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PLANEJAMENTO SOCIAL E FORMULAÇÃO DE PROJETO DE INTERVENÇÃO W BA 01 39 _v 2. 0 22 Alessandra Medeiros Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Planejamento social e formulação de projeto de intervenção 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Giani Vendramel de Oliveira Revisor Giani Vendramel de Oliveira Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Medeiros, Alessandra M488p Planejamento social e formulação de projeto de intervenção/ Alessandra Medeiros, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 80 p. ISBN 978-85-522-1631-5 1. Serviço Social. 2. Assistente Social. I. Medeiros, Alessandra. Título. CDD 360 Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 PLANEJAMENTO SOCIAL E FORMULAÇÃO DE PROJETO DE INTERVENÇÃO SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Planejamento social: processo lógico, político e administrativo 6 Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico- Operativa 17 A planificação do planejamento: políticas públicas, espaços socioinstitucionais 29 Planos, programas e projetos sociais 39 Metodologia de elaboração de projetos sociais: emergência do projeto, diagnóstico, reflexão estratégica, execução e avaliação 50 Formulação de projeto de intervenção 60 Elaboração, execução, monitoramento e avaliação de projetos sociais 70 O gestor social e o planejamento 82 55 5 Apresentação da disciplina Esta disciplina tem como objetivo apresentar os principais conceitos do planejamento, especialmente no que tange à elaboração, implantação e implementação de projetos de intervenção, como requisitos fundamentais a um gestor social. A disciplina abordará temáticas que subsidiarão a atuação profissional na área, tais como: planejamento social: dimensão ético-política, sócio- histórica e técnico-operativa; processo lógico, político e administrativo; a planificação do planejamento: políticas públicas, espaços socioinstitucionais, planos, programas e projetos sociais. Formulação de projeto de intervenção, dentre outros. Assim, Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção tem a proposta de subsidiar melhores condições de avaliação nas ações interventivas, contribuindo, ainda, para a elaboração de estratégias de enfrentamento das demandas sociais que requisitam a intervenção profissional mediada pelos serviços oferecidos pela rede social. 666 Planejamento social: processo lógico, político e administrativo Autora: Alessandra Medeiros Objetivos • Introduzir os conceitos basilares do planejamento social. • Refletir sobre o ciclo do planejamento e a importância da temática para o profissional responsável pela gestão de programas e projetos relacionados à política social. • Relacionar a importância do planejamento para o cotidiano do trabalhador social. 77 7 1. Introdução Na presente aula será abordado o conceito de planejamento, fundamentado no livro Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação, de Myrian Veras Baptista (VERAS, 2007). O planejamento social está relacionado com questões que se apresentam no mundo social. Também destacamos que está diretamente vinculado a processos de tomada de decisão. Para tornar mais inteligível o processo de tomada de decisão, será utilizado um caso, que faz parte da realidade social de uma metrópole, por exemplo: a cidade de São Paulo. A Prefeitura de São Paulo decidiu reduzir a velocidade das marginais, desenvolveu uma política de mobilidade urbana, com implantação de corredores de ônibus e ciclovias. Com certeza, essas decisões não foram consenso na população e fizeram parte de um processo de decisão dentro do planejamento da política pública urbana. Até os dias atuais há quem discorde das ciclovias, por exemplo. No entanto, decisões foram tomadas em prol do bem-estar da coletividade. O mesmo pode acontecer na gestão de projetos sociais. Vamos entender o conceito? PARA SABER MAIS Pesquise a importância do planejamento na gestão de projetos sociais. Comece pesquisando vários conceitos de planejamento. Por exemplo: o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2008, p. 634) coloca que planejar é: 88 1. Fazer o plano ou a planta de; projetar; traçar. 2. Tencionar, projetar. 3. Elaborar um plano. 2. O termo planejamento O que vem a ser planejamento? O termo planejamento, [...] na perspectiva lógico-racional, refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Enquanto processo permanente, supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento histórico [...] supõe uma sequência de atos decisórios, ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos, científicos e técnicos. (BAPTISTA, 2007, p. 13) Planejar o cotidiano é uma ação que o homem executa de forma automática, sem se dar conta da abrangência e da importância dessa ação. Assim sendo, planeja uma viagem, a compra de um imóvel, estabelece metas de curto, médio e longo prazo, etc. E na área social? É fácil planejar? Este estudo demonstrará que não. Isso porque o homem se concentra no fazer, no agir, e não privilegia os momentos que antecedem essas ações. Planejar na área social refere-se à seleção de atividades e otimização de tempo, recursos, etc. O planejamento subsidia a escolha dos caminhos que serão percorridos e as providências necessárias, como também acompanha a execução das ações, monitorando-as e redefinindo-as de acordo com as necessidades. 99 9 Figura 1 – A importância do planejamento para a tomada de decisões Fonte: scyther5/iStock.com. ASSIMILE O dicionário do pensamento social do século XX (1996, p. 571) traz a seguinte reflexão: “existem muitas interpretações do planejamento em geral e do planejamento social em particular. Na abordagem mais simples, o planejamento social é planejamento aplicado a instituições e recursos sociais, pode abranger o planejamento para todo um sistema social ou referir apenas ao planejamento de aspectos específicos de um projeto em uma agência de serviço social. O próprio planejamento tem que ser descrito com maiores detalhes para evitar a circularidade nessa definição” (IBIDEM, p. 571). 3. O ciclo do planejamento Esse tópico centra-se na compreensão do ciclo do planejamento. Para iniciarmos sua conceituação, observe o esquema a seguir: 1010 Figura 2 – Ciclo do planejamento Fonte: elaborada pela autora. Esse esquema permite perceber que o ciclo do planejamento é composto por quatro etapas interligadas e que podem ser interrompidas a qualquer momento, retomando-se novos passos. As quatro etapas do ciclo do planejamento, reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão, correspondem à necessidadede aproximações sucessivas diante do objeto do planejamento, ou seja, revela a necessidade de construção e reconstrução da intervenção diante do objeto – a realidade social -. Tais etapas são conceituadas conforme Baptista (2007, p. 15). A reflexão: “[...] diz respeito ao conhecimento de dados, à análise e estudo de alternativas, à superação e reconstrução de conceitos e técnicas de diversas disciplinas relacionadas com a explicação e quantificação dos fatos sociais [...]”. Em uma organização, o momento em que são levantadas as informações sobre as problemáticas identificadas será, então, o momento da reflexão. O momento de reflexão pode ser exemplificado quando um grupo de pessoas de uma organização se reúne para pensar melhorias nos 1111 11 atendimentos ou projetos já realizados, ou, ainda, quando esse mesmo grupo identifica uma nova problemática e passa a levantar dados para conhecer a nova demanda. A decisão “se refere à escolha de alternativas, à determinação de meios, à definição de prazos, etc.” (Ibidem, p. 15). Após a reflexão, o momento em que a equipe decide os caminhos que serão adotados pode ser identificado como o “pontapé” inicial rumo à ação, ou seja, antes de qualquer ação, existe o momento de decisão. Com os dados levantados na fase de reflexão, a equipe reúne um conjunto de informações, que passam a subsidiar a decisão sobre qual caminho será tomado. Nesse sentido, se havia alguma dúvida, por exemplo, entre implantar um projeto voltado ao atendimento das necessidades de crianças e adolescentes ou de idosos, os dados levantados na fase da reflexão contribuirão para a decisão de todos pelo projeto que seja mais viável e relevante. Vamos conhecer melhor o termo decidir? Decidir significa, de acordo com Ferreira (2008, p. 286): 1. Determinar, resolver. 2. Solucionar. 3. Dar decisão. 4. Tomar deliberação. 5. Dar preferência. 6. Resolver-se. Já a ação está “relacionada à execução das decisões. É o foco central do planejamento. Orienta-se por momentos que a antecedem e é subsidiada pelas escolhas efetivadas na operação anterior, quanto aos necessários processos de organização” (BAPTISTA, 2007, p. 15). 1212 Para entender o conceito de ação, basta imaginar que todas as providências que são tomadas, após a decisão, já fazem parte da ação para que se efetive o desejado. Retomando os exemplos citados nas fases anteriores, ao se decidir por um projeto que atenda crianças e adolescentes, o primeiro passo a ser executado para que o projeto se efetive pode já ser considerado parte da ação. Entende-se por retomada da reflexão “operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada, com vistas ao embasamento do planejamento de ações posteriores” (BAPTISTA, 2007, p. 15). Com a finalização da ação, nada mais natural do que avaliar como o processo transcorreu, ou seja, novamente refletir, só que, desta vez, a reflexão será direcionada para um balanço da ação que foi desenvolvida. A retomada da reflexão pode acontecer em vários momentos. É claro que se espera que aconteça ao término das ações desenvolvidas. No entanto, se algo acontecer no decorrer da implementação do projeto, impactando negativamente as ações desenvolvidas, cabe ao grupo executor interromper a ação, retomar a reflexão para correção da rota, dando início, portanto, a um novo ciclo do planejamento. Importante ressaltar que essas operações estão interligadas e podem ser interrompidas a qualquer momento, redimensionando-se o planejado para uma nova rota, em função de novas circunstâncias postas na realidade. O Planejamento Social pode ser entendido sob diferentes enfoques, a saber: a) como ferramenta de trabalho que propicia uma prática metodologicamente conduzida e eticamente comprometida com a cidadania; b) como processo lógico, político e administrativo que, por meio de seu movimento, adensa formas de participação popular nos níveis 1313 13 decisórios e operativos; c) como instrumento que busca racionalizar e dar direção para redefinições futuras de organizações, políticas sociais, setores ou atividades, influenciando o nível técnico e político e d) como mediação entre a burocracia e as condições objetivas para efetivação de direitos. (BATTINI, 2009, p. 7) Finalmente, é de extrema importância retomar os principais tópicos estudados anteriormente, para que sejam colocados em prática no cotidiano profissional: • O planejamento requer ações contínuas, sempre relacionadas a tomadas de decisões. É imperativo considerar que situações caracterizadas como emergenciais nos termos da proteção social demandem ações de prevenção, resposta e recuperação, assim como a articulação das políticas públicas para garantir o acesso a bens e serviços públicos à população atendida. É justamente do processo de planejamento que emergem os procedimentos a serem adotados no enfrentamento de tais circunstâncias. • Para planejar, é preciso relacionar os conhecimentos teóricos, científicos e técnicos adquiridos. Um planejamento adequado requer organização e procedimentos lógicos. • Planejar na área social é um grande desafio, pois o cotidiano é impregnado de imediaticidade, ou seja, foco na ação em si mesma, no fazer, de modo que pensar, planejar, é comumente atribuído pelo senso comum como “perda de tempo”. • Planejar subsidia a escolha de caminhos a serem tomados e ainda permite a correção de rotas que, por questões circunstanciais, precisarão ser redimensionadas em função de variáveis encontradas no decorrer da execução da ação que estiver sendo desenvolvida. 1414 • Pode-se concluir, então, que o planejamento é de suma importância na elaboração de qualquer intervenção social e consiste em vários passos. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Qual o ciclo do planejamento? a. Ação, decisão, reflexão e retomada da reflexão. b. Reflexão, ação, decisão e retomada da reflexão. c. Reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. d. Retomada da reflexão, decisão, ação e reflexão. e. Retomada da reflexão, ação, decisão e reflexão. 2. Das alternativas abaixo, assinale a que mais condiz com o conceito de planejamento social: a. Refere-se ao processo final e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. b. Refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. c. Refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem social e científica de questões que se colocam no mundo racional. 1515 15 d. Refere-se ao processo permanente e teórico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. e. Refere-se ao processo permanente e metódico de intervenção social e científica de questões que se colocam no mundo social. 3. É o foco central do planejamento: a. A reflexão. b. A retomada da reflexão. c. A ação. d. A decisão. e. O agir. Referências bibliográficas BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. BATTINI, Odária. Política e Planejamento Social: decifrando a dimensão técnico- operativa na prática profissional. In: II Encontro Estadual do Sistema Municipal e Gestão Local do CRAS, 2007. SETP/NUCLEAS. Curitiba-PR. Disponível em: http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/planejamento-social(1).pdf. Acesso em: 29 out. 2019. DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. 1616 Gabarito Questão 1 – Resposta: C Resolução: o ciclo do planejamento é: reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. Questão 2 – Resposta:B Resolução: na perspectiva lógico-racional, o planejamento refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Questão 3 – Resposta: C Resolução: a ação é o foco central do planejamento. 1717 17 Planejamento social: conceito, finalidades, dimensão ético- política, sócio-histórica e técnico-operativa Autora: Alessandra Medeiros Objetivos • Compreender a dimensão política que permeia o planejamento. • Materializar o ciclo do planejamento no cotidiano dos projetos de intervenção e organizações sociais. • Conhecer as atividades que compõem o ato de planejar. 1818 1. Introdução O assunto dessa aula é fundamental para entendermos questões subjetivas do planejamento, ou seja, situações que estão presentes na hora de planejar, mas que nem sempre conseguimos ver em um primeiro momento. Faz-se mister ressaltar que a perspectiva política ora mencionada é, em seu sentido amplo, como uma mediação para as relações humanas, tais como o trabalho, o lazer, o amor, ou seja, a vida em sociedade. Comumente, a dimensão política é sempre relacionada às instituições políticas, pelas quais se exerce o poder e se efetiva a representatividade numa sociedade democrática, logo, a política partidária. Contudo, a perspectiva da dimensão política ora empregada se refere ao poder. Poder como relação, ou como um conjunto de relações, sendo assim, “como capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos”, portanto, uma estratégia política (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 180). Desse modo, se pensarmos a política enquanto poder, e o poder como uma relação ou um conjunto de relações pelas quais, um indivíduo ou um grupo, interfere nas atividades de outros indivíduos e grupos, a relação existente entre elemento político como fator de tomada de decisões é fundamental para o planejamento social. Ressalta-se também a importância de se compreender que o planejamento em sua dimensão política deve ser estrategicamente articulado com a sequência das atividades realizadas durante o processo de planejamento. PARA SABER MAIS As prioridades contempladas pelas políticas públicas são formuladas pelo Estado, mas nascem na sociedade civil. 1919 19 Por isso mesmo, estão em permanente disputa. Demandas e necessidades tornam-se prioridade efetiva quando ingressam na agenda estatal, tornando-se interesse do Estado e não mais apenas dos grupos organizados da sociedade (CARVALHO, 2001, p.16). Para ampliar a reflexão sobre a temática, recomendamos a apreciação do filme Saneamento Básico, o filme. Trata-se de uma produção brasileira que demonstra o planejamento como ato político. SANEAMENTO Básico, o filme. Direção de Jorge Furtado. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2007. (100 min.) Como identificar o planejamento como ato político nesse filme? 2. O planejamento como ato político Pensar no planejamento como ato político não é tarefa fácil, entretanto é um exercício que deve ser realizado cotidianamente, tendo em vista que qualquer atividade profissional realizada em espaços sócio-ocupacionais subordina indivíduos ou grupos de indivíduos a outros grupos e/ou instituições, portanto, é fundamental considerar todas as pessoas, grupos, instituições envolvidas no processo de planejamento. Torna-se imperativo considerar a diversidade de pensamentos e estratégias que emanam dos profissionais envolvidos no processo de planejamento, em relação a uma mesma “situação-problema”, de modo que essa será analisada e serão elaboradas possíveis intervenções de perspectivas muito diferentes. A situação a seguir ilustra essa problemática. 2020 Figura 1 – Pontos de vista Fonte: pelooyen/iStock.com. Como apontou Leonardo Boff (BOFF, 1997, p. 9), “todo ponto de vista é a vista de um ponto”, ou seja, é necessário termos um olhar amplo e realizar análises por diversas perspectivas. “Existe a necessidade de estratégias porque existem confrontos e existem maneiras diferentes de enfrentá-los.” (RIVERA apud BAPTISTA, 2007, p. 17) Baptista (2007, p. 17) ainda esclarece que “a dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo de tomada de decisões”. Essas decisões são tomadas por pessoas, e, para que a ação se efetive, todos os envolvidos deverão participar dos processos decisórios, inclusive o público-alvo a ser atendido, a fim de que opinem e se manifestem com relação às necessidades e problemáticas vividas no cotidiano. Baptista (2007, p. 21-22) alerta que: Para que o planejado se efetive na direção desejada, é fundamental que, além do conteúdo tradicional de leitura da realidade para o planejamento da ação, sejam aliados: apreensão das condições subjetivas do ambiente, como vontade política dos grupos envolvidos, correlação de forças, articulação dos grupos, alianças ou incompatibilidades [...]. 2121 21 Então, considerar tudo o que se encontra na realidade, e até o que não está facilmente visível, faz parte do processo de planejamento e é um grande desafio. Lozano e Martin apud Baptista (2007, p. 18-19) chamam ainda atenção para o fato de que não é fácil estabelecer a inter-relação necessária entre o elemento técnico (ou de concepção) e o elemento político (ou de decisão) no processo de planejamento. O que eles querem dizer com isso? Não adianta elaborar uma proposta metodologicamente correta se as negociações/decisões não foram pactuadas coletivamente. Corre-se, então, o risco de um projeto bem redigido não sair do papel. Todo ato político na tomada de decisões pode impactar diretamente na vida de milhões de cidadãos. Por exemplo: os recursos utilizados no Programa Bolsa Família são questionados por muitos brasileiros que não possuem clareza do impacto da redução da miséria na vida de muitas pessoas. Ao mesmo tempo, pode-se também tomar decisões políticas equivocadas na alocação de recursos que usados e aplicados indevidamente interrompem grandes obras, como vias e estações de metrô e trem, afetando diretamente a vida de milhares de pessoas. ASSIMILE A comunidade Um ator principal nessa análise da situação deve ser a população da comunidade, por meio da manifestação de suas opiniões acerca dos principais problemas vividos e do interesse na execução de quais alternativas de projetos poderiam ser bem aceitos por todos. Aceitos por serem necessários e fazerem parte da cultura local, e não projetos idealizados por terceiros que chegam prontos para os que deverão ser “os atendidos”. Isso também faz parte do planejamento como ato político. 2222 E como devemos realizar essa consulta à população local? Para esse levantamento de dados, podem ser eficientes: entrevistas ou reuniões grupais, também conhecidas como grupos focais, oficinas, aplicação de questionários, entre outras estratégias. 3. A sequência de atividades no ato de planejar A utilização do ciclo do planejamento em atividades pode ser esquematizada da seguinte forma: 1. Equacionamento Momento da reflexão. “O equacionamento corresponde ao conjunto de informações significativas, para a tomada de decisões, encaminhadas pelos técnicos aos centros decisórios” (BAPTISTA, 2007, p. 19). O que significa isso? Após todo o levantamento e análise dos dados, essa situação identificada como problema e que demanda uma intervenção deverá ser encaminhada para quem tem poder de decisão, ou seja, verificar se existe a possibilidade de continuidade no processo de elaboração de um projeto de intervenção. Não se pode esquecer que o planejamento engloba todas essas etapas que precedem a redação de um projeto. “A função essencial do planejamento, como instrumento técnico, é aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do processo de adoção de decisões, oferecendo dados básicos da situação e necessidades” (BAPTISTA, 2007, p. 19). Vale ressaltar um ponto muito importante: “diante de um mesmo problema e de uma mesma demanda, as pessoastêm diferentes formas de encaminhamento de apreensão do real” (BAPTISTA, 2007, p. 19). Isso está relacionado à visão de mundo de cada pessoa e à fonte em que busca seus fundamentos. Cada pessoa irá encaminhar a situação 2323 23 analisada de acordo com seus referenciais. Esse é mais um grande desafio do planejamento: como planejar algo em conjunto, com as pessoas pensando e avaliando possivelmente de maneiras diferentes? Planejar vai requerer, então, muita discussão e um balizamento da compreensão de todos sobre as temáticas centrais do projeto. Por exemplo: se um projeto irá contribuir para a melhoria da autoestima de mulheres vítimas de violência, um conceito em que todos deverão debruçar e traçar um entendimento coletivo é o de autoestima. Importante atentar para o fato de que Se sua perspectiva da realidade se faz a partir de um ângulo conservador, o planejador, vai percebê-la enquanto fato social objetivo, tomando o dado como limite da reflexão [...] fazendo com que a apreensão do real se resuma nas questões colocadas no cotidiano, não interessando o processo que está em sua gênese. (BAPTISTA, 2007, p. 20) O que a autora quer dizer com isso? Caso a pessoa tenha uma base de análise conservadora, isso irá influenciar no planejamento por ela elaborado, e corre-se o risco que ela perca de vista o processo, atentando apenas para o dado real ou o problema identificado de maneira isolada. Devemos, então, realizar o exercício de ir além da aparência do real, pois em tudo existe uma essência velada. Figura 2 – Planejamento em conjunto Fonte: PeopleImages/iStock.com. 2424 2. Decisão O conceito de decisão acaba sendo o mais fácil, já que corresponde às diferentes escolhas necessárias no decorrer do processo de planejamento. Baptista reforça a necessidade de participação do público-alvo nas decisões, pois “as resultantes dessas análises determinam a importância da participação de segmentos da população, como sujeito político no processo decisório” (2007, p. 21). É importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional perdia-se a referência concreta ao sujeito – a população entrava como ‘usuária’, ‘demandante’, ‘clientela’, mas nunca como ser histórico. No planejamento agora proposto, a população é personagem central do processo (Ibidem, p. 21). 3. Operacionalização Talvez essa seja a parte em que as pessoas apresentem maior resistência em sua execução. Depois das decisões tomadas, o passo seguinte será colocar todas as ideias no papel, por meio de planos, programas e projetos. Dessa forma, a operacionalização “relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, programas e projetos” (BAPTISTA, 2007, p. 23). Muitas pessoas possuem dificuldade em operacionalizar. Por exemplo, após se decidir realizar uma intervenção, é imperativo, antes de começar a execução, esquematizá-la por escrito. A ânsia de já começar a executar faz com que a operacionalização seja uma etapa que recebe pouca dedicação, porém, quanto mais dedicação ao ato de escrever planos, programas e projetos, detalhadamente, maior será a eficiência das ações e o monitoramento das atividades. 2525 25 4. Ação Destaca-se que a ação é o foco central do planejamento. Assim, quando é iniciada a tomada de providências para executar o planejado, já se iniciou a ação. Vale lembrar ainda que a retomada da reflexão estudada no ciclo do planejamento também acontece na ação, pois é natural que, ao final da execução do planejado, se faça um balanço sobre o que deu certo, o que precisa ser corrigido, etc. Vale ressaltar que: a. A dimensão política do planejamento está relacionada ao processo de tomada de decisões. b. As pessoas possuem diferentes formas de analisar e interpretar a realidade. c. Todos os envolvidos deverão participar do processo de planejamento e tomada de decisões. d. O planejamento ajuda a subsidiar a tomada de decisões e os melhores caminhos a serem adotados. e. A operacionalização objetiva colocarmos nossas ideias no papel. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A dimensão política do planejamento está relacionada: a. Ao processo de tomada de decisões. b. Ao partido político de quem apresenta as propostas. 2626 c. À retomada da reflexão. d. Ao processo de monitoramento. e. À ação propriamente dita. 2. É importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional perdia-se a referência concreta ao sujeito – a população entrava como “usuária”, “demandante”, “clientela”, como objeto passivo sem capacidade de protagonizar as ações, ou seja, nunca como ser histórico –, no planejamento agora proposto, a população: a. É compreendida como público-alvo. b. É personagem central do processo. c. Ainda pode ser compreendida como cliente. d. Deve ser tratada apenas como usuária. e. Nenhuma das alternativas anteriores. 3. “Relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, programas e projetos”. a. Ação. b. Decisão. c. Operacionalização. 2727 27 d. Retomada da reflexão. e. Equacionar. Referências bibliográficas ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2007. BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18. DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: a dimensão política do planejamento está relacionada ao processo de tomada de decisões. Questão 2 – Resposta: B Resolução: é importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional perdia- se a referência concreta ao sujeito – a população entrava como “usuária”, “demandante”, “clientela”, mas nunca como ser histórico –, no planejamento agora proposto, a população 2828 é personagem central do processo. Trata-se de trabalhar na perspectiva do protagonismo da população atendida, não como objeto passivo de ações, mas como sujeito que participa do processo de planejamento. Questão 3 – Resposta: C Resolução: a operacionalização “relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, programas e projetos”. 2929 29 A planificação do planejamento: políticas públicas, espaços socioinstitucionais Autora: Alessandra Medeiros Objetivos • Discutir e compreender o planejamento como processo técnico-político. • Contextualizar as situações socioinstitucionais, no sentido de que se possa apreender o objeto do planejamento, num processo de construção e reconstrução durante toda a ação. • Apresentar o conceito de planificação. 3030 1. Introdução Nesta aula abordaremos elementos essenciais para a articulação junto às políticas públicas nos mais diferentes espaços socioinstitucionais. Também conceituaremos planificação, que já está diretamente ligada à operacionalização de um projeto. Nossas ideias finalmente irão para o papel por meio de planos, programas e projetos. PARA SABER MAIS O planejamento como processo técnico-político: O planejamento se realiza a partir de um processo de aproximações, quetem como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção (que dependerá das circunstâncias particulares de cada situação). 2. O planejamento como processo técnico-político O processo de planejamento se realiza a partir de aproximações sucessivas, que têm como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção. Vale esclarecer que se delimita um objeto de intervenção a partir de nossos objetivos, pois não conseguimos planejar a realidade como um todo. E é claro que essa delimitação dependerá das circunstâncias particulares de cada situação. O planejamento surge de necessidades como: a. Utilizar recursos escassos para atender a grandes problemas (na maioria das vezes). b. Utilizar recursos excedentes ou equipamento ocioso. c. Disponibilidade de recursos de agências de financiamento. 3131 31 d. Transferência do poder decisório para novas lideranças (já que, em uma mudança de partido, por exemplo, haverá a necessidade de se planejar a transição de um governo para outro). e. Fundamentar novos programas, já que, ao final de uma intervenção, avaliações são realizadas para subsidiar novas ações, corrigindo o que for necessário. f. Planejar planos, programas e projetos com prazo limitado ou ação permanente de intervenção. Importante esclarecer que uma ação permanente poderá se configurar como um serviço. Vale lembrar que realizar planos, programas e projetos relaciona-se às decisões políticas que pressupõem alocação de recursos para sua realização. Como descrever os passos do planejamento? Após a decisão de planejar, o movimento reflexão-decisão-ação-retomada da reflexão pode ser assim caracterizado: pela construção/reconstrução do objeto; pelo estudo da situação; pela definição de objetivos para a ação; pela formulação e escolha de alternativas; pela montagem de planos, programas e/ou projetos; pela implementação; pela implantação; pelo controle da execução; pela avaliação de processo e da ação executada e pela retomada do processo em um novo patamar. O quadro a seguir demonstra como as fases metodológicas se transformam em documentos no decorrer do processo de planejamento. 3232 Quadro 1 – Fases metodológicas do processo de planejamento Processo racional Fases metodológicas Documentação decorrente Reflexão (re)construção do objeto Estudo da situação Propostas de alternativas Proposta preliminar Diagnóstico Estudo de viabilidade Anteprojetos Decisão Escolha de prioridades Escolha de alternativas Definição de objetivos e metas Planos Programas Projetos Ação Implementação Implantação Execução/controle Roteiros, rotinas, normas, manuais e relatórios Retomada da reflexão Avaliação Retomada do processo Relatórios avaliativos Novos planos, programas e projetos Fonte: BAPTISTA, 2007, p. 29. O quadro demonstra como todas as etapas do planejamento deverão se materializar em documentos. ASSIMILE O Dicionário do pensamento social do século XX (1996, p. 572) nos traz a seguinte reflexão: Teoricamente, todos os atores sociais podem tomar decisões mais ou menos racionais acerca de sua própria ação e conduta futura. Assim, planos podem ser feitos por famílias, firmas e outras organizações, comunidades locais e unidades dotadas de governo próprio, até o corpo central dos responsáveis pelas decisões. Estamos interessados aqui no planejamento que vai além das fronteiras de uma unidade autônoma, autossuficiente, como uma família 3333 33 ou firma, em especial, no planejamento em nível global, implicando a sociedade como um todo. Acrescenta ainda que: A tomada de decisões em matérias sociais constitui um processo político em que os valores e interesses dos participantes desempenham um papel predominante, se bem que nem sempre ostensivo. Além disso, a realização do plano é um processo social que raras vezes é totalmente guiado, se é que alguma vez o foi pelas intenções dos planejadores. Vários atores sociais operando em outros níveis de intencionalidade participam desses processos. O resultado, portanto, dependerá do vigor e da solidez das ações não planejadas, e as chamadas consequências não premeditadas ocorrerão inevitavelmente. Da perspectiva do planejador, elas podem ser vistas como espontâneas. E a divergência entre plano e resultado depende de certo número de fatores. Alguns dos mais importantes são a complexidade do sistema-alvo, as contradições internas e os conflitos entre componentes do sistema-alvo, o impacto de forças exteriores (como as naturais) ou a natureza estocásticas dos vínculos intrassistêmicos em uma sociedade (SZTOMPAKA, 1981 apud 1996, p. 572). Importante destacar os contextos institucionais, ou seja, a partir de que lugar serão realizados os processos de planejamento? Há que se considerar de qual setor que envolve diretamente ou indiretamente o aparato do Estado, ou seja, o poder público, a iniciativa privada, como também o chamado terceiro setor. As dinâmicas institucionais são muito diferentes e, nesse sentido, dependendo do lugar que solicita uma intervenção, o objeto poderá se 3434 construir e reconstruir ao longo de toda a ação planejada. Por exemplo, inicialmente a demanda pode se referir no território a um projeto de intervenção voltado para o atendimento a idosos e o contato com as pessoas envolvidas e com a realidade. Esse objeto inicial poderá se transformar para o atendimento de adolescentes grávidas. Não se pode esquecer que o objeto do planejamento da intervenção profissional é o segmento da realidade que é posto como desafio. Nesse sentido, deve-se considerar que a realidade social é dinâmica e, para apreendê-la, fazem-se necessárias sucessivas aproximações. Nessas aproximações, o objeto de intervenção poderá mudar e, por isso, ele constrói-se e reconstrói-se, permanentemente, durante toda a ação planejada. Na prática, a (re) construção do objeto da ação profissional é um processo que envolve operacionalização das demandas institucionais, das pressões dos usuários e das decisões profissionais. Uma vez que a intervenção e o planejamento da ação profissional se realizam primordialmente nas instituições, é a demanda institucional o ponto de partida e o ponto de referência para essa construção e para o planejamento da intervenção. (BAPTISTA, 2007, p. 32) Deve-se, então, considerar a demanda institucional como o ponto de partida para novos desafios e novas oportunidades de intervenção, e não ficar preso aos dados colocados na realidade inicialmente. Os profissionais vivem em uma polaridade: de um lado, empregador, e, do outro, as pessoas que demandam o trabalho. Estar entre essas duas forças cria um falso dilema. O que seria esse falso dilema? O imperativo de ter de escolher um lado. Estar no meio dessa força é inerente a profissões colocadas no sistema capitalista. Sempre se estará entre contextos, cujos interesses poderão ser contrários, porém, a partir dessa contradição, deve-se buscar alternativas profissionais para a transformação da realidade. 3535 35 Assim, deve-se reconstruir o objeto, superando a demanda institucional imediata, ou seja, ultrapassar limites daquilo que nos foi colocado no momento de nossa contratação, buscando inovar e encontrando novos espaços. 3. Planificação Você já ouviu falar no conceito de planificação? Planificação é a sistematização das atividades e dos procedimentos em documentos que “representam graus decrescentes de níveis de decisão: planos, programas e projetos” (BAPTISTA, 2007, p. 97). Os diferentes níveis dos planos, programas e projetos será assunto da próxima aula. Pode-se perceber que o conceito de planificação está relacionado com a operacionalização, ou seja, planificar no momento em que se está operacionalizando uma intervenção. O Dicionário de Língua Portuguesa apresenta o seguinte conceito de planificar: 1. Apresentar em planta; 2. planejar, projetar; 3. Submeter a plano (FERREIRA, 2008, p. 635). Nesta aula, alguns pontos devem ser destacados:a. O objeto de intervenção pode construir-se e reconstruir-se no decorrer da ação planejada. b. Isso acontece por vários motivos, dentre eles: a realidade social é complexa e mutável. c. Dessa forma, é preciso realizar várias aproximações. d. Depois de se ter o objeto bem definido, deve-se colocar as ideias no papel, em documentos, como: planos, programas e projetos. 3636 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa correta: I. O processo de planejamento se realiza a partir de aproximações sucessivas. II. O processo de planejamento tem como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção. III. Delimitamos um objeto de intervenção a partir de nossos objetivos, pois não conseguimos planejar a realidade como um todo. a. Todas as frases estão corretas. b. Apenas as frases I e II estão corretas. c. Apenas as frases II e III estão corretas. d. Apenas as frases I e III estão corretas. e. Todas as frases estão incorretas. 2. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa correta: O planejamento surge de necessidades, como: I. Utilizar recursos abundantes para atender a grandes problemas. II. Necessidade de utilizar recursos excedentes ou de utilizar equipamento ocioso. 3737 37 III. Disponibilidade de recursos de agências de financiamento. a. Todas as frases estão corretas. b. Apenas as frases I e II estão corretas. c. Apenas as frases II e III estão corretas. d. Apenas as frases I e III estão corretas. e. Todas as frases estão incorretas. 3. Com relação à construção e reconstrução do objeto, analise as frases: I. Devemos considerar que a realidade social é dinâmica e, para apreendê-la, se fazem necessárias sucessivas aproximações. II. Nessas aproximações, nosso objeto de intervenção poderá mudar. III. O objeto constrói-se e reconstrói-se permanentemente durante toda a ação planejada. a. Todas as frases estão incorretas. b. Apenas as frases I e II estão corretas. c. Apenas as frases II e III estão corretas. d. Apenas as frases I e III estão corretas. e. Todas as frases estão corretas. 3838 Referências bibliográficas BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2007. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18. DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: o processo de planejamento se realiza a partir de aproximações sucessivas. Tem como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção. Delimitamos um objeto de intervenção a partir de nossos objetivos, pois não conseguimos planejar a realidade como um todo. Questão 2 – Resposta: C Resolução: o planejamento surge de necessidades como: utilizar recursos escassos para atender a grandes problemas; utilizar recursos excedentes ou de utilizar equipamento ocioso; disponibilidade de recursos de agências de financiamento. Questão 3 – Resposta: E Resolução: com relação à construção e reconstrução do objeto, devemos considerar que a realidade social é dinâmica e, para apreendê-la, fazem-se necessárias sucessivas aproximações. Nessas aproximações, nosso objeto de intervenção poderá mudar, ou seja, o objeto constrói-se e reconstrói-se permanentemente durante toda a ação planejada. 3939 39 Planos, programas e projetos sociais Autora: Alessandra Medeiros Objetivos • Apresentar as diferenças conceituais entre planos, programas e projetos. • Compreender esses documentos como formas materiais resultantes do processo de planificação. • Relacionar o uso destes documentos no cotidiano das organizações sociais. 4040 1. Introdução Além de conceituarmos planos, programas e projetos, vamos refletir sobre a dificuldade que muitas pessoas possuem em colocar suas ideias no papel. Materializar intenções antes de executar ações se torna, portanto, um ponto fundamental no processo de planejamento. Assim, serão apresentados aspectos comuns desses três tipos de documentos e, em seguida, será discutido, particularmente, cada um deles. Sugere-se que, para o melhor aproveitamento deste conteúdo, sejam pesquisados exemplos desses três tipos de documentos e se perceba a diferenciação entre eles, pelo estilo da redação e conteúdo neles expresso. PARA SABER MAIS Pesquise na internet por modelos de planos, programas e projetos. Visualizar o escopo destes documentos ajudará em suas elaborações e ilustrará os apontamentos abordados nesta aula. 4141 41 2. Planos, programas e projetos: características gerais Figura 1 – Planos, programas e projetos Fonte: elaborada pela autora. O esquema acima apresentado remete-se à ideia das dimensões desses três documentos, como se o plano estivesse numa dimensão mais externa, o programa no meio, e, ao centro, os projetos. Podemos ainda afirmar que em uma dimensão mais externa ao plano seriam as políticas, especialmente políticas públicas, no caso deste curso. Na perspectiva do sistema de planejamento, uma política é um processo de tomada de decisões que começa ‘com a adoção de postulados gerais que depois são desagregados e especializados. [...] Quando a priorização é plasmada em um modelo que relaciona meios e fins, concatenando-se temporalmente, se obtém um plano’. (CURY, 2001, p. 43 apud Cohen & Franco, 1993, p. 85) 4242 Importante esclarecer ainda que ao centro também estão os serviços. O que diferencia um projeto de um serviço? Um serviço apresenta a característica de ser ofertado continuamente, enquanto um projeto tem, necessariamente, um tempo limitado. Existem algumas dimensões essenciais, tanto nos planos como nos programas e projetos. São elas: Tempo: tanto um plano como um programa e um projeto cobrem um tempo limitado; esse tempo vai variar de acordo com as características próprias dos documentos. Por exemplo: um plano de governo terá a duração de quatro anos, tempo de duração de um mandato. Espaço: os planos, programas e projetos também deverão contar com áreas delimitadas espacialmente, ou seja, estamos nos referindo a uma cidade, uma região específica, uma política em especial? Volume: os planos, programas e projetos também deverão apresentar resultados concretos mensuráveis, inclusive, recursos materiais e físicos concretos. 2.1 Plano “O plano delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas grandes linhas políticas, suas estratégias, suas diretrizes e precisa responsabilidades” (BAPTISTA, 2007, p. 99). Essa definição permite afirmar que o plano apresenta diretrizes mais amplas, mais gerais, e não apresenta, na maioria das vezes, a metodologia que será realizada, principalmente quando se tratar de um plano de diretrizes e não um plano de ações. Podemos citar vários planos nacionais: 4343 43 • Plano Nacional de Cultura. • Plano Nacional de Educação. • Plano Nacional de Resíduos Sólidos. • Plano de Combate ao Tráfico de Seres Humanos. • Plano Nacional de Combate ao crack e outras drogas. • Plano Nacional de Política para Mulheres. 2.2 Programa “É a setorização do plano [...] é, basicamente, um desdobramento do plano.” (BAPTISTA, 2007, p. 100) O conceito acima mostra que um programa geralmente faz parte de um plano, sendo direcionado para uma região específica ou para um público particular. Retomando o exemplo do antigo Plano Brasil Sem Miséria, tínhamos nele o Programa Bolsa Família. Pode-secompreender que o Bolsa Família estava direcionado para um segmento específico dentro de um plano de diretrizes gerais mais amplas. No Brasil, destaca-se também o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, que objetiva acabar com o trabalho de crianças e adolescentes entre 7 e 16 anos. Um programa “engloba um conjunto de projetos que são articulados por meio de diferentes estratégias. Instrumento utilizado, no nível governamental, para a concretização das ações e dos objetivos traçados” (DICIONÁRIO DO TERCEIRO SETOR, 2011, p. 195). 4444 2.3 Projeto Conceitua-se projeto como “[…] o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de ações” (BAPTISTA, 2007, p. 102). Como característica desse tipo de documento, pode-se afirmar que ele está mais próximo da execução, portanto deverá ser muito detalhado. Nesta disciplina, busca-se compreender como se elabora um projeto social ou projeto de intervenção. Vale iniciar este conteúdo pelas qualidades esperáveis em um projeto, de acordo com Baptista (2007, p. 102). São elas: • Simplicidade e clareza na redação: um projeto deverá comunicar claramente sua ideia, sem linguagem rebuscada, transmitindo as informações de modo que atraia a atenção do leitor. • Disposição gráfica adequada: o projeto deverá ser apresentado de uma forma que o texto fique atrativo e facilite sua leitura. • Clareza e precisão nas ilustrações: além de um texto claro, o projeto também poderá trazer ilustrações que condensem os dados apresentados e auxiliem a interpretação do leitor. • Objetividade e exatidão nas informações, na terminologia e nas especificações técnicas: o projeto deverá apresentar informações precisas, pautadas na realidade e em dados concretos para que os dados não sejam interpretados como “achismos” ou ainda senso comum. • Descrição adequada de cada operação: já que um projeto serve como um guia para a ação, ele deverá apresentar o “passo a passo” para sua realização. 4545 45 Um projeto também deverá apresentar sua abrangência, ou seja, o projeto deve se referir de forma exaustiva a todos os aspectos da estrutura da questão a que se destina, delimitando um recorte para sua intervenção. Uma característica também fundamental consiste em ser compatível e coerente em suas relações entre as partes e em suas relações com outros níveis da programação, ou seja, se um projeto se desmembra de um programa e de um plano, deverá apresentar metodologia consistente e não destoar das linhas propostas nos outros documentos. Um projeto também deverá ter relação visível entre as operações previstas e o alcance dos resultados desejados, expressos nos objetivos, ou seja, manter uma linha metodológica de raciocínio, que uma seção desencadeie das ideias já postas anteriormente. Por último, mas não menos importante, um projeto deverá apresentar limitação temporal e espacial, como já indicamos nos aspectos comuns entre planos, programas e projetos. Vale ainda reforçar a diferença entre serviço e projeto. Um serviço não tem prazo de término. Já um projeto deve, necessariamente, ter um começo, um meio e um fim. Atenção: muitas pessoas confundem projeto de pesquisa com projeto social ou projeto de intervenção. Projetar relaciona-se a colocar suas ideias no papel para objetivar uma ação. No caso da pesquisa, o projeto é o norte para um levantamento de dados, para produzir conhecimento, e, no caso de um projeto de intervenção, é um norte para a mudança de uma realidade. “O Projeto é a implementação de uma causa ou um ideal. São empreendimentos que são planejados a partir de um conjunto de objetivos específicos claros e bem definidos.” (DICIONÁRIO DO TERCEIRO SETOR, 2011, p. 195) 4646 ASSIMILE Situações que envolvem o planejamento: planejar planos, programas e projetos com prazo limitado ou uma ação permanente de intervenção (por isso, é uma decisão política que pressupõe alocação de recursos para sua realização). Nessa aula, pudemos perceber que, mesmo com as dificuldades cotidianas, um gestor precisa colocar suas ideias no papel por meio de planos, programas e projetos. Também ficou perceptível que planos, programas e projetos são documentos diferentes em termos da profundidade de seu conteúdo. Enquanto um plano apresenta diretrizes mais gerais, um projeto deverá ser muito mais detalhado em sua metodologia. Já um programa acaba sendo o desmembramento de um plano, direcionado para uma área ou região específica, ou ainda a um determinado público-alvo. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Das dimensões citadas nesta aula, está correta a seguinte ordem: a. Serviços, planos, projetos e programas. b. Programas, projetos, serviços e planificação. c. Planificação, programa, projetos e serviços. d. Plano, programa, projetos e serviços. e. Projeto, programa, serviços e planificação. 4747 47 2. Um gestor social, a partir de sua formação acadêmica, deve estar apto à formulação de políticas públicas, portanto é importante ter clareza dos conceitos discutidos nessa aula. Quanto à elaboração de projetos, é correto afirmar que: I. Um projeto social deve estar direcionado a uma dada realidade territorial. II. Um projeto social tem caráter permanente, por isso todos os seus custos devem ser bem planejados. III. A clareza na redação de um projeto é de extrema importância, pois a partir dela serão apresentados elementos relevantes para a captação de recursos. IV. Um projeto social também se caracteriza por seu tempo de duração; dessa forma, faz-se necessário conter em seu bojo como cada ação será monitorada e avaliada. V. No processo de elaboração de um projeto, não se faz necessário dialogá-lo com um plano nacional. Assinale a alternativa que contenha as afirmativas corretas: a. I – II – V. b. I – II – IV. c. I – III – IV. d. III – IV – V. e. Todas as afirmativas estão corretas. 4848 3. São dimensões essenciais, tanto nos planos como nos programas e projetos: a. Tempo, volume e espaço. b. Tempo, volume e objetivo. c. Tempo, espaço e meta. d. Espaço, volume e cronograma. e. Distância, redação e forma. Referências bibliográficas BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001, p. 13-18. CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3 ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001, p. 39-60. MEREGE, Luiz Carlos; MOUSSALLEM, Márcia (Orgs.). Dicionário do Terceiro Setor. São Paulo: Plêiade, 2011. Gabarito Questão 1 – Resposta: D Resolução: quanto à dimensão hierárquica, tem-se: plano, programa, projeto e serviços. Questão 2 – Resposta: C Resolução: um projeto social sempre estará direcionado a uma dada realidade territorial. Como explicamos durante a aula, faz-se 4949 49 necessário ter uma redação bem escrita (justificativa, objetivos e metas, por exemplo), pois são elementos que “vendem” o projeto. Outra grande diferenciação do projeto está voltada para o seu contexto de tempo: começo, meio e fim, e com isso as respectivas avaliações e monitoramentos para cada fase dele. Questão 3 – Resposta: A Resolução: tempo, volume e espaço são dimensões essenciais destes documentos. 505050 Metodologia de elaboração de projetos sociais: emergência do projeto, diagnóstico, reflexão estratégica, execução e avaliação Autora: Alessandra Medeiros Objetivos • Apresentar os primeiros passos para a elaboração de um projeto de intervenção. • Apresentar a metodologia de elaboração de projetos sociais. • Demonstrar os caminhos que deverão ser percorridos durante as etapas de execução desse tipo de documento. 5151 51 1. Introdução Essetema está organizado em dois eixos: o primeiro conceituará o início desta etapa, indicando como começar um projeto social, e o segundo explicará os passos para realizá-la, em especial por meio do estudo da situação. Dessa maneira, aproveite o conteúdo da aula para levantar indicadores de alguma realidade que você deseje transformar. Afinal, o que motiva a realização de projetos de intervenção é o desejo de que a situação identificada melhore a partir de nossa ação. PARA SABER MAIS Assista ao documentário Quem se importa e analise os projetos de intervenção nele apresentados. QUEM se importa. Direção de Mara Mourão. Mamo Filmes e Grifa Filmes, 2013. (93 min.). Sinopse: acompanhe a vida de 18 empreendedores sociais e seus projetos ao redor do mundo, e veja como pequenas atitudes podem mudar a vida de uma ou mais pessoas. 2. Como começar um projeto social? A elaboração de um projeto social, necessariamente, deverá começar pelo estudo da situação. Alguns autores também chamam esse momento de: análise da situação, estudo diagnóstico, avaliação ex-ante, etc. Não importa a nomenclatura a ser utilizada, o fundamental é que este primeiro momento traga um panorama da situação apresentada para compreensão da realidade que será o objeto da intervenção. Uma primeira aproximação será iniciada pelo conceito de estudo da situação. Esse estudo 5252 [...] consiste na caracterização (descrição interpretativa), na compreensão e na explicação de uma determinada situação tomada como problema para o planejamento e na determinação da natureza e da magnitude de suas limitações e possibilidades. (BAPTISTA, 2007, p. 39) O conceito chama a atenção em alguns pontos. Primeiro: deve- se explicar a realidade, não somente descrevê-la ou interpretá-la. Segundo: a situação tomada como problema remete à necessidade de focar, delimitar, ou seja, recortar o segmento da realidade que está colocado como desafio, ou, ainda, o objeto da intervenção. Terceiro: ao analisar essa realidade, deve-se olhar também as potencialidades, e não apenas os problemas. Deve-se retomar neste momento alguns conhecimentos já discutidos anteriormente, como: a necessidade de conhecermos como se estabelecem as instâncias de poder presentes na realidade estudada. Além disso, também se deve estabelecer a superação do enfoque situacional, ou seja, não adotar uma visão reducionista. Uma visão reducionista é aquela visão que diminui o que está sendo analisado, tratando-o como algo inferior, simples, pequeno. São objetivos do estudo da situação (MATTELART, 1968 apud BAPTISTA, 2007, p. 41): • A configuração do marco de situações ou de antecedentes, acompanhada de análise compreensiva e explicativa de suas determinações. • A identificação sistemática e contínua de áreas críticas e de necessidades, a que se pode acrescentar, ainda, de oportunidades e ameaças. • A determinação de elementos que permitam justificar a ação sobre o objeto. • O estabelecimento de prioridades. 5353 53 • A análise dos instrumentos e técnicas que podem ser operados na ação. • A identificação de alternativas de intervenção. Pode-se perceber que o estudo da situação é um momento trabalhoso e que demanda a análise de muitos dados e, ao mesmo tempo, é a partir dele que a decisão será tomada quanto a quais caminhos serão percorridos e quais mudanças se pretende alcançar. 2.1 Estudo da situação Será apresentado agora como se configura o estudo da situação. Ele abarca um conjunto de atividades, citadas a seguir: • Levantamento das hipóteses preliminares. • Construção de referenciais teórico-práticos. • Coleta de dados. • Organização e análise: descrição/interpretação/ compreensão/explicação dos dados obtidos. • Identificação de prioridades de intervenção. • Definição de objetivos e estabelecimento de metas. • Análise de alternativas de intervenção. Pode-se perceber, então, que o estudo da situação será um caminho a ser percorrido, que começará com o levantamento das hipóteses preliminares até a conclusão de qual a melhor alternativa de intervenção. Para compreender essas atividades, é necessário estudar agora cada uma delas. 5454 Inicia-se o estudo da situação pelo levantamento de hipóteses preliminares. Hipóteses podem ser compreendidas como pressupostos, ou seja: a ideia inicial básica que norteará a coleta de informações e o seu processamento. Por exemplo, você pode já ter contato com uma realidade e, por meio de sua observação, pode imaginar que existe a necessidade de implantação de um projeto para atendimento de adolescentes grávidas. Essa, portanto, é sua hipótese preliminar. O passo a seguir é a construção de referenciais teórico-práticos. Essa atividade consiste em analisar a hipótese levantada à luz de conhecimentos. Esses conhecimentos que compõem os referenciais teórico-práticos são de diferentes naturezas. São conhecimentos éticos, morais, filosóficos, teóricos, científicos, técnicos, além dos próprios valores e padrões normativos assumidos pela equipe planejadora, instituição e população envolvida no processo (BAPTISTA, 2007). Nesse momento, deve-se conhecer a realidade em sua totalidade, ou seja, não focar apenas a região em que se está atuando, e também como se dá e explica tal situação de um modo mais amplo, na cidade ou ainda nacionalmente. Também nesse momento, deve-se embasar em um conhecimento de ordem transdisciplinar. O conhecimento de ordem transdisciplinar é aquele que lança mão de conhecimentos das diferentes disciplinas e, não sendo propriedade de nenhuma delas, as supera criando um conhecimento novo, tendo como referência uma teoria social que ilumina (modificando) os conhecimentos construídos a partir de outras perspectivas, dando-lhes uma nova dimensão (BAPTISTA, 2007, p. 46). É imperativo na construção desses referenciais levantar um sistema de indicadores. Esses indicadores poderão estar prontos e disponibilizados 5555 55 em órgãos como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, etc. Além dos indicadores oficiais, outros poderão ser criados pela equipe a partir do levantamento de dados e pesquisas planejadas. Como realizar um sistema de indicadores a partir de levantamento de dados e pesquisas planejadas? Por exemplo, sua organização social identificou uma necessidade de intervenção em determinada região de sua cidade e vocês já buscaram dados na prefeitura local para melhor compreender a situação, conferindo a todos um panorama inicial da problemática. No entanto, os problemas identificados são de naturezas diversas, como: falta de acesso à saúde, educação, trabalho, etc. Para contribuir com o mapeamento das necessidades da região, recomenda-se que as famílias em situação de vulnerabilidade que vivem no local sejam ouvidas, por meio de pesquisas, como: entrevistas, aplicação de questionários, etc. Isso permitirá que o grupo possa construir um sistema de indicadores iniciais ou marco zero para a situação local. Exemplo: 70% das crianças entre 0 e 3 anos estão fora da creche. A próxima atividade do estudo da situação consiste na coleta de dados da realidade identificada como objeto do planejamento, e também como ela é percebida por todos os envolvidos (sociedade, quem vivencia, quem trabalha com a questão, por exemplo). Reafirma-se aqui a necessidade da população que será atendida participar desse processo e, também, manifestar suas necessidades e opiniões. Mais uma vez, terá de se garantir que não se trata de julgamento ou avaliação pela aparência, mas de fruto de reflexão e retomada da reflexão, numa aproximação à essência da situação-problema. Dando continuidade no estudo da situação, deve-se levantar os dados da instituição demandatária da ação, ou seja, deve-se conhecer o maior 5656 número de informações que caracterizem a instituição que demanda a intervenção: sua missão, visão, história da instituição, atividades, etc. Necessidade de seconhecer o perfil da instituição para qual a intervenção deve ser planejada. Em seguida, é preciso levantar os dados das políticas públicas, da legislação, do equipamento jurídico e da rede de apoio existente com relação tanto à instituição demandatária como também ao público que será atendido no projeto. Por exemplo: se o projeto de intervenção que será elaborado for direcionado para crianças e adolescentes, as políticas públicas para esse público deverão ser levantadas, como também o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente e toda a rede de apoio que fará parte do cotidiano do futuro projeto: escolas, hospitais, postos de saúde, etc. Por último, dados referentes a outras práticas realizadas na própria instituição (prática interna) também deverão ser levantados, como também de outras instituições que desenvolvem ações similares (prática externa). A última e não menos trabalhosa atividade do estudo da situação consiste na organização desses dados até compreender sua essência. Nessa atividade, ressalta-se que, mais do que organizar e descrever os dados levantados, deve-se analisá-los, interpretá-los e explicá-los. ASSIMILE A construção de referenciais teórico-práticos é um momento muito importante quando a equipe se reúne para balizar os conceitos, leis e políticas existentes com relação ao tema central da intervenção. 5757 57 Por exemplo, caso meu projeto seja: contribuir para a melhoria da autoestima de mulheres vítimas de violência, é de suma importância que toda a equipe compreenda o que estamos nomeando por autoestima. Também se torna necessário todo o levantamento de leis e políticas públicas que poderão respaldar a proposta apresentada. Pode-se, então, concluir nesta aula que um projeto se inicia com um estudo da situação, ou seja, com um retrato do momento (marco zero). Também foi possível perceber que o estudo da situação é um momento muito importante para que a proposta que será realizada, futuramente, esteja em consonância com a realidade e necessidade da população a ser atendida. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Qual o primeiro passo para realização de um projeto? a. Articular uma equipe. b. Iniciar a escrita da redação. c. Fazer um estudo da situação. d. Construir indicadores. e. Estabelecer os objetivos. 2. O levantamento de hipóteses abordado nesta aula, está relacionado à(ao): 5858 a. Ideia inicial do problema posto na realidade. b. Ideia adquirida após o processo de avaliação. c. Resultado dos indicadores sociais. d. Resultado da discussão feita pela equipe técnica. e. Monitoramento inicial das atividades. 3. A construção de referenciais é um elemento importante no processo de construção de um projeto. Assinale o momento em que essa deve ser realizada: a. Antes de definir o que fazer. b. Após levantamento das hipóteses. c. Durante o processo de avaliação e monitoramento. d. Após levantamento dos indicadores existentes. e. Antes de finalizar a execução do projeto. Referências bibliográficas BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001, p. 13-18. MEREGE, Luiz Carlos; MOUSSALLEM, Márcia (Orgs.). Dicionário do Terceiro Setor. São Paulo: Plêiade, 2011. 5959 59 Gabarito Questão 1 – Resposta: C Resolução: o estudo da situação é o primeiro passo para a elaboração de um projeto. Questão 2 – Resposta: A Resolução: o levantamento das hipóteses sempre será feito a partir da situação colocada no primeiro momento, sem demais aprofundamentos. Essas hipóteses podem ser confirmadas ou não. Questão 3 – Resposta: B Resolução: a construção de referenciais deve ser realizada após o levantamento das hipóteses, pois é nesse aprofundamento que será feita uma aproximação do problema em questão no projeto. 606060 Formulação de projeto de intervenção Autora: Alessandra Medeiros Objetivos • Apresentar como se identifica as prioridades de intervenção. • Aprender a analisar as alternativas de intervenção. • Identificar os próximos passos de elaboração de um projeto social. 6161 61 1. Introdução Após a finalização do estudo da situação, deve-se identificar as prioridades de intervenção. Existe essa necessidade porque em vários casos muitos problemas serão levantados e nem todos poderão ser melhorados em um único projeto de intervenção. Nesse sentido, torna-se muito importante conhecer como identificar as prioridades de intervenção, sendo esse o assunto a ser trabalhado na primeira parte desta aula. Na sequência, será apresentado como analisar uma alternativa de intervenção, e, finalmente, mostraremos os próximos passos na elaboração de um projeto social. Merece destaque imaginarmos que a identificação correta da principal demanda a ser atendida faz parte da gestão social de uma organização, de um programa ou de um projeto de intervenção. PARA SABER MAIS Quando falamos em gestão social, estamos nos referindo à gestão das ações sociais públicas. A gestão social é, em realidade, a gestão das demandas e necessidades dos cidadãos. A política social, os programas sociais, os projetos são não apenas canais dessas necessidades e demandas, mas também respostas a elas (CARVALHO, 2001, p. 16). 2. Prioridade de intervenção Para identificar a prioridade de intervenção, ou seja, qual será o objeto de intervenção inicial que trará mais efetivamente a transformação da situação, recomenda-se que sejam adotados dois 6262 critérios: o de relevância e o de viabilidade. Com relação à relevância, deve-se questionar o quão significativo será o impacto da ação. Com relação à viabilidade: deve-se questionar se o que foi identificado é viável em termos concretos, relacionando também com o perfil da instituição, recursos humanos, materiais existentes, etc. Baptista (2007, p. 89) também apresenta uma classificação com relação às alternativas de intervenção: • Alternativas de consolidação: são aquelas que propõem ações de fortalecimento de programas já existentes. • Alternativas de inovação: são aquelas que propõem ampliação ou renovação da ação através da adoção de novos caminhos, da participação de novos grupos, etc. O estudo das alternativas realiza-se, basicamente, a partir de quatro critérios correlacionados de análise. São eles: 1. Análise das consequências sociais da ação: procura definir qual o conjunto que oferece maior segurança quanto ao alcance dos resultados previstos e oportunidade de mudança global da situação visada, no sentido desejado pelo planejamento, com o menor risco (BAPTISTA, 2007, p. 92). Essa análise permite dizer sobre a importância de escolher alternativas que poderão impactar na realidade global, mas, ao mesmo tempo, com um menor risco e um alcance viável. 2. Análise da economia da ação: relaciona-se ao real e ao factível, principalmente com relação à viabilidade financeira. 3. Análise das operações: é o estudo da viabilidade técnica das alternativas propostas. 6363 63 4. Análise do rendimento político: possibilidade de sanção de quem vai tomar a decisão, de aceitação de quem vai executá-la e de quem vai ser beneficiado pelo planejamento (BAPTISTA, 2007, p. 92). Pode-se perceber com as análises acima que escolher uma intervenção requer um olhar amplo e muitas variáveis. 3. E os próximos passos? Depois de definidas as alternativas, deve-se colocar as ideias no papel e efetivamente escrever o projeto. Para tanto, será necessário retomar o ciclo do planejamento e os passos do ato de planejar. Inicialmente, refletir (equacionar, levantar as informações), e na sequência, decidir qual será o caminho a ser percorrido (após análise e identificação das prioridades). Agora, antes da ação, deve-se operacionalizar, ou seja, colocar as ideias no papel (planificar).De que forma? Como poderia ser um roteiro de um projeto social? 1. Identificação da organização proponente Deve-se começar pela identificação da organização proponente do projeto. Nesse primeiro item, deve-se apresentar a instituição, sua missão, que está à frente dela, quais os principais parceiros e também as certificações que possui. Não se pode esquecer de que é importante pensar em um título criativo para o projeto, o qual chame a atenção dos leitores e que retrate o que o projeto fará. Nesse item, é importante constar: o nome da organização, qual o endereço dela, seus principais parceiros, projetos que já realiza, principais certificações que já possui, etc. 6464 2. Sumário Em seguida, deve-se apresentar o sumário da proposta. Alguns autores também colocam como sumário executivo. Deve ser um resumo claro e eficiente do projeto e conter no máximo uma página. Ele serve para dar uma ideia geral do projeto, que só será lido na íntegra se houver interesse em continuar a leitura. É importante que esse item não ultrapasse uma página. 3. Justificativa Um dos itens fundamentais do projeto é sua justificativa. Ela deverá esclarecer quanto à necessidade do projeto e também com relação à natureza do problema. É nesse item que poderá ser colocada a maioria dos dados descobertos até o momento, ou seja, todas as informações levantadas durante o estudo da situação. Vale lembrar que este é um roteiro básico para realização de um projeto e que, dependendo do órgão que o financiará, existem editais que apresentam um roteiro específico e que deverá ser adaptado de acordo com as exigências apresentadas. Nesse sentido, é interessante manter um arquivo com uma justificativa que contenha quatro páginas, por exemplo, e, dependendo do edital, você deverá sintetizar as informações, enquadrando-as dentro do espaço permitido pelo local. 4. Apresentação dos objetivos e metas Logo na sequência da justificativa, deve-se apresentar os objetivos do projeto, tanto o geral como os específicos. Existem vários pré-requisitos implícitos na escolha dos objetivos de um projeto: 6565 65 • Aceitabilidade: devem ser aceitáveis para as pessoas cujas ações se encontram envolvidas na sua execução. • Exequibilidade: têm de ser exequíveis dentro de um tempo razoável. • Motivação: têm que ter qualidades que sejam motivadoras; • Simplicidade: devem ser simples e claramente estabelecidos. • Comunicação: devem ser comunicados a todos que estejam, de alguma forma, ligados ao projeto (CURY, 2001, p. 44). O comunicado é no sentido de que a comunicação seja democrática, que chegue a todos. Seja ela verbal ou escrita. Quando falamos do projeto como um instrumento comunicativo, estamos querendo ressaltar uma de suas características fundamentais. Dos instrumentos de planejamento, o projeto é aquele que apresenta o maior nível de detalhamento, permitindo assim uma perfeita compreensão de sua totalidade, bem como de todas as suas partes. É fundamental visualizar o ‘sistema’ como um todo, percebendo suas inter-relações, suas interdependências, suas relações de causalidade (CURY, 2001, p. 50). 5. Detalhamento do projeto. Nesse item, deve-se apresentar o que vai ser feito no projeto e como será realizado. Esse item também pode ser chamado de metodologia. Muitas pessoas possuem dificuldade na redação desse item do projeto. Nele, deverão estar contempladas todas as ações previstas no projeto, ou seja, como os objetivos serão atingidos. Por exemplo: serão realizadas oficinas, cursos de capacitação, etc. 6. Orçamento. Deve-se apresentar agora o orçamento, ou seja, quanto vai custar o projeto. Não existe nenhuma “receita” de como montar um orçamento, ficando a cargo da equipe encontrar a melhor forma de apresentar as informações, ou seja, se será melhor descrever o custo mensal e 6666 depois o custo anual, por exemplo. Nesse item, é muito importante compreender os tipos de materiais e variações de custos em um projeto, que serão assunto das próximas aulas. 7. Como o projeto será avaliado e monitorado? Por fim, deve-se apresentar o sistema de avaliação e monitoramento, ou seja, como o projeto será avaliado durante sua execução e ao final dele? Esse tem sido um dos itens obrigatórios e diferenciais em um projeto. Quanto mais o projeto demonstrar compromisso no monitoramento e avaliação, quanto mais indicadores implicados nessa coleta de informações, melhores as chances de obtenção de financiamento. Por fim, esclarece-se que o roteiro apresentado poderá mudar, dependendo do edital e, portanto, deverá ser reorganizado para atingir a finalidade a que se propõe. ASSIMILE Acima temos uma síntese dos passos de elaboração de um projeto de intervenção, desde o levantamento das necessidades até a colocação do roteiro básico do projeto no papel, antes da ação. 6767 67 É importante destacar nesta aula a necessidade de se analisar os dados levantados no estudo da situação e, de acordo com critérios, deve- se pautar a decisão por ações que tragam uma mudança de fato na realidade apresentada. São critérios de análise para ajudar na decisão a ser tomada: a relevância e a viabilidade da ação. Outros critérios correlatos importantes são: identificar as consequências sociais da ação, a análise da economia da ação, a análise das operações e a análise do rendimento político. Por fim, deve-se optar por uma ação que consolide algo que já existe ou ainda que inove, traçando outros caminhos. Após tomar essas decisões, deve-se colocá-las no papel, por meio de um roteiro sugerido, que explique as características da organização proponente. Justifique a intervenção proposta, apresente os objetivos e metas, a metodologia que será utilizada, quanto o projeto custará, ou seja, seu orçamento, e ainda como deverá ser monitorado e avaliado. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. São critérios para identificarmos as prioridades de intervenção: a. Relevância e criatividade. b. Viabilidade e tempo. c. Viabilidade e orçamento. d. Relevância e eficiência. e. Relevância e viabilidade. 6868 2. Existem dois tipos de alternativas de intervenção: as de _______________ e as de ___________________. As primeiras fortalecem ações já existentes. As segundas ampliam ou renovam a ação com novos caminhos. Preenche corretamente as lacunas a alternativa: a. Consolidação; recomendação. b. Inovação; criatividade. c. Consolidação; inovação. d. Consolidação; intervenção. e. Inovação; prioridade. 3. São critérios correlatos de análise ao estudarmos as alternativas de intervenção: I. Consequências sociais da ação. II. Análise da economia da ação. III. Análise das operações. IV. Análise do rendimento político. V. Análise da vizinhança. São corretas as alternativas: a. Todas estão corretas. b. I – II – III – IV. c. II – III – IV. 6969 69 d. II – III – IV – V. e. Todas estão incorretas. Referências bibliográficas BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18. CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 39-60. KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organizações da sociedade civil. 3. ed. São Paulo: Global, 2004. Gabarito Questão 1 – Resposta: E Resolução: são critérios para identificarmos as prioridades de intervenção: a relevância e a viabilidade. Questão 2 – Resposta: C Resolução: as alternativas de consolidação fortalecem ações já existentes. As alternativas de inovação ampliam ou renovam a ação com novos caminhos. Questão 3 – Resposta: B Resolução: são critérios correlatos de análise ao estudarmos as alternativas
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