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Psico-oncologia

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Psico-oncologia: definições e áreas de atuação 
Histórico 
➢ Psicossomática 
Trabalhos de Hans Selye descrevendo o fenômeno do estresse e 
Walter Cannon na década de 1930, que estudou mecanismos da 
homeostase corporal. 
Quando um organismo é exposto a um evento estressor, esse 
organismo apresenta um conjunto de sinais e sintomas muito 
próximos e muito parecidos. 
Sindrome geral de adaptação: No modelo trifásico de Selye quando 
o organismo é colocado frente a um evento estressor, entra-se 
em fase de alerta havendo uma ativação autonômica 
(Sistema Nervoso Simpático – taquicardia, aumento da pressão 
arterial, atividade imune, etc). 
Persistindo o estímulo estressor, o organismo vai para a fase de 
resistência cujo objetivo é resistir frente ao estímulo estressor. 
Pensando nesse organismo, ele sai da ativação autonômica e vai 
para a secreção de cortisol. 
Persistindo o estímulo estressor, o organismo vai para a fase de 
exaustão – é onde o organismo adoece, segundo Seye. Já para 
Lipp, o organismo vai mostrando sinais entre a fase de resistência 
e exaustão. 
Cannon compôs o conceito de meio interno e homeostase. Todo 
organismo vivo tem a tendência de manter o seu meio interno 
constante. Portanto, essa homeostase está sujeita o tempo todo 
à uma ruptura. Ex: queda de temperatura – evento externo que 
rompe com meu equilíbrio interno – meu metabolismo precisa 
aumentar para que minha temperatura interna não caia, 
mantendo-se constante em 36ºC. 
Quando algo seja interno ou externo, acontece com o organismo, 
como Seye já falou, esse organismo desencadeia uma síndrome > 
sinais e sintomas > adoecimento. 
Atualmente temos pesquisas sobre a inter-relação concreta 
entre sistema nervoso central, sistema imune e elementos de 
ordem psíquicas/cognitiva na determinação da doença (ciência que 
hoje se chama psiconeuroimunologia). 
Cortisol – eixo neuroendócrino – autoimune 
 
Temos uma interação entre aspectos físicos (orgânicos) e 
psicossociais envolvidos no adoecimento. 
✓ Há então um desenvolvimento terapêutica/tratamento 
mais eficazes e o diagnóstico de câncer deixa de ser 
considerado sentença de morte. 
 
 
 
Câncer passa a ser considerado uma doença crônica na 
medida em que grande número de pacientes acabam sendo 
curados ou vivem anos administrando a doença. 
 
✓ O desenvolvimento da psico-oncologia: 
▪ Temos uma área voltada aos pacientes e sobreviventes do 
câncer e suas necessidades de lidar com a condição de 
cronicidade ou cura. 
▪ Manejo dos sentimentos de insegurança (resultado do 
adoecimento). Não falamos de morte, mas não falamos de 
finitude – toda pessoa que se vê com uma condição difícil, já 
é levada automaticamente a lidar com a questão da morte. 
▪ Manejo de eventuais sequelas (mutilação – vasectomia, 
ósseos – mutilações), tanto com o paciente quanto com a 
família 
▪ Reinserção no cotidiano. 
 
Definição 
Psico-oncologia: constitui-se em uma subespecialidade da oncologia 
que estuda as duas dimensões psicológicas presentes no 
diagnóstico do câncer. 
- o impacto do câncer no funcionamento emocional do paciente, da 
família e dos profissionais envolvidos no tratamento 
- o papel das variáveis psicológicas e comportamentais na incidência 
e sobrevivência ao câncer. 
 
Segundo Gimenes (1994): 
Psico-oncologia representa uma área de interface entre a 
psicologia e oncologia e utiliza conhecimentos provenientes da 
psicologia da saúde para aplicá-lo: 
1) Na assistência ao paciente oncológico e sua família e aos 
profissionais de saúde envolvidos no tratamento; 
2) Prestar assistência na pesquisa e no estudo de variáveis 
psicológicas e sociais relevantes para a compreensão da 
incidência, recuperação e tempo de sobrevida após o 
diagnóstico; 
3) Na organização de serviços oncológicos que visem o 
atendimento integral do paciente (físico e psicológico). 
 
Psico-oncologia na atenção integral à saúde 
- 1937: criação do Instituto Nacional do Câncer (INCA) 
- 1961: Instituto Nacional de Câncer (órgão do ministério da saúde) 
PSICO-ONCOLOGIA 
Propunham ações nacionais integradas para a prevenção 
e controle do câncer. 
- 1980: criação do Sistema Integrado de Controle do Câncer (SICC): 
Ação contínua por todo o território nacional no 
estabelecimento de programas de combate ao câncer: 
- informação acerca da incidência da doença 
- campanhas contra tabagismo 
- prevenção de canceres prevalentes 
- educação em oncologia nos cursos da área de saúde 
- divulgação técnica e científica 
- 2000: o Ministério da Saúde pública portaria que determina a 
implantação de centros de oncologia em hospitais gerais, (até então 
não havia a obrigatoriedade). 
Ampliar oferta de serviços: diagnostico, cirurgia, 
quimioterapia radioterapia e cuidados paliativos. 
Essa mesma portaria determinou que os serviços de 
oncologia credenciados pelo SUS contassem com um psicólogo 
clínico, refletindo a percepção da necessidade de cuidar dos 
aspectos emocionais envolvidos no adoecimento. 
- 2005: o decreto 741/05 ratifica a obrigatoriedade do suporte 
psicológico ao paciente com câncer e a ANS aponta, no rol de 
procedimentos mínimos a serem cobertos por planos de saúde, a 
psicoterapia em situações de crise. 
 
Surgimento da psico-oncologia no Brasil 
- 1989: I Encontro Brasileiro de psico-oncologia (profissionais que 
trabalhavam/gostavam do tema, mas não tinham uma organização 
formalizada) 
Temas ligados à multidisciplinariedade, à etiologia e aos 
aspectos psicossociais dos diferentes tipos de câncer. 
 
- 1992: II Encontro Brasileiro de Psico-oncologia 
Escolha definitiva do termo Psico-oncologia, já utilizado 
nos Estados Unidos. 
Nesse encontro discutiu-se também a possibilidade de 
fundação da Sociedade Brasileira de Psico-oncologia. 
 
- 1994: III Encontro Brasileiro e I congresso nacional de Psico-
oncologia 
Fundação da sociedade brasileira de Psico-oncologia SBPO 
e criação do primeiro curso de Psico-oncologia no país 
 
- 1996: II Congresso Nacional de Psico-oncologia 
 
- 1998: III Congresso Nacional de Psico-oncologia. 
- Aprofundamento dos temas relacionados à 
interdisciplinaridade; 
- Manutenção da ênfase em prevenção; 
- Inclusão de fórum de pacientes; 
- Abordagem da relação entre espiritualidade e câncer. 
 
- 2000: a diretoria da SBPO decide dar nome de Congresso aos 
encontros anteriores neste ano realizam-se, então, o VI Congresso 
Brasileiro de Psico-oncologia. 
 
 
Interface da psico-oncologia com novas áreas de estudo 
Não se pode falar em atenção integral ao paciente, familiar e 
equipe de saúde sem atentar para áreas como psiconeuroimuno, 
luto, cuidado paliativos e bioética. 
 
Psiconeuroimuno: visão integradora de diversos sistemas – 
psicológico, neurológico, endócrino e imunológico. 
É a partir desse olhar que temos um avanço em relação ao dualismo 
menteXcorpo, tendo uma compreensão do homem como um 
organismo único 
- Compreensão do homem 
- Papel do estresse sobre o organismo 
- Conceito de enfrentamento 
- Forma como se pensa e ajuda os que adoecem de câncer 
 
Morte e luto 
Deus Tanatus (criatura divina, um anjo – tem asas, forma 
humanoide e possui uma foice) – Deus da Morte 
Segundo Bel Cesar (2006): “precisamos superar o preconceito de 
falar sobre a morte”. Precisamos naturalizar a morte, assim como 
naturalizamos o conceito de vida. Tornar a morte mais inserida em 
nosso cotidiano. As famílias geralmente se desestruturam porquê 
de fato a morte não é tratada de forma naturalizada, mas como 
algo abominável. 
Em 1996 foi criado o Laboratório de Estudos e Intervenções sobre 
o Luto (LELu), na PUC-SP. 
Em 2000, foi criado o Laboratório de Estudos sobre a Morte 
(LEM) na USP-SP. 
 
Bioética 
- Beneficência (se pautar na melhor prática possível) 
- Não-maleficência (não causar mal a nenhum paciente) 
- Autonomia (todo paciente tem direito a autonomia no que diz 
respeito às diretrizes do diagnóstico-tratamento-desfecho, sendo 
cura ou morte) 
- Justiça e equidade (dar paraaquele que mais precisa) 
 
“Pacientes são indivíduos com histórias, expectativas, reações 
emocionais à doença e possuem relacionamentos sociais e 
familiares que afetam sua doença e são afetados por ela.” 
(Koening, 2004) 
 
Quando alguém adoece, precisa-se pensar que a família, a dinâmica 
familiar também adoece e se desestrutura – vivencia 
extremamente perturbada. Muitas vezes não é o paciente que 
impõe empecilhos no tratamento, mas muitas vezes é a família que 
dificulta a relação terapêutica e com a equipe de saúde. Muitas 
vezes o paciente é de fato passivo de uma ordem que se instala 
patologicamente em volta dele. 
 
Capacitação profissional: envolve um trabalho de 
humanização. 
Capacitar o profissional, de forma humanizada, a: 
- comunicar o diagnóstico da doença oncológica 
- informar pacientes e familiares sobre o agravamento da doença 
e proximidade da morte? Embora seja uma situação extremamente 
complicada, é possível dar a informação de forma humana: de um 
ser humano para um outro ser humano. 
- lidar com pacientes que expressão fortes emoções como medo, 
raiva, tristeza. 
- proceder ao tratamento do paciente sem possibilidade de cura. 
- cuidar dos sintomas incapacitantes (amputações, acamados, sem 
se alimentar devido à quimio) 
- abordar paciente e família quando há possibilidade iminente de 
morte 
- lidar com a perda de pacientes 
 
Nos cuidados paliativos, se abandonam os tratamentos de base e 
se prioriza o controle da dor para dar, no mínimo, uma qualidade 
de final de vida para esse sujeito. 
Hospces franceses 
 
Discussão de temas: 
Eutanásia: morte assistida (promove uma parada respiratória no 
sujeito). 
Ortotanásia: morte natural sem sofrimento (cuidados paliativos). 
Distanásia: prolongamento da vida do doente incurável (não se 
respeita a autonomia desse sujeito, a despeito de dor, sofrimento, 
consentimento). Prolonga a vida do sujeito e o custo é apenas o 
paciente que paga, embora pareça ser uma causa nobre da 
medicina. 
 
- pedidos de não-ressuscitação (documento realizado com um 
advogado, e caso seja o caso, o advogado apresenta esse 
documento ao hospital e nem ele e nem os médicos serão 
processados). 
- encerramento do tratamento da doença de base. 
- intervenções de células-tronco (quando o embrião é apenas uma 
célula, é chamado de células-tronco toti potente – esse embrião 
que ainda não tem tecido nervoso pode gerar células de qualquer 
tecido do corpo: fígado, pulmão, neurônios, placenta...) – visa 
reinicializar o corpo. 
 
 
BIOLOGIA DO CÂNCER 
Todas as nossas células têm um núcleo – as células do rim, fígado, 
neurônios... onde estão contidos nossos genes, nosso DNA. 
Rna mensageiro 
 
Genes: transcrevem (produzem) proteínas essenciais à 
manutenção/sobrevivência de qualquer célula do corpo. 
Um bom funcionamento das células, garantem um bom 
funcionamento dos órgãos. Para as células funcionarem 
corretamente, é necessário ter uma boa transcrição/síntese de 
proteína. 
 
Existem dois tipos de compto: 
Reflexo (inato, que não é ensinado para o ser humano, que faz 
parte do repertório sendo essencial para a sobrevivência, como 
chorar), que vem sendo selecionado com nossa evolução. E o 
aprendido (que são ensinados pelo ambiente, como linguagem, 
raciocínio, tomada de decisão). 
 
Comportamentos complexos como fazer cálculos, correr, pensa, 
se emocionar, só são possíveis graças à interação contínua entre 
genes e ambiente. 
Muitas vezes nascemos com um aparato biológico pronto, mas é 
necessário um contato com o estímulo do ambiente. 
 
O DNA constitui organelas chamadas cromossomos, que se 
localizam no interior do núcleo de cada célula do nosso corpo. 
É em uma determinada etapa mitose e meiose, quando esse DNA 
está essencialmente condensado, é que conseguimos visualizar 
esse DNA e ver que eles formam estruturas muito específicas, 
com formas muito específicas... 
Nós temos 23 pares de cromossomos, equivalendo a 46 
equivalentes, total de DNA que temos no núcleo de nossas células. 
O gene está no cromossomo, pq o gene é dna condensado, e o dna 
é um trecho de molécula de dna. 
 
Os genes codificam (produzem) proteínas que são fundamentais 
para a sobrevivência do organismo. 
Ex: daltonismo – ausência de produção de proteínas especificas 
para a visão colorida. Há uma mutação em um determinado gene. 
 Doença de Huntington: mutação (modificação) genética que 
resulta em coréia, demência e morte de 15 ou 20 anos após o 
início da doença. (começa pelo neurônio motor, mas tende a se 
expandir em todo o SNC). 
 
Gene (foxP2): a inativação desse gene na aprendizagem do canto 
em alguns pássaros e mutação interfere com a linguagem em 
humanos (White et al, 2006). (esse dado é importante para nós, 
pois a aprendizagem do canto para os pássaros é fundamental 
para garantir a sobrevivência dessa espécie). 
Genes correspondem a trechos da molécula de DNA, entretanto, 
nem todo trecho da molécula de DNA é gene. Esse trecho da 
molécula de DNA que não tem gene, é chamado de DNA Lixo. 
Estimava-se que existiam cerca de 50.000 genes no genoma 
humano, porque existia um dogma (algo que não pode ser 
questionado – verdade incontestável). 1 gene codificava apenas 1 
proteína, uma proporção de 1 para 1. 50.000 mil proteínas no 
corpo humano e isso é um dogma, existe cerca de 50.000 genes 
no corpo humano. 
Esse número caiu para aproximadamente a metade após a 
conclusão do projeto Genoma Humano. Estima-se que tenhamos de 
20 a 35 mil genes no Genoma Humano. 1 gene está transcrevendo 
mais de 1 proteína. 
Descobriu-se que um gene codifica mais de uma proteína > 
constatou-se a presença de menos DNA “funcionante” (que 
codifica proteína, que tem genes) e a presença de mais DNA “lixo”, 
que aparentemente não codifica nada. 
 
Funcionamento gênico 
Existem genes que funcionaram em uma fase anterior do 
desenvolvimento da espécie humana e atualmente não funcionam 
mais. Existem genes que estão em funcionamento em um 
determinado momento (ontogenia – seleção de comptos mais 
adaptados ao longo da vida do sujeito). 
Durante o desenvolvimento embrionário, há o momento, diferente 
de agora, em que a reprodução celular precisa ocorrer muito 
rápido. Câncer é reprodução anormal de células. Aconteceu alguma 
coisa no núcleo > RNA m > proteínas disfuncionais, que fez com 
que essa célula se tornasse disfuncional. Mas essa célula 
disfuncional não para de se reproduzir, apenas o freio de 
reprodução após se tornar disfuncional, que para de funcionar. 
 
27/08/2019 
Temos 2 tipos de células: as células somáticas ou 
germinativas/gônadas 
 
Ciclo Celular – célula somática 
Existem 4 fases do ciclo celular: 
- G1: não há síntese de DNA (horas, dias e anos) 
- S: síntese de DNA (duplicação de DNA) 
- G2: preparação da célula para mitose 
G1, S e G2 constituem a INTÉRFASE 
 
Cada uma dessas fitas vai para uma célula-filha. 
 
Divisão celular: mitose e meiose 
Mitose: é a divisão de células somáticas, pela qual o corpo cresce, 
diferencia-se e efetua regeneração tissular. 
A mitose resulta em duas células filhas, cada uma com 
cromossomos e genes idênticos ao da célula parental (46 
cromossomos cada uma). 
Meiose: ocorre em células germinativas (gônadas – testículos 
produtores de gametas, ovários – produtores dos gametas 
femininos óvulos), resultando na produção de células reprodutivas 
(gametas), cada uma com 23 cromossomos (22 autossomos e um 
cromossomo sexual X ou Y). a quantidade do material genético da 
mãe é reduzida à metade. 
Anomalias que em geral são clinicamente significativas podem 
surgir em células somáticas ou nas de linhagem germinativa por 
erros que ocorrem na divisão celular. 
 
O DNA possui mecanismos de reparo, que depois que é formada a 
cadeia complementar, passam enzimas como se fossem “vigias” 
reparando possíveis erros que podem ter ocorrido, evitando 
problemas. 
Um dos erros que podem ocorrer nessa divisão de celular: erro na 
cópia dos nucleotídeos: 
 
Fenótipo:expressão observável de um genótipo (característica). 
Mutação: mudança permanente na sequência de nucleotídeos ou 
disposição do DNA. 
Mutações podem ser causadas por erros de copias do material 
durante a divisão celular, por exposição a radiação, agentes 
químicos ou vírus (quebrando essa divisão de nucleotídeos). 
Os vírus se aproveitam do processo de duplicação celular para eles 
se reproduzirem. 
****desenho*** 
Nem toda mutação é ruim, pois geram variações no conjunto de 
genes de uma população – se fossemos todos iguais, bastaria uma 
bactéria que mataria toda a população. 
 
Tipos de mutação que podem ocorrer: 
Mutação em cromossomos homólogos: 
 
A deleção é quando um segmento de um cromossomo 
simplesmente desaparece por erro na cópia do material genético. 
Isso significa que está sendo retirado uma parte da sequência de 
DNA, o que faz com que falte proteínas para serem transcritas, 
sendo, portanto, uma mutação. 
Duplicação de um segmento de um trecho de um cromossomo. 
Inversão – o nosso DNA tem uma sequência de base: A-T (gene 1), 
C-G (gene 2), G-T (gene 3) por exemplo. essa sequência existe por 
um motivo importante, por conta da transcrição proteica. A 
inversão ocorre devido à uma quebra através de um agente, 
invertendo essa sequência: A-T (gene 3), C-G (gene 2), G-T (gene 
1). Com isso, há uma mudança na transcrição proteica podendo 
haver uma mutação na célula. 
 
Mutação não-homólogo (não compartilham dos mesmos genes) 
 
Translocação – ocorre uma troca de segmentos entre os 
cromossomos. Uma parte do cromossomo 4 vai para o 
cromossomo 20, e uma parte do cromossomo 20 vai até o 
cromossomo 4. 
No cromossomo 4 tem genes específicos do cromossomo 4. 
No cromossomo 20 tem genes específicos do cromossomo 20. 
Mas pode ocorrer uma mutação que faça ter essa troca de 
segmentos porque esses cromossomos dentro da célula estão 
perto um do outro, ficam espalhados e pertinho, ficando fácil 
haver troca de segmentos entre eles havendo uma quebra de 
sequência. 
Se houve alteração na sequência de genes, vai haver alteração na 
sequência de síntese de proteínas e vai haver prejuízo 
funcionamento celular. 
O problema não é só divisão de célula, mas sim a displasia celular = 
produzir proteínas disfuncionais e essas células formarem um 
complexo acabando se constituindo um ser “a parte” do organismo, 
como por ex gerar seus próprios vasos sanguíneos. 
 
Inserção (cromossomo não-homólogos) 
 
Um segmento do cromossomo 4 é inserido entre genes do 
cromossomo 20, alterando toda a sequência do cromossomo 20, 
além do cromossomo 4 ter perdido uma parte do segmento. 
 
Da concepção ao desenvolvimento completo 
Embriogênese 
A união do espermatozoide ao óvulo resulta na célula ovo (zigoto) > 
chamada de célula-tronco-totipotente. 
Pensemos na célula totipotente como ultra super mega potente! 
Totipotente é uma célula (indiferenciada, não especializada) que 
pode se reproduzir e se diferenciar (se especializar) em qualquer 
tipo de célula. 
É o único tipo de célula que é capaz de originar (em condições 
adequadas - útero) um organismo completo (todos os tipos de 
células e tecidos do corpo) - (o único capaz de produzir tecido 
placentário). 
Totipotente evolui para Pluripotente: 
- Células Pluripotentes (células tronco embrionárias): possuem a 
capacidade de gerar células dos três folhetos embrionários 
(tecidos primordiais do estágio inicial do desenvolvimento 
embrionário, que darão origem a todos os outros tecidos do 
organismo). 
Endoderma: que origina o trato gastrointestinal e os pulmões. 
Mesoderma: que origina os músculos, ossos, sangue e sistema 
urogenital. 
Ectoderma: que origina todos os tecidos epidermais e sistema 
nervoso. 
 
- Células Multipotentes (células-tronco): possuem a capacidade de 
gerar um número limitado de células especializadas. 
Elas são encontradas em quase todo o corpo, sendo capazes de 
gerar células dos tecidos de que são provenientes. 
São responsáveis pela constante renovação celular que ocorre em 
nossos órgãos. As células da medula óssea, as células do sangue do 
cordão umbilical e as células mesenquimais são exemplos de células-
tronco multipotentes. 
 
O que dispara todo esse processo de geração celular (de um 
apanhado de genes = 23 cromossomos espermatozoide + 23 
cromossomos óvulo) -> fenótipo = genótipo + ambiente favorável. 
Ou seja: o ser humano já foi uma célula ovo > que posteriormente 
foi totipotente, mas que só se desenvolveu através de um 
ambiente favorável (útero)!! 
 
Célula ovo ou zigoto (totipotente) sofre mitoses sucessivas dando 
origem a grupos diferentes de células, um processo chamado de 
Diferenciação. Esse processo é desencadeado por distintas 
porções do genoma que são selecionadas para expressão em 
diferentes células do embrião. 
Genes ativados no grupo de células, vão estar silenciados em 
outras. Os que estiverem silenciados em um grupo, estarão 
ativados em outros. 
Surgimento de células morfologicamente distintas. 
 
Toda célula contém o mesmo DNA, portanto, o mesmo 
genoma/genes, o mesmo núcleo. Então, porque o neurônio é tão 
diferente de uma célula cardíaca, por exemplo? Porque os genes 
que estão ativos no neurônio não estão ativos nas células cardíacas, 
e vice-versa, por isso são diferentes mesmo possuindo o mesmo 
DNA. 
Existem sim genes que estão ativos em todas as nossas células 
 
Essa modificação na expressão genica gradualmente restringe a 
potencialidade das células, que passam de totipotentes a 
pluripotentes, expressando um fenótipo específico. 
A simples divisão e diferenciação celular não garantiriam a 
complexa organização de todo o indivíduo. 
A medida que o embrião cresce, a organização celular passa a 
depender de uma comunicação intercelular (entre as células). Essas 
mitoses não ocorrem ao acaso, precisam ser controladas e 
organizadas. Quem bota ordem nessas mitoses, em primeiro essa 
comunicação intercelular. 
Essa comunicação intercelular é fundamental para que cada célula 
tenha uma “noção” do seu papel no todo. 
Essa comunicação acontece através das proteínas e outras 
moléculas sinalizadoras. 
As células não podem se comportar individualmente. Todos os 
processos de divisão e diferenciação precisam ser sincronizados 
para que o indivíduo pluricelular possa se constituir em um complexo 
funcional. 
Esse processo leva as células a se organizar em tecidos, órgãos e 
sistemas. 
Mesmo após o nascimento as células aumentam em número (se 
dividem) até que todo o desenvolvimento se complete na vida adulta. 
O número de mitoses é maior que o número de morte celular, 
porque o organismo está se desenvolvendo. Quando entra na fase 
adulta, chega na fase de envelhecimento (senescência), o número 
de mitoses cai e o número de morte celular aumenta. 
A comunicação entre as células passa a ser mais complexa, 
dependendo não só de sinais de células vizinhas, mas também de 
eletrólitos do líquido intersticial (onde existe proteínas que são 
secretadas pelas próprias células, servindo como vias de 
comunicação de uma célula para outra. São as secreções dessas 
proteínas sinalizadoras que sinaliza para as outras células quando 
é para parar ou continuar a se dividir – ex: está na hora dos 
órgãos sexuais começar a se desenvolver, vamos nos dividir) e de 
hormônios. 
Esse ambiente de eletrólitos, hormônios, citocinas (moléculas 
sinalizadoras tbm) compõe um complexo sistema de comunicação 
que mantem o organismo como um todo integrado e harmônico. 
Ao longo de todo o desenvolvimento e senescência algumas células 
precisam ser removidas e morrem por mecanismos programados 
(apoptose). Apoptose celular nos protege contra a danos 
relacionados a mutações e problemas no DNA. 
Quando há alguma mutação importante e esse mecanismo de 
reparo não conseguiram reparar esse erro, pode acontecer da 
morte celular programada ser disparada, ocorrendo a morte 
celular programada sem prejuízos no sistema. 
Acaba sendo o equilíbrio entre a proliferação e a morte celular que 
mantem o organismo íntegro,ativo e saudável. 
 
O que ocorre no processo de carcinogênese (processo de 
desenvolvimento do câncer) é a má utilização de toda essa 
maquinaria celular. 
A célula neoplásica utiliza processos bioquímicos normais, mas de 
forma desregulada e em momentos inoportunos, gerando 
proliferação celular descontrolada. 
A célula normal é transformada em célula neoplásica em um 
processo em que mecanismos de regulação e proliferação vão 
sendo danificados sucessivamente. 
Para a célula se tornar neoplásica, a primeira coisa que deve 
acontecer é alteração nessas sequências de DNA, por exposição 
de radiação, vírus, agentes químicos, etc., havendo um acúmulo de 
mutações. 
Ocorrem danos tanto nos sistemas que induzem a proliferação 
(divisão celular), quanto nos mecanismos responsáveis por “frear” 
esse processo. 
 
 
 
(Gene original) 
Pode ser que a deleção em uma parte específica do DNA pode 
gerar deleção em uma parte especifica do DNA e como 
consequência podemos ter uma proteína hiper-reativa. Existem 
processos que são chamados de amplificação genica. Se esse gene 
foi amplificado em 3, há 3 fitas RNA. Pode ter rearranjo 
cromossômico. 
Qualquer tipo de modificação na sequência de nucleotídeos de DNA, 
vai gerar modificações no funcionamento celular. 
A p53 é uma proteína (produzida pelo gene p53) que regula a 
transcrição de genes indutores da parada do ciclo celular 
(senescência). 
A perda da função desse gene ocorre em quase todas as 
neoplasias. Induzir a parada do ciclo celular é parar a mitose, não 
havendo mais reprodução. 
 
Se o sistema imune tem mecanismos para reconhecer uma célula 
tumoral/câncer, por que ela não o faz? 
 
Existem proteínas chamadas de “supressoras de tumor”. A 
integridade dessas vias mediadas por essas proteínas tem o 
objetivo de prevenir o surgimento de tumores. 
Persistência de uma proteína “estimuladora” ou a supressão 
(desativação) de uma proteína “repressora da divisão celular” pode 
causar mau funcionamento da célula. 
 
Inibida a morte celular programada (apoptose), retirados os freios 
para a proliferação e estimulada a divisão celular, a célula 
transformada (fenótipo neoplástico) passa a formar um clone de 
células que se expande. 
Essa massa de células aderidas umas as outras passam a se apoiar 
em uma rede de fibras, chamada de “matriz, embebida no líquido 
intersticial (meio extracelular). 
Dissolvidos nessa matriz (líquido intersticial), temos diversos 
fatores de crescimento (VEGF – Fator de Crescimento do Endotélio 
Vascular (tecido vascular) que vai fazer com que essa massa se 
vascularize (com porte de oxigênio para essas células) e ganhe 
vasos sanguíneos). 
 
O tumor passa a liberar citocinas por essa matriz (ativação de 
leucócitos) dando início a um processo inflamatório local que é 
importante para chamar os soldados do sistema imune até o local 
da infecção (leucócitos). 
O problema é que essa inflamação vai causar na região: 
- Vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar (os leucócitos 
passam pela corrente sanguínea para atacar aquele tumor). 
- Liberação de substâncias que interferem na célula tumoral muitas 
vezes potencializando seu crescimento. 
- Formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese tumoral): 
passo importante para desenvolvimento de quase todas as 
neoplasias. 
- Células tumorais caem no sistema linfático e chegam nos 
linfonodos mais próximos. 
 
Retidas nos linfonodos, essas células continuam se reproduzindo, 
dando origem a novas colônias de células. E à medida que essas 
colônias de células crescem, desestrutura o linfonodo e acaba 
caindo na corrente sanguínea. 
Para sobreviver na corrente sanguínea a colônia de células precisa 
aderir a parede dos vasos sanguíneos (receber nutrientes) > 
METÁSTASE 
 
Conclusões 
Apenas uma pequena parte das neoplasias (5% a 10%) pode ser 
considerada hereditária. 
1. Alterações no processo de divisão celular normal são 
responsáveis pela grande maioria das neoplasias. 
DNA = DNA “funcionante” + DNA “Lixo” 
 
 
 
TRANSTORNOS DE HUMOR EM PSICO-ONCOLOGIA 
 
1. Transtornos de Humor e Oncologia 
Há grande associação entre câncer e quadros depressivos (e 
outros transtornos de humor), tendo um pior prognóstico da 
doença e má qualidade de vida dos pacientes. 
É uma condição cujo diagnostico é muito preciso porque os sintomas 
do Transtorno de Humor podem se confundir com os sintomas 
desencadeados dos próprios sintomas da doença câncer. O próprio 
tratamento pode desencadear sintomas de rebaixamento de 
humor. 
 
2. Histórico de Transtornos de Humor 
É importante investigar se há, no paciente oncológico, histórico de 
episódios anteriores de alterações significativas do humor. 
Importante entender que todos os seres humanos se entristecem 
em decorrência de acontecimentos da ida e que, portanto, 
flutuações de afeto são universais. 
Acaba sendo esperado no sentido de que o paciente vai ter que se 
vê 
 
Flutuações se torna, excessivas em termos de intensidade e/ou 
duração, passando a interferir no dia a dia do indivíduo, pensando 
em um Transtorno de Humor/Afetivo. 
 
O DSM-5 (2014) traz a divisão dos transtornos afetivos em 
transtornos depressivos e transtorno bipolar e transtorno 
relacionados: 
3. No que diz respeito a essa divisão, precisamos levar em 
consideração dois contextos importantes: 
➢ Paciente oncológico que já possui histórico de transtorno de 
humor anterior ao diagnóstico de câncer 
 
➢ Paciente oncológico que “aparentemente” nunca apresentou 
transtorno de humor. 
Para esse tipo de paciente há duas possibilidades: 
• Transtorno depressivo relacionado a uma condição médica 
• Transtorno de adaptação ou ajustamento 
 
Transtorno Depressivo relacionado a uma condição médica (DSM-
5) 
Perturbação (redução) significativa e persistente do humor é 
considerada uma consequência fisiológica direta da condição médica. 
Prevalência entre 20% a 40% em indivíduos com certas doenças 
neurológicas (Parkinson, Huntington, Esclerose múltipla, Alzheimer). 
É comum o sujeito apresentar sintomas depressivos antes que 
iniciem os sintomas característicos dessas doenças. 
Há presença de uma associação temporal entre início, exacerbação 
ou remissão da condição médica geral e o transtorno mental. 
 
Transtornos de adaptação ou ajustamento (DSM-5) 
No DSM-5 está incluído na categoria “Transtornos relacionados à 
trauma e a outros estressores”. 
Uma perturbação do humor que acontece em resposta a um ou 
mais estressores psicossociais identificáveis. O rebaixamento de 
humor se desenvolve dentro de um período de 3 meses após o 
início do estresse (diagnóstico do câncer). 
Por definição, um Transtorno de Ajustamento deve se resolver 
dentro de 6 meses após o término do estressor (ou de suas 
consequências). Entretanto, os sintomas podem persistir por um 
período prolongado (isto é, mais de 6 meses), se ocorrem em 
resposta a um estressor crônico (como uma condição médica geral 
debilitante e crônica – como o câncer). 
 
Existe basicamente 3 momentos distintos que o paciente vive 
durante a vivência do câncer. Até mesmo a literatura concorda 
que o paciente e a família vivem esses três momentos distintos, e 
que eles precisam desenvolver (se não tiverem) recursos de 
enfrentamento dessas três fases distintas. 
crise (diagnóstico) – tratamento – desfecho (cura ou morte) 
 
 
4. Epidemiologia 
Incidência da depressão (episódio depressivo maior) na população 
em geral tem aumentado e já atinge cerca de 4,4%. Destes, 15% 
a 25% das pessoas acometidas são mulheres. 
Segundo estudos, há prevalência de 20% a 50% de transtornos 
afetivos (não somente depressão) em pacientes com tumores 
sólidos. Parece haver uma relação importante entre tumores 
sólidos e transtornos afetivos. 
 
Aproximadamente 10% a 25% dos indivíduos com câncer 
apresentarão, além da “reação normal” esperada, episódio de 
depressão maior ou ansiedade (Croyle e Rowland, 2003). 
 
Em uma amostra de 222 mulheres com diagnóstico precoce de 
câncer de mama, foi detectada prevalência de depressão: 
• Em 33%das mulheres já estavam com depressão no 
momento do diagnóstico (entre tratamento – desfecho) 
• Em 45% das mulheres desenvolveram a depressão após a 
realização do diagnóstico (entre tratamento – desfecho) 
• Em 15% das mulheres apresentaram depressão após 1 ano 
da realização do diagnóstico (entre tratamento – desfecho) 
 
O fato de a depressão ser considerada, por alguns autores, “uma 
reação esperada” em pacientes com diagnóstico de câncer alguns 
médicos apontam a depressão como subdiagnóstico (não se trata 
a depressão) e não se atenta para como o quadro de depressão 
pode dificultar tanto o tratamento, quanto a promoção de qualidade 
de vida para o paciente. 
 
 
5. Tratamento 
Quando há uma condição de um Transtorno Depressivo maior, uma 
condição importante de rebaixamento de humor, é importante que 
seja vista e tratada através de intervenções farmacológicas 
(levando-se em consideração a possibilidade de interações 
medicamentosas e efeitos colaterais) e intervenções 
psicoterápicas (com foco na escuta cuidadosa e na reabilitação). 
Alguns estudos sugerem maior eficácia das intervenções em grupo. 
 
 
Depressão e câncer de mama 
Estudos mostram que aproximadamente 22% das mulheres 
submetidas à mastectomia apresentam transtorno afetivo. 
No estágio inicial da doença, cerca de 8% já manifestam depressão. 
• Mulheres que passam por procedimentos invasivos, como o 
cirúrgico, possuem maior tendência à depressão. A mulher 
quando perde a mama perde um atributo muito importante de 
uma característica peculiar que a caracteriza como mulher – 
sentimentos de repulsa em não querer ver seu próprio corpo. 
Embora o diagnostico possa ser um fator estressante, o 
sofrimento é maior nos pacientes que recebem a necessidade da 
mastectomia e lumpectomia. 
 
Depressão e câncer orofaríngeo 
Foi constatada que em uma amostra de 107 pacientes, 17% 
possuíam depressão maior ou dificuldade de ajustamento e 34% 
satisfaziam o critério para dependência química (álcool e nicotina). 
- Estágio do tumor 
- Gênero 
- Sintomas depressivos presentes 
- Rede apoio social 
 
Depressão e câncer em estágio terminal 
Transtornos afetivos são mais comuns em pacientes cujo futuro 
se apresenta incerto, permeado por angústias e medos. 
Pacientes terminais geralmente passam por período em que 
reveem sua história, preparando-se para o fim. 
Após o diagnóstico, pacientes em geral normalmente se sentem 
desprovidos de segurança, com autoimagem abalada, o que afeta 
sua vida e família. 
Para que a vida pós-diagnóstico flua natural e beneficamente, 
profissionais de saúde devem propor as mais adequadas e dignas 
formas de tratamento, sejam paliativas ou curativas. 
 
 
 
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE EM PSICO-ONCOLOGIA 
 
Sabemos que o câncer desperta sentimentos de medo, angústia, 
incerteza e ansiedade. 
Ansiedade: estado de apreensão e preocupação intensos diante de 
uma ameaça que é potencial. 
O sujeito que vive esses sentimentos de apreensão e estado de 
incerteza, de forma contínua ou crônica – assim como 
rebaixamento de humor – pode interferir no funcionamento imune 
e diminuir efeito de alguns medicamentos utilizados no tratamento 
do câncer. 
 
Diagnóstico e mudanças de papéis sociais 
Por exemplo: quando uma pessoa tinha o papel de provedor e não 
tem mais após o diagnóstico. 
Nessa estrutura microfamiliar, cada sujeito tem um papel: de filho, 
filha, esposa, marido, provedor, provedora, filho que ajuda ou não 
ajuda a mãe, etc. com o diagnóstico, há uma alteração da 
percepção de que o paciente tem de si mesmo e desse núcleo 
microfamiliar. Esse sujeito vai ter que se adaptar a uma nova 
realidade: muitas vezes ele vai sair daquela função que ele exercia 
(mecânico, por exemplo), ter perda importantes e ter que se 
adaptar a uma nova realidade que se impõe para ele, e não uma 
realidade que ele escolheu. 
 
Diagnóstico e mudanças de hábitos e rotina 
Relacionadas ao tratamento: 
• Restrições alimentares – alimentação por sonda (por não 
conseguir realizar a deglutição), perda do faro e paladar 
• Fadiga induzida pelo tratamento 
• Diminuição dos contatos sociais (se ele já tiver alguma questão 
com rebaixamento de humor tende a deixar o sujeito mais 
deprimido) 
• Não expressão das emoções 
• Estilo passivo de enfrentamento (paciente não se engaja em 
nada que diz respeito ao tratamento, embora fique angustiado 
com isso – o estilo ativo de enfrentamento pergunta o porquê 
das coisas) 
 
Ansiedade e Câncer 
• Pode surgir antes do diagnóstico: pode interferir em 
programas de prevenção. A simples menção da palavra 
“câncer” pode acarretar comportamentos de evitação, 
dificultando ou mesmo impedindo a adesão a ações de 
prevenção. 
A informação sempre diminui ou evita a ocorrência de ansiedade. 
Vários estudos mostram que pacientes que tem acesso a 
informações sobre a doença, tem mais probabilidade de aderir a 
programas de prevenção e apresentar menores índices de 
ansiedade. 
Pacientes com histórico na família e que tenha acesso a amplas 
fontes de informação, normalmente tem diminuídas as evitações 
com relação a exames preventivos. Porque quando temos acesso 
à informação, da mais sensação de segurança ao sujeito e 
consequentemente sensação de controle para o sujeito? Porque 
quando vou fazer um exame preventivo para alguma coisa, como 
o câncer por exemplo, muitas vezes não sabe o que é a doença, 
mas que tenho histórico na família e que tenho a vulnerabilidade 
maior para adquirir aquela doença, perde-se o controle sobre o que 
pode acontecer. 
A ansiedade também pode influenciar pessoas que se relacionam 
com o paciente. Assim, cuidadores formais (formados ou que 
recebem para cumprir a função de cuidador) e informais (cuidado 
foi atribuído ao familiar X) podem sofrer consequências da 
ansiedade dos pacientes e até mesmo ao comprometimento da 
qualidade da relação e da eficácia dos cuidados. 
 
 
• Pode surgir durante o tratamento: cirurgias, quimioterapia, 
internações hospitalares. 
Hospital: ambiente hostil e ameaçador, sobretudo em pacientes não 
familiarizados com a rotina e procedimentos. 
 
 
Informações a respeito dos procedimentos a que o paciente será 
submetido, bem como da rotina hospitalar diminui sensivelmente a 
ansiedade dos pacientes. 
Programas de intervenção psicoeducacionais visam 
explicação/esclarecimento de todos os procedimentos adotados 
desde a internação até a cirurgia. 
A informação elimina o elemento-surpresa em relação a 
procedimentos médicos e preenche a lacuna que seria ocupada por 
fantasias mais assustadoras. Quando estamos ansiosos e em um 
ambiente hostil, a ansiedade da margem para essas fantasias 
assustadoras de que algum ruim vai acontecer. Isso promove uma 
atitude mais colaboradora, com maior adesão aos tratamentos e 
menor demanda em relação à equipe de saúde. Consequentemente 
temos um menor tempo de internação tanto pré quanto pós-
operatória, menor grau de ansiedade e maior satisfação. 
É necessário que se considere adequadamente cada paciente em 
suas características pessoais: cada paciente tem necessidades 
próprias e condições emocionais particulares. 
A informação deve, portanto, corresponder às necessidades de 
cada um, bem como à disponibilidade para recebê-la e elaborá-la. 
 
Fatores de risco para ansiedade – o que a literatura aponta que 
tendem a aumentar a ansiedade do sujeito nessa vivência: 
o Mulheres têm o dobro de probabilidade de apresentar 
um quadro de ansiedade se comparadas aos homens – 
essa informação é algo que as entrevistas captam 
(observam) – as mulheres falam e os homens calam – a 
cultura não permite que esse homem expresse 
sentimentos como a cultura permite a mulher expressar 
sentimentos, principalmente de fraqueza. 
o A idade: ansiedade mais prevalente em pacientes jovens 
– talvez essa informação seja mais fidedigna, pensando 
que nos adolescentes, no momento do diagnóstico e 
tratamento, que tem toda uma vida pela frente, essas 
modificações que acontecem com a vida, imagem e 
autoimagem,afastamento do ambiente escolar e das 
relações interpessoais, pode ser que esse cenário seja 
mais temeroso. 
o A atitude do médico – acaba sendo decisiva em alguns 
casos no que diz respeito a deixar ansiedade maior ou 
menor. 
o Prognóstico da doença – quanto mais cedo feito o 
diagnostico e quanto mais o tratamento ocorrer de 
maneira tranquila, melhor o prognostico da doença, há 
uma tendência da ansiedade ser menor. 
o Inexistência de relações afetivas satisfatórias – apoio 
social estar junto afetivamente e fisicamente é 
fundamental para a pessoa que passa por isso. 
 
• Também podem estar presentes na fase pós-tratamento: 
Vários estudos demonstram que pacientes que sobreviveram a um 
câncer apresentam altos riscos de desenvolver ansiedade, 
necessitando de acompanhamento psicológico. Ansiedade maior: me 
curei, ok... e se o câncer voltar? 
Pacientes terminais – ansiedade no sentido de desejo de acelerar 
a morte. 
Manejo sintomas ansiosos entra no rol dos cuidados paliativos. 
 
 
Diagnóstico do Transtorno de Ansiedade 
É importante entender que o diagnóstico e o manejo dos sintomas 
de ansiedade sejam realizado em pacientes com câncer, tanto no 
diagnóstico e tratamento adequados apresentam bons resultados. 
Algumas formas de ansiedade que podem aparecer no paciente 
com câncer: 
• Ansiedade reativa – ansiedade como reação a uma vivência 
que se impõe para esse sujeito 
• Ansiedade relacionada a transtorno pré-existente – muito 
parecido com os transtornos de humor, o sujeito já tem um 
histórico de transtorno de ansiedade, sendo a ansiedade pré-
existente – anterior ao diagnostico, se acentuando ou 
reaparecendo no momento do diagnóstico 
• Ansiedade relacionada a causas médicas (dor em função do 
próprio câncer; alterações metabólicas induzido pela condição 
médica e por alterações importantes que acontecem em 
função do estado da doença; efeitos colaterais medicamentos) 
 
Sintomas físicos ou somáticos: de um quadro ansioso podem ser 
confundidos com os sintomas produzidos pelo câncer (taquicardia, 
tremores, falta de ar...) 
Sintomas psicológico: deve-se enfatizar a investigação nos 
sintomas psíquicos, como por exemplo a expectativa ansiosa 
(sentimento de apreensão) e vigilância (ou hiper-vigilância) na maior 
parte do tempo. 
• Sensações de estar no limite 
• Irritação 
• Reação de surpresa exagerada (susto) 
• Dificuldade concentração 
• Dificuldade conciliar sono 
• Pensamentos intrusivos 
Outros aspectos a se considerar: 
• Dificuldade de entender o que é dito – dificuldade em 
compreender as instruções médicas e da enfermagem 
• Dificuldade de decidir sobre tratamentos 
• Dificuldade de cooperar com tratamento 
• Redução limiar da dor 
• Comprometimento da realização de funções habituais – 
porque durante o tratamento não são todos os pacientes que 
ficam hospitalizados 
 
Transtornos de ansiedade pré-existentes (com histórico de 
Transtorno de Ansiedade), podem apresentar reemergência ou 
intensificação. 
 
Manejo da ansiedade 
• Suporte emocional por parte de todos os membros da equipe 
de saúde (procedimentos de prevenção, diagnóstico e 
tratamento) 
A informação personalizada (doença e tratamento) é mais eficaz 
na diminuição da ansiedade se comparada a informação obtida de 
livretos. 
 
A informação pode ser dada de forma individual, como também 
através da formação de grupos de pacientes especialmente 
reunidos para compartilhar informações: 
• cirurgia 
• quimioterapia (efeitos colaterais e modos de contorná-los) 
• funcionamento hospital 
• procedimentos de enfermagem 
• restrições dietéticas e necessidade de segui-las 
 
A informação substitui a sensação de desamparo pela noção de 
que o paciente pode ter controle sobre sua vida. Isso faz com que 
o paciente tenha uma atitude mais ativa com relação ao 
tratamento (inclusive participação nas decisões sobre terapêutica). 
 
 
Em termos de manejo: 
❖ Treinamento comportamental 
Meta: diminuir o estresse físico e emocional a partir de técnicas 
de relaxamento, respiração, meditação e visualização. 
 
❖ Psicoterapia individual 
Diminuir o estresse através do aperfeiçoamento das capacidades 
de enfrentamento. 
 
❖ Tratamento farmacológico 
Utilização de medicamentos ansiolíticos e, eventualmente 
antidepressivos. 
Em especial é indicado o uso de benzodiazepínicos, como terapia 
adjuvante, para: 
• Aliviar os sintomas somáticos (fisiológico) de ansiedade 
• Náuseas e vômitos decorrentes quimioterapia 
• Ajuda nas fobias a procedimentos (medo de agulha, entrar no 
tubo de ressonância...) 
• Miorrelaxante (aliviando a tensão muscular causada pela 
ansiedade) e sedativo (facilitando procedimentos médicos) 
 
❖ Participação da família 
Desempenham papéis de cuidadores informais – podem colaborar, 
ajudando a fornecer o suporte emocional ao longo de todo o 
processo de adoecimento. 
Importante que haja aliança terapêutica entre paciente e 
familiares + profissionais de saúde 
 
 
Manejo da ansiedade e cuidados paliativos: o fato de ver o médico 
com menor frequência na fase terminal da doença aumenta os 
níveis de ansiedade dos pacientes. Podem ter a percepção maior 
de desamparo (ausência de controle e falta de autonomia) diante 
de um contexto que se aproxima – a morte. 
A dor não controlada também pode elevar os índices de ansiedade 
nesses pacientes. 
A dor também pode aumentar ideações suicidas. 
 
• Medicamentos que podem causar ou aumentar sintomas de 
ansiedade: corticoides (aumenta batimento cardíaco e 
aumenta pressão arterial), broncodilatadores (ele abre o 
pulmão, mas é beta enérgico acelerando o batimento cardíaco, 
dando a sensação que está quase tendo uma crise de 
ansiedade). 
Pacientes que faziam uso de álcool, opióides ou benzodiazepínicos 
e tiveram imposta sua supressão podem apresentar quadro de 
abstinência (ansiedade e agitação). 
 
• Questões de ordem prática que precisam ser trabalhadas: 
organização dos papéis na família (toda família se organiza do 
ponto de vista dinâmico e afetivo – mãe que assume papel de 
pilar afetivo onde todos correm quando tem um problema, 
onde tem um pai provedor e que é fechado afetivamente, um 
irmão que é um pouco mais frágil ou independente 
afetivamente, etc), finanças, preocupações de ordem 
espiritual. 
 
• Psicoterapia: abordagem de temas da morte e do morrer de 
forma franca, por exemplo, paciente pergunta “eu vou 
morrer?” e o médico responde “vai!” – porque ela sabe que 
vai morrer. 
Isso evita que o paciente permaneça sozinho com suas angústias 
e necessidades. Além disso, ajuda o paciente a encontrar prazer 
em metas de curto prazo. 
 
 
 
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM 
PSICO-ONCOLOGIA 
Quando se fala de câncer já se entende que o câncer 
pode ser entendido como um grande estressor tanto ambiental 
quanto psíquico porque traz importantes alterações físicas 
(imagem corporal) e psicológica (experiências) para o sujeito no 
sentido de fazer com que o sujeito se adapte a uma nova realidade. 
O câncer é imposto ao sujeito, não é uma escolha – uma 
vivência que se expõe exigindo adaptação e estratégias de manejo 
para se adaptar a uma nova realidade. 
Em outras palavras, a pessoa com câncer e os familiares 
precisam mobilizar recursos psíquicos, cógnitos e sociais 
(psicossociais) em uma tentativa de se adaptar para tentar lidar 
com o estresse que vem em função do processo de adoecimento 
– tendo um esforço cognitivo e comportamentais que visam 
adaptação à situação, que muda em cada etapa da doença (etapa 
do diagnóstico, etapa do tratamento, etapa do desfecho). 
 
Enfrentamento ou coping 
Se o adoecimento é uma situação de adversidade exige 
recursos de coping. 
Lazarus (1966, apud Gimenes, 1997): 
“Enfrentamento se refere a um conjunto de estratégias 
para lidar com uma ameaça iminente”. 
Alguns autores consideram o termo enfrentamento 
inadequado porque o termo coping, em uma tradução livre, em 
português seria “enfrentamento”, que significa várias coisas na 
língua portuguesa – conotação de luta. Quando Lazarusconcedeu 
o conceito de coping, não foi com uma conotação de um sujeito 
“lutar” contra um contexto/situação. 
Portanto, coping nem sempre significa “enfrentar”, mas 
“lidar com”/“manejar” uma situação. 
Segundo Gimenes (1998), o coping é um processo de 
troca que ocorre entre o indivíduo e o ambiente. 
Estratégias de enfrentamento são contextuais – 
dependem mais do contexto/situação em que se dá o estresse 
(doença) do que o modo habitual de reagir de cada pessoa. 
De acordo com essa ideia do Lazarus e Folkman, o coping 
visa o manejo do estímulo estressor não necessariamente o 
enfrentamento do estímulo enfrentamento, levando em 
consideração que já que o homem esta em constante troca no 
meio ambiente, não há uma estratégia de coping que por si só pode 
ser definida como melhor ou pior. É importante avaliar a 
funcionalidade da estratégia que vai ser adotada no contexto que 
a pessoa está inserida e também no contexto da doença que ela 
vive. 
Exemplo: o pensamento esperançoso na possibilidade de 
cura, que é em geral avaliado de forma positiva, normalmente é 
uma estratégia considerada adequada pois hoje há dados que 
mostram que muitas pessoas sobrevivem ao câncer. Mas essa 
estratégia de pensamento esperançoso acaba sendo disfuncional 
no contexto de um câncer terminal ou que já está em um 
estadiamento muito avançado, com metástase. 
Estratégia de coping: fazer ela aproveitar a fazer as 
coisas que ela gosta no tempo que ela ainda tem – metas a curto 
prazo. 
Esse tipo de pensamento, otimista diante da finitude, não 
garante bem-estar de uma pessoa no momento em que a tarefa 
que se impõe é o encerramento de laços. 
A atitude esperançosa pode ser útil no diagnostico para 
mudar a trajetória da doença – uma pessoa que é muito pessimista 
ou fica muito deprimida diante do diagnostico, não adere ao 
tratamento. Mas no momento da terminalidade, o importante é 
focar nos aspectos gratificantes de viver o momento presente. 
 
Classificação e função das estratégias de 
enfrentamento 
Segundo definição de Cohen e Lazarus (1979) as 
estratégias de enfrentamento podem ser classificadas em 5 
situações gerais: 
1. Busca de informação: visa obter subsídios para resolução do 
problema ou manejo das emoções. 
2. Ação direta: depois que ele obtém todas as informações 
importantes sobre a situação que ele se encontra, ele vai para 
ação que objetiva resolver o problema propriamente dito, se 
o problema puder ser resolvido. 
3. Inibição da ação: tem problema que não se pode resolver, mas 
pode conter ações que possam ser consideradas perigosas 
ou prejudiciais para a pessoa – quando o sujeito não conseguiu 
executar as etapas anteriores. 
Ex: quanto mais informação que eu tenho sobre a doença, a 
probabilidade de agir de forma impulsiva e impensada, sem 
medir as consequências do próprio comportamento, é menor. 
Orientar que a pessoa não faça nada, porque se ela não 
estiver emocionalmente estável, ela pode executar ações que 
possam ser perigosas para ela. 
4. Esforços cognitivos (intrapsíquicos): se o sujeito conseguiu 
buscar informação, tirou todas as dúvidas, fez manejo das 
emoções, resolveu o problema se pudesse ser resolvido, ele 
poderia vir nessa etapa e fazer uma reavaliação do problema 
com o objetivo de regular as emoções diante da ameaça que 
é representada pela questão. 
 
Coping (manejo da situação adversa) pode acontecer de duas 
formas: 
- Voltado para a resolução do problema (se o problema puder ser 
resolvido) 
- Esforços cognitivos com o objetivo de reavaliar o problema e 
manejar/regular emoções (se o problema não puder ser resolvido 
de imediato) 
 
5. Busca do outro: objetiva utilizar o apoio social, reconhecendo 
sua importância para a resolução do problema. 
 
Ainda de acordo com Cohen e Lazarus (1979), as estratégias de 
enfrentamento podem ser classificadas de acordo com 2 funções 
gerais: 
1. Coping centrado no problema: quando a situação pode ser 
modificável. O indivíduo pode se engajar em ações diretas que 
visem manejar a situação. 
2. Coping centrado na emoção: quando a situação não pode ser 
modificável. O indivíduo pode se engajar nos processos de 
avaliação cognitiva que torne a situação menos assustadora, 
permitindo um controle das emoções no contexto 
estressante. 
 
Lazarus e Folcaman: 
Estressor 
 
 
Avaliação primária 
(quando o sujeito está frente a uma situação de estresse, realiza 
avaliação primaria entendendo o estímulo como positivo, 
ameaçador ou irrelevante. É nessa avaliação primária que o 
sujeito irá conseguir avaliar o estressor e vai para uma avaliação 
secundária, que é cognitiva). 
 
 
Positivo Ameaçador Irrelevante 
 
 
Avaliação secundária 
(é onde o sujeito faz uma reavaliação da situação, verificando se 
tem recursos suficientes ou insuficientes para lidar com o 
estímulo estressor. Se ele entende que tem recursos 
insuficientes, cai em uma resposta de estresse e o coping 
centrado na emoção faz com que o sujeito reavalie a situação, 
deixando-a menos ameaçadora. Fazendo com que ele perceba que 
não tenha recursos, mas que ele pode adquirir no decorrer do 
processo, havendo, portanto, um maior controle do afeto, 
emoções ruins tendem a diminuir. 
 
 
Recursos suficientes Recursos insuficientes 
 
 
Ocorre o estresse 
 
 
 necessidade de que o indivíduo se engaje em 
estratégias de coping 
 
 
Na prática, as duas funções podem aparecer simultaneamente a 
fim de assegurar o bem-estar psicossocial e manter uma qualidade 
de vida satisfatória. 
 
Há um consenso na literatura em se considerar que o 
enfrentamento é efetivo quando serve para amenizar sentimento 
de perda e ameaça. Em contrapartida, o enfrentamento pode ser 
considerado disfuncional quando prejudica o equilíbrio e não garante 
o bem-estar. 
 
Quando o sujeito recebe o diagnóstico de câncer, que estratégias 
trabalhar nesse sujeito? Estratégias de coping centrada na 
emoção, porque o sujeito fez uma avaliação primaria sendo como 
ameaçador, na avaliação secundaria ele entende que não possui 
recursos suficientes (na maioria das vezes), depois vem a resposta 
de estresse. 
Para tornar uma situação menos ameaçadora, é importante que o 
paciente e a família busquem toda a informação possível no que se 
diz respeito ao diagnóstico. Quanto mais informação ele tiver, 
menos fantasias ameaçadoras ele terá. Depois da busca de 
informação parte-se para a ação direta, que objetiva resolver o 
problema propriamente dito, por ex: ir ao médico fazer exames. 
 
 
Enfrentamento e fases da doença 
Entender os recursos de enfrentamentos utilizados pelo paciente 
e sua família requer o conhecimento das fases que caracterizam 
a trajetória da doença: 
Rolland (1995) propôs 3 fases como integrantes da história natural 
da doença crônica e terminal. Cada uma das etapas ilustra maneiras 
de se lidar com a doença: 
 
 
Fase 
 
Tarefa-chave 
O que seria um 
comportamento 
familiar funcional 
O que seria um 
comporta-mento 
familiar disfuncional 
Di
ag
nó
st
ico
 
- Principalmente 
para o paciente 
- Reconhecer os 
limites da saúde e 
aceitar cuidados 
não significa que 
perdemos apenas a 
saúde, mas que 
houve outras 
perdas também, 
como a 
funcionalidade 
 
 
- Questionamento 
- Apoio 
- Partilha tarefas 
- Negação de 
mudanças (não 
questionamento) 
- Culpabilização do 
paciente (a família 
começa a viver 
sentimentos muito 
ambíguos no 
sentido de “eu 
tenho pena” mas 
também “como a 
sentir raiva porque 
ele adoeceu”, já 
que isso é uma 
ameaça familiar 
podendo 
representar uma 
perda) 
Tr
at
am
en
to
 (f
as
e 
cr
ôn
ica
) 
- Reorganizar 
prioridades (para 
esse paciente uma 
vez que terá que 
se engajar no 
tratamento) 
- Lidar com 
sucessos e 
remissões do 
tratamento (nos 
momentos que ele 
se sente bem 
durante o 
tratamento, vem 
sentimentos de 
esperança. Mas 
nos momentos em 
que ele se sente 
mal, quando a 
quimio é mais 
pesada e sofre 
efeitos colaterais, 
vem todas essas 
questões ao fato 
de teradoecido, 
ser incapaz de 
fazer várias 
coisas... como se 
fosse uma 
montanha russa 
que esse sujeito 
vive) 
 
 
 
- Partilhar 
tarefas 
- Fazer um 
planejamento 
realista do futuro 
(pensando no 
desfecho, 
independentemen
te se for morte 
ou cura, facilita 
muito as tarefas 
que deveriam ser 
realizadas nesse 
meio tempo) 
 
 
 
 
- Rejeição por 
alguns membros da 
família. (pode 
acontecer de um 
membro da família 
adoecer e alguns 
membros da família 
se afastarem) 
Fin
al 
(c
ur
a)
 
- Assimilar noção 
de cura (não há 
como garantir que 
o câncer não irá 
retornar) 
- Reintegra-se ao 
meio social 
 
- Flexibilidade das 
expectativas 
- Assimilar novos 
papéis 
 
- Manutenção do 
modelo da doença 
(ganhos 
secundários) 
Fin
al 
(f
as
e 
te
rm
ina
l) 
- Redefinir 
autoestima 
- Encerrar laços 
- Adaptação ao 
desfecho 
- Apoio nas 
decisões do 
paciente 
- Encerrar laços 
- Não aceitação do 
contexto 
- Dificuldade de 
adaptação 
 
Nós enquanto psicólogos, estaremos lá para ajudar na partilha de 
tarefas, ajudar na comunicação entre a família, como também 
acolher e fazer uma escuta do familiar. 
Em 1987, Kübler-Ross propôs os estágios emocionais da doença 
terminal que são amplamente utilizados nos estudos de psico-
oncologia. 
Podem servir como referência para a compreensão do tipo de 
enfrentamento do paciente em diferentes fases da doença (não 
existe uma linearidade entre essas fases, mas uma ida e vinda 
nelas): 
 
1. Negação: a pessoa não aceita ou não acredita no 
diagnostico, podendo abandonar o tratamento e passar 
a agir como se a doença não existisse. 
2. Raiva: caracterizada por revolta, ressentimento e 
inconformismo e/ou inveja. 
3. Barganha: o paciente tenta negociar a solução para o 
sofrimento gerado pela doença. 
4. Depressão: se apresenta normalmente de duas formas: 
• Depressão reativa: resposta de 
tristeza ao contexto da doença 
• Depressão preparatória: surge 
não somente ligada ao contexto 
de morte física, mas à morte 
simbólica, às perdas impostas 
pela conicidade da doença. 
 
Ao passar por essa fase, a pessoa pode entrar no próximo estágio. 
 
5. Aceitação: caracterizada pelo conformismo com relação 
ao caráter permanente de uma doença e o desfecho 
(morte) que está por vir. 
 
 
Momento integrativo 
 
É importante respeitar o momento do paciente, sem confrontar 
suas defesas ou querer suprimi-las. 
Nesse momento as condutas devem ser não diretivas, como 
questionamento indelicado e oportuno que podem levar à 
emergência de uma nova etapa. 
O objetivo é minimizar o risco de disfuncionalidade nos sistemas 
pessoal e familiar através da ressignificação da situação, 
favorecendo a qualidade de vida das pessoas envolvidas no 
progresso. Fazer com que esse paciente e família adquiram 
recursos para viver um momento que não é fácil para ninguém, da 
melhor forma possível. Para isso, é importante criar um espaço 
saudável para expressão de conflitos, medos e angústias, para que 
eles possam falar o que estão sentindo, sendo algo fundamental. 
A etapa do ciclo vital em que se encontra o paciente é 
determinante para o enfrentamento do câncer. Além disso, outros 
fatores precisam ser considerados no enfrentamento da vivência 
do câncer: 
• Precocidade ou não do diagnóstico 
• Modalidades adaptativas do paciente e da família antes da 
manifestação da doença – cada um lida com o estresse de 
acordo com o recurso que tem. Cada família e cada paciente 
vai lidar com a doença, a princípio, com o recurso que tem. Se 
eles não souberem lidar, é porque não tem esses recursos, 
onde nós entramos a fim de ensinar a eles esses recursos 
de habilidades e manejos. 
• Grau de sofrimento e mutilação 
• Contexto social e socioeconômico do paciente e família

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