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Planejamento social e formulação de projeto deintervenção

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PLANEJAMENTO SOCIAL E 
FORMULAÇÃO DE PROJETO 
DE INTERVENÇÃO
W
BA
01
39
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2.
0
22 
Alessandra Medeiros
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Planejamento social e formulação 
de projeto de intervenção
1ª edição
33 3
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Giani Vendramel de Oliveira
Revisor
Giani Vendramel de Oliveira
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Medeiros, Alessandra
M488p Planejamento social e formulação de projeto de 
 intervenção/ Alessandra Medeiros, – Londrina:
 Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019.
80 p.
 
ISBN 978-85-522-1631-5
 
1. Serviço Social. 2. Assistente Social. I. Medeiros,
Alessandra. Título. 
CDD 360
Thamiris Mantovani CRB: 8/9491
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
44 
PLANEJAMENTO SOCIAL E FORMULAÇÃO 
DE PROJETO DE INTERVENÇÃO
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Planejamento social: processo lógico, político e administrativo 6
Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão 
Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico- Operativa 17
A planificação do planejamento: políticas públicas, 
espaços socioinstitucionais 29
Planos, programas e projetos sociais 39
Metodologia de elaboração de projetos sociais: emergência do projeto, 
diagnóstico, reflexão estratégica, execução e avaliação 50 
Formulação de projeto de intervenção 60 
Elaboração, execução, monitoramento 
e avaliação de projetos sociais 70
O gestor social e o planejamento 82
55 5
Apresentação da disciplina
Esta disciplina tem como objetivo apresentar os principais conceitos do 
planejamento, especialmente no que tange à elaboração, implantação 
e implementação de projetos de intervenção, como requisitos 
fundamentais a um gestor social.
A disciplina abordará temáticas que subsidiarão a atuação profissional 
na área, tais como: planejamento social: dimensão ético-política, sócio-
histórica e técnico-operativa; processo lógico, político e administrativo; 
a planificação do planejamento: políticas públicas, espaços 
socioinstitucionais, planos, programas e projetos sociais. Formulação de 
projeto de intervenção, dentre outros.
Assim, Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção 
tem a proposta de subsidiar melhores condições de avaliação nas ações 
interventivas, contribuindo, ainda, para a elaboração de estratégias de 
enfrentamento das demandas sociais que requisitam a intervenção 
profissional mediada pelos serviços oferecidos pela rede social.
666 
Planejamento social: processo 
lógico, político e administrativo
Autora: Alessandra Medeiros
Objetivos
• Introduzir os conceitos basilares do 
planejamento social.
• Refletir sobre o ciclo do planejamento e a 
importância da temática para o profissional 
responsável pela gestão de programas e projetos 
relacionados à política social.
• Relacionar a importância do planejamento 
para o cotidiano do trabalhador social.
77 7
1. Introdução
Na presente aula será abordado o conceito de planejamento, 
fundamentado no livro Planejamento Social: intencionalidade e 
instrumentação, de Myrian Veras Baptista (VERAS, 2007). 
O planejamento social está relacionado com questões que se 
apresentam no mundo social. Também destacamos que está 
diretamente vinculado a processos de tomada de decisão.
Para tornar mais inteligível o processo de tomada de decisão, 
será utilizado um caso, que faz parte da realidade social de uma 
metrópole, por exemplo: a cidade de São Paulo. A Prefeitura de São 
Paulo decidiu reduzir a velocidade das marginais, desenvolveu uma 
política de mobilidade urbana, com implantação de corredores de 
ônibus e ciclovias. Com certeza, essas decisões não foram consenso 
na população e fizeram parte de um processo de decisão dentro do 
planejamento da política pública urbana. Até os dias atuais há quem 
discorde das ciclovias, por exemplo. No entanto, decisões foram 
tomadas em prol do bem-estar da coletividade. 
O mesmo pode acontecer na gestão de projetos sociais. 
Vamos entender o conceito?
PARA SABER MAIS
Pesquise a importância do planejamento na gestão de 
projetos sociais.
Comece pesquisando vários conceitos de planejamento.
Por exemplo: o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 
(2008, p. 634) coloca que planejar é:
88 
1. Fazer o plano ou a planta de; projetar; traçar.
2. Tencionar, projetar.
3. Elaborar um plano.
2. O termo planejamento
O que vem a ser planejamento? O termo planejamento,
[...] na perspectiva lógico-racional, refere-se ao processo permanente e 
metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam 
no mundo social. Enquanto processo permanente, supõe ação contínua 
sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento 
histórico [...] supõe uma sequência de atos decisórios, ordenados em 
momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos, científicos e 
técnicos. (BAPTISTA, 2007, p. 13)
Planejar o cotidiano é uma ação que o homem executa de forma 
automática, sem se dar conta da abrangência e da importância dessa 
ação. Assim sendo, planeja uma viagem, a compra de um imóvel, 
estabelece metas de curto, médio e longo prazo, etc. E na área social? 
É fácil planejar? Este estudo demonstrará que não. Isso porque o 
homem se concentra no fazer, no agir, e não privilegia os momentos 
que antecedem essas ações.
Planejar na área social refere-se à seleção de atividades e otimização de 
tempo, recursos, etc. O planejamento subsidia a escolha dos caminhos 
que serão percorridos e as providências necessárias, como também 
acompanha a execução das ações, monitorando-as e redefinindo-as de 
acordo com as necessidades. 
99 9
Figura 1 – A importância do planejamento para a tomada de decisões
Fonte: scyther5/iStock.com.
ASSIMILE
O dicionário do pensamento social do século XX 
(1996, p. 571) traz a seguinte reflexão: “existem 
muitas interpretações do planejamento em geral e do 
planejamento social em particular.
Na abordagem mais simples, o planejamento social é 
planejamento aplicado a instituições e recursos sociais, 
pode abranger o planejamento para todo um sistema social 
ou referir apenas ao planejamento de aspectos específicos 
de um projeto em uma agência de serviço social. O próprio 
planejamento tem que ser descrito com maiores detalhes 
para evitar a circularidade nessa definição” (IBIDEM, p. 571).
3. O ciclo do planejamento
Esse tópico centra-se na compreensão do ciclo do planejamento. 
Para iniciarmos sua conceituação, observe o esquema a seguir:
1010 
Figura 2 – Ciclo do planejamento
Fonte: elaborada pela autora.
Esse esquema permite perceber que o ciclo do planejamento é 
composto por quatro etapas interligadas e que podem ser interrompidas 
a qualquer momento, retomando-se novos passos. As quatro etapas do 
ciclo do planejamento, reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão, 
correspondem à necessidadede aproximações sucessivas diante do 
objeto do planejamento, ou seja, revela a necessidade de construção e 
reconstrução da intervenção diante do objeto – a realidade social -. Tais 
etapas são conceituadas conforme Baptista (2007, p. 15). 
A reflexão: “[...] diz respeito ao conhecimento de dados, à análise 
e estudo de alternativas, à superação e reconstrução de conceitos 
e técnicas de diversas disciplinas relacionadas com a explicação e 
quantificação dos fatos sociais [...]”.
Em uma organização, o momento em que são levantadas as 
informações sobre as problemáticas identificadas será, então, o 
momento da reflexão.
O momento de reflexão pode ser exemplificado quando um grupo 
de pessoas de uma organização se reúne para pensar melhorias nos 
1111 11
atendimentos ou projetos já realizados, ou, ainda, quando esse mesmo 
grupo identifica uma nova problemática e passa a levantar dados para 
conhecer a nova demanda. A decisão “se refere à escolha de alternativas, 
à determinação de meios, à definição de prazos, etc.” (Ibidem, p. 15).
Após a reflexão, o momento em que a equipe decide os caminhos que 
serão adotados pode ser identificado como o “pontapé” inicial rumo à 
ação, ou seja, antes de qualquer ação, existe o momento de decisão.
Com os dados levantados na fase de reflexão, a equipe reúne um 
conjunto de informações, que passam a subsidiar a decisão sobre qual 
caminho será tomado.
Nesse sentido, se havia alguma dúvida, por exemplo, entre implantar 
um projeto voltado ao atendimento das necessidades de crianças e 
adolescentes ou de idosos, os dados levantados na fase da reflexão 
contribuirão para a decisão de todos pelo projeto que seja mais viável e 
relevante.
Vamos conhecer melhor o termo decidir? Decidir significa, de acordo 
com Ferreira (2008, p. 286):
1. Determinar, resolver.
2. Solucionar.
3. Dar decisão.
4. Tomar deliberação.
5. Dar preferência.
6. Resolver-se.
Já a ação está “relacionada à execução das decisões. É o foco central 
do planejamento. Orienta-se por momentos que a antecedem e é 
subsidiada pelas escolhas efetivadas na operação anterior, quanto aos 
necessários processos de organização” (BAPTISTA, 2007, p. 15).
1212 
Para entender o conceito de ação, basta imaginar que todas as 
providências que são tomadas, após a decisão, já fazem parte da ação 
para que se efetive o desejado.
Retomando os exemplos citados nas fases anteriores, ao se decidir 
por um projeto que atenda crianças e adolescentes, o primeiro passo 
a ser executado para que o projeto se efetive pode já ser considerado 
parte da ação.
Entende-se por retomada da reflexão “operação de crítica dos processos 
e dos efeitos da ação planejada, com vistas ao embasamento do 
planejamento de ações posteriores” (BAPTISTA, 2007, p. 15).
Com a finalização da ação, nada mais natural do que avaliar como o 
processo transcorreu, ou seja, novamente refletir, só que, desta vez, a 
reflexão será direcionada para um balanço da ação que foi desenvolvida.
A retomada da reflexão pode acontecer em vários momentos. É claro 
que se espera que aconteça ao término das ações desenvolvidas. No 
entanto, se algo acontecer no decorrer da implementação do projeto, 
impactando negativamente as ações desenvolvidas, cabe ao grupo 
executor interromper a ação, retomar a reflexão para correção da rota, 
dando início, portanto, a um novo ciclo do planejamento.
Importante ressaltar que essas operações estão interligadas e podem 
ser interrompidas a qualquer momento, redimensionando-se o 
planejado para uma nova rota, em função de novas circunstâncias 
postas na realidade.
O Planejamento Social pode ser entendido sob diferentes enfoques, 
a saber: a) como ferramenta de trabalho que propicia uma prática 
metodologicamente conduzida e eticamente comprometida com a 
cidadania; b) como processo lógico, político e administrativo que, por meio 
de seu movimento, adensa formas de participação popular nos níveis 
1313 13
decisórios e operativos; c) como instrumento que busca racionalizar e 
dar direção para redefinições futuras de organizações, políticas sociais, 
setores ou atividades, influenciando o nível técnico e político e d) como 
mediação entre a burocracia e as condições objetivas para efetivação de 
direitos. (BATTINI, 2009, p. 7)
Finalmente, é de extrema importância retomar os principais tópicos 
estudados anteriormente, para que sejam colocados em prática no 
cotidiano profissional:
• O planejamento requer ações contínuas, sempre relacionadas a 
tomadas de decisões.
É imperativo considerar que situações caracterizadas como 
emergenciais nos termos da proteção social demandem ações de 
prevenção, resposta e recuperação, assim como a articulação das 
políticas públicas para garantir o acesso a bens e serviços públicos à 
população atendida. É justamente do processo de planejamento que 
emergem os procedimentos a serem adotados no enfrentamento de 
tais circunstâncias.
• Para planejar, é preciso relacionar os conhecimentos teóricos, 
científicos e técnicos adquiridos. Um planejamento adequado 
requer organização e procedimentos lógicos.
• Planejar na área social é um grande desafio, pois o cotidiano é 
impregnado de imediaticidade, ou seja, foco na ação em si mesma, 
no fazer, de modo que pensar, planejar, é comumente atribuído 
pelo senso comum como “perda de tempo”.
• Planejar subsidia a escolha de caminhos a serem tomados 
e ainda permite a correção de rotas que, por questões 
circunstanciais, precisarão ser redimensionadas em função de 
variáveis encontradas no decorrer da execução da ação que 
estiver sendo desenvolvida.
1414 
• Pode-se concluir, então, que o planejamento é de suma 
importância na elaboração de qualquer intervenção social e 
consiste em vários passos.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Qual o ciclo do planejamento? 
a. Ação, decisão, reflexão e retomada da reflexão.
b. Reflexão, ação, decisão e retomada da reflexão.
c. Reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão.
d. Retomada da reflexão, decisão, ação e reflexão.
e. Retomada da reflexão, ação, decisão e reflexão. 
2. Das alternativas abaixo, assinale a que mais condiz com 
o conceito de planejamento social: 
a. Refere-se ao processo final e metódico de abordagem 
racional e científica de questões que se colocam no 
mundo social.
b. Refere-se ao processo permanente e metódico de 
abordagem racional e científica de questões que se 
colocam no mundo social.
c. Refere-se ao processo permanente e metódico de 
abordagem social e científica de questões que se 
colocam no mundo racional.
1515 15
d. Refere-se ao processo permanente e teórico de 
abordagem racional e científica de questões que se 
colocam no mundo social.
e. Refere-se ao processo permanente e metódico de 
intervenção social e científica de questões que se 
colocam no mundo social.
3. É o foco central do planejamento: 
a. A reflexão.
b. A retomada da reflexão.
c. A ação.
d. A decisão.
e. O agir.
Referências bibliográficas
BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 
São Paulo: Veras Editora, 2000.
BATTINI, Odária. Política e Planejamento Social: decifrando a dimensão técnico-
operativa na prática profissional. In: II Encontro Estadual do Sistema Municipal 
e Gestão Local do CRAS, 2007. SETP/NUCLEAS. Curitiba-PR. Disponível em: 
http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/planejamento-social(1).pdf. 
Acesso em: 29 out. 2019.
DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, 
Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain 
Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos 
Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1996.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua 
portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008.
1616 
Gabarito
Questão 1 – Resposta: C
Resolução: o ciclo do planejamento é: reflexão, decisão, ação e 
retomada da reflexão. 
Questão 2 – Resposta:B
Resolução: na perspectiva lógico-racional, o planejamento 
refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem 
racional e científica de questões que se colocam no mundo social. 
Questão 3 – Resposta: C
Resolução: a ação é o foco central do planejamento.
1717 17
Planejamento social: conceito, 
finalidades, dimensão ético-
política, sócio-histórica e 
técnico-operativa 
Autora: Alessandra Medeiros
Objetivos
• Compreender a dimensão política que 
permeia o planejamento.
• Materializar o ciclo do planejamento 
no cotidiano dos projetos de intervenção 
e organizações sociais.
• Conhecer as atividades que compõem 
o ato de planejar. 
1818 
1. Introdução
O assunto dessa aula é fundamental para entendermos questões 
subjetivas do planejamento, ou seja, situações que estão presentes 
na hora de planejar, mas que nem sempre conseguimos ver em um 
primeiro momento. 
Faz-se mister ressaltar que a perspectiva política ora mencionada é, em 
seu sentido amplo, como uma mediação para as relações humanas, 
tais como o trabalho, o lazer, o amor, ou seja, a vida em sociedade. 
Comumente, a dimensão política é sempre relacionada às instituições 
políticas, pelas quais se exerce o poder e se efetiva a representatividade 
numa sociedade democrática, logo, a política partidária. Contudo, a 
perspectiva da dimensão política ora empregada se refere ao poder. 
Poder como relação, ou como um conjunto de relações, sendo assim, 
“como capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos 
desejados sobre indivíduos ou grupos humanos”, portanto, uma 
estratégia política (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 180).
Desse modo, se pensarmos a política enquanto poder, e o poder como 
uma relação ou um conjunto de relações pelas quais, um indivíduo 
ou um grupo, interfere nas atividades de outros indivíduos e grupos, 
a relação existente entre elemento político como fator de tomada de 
decisões é fundamental para o planejamento social.
Ressalta-se também a importância de se compreender que o 
planejamento em sua dimensão política deve ser estrategicamente 
articulado com a sequência das atividades realizadas durante o 
processo de planejamento.
PARA SABER MAIS
As prioridades contempladas pelas políticas públicas são 
formuladas pelo Estado, mas nascem na sociedade civil. 
1919 19
Por isso mesmo, estão em permanente disputa. Demandas 
e necessidades tornam-se prioridade efetiva quando 
ingressam na agenda estatal, tornando-se interesse do 
Estado e não mais apenas dos grupos organizados da 
sociedade (CARVALHO, 2001, p.16).
Para ampliar a reflexão sobre a temática, recomendamos a 
apreciação do filme Saneamento Básico, o filme. Trata-se de 
uma produção brasileira que demonstra o planejamento 
como ato político.
SANEAMENTO Básico, o filme. Direção de Jorge Furtado. 
Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2007. (100 min.)
Como identificar o planejamento como ato político 
nesse filme?
2. O planejamento como ato político
Pensar no planejamento como ato político não é tarefa fácil, 
entretanto é um exercício que deve ser realizado cotidianamente, 
tendo em vista que qualquer atividade profissional realizada em 
espaços sócio-ocupacionais subordina indivíduos ou grupos de 
indivíduos a outros grupos e/ou instituições, portanto, é fundamental 
considerar todas as pessoas, grupos, instituições envolvidas no 
processo de planejamento.
Torna-se imperativo considerar a diversidade de pensamentos e 
estratégias que emanam dos profissionais envolvidos no processo 
de planejamento, em relação a uma mesma “situação-problema”, 
de modo que essa será analisada e serão elaboradas possíveis 
intervenções de perspectivas muito diferentes. A situação a seguir 
ilustra essa problemática.
2020 
Figura 1 – Pontos de vista
Fonte: pelooyen/iStock.com.
Como apontou Leonardo Boff (BOFF, 1997, p. 9), “todo ponto de vista 
é a vista de um ponto”, ou seja, é necessário termos um olhar amplo e 
realizar análises por diversas perspectivas.
“Existe a necessidade de estratégias porque existem confrontos e 
existem maneiras diferentes de enfrentá-los.” (RIVERA apud BAPTISTA, 
2007, p. 17)
Baptista (2007, p. 17) ainda esclarece que “a dimensão política do 
planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo 
de tomada de decisões”. Essas decisões são tomadas por pessoas, 
e, para que a ação se efetive, todos os envolvidos deverão participar 
dos processos decisórios, inclusive o público-alvo a ser atendido, a 
fim de que opinem e se manifestem com relação às necessidades e 
problemáticas vividas no cotidiano. Baptista (2007, p. 21-22) alerta que:
Para que o planejado se efetive na direção desejada, é fundamental que, 
além do conteúdo tradicional de leitura da realidade para o planejamento 
da ação, sejam aliados: apreensão das condições subjetivas do ambiente, 
como vontade política dos grupos envolvidos, correlação de forças, 
articulação dos grupos, alianças ou incompatibilidades [...].
2121 21
Então, considerar tudo o que se encontra na realidade, e até o que não 
está facilmente visível, faz parte do processo de planejamento e é um 
grande desafio.
Lozano e Martin apud Baptista (2007, p. 18-19) chamam ainda atenção 
para o fato de que não é fácil estabelecer a inter-relação necessária 
entre o elemento técnico (ou de concepção) e o elemento político (ou 
de decisão) no processo de planejamento. O que eles querem dizer com 
isso? Não adianta elaborar uma proposta metodologicamente correta se 
as negociações/decisões não foram pactuadas coletivamente. Corre-se, 
então, o risco de um projeto bem redigido não sair do papel.
Todo ato político na tomada de decisões pode impactar diretamente 
na vida de milhões de cidadãos. Por exemplo: os recursos utilizados 
no Programa Bolsa Família são questionados por muitos brasileiros 
que não possuem clareza do impacto da redução da miséria na vida de 
muitas pessoas. Ao mesmo tempo, pode-se também tomar decisões 
políticas equivocadas na alocação de recursos que usados e aplicados 
indevidamente interrompem grandes obras, como vias e estações de 
metrô e trem, afetando diretamente a vida de milhares de pessoas.
ASSIMILE
A comunidade
Um ator principal nessa análise da situação deve ser a 
população da comunidade, por meio da manifestação de 
suas opiniões acerca dos principais problemas vividos 
e do interesse na execução de quais alternativas de 
projetos poderiam ser bem aceitos por todos. Aceitos por 
serem necessários e fazerem parte da cultura local, e não 
projetos idealizados por terceiros que chegam prontos 
para os que deverão ser “os atendidos”. Isso também faz 
parte do planejamento como ato político. 
2222 
E como devemos realizar essa consulta à população local? 
Para esse levantamento de dados, podem ser eficientes: 
entrevistas ou reuniões grupais, também conhecidas 
como grupos focais, oficinas, aplicação de questionários, 
entre outras estratégias.
3. A sequência de atividades no ato de planejar
A utilização do ciclo do planejamento em atividades pode ser 
esquematizada da seguinte forma:
1. Equacionamento
Momento da reflexão. “O equacionamento corresponde ao conjunto de 
informações significativas, para a tomada de decisões, encaminhadas 
pelos técnicos aos centros decisórios” (BAPTISTA, 2007, p. 19). O que 
significa isso? Após todo o levantamento e análise dos dados, essa 
situação identificada como problema e que demanda uma intervenção 
deverá ser encaminhada para quem tem poder de decisão, ou seja, 
verificar se existe a possibilidade de continuidade no processo de 
elaboração de um projeto de intervenção. 
Não se pode esquecer que o planejamento engloba todas essas 
etapas que precedem a redação de um projeto. “A função essencial do 
planejamento, como instrumento técnico, é aumentar a capacidade e 
melhorar a qualidade do processo de adoção de decisões, oferecendo 
dados básicos da situação e necessidades” (BAPTISTA, 2007, p. 19).
Vale ressaltar um ponto muito importante: “diante de um mesmo 
problema e de uma mesma demanda, as pessoastêm diferentes formas 
de encaminhamento de apreensão do real” (BAPTISTA, 2007, p. 19). 
Isso está relacionado à visão de mundo de cada pessoa e à fonte em 
que busca seus fundamentos. Cada pessoa irá encaminhar a situação 
2323 23
analisada de acordo com seus referenciais. Esse é mais um grande 
desafio do planejamento: como planejar algo em conjunto, com as 
pessoas pensando e avaliando possivelmente de maneiras diferentes? 
Planejar vai requerer, então, muita discussão e um balizamento da 
compreensão de todos sobre as temáticas centrais do projeto.
Por exemplo: se um projeto irá contribuir para a melhoria da autoestima 
de mulheres vítimas de violência, um conceito em que todos deverão 
debruçar e traçar um entendimento coletivo é o de autoestima. 
Importante atentar para o fato de que 
Se sua perspectiva da realidade se faz a partir de um ângulo conservador, 
o planejador, vai percebê-la enquanto fato social objetivo, tomando o 
dado como limite da reflexão [...] fazendo com que a apreensão do real se 
resuma nas questões colocadas no cotidiano, não interessando o processo 
que está em sua gênese. (BAPTISTA, 2007, p. 20)
O que a autora quer dizer com isso? Caso a pessoa tenha uma base 
de análise conservadora, isso irá influenciar no planejamento por 
ela elaborado, e corre-se o risco que ela perca de vista o processo, 
atentando apenas para o dado real ou o problema identificado de 
maneira isolada. Devemos, então, realizar o exercício de ir além da 
aparência do real, pois em tudo existe uma essência velada.
Figura 2 – Planejamento em conjunto
Fonte: PeopleImages/iStock.com.
2424 
2. Decisão
O conceito de decisão acaba sendo o mais fácil, já que corresponde 
às diferentes escolhas necessárias no decorrer do processo de 
planejamento.
Baptista reforça a necessidade de participação do público-alvo nas 
decisões, pois “as resultantes dessas análises determinam a importância 
da participação de segmentos da população, como sujeito político no 
processo decisório” (2007, p. 21).
É importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional 
perdia-se a referência concreta ao sujeito – a população entrava como 
‘usuária’, ‘demandante’, ‘clientela’, mas nunca como ser histórico. No 
planejamento agora proposto, a população é personagem central do 
processo (Ibidem, p. 21).
3. Operacionalização
Talvez essa seja a parte em que as pessoas apresentem maior 
resistência em sua execução. Depois das decisões tomadas, o passo 
seguinte será colocar todas as ideias no papel, por meio de planos, 
programas e projetos. Dessa forma, a operacionalização “relaciona-se 
ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões 
tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, 
programas e projetos” (BAPTISTA, 2007, p. 23).
Muitas pessoas possuem dificuldade em operacionalizar. Por exemplo, 
após se decidir realizar uma intervenção, é imperativo, antes de começar 
a execução, esquematizá-la por escrito.
A ânsia de já começar a executar faz com que a operacionalização seja 
uma etapa que recebe pouca dedicação, porém, quanto mais dedicação 
ao ato de escrever planos, programas e projetos, detalhadamente, maior 
será a eficiência das ações e o monitoramento das atividades.
2525 25
4. Ação
Destaca-se que a ação é o foco central do planejamento. Assim, 
quando é iniciada a tomada de providências para executar o planejado, 
já se iniciou a ação.
Vale lembrar ainda que a retomada da reflexão estudada no ciclo do 
planejamento também acontece na ação, pois é natural que, ao final 
da execução do planejado, se faça um balanço sobre o que deu certo, 
o que precisa ser corrigido, etc.
Vale ressaltar que:
a. A dimensão política do planejamento está relacionada ao 
processo de tomada de decisões.
b. As pessoas possuem diferentes formas de analisar e 
interpretar a realidade.
c. Todos os envolvidos deverão participar do processo de 
planejamento e tomada de decisões.
d. O planejamento ajuda a subsidiar a tomada de decisões e os 
melhores caminhos a serem adotados.
e. A operacionalização objetiva colocarmos nossas ideias no papel.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. A dimensão política do planejamento está relacionada: 
a. Ao processo de tomada de decisões.
b. Ao partido político de quem apresenta as propostas.
2626 
c. À retomada da reflexão.
d. Ao processo de monitoramento.
e. À ação propriamente dita.
2. É importante enfatizar que, enquanto no 
planejamento tradicional perdia-se a referência 
concreta ao sujeito – a população entrava como 
“usuária”, “demandante”, “clientela”, como objeto 
passivo sem capacidade de protagonizar as ações, 
ou seja, nunca como ser histórico –, no planejamento 
agora proposto, a população:
a. É compreendida como público-alvo.
b. É personagem central do processo.
c. Ainda pode ser compreendida como cliente.
d. Deve ser tratada apenas como usuária.
e. Nenhuma das alternativas anteriores.
3. “Relaciona-se ao detalhamento das atividades 
necessárias à efetivação das decisões tomadas, 
cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, 
programas e projetos”. 
a. Ação.
b. Decisão.
c. Operacionalização.
2727 27
d. Retomada da reflexão.
e. Equacionar.
Referências bibliográficas
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São 
Paulo: Moderna, 1993.
BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 
São Paulo: Veras Editora, 2007.
BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: 
ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação 
de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18.
DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, 
Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain 
Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos 
Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1996.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua 
portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
Resolução: a dimensão política do planejamento está relacionada 
ao processo de tomada de decisões.
Questão 2 – Resposta: B
Resolução: é importante enfatizar que, enquanto no planejamento 
tradicional perdia- se a referência concreta ao sujeito – a população 
entrava como “usuária”, “demandante”, “clientela”, mas nunca 
como ser histórico –, no planejamento agora proposto, a população 
2828 
é personagem central do processo. Trata-se de trabalhar na 
perspectiva do protagonismo da população atendida, não como 
objeto passivo de ações, mas como sujeito que participa do 
processo de planejamento.
Questão 3 – Resposta: C
Resolução: a operacionalização “relaciona-se ao detalhamento 
das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, 
cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, 
programas e projetos”.
2929 29
A planificação do planejamento: 
políticas públicas, espaços 
socioinstitucionais 
Autora: Alessandra Medeiros
Objetivos
• Discutir e compreender o planejamento 
como processo técnico-político.
• Contextualizar as situações socioinstitucionais, 
no sentido de que se possa apreender o objeto 
do planejamento, num processo de construção e 
reconstrução durante toda a ação.
• 	Apresentar	o	conceito	de	planificação.
3030 
1. Introdução
Nesta aula abordaremos elementos essenciais para a articulação junto 
às políticas públicas nos mais diferentes espaços socioinstitucionais. 
Também	conceituaremos	planificação,	que	já	está	diretamente	ligada	à	
operacionalização	de	um	projeto.	Nossas	ideias	finalmente	irão	para	o	
papel	por	meio	de	planos,	programas	e	projetos.	
PARA SABER MAIS
O planejamento como processo técnico-político:
O planejamento se realiza a partir de um processo de 
aproximações, quetem como centro de interesse a situação 
delimitada	como	objeto	de	intervenção	(que	dependerá	das	
circunstâncias particulares de cada situação).
2. O planejamento como processo técnico-político
O processo de planejamento se realiza a partir de aproximações 
sucessivas, que têm como centro de interesse a situação delimitada 
como objeto de intervenção. Vale esclarecer que se delimita um objeto 
de	intervenção	a	partir	de	nossos	objetivos,	pois	não	conseguimos	
planejar a realidade como um todo. E é claro que essa delimitação 
dependerá	das	circunstâncias	particulares	de	cada	situação.
O	planejamento	surge	de	necessidades	como:
a. Utilizar	recursos	escassos	para	atender	a	grandes	problemas	 
(na maioria das vezes).
b. Utilizar recursos excedentes ou equipamento ocioso.
c. Disponibilidade	de	recursos	de	agências	de	financiamento.
3131 31
d. Transferência	do	poder	decisório	para	novas	lideranças	(já	que,	
em	uma	mudança	de	partido,	por	exemplo,	haverá	a	necessidade	
de	se	planejar	a	transição	de	um	governo	para	outro).
e. Fundamentar	novos	programas,	já	que,	ao	final	de	uma	
intervenção, avaliações são realizadas para subsidiar novas 
ações,	corrigindo	o	que	for	necessário.
f. Planejar	planos,	programas	e	projetos	com	prazo	limitado	ou	
ação permanente de intervenção.
Importante	esclarecer	que	uma	ação	permanente	poderá	se	configurar	
como um serviço.
Vale	lembrar	que	realizar	planos,	programas	e	projetos	relaciona-se	 
às decisões políticas que pressupõem alocação de recursos para 
sua realização.
Como descrever os passos do planejamento? Após a decisão de 
planejar,	o	movimento	reflexão-decisão-ação-retomada	da	reflexão	
pode ser assim caracterizado: pela construção/reconstrução do objeto; 
pelo	estudo	da	situação;	pela	definição	de	objetivos	para	a	ação;	pela	
formulação	e	escolha	de	alternativas;	pela	montagem	de	planos,	
programas	e/ou	projetos;	pela	implementação;	pela	implantação;	pelo	
controle da execução; pela avaliação de processo e da ação executada e 
pela retomada do processo em um novo patamar.
O	quadro	a	seguir	demonstra	como	as	fases	metodológicas	
se transformam em documentos no decorrer do processo de 
planejamento.
3232 
Quadro	1	–	Fases	metodológicas	do	processo	de	planejamento
Processo racional Fases metodológicas Documentação decorrente
Reflexão
(re)construção do objeto
Estudo da situação
Propostas de alternativas
Proposta preliminar 
Diagnóstico
Estudo de viabilidade 
Anteprojetos
Decisão
Escolha de prioridades
Escolha de alternativas
Definição	de	
objetivos e metas
Planos
Programas
Projetos
Ação
Implementação
Implantação
Execução/controle
Roteiros, rotinas, normas, 
manuais e relatórios
Retomada 
da reflexão
Avaliação
Retomada do processo
Relatórios avaliativos
Novos	planos,	programas	
e projetos
Fonte: BAPTISTA, 2007, p. 29.
O quadro demonstra como todas as etapas do planejamento deverão se 
materializar em documentos. 
ASSIMILE
O	Dicionário	do	pensamento	social	do	século	XX	 
(1996,	p.	572)	nos	traz	a	seguinte	reflexão:
Teoricamente, todos os atores sociais podem tomar 
decisões mais ou menos racionais acerca de sua própria 
ação e conduta futura. Assim, planos podem ser feitos por 
famílias,	firmas	e	outras	organizações,	comunidades	locais	
e	unidades	dotadas	de	governo	próprio,	até	o	corpo	central	
dos	responsáveis	pelas	decisões.	Estamos	interessados	
aqui no planejamento que vai além das fronteiras de uma 
unidade	autônoma,	autossuficiente,	como	uma	família	
3333 33
ou	firma,	em	especial,	no	planejamento	em	nível	global,	
implicando a sociedade como um todo.
Acrescenta ainda que: 
A tomada de decisões em matérias sociais constitui um 
processo político em que os valores e interesses dos 
participantes desempenham um papel predominante, 
se bem que nem sempre ostensivo. Além disso, a 
realização do plano é um processo social que raras 
vezes	é	totalmente	guiado,	se	é	que	alguma	vez	o	foi	
pelas	intenções	dos	planejadores.	Vários	atores	sociais	
operando em outros níveis de intencionalidade participam 
desses	processos.	O	resultado,	portanto,	dependerá	
do	vigor	e	da	solidez	das	ações	não	planejadas,	e	as	
chamadas consequências não premeditadas ocorrerão 
inevitavelmente. Da perspectiva do planejador, elas 
podem	ser	vistas	como	espontâneas.	E	a	divergência	
entre plano e resultado depende de certo número de 
fatores.	Alguns	dos	mais	importantes	são	a	complexidade	
do	sistema-alvo,	as	contradições	internas	e	os	conflitos	
entre componentes do sistema-alvo, o impacto de forças 
exteriores	(como	as	naturais)	ou	a	natureza	estocásticas	
dos vínculos intrassistêmicos em uma sociedade 
(SZTOMPAKA, 1981 apud 1996, p. 572).
Importante destacar os contextos institucionais, ou seja, a partir de 
que	lugar	serão	realizados	os	processos	de	planejamento?	Há	que	se	
considerar de qual setor que envolve diretamente ou indiretamente o 
aparato do Estado, ou seja, o poder público, a iniciativa privada, como 
também o chamado terceiro setor.
As dinâmicas institucionais são muito diferentes e, nesse sentido, 
dependendo	do	lugar	que	solicita	uma	intervenção,	o	objeto	poderá	se	
3434 
construir	e	reconstruir	ao	longo	de	toda	a	ação	planejada.	Por	exemplo,	
inicialmente a demanda pode se referir no território a um projeto de 
intervenção voltado para o atendimento a idosos e o contato com as 
pessoas	envolvidas	e	com	a	realidade.	Esse	objeto	inicial	poderá	se	
transformar	para	o	atendimento	de	adolescentes	grávidas.
Não se pode esquecer que o objeto do planejamento da intervenção 
profissional	é	o	segmento	da	realidade	que	é	posto	como	desafio.	
Nesse sentido, deve-se considerar que a realidade social é dinâmica e, 
para	apreendê-la,	fazem-se	necessárias	sucessivas	aproximações.
Nessas	aproximações,	o	objeto	de	intervenção	poderá	mudar	e,	por	
isso, ele constrói-se e reconstrói-se, permanentemente, durante toda a 
ação planejada.
Na	prática,	a	(re)	construção	do	objeto	da	ação	profissional	é	um	processo	
que envolve operacionalização das demandas institucionais, das pressões 
dos	usuários	e	das	decisões	profissionais.	Uma	vez	que	a	intervenção	e	
o	planejamento	da	ação	profissional	se	realizam	primordialmente	nas	
instituições, é a demanda institucional o ponto de partida e o ponto de 
referência para essa construção e para o planejamento da intervenção. 
(BAPTISTA, 2007, p. 32)
Deve-se, então, considerar a demanda institucional como o ponto de 
partida	para	novos	desafios	e	novas	oportunidades	de	intervenção,	e	
não	ficar	preso	aos	dados	colocados	na	realidade	inicialmente.
Os	profissionais	vivem	em	uma	polaridade:	de	um	lado,	empregador,	e,	
do outro, as pessoas que demandam o trabalho. Estar entre essas duas 
forças cria um falso dilema. O que seria esse falso dilema? O imperativo 
de ter de escolher um lado. Estar no meio dessa força é inerente a 
profissões	colocadas	no	sistema	capitalista.	Sempre	se	estará	entre	
contextos,	cujos	interesses	poderão	ser	contrários,	porém,	a	partir	
dessa	contradição,	deve-se	buscar	alternativas	profissionais	para	a	
transformação da realidade.
3535 35
Assim, deve-se reconstruir o objeto, superando a demanda institucional 
imediata, ou seja, ultrapassar limites daquilo que nos foi colocado 
no momento de nossa contratação, buscando inovar e encontrando 
novos espaços.
3. Planificação
Você	já	ouviu	falar	no	conceito	de	planificação?
Planificação	é	a	sistematização	das	atividades	e	dos	procedimentos	em	
documentos	que	“representam	graus	decrescentes	de	níveis	de	decisão:	
planos,	programas	e	projetos”	(BAPTISTA,	2007,	p.	97).
Os	diferentes	níveis	dos	planos,	programas	e	projetos	será	assunto	da	
próxima	aula.	Pode-se	perceber	que	o	conceito	de	planificação	está	
relacionado	com	a	operacionalização,	ou	seja,	planificar	no	momento	
em	que	se	está	operacionalizando	uma	intervenção.
O	Dicionário	de	Língua	Portuguesa	apresenta	o	seguinte	conceito	de	
planificar:	1.	Apresentar	em	planta;	2.	planejar,	projetar;	3.	Submeter	a	
plano (FERREIRA, 2008, p. 635).
Nesta	aula,	alguns	pontos	devem	ser	destacados:a. O objeto de intervenção pode construir-se e reconstruir-se 
no decorrer da ação planejada.
b. Isso	acontece	por	vários	motivos,	dentre	eles:	a	realidade	 
social	é	complexa	e	mutável.
c. Dessa	forma,	é	preciso	realizar	várias	aproximações.
d. Depois	de	se	ter	o	objeto	bem	definido,	deve-se	colocar	as	ideias	
no	papel,	em	documentos,	como:	planos,	programas	e	projetos.
3636 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa correta: 
I. O processo de planejamento se realiza a partir de 
aproximações sucessivas.
II. O processo de planejamento tem como centro de 
interesse a situação delimitada como objeto de 
intervenção.
III. Delimitamos um objeto de intervenção a partir de 
nossos	objetivos,	pois	não	conseguimos	planejar	a	
realidade como um todo.
a. Todas as frases estão corretas.
b. Apenas as frases I e II estão corretas.
c. Apenas as frases II e III estão corretas.
d. Apenas as frases I e III estão corretas.
e. Todas as frases estão incorretas.
2. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa correta: 
O	planejamento	surge	de	necessidades,	como:
I. Utilizar recursos abundantes para atender a 
grandes	problemas.
II. Necessidade de utilizar recursos excedentes 
ou de utilizar equipamento ocioso.
3737 37
III. Disponibilidade	de	recursos	de	agências	de	
financiamento.
a. Todas as frases estão corretas.
b. Apenas as frases I e II estão corretas.
c. Apenas as frases II e III estão corretas.
d. Apenas as frases I e III estão corretas.
e. Todas as frases estão incorretas.
3. Com relação à construção e reconstrução do objeto, 
analise as frases: 
I. Devemos considerar que a realidade social é 
dinâmica	e,	para	apreendê-la,	se	fazem	necessárias	
sucessivas aproximações.
II. Nessas aproximações, nosso objeto de 
intervenção	poderá	mudar.
III. O objeto constrói-se e reconstrói-se 
permanentemente durante toda a ação planejada.
a. Todas as frases estão incorretas.
b. Apenas as frases I e II estão corretas.
c. Apenas as frases II e III estão corretas.
d. Apenas as frases I e III estão corretas.
e. Todas as frases estão corretas.
3838 
Referências bibliográficas
BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 
São Paulo: Veras Editora, 2007.
CARVALHO,	Maria	do	Carmo	Brant	de.	Introdução	à	temática	da	gestão	social.	In:	
ÁVILA,	Célia	M.	(Org.).	Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação 
de	Apoio	ao	Programa	Capacitação	Solidária,	2001.	p.	13-18.
DICIONÁRIO	do	pensamento	social	do	século	XX.	Editado	por	William	Outhwaite,	
Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain 
Touraine;	editoria	da	versão	brasileira,	Renato	Lessa,	Wanderley	Guilherme	dos	
Santos.	Tradução	de	Eduardo	Francisco	Alves,	Álvaro	Cabral.	Rio	de	Janeiro:	Jorge	
Zahar, 1996.
FERREIRA,	Aurélio	Buarque	de	Holanda.	Miniaurélio:	o	minidicionário	da	língua	
portuguesa.	7.	ed.	Curitiba:	Positivo,	2008.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
Resolução: o processo de planejamento se realiza a partir de 
aproximações sucessivas. Tem como centro de interesse a situação 
delimitada como objeto de intervenção. Delimitamos um objeto 
de	intervenção	a	partir	de	nossos	objetivos,	pois	não	conseguimos	
planejar a realidade como um todo.
Questão 2 – Resposta: C
Resolução:	o	planejamento	surge	de	necessidades	como:	
utilizar	recursos	escassos	para	atender	a	grandes	problemas;	
utilizar recursos excedentes ou de utilizar equipamento ocioso; 
disponibilidade	de	recursos	de	agências	de	financiamento.
Questão 3 – Resposta: E
Resolução: com relação à construção e reconstrução do objeto, 
devemos considerar que a realidade social é dinâmica e, para 
apreendê-la,	fazem-se	necessárias	sucessivas	aproximações.	
Nessas	aproximações,	nosso	objeto	de	intervenção	poderá	mudar,	
ou seja, o objeto constrói-se e reconstrói-se permanentemente 
durante toda a ação planejada.
3939 39
Planos, programas e 
projetos sociais 
Autora: Alessandra Medeiros
Objetivos
• Apresentar as diferenças conceituais entre 
planos, programas e projetos. 
• Compreender esses documentos como formas 
materiais resultantes do processo de planificação.
• Relacionar o uso destes documentos no 
cotidiano das organizações sociais. 
4040 
1. Introdução
Além de conceituarmos planos, programas e projetos, vamos refletir 
sobre a dificuldade que muitas pessoas possuem em colocar suas ideias 
no papel. Materializar intenções antes de executar ações se torna, 
portanto, um ponto fundamental no processo de planejamento.
Assim, serão apresentados aspectos comuns desses três tipos 
de documentos e, em seguida, será discutido, particularmente, 
cada um deles.
Sugere-se que, para o melhor aproveitamento deste conteúdo, 
sejam pesquisados exemplos desses três tipos de documentos e se 
perceba a diferenciação entre eles, pelo estilo da redação e conteúdo 
neles expresso.
PARA SABER MAIS 
Pesquise na internet por modelos de planos, programas 
e projetos. Visualizar o escopo destes documentos 
ajudará em suas elaborações e ilustrará os apontamentos 
abordados nesta aula.
4141 41
2. Planos, programas e projetos: 
características gerais
Figura 1 – Planos, programas e projetos
Fonte: elaborada pela autora.
O esquema acima apresentado remete-se à ideia das dimensões 
desses três documentos, como se o plano estivesse numa dimensão 
mais externa, o programa no meio, e, ao centro, os projetos. Podemos 
ainda afirmar que em uma dimensão mais externa ao plano seriam as 
políticas, especialmente políticas públicas, no caso deste curso. 
Na perspectiva do sistema de planejamento, uma política é um processo 
de tomada de decisões que começa ‘com a adoção de postulados gerais 
que depois são desagregados e especializados. [...] Quando a priorização 
é plasmada em um modelo que relaciona meios e fins, concatenando-se 
temporalmente, se obtém um plano’. (CURY, 2001, p. 43 apud Cohen & 
Franco, 1993, p. 85)
4242 
Importante esclarecer ainda que ao centro também estão os serviços. 
O que diferencia um projeto de um serviço? Um serviço apresenta a 
característica de ser ofertado continuamente, enquanto um projeto tem, 
necessariamente, um tempo limitado.
Existem algumas dimensões essenciais, tanto nos planos como nos 
programas e projetos. São elas:
Tempo: tanto um plano como um programa e um projeto cobrem um 
tempo limitado; esse tempo vai variar de acordo com as características 
próprias dos documentos.
Por exemplo: um plano de governo terá a duração de quatro anos, 
tempo de duração de um mandato.
Espaço: os planos, programas e projetos também deverão contar com 
áreas delimitadas espacialmente, ou seja, estamos nos referindo a uma 
cidade, uma região específica, uma política em especial?
Volume: os planos, programas e projetos também deverão apresentar 
resultados concretos mensuráveis, inclusive, recursos materiais e 
físicos concretos.
2.1 Plano
“O plano delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas 
grandes linhas políticas, suas estratégias, suas diretrizes e precisa 
responsabilidades” (BAPTISTA, 2007, p. 99). Essa definição permite 
afirmar que o plano apresenta diretrizes mais amplas, mais gerais, e 
não apresenta, na maioria das vezes, a metodologia que será realizada, 
principalmente quando se tratar de um plano de diretrizes e não um 
plano de ações.
Podemos citar vários planos nacionais:
4343 43
• Plano Nacional de Cultura.
• Plano Nacional de Educação.
• Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
• Plano de Combate ao Tráfico de Seres Humanos.
• Plano Nacional de Combate ao crack e outras drogas.
• Plano Nacional de Política para Mulheres.
2.2 Programa
 “É a setorização do plano [...] é, basicamente, um desdobramento do 
plano.” (BAPTISTA, 2007, p. 100)
O conceito acima mostra que um programa geralmente faz parte de 
um plano, sendo direcionado para uma região específica ou para um 
público particular.
Retomando o exemplo do antigo Plano Brasil Sem Miséria, tínhamos 
nele o Programa Bolsa Família. Pode-secompreender que o Bolsa 
Família estava direcionado para um segmento específico dentro de um 
plano de diretrizes gerais mais amplas.
No Brasil, destaca-se também o PETI – Programa de Erradicação do 
Trabalho Infantil, que objetiva acabar com o trabalho de crianças e 
adolescentes entre 7 e 16 anos.
Um programa “engloba um conjunto de projetos que são articulados 
por meio de diferentes estratégias. Instrumento utilizado, no nível 
governamental, para a concretização das ações e dos objetivos 
traçados” (DICIONÁRIO DO TERCEIRO SETOR, 2011, p. 195).
4444 
2.3 Projeto
Conceitua-se projeto como “[…] o documento que sistematiza e 
estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de ações” 
(BAPTISTA, 2007, p. 102).
Como característica desse tipo de documento, pode-se afirmar que ele 
está mais próximo da execução, portanto deverá ser muito detalhado.
Nesta disciplina, busca-se compreender como se elabora um projeto 
social ou projeto de intervenção.
Vale iniciar este conteúdo pelas qualidades esperáveis em um projeto, 
de acordo com Baptista (2007, p. 102). São elas:
• Simplicidade e clareza na redação: um projeto deverá comunicar 
claramente sua ideia, sem linguagem rebuscada, transmitindo as 
informações de modo que atraia a atenção do leitor.
• Disposição gráfica adequada: o projeto deverá ser apresentado 
de uma forma que o texto fique atrativo e facilite sua leitura.
• Clareza e precisão nas ilustrações: além de um texto claro, o 
projeto também poderá trazer ilustrações que condensem os 
dados apresentados e auxiliem a interpretação do leitor.
• Objetividade e exatidão nas informações, na terminologia 
e nas especificações técnicas: o projeto deverá apresentar 
informações precisas, pautadas na realidade e em dados 
concretos para que os dados não sejam interpretados como 
“achismos” ou ainda senso comum.
• Descrição adequada de cada operação: já que um projeto serve 
como um guia para a ação, ele deverá apresentar o “passo a 
passo” para sua realização.
4545 45
Um projeto também deverá apresentar sua abrangência, ou seja, o 
projeto deve se referir de forma exaustiva a todos os aspectos da 
estrutura da questão a que se destina, delimitando um recorte para 
sua intervenção.
Uma característica também fundamental consiste em ser compatível 
e coerente em suas relações entre as partes e em suas relações com 
outros níveis da programação, ou seja, se um projeto se desmembra 
de um programa e de um plano, deverá apresentar metodologia 
consistente e não destoar das linhas propostas nos outros documentos.
Um projeto também deverá ter relação visível entre as operações 
previstas e o alcance dos resultados desejados, expressos nos objetivos, 
ou seja, manter uma linha metodológica de raciocínio, que uma seção 
desencadeie das ideias já postas anteriormente.
Por último, mas não menos importante, um projeto deverá apresentar 
limitação temporal e espacial, como já indicamos nos aspectos comuns 
entre planos, programas e projetos.
Vale ainda reforçar a diferença entre serviço e projeto. Um serviço não 
tem prazo de término. Já um projeto deve, necessariamente, ter um 
começo, um meio e um fim.
Atenção: muitas pessoas confundem projeto de pesquisa com projeto 
social ou projeto de intervenção. Projetar relaciona-se a colocar 
suas ideias no papel para objetivar uma ação. No caso da pesquisa, 
o projeto é o norte para um levantamento de dados, para produzir 
conhecimento, e, no caso de um projeto de intervenção, é um norte 
para a mudança de uma realidade.
“O Projeto é a implementação de uma causa ou um ideal. São 
empreendimentos que são planejados a partir de um conjunto 
de objetivos específicos claros e bem definidos.” (DICIONÁRIO DO 
TERCEIRO SETOR, 2011, p. 195)
4646 
ASSIMILE 
Situações que envolvem o planejamento: planejar planos, 
programas e projetos com prazo limitado ou uma ação 
permanente de intervenção (por isso, é uma decisão política 
que pressupõe alocação de recursos para sua realização).
Nessa aula, pudemos perceber que, mesmo com as dificuldades 
cotidianas, um gestor precisa colocar suas ideias no papel por meio de 
planos, programas e projetos.
Também ficou perceptível que planos, programas e projetos são 
documentos diferentes em termos da profundidade de seu conteúdo. 
Enquanto um plano apresenta diretrizes mais gerais, um projeto deverá 
ser muito mais detalhado em sua metodologia. Já um programa acaba 
sendo o desmembramento de um plano, direcionado para uma área ou 
região específica, ou ainda a um determinado público-alvo. 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Das dimensões citadas nesta aula, está correta a 
seguinte ordem:
a. Serviços, planos, projetos e programas.
b. Programas, projetos, serviços e planificação.
c. Planificação, programa, projetos e serviços.
d. Plano, programa, projetos e serviços.
e. Projeto, programa, serviços e planificação.
4747 47
2. Um gestor social, a partir de sua formação acadêmica, 
deve estar apto à formulação de políticas públicas, 
portanto é importante ter clareza dos conceitos 
discutidos nessa aula. Quanto à elaboração de 
projetos, é correto afirmar que:
I. Um projeto social deve estar direcionado a uma 
dada realidade territorial.
II. Um projeto social tem caráter permanente, por isso 
todos os seus custos devem ser bem planejados.
III. A clareza na redação de um projeto é de extrema 
importância, pois a partir dela serão apresentados 
elementos relevantes para a captação de recursos.
IV. Um projeto social também se caracteriza por 
seu tempo de duração; dessa forma, faz-se 
necessário conter em seu bojo como cada 
ação será monitorada e avaliada.
V. No processo de elaboração de um projeto, não se 
faz necessário dialogá-lo com um plano nacional. 
Assinale a alternativa que contenha as 
afirmativas corretas:
a. I – II – V.
b. I – II – IV.
c. I – III – IV.
d. III – IV – V.
e. Todas as afirmativas estão corretas.
4848 
3. São dimensões essenciais, tanto nos planos como nos 
programas e projetos:
a. Tempo, volume e espaço.
b. Tempo, volume e objetivo.
c. Tempo, espaço e meta.
d. Espaço, volume e cronograma.
e. Distância, redação e forma.
Referências bibliográficas
BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 
São Paulo: Veras Editora, 2000.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: 
ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação 
de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001, p. 13-18.
CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. 
(Org.). Gestão de projetos sociais. 3 ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao 
Programa Capacitação Solidária, 2001, p. 39-60.
MEREGE, Luiz Carlos; MOUSSALLEM, Márcia (Orgs.). Dicionário do Terceiro Setor. 
São Paulo: Plêiade, 2011.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
Resolução: quanto à dimensão hierárquica, tem-se: plano, 
programa, projeto e serviços.
Questão 2 – Resposta: C
Resolução: um projeto social sempre estará direcionado a uma 
dada realidade territorial. Como explicamos durante a aula, faz-se 
4949 49
necessário ter uma redação bem escrita (justificativa, objetivos e 
metas, por exemplo), pois são elementos que “vendem” o projeto. 
Outra grande diferenciação do projeto está voltada para o seu 
contexto de tempo: começo, meio e fim, e com isso as respectivas 
avaliações e monitoramentos para cada fase dele.
Questão 3 – Resposta: A
Resolução: tempo, volume e espaço são dimensões essenciais 
destes documentos.
505050 
Metodologia de elaboração de 
projetos sociais: emergência do 
projeto, diagnóstico, reflexão 
estratégica, execução e avaliação 
Autora: Alessandra Medeiros
Objetivos
• Apresentar os primeiros passos para a 
elaboração de um projeto de intervenção. 
• Apresentar a metodologia de elaboração 
de projetos sociais.
• Demonstrar os caminhos que deverão ser 
percorridos durante as etapas de execução 
desse tipo de documento.
5151 51
1. Introdução
Essetema está organizado em dois eixos: o primeiro conceituará o 
início desta etapa, indicando como começar um projeto social, e o 
segundo explicará os passos para realizá-la, em especial por meio do 
estudo da situação. 
Dessa maneira, aproveite o conteúdo da aula para levantar indicadores 
de alguma realidade que você deseje transformar. Afinal, o que motiva 
a realização de projetos de intervenção é o desejo de que a situação 
identificada melhore a partir de nossa ação. 
PARA SABER MAIS 
Assista ao documentário Quem se importa e analise os 
projetos de intervenção nele apresentados. 
QUEM se importa. Direção de Mara Mourão. Mamo Filmes e 
Grifa Filmes, 2013. (93 min.).
Sinopse: acompanhe a vida de 18 empreendedores sociais 
e seus projetos ao redor do mundo, e veja como pequenas 
atitudes podem mudar a vida de uma ou mais pessoas.
2. Como começar um projeto social?
A elaboração de um projeto social, necessariamente, deverá 
começar pelo estudo da situação. Alguns autores também 
chamam esse momento de: análise da situação, estudo diagnóstico, 
avaliação ex-ante, etc. Não importa a nomenclatura a ser utilizada, 
o fundamental é que este primeiro momento traga um panorama 
da situação apresentada para compreensão da realidade que será o 
objeto da intervenção. Uma primeira aproximação será iniciada pelo 
conceito de estudo da situação. Esse estudo
5252 
[...] consiste na caracterização (descrição interpretativa), na compreensão 
e na explicação de uma determinada situação tomada como problema 
para o planejamento e na determinação da natureza e da magnitude de 
suas limitações e possibilidades. (BAPTISTA, 2007, p. 39)
O conceito chama a atenção em alguns pontos. Primeiro: deve-
se explicar a realidade, não somente descrevê-la ou interpretá-la. 
Segundo: a situação tomada como problema remete à necessidade 
de focar, delimitar, ou seja, recortar o segmento da realidade que está 
colocado como desafio, ou, ainda, o objeto da intervenção. Terceiro: 
ao analisar essa realidade, deve-se olhar também as potencialidades, 
e não apenas os problemas.
Deve-se retomar neste momento alguns conhecimentos já discutidos 
anteriormente, como: a necessidade de conhecermos como se 
estabelecem as instâncias de poder presentes na realidade estudada. 
Além disso, também se deve estabelecer a superação do enfoque 
situacional, ou seja, não adotar uma visão reducionista. Uma visão 
reducionista é aquela visão que diminui o que está sendo analisado, 
tratando-o como algo inferior, simples, pequeno.
São objetivos do estudo da situação (MATTELART, 1968 apud BAPTISTA, 
2007, p. 41):
• A configuração do marco de situações ou de antecedentes, 
acompanhada de análise compreensiva e explicativa de suas 
determinações.
• A identificação sistemática e contínua de áreas críticas e 
de necessidades, a que se pode acrescentar, ainda, de 
oportunidades e ameaças.
• A determinação de elementos que permitam justificar 
a ação sobre o objeto.
• O estabelecimento de prioridades.
5353 53
• A análise dos instrumentos e técnicas que podem ser 
operados na ação.
• A identificação de alternativas de intervenção.
Pode-se perceber que o estudo da situação é um momento trabalhoso 
e que demanda a análise de muitos dados e, ao mesmo tempo, é a 
partir dele que a decisão será tomada quanto a quais caminhos serão 
percorridos e quais mudanças se pretende alcançar.
2.1 Estudo da situação
Será apresentado agora como se configura o estudo da situação. 
Ele abarca um conjunto de atividades, citadas a seguir:
• Levantamento das hipóteses preliminares.
• Construção de referenciais teórico-práticos.
• Coleta de dados.
• Organização e análise: descrição/interpretação/ 
compreensão/explicação dos dados obtidos.
• Identificação de prioridades de intervenção.
• Definição de objetivos e estabelecimento de metas.
• Análise de alternativas de intervenção.
Pode-se perceber, então, que o estudo da situação será um caminho 
a ser percorrido, que começará com o levantamento das hipóteses 
preliminares até a conclusão de qual a melhor alternativa de intervenção.
Para compreender essas atividades, é necessário estudar agora cada 
uma delas.
5454 
Inicia-se o estudo da situação pelo levantamento de hipóteses 
preliminares. Hipóteses podem ser compreendidas como pressupostos, 
ou seja: a ideia inicial básica que norteará a coleta de informações e o 
seu processamento. Por exemplo, você pode já ter contato com uma 
realidade e, por meio de sua observação, pode imaginar que existe 
a necessidade de implantação de um projeto para atendimento de 
adolescentes grávidas. Essa, portanto, é sua hipótese preliminar.
O passo a seguir é a construção de referenciais teórico-práticos. 
Essa atividade consiste em analisar a hipótese levantada à luz de 
conhecimentos.
Esses conhecimentos que compõem os referenciais teórico-práticos são 
de diferentes naturezas. São conhecimentos éticos, morais, filosóficos, 
teóricos, científicos, técnicos, além dos próprios valores e padrões 
normativos assumidos pela equipe planejadora, instituição e população 
envolvida no processo (BAPTISTA, 2007).
Nesse momento, deve-se conhecer a realidade em sua totalidade, ou 
seja, não focar apenas a região em que se está atuando, e também 
como se dá e explica tal situação de um modo mais amplo, na cidade 
ou ainda nacionalmente.
Também nesse momento, deve-se embasar em um conhecimento de 
ordem transdisciplinar.
O conhecimento de ordem transdisciplinar é aquele que lança mão de 
conhecimentos das diferentes disciplinas e, não sendo propriedade 
de nenhuma delas, as supera criando um conhecimento novo, tendo 
como referência uma teoria social que ilumina (modificando) os 
conhecimentos construídos a partir de outras perspectivas, dando-lhes 
uma nova dimensão (BAPTISTA, 2007, p. 46).
É imperativo na construção desses referenciais levantar um sistema de 
indicadores. Esses indicadores poderão estar prontos e disponibilizados 
5555 55
em órgãos como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 
o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, etc. Além dos 
indicadores oficiais, outros poderão ser criados pela equipe a partir do 
levantamento de dados e pesquisas planejadas.
Como realizar um sistema de indicadores a partir de levantamento de 
dados e pesquisas planejadas? Por exemplo, sua organização social 
identificou uma necessidade de intervenção em determinada região 
de sua cidade e vocês já buscaram dados na prefeitura local para 
melhor compreender a situação, conferindo a todos um panorama 
inicial da problemática.
No entanto, os problemas identificados são de naturezas diversas, como: 
falta de acesso à saúde, educação, trabalho, etc.
Para contribuir com o mapeamento das necessidades da região, 
recomenda-se que as famílias em situação de vulnerabilidade que 
vivem no local sejam ouvidas, por meio de pesquisas, como: entrevistas, 
aplicação de questionários, etc. Isso permitirá que o grupo possa construir 
um sistema de indicadores iniciais ou marco zero para a situação local. 
Exemplo: 70% das crianças entre 0 e 3 anos estão fora da creche.
A próxima atividade do estudo da situação consiste na coleta de dados 
da realidade identificada como objeto do planejamento, e também como 
ela é percebida por todos os envolvidos (sociedade, quem vivencia, 
quem trabalha com a questão, por exemplo). Reafirma-se aqui a 
necessidade da população que será atendida participar desse processo 
e, também, manifestar suas necessidades e opiniões.
Mais uma vez, terá de se garantir que não se trata de julgamento ou 
avaliação pela aparência, mas de fruto de reflexão e retomada da 
reflexão, numa aproximação à essência da situação-problema.
Dando continuidade no estudo da situação, deve-se levantar os dados 
da instituição demandatária da ação, ou seja, deve-se conhecer o maior 
5656 
número de informações que caracterizem a instituição que demanda 
a intervenção: sua missão, visão, história da instituição, atividades, 
etc. Necessidade de seconhecer o perfil da instituição para qual a 
intervenção deve ser planejada.
Em seguida, é preciso levantar os dados das políticas públicas, da 
legislação, do equipamento jurídico e da rede de apoio existente com 
relação tanto à instituição demandatária como também ao público que 
será atendido no projeto.
Por exemplo: se o projeto de intervenção que será elaborado for 
direcionado para crianças e adolescentes, as políticas públicas para 
esse público deverão ser levantadas, como também o ECA – Estatuto 
da Criança e do Adolescente e toda a rede de apoio que fará parte do 
cotidiano do futuro projeto: escolas, hospitais, postos de saúde, etc.
Por último, dados referentes a outras práticas realizadas na própria 
instituição (prática interna) também deverão ser levantados, como 
também de outras instituições que desenvolvem ações similares 
(prática externa).
A última e não menos trabalhosa atividade do estudo da situação 
consiste na organização desses dados até compreender sua essência. 
Nessa atividade, ressalta-se que, mais do que organizar e descrever os 
dados levantados, deve-se analisá-los, interpretá-los e explicá-los.
ASSIMILE 
A construção de referenciais teórico-práticos é um 
momento muito importante quando a equipe se reúne para 
balizar os conceitos, leis e políticas existentes com relação 
ao tema central da intervenção. 
5757 57
Por exemplo, caso meu projeto seja: contribuir para a 
melhoria da autoestima de mulheres vítimas de violência, 
é de suma importância que toda a equipe compreenda o 
que estamos nomeando por autoestima. Também se torna 
necessário todo o levantamento de leis e políticas públicas 
que poderão respaldar a proposta apresentada. 
Pode-se, então, concluir nesta aula que um projeto se inicia com um 
estudo da situação, ou seja, com um retrato do momento (marco zero). 
Também foi possível perceber que o estudo da situação é um momento 
muito importante para que a proposta que será realizada, futuramente, 
esteja em consonância com a realidade e necessidade da população a 
ser atendida.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Qual o primeiro passo para realização de um projeto?
a. Articular uma equipe.
b. Iniciar a escrita da redação.
c. Fazer um estudo da situação.
d. Construir indicadores.
e. Estabelecer os objetivos.
2. O levantamento de hipóteses abordado nesta aula, 
está relacionado à(ao):
5858 
a. Ideia inicial do problema posto na realidade.
b. Ideia adquirida após o processo de avaliação.
c. Resultado dos indicadores sociais.
d. Resultado da discussão feita pela equipe técnica.
e. Monitoramento inicial das atividades.
3. A construção de referenciais é um elemento importante 
no processo de construção de um projeto. Assinale o 
momento em que essa deve ser realizada:
a. Antes de definir o que fazer.
b. Após levantamento das hipóteses.
c. Durante o processo de avaliação e monitoramento.
d. Após levantamento dos indicadores existentes.
e. Antes de finalizar a execução do projeto.
Referências bibliográficas
BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 
São Paulo: Veras Editora, 2000.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: 
ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação 
de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001, p. 13-18.
MEREGE, Luiz Carlos; MOUSSALLEM, Márcia (Orgs.). Dicionário do Terceiro Setor. 
São Paulo: Plêiade, 2011.
5959 59
Gabarito
Questão 1 – Resposta: C
Resolução: o estudo da situação é o primeiro passo para a 
elaboração de um projeto.
Questão 2 – Resposta: A
Resolução: o levantamento das hipóteses sempre será feito a 
partir da situação colocada no primeiro momento, sem demais 
aprofundamentos. Essas hipóteses podem ser confirmadas ou não.
Questão 3 – Resposta: B
Resolução: a construção de referenciais deve ser realizada após 
o levantamento das hipóteses, pois é nesse aprofundamento que 
será feita uma aproximação do problema em questão no projeto.
606060 
Formulação de projeto de 
intervenção 
Autora: Alessandra Medeiros
Objetivos
• Apresentar como se identifica as prioridades 
de intervenção.
• Aprender a analisar as alternativas de intervenção.
• Identificar os próximos passos de elaboração 
de um projeto social.
6161 61
1. Introdução
Após a finalização do estudo da situação, deve-se identificar as 
prioridades de intervenção. Existe essa necessidade porque em vários 
casos muitos problemas serão levantados e nem todos poderão ser 
melhorados em um único projeto de intervenção. Nesse sentido, 
torna-se muito importante conhecer como identificar as prioridades 
de intervenção, sendo esse o assunto a ser trabalhado na primeira 
parte desta aula.
Na sequência, será apresentado como analisar uma alternativa de 
intervenção, e, finalmente, mostraremos os próximos passos na 
elaboração de um projeto social. 
Merece destaque imaginarmos que a identificação correta da principal 
demanda a ser atendida faz parte da gestão social de uma organização, 
de um programa ou de um projeto de intervenção. 
PARA SABER MAIS 
Quando falamos em gestão social, estamos nos referindo 
à gestão das ações sociais públicas. A gestão social é, em 
realidade, a gestão das demandas e necessidades dos 
cidadãos. A política social, os programas sociais, os projetos 
são não apenas canais dessas necessidades e demandas, 
mas também respostas a elas (CARVALHO, 2001, p. 16).
2. Prioridade de intervenção
Para identificar a prioridade de intervenção, ou seja, qual será 
o objeto de intervenção inicial que trará mais efetivamente a 
transformação da situação, recomenda-se que sejam adotados dois 
6262 
critérios: o de relevância e o de viabilidade. Com relação à relevância, 
deve-se questionar o quão significativo será o impacto da ação. Com 
relação à viabilidade: deve-se questionar se o que foi identificado é 
viável em termos concretos, relacionando também com o perfil da 
instituição, recursos humanos, materiais existentes, etc.
Baptista (2007, p. 89) também apresenta uma classificação com relação 
às alternativas de intervenção: 
• Alternativas de consolidação: são aquelas que propõem ações de 
fortalecimento de programas já existentes.
• Alternativas de inovação: são aquelas que propõem ampliação 
ou renovação da ação através da adoção de novos caminhos, da 
participação de novos grupos, etc. 
O estudo das alternativas realiza-se, basicamente, a partir de quatro 
critérios correlacionados de análise. São eles:
1. Análise das consequências sociais da ação: procura definir qual 
o conjunto que oferece maior segurança quanto ao alcance 
dos resultados previstos e oportunidade de mudança global da 
situação visada, no sentido desejado pelo planejamento, com o 
menor risco (BAPTISTA, 2007, p. 92).
Essa análise permite dizer sobre a importância de escolher 
alternativas que poderão impactar na realidade global, mas, ao 
mesmo tempo, com um menor risco e um alcance viável.
2. Análise da economia da ação: relaciona-se ao real e ao factível, 
principalmente com relação à viabilidade financeira.
3. Análise das operações: é o estudo da viabilidade técnica das 
alternativas propostas.
6363 63
4. Análise do rendimento político: possibilidade de sanção 
de quem vai tomar a decisão, de aceitação de quem vai 
executá-la e de quem vai ser beneficiado pelo planejamento 
(BAPTISTA, 2007, p. 92).
Pode-se perceber com as análises acima que escolher uma intervenção 
requer um olhar amplo e muitas variáveis.
3. E os próximos passos?
Depois de definidas as alternativas, deve-se colocar as ideias no papel 
e efetivamente escrever o projeto. Para tanto, será necessário retomar 
o ciclo do planejamento e os passos do ato de planejar. Inicialmente, 
refletir (equacionar, levantar as informações), e na sequência, decidir 
qual será o caminho a ser percorrido (após análise e identificação das 
prioridades). Agora, antes da ação, deve-se operacionalizar, ou seja, 
colocar as ideias no papel (planificar).De que forma? Como poderia ser um roteiro de um projeto social?
1. Identificação da organização proponente
Deve-se começar pela identificação da organização proponente do 
projeto. Nesse primeiro item, deve-se apresentar a instituição, sua 
missão, que está à frente dela, quais os principais parceiros e também 
as certificações que possui.
Não se pode esquecer de que é importante pensar em um título criativo 
para o projeto, o qual chame a atenção dos leitores e que retrate o que 
o projeto fará.
Nesse item, é importante constar: o nome da organização, qual o 
endereço dela, seus principais parceiros, projetos que já realiza, 
principais certificações que já possui, etc.
6464 
2. Sumário
Em seguida, deve-se apresentar o sumário da proposta. Alguns autores 
também colocam como sumário executivo. Deve ser um resumo claro 
e eficiente do projeto e conter no máximo uma página. Ele serve para 
dar uma ideia geral do projeto, que só será lido na íntegra se houver 
interesse em continuar a leitura.
É importante que esse item não ultrapasse uma página.
3. Justificativa
Um dos itens fundamentais do projeto é sua justificativa.
Ela deverá esclarecer quanto à necessidade do projeto e também com 
relação à natureza do problema.
É nesse item que poderá ser colocada a maioria dos dados descobertos 
até o momento, ou seja, todas as informações levantadas durante o 
estudo da situação.
Vale lembrar que este é um roteiro básico para realização de um projeto 
e que, dependendo do órgão que o financiará, existem editais que 
apresentam um roteiro específico e que deverá ser adaptado de acordo 
com as exigências apresentadas.
Nesse sentido, é interessante manter um arquivo com uma justificativa 
que contenha quatro páginas, por exemplo, e, dependendo do edital, 
você deverá sintetizar as informações, enquadrando-as dentro do 
espaço permitido pelo local.
4. Apresentação dos objetivos e metas
Logo na sequência da justificativa, deve-se apresentar os objetivos do 
projeto, tanto o geral como os específicos.
Existem vários pré-requisitos implícitos na escolha dos objetivos de 
um projeto:
6565 65
• Aceitabilidade: devem ser aceitáveis para as pessoas cujas ações 
se encontram envolvidas na sua execução.
• Exequibilidade: têm de ser exequíveis dentro de um 
tempo razoável.
• Motivação: têm que ter qualidades que sejam motivadoras;
• Simplicidade: devem ser simples e claramente estabelecidos.
• Comunicação: devem ser comunicados a todos que estejam, 
de alguma forma, ligados ao projeto (CURY, 2001, p. 44). O 
comunicado é no sentido de que a comunicação seja democrática, 
que chegue a todos. Seja ela verbal ou escrita. 
Quando falamos do projeto como um instrumento comunicativo, estamos 
querendo ressaltar uma de suas características fundamentais. Dos 
instrumentos de planejamento, o projeto é aquele que apresenta o maior 
nível de detalhamento, permitindo assim uma perfeita compreensão 
de sua totalidade, bem como de todas as suas partes. É fundamental 
visualizar o ‘sistema’ como um todo, percebendo suas inter-relações, suas 
interdependências, suas relações de causalidade (CURY, 2001, p. 50).
5. Detalhamento do projeto. Nesse item, deve-se apresentar o que vai 
ser feito no projeto e como será realizado. Esse item também pode 
ser chamado de metodologia.
Muitas pessoas possuem dificuldade na redação desse item do 
projeto. Nele, deverão estar contempladas todas as ações previstas no 
projeto, ou seja, como os objetivos serão atingidos. Por exemplo: serão 
realizadas oficinas, cursos de capacitação, etc.
6. Orçamento. Deve-se apresentar agora o orçamento, ou seja, quanto 
vai custar o projeto.
Não existe nenhuma “receita” de como montar um orçamento, 
ficando a cargo da equipe encontrar a melhor forma de apresentar 
as informações, ou seja, se será melhor descrever o custo mensal e 
6666 
depois o custo anual, por exemplo. Nesse item, é muito importante 
compreender os tipos de materiais e variações de custos em um projeto, 
que serão assunto das próximas aulas.
7. Como o projeto será avaliado e monitorado? Por fim, deve-se 
apresentar o sistema de avaliação e monitoramento, ou seja, como o 
projeto será avaliado durante sua execução e ao final dele?
Esse tem sido um dos itens obrigatórios e diferenciais em um projeto. 
Quanto mais o projeto demonstrar compromisso no monitoramento 
e avaliação, quanto mais indicadores implicados nessa coleta de 
informações, melhores as chances de obtenção de financiamento.
Por fim, esclarece-se que o roteiro apresentado poderá mudar, 
dependendo do edital e, portanto, deverá ser reorganizado para atingir 
a finalidade a que se propõe.
ASSIMILE
Acima temos uma síntese dos passos de elaboração de 
um projeto de intervenção, desde o levantamento das 
necessidades até a colocação do roteiro básico do projeto 
no papel, antes da ação. 
6767 67
É importante destacar nesta aula a necessidade de se analisar os dados 
levantados no estudo da situação e, de acordo com critérios, deve-
se pautar a decisão por ações que tragam uma mudança de fato na 
realidade apresentada.
São critérios de análise para ajudar na decisão a ser tomada: a 
relevância e a viabilidade da ação.
Outros critérios correlatos importantes são: identificar as consequências 
sociais da ação, a análise da economia da ação, a análise das operações 
e a análise do rendimento político.
Por fim, deve-se optar por uma ação que consolide algo que já existe ou 
ainda que inove, traçando outros caminhos.
Após tomar essas decisões, deve-se colocá-las no papel, por meio de 
um roteiro sugerido, que explique as características da organização 
proponente. Justifique a intervenção proposta, apresente os objetivos 
e metas, a metodologia que será utilizada, quanto o projeto custará, ou 
seja, seu orçamento, e ainda como deverá ser monitorado e avaliado.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. São critérios para identificarmos as prioridades de 
intervenção:
a. Relevância e criatividade.
b. Viabilidade e tempo.
c. Viabilidade e orçamento.
d. Relevância e eficiência.
e. Relevância e viabilidade.
6868 
2. Existem dois tipos de alternativas de intervenção: as de 
_______________ e as de ___________________. As primeiras 
fortalecem ações já existentes. As segundas ampliam ou 
renovam a ação com novos caminhos.
Preenche corretamente as lacunas a alternativa:
a. Consolidação; recomendação.
b. Inovação; criatividade.
c. Consolidação; inovação.
d. Consolidação; intervenção.
e. Inovação; prioridade.
3. São critérios correlatos de análise ao estudarmos as 
alternativas de intervenção:
I. Consequências sociais da ação.
II. Análise da economia da ação.
III. Análise das operações.
IV. Análise do rendimento político.
V. Análise da vizinhança. 
São corretas as alternativas:
a. Todas estão corretas.
b. I – II – III – IV.
c. II – III – IV.
6969 69
d. II – III – IV – V.
e. Todas estão incorretas.
Referências bibliográficas
BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 
São Paulo: Veras Editora, 2000.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: 
ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação 
de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18.
CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. 
(Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao 
Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 39-60.
KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organizações da sociedade 
civil. 3. ed. São Paulo: Global, 2004.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: E
Resolução: são critérios para identificarmos as prioridades de 
intervenção: a relevância e a viabilidade.
Questão 2 – Resposta: C
Resolução: as alternativas de consolidação fortalecem ações já 
existentes. As alternativas de inovação ampliam ou renovam a ação 
com novos caminhos.
Questão 3 – Resposta: B
Resolução: são critérios correlatos de análise ao estudarmos as 
alternativas

Outros materiais