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ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA

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1 MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA 
“DESVENDANDO A MENTE” 
TERMOS 
ORIENTAÇÕES ALOPSÍQUICA 
Diz respeito à capacidade de orientar-se em relação ao mundo, 
isto é, quanto ao espaço (orientação espacial) e quanto ao 
tempo (orientação temporal). 
ORIENTAÇÕES AUTOPSÍQUICA 
Orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o 
sujeito sabe quem é, idade, data de nascimento, profissão, 
estado civil e etc. 
ASSOCIAÇÕES POR ASSONÂNCIA 
Pensamentos associados pelo som das palavras (ex.: rimas) e 
não pelo significado. 
Descarrilamento do pensamento – situação em que o 
pensamento não tem ligação entre si ou estão ligados de forma 
ilógica. 
PROLIXIDADE 
Exagero de dados desnecessários (incapacidade de sintetizar). 
Se subdivide em: - Circunstancialidade: raciocínio do paciente 
“dá voltas em torno do tema/pergunta” sem entrar na questão 
essencial, mas consegue atingir o objetivo e existe conexão 
entre as afirmativas. - Tangencialidade: paciente também 
ronda o tema semelhante a circunstancialidade, mas não atinge 
o tema central da discussão e os assuntos são irrelevantes ou 
relacionados de uma maneira menor. 
HIPOTENAZ 
Paciente não consegue manter a capacidade de concentração. 
TIPOS DE ENTREVISTA 
Na entrevista aberta, o entrevistador não segueum roteiro 
rígido e pré-determinado, permitindo queo entrevistado fale o 
mais livremente possível, de tal forma que o curso da 
entrevista seja por ele determinado. Este tipo de entrevista 
permitiria um acesso mais fácil ao material inconsciente, 
através da observação da ordem em que os assuntos são 
comunicados, da associação entre os mesmos, das 
interrupções, das respostas emocionais, etc. Suas principais 
limitações são: apequena possibilidade de concordância entre 
diferentes entrevistadores; a dificuldade para formulação de 
diagnósticos consistentes, em razão da investigação 
assistemática dos sintomas; o tempo imprevisível e, muitas 
vezes, longo para a obtenção de informações. 
Nas entrevistas estruturadas, a forma pela qual seobtém as 
informações, a seqüência das perguntas e os registros dos 
resultados são pré-determinados. Geral-mente, os formulários 
dessas entrevistas contém glossários, que procuram descrever, 
acuradamente, os termos empregados. A principal vantagem 
desse tipo de entrevista é aumentar a confiabilidade do 
diagnóstico psiquiátrico, facilitando a concordância entre 
diferentes profissionais. 
As entrevistas semi-estruturadas, tem um nível de 
estruturação maior ou menor, dependendo da entrevista, mas 
permitem sempre uma certa flexibilidade na seqüência e/ou 
forma de formular as perguntas. Várias entrevistas semi-
estruturadas são padronizadas, estabelecendo os limites 
dessa flexibilidade. Estas entrevistas, em geral, mantém níveis 
elevados de confiabilidade. 
As entrevistas psiquiátricas habituais, embora não 
padronizadas, podem ser consideradas do tipo semi-
estruturada, porque o entrevistador, de alguma forma, 
procura, ativamente, obter dados que lhe permitam preencher 
uma história clínica e elaborar um exame das funções 
mentais, seguindo algum roteiro,mesmo que não claramente 
explicitado. Assim, é importante que o psiquiatra tenha sempre 
presente uma estrutura de história clínica e exame do estado 
mental, que lhe permita dirigir a entrevista, sem perder a 
dimensão do todo a ser explorado. 
ENTEVISTA 
Possui três objetivos básicos: a formulação de um 
diagnóstico, a formulação de um prognóstico e o planejamento 
terapêutico. 
 
ANAMNESE 
A avaliação psiquiátrica começa antes mesmo do início da 
entrevista, com a observação da expressão facial do paciente, 
seus trajes, movimentos, maneira de se apresentar, etc. 
O início da entrevista deve ser pouco diretiva, permitindo a 
livre expressão do paciente, com interferência mínimado 
entrevistador e apenas com o objetivo de esclarecer pontos 
obscuros do relato. Após a exposição inicial do paciente, o 
entrevistador deve adotar um papel mais ativo, conduzindo a 
entrevista, com tato, para cobrir todos os aspectos da 
anamnese. 
É importante salientar que o entrevistador deve adaptar sua 
entrevista ao paciente e não forçar o paciente a adaptar-se à 
entrevista. 
 
2 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
No decorrer da entrevista, é importante atentar-se não 
apenas ao que o paciente diz, mas também à forma como se 
expressa e ao que faz enquanto fala. 
Na parte final da entrevista, o entrevistador pode fazer 
perguntas mais diretas para esclarecer os pontos que faltem 
para completar a história psiquiátrica ou o exame do estado 
mental. 
segue, em linhas gerais, o roteiro da anamnese em medicina, 
mas este não pode perturbar a espontaneidade da entrevista. 
Os itens da anamnese psiquiátrica são: identificação, queixa 
principal, motivo do atendimento, história da doença atual, 
história patológica pregressa, história fisiológica, história 
pessoal, história social e história familiar. Além da anamnese, 
incluem-se na avaliação psiquiátrica: o exame psíquico, a 
súmula psicopatológica, o exame físico, os exames 
complementares, o diagnóstico (sindrômico e nosológico) e a 
conduta terapêutica. 
IDENTIFICAÇÃO 
 
A identificação pode ser de grande auxílio para a formulação do 
diagnóstico. Por exemplo, o alcoolismo é mais comum em 
homens; esquizofrênicos em geral não são casados; pacientes 
com retardo mental costumam apresentar um baixo nível 
educacional etc. 
QUEIXA PRINCIPAL 
Convém relacionar no máximo três queixas, de preferência 
apenas uma. Caso o paciente apresente vária queixas, pede-se 
para ele escolher a que mais o incomoda. 
HISTÓRIA DA MOLESTIA ATUAL 
Relato sobre a época e modo de início da doença, a presença de 
fatores desencadeantes, tratamentos efetuados e o modo de 
evolução, o impacto sobre a vida do paciente, intercorrência de 
outros sintomas e as queixas atuais. 
Faz-se necessário identificar sempre, para cada informação, 
qual foi a fonte. 
São ainda incluídas na HDA informações (sobre alterações 
psíquicas e físicas) pesquisadas ativamente pelo entrevistador, 
mesmo que não tenham sido trazidas espontaneamente pelo 
paciente ou informante. Fazem parte também da HDA os 
negativos pertinentes, ou seja, certos sintomas cuja ausência 
pode ser significativa para a identificação da doença ou da fase 
evolutiva em que esta se encontra. 
Episódios psiquiátricos anteriores devem ser relatados 
também aqui, já que estes devem estar relacionados ao atual, 
visto que os transtornos mentais são, em geral, crônicos. 
HISTÓRIA PATOLOGICA PREGRESSA 
São investigadas principalmente as seguintes ocorrências: 
enurese, sonilóquio, pesadelos frequentes, terror noturno, 
sonambulismo, asma, tartamudez, fobia escolar, na infância; 
convulsões ou desmaios; doenças venéreas; outras doenças 
infecciosas, tóxicas ou degenerativas; traumatismos cranianos; 
alergia; intervenções cirúrgicas; hábitos tóxicos (álcool, tabaco, 
drogas ilícitas); uso de medicamentos. 
HISTÓRIA FAMILIAR 
Doenças psiquiátricas e não psiquiátricas; ter sido a gravidez 
desejada ou não pelos pais do paciente, separação dos pais, 
quem criou o paciente; ordem de nascimento entre os irmãos, 
diferenças de idade; características de personalidade dos 
familiares, o relacionamento entre estes e destes com o 
paciente; atitude da família diante da doença do paciente; 
relacionamento com o cônjuge e filhos. 
HISTÓRIA FISIOLOGICA E PESSOAL 
 
HISTÓRIA SOCIAL 
Informações relativas à moradia – condições sanitárias, 
pessoas com quem convive, número de cômodos, privacidade, 
características sociodemográficas da região –; situação 
socioeconômica; características socioculturais; atividade 
ocupacional atual; situação previdenciária; vínculo com o 
sistema de saúde; atividades religiosas e políticas; 
antecedentes criminais. 
Buscamos por costumes dopaciente que podem levar a 
patologias. Escrevemos sobre uso de drogas, hábitos 
alimentares e atividade física. Alguns hábitos, como o uso de 
substâncias psicoativas, podem já constituir a doença 
psiquiátrica ou ajudar na exacerbação dela. 
EXAME PSIQUIÁTRICO 
O exame do estado mental é uma avaliação do funcionamento 
mental do paciente, no momento do exame, com base nas 
observações que foram feitas durante a entrevista. Assim, ele 
pode variar de um momento para outro, em função de 
mudanças na psicopatologia do paciente. 
É organizado por áreas (p.ex., pensamento, sensopercepção, 
afeto, etc.). 
APRESENTAÇÃO GERAL 
Trata-se de uma descrição da impressão geral advinda da 
aparência física, da atitude e conduta do paciente na interação 
com o entrevistador. 
APARÊNCIA 
 
3 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
A descrição deve permitir formar uma imagem sobre o 
paciente, de forma a reconhecê-lo, englobando: 
a) aparência quanto à idade e à saúde; 
b) a presença de deformidades e peculiaridades físicas; 
c) o modo de vestir-se e os cuidados pessoais, incluindo ordem, 
asseio e excentricidades; 
d) a expressão facial, através da mímica e enquanto sinais 
sugestivos de doença orgânica, depressão, ansiedade. 
“Paciente é alto, atlético e apresenta-se para a entrevista em 
boas condições de higiene pessoal, com vestes adequadas, 
porém sempre com a camisa bem aberta...” 
PSICOMOTRICIDADE 
 É a exteriorização comportamental motora dos estados 
psíquicos; divide-se entre as síndromes hipercinéticas e 
hipocinéticas. Nas primeiras, em que há aumento da atividade 
motora, o paciente pode se apresentar inquieto – com 
dificuldade de permanecer parado, senta-se e levanta-se 
repetidas vezes, mexe-se constantemente na cadeira (usual em 
quadros ansiosos) – ou agitado – quando já perdeu o controle 
de seu comportamento, podendo ser desde agitação leve até 
grave, em que ocorrem atos agressivos e destrutivos. As 
hipocinéticas são caracterizadas por inibição motora, com 
lentificação, inibição, até catatonia – quando há total ausência 
de atividade motora concomitantemente à flexibilidade cérea 
(em que o paciente assume a posição em que é deixado como se 
fosse um boneco de cêra) –, e catalepsia – em que há aumento 
do tônus e rigidez muscular. 
a) O comportamento e atividade motora, envolvendo a 
velocidade e intensidade da mobilidade geral na marcha, 
quando sentado e na gesticulação; 
b) A atividade motora, incluindo a agitação (hiperatividade) 
ou retardo (hipoatividade), a presença de tremores, de 
acatisia, estereotipias, maneirismos (movimentos 
involuntários estereotipados), tiques (movimentos 
involuntários e espasmódicos); 
c) A presença de sinais característicos de catatonia (anomalias 
motoras em distúrbios não orgânicos), como flexibilidade 
cérea (manutenção de posturas impostas por outros), 
obediência automática, resistência passiva e ativa, 
negativismo (resistência imotivada), estupor (lentificação 
motora, imobilidade) e catalepsia (manutenção de uma 
posição imóvel). 
“Sua mímica é ansiosa, torce as mãos ao falar, levando-as à 
boca para roer as unhas...” ou “Seu gestual é discreto...” 
SITUAÇÃO DA ENTREVISTA/INTERAÇÃO 
Deve-se descrever as condições em que a entrevista ocorreu 
abrangendo: 
a) o local; 
b) a presença de outros participantes; 
c) intercorrências eventuais. 
LINGUAGEM E PENSAMENTO 
A linguagem e o pensamento são avaliadas conjuntamente. 
PENSAMENTO 
A forma de acessar o pensamento do paciente é, sobretudo, por 
meio do discurso, cuja avaliação acaba tento, por conseguinte, 
muitos pontos em comum com a avaliação do pensamento. 
Deve-se analisá-lo quanto a forma, curso e conteúdo. 
A forma do pensamento diz respeito à maneira como as idéias 
são encadeadas ao longo do raciocínio. As alterações formais 
ocorrem principalmente nos quadros psicóticos ou 
maniformes: afrouxamento de associações (idéias relacionadas 
de forma pobre entre si), arboriforme (tendência à 
desorganização, mas mantendo ainda a meta do raciocínio), 
fuga de idéias (idéias levam a novas idéias, perdendo a meta, 
típica dos quadros maniformes) e desagregado (quando há 
perda completa da relação aparente entre as idéias). 
O curso e a velocidade do pensamento também se alteram, 
podendo haver aceleração, principalmente em síndromes 
maníacas, ou lentificação, quando o pensamento vai mais 
devagar, comum em depressões. Outros fenômenos podem 
ocorrer, como bloqueio e roubo do pensamento: no primeiro 
caso, o fluxo é interrompido abruptamente; no segundo, o 
paciente interpreta tal fenômeno como se o pensamento lhe 
houvesse sido roubado. Inserção de pensamentos, também 
típicas de esquizofrenia, é a vivência de um pensamento não 
próprio ocorrendo ao paciente, interpretado como inserido por 
terceiros. A sonorização do pensamento tem um componente 
também de alucinação auditiva, pois o paciente ouve um som 
que não foi produzido (seu pensamento). 
O conteúdo do pensamento é praticamente ilimitado, pois tudo 
pode estar contido no pensamento. Aqui, o que se deve avaliar 
é se há algum tema prevalente, que domine e sobrepuje a 
ocorrência de outros temas. O valor atribuído ao conteúdo, que 
pode conferir caráter delirante ao pensamento, é avaliado em 
uma função à parte, o juízo, que veremos adiante. O adoecer do 
pensamento, embora teoricamente extenso, na prática gravita 
em torno de poucos temas: culpa e pecado, religiosidade, 
sexualidade, morte, riqueza e poder ou ruína, perseguição ou 
adoecimento. 
LINGUAGEM 
Avaliada principalmente em seu componente verbal, 
devem considerados também a forma e o conteúdo. Quanto à 
forma, analisa-se a velocidade do discurso, que pode estar 
lentificado, caso em que normalmente se nota a latência de 
resposta, definida como uma pausa acima do normal entre as 
perguntas feitas pelo entrevistador e a resposta do paciente. É 
comum ocorrer nas depressões ou em casos de desorganização 
do pensamento, pois o paciente demora-se ao procurar as 
respostas em meio à desorganização em que se encontra. Em 
casos extremos de depressão e em casos de catatonia, verifica-
se mutismo. Entretanto, o discurso pode estar acelerado; 
quando o paciente, além de falar rapidamente, fala em grande 
quantidade, dizemo-no logorréico; se associada à logorréia 
houver fala em alto volume e ininterrupta, fala-se em pressão 
de discurso, sendo usual ocorrer em mania e em quadros 
ansiosos mais graves. Mussitação, verbigeração e ecolalia são 
automatismos verbais, semelhantes a uma reza contínua em 
voz baixa, no primeiro caso; no segundo, trata-se da repetição 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/pensamento.htm
 
4 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
sem sentido de frases ou palavras incessantemente; no último, 
da repetição automática das palavras pronunciadas pelo 
interlucutor. O conteúdo do discurso acompanha usualmente o 
conteúdo do pensamento, devendo ser descritos eventuais 
temas prevalentes. Ressaltamos a importância de afastar 
quadros de afasias com propedêutica adequada no exame 
da linguagem, que podem confundir o médico que não 
considerar a possibilidade de tais quadros. 
 
FORMA DE PENSAMENTO 
Neste item, deve ser examinada a organização formal do 
pensamento, sua continuidade e eficácia em atingir um 
determinado objetivo. Alguns distúrbios observados neste item 
são: 
- Circunstancialidade - o objetivo final de uma determinada fala 
é longamente adiado, pela incorporação de detalhes 
irrelevantes e tediosos. 
- Tangencialidade - o objetivo da fala não chega a ser atingido 
ou não é claramente definido. O paciente afasta-se do tema que 
está sendo discutido, introduzindo pensamentos 
aparentemente não relacionados, dificultando uma conclusão. 
O paciente fala de forma tão vaga, que apesar da fala estar 
quantitativamente adequada, pouca informação é transmitida 
(pobreza do conteúdo do pensamento). 
- Perseveração- o paciente repete a mesma resposta à uma 
variedade de questões, mostrando uma incapacidade de mudar 
sua resposta a uma mudança de tópico. 
- Fuga de idéias - ocorre sempre na presença de um 
pensamento acelerado e caracteriza-se pelas associações 
inapropriadas entre os pensamentos, que passam a serem 
feitas pelo som ou pelo ritmo das palavras (associações 
ressonantes). 
- Pensamento incoerente - ocorre uma perda na associação 
lógica entre partes de uma sentença ou entre sentenças 
(afrouxamento de associações). Numa forma extrema de 
incoerência, observa-se uma seqüência incompreensível de 
frases ou palavras (salada de palavras). 
- Bloqueio de pensamento - ocorre uma interrupção súbita da 
fala, no meio de uma sentença. Quando o paciente consegue 
retomar o discurso, o faz com outro assunto, sem conexão com 
a ideação anterior. 
- Neologismos - o paciente cria uma palavra nova e ininteligível 
para outras pessoas, geralmente uma condensação de palavras 
existentes. 
- Ecolalia - repetição de palavras ou frases ditas pelo 
interlocutor, às vezes com a mesma entonação e inflexão de 
voz. 
CONTEÚDO DO PENSAMENTO 
Neste item, investigam-se os conceitos emitidos pelo paciente 
durante a entrevista e sua relação com a realidade. Deve-se 
assinalar: 
Tema predominante e/ou com características peculiares, tais 
como: 
- Ansiosos - preocupações exageradas consigo mesmo, com os 
outros ou com o futuro. 
- Depressivos - desamparo, desesperança, ideação suicida, etc. 
- Fóbico - medo exagerado ou patológico diante de algum tipo 
de estímulo ou situação. 
- Obsessivos - pensamentos recorrentes, invasivos e sem 
sentido, que a pessoa reconhece como produtos de sua própria 
mente e tenta afastá-los da consciência. Podem ser 
acompanhados de comportamentos repetitivos, reconhecidos 
como irracionais, que visam neutralizar algum desconforto ou 
situação temida (Compulsões). 
LOGICIDADE DO PENSAMENTO 
Logicidade do pensamento, ou o quanto o pensamento pode ser 
sustentado por dados da realidade do paciente. Alguns tipos de 
pensamento ilógico são descritos abaixo: 
- Ideias supervalorizadas - o conteúdo do pensamento 
centraliza-se em torno de uma ideia particular, que assume 
uma tonalidade afetiva acentuada, é irracional, porém 
sustentada com menos intensidade que uma ideia delirante. - 
Delírios - crenças que refletem uma avaliação falsa da 
realidade, não são compartilhadas por outros membros do 
grupo sócio-cultural do paciente e das quais não pode ser 
dissuadido, através de argumentação contrária, lógica e 
irrefutável. Os delírios podem ser primários, quando não estão 
associados a outros processos psicológicos, p.ex., inserção de 
pensamento (crê que pensamentos são colocados em sua 
cabeça), irradiação de pensamento (acredita que os próprios 
pensamentos são audíveis ou captados pelos outros) e 
secundários, quando vinculados a outros processos 
psicológicos( derivados de uma alucinação, associados à 
depressão ou mania) . Os delírios podem ser descritos em 
função de seu grau de organização, em: sistematizados 
(relacionados a um único tema, mantendo uma lógica interna, 
ainda que baseada em premissas falsas, o que pode conferir 
maior credibilidade) e não sistematizados (quando envolvem 
vários temas, são mais desorganizados e pouco convincentes). 
Os delírios podem ser descritos, também, pelo seu tema 
predominante, p. ex., como delírio de referência (atribuição de 
um significado pessoal a observações ou comentários neutros), 
persecutório (idéia de que está sendo atacado, incomodado, 
prejudicado, perseguido ou sendo objeto de conspiração), de 
grandiosidade (o conteúdo envolve poder, conhecimento ou 
importância exagerados), somáticos (o conteúdo envolve uma 
mudança ou distúrbio no funcionamento corporal), de culpa 
(acredita ter cometido uma falta ou pecado imperdoável), de 
ciúmes (acredita na infidelidade do parceiro), de controle 
(acredita que seus pensamentos, sentimentos e ações são 
controlados por alguma força externa). 
CAPACIDADE DE ABSTRAÇÃO 
Reflete a capacidade de formular conceitos e generalizações. A 
incapacidade de abstração é referida como pensamento 
concreto. Este item pode ser avaliado, através da observação de 
algumas manifestações espontâneas, durante a entrevista 
(p.ex., diante da pergunta “como vai” o paciente responde “vou 
de ônibus”), ou através da solicitação para que o paciente 
interprete provérbios habituais para sua cultura. 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/linguagem.htm
 
5 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
SENSO – PERCEPÇÃO 
Observação de comportamentos sugestivos de percepções, na 
ausência de estímulos externos (conversar consigo mesmo, rir 
sem motivo, olhar repentinamente em determinada direção, na 
ausência de estímulo aparente); ou, ainda, pode formular 
perguntas diretas sobre tais alterações (p.ex., “Você já teve 
experiências estranhas, que a maioria das pessoas não 
costumam ter?” “Você já ouviu barulhos ou vozes, que outras 
pessoas, estando próximas, não conseguiram ouvir?”). As 
principais alterações da sensopercepção são comentadas 
abaixo: 
- Despersonalização: refere-se à sensação de estranheza, como 
se seu corpo, ou partes dele não lhe pertencessem, ou fossem 
irreais. 
- Desrealização: o ambiente ao redor parece estranho e irreal, 
como se “as pessoas ao seu redor estivessem desempenhando 
papéis”. 
- Ilusão: interpretação perceptual alterada, resultante de um 
estímulo externo real. 
- Alucinações: percepção sensorial na ausência de estimulação 
externa do órgão sensorial envolvido. As alucinações podem 
ser: auditivas (sons ou vozes; as vozes podem dirigir-se ao 
paciente ou discutirem entre si sobre ele), visuais (luzes ou 
vultos até cenas em movimento, nítidas e complexas), táteis 
(toque, calor, vibração, dor, etc.), olfatórias e gustativas. As 
alucinações que ocorrem no estado de sonolência, que precede 
o sono (hipnagógicas) e no estado semiconsciente, que precede 
o despertar (hipnopômpicas) são associadas ao sono normal e 
não são, necessariamente, patológicas. 
AFETIVIDADE E HUMOR 
 Afeto é a manifestação da resposta emocional de alguém a 
eventos internos e externos, pensamentos, idéias, memórias 
evocadas e reflexões. Mostra o momento do indivíduo, 
podendo, quanto à qualidade, ser de alegria, raiva, tristeza, 
ansiedade, interesse, vergonha, culpa, surpresa. No que se 
refere ao tônus afetivo, ou seja, ao volume do afeto, pode estar 
aumentado, diminuído ou embotado, o que define o estado de 
quase ausência de afetos ou de modulação e ressonância 
afetiva. Modulação é a capacidade de variar entre afetos; 
ressonância é a capacidade de sintonizar com o ambiente, 
reagindo adequadamente à situação em que se encontra. 
Ambos podem ser aumentados ou diminuídos, sendo 
caracteristicamente menores nas depressões, maiores na 
mania e praticamente ausentes na esquizofrenia, daí o 
descrever como embotamento afetivo. O humor é o todo da 
vida emocional, a disposição afetiva de fundo, algo como a 
média dos afetos, podendo, portanto, estar polarizado (para 
depressão, hipomania ou mesmo mania); se mantém-se 
levemente deprimido de forma constante, pode-se considerá-lo 
distímico. Hipertímico, por sua vez, é a manutenção de um 
estado de leve elevação constante. Finalmente diz-se eutímico 
do humor sem clara tendência para um ou outro lado ao longo 
do tempo. 
A avaliação do afeto inclui a expressividade, o controle e a 
adequação das manifestações de sentimentos, envolvendo a 
intensidade, a duração, as flutuações do humor e seus 
componentes somáticos. Considera-se humor a tonalidade de 
sentimento mantido pelo paciente durante a avaliação. Para a 
avaliação desta função considera-se: 
a) o conteúdo verbalizado; 
b) o que se observa ou se deduz do tom de voz, da expressão 
facial, da postura corporal; 
c) a maneira como o paciente relata experimentaros próprios 
sentimentos, o que pode requerer um questionamento 
específico sobre “como os sentimentos são 
experimentados”; 
d) o relato de oscilações e variações de humor no curso do dia. 
- Tonalidade emocional: avalia-se a tonalidade emocional 
predominante durante a entrevista, observando-se a presença 
e a intensidade de manifestações de: ansiedade, pânico, 
tristeza, depressão, apatia, hostilidade, raiva, euforia, elação, 
exaltação, desconfiança, ambivalência, perplexidade, 
indiferença, embotamento afetivo (virtualmente, sem 
expressão afetiva, p. ex. voz monótona, face imóvel). 
- Modulação: Refere-se ao controle sobre os afetos, deve-se 
observar a presença de hipomodulação, associada à rigidez 
afetiva, caracterizada pela manutenção de uma certa fixidez no 
afeto externalizado, e de hipermodulação, associada à 
labilidade afetiva, caracterizada por marcadas oscilações no 
humor manifesto. 
- Associação pensamento/afeto: A avaliação da relação do 
conteúdo do pensamento ao afeto manifesto constitui-se em 
ponto importante, devendo-se considerar: o nível de associação 
/ dissociação e a adequação / inadequação das manifestações, 
para tal deve-se levar em conta a temática e o contexto na qual 
ela está inserida. 
- Equivalentes orgânicos: Os equivalentes ou concomitantes 
orgânicos do afeto devem ser avaliados com base nas 
alterações do apetite, peso, sono e libido. 
É importante observar na avaliação desta a função, a presença 
de manifestações ou risco de auto e heteroagressividade, tais 
como idéias ou planos de suicídio, ou ainda idéias ou projetos 
de homicídio ou agressão voltada para o meio. 
Deve-se considerar, ainda, na avaliação desta função as 
manifestações relativas a auto-estima, e a volição, enquanto a 
energia que a pessoa está investindo e a disposição com a qual 
está se envolvendo na realização de seus projetos pessoais. 
ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO 
Para o exame psiquiátrico importa o nível de consciência, de 
alerta, de quão desperto e funcionante está o sistema nervoso 
central. Normalmente vai do grau de maior alerta, o 
estado vigil, passando pela sonolência, torpor (obnubilado), 
estupor (semicomatoso) e coma, que são graus 
de rebaixamento do nível de consciência, quando o paciente é 
dito confuso. O paciente sonolento usualmente oscila entre 
dormindo e acordado, e com algum esforço desperta e 
estabelece contato. O torporoso acorda com dificuldade, não 
plenamente despertando e permanecendo algo confuso. 
O estuporoso só acorda mediante estímulos muito vigorosos, 
não sendo capaz de se manter alerta espontaneamente. 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/humor.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/consciencia.htm
 
6 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
O comatoso não acorda, apresentando o maior grau de 
rebaixamento do nível de consciência. 
Além das alterações quantitativas, a qualidade da consciência 
eventualmente se encontra alterada. O paciente pode 
apresentar estreitamento da consciência, quando o foco fica 
restrito, quer por alta ansiedade, intoxicações ou crises 
epilépticas; dissociação da consciência, quando vivencia 
momentos dos quais não se lembra ao retomar a integridade da 
consciência. Fazem parte ainda das alterações qualitativas os 
estados crepusculares, vistos em quadros orgânicos como 
epilepsia. 
MEMÓRIA 
A memória começa ser avaliada durante a obtenção da história 
clínica do paciente, com a verificação de como ele se recorda de 
situações da vida pregressa, tais como, onde estudou, seu 
primeiro emprego, perguntas sobre pessoas significativas de 
sua vida passada, tratamentos anteriores, etc. A memória pode 
ser avaliada, também, através de testes específicos, alguns 
deles bastante simples, e que podem ser introduzidos numa 
entrevista psiquiátrica habitual. A investigação da memória é, 
particularmente, importante quando se suspeita de quadros de 
etiologia orgânica. Habitualmente, divide-se a avaliação da 
memória em três tipos: 
- Memória Remota: avalia a capacidade de recordar-se de 
eventos do passado, podendo ser avaliada durante o relato 
feito pelo paciente, de sua própria história. 
- Memória Recente: avalia a capacidade de recordar-se de 
eventos que ocorreram nos últimos dias, que precederam a 
avaliação. Para esta avaliação o examinador pode perguntar 
sobre eventos verificáveis dos últimos dias, tais como: o que o 
paciente comeu numa das refeições anteriores, o que viu na TV 
na noite anterior, etc. 
- Memória Imediata: avalia a capacidade de recordar-se do que 
ocorreu nos minutos precedentes. Pode ser testada, pedindo-se 
ao paciente que memorize os nomes de três objetos não 
relacionados e depois de 5 minutos, durante os quais se 
retomou a entrevista normal, solicitando-se que o paciente 
repita esses três nomes. 
ORIENTAÇÃO 
A avaliação envolve aspectos auto e alopsíquicos. 
- Autopsíquica: Os aspectos autopsíquicos se caracterizam pelo 
reconhecimento de si envolvendo: 
a) saber o próprio nome; 
b) reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através de seu 
nome ou de seu papel social; 
b) reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através de seu 
nome ou de seu papel social. 
- Alopsíquica: Com relação aos aspectos alopsiquícos são 
avaliados: 
a) a orientação no tempo, englobando saber informar - o ano, o 
mês, o dia da semana, o período do dia, ou ainda a estação do 
ano, ou marcos temporais como Natal/ Carnaval/ Páscoa; 
b) a orientação no espaço envolve saber informar onde se 
encontra no momento, nomeando o lugar, a cidade e o estado. 
CONSCIÊNCIA 
Clinicamente é subdividida em memória de longa duração, de 
curta duração e imediata. A memória de longa duração, ou 
remota, refere-se aos fatos gravados há mais tempo, às 
recordações antigas, e pode ser avaliada enquanto o paciente 
conta sua história; a de curta duração, ou recente, trata de 
dados a serem mantidos por pouco tempo, como um número 
de telefone até que ele seja discado. A memória imediata, 
chamada memória de trabalho, permite, por exemplo, que um 
leitor entenda a coerência de uma frase, embora já não lembre 
exatamente de quais eram as primeiras palavras lidas. Está 
intimamente ligada à atenção. 
As memórias podem ser medidas com testes simples 
específicos, como gravar palavras ou nomes. Os déficits podem 
dar ensejo a confabulações, que são falsas memórias criadas 
pelo paciente para suprir as lacunas abertas na memória, sendo 
associadas a quadros de amnésia orgânica, como nas 
demências. 
 
CAPACIDADE INTELECTUAL 
Envolve uma estimativa do nível de desempenho intelectual 
esperado, em função da escolaridade e do nível sócio-cultural, 
enquanto capacidade de compreensão e integração de 
experiências. 
Trata-se de uma função complexa, pois seu comprometimento 
pode refletir o prejuízo de outras funções como pensamento, 
atenção - concentração, ou ainda a não aquisição de 
habilidades, em função de baixa escolaridade ou de experiência 
em um meio sócio-cultural pobre. 
Na situação de entrevista deve ser observado: o vocabulário, 
sua propriedade e nível de complexidade, e a capacidade de 
articular conceitos, de abstrair e generalizar. 
- Prejuízo intelectual: Para a avaliação deste item, a observação 
da situação de entrevista, pode ser complementada com a 
proposição de atividades como: 
a) perguntas que avaliam as informações sobre assuntos ou 
temas gerais (por exemplo, quem é o Presidente da República); 
b) a resolução de problemas aritméticos (por exemplo, quanto 
receber de troco em uma situação de compra e venda); 
c) a leitura de textos escritos comentando a compreensão dos 
mesmos. É importante observar o nível sócio-cultural do 
paciente na seleção das atividades e na complexidade das 
mesmas. 
- Deterioração: Deve-se estar atento à presença de uma 
deterioração global, com prejuízo no funcionamento 
intelectual, sem obnubilação da consciência no caso de 
demência(disfunção cerebral orgânica) ou pseudodemência 
(depressão). 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/confabulacoes.htm
 
7 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
JUÍZO CRÍTICO DA REALIDADE 
O juízo é a capacidade de dar valor a fatos e idéias, e apresenta-
se alterado no paciente que tem delírios. Estes são certezas 
subjetivas de algo, não encadeadas no fluxo normal de 
pensamentos, não compartilhadas (não fazem parte de um 
conjunto de crenças culturalmente aceitas), irrefutáveis e de 
conteúdo improvável. Embora normalmente de conteúdo 
bizarro, podem ser plausíveis, como no exemplo do alcoolista 
traído que tem delírios de ciúme. Por isso é importante 
determinar a forma de surgimento da idéia em questão: o 
delírio surge por interpretação delirante, quando o paciente 
interpreta fatos corriqueiros de forma psicótica; por intuição 
delirante, caso em que o delírio simplesmente surge, como 
uma revelação inquestionável que não carece de explicação; ou 
por percepção delirante, quando, ao receber um estímulo 
qualquer, o paciente o entende como explicação para os 
delírios, como quando, ao ver a garrafa de cerveja na mesa, o 
paciente descobre que a mulher o estava traindo. Os delírios 
podem incluir os mais diversos temas, mas os mais comuns são 
os místicos, de persecutoriedade e de grandeza. 
Crítica é definida arbitrariamente como a capacidade do 
paciente de entender sua condição, ter insight sobre seu estado, 
podendo estar preservada, abolida ou ser parcial, quando o 
paciente entende que algo está diferente, mas não consegue 
definir bem o que ocorre. 
EXAME FÍSICO GERAL 
No exame físico deve ser dada ênfase ao exame neurológico e 
ao do sistema endócrino. 
A Escala de Movimentos Involuntários Anormais (Abnormal 
Involuntary Movement Scale; AIMS) é um teste de triagem 
importante a ser seguido quando se utiliza medicamento 
antipsicótico para monitorar efeitos colaterais potenciais, como 
discinesia tardia. Uma avaliação neurológica focalizada é uma 
parte importante da avaliação psiquiátrica. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Duas questões recentes levaram a avaliação clínica e os exames 
laboratoriais em pacientes psiquiátricos para o centro das 
atenções da maioria dos médicos: o amplo reconhecimento do 
problema generalizado da síndrome metabólica na psiquiatria 
clínica e a expectativa de vida mais curta de pacientes 
psiquiátricos comparada com a da população em geral. Os 
fatores que podem contribuir para a comorbidade clínica 
incluem abuso de tabaco, álcool e drogas, hábitos dietéticos 
ruins e obesidade. Além disso, muitos medicamentos 
psicotrópicos estão associados com riscos à saúde que incluem 
obesidade, síndrome metabólica e hiperprolactinemia. 
Consequentemente, a monitoração da saúde física de pacientes 
psiquiátricos tem-se tornado uma questão mais proeminente. 
Uma abordagem lógica e sistemática ao uso da avaliação clínica 
e de exames laboratoriais pelo psiquiatra é vital para alcançar 
os objetivos de chegar a diagnósticos corretos, identificar 
comorbidades clínicas, implementar tratamento adequado e 
fornecer tratamento custo-efetivo. Com respeito ao diagnóstico 
ou tratamento de doença clínica, a consulta com colegas de 
outras especialidades é importante. Os bons médicos 
reconhecem os limites de sua expertise e a necessidade de 
consultar seus colegas não psiquiatras. 
MONITORAÇÃO DA SAÚDE FÍSICA 
A monitoração da saúde física de pacientes psiquiátricos tem 
dois objetivos: fornecer tratamento adequado para doenças 
existentes e proteger a saúde atual do paciente de possíveis 
prejuízos futuros. A prevenção de doenças deve começar com 
um conceito claro da condição a ser evitada. De maneira ideal, 
em psiquiatria isso seria um foco em condições comumente 
encontradas que poderiam ser uma fonte significativa de 
morbidade ou mortalidade. É claro que, em psiquiatria, um 
pequeno número de problemas clínicos está na base de um 
número significativo de prejuízos e mortes prematuras. 
EXAMES DE IMAGEM 
Os exames por imagens do sistema nervoso central (SNC) 
podem ser divididos amplamente em dois domínios: estrutural 
e funcional. As imagens estruturais fornecem uma visualização 
detalhada, não invasiva, da morfologia do cérebro, enquanto as 
funcionais fornecem uma visualização da distribuição espacial 
de processos bioquímicos específicos. As imagens estruturais 
incluem a TC de raios X e a imagem por ressonância magnética 
(IRM). As imagens funcionais incluem a tomografia por 
emissão de pósitrons (PET), a tomografia computadorizada por 
emissão de fóton único (SPECT), a IRM funcional (IRMf) e a 
espectroscopia por ressonância magnética (ERM). Com a 
limitada exceção do escaneamento por PET, as técnicas de 
imagens funcionais são consideradas instrumentos de pesquisa 
que ainda não estão prontos para uso clínico de rotina. 
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
Os escaneamentos por IRM são usados para distinguir 
anormalidades cerebrais estruturais que podem estar 
associadas com as alterações comportamentais de um paciente. 
Esses exames fornecem ao médico imagens de estruturas 
anatômicas vistas de perspectivas transversais, coronais ou 
oblíquas. A IRM pode detectar uma grande variedade de 
anormalidades estruturais. Ela é particularmente útil para 
examinar os lobos temporais, o cerebelo e as estruturas 
subcorticais profundas e é única em sua capacidade de 
identificar hiperintensidades da substância branca 
periventricular. Os escaneamentos por IRM são úteis para 
examinar doenças específicas, como neoplasias não meníngeas, 
malformações vasculares, focos convulsivos, transtornos 
desmielinizantes, transtornos neurodegenerativos e infartos. 
As vantagens da IRM incluem a ausência de radiação ionizante 
e de agentes de contraste à base de iodo. Ela é contraindicada 
quando o paciente tem marca-passo, clipes de aneurisma ou 
corpos estranhos ferromagnéticos. 
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 
Os escaneamentos por TC são usados para identificar 
anormalidades cerebrais estruturais que podem contribuir 
para as anormalidades comportamentais de um paciente. Esses 
exames fornecem ao médico imagens de raio X transversais do 
cérebro. A TC pode detectar uma grande variedade de 
anormalidades estruturais nas regiões corticais e subcorticais 
do cérebro. Ela é útil quando um médico está buscando 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/delirios.htm
 
8 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
evidências de um AVC, hematoma subdural, tumor ou abscesso. 
Esses estudos também permitem a visualização de fraturas de 
crânio. Os escaneamentos por TC são a modalidade preferida 
quando existe suspeita de um tumor meníngeo, lesões 
calcificadas, hemorragia subaracnoide ou parenquimal aguda 
ou infarto parenquimal agudo. 
Esses escaneamentos podem ser realizados com ou sem 
contraste. O propósito do contraste é aumentar a visualização 
de doenças que alteram a barreira hematencefálica, tais como 
tumores, AVCs, abscessos e outras infecções. 
TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS 
Os escaneamentos por PET são realizados predominantemente 
em centros médicos universitários. Eles requerem um 
tomógrafo de emissão de pósitron (o escâner) e um cíclotron 
para criar os isótopos relevantes. Esse tipo de escaneamento 
envolve a detecção e a medição da radiação de pósitron emitida 
após a injeção de um composto que foi marcado com um 
isótopo emissor de pósitron. Em geral, os escaneamentos por 
PET utilizam fluorodesoxiglicose (FDG) para medir o 
metabolismo de glicose cerebral regional. A glicose é a 
principal fonte de energia para o cérebro. Esses escaneamentos 
fornecem informações sobre a ativação relativa de regiões do 
cérebro, visto que o metabolismo de glicose regional é 
diretamente proporcional à atividade neuronal. Os 
escaneamentos cerebrais com FDG são úteis no diagnóstico 
diferencial de doença demencial. O achado mais consistentena 
literatura sobre a PET é o padrão de hipometabolismo de 
glicose temporal-parietal em pacientes com demência do tipo 
Alzheimer. 
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA POR EMISSÃO DE FÓTON 
ÚNICO 
A SPECT está disponível na maioria dos hospitais, mas 
raramente é usada para estudar o cérebro. Ela costuma ser 
utilizada para estudar outros órgãos, como o coração, o fígado e 
o baço. Alguns estudos recentes, entretanto, tentam 
correlacionar as imagens cerebrais por SPECT com transtornos 
mentais. 
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FUNCIONAL 
A IRMf é um escaneamento usado na pesquisa para medir o 
fluxo sanguíneo cerebral regional. Com frequência, os dados da 
IRMf são sobrepostos a imagens de IRM convencionais, 
resultando em mapas detalhados da estrutura e da função do 
cérebro. A medição do fluxo sanguíneo envolve o uso da 
molécula heme como agente de contraste endógeno. A taxa de 
fluxo de moléculas heme pode ser medida, resultando em uma 
avaliação do metabolismo cerebral regional. 
ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
A ERM é outro método de pesquisa para medir o metabolismo 
cerebral regional. Os escaneamentos por ERM são realizados 
em dispositivos de IRM convencionais que passaram por 
atualizações específicas de hardware e software. As 
atualizações permitem que o sinal dos prótons seja suprimido e 
outros compostos sejam medidos. (As imagens por IRM 
convencional são, na realidade, um mapa da distribuição 
espacial de prótons encontrados na água e na gordura.) 
ANGIOGRAFIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
A angiografia por ressonância magnética (ARM) é um método 
para criar mapas tridimensionais do fluxo sanguíneo cerebral. 
Os neurologistas e os neurocirurgiões são os que mais utilizam 
esse teste. Ele raramente é usado por psiquiatras. 
ESTUDOS DE TOXICOLOGIA 
Os exames urinários para drogas de abuso são imunoensaios 
que detectam barbitúricos, benzodiazepínicos, metabólitos de 
cocaína, opiáceos, fenciclidina, tetra-hidrocanabinol e 
antidepressivos tricíclicos. Esses testes rápidos fornecem 
resultados em uma hora. Entretanto, são testes de triagem; 
uma testagem adicional é necessária para confirmar os 
resultados. 
CONCENTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
A testagem para determinar as concentrações sanguíneas de 
certos medicamentos psicotrópicos permite ao médico 
determinar se os níveis sanguíneos dos medicamentos estão 
em níveis terapêuticos, subterapêuticos ou tóxicos. Sintomas 
psiquiátricos não são raros quando medicamentos prescritos 
estão em níveis tóxicos. Em pacientes debilitados e nos idosos, 
sintomas patológicos podem ocorrer em concentrações 
terapêuticas. Os valores de referência normais variam entre os 
laboratórios. É importante verificar com o laboratório que 
realiza o exame para obter sua variação de referência normal. 
CONCENTRAÇÃO DE DROGAS 
A testagem para drogas de abuso geralmente é realizada em 
amostras de urina. Também pode ser feita em amostras de 
sangue, hálito (álcool), cabelo, saliva e suor. Os exames de urina 
fornecem informações sobre uso recente de drogas de abuso 
frequente, como álcool, anfetaminas, cocaína, maconha, 
opioides e fenciclidina junto com 3,4- 
metilenedioximetanfetamina (MDMA) (ecstasy). Muitas 
substâncias podem produzir falso-positivos em exames de 
urina para drogas. Quando há suspeita de um falso-positivo, um 
teste confirmatório pode ser solicitado. Um exame toxicológico 
qualitativo abrangente em geral é realizado por cromatografia 
líquida e gasosa. Sua realização pode exigir muitas horas, e ele 
raramente é feito em situações clínicas de rotina. Ele costuma 
ser realizado em pacientes com toxicidade inexplicável e um 
quadro clínico atípico. 
AVALIAÇÕES ENDÓCRINAS 
As doenças endócrinas são de grande relevância na psiquiatria. 
O tratamento de doenças psiquiátricas é complicado por 
doenças endócrinas comórbidas. Essas doenças, muitas vezes, 
têm manifestações psiquiátricas. Por essas razões, a avaliação 
para doença endócrina costuma ser de relevância para o 
psiquiatra. 
DOENÇA SUPRARRENAL 
A doença suprarrenal pode ter manifestações psiquiátricas, 
incluindo depressão, ansiedade, mania, demência, psicose e 
 
9 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
delirium. Todavia, pacientes com essa doença raramente 
recebem atenção de psiquiatras. A avaliação e o tratamento 
desses pacientes são realizados em conjunto com especialistas. 
Níveis plasmáticos de cortisol baixos são encontrados na 
doença de Addison. Esses pacientes podem ter sintomas que 
também são comuns em condições psiquiátricas, incluindo 
fadiga, anorexia, perda de peso e indisposição. Os pacientes 
também podem ter comprometimento da memória, confusão 
ou delirium. É possível ocorrer depressão ou psicose com 
alucinações e delírios. Níveis elevados de cortisol são 
observados na síndrome de Cushing. Cerca de metade de todos 
os pacientes com essa síndrome desenvolve sintomas 
psiquiátricos, entre os quais labilidade, irritabilidade, 
ansiedade, ataques de pânico, humor deprimido, euforia, mania 
ou paranoia. As disfunções cognitivas podem incluir lentidão 
cognitiva e memória de curto prazo deficiente. Os sintomas 
geralmente melhoram quando o cortisol se normaliza. Se não, 
ou se os tomas forem graves, o tratamento psiquiátrico pode 
ser necessário. 
USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES 
O uso dessas substâncias tem sido associado com irritabilidade, 
agressividade, depressão e psicose. Atletas e fisiculturistas são 
abusadores comuns de esteroides anabolizantes. Amostras de 
urina podem ser usadas para a triagem desses agentes. Visto 
que tantos compostos foram sintetizados, uma variedade de 
testes pode ser necessária para confirmar o diagnóstico, 
dependendo do composto que tem sido utilizado. A consulta 
com um especialista é aconselhada. Geralmente, os andrógenos 
além da testosterona podem ser detectados por cromatografia 
gasosa e espectroscopia de massa. 
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO 
A arginina vasopressina (AVP), também chamada de hormônio 
antidiurético (ADH), está diminuída no diabetes insípido (DI) 
central. O DI pode ser central (devido à hipófise ou ao 
hipotálamo) ou nefrogênico. O DI nefrogênico pode ser 
adquirido ou causado por uma condição hereditária ligada ao X. 
O DI induzido por lítio é um exemplo de uma forma dessa 
doença adquirida. Foi demonstrado que o lítio diminui a 
sensibilidade dos túbulos renais a AVP. Pacientes com DI 
central respondem à administração de vasopressina com uma 
diminuição na produção de urina. O DI central secundário pode 
se desenvolver em resposta a traumatismo craniano que 
produza dano à hipófise ou ao hipotálamo. 
GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA 
A gonadotrofina coriônica humana (hCG) pode ser avaliada na 
urina e no sangue. O exame de urina para hCG é a base para o 
teste de gravidez mais comumente utilizado. Esse teste 
imunométrico é capaz de detectar gravidez cerca de duas 
semanas após um período menstrual esperado ter passado. Os 
exames de rotina são mais precisos quando realizados 1 a 2 
semanas após a ausência de um período menstrual, e não há 
uma precisão confiável até o período de duas semanas ter 
passado. Entretanto, existem exames de hCG urinários 
ultrassensíveis que podem detectar gravidez precisamente sete 
dias após a fertilização. Os testes de gravidez muitas vezes são 
obtidos antes do início do tratamento com certos 
medicamentos psicotrópicos, como lítio, carbamazepina e 
valproato, que estão associados com anomalias congênitas. 
PARATORMÔNIO 
O paratormônio (hormônio paratireoidiano) modula as 
concentrações séricas de cálcio e fósforo. A desregulação nesse 
hormônio e a resultante produção de anormalidades no cálcio e 
no fósforo podem produzir depressão ou delirium. 
PROLACTINA 
Os níveis de prolactina podem se tornar elevados em resposta à 
administração de agentes antipsicóticos. Elevações na 
prolactina sérica resultam do bloqueio de receptoresde 
dopamina na hipófise. Esse bloqueio produz aumento na 
síntese e na liberação de prolactina. 
Obs.: Os níveis de prolactina podem se elevar um pouco após 
uma convulsão. Por essa razão, sua medição imediata após uma 
possível atividade convulsiva pode ajudar a diferenciar uma 
convulsão de uma pseudoconvulsão. 
HORMÔNIO TIREOIDIANO 
As doenças da tireoide estão associadas com muitas 
manifestações psiquiátricas e são mais comumente 
relacionadas com depressão e ansiedade, mas também podem 
dar origem a sintomas de pânico, demência e psicose. As 
doenças tireoidianas podem imitar a depressão. É difícil 
alcançar a eutimia se um paciente não estiver eutireóideo. 
LES 
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é um transtorno 
autoimune. Os testes para LES são embasados na detecção de 
anticorpos formados como parte da doença. Anticorpos 
antinucleares são encontrados em praticamente todos os 
pacientes com LES. Os níveis de anticorpo também são usados 
para monitorar a gravidade da doença. Um teste fluorescente é 
utilizado para detectar os anticorpos antinucleares. Esse teste 
pode ser positivo em uma variedade de doenças reumáticas. 
Por essa razão, um resultado positivo em geral é seguido por 
teste adicionais, incluindo um teste para detectar anticorpos 
antiácido desoxirribonucleico (DNA). Os anticorpos anti-DNA, 
quando associados com anticorpos antinucleares, são 
fortemente sugestivos de um diagnóstico de lúpus. Os 
anticorpos antiDNA são acompanhados para monitorar a 
resposta ao tratamento. 
FUNÇÃO PANCREÁTICA 
A medição da amilase sérica é usada para monitorar a função 
pancreática. Elevações nos níveis de amilase podem ocorrer em 
indivíduos abusadores de álcool que desenvolvem pancreatite. 
Os níveis séricos de amilase também podem ser fracionados em 
componentes salivares e pancreáticos. 
BIOQUÍMICA 
 
ELETRÓLITOS SÉRICOS 
 
10 
MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES 
 
Os níveis de eletrólitos séricos podem ser úteis na avaliação 
inicial de um paciente psiquiátrico. Esses níveis, muitas vezes, 
são anormais em indivíduos com delirium. Anormalidades 
também podem ocorrer em resposta à administração de 
medicamentos psicotrópicos. Níveis séricos de cloreto baixos 
podem ser encontrados em pacientes com transtornos 
alimentares que induzem o vômito. Os níveis séricos de 
bicarbonato podem ser elevados em pacientes que purgam ou 
que abusam de laxantes e costumam ser baixos naqueles que 
hiperventilam em resposta a ansiedade. 
POTÁSSIO 
Hipocalemia pode estar presente em pacientes com 
transtornos alimentares que purgam ou abusam de laxantes e 
no vômito psicogênico. O abuso de diuréticos por esses 
pacientes também pode produzir hipocalemia. Níveis baixos de 
potássio estão associados com fraqueza e fadiga. Alterações no 
ECG características ocorrem com hipocalemia e consistem em 
arritmias cardíacas, ondas U, ondas T achatadas e depressão do 
segmento ST. 
FÓSFORO 
Pacientes com transtornos alimentares com anorexia nervosa 
ou bulimia nervosa em geral recebem um razoável conjunto de 
exames laboratoriais-padrão, incluindo eletrólitos séricos (em 
particular potássio e fósforo), glicose sanguínea, teste de 
função tireoidiana, enzimas hepáticas, proteína total, albumina 
sérica, ureia, creatinina, hemograma completo e ECG. A amilase 
sérica é frequentemente avaliada em pacientes bulímicos. 
MAGNÉSIO 
Os níveis de magnésio podem estar baixos em indivíduos que 
abusam de álcool. Níveis de magnésio baixos estão associados 
com agitação, confusão e delirium. Se não tratados, é possível a 
ocorrência de convulsões e coma 
HIPONATREMIA 
Hiponatremia é verificada na polidipsia psicogênica e na SIADH 
e em resposta a certos medicamentos, como carbamazepina. 
Níveis de sódio baixos estão associados com delirium. 
OUTROS EXAMES 
 
FUNÇÃO RENAL 
Os testes de função renal incluem ureia e a creatinina. Outros 
exames laboratoriais relevantes envolvem a análise urinária de 
rotina e a depuração de creatinina. A ureia elevada 
frequentemente resulta em letargia ou delirium. A ureia 
costuma estar elevada com a desidratação. As elevações de 
ureia muitas vezes estão associadas com depuração de lítio 
prejudicada. Um índice de função renal menos sensível é a 
creatinina. Elevações da creatinina podem indicar 
comprometimento renal extensivo. Níveis elevados ocorrem 
quando cerca de 50% dos néfrons estão comprometidos. 
FUNÇÃO HEPÁTICA 
Os testes da função hepática (TFHs) costumam incluir os níveis 
séricos de aminotransferases, fosfatase alcalina, γglutamil 
transpeptidase e testes de função sintética, em geral as 
concentrações séricas de albumina e o tempo de protrombina, 
e a bilirrubina sérica, que reflete a capacidade de transporte 
hepático. 
VITAMINAS 
Folato e B12. Deficiências de folato e B12 são comuns em 
pacientes que abusam de álcool e estão associadas com 
demência; delirium; psicose, incluindo paranoia; fadiga; e 
alteração da personalidade. Folato e B12 podem ser medidos 
diretamente. Baixos níveis de folato podem ser encontrados em 
pacientes que usam pílulas anticoncepcionais ou outras formas 
de estrogênio, que bebem álcool ou que tomam fenitoína. 
DSTs 
A testagem para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) se 
tornou comum, dada a frequência atual dessas doenças. 
Algumas doenças psiquiátricas, como mania e abuso de 
substância, estão relacionadas com um risco mais alto de 
contrair DSTs. Essas doenças incluem herpes simples tipos 1 e 
2, clamídia, vírus da hepatite, gonorreia, sífilis e vírus de 
imunodeficiência humana (HIV). Os fatores de risco para uma 
DST incluem contato com profissionais do sexo, abuso de 
drogas, história anterior de DSTs, encontrar parceiros na 
internet, múltiplos parceiros sexuais, um parceiro sexual novo 
e ser jovem e solteiro. Outra doença a se pensar é causada pelo 
vírus Epstein-Barr. 
ELETRENCEFALOGRAMA 
O EEG avalia a atividade elétrica cortical cerebral regional. A 
neurociência clínica tem uma longa história de uso do EEG. Ele 
pode ser usado de diferentes maneiras para estudar estados ou 
atividades cerebrais específicos por meio de modificações da 
técnica de coleta de dados ou dos próprios dados. Os dados do 
EEG podem ser exibidos em traçados sobre papel na maneira 
dos registros convencionais. 
ECG 
O ECG é uma representação gráfica da atividade elétrica do 
coração. As anormalidades nessa atividade estão 
correlacionadas com patologia cardíaca. O ECG é usado mais 
comumente na psiquiatria para avaliar os efeitos colaterais de 
medicamentos psicotrópicos. 
FONTES 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e 
Psiquiatria Clínica – Kaplan e Sadock; 
 Introdução à Psiquiatria – Andreasen 
Semiologia Médica – Porto 
Artigo: Semiologia psiquiátrica - Docentes do Departamento de 
Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de 
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. 
 
 
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MÓDULO: SAÚDE MENTAL 
ANA CAROLINA CAIRES

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