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FISIOPATOLOGIA DA GASTRITE/ ÚLCERA PÉPTICA GASTRITE A gastrite é uma inflamação do estômago que pode ser causada por diversos mecanismos, incluindo uso de agente farmacêutico, estresse, distúrbios auto- imunes, infecção por H. pylori (Helicobacter pylori) e por refluxo de bile. A gastrite é subdividida nas formas aguda e crônica, com diversos tipos em cada categoria. GASTRITE AGUDA A gastrite aguda é um processo inflamatório transitório da mucosa que pode ser assintomático ou provocar graus variáveis de dor epigástrica, náuseas e vômitos. Em casos mais graves pode haver erosão da mucosa, ulceração, hemorragia, hematêmese, melena ou, raramente, perda maciça de sangue. PATOGENIA A luz gástrica é bem ácida, com pH próximo de 1 — que é mais de um milhão de vezes mais ácida do que o sangue. Esse ambiente hostil contribui para a digestão, mas também tem o potencial de danificar a mucosa. Vários mecanismos evoluíram para proteger a mucosa gástrica (Fig. 14-13). A mucina secretada pelas células foveolares da superfície forma uma camada fina de muco que impede que as partículas de alimentos toquem diretamente o epitélio. A camada de muco também promove a formação de uma camada (imperturbável) de líquido sobre o epitélio que protege a mucosa e tem pH neutro como resultado de secreção de íon de bicarbonato pelas células epiteliais da superfície. E finalmente, o rico suprimento vascular para a mucosa gástrica fornece oxigênio, bicarbonato e nutrientes, enquanto lava o ácido que difundiu de volta em direção à lâmina própria. A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer depois da ruptura de qualquer um desses mecanismos de proteção. Por exemplo, síntese reduzida de mucina em idosos é sugerida como um fator que explica a sua maior vulnerabilidade à gastrite. Os Fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem interferir na citoproteção que é normalmente fornecida por prostaglandinas ou reduzir a secreção de bicarbonato, sendo que ambos aumentam a suscetibilidade da mucosa gástrica a lesões. A ingestão de substâncias químicas hostis, principalmente ácidos ou bases, acidentalmente ou como tentativa de suicídio, também resulta em lesão gástrica grave, principalmente como consequência de danos diretos às células epiteliais e estromais da mucosa. A lesão celular direta também tá implicada na gastrite devido ao consumo excessivo de álcool, AINE, radioterapia e quimioterapia MORFOLOGIA No exame histológico, a gastrite aguda leve pode ser difícil de reconhecer, pq a lâmina própria exibe apenas edema moderado e congestão vascular discreta. O epitélio da superfície está íntegro, mesmo que possa haver presença de neutrófilos dispersos. Linfócitos da lâmina própria e células plasmáticas não são proeminentes. A presença de neutrófilos acima da membrana basal — especificamente, em contato direto com as células epiteliais — é anormal em todas as partes do trato gastrointestinal e significa inflamação ativa. Com danos à mucosa mais graves, a erosão, ou perda do epitélio superficial, pode ocorrer, levando à formação de infiltrados neutrofílicos nas mucosas e exsudatos purulentos. Também pode ocorrer hemorragia, que se manifesta como pontos escuros em mucosa hiperêmica em outros aspectos. A presença concomitante de erosão e hemorragia é denominada gastrite hemorrágica erosiva aguda. A gastrite aguda manifestase comumente por meio de dor epigástrica, náusea ou vômitos. Diversos fatores etiológicos podem provocar gastrite aguda, como: →Antiinflamatórios não-esteróides (AINE) ou aspirina (AAS) →Álcool →Lesão isquêmica →Queimaduras extensas levando a úlceras por estresse (úlcera de Curling) →Traumatismo do SNC (úlcera de Cushing) →Choque,sepse →Hipersecreção de ácido gástrico À microscopia, a mucosa gástrica revela edema, infiltrados neutrofílicos, erosões da mucosa e, se grave, ulceração. A gastrite hemorrágica aguda é uma forma de gastrite aguda na qual necrose extensa da mucosa gástrica pode estar associada a hemorragia potencialmente fatal. GATRITE CRÔNICA Os sinais e sintomas associados à gastrite crônica geralmente são menos graves, mas elas são mais persistentes do que os de gastrite aguda. Náuseas e desconforto abdominal superior (dor epigástrica) podem ocorrer, às vezes com vômitos, mas hematêmese é incomum. A causa mais comum de gastrite crônica é a infecção com o bacilo H. pylori. (Helicobacter pylori). Esses microrganismos são bastonetes Gram- negativos pequenos e encurvados (semelhante a gaivota), com flagelos polares que se aderem à superfície do epitélio, mas não invadem a mucosa. A gastrite autoimune, que é a causa mais comum de gastrite atrófica, representa menos de 10% dos casos de gastrite crónica e é a forma mais comum de gastrite crônica em pacientes sem infecção pelo H. pylori. As causas menos comuns incluem danos causados pela radiação e refluxo biliar crônico. A gastrite por H. pylori foi considerada um fator de risco para o desenvolvimento de linfoma de tecido linfóide associado à mucosa (MALT). O diagnóstico da infecção por H. pylori pode ser feito por biopsia gástrica ou exames sorológicos. O tratamento na maioria dos casos de infecção por H. pylori consiste em uma associação de agentes que reduzem a secreção ácida, aumentam a proteção da mucosa e eliminam microrganismos infecciosos. A gastrite atrófica (gastrite atrófica auto- imune, gastrite atrófica multifocal) descreve a presença de inflamação da mucosa acompanhada por perda de células oxínticas e hiperplasia celular neuroendócrina associada. Algumas vezes a inflamação da gastrite atrófica pode ser séria a ponto de ser confundida com linfoma. Pode ocorrer metaplasia intestinal na gastrite atrófica (conforme evidenciado pela presença de células caliciformes) e ela pode representar um fator de risco para o desenvolvimento de tumores do estômago do tipo adenocarcinom GASTRITE POR H. PYLORI (HELICOBACTER PYLORI) A descoberta da associação de H. pylori com a doença de úlcera péptica revolucionou o entendimento da gastrite crônica. Esses bacilos em forma de espiral ou curvados estão presentes em amostras de biópsia gástrica de quase todos os pacientes com úlceras duodenais e na maioria das pessoas com úlcera gástrica ou gastrite crônica. A infecção aguda por H. pylori não produz sintomas suficientes para exigir atenção médica na maioria dos casos; mas a gastrite crônica, em última análise, faz com que a pessoa acometida procure tratamento. Microrganismos de H. pylori estão presentes em 90% dos pacientes com gastrite crônica que afeta o antro. Além disso, o aumento da secreção ácida que ocorre na gastrite por H. pylori pode resultar em doença de úlcera péptica do estômago ou duodeno; infecção por H. pylori também confere risco aumentado de câncer gástrico. EPIDEMIOLOGIA Nos Estados Unidos, a infecção por H. pylori está associada a pobreza, aglomeração domiciliar, educação limitada, etnia afro-americana ou mexicana, residência em áreas com saneamento precário e nascimento fora dos Estados Unidos. Em áreas de alta prevalência, a infecção geralmente é adquirida na infância e persiste por décadas. E ai que, a incidência de infecção por H. pylori correlaciona-se mais estreitamente com saneamento e higiene durante a infância de um indivíduo. (As taxas de colonização excedem 70% em alguns grupos e variam desde menos de 10% a mais de 80% em nível mundial.) PATOGENIA A infecção porH. pylori na maioria das vezes manifesta-se como gastrite predominantemente antral com alta produção de ácido, apesar de hipogastrinemia. O risco de úlcera duodenal é aumentado nesses pacientes e, na maioria dos casos, a gastrite está limitada ao antro. Organismos de H. pylori adaptaram-se ao nicho ecológico fornecido pelo muco gástrico. Mesmo que o H. pylori possa invadir a mucosa gástrica, a contribuição da invasão para a patogenia da doença não é conhecida. Quatro características estão ligadas à virulência de H. pylori: • Flagelos, que possibilitam que as bactérias sejam móveis no muco viscoso • Urease, que gera amônia a partir de ureia endógena, elevando o pH gástrico local em torno de microrganismos e protegendo do pH ácido do estômago • Adesinas, que aumentam a aderência bacteriana à superfície das células foveolares • Toxinas, como aquelas codificadas pelo gene A associado à citotoxina (CagA), que podem estar envolvidas no desenvolvimento de úlcera ou câncer por mecanismos mal definidos. Esses fatores possibilitam que o H. pylori crie um desequilíbrio entre as defesas da mucosa gastroduodenal e forças prejudiciais que superam essas defesas. Com o tempo, a gastrite antral crônica por H. pylori pode evoluir para pangastrite, resultando em gastrite atrófica multifocal, secreção ácida reduzida, metaplasia intestinal e aumento do risco de adenocarcinoma gástrico em um subgrupo de pacientes. Os mecanismos subjacentes que contribuem para essa progressão não são claros, mas as interações entre o sistema imune do hospedeiro e da bactéria parecem ser importantes. MORFOLOGIA A biópsia gástrica geralmente demonstra H. pylori em pessoas infectadas (Fig. 14- 14, A). O organismo é concentrado no muco superficial que cobre o epitélio da superfície e do colo das criptas. A reação inflamatória inclui um número variável de neutrófilos na lâmina própria, abrangendo alguns que atravessam a membrana basal para assumir uma localização intraepitelial (Fig. 14-14, B) e se acumulam na luz das criptas gástricas criando abscessos criptas. A lâmina própria superficial inclui grande número de células plasmáticas, muitas vezes em aglomerados ou em lâminas, bem como número aumentado de linfócitos e macrófagos. Quando intensos, os infiltrados inflamatórios podem criar espessamento das pregas da mucosa, simulando lesões infiltrativas. Agregados linfoides, alguns com centros germinais, frequentemente estão presentes (Fig. 14- 14, C) e representam uma forma induzida de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) que tem o potencial de transformar-se em linfoma. Metaplasia intestinal, que é caracterizada pela presença de células caliciformes e células colunares de absorção (Fig. 14-14, D), também pode estar presente e está associada ao risco aumentado de adenocarcinoma gástrico. O H. pylori apresenta tropismo para epitélio foveolar gástrico e geralmente não é encontrado em áreas de metaplasia intestinal, mucosa produtora de ácido do corpo gástrico ou epitélio duodenal. Assim, uma biópsia antral é preferida para a avaliação da gastrite por H. pylori. CARACTERÍSITICAS CLÍNICAS Além da identificação histológica do microrganismo, vários testes de diagnóstico têm sido desenvolvidos, incluindo um teste sorológico não invasivo de anticorpos anti-H. pylori, detecção de bactérias fecais e teste respiratório da ureia com base na geração de amônia pela urease bacteriana. As amostras de biópsia gástrica também podem ser analisadas pelo teste de urease rápido, cultura bacteriana ou ensaio de reação em cadeia da polimerase (PCR) para DNA bacteriano. GASTRITE AUTOIMUNE A gastrite autoimune é responsável por menos de 10% dos casos de gastrite crônica. Em contraste com a causada pelo H. pylori, a gastrite autoimune tipicamente poupa o antro e induz hipergastrinemia (Tabela 14-2). A gastrite autoimune é caracterizada por: • Anticorpos para as células parietais e fator intrínseco que podem ser detectados no soro e secreções gástricas • Redução dos níveis séricos de pepsinogênio I • Hiperplasia das células endócrinas antrais • Deficiência de vitamina B12 • Secreção deficiente de ácido gástrico (acloridria) PATOGENIA A gastrite autoimune está associada à perda de células parietais, que secretam ácido e fator intrínseco. A produção deficiente de ácido estimula a liberação de gastrina, resultando em hipergastrinemia e hiperplasia de células G produtoras de gastrina antral. A ausência de fator intrínseco desativa a absorção ileal de vitamina B12, levando a deficiência de B12 e anemia megaloblástica (anemia perniciosa); e a concentração sérica reduzida de pepsinogênio I reflete a perda de células principais. Embora o H. pylori possa causar hipocloridria, não está associado com acloridria ou anemia perniciosa porque a lesão à célula parietal e principal não é tão grave como na gastrite autoimune. MORFOLOGIA A gastrite autoimune é caracterizada por danos difusos da mucosa oxíntica (produtora de ácido) dentro do corpo e fundo. Tipicamente, não há lesões ao antro e cárdia ou elas são muito leves. Com atrofia difusa, a mucosa oxíntica do corpo e fundo aparece nitidamente adelgaçada e as pregas rugais são perdidas. Pode haver presença de neutrófilos, mas o infiltrado inflamatório é mais comumente composto de linfócitos, macrófagos e células plasmáticas; em contraste com gastrite por H. pylori, a reação inflamatória na maioria das vezes é profunda e centrada sobre as glândulas gástricas. A perda de células parietais e células principais pode ser extensa e haver desenvolvimento de metaplasia intestinal. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Os anticorpos contra células parietais e fator intrínseco estão presentes no início da doença, mas a anemia perniciosa desenvolve-se apenas em uma minoria dos pacientes. A idade média de diagnóstico é 60 anos e há ligeira predominância do sexo feminino. A gastrite autoimune está frequentemente associada a outras doenças autoimunes, mas não está ligada a alelos de leucócitos humanos específicos (HLA). DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA A doença ulcerosa péptica (DUP), na maioria das vezes, está associada a infecção por H. pylori ou uso de AINEs. Nos Estados Unidos, os AINEs estão se tornando a causa mais comum de úlceras gástricas à medida que as taxas de infecção por H. pylori caem e aumenta o uso de baixa dose de ácido acetilsalicílico na população em envelhecimento. A doença ulcerosa péptica pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal exposto a sucos gástricos ácidos, mas é mais comum no antro gástrico e primeira porção do duodeno. A úlcera péptica (UP) também pode ocorrer no esôfago como resultado da doença do refluxo gastroesofágico (GERD) ou secreção de ácido pela mucosa gástrica ectópica, e no intestino delgado secundária a heteropia gástrica dentro de um divertículo de Meckel. EPIDEMIOLOGIA A úlcera péptica é comum e causa frequente de consultas médicas em todo o mundo. Isso leva ao tratamento de mais de três milhões de pessoas, cento e noventa mil hospitalizações e cinco mil mortes nos Estados Unidos a cada ano. O risco de desenvolver uma úlcera durante a vida é de aproximadamente 10% para o sexo masculino e 4% para o sexo feminino. PATOGENIA A infecção por H. pylori e o uso de AINEs são as principais causas subjacentes da doença ulcerosa péptica (DUP). Os desequilíbrios de defesas das mucosas e as forças prejudiciais que causamgastrite crônica (Fig. 14-13) também são responsáveis pela doença ulcerosa péptica. Assim, a doença ulcerosa péptica geralmente se desenvolve em um fundo de gastrite crônica. Apesar de mais de 70% dos casos de doença ulcerosa péptica estarem associados a infecção por H. pylori, apenas 5 a 10% das pessoas infectadas por H. pylori desenvolvem úlceras. E é provável que fatores do hospedeiro, como tbm a variação entre as cepas de H. pylori, determinem os resultados clínicos. A hiperacidez gástrica é fundamental para a patogenia da doença ulcerosa péptica. A acidez que impulsiona a doença ulcerosa péptica pode ser causada por infecção por H. pylori, hiperplasia de células parietais, respostas secretórias excessivas ou inibição prejudicada de mecanismos estimuladores, como a liberação de gastrina. Por exemplo, a síndrome de Zollinger-Ellison, caracterizada por ulcerações pépticas múltiplas no estômago, duodeno e até mesmo jejuno, é causada pela liberação descontrolada de gastrina por um tumor e a resultante produção maciça de ácido. Cofatores na ulcerogênese péptica incluem o uso crônico de AINEs, o tabagismo, que prejudica o fluxo sanguíneo da mucosa e a cicatrização; as altas doses de corticosteroides, que suprimem a síntese de prostaglandinas e prejudicam a cicatrização. As úlceras pépticas são mais frequentes em pessoas com cirrose alcoólica, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica e hiperparatireoidismo. Nas duas últimas condições, a hipercalcemia estimula a produção de gastrina e, por conseguinte, aumenta a secreção de ácido. E tbm o estresse psicológico pode aumentar a produção de ácido gástrico e exacerbar a doença ulcerosa péptica. MORFOLOGIA As úlceras pépticas são quatro vezes mais comuns no duodeno proximal do que no estômago. As úlceras duodenais geralmente ocorrem a alguns centímetros da valva pilórica e envolvem a parede anterior do duodeno. Úlceras pépticas gástricas ficam principalmente localizadas próximas da interface do corpo e antro. As úlceras pépticas são solitárias em mais de 80% dos pacientes. Lesões de menos de 0,3 centímetros de diâmetro tendem a ser superficiais, enquanto aquelas com mais de 0,6 centímetros apresentam probabilidade de ser mais profundas. A úlcera péptica clássica é um defeito em saca-bocado, redondo a oval (Fig. 14-15, A). A base das úlceras pépticas é lisa e limpa como resultado da digestão péptica de exsudato, e ao exame histológico é composta de tecido de granulação ricamente vascularizado (Fig. 14-15, B). O sangramento contínuo dentro da base da úlcera pode causar hemorragia ameaçadora da vida. A perfuração é uma complicação que requer intervenção cirúrgica de emergência. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS As úlceras pépticas são lesões crônicas, recorrentes, que ocorrem mais frequentemente em adultos de meia-idade a idosos, sem condições precipitantes evidentes, diferentes da gastrite crônica. A maioria das úlceras pépticas chega à atenção clínica após as queixas do paciente de dor em queimação ou dor epigástrica, embora uma fração significativa manifeste complicações, como anemia ferropriva, franca hemorragia ou perfuração. A dor tende a ocorrer de 1 a 3 horas após as refeições, durante o dia, é pior à noite e aliviada por álcalis ou alimentos. Náuseas, vômitos, distensão abdominal e eructações podem estar presentes. Pode ocorrer cicatrização com ou sem terapia, mas a tendência para desenvolver úlceras mais tarde continua. A doença ulcerosa péptica causa muito mais morbidade que mortalidade (Uma variedade de abordagens cirúrgicas anteriormente foi utilizada para tratar a doença ulcerosa péptica, mas terapias atuais são destinadas à erradicação de H. pylori com antibióticos e neutralização do ácido gástrico, geralmente através do uso de inibidores da bomba de prótons. Esses esforços reduziram acentuadamente a necessidade de manejo por cirurgia, que é reservada principalmente para o tratamento de sangramento ou úlceras perfuradas.) ÚLCERA PÉPTICA AGUDA A lesão péptica aguda focal é uma complicação bem conhecida da terapia com AINE, bem como o estresse fisiológico grave. Tais lesões incluem: • Úlceras de estresse, que mais comumente acometem pacientes criticamente doentes com choque, sepse ou traumatismo grave • Úlceras duodenais, que ocorrem no duodeno proximal associadas a queimaduras graves ou traumatismos • Úlceras de Cushing, que surgem no estômago, duodeno ou esôfago de pessoas com doença intracraniana, e têm alta incidência de perfuração. PATOGENIA A patogenia da ulceração aguda é complexa e incompletamente compreendida. As úlceras induzidas por AINEs são causadas por irritação química direta, bem como inibição da cicloxigenase, o que impede a síntese de prostaglandina. Isso elimina os efeitos protetores de prostaglandinas, que incluem aumento da secreção de bicarbonato e aumento da perfusão vascular. Acredita-se que as lesões associadas a lesão intracraniana sejam causadas por estimulação direta dos núcleos vagais, o que causa hipersecreção de ácido gástrico. A acidose sistêmica, um achado frequente em pacientes críticos, também pode contribuir para a lesão da mucosa através da redução do pH intracelular de células da mucosa. A hipóxia e o fluxo sanguíneo reduzido causados por vasoconstrição esplâncnica induzida por estresse também contribuem para a patogenia da úlcera aguda. MORFOLOGIA Lesões descritas como úlceras gástricas agudas variam em profundidade desde erosões superficiais causadas por lesão epitelial superficial até lesões mais profundas que penetram a mucosa. Úlceras agudas são arredondadas e tipicamente com menos de 1 cm de diâmetro. A base da úlcera é frequentemente manchada de marrom a preto por eritrócitos extravasados digeridos por ácidos, em alguns casos associados a inflamação transmural e serosite local. Embora essas lesões possam ocorrer isoladamente, mais frequentemente várias úlceras estão presentes no interior do estômago e duodeno. Úlceras de estresse agudas são bem demarcadas, com mucosa adjacente essencialmente normal, embora possa haver derrame de sangue para a mucosa e submucosa, e alguma reação inflamatória. A cicatrização e o espessamento dos vasos sanguíneos que caracterizam as úlceras pépticas crônicas estão ausentes. A cura com reepitelização completa ocorre dias ou semanas após os fatores prejudiciais serem removidos. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Os sintomas de úlceras gástricas incluem náuseas, vômitos e hematêmese em borra de café. Sangramento de erosões gástricas ou úlceras superficiais que podem exigir transfusão desenvolvem-se em 1-4% desses pacientes. Outras complicações, incluindo perfuração, também podem ocorrer. Inibidores da bomba de prótons, ou os menos utilizados antagonistas do receptor de hidrogênio da histamina, podem atenuar o impacto da úlcera de estresse, mas o determinante mais importante do resultado é a gravidade da doença subjacente. GASTRITE CRÔNICA ÚLCERA PÉPTICA
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