perda e recuperação de valores ativos – inclui valores relativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos e outros. • Depreciação, amortização e exaustão – inclui a despesa ou o custo contabilizado no período. 10 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente c) Valor adicionado recebido em transferência • Resultado de equivalência patrimonial – o resultado da equivalência pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como redução ou valor negativo. • Receitas financeiras – incluem todas as receitas financeiras, inclusive as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem. • Outras receitas – incluem os dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia e outros. Distribuição da Riqueza criada pela empresa A distribuição da Riqueza corresponde a 2ª (segunda) parte da Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Esta deverá ser bem detalhada e conter, conforme Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos Técnicos (CPC 9), os seguintes itens e subitens: a) Pessoal, valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: • Remuneração Direta • Benefícios • Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) b) Impostos, taxas e contribuições – valores relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que a empresa esteja sujeita. • Federais • Estaduais • Municipais c) Remuneração de capitais de terceiros – valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital. • Juros • Aluguéis d) Outros • Lucros retidos e prejuízos do exercício • As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de Juros sobre o Capital Próprio – JCP. Importante Dependendo do segmento da empresa, a nomenclatura dos itens e subitens é diferente. Ver Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos Técnicos (CPC 9). 11 Modelo para empresas em geral – Demonstração do Valor Adicionado DESCRIÇÃO 1 – Receitas 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços. 1.2 Outras receitas. 1.3 Receitas relativas à construção de ativos próprios. 1.4 Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão/Constituição. 2 - Insumos Adquiridos de Terceiros (incluem os valores dos impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS). 2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos. 2.2 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros. 2.3 Perda/Recuperação de valores ativos. 2.4 Outras (especificar). 3 - Valor Adicionado Bruto (1-2) 4 - Depreciação, Amortização e Exaustão 5 - Valor Adicionado Líquido Produzido pela Entidade (3-4) 6 - Valor Adicionado Recebido em Transferência 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 - Valor Adicionado Total a Distribuir (5+6) 8 - Distribuição do Valor Adicionado (*) 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de Capitais Próprios 8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos (só para a consolidação) Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos Técnicos (CPC 9) 12 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Exercício Resolvido 1 - (Adaptada – Exame de Suficiência 2012) – A empresa Tectec S/A apresentou a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), em 31/12/20x1. Com base na DRE elabore e comente a Demonstração do Valor Adicionado: Demonstração do Resultado do Exercício 31/12/20x1 (valores em reais - R$) Receita Bruta de Vendas 900.000,00 (-) Tributos sobre as Vendas 128.000,00 Receita Líquida 772.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas 548.000,00 Lucro Bruto 224.000,00 (-) Despesa com Pessoal 99.000,00 (-) Despesa com Depreciação 10.000,00 (-) Despesa de Juros sobre Empréstimos 4.000,00 Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro 111.000,00 (-) Imposto de Renda 17.000,00 (-) Contribuição Social 6.200,00 Resultado do Período 87.800,00 Seguem algumas informações adicionais: a) O custo de aquisição da mercadoria vendida foi calculado da seguinte forma: Valor da Mercadoria .....................................650.000,00 ICMS Recuperado ........................................102.000,00 Custo Aquisição ...........................................548.000,00 b) O valor da despesa com Pessoal é composto dos seguintes gastos: Salário .........................................................72.000,00 INSS ............................................................27.000,00 Total .............................................................99.000,00 Vamos iniciar a resolução pela estrutura da Demonstração do Valor Adicionado e, em seguida, alguns cálculos na obtenção dos valores: 13 Demonstração do Valor Adicionado em 31/12/20x1 (valores em reais - R$) 1 – Receitas 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços 900.000,00 2 - Insumos Adquiridos De Terceiros 2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 650.000,00 3 - Valor Adicionado Bruto (1-2) 250.000,00 4 - Depreciação, Amortização e Exaustão 10.000,00 5 - Valor Adicionado Líquido Produzido pela Entidade (3-4) 240.000,00 6 - Valor Adicionado Recebido em Transferência 0,00 7 - Valor Adicionado Total a Distribuir (5+6) 240.000,00 8 - Distribuição do Valor Adicionado (*) 8.1 Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 72.000,00 8.2 Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 50.200,00 8.2.2 – Estaduais 26.000,00 8.3 Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 4.000,00 8.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício 87.800,00 Cálculos • Impostos Federais. Neste exercício é composto por: Imposto de Renda (IR) + Contribuição Social ( CS) + Instituto da Seguridade Social (INSS) 1 7.000,00 + 6.200,00 + 27.000,00 = 50.200,00 • Impostos Estaduais. Neste exercício temos o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), cujo resultado foi obtido do valor de Tributos sobre vendas – ICMS a recuperar 128.000,00 – 102.000,00 = 26.000,00. c) O valor da remuneração de capital de terceiros é de R$ 4.000,00. d) O valor distribuído para pessoal é de R$72.000,00.O exercício demonstra de forma clara e objetiva de onde veio a geração de riqueza (venda de mercadorias, produtos e serviços), e a forma que esta foi distribuída após as deduções cabíveis. O Valor Adicionado a distribuir é 240.000,00, dos quais, 4.000,00 foram para a remuneração de terceiros, e com remuneração direta, um total de 72.000,00. É visível o valor de impostos que somou 76.200,00. Por fim, 87.800,00 da riqueza gerada ficou retida na empresa na forma de lucros não distribuídos (lucros retidos). 14 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) A Demonstração do Resultado Abrangente tem por finalidade apresentar as despesas, receitas e mutações do Patrimônio Líquido que não afetam diretamente os sócios na qualidade de proprietários. Estas variações não são apresentadas na DRE. De acordo com o CPC 26, outros resultados abrangentes compreendem: • Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente; • Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecido; • Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; • Ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na mensuração de ativos financeiros disponíveis para venda; • Ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em hedge, de fluxo de caixa. Ao elaborar a DRA, caso haja registro em outros resultados abrangentes de anos anteriores, estes poderão ser reclassificados para o resultado do período. Os ajustes de reclassificação também podem ser divulgados nas notas explicativas. Como por exemplo, os ganhos não realizados devem ser deduzidos dos outros resultados abrangentes no período em que são reconhecidos, no resultado líquido do período, evitando assim, que esse mesmo ganho seja reconhecido em duplicidade. Existem alguns casos específicos de itens de Receita e Despesa conhecidos como Resultados Abrangentes. Por exemplo, ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda, líquidos dos tributos (Normas Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral – NBC-TG-38/Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 38, que tratam de Instrumentos Financeiros), e perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão (NBC-TG-02/CPC 02 – trata da Conversão de Demonstrações Contábeis). Importante A palavra hedge significa proteção e pode ser definida como a cobertura financeira dos instrumentos derivativos e tem a função de cobrir riscos financeiros, como por exemplo: risco de variação de índices de preços, risco da variação da taxa de juros, risco cambial e outros. Saiba mais sobre o hedge em - http://portalcfc.org.br/wordpress 15 Diferença entre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) O Resultado Abrangente para o período deverá ser apresentado pela empresa em duas demonstrações: A DRE e a DRA. Sendo que a DRE apresenta todas as despesas e receitas que estejam diretamente ligadas a área operacional; enquanto a DRA demonstra as despesas e receitas de outros resultados abrangentes, ou seja, que não fazem parte da DRE. Conforme Lunelli, na prática, o resultado abrangente visa apresentar os ajustes efetuados no Patrimônio Líquido, como se fosse um lucro da empresa. Por exemplo, a conta ajuste da avaliação patrimonial registra as modificações de ativos e passivos a valor justo, que pelo princípio da competência, não entram na DRE, no entanto, no lucro abrangente, estas variações serão computadas, a fim de apresentar o lucro, de forma mais próxima à realidade econômica da empresa. A Demonstração do Resultado Abrangente inicia na última linha da Demonstração do Resultado e pode ser apresentada em demonstrativo individual ou dentro da Demonstração da Mutação do Patrimônio Liquido (DMPL). Elaboração da Demonstração do Resultado Abrangente De acordo com a deliberação da Comissão de Valores Mobiliários – CMV nº 595, de 15 de setembro de 2009, a DRA possui alguns itens que são obrigatórios: • Resultado líquido do período; • Cada item dos outros resultados abrangentes, classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item C); • Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas, reconhecidas por meio do método de equivalência patrimonial; • Resultado abrangente do período. A empresa ao elaborar a DRA deverá também apresentar os resultados líquidos e o resultados abrangentes totais do período atribuíveis, sendo: a) resultados líquidos atribuíveis: • À participação de sócios não controladores; e, • Aos detentores do capital próprio da empresa controladora. b) resultados abrangentes totais do período atribuíveis: • À participação de sócios não controladores; e, • Aos detentores do capital próprio da empresa controladora. 16 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Modelo da Demonstração do Resultado Abrangente Demonstração do Resultado Abrangente em X1 (=) Resultado Líguido do Período X1 X0 (=/-) Outros Resultados Abrangentes Variação de Reserva de Reavaliação (quando existente) Ganhos / Perdas em Planos de Previdência Complementar ou Conversão das Demonstrações Contábeis para Exterior Ajuste de Avaliação Patrimonial (=/-) Resultados Abrangentes de Empresas Investidas (quando reconhecidas pela Equivalência Patrimonial) (=) Resultado Abrangente do Período Fonte: http://www.crcpr.org.br/new/ Exercício resolvido Demonstração do Resultado Abrangente 1 - (Adaptado Exame de Suficiência 2012) – Um dos diretores da empresa Alfha S/A, o senhor Antônio, solicitou à contadora, dona Ermelinda, algumas demonstrações financeiras. A dona Ermelinda distribuiu a tarefa entre seus assistentes e você ficará responsável pela elaboração da Demonstração do Resultado Abrangente (DRA). Seguem alguns dados para realizar a tarefa: Despesas administrativas reconhecidas durante o período 20.000,00 Ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para a venda, líquidos dos tributos 45.000,00 (-) Despesa de Juros sobre Empréstimos 4.000,00 Lucro bruto do período 255.000,00 Lucro líquido do período 360.000,00 Perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão 190.000,00 Receita de vendas realizadas durante o período 800.000,00 Resultado do período antes das receitas e despesas financeiras 240.000,00 Neste exemplo, temos alguns casos específicos de Receita e Despesa que são consideradas como Resultado Abrangente, que são os ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda, líquidos dos tributos e perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão. 17 Para iniciarmos a DRA, devemos ter o resultado do lucro líquido que, normalmente, é apresentado na DFC. Nesse exemplo, isso foi informado. Assim, teremos: Demonstração do Resultado Abrangente em 31/12/20X1 (em Reais - R$) Lucro Líquido do Período 360.000,00 (+) Ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda, líquidos dos tributos 45.000,00 (-) Perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão 190.000,00 (=) Resultado Abrangente 215.000,00 18 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Material Complementar Como um tema complementar aos seus estudos desta unidade, apresentamos o seguinte artigo científico: Lucro Líquido versus Lucro Abrangente: Uma análise empírica do nível de volatilidade RODNEY PEREIRA DE MACEDO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ADRIANA GIAROLA VILAMAIOR (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) LAURA EDITH TABOADA PINHEIRO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS)Resumo O contínuo processo para melhor demonstrar a situação patrimonial das empresas culminou na obrigatoriedade da evidenciação do demonstrativo do Resultado Abrangente nos EUA, em 1997. Contrariando teóricos contábeis em alguns pontos, o Fasb determinou que certas variações patrimoniais fossem registradas no Patrimônio Líquido, compondo o Resultado Abrangente, em detrimento do reconhecimento no resultado do exercício. Essa postura foi justificada pela volatilidade que certas variações patrimoniais causariam no lucro líquido das empresas. Dada a iminente obrigatoriedade de evidenciação do resultado abrangente no Brasil, este trabalho analisa hipotética e empiricamente, a volatilidade que os outros resultados abrangentes causariam, caso fossem registrados no lucro líquido. Utiliza-se de estatística descritiva para analisar vinte e duas empresas brasileiras que divulgaram informações contábeis na NYSE, nos períodos de 2003 a 2007. Os resultados demonstram que o eventual reconhecimento dos outros resultados abrangentes causaria alta volatilidade no lucro líquido dessas empresas, sem tendência definida, no sentido de aumentá-lo ou diminuí-lo. A tradução nas demonstrações contábeis é o item que mais colabora para tal volatilidade. Palavras chave: Lucro Abrangente, Volatilidade e Resultado Abrangente. Artigo completo disponível em: http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos102010/353.pdf 19 Referências BRASIL ___. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 01/07/2014. BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade - Resolução CFC 1.185/09 alt. 1.376/11, NBC TG 26. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1185.doc>. Acesso em: 01/07/2014. ___. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em01/07/2014. _____.Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/ lei/l11941.htm>. Acesso em: 01/07/2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília – org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil- financeiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_ R1.pdf>. Acesso em: 01/07/2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília – org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org. br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf >. Acesso em: 01/07/2014. IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al. Contabilidade introdutória. 10ª ed. Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. p. 252. BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade - Resolução CFC 1.185/09 alt. 1.376/11, NBC TG 26. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1185.doc> Acesso 01/07/2014. 20 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Anotações
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