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Cistos são formações patológicas revestidas por epitélio, cujo o conteúdo é líquido ou semi-sólido. É uma lesão que difere das neoplasias e por isso tem uma classificação separada, pois a proposta de tratamento também é diferente. Todos os cistos odontogênicos apresentam referência à sua localização anatômica, exceto o cisto odontogênico glandular; Radiograficamente, a maioria dos cistos odontogênicos se apresenta como uma lesão radiolúcida unilocular de limites bem definidos, de forma arredondada ou ovóide; Cistos que podem apresentar imagem multiloculada: ceratocisto odontogênico, cisto odontogênico glandular e o cisto periodontal lateral do tipo botrióide; Cirurgia dos cistos odontogênicos Tratamento dos cistos odontogênicos: Marsupialização (descompressão); Enucleação; Marsupialização com enucleação posterior; Enucleação com curetagem; Enucleação com curetagem agressiva + crioterapia; Enucleação com curetagem agressiva + aplicação de solução de Carnoy + fechamento primário; Ressecção em bloco (mandibulectomias ou maxilectomias parciais). Marsupialização Técnica na qual o cisto é exposto através de uma abertura, comunicando a cavidade cística com o meio bucal, criando condições para que haja neoformação óssea e consequente diminuição do cisto; Fenestração, técnica de Partsh ou exteriorização cística; Remove-se um fragmento do cisto contendo mucosa bucal, periósteo, osso e cápsula. Dependendo da localização, instala-se um obturador para impedir a cicatrização do cisto e seu contínuo desenvolvimento; Curativos com gaze vaselinada ou embebida em antissépticos são realizados e trocados periodicamente até a epitelização da cavidade cirúrgica. Marsupialização com enucleação posterior Primeiro marsupializa-se o cisto para obter a diminuição do cisto; Acompanha o caso com exames de imagem regulares (a cada 03 meses) e quando este atinge um tamanho em que a enucleação se torna possível, ela é então realizada. Enucleação Consiste na remoção total da lesão em um único tempo cirúrgico. Pode ser realizada por dissecção ou por curetagem; Na maioria das vezes a enucleação por dissecção é realizada quando a membrana cística é firme, densa e fibrosa, permitindo a remoção da lesão como um todo; A enucleação por curetagem é realizada quando a membrana do cisto está friável, por ser muito fina ou estar inflamada. Enucleação + curetagem + crioterapia Crioterapia é a aplicação de baixa temperatura capaz de modificar o meio celular envolvendo a destruição tecidual local. Esta foi primeiramente utilizada nos tecidos com objetivos anestésicos, para coibir hemorragias e no controle de edemas pós-traumas. Consiste na aplicação de frio no local, diminuindo sintomas como inchaço e vermelhidão, já que promove a vasoconstrição, diminuindo o fluxo sanguíneo local, diminui a permeabilidade das células e o edema. Enucleação + curetagem + aplicação de solução de Carnoy Jean-Baptiste Carnoy (biólogo belga que trabalhava com exames histopatológicos 1836/1899); Fórmula original: Álcool (6 ml) Clorofórmio (3 ml) Enucleção por dissecção: Fig. A: Lesão sendo separada do osso. Fig. B: Lesão sendo removida. Fig. A Fig. B Ácido acético (1 ml) Fórmula por Thoma (1963): Álcool absoluto (6ml) Clorofórmio (3 ml) Ácido acético glacial (1 ml) Cloreto férrico (1 g) Complicações: Infecção; Hipoestesia do NAI; Paralisia temporária do n. facial; Ressecção em bloco Consiste na remoção da lesão com margem de tecido ósseo sadio de 0.5 até 1.5cm, incluindo parte da mucosa de recobrimento da lesão; Excisão em bloco ou excisão marginal; O exame histopatológico irá determinar se os limites ósseos estão livres da lesão; A basilar é preservada, dando continuidade ao osso; Técnica radical: ceratocistos que acometeram tecidos moles (menor índice de recorrência – 8.4%) Cistos odontogênicos inflamatórios: Cisto Radicular Cisto odontogênico inflamatório que se origina dos restos epiteliais de Malassez associado à necrose pulpar; Juntamente com o cisto residual constituem as lesões císticas Tipos de ressecção na mansdíbula: Fig. A: Ressecção marginal segmentar ou em bloco: não interrompe a continuidade da mandíbula. Fig. B: Ressecções parciais da mandíbula: interrompem a continuidade da mandíbula. mais frequentes (60%) dos casos; Assintomáticos (exceto quando ocorre agudização do processo inflamatório); Crescimento lento com abaulamento do osso na região; A mucosa que recobre este crescimento é normal, podendo ocasionalmente aparecer uma fístula quando estiver abscedado; Quando houver rompimento da cortical e o cisto se localizar nos tecidos moles, apresentará flutuação; Ajudam no diagnóstico: Teste de vitalidade pulpar; Punção aspirativa com agulha fina evidenciando líquido citrino amarelo; Tratamento: Tratamento endodôntico sem cirurgia; Tratamento endodôntico com cirurgia;Extração do dente e remoção cirúrgica do cisto. Prognóstico excelente, sem recidiva Cistos Colaterais Inflamatórios Cistos que se originam na região vestibular de dentes parcialmente erupcionados como resultado de inflamação do tecido pericoronário. São subdivididos em: Cisto paradental : envolvendo um terceiro molar inferior Cisto da bifurcação vestibular mandibular: envolvendo o 1ºMI ou 2ºMI em crianças de 05 a 13 anos de idade; A mais recente classificação da OMS (2017) foi quem os denominou como cistos colaterais inflamatórios. Imagem radiolúcida unilocular na região periapical do dente e, ocasionalmente, na superfície lateral da raiz associado a um canal lateral do dente com necrose pulpar (cisto radicular lateral); Possibilidades para sua patogenia: Dilatação de uma bolsa periodontal profunda; Proliferação das células dos restos epiteliais de Malassez em razão de pericoronarite; Origem no epitélio reduzido do esmalte; Origem no epitélio sulcular ou epitélio juncional Extensões cervicais de esmalte promovem má-adaptação do sulco gengival; Estímulo inicial penetraria pela solução de continuidade da mucosa alveolar. Mais de 60% dos CCI envolvem os 3ºMI com uma história de pericoronarite recorrente; As lesões ocorrem mais na vestibular e distovestibular e cobrem a superfície radicular, geralmente envolvendo a bifurcação; Aumento de volume e dor não são características proeminentes e o dente envolvido sempre está vital, mas pode haver sensibilidade leve a moderada e saída de secreção. Diagnóstico diferencial: Cisto Dentígero; Diagnóstico histopatológico isolado deste cisto é impossível de ser feito; Necessidade da união dos achados radiográficos e clínicos (idade, história de pericoronarite recorrente e vitalidade pulpar do dente envolvido) com os achados histopatológicos. Tratamento: Cisto paradental: exodontia do elemento dentário +enucleação do cisto Cisto da bifurcação vestibular: enucleação do cisto sem a remoção do dente Cistos odontogênicos de desenvolvimento Cisto Periodontal Lateral Pela sua denominação, se localiza lateralmente ou entre as raízes de dentes com vitalidade pulpar; De acordo com a OMS sua origem provém de remanescentes da lâmina dentária e não dos restos epiteliais de Malassez ou do epitélio reduzido do órgão do esmalte (presença de células claras); Diagnóstico diferencial: cisto radicular lateral e o ceratocisto odontogênico colateral; O seu diagnóstico é feito excluindo-se as outras lesões císticas e pode ocorrer em diferentes idades com pico de incidência entre a 6º e 7º década de vida; Mais prevalente em PMI e CI; Assintomáticos e descobertos em exames radiográficos de rotina; Aumento na região vestibular da gengiva. .Radiograficamente, apresentam área radiolúcida unilocular bem delimitada de 1cm, entre a crista alveolar e o ápice radicular, lateralmente à raiz do dente; .Pode causar divergências nas raízes, porém raramente há reabsorção radicular; .Quando se apresenta em raras ocasiões como uma lesão multilocular, recebe a denominação cisto odontogênico botrióide; .Histogênese comum com o cisto gengival do adulto (manifestação extra óssea); .Pode apresentar uma forma policística; .Tratamento: enucleação do cisto com preservação dos dentes Cisto Dentígero (Cisto Folicular) É um cisto que se desenvolve associado à coroa de um dente incluso. É raro na dentição decídua; É o 2º cisto odontogênico mais comum; 3º MI é o dente mais envolvido (75% dos casos); Outros locais: CS, 3ºMS, PMI. Desenvolvimento: após o término da formação do esmalte ocorre acúmulo de líquido que separa o epitélio da coroa do dente por um mecanismo ainda desconhecido com crescimento por osmose. A coroa do dente penetra no interior da cavidade cística. Assintomático (sem infecção associada); Aumento de volume na região com expansão óssea; Diagnosticado pelo exame radiográfico (permanência prolongada de um dente decíduo ou ausência clínica de um molar permanente); É o cisto que mais frequentemente causa reabsorção radicular; Coroa do dente no centro da área radiolúcida; Diagnóstico diferencial: ameloblastoma unicístico, tumor odontogênico adenomatóide, fibroma ameloblástico e ceratocisto odontogênico. .A principal diferença deve ser feita com o folículo dentário normal (o diâmetro da área radiolúcida ao redor da coroa do dente deve ter pelo menos 3 mm). .Tratamento: Enucleação com remoção do elemento dentário ou descompressão seguida de enucleação. Prognóstico excelente. Ceratocisto Odontogênico Apresenta comportamento clínico distinto com alto índice de recidiva; Introduzido por Philipsen (1956), e Pindborg e Hansen (1963) descreveram as principais características desse cisto; OMS (2005) o nomeou como tumor odontogênico ceratocístico (benigno, intraósseo, uni ou multicístico); OMS (2017) retorno da denominação de ceratocisto odontogênico e sua reinclusão dentro do grupo dos cistos odontogênicos de desenvolvimento; 3º tipo mais comum; Origem nos restos da lâmina dentária; Pico de incidência entre a 2º e a 3º década de vida; A mandíbula posterior é o local mais afetado. Classificação dos ceratocistos odontogênicos segundo Main. A. Substituição. B. Envolvimento.C. Estranho. D. Colateral. Normalmente, é assintomático, porém grandes lesões podem estar associadas com dor, tumefação e drenagem; Tendência em crescer no sentido anteroposterior, por entre os espaços medulares do osso, sem causar expansão óssea óbvia; Radiograficamente, as imagens são radiolúcidas, uni ou multiloculares (em região posterior de mandíbula), bem definidas, regulares ou festonadas. Em geral, não produzem reabsorção radicular e podem estar associados à dentes inclusos; Deslocam o feixe neurovascular; Diagnóstico diferencial: ameloblastoma; Apresenta 04 variantes radiográficas; Tipicamente apresenta uma parede fina e friável (difícil de ser enucleada do osso em um único fragmento; A cavidade cística é preenchida por um líquido esbranquiçado com aspecto de “cera derretida”, que consiste em queratina e a cápsula fibrosa não apresenta inflamação; ratamento conservador x radical. Esta lesão pode aparecer como múltiplos cistos, sendo necessária a investigação da síndrome do carcinoma nevóide basocelular (síndrome de Gorlin ou síndrome de Gorlin-Goltz); Condição hereditária autossômica dominante que exibe alta penetrância e expressividade variada; Síndrome de Gorlin-Goltz ◦ Carcinomas basocelulares nevóides na pele; ◦ Defeitos congênitos esqueléticos, como costela bífida; ◦ Calcificação da foice cerebral; ◦ Depressões plantares e palmares; Líquido esbranquiçado obtido pela punção aspirativa de um ceratocisto odontogênico. ◦ Lesões oculares e no SNC; ◦ Protuberância frontal; ◦ Hipertelorismo ocular; ◦ Discreto prognatismo mandibular. Cisto Odontogênico Calcificante (Cisto de Gorlin) ◦ É uma lesão odontogênica extremamente controvertida por apresentar grande variação no seu aspecto histológico, embora em todas as variantes ocorra a presença das denominadas “células fantasmas”; ◦ OMS(2005) a categorizou como tumor odontogênico calcificante subdividido em três partes: tumor odontogênico cístico calcificante, tumor dentinogênico de células fantasmas e carcinoma odontogênico de células fantasmas; ◦ OMS(2017) retornou a classificação da variante cística como cisto odontogênico de desenvolvimento com o nome antigo; ◦ Lesão rara (1%), com origem na lâmina dentária, predominantemente intraóssea; ◦ Apresenta-se com a mesma frequência na maxila e mandíbula, particularmente na região de caninos e incisivos. Pode ocorrer em uma ampla faixa etária, com média de idade em torno dos 30 anos; ◦ Pode aparecer associado a um odontoma; ◦ Crescimento lento e indolor; ◦ Pode aparecer de forma extraóssea (crescimentos sésseis na gengiva ou penduculados que podem assemelhar-se ao fibroma ossificante periférico ou granuloma periférico de células gigantes); Radiograficamente, se apresenta como lesão radiolúcida unilocular ou multilocular; ◦ Presença de imagens radiopacas; ◦ Pode apresentar afastamento ou reabsorção radicular. ◦ Tratamento conservador Cisto de Erupção: ◦ Variante do cisto dentígero (correspondente extraósseo); ◦ Possibilidade de ser rompida durante a mastigação; ◦ Primeira década de vida; ◦ Tumefação mole, flutuante, indolor, localizado na mucosa alveolar, com cor normal ou azulada (hematoma de erupção); ◦ Patogenia desconhecida (possibilidade de traumatismo no tecido fibroso denso na região); ◦ Entre o epitélio da mucosa e o epitélio da cavidade cística não se observa cortical óssea; ◦ Tratamento: ulotomia/ulectomia para exposição clínica da coroa. Cisto Gengival do Adulto: ◦ Lesão muito rara (menos de 1%); ◦ Considerada por alguns autores como correspondente extraósseo do cisto periodontal lateral; ◦ Região de PMI e CI, na gengiva inserida vestibular; ◦ É de crescimento lento, indolor, com menos de 1 cm de diâmetro, de coloração normal ou azulada, de consistência mole e flutuante, com superfície lisa; ◦ Não apresenta imagem radiográfica, mas pode evidenciar erosão óssea. ◦ Origem: ◦ Implantação traumática; ◦ Degeneração cística de projeção do epitélio; ◦ Restos da lâmina dentária ◦ Tratamento cirúrgico conservador. Cisto Odontogênico Glandular ◦ Primeiro caso descrito em 1987; ◦ É um tipo de cisto odontogênico de desenvolvimento incomum (menos de 0.5%) e localmente agressiva; ◦ Mais comum em adultos de meia idade (com pico de ocorrência da 5º e 7º década de vida); ◦ Predileção pela região anterior da mandíbula e muitas lesões atravessam a linha média; ◦ Crescimento lento e indolor (se não houver compressão de feixes nervosos); ◦ Os pequenos se apresentam como assintomáticos; ◦ Apresenta pequenas estruturas microcísticas do epitélio com semelhança glandular e ocasionalmente células mucosas; ◦ Apresenta semelhança histológica com o carcinoma mucoepidermóide central de baixo grau; Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiolúcida unilocular ou multilocular, com bordas bem definidas, podendo variar de uma pequena lesão (menos de 1cm) até grandes lesões destrutivas; ◦ Pode apresentar reabsorção ou deslocamento radicular e perda da integridade das corticais ósseas; ◦ Tratamento: ◦ Ressecção marginal; ◦ Enucleação e curetagem. CISTOS NÃO ODONTOGÊNICOS Cisto do Ducto Nasopalatino: (Cisto do Canal Incisivo) ◦ É o cisto não odontogênico mais comum da cavidade oral, ocorrendo em 1% de toda a população; ◦ Origem relacionada com a degeneração cística espontânea dos remanescentes do ducto nasopalatino (estrutura que conecta a cavidade oral e a cavidade nasal na região do canal incisivo);◦ Mais comum na 4º e 6º década da vida; ◦ Lesões assintomáticas, descobertas em radiografias de rotina ou após a dificuldade em usar prótese dentária; ◦ Aumento de volume na região anterior do palato, flutuação, drenagem e dor; ◦ A mucosa apresenta cor normal, porém, se o cisto estiver muito superficial, uma coloração azulada pode ser observada. Radiograficamente, é evidenciado uma lesão radiolúcida bem circunscrita, redondas ou ovais, com bordas escleróticas; ◦ Localizada na região anterior da maxila, próximo ou na linha média, entre os incisivos centrais superiores; ◦ Forma de “pera invertida” ou de “coração”; ◦ Diâmetro de 1 a 2.5 cm; ◦ Reabsorção radicular expansão óssea são raras; ◦ Diâmetro de 6 mm é o limite superior para se considerar um forame incisivo normal; ◦ Teste de vitalidade pulpar: dentes vitais, com lâmina dura íntegra; ◦ Tratamento: enucleação Cisto Nasolabial: ◦ É um cisto não odontogênico de desenvolvimento raro; ◦ Ocorre no lábio superior, lateral à linha média; ◦ Constitui em um cisto de tecido mole; ◦ Origem no epitélio ectópico do ducto nasolacrimal; ◦ Clinicamente, se manifesta como um aumento de volume de evolução lenta, geralmente flutuante à palpação; ◦ Resulta na elevação da asa do nariz, da mucosa do vestíbulo nasal e no apagamento do fundo de vestíbulo da região anterior da maxila; ◦ Esse aumento de volume pode provocar obstrução nasal e dificultar o uso de próteses. ◦ Indolor (sem infecção); ◦ Não é observada imagem radiográfica, visto que é uma lesão de tecidos mole; ◦ TC ou ressonância magnética podem auxiliar no diagnóstico e planejamento cirúrgico; ◦ Tratamento: enucleação com possibilidade de descompressão prévia.
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