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Dos crimes contra a dignidade sexual Tutela-se a dignidade sexual da vítima, constrangida mediante violência ou grave ameaça. É considerado crime hediondo tanto em sua forma do caput, quanto nas qualificadas. A pena vai de 6 a 10 anos. 1. Sujeitos do crime Trata-se de um delito bicomum, ou seja, qualquer pessoa pode realizar ou sofrer as consequências do crime de estupro. Se a vítima for menor de 18 e maior de 14 anos, o crime será qualificado, com pena de 8 a 12 anos. Se a vítima for menor de 14 anos trata-se do delito de estupro de vulnerável. 2. Conduta Pune-se o ato de libidinagem violento, coagido, obrigado, forçado, buscando o agente constranger a vítima à conjunção carnal, entre sexos opostos, ou praticar ou permitir que se pratique outro ato libidinoso. Percebe-se que o delito abrange não só o fato de o autor constranger a vítima a prática do ato libidinoso, mas também a situação em que faz com que aquela permita que com ela seja praticado tal ato. O meio de execução é a violência ou grave ameaça. Violência: emprego de força física suficientemente capaz de impedir a vítima de reagir. Grave ameaça: violência moral, direta, justa ou injusta, situação em que a vítima não vê alternativa a não ser ceder ao ato sexual. Tendo em vista a grave ameaça temos que a doutrina clássica nos traz a situação em que a gravidade da ameaça deve ser extraída tendo em vista a normalidade dos homens. No entanto, Sanchez discorda, dizendo que a individualidade da vítima deve ser levada em consideração, ou seja, as circunstâncias do caso concreto demonstrarão se houve ou não o delito. Para configurar o crime de estupro não há necessidade de haver contato físico entre o autor e vítima, cometendo o crime o agente que, para satisfazer sua lascívia, ordena que a vítima “explore seu próprio corpo”. 3. Voluntariedade É o dolo consistente na vontade consciente de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. A intenção sexual é inerente ao dolo. 4. Consumação e Tentativa O delito consuma-se com o ato de libidinagem, sendo possível a tentativa, quando iniciada a execução, o ato sexual não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. A prática de atos libidinosos posteriores a conjunção carnal não configura concurso de crimes, pois é um tipo misto alternativo. O STJ decide no sentido de constituir crime único, devendo a prática de ato libidinoso posterior à conjunção carnal ser valorado na aplicação da pena-base referente ao crime de estupro. 5. Qualificadoras As duas qualificadoras trazidas pelo artigo são preterdolosas. 8 a 12 anos quando da conduta do agente resulta lesão corporal de natureza grave; 12 a 30 anos quando resulta a morte. Pena de 2 a 6 anos. Tutela-se a dignidade sexual da vítima, lesada mediante fraude. Em razão da pena cominada não é admitido nenhum benefício da lei 9099/95. 1. Sujeitos do crime Trata-se de um crime comum. Tratando-se a vítima de menor de 14 anos temos o crime de estupro. 2. Conduta Também chamado de estelionato sexual, comportamento que é caracterizado quando o agente, sem emprego de qualquer espécie de violência, pratica com a vítima ato de libidinagem, usando de fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. É necessário que a fraude seja capaz de iludir alguém, analisando-se, para tanto, não só o meio empregado, como também as condições da vítima. A fraude utilizada não pode anular a capacidade de resistência da vítima, caso em que se configura o crime de estupro de vulnerável. 3. Voluntariedade É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar ato de libidinagem com alguém mediante o emprego de meio fraudulento ou outro que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Se o crime possui finalidade econômica temos também a pena de multa. 4. Consumação e tentativa Consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem, sendo perfeitamente possível a tentativa quando, iniciada a execução, o ato sexual não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. – Pena de 1 a 5 anos. Cabe suspensão condicional do processo. 1. Sujeitos do crime Crime comum. 2. Conduta Praticar ato libidinoso, ação atentatória ao pudor praticada com propósito lascivo ou luxurioso. O ato deve possuir pessoa específica a quem deve se dirigir o ato de autossatisfação. Crime de caráter subsidiário, aplicam-se as penas de importunação se a conduta não caracteriza crime mais grave. 3. Voluntariedade É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar o ato libidinoso contra alguém. O crime se tipifica apenas se o agente atuar com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. 4. Consumação e tentativa Consuma-se o crime com a prática do ato libidinoso. Se o agente apenas inicia a ação entende-se consumado o crime. Pena 1 a 2 anos. Salvo quando a vítima é menor de 18 anos, as penas cominadas permitem transação penal e a suspensão condicional do processo. 1. Sujeitos do crime Trata-se de um crime próprio, que só pode ser praticado por superior hierárquico ou ascendente em relação de emprego, cargo ou função. O sujeito passivo também é próprio, exigindo o tipo que este seja subalterno do autor. Se menor de 18 anos a pena é aumentada de 1/3. 2. Conduta Constranger alguém com o intuito de obter vantagem sexual, prevalecendo- se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Superioridade hierárquica: relação laboral no âmbito público. Ascendência: mesma relação, porém no campo privado. 3. Voluntariedade Vontade consciente de constranger a vítima, aliado à finalidade especial de obter vantagem ou favorecimento sexual. 4. Consumação e tentativa Há duas correntes, para alguns o crime se perfaz com o constrangimento, ainda que por um só ato. Para outros o crime é habitual. A depender da corrente adotada caberá ou não a tentativa. 5. Majorante Se a vítima é menor de 18 anos a pena poderá ser agravada de 1/3. Pena 6 meses a 1 ano. Admite suspensão condicional do processo e transação penal. 1. Sujeitos do crime Não se exige nenhuma qualidade especial do sujeito ativo, tampouco do sujeito passivo, razão pela qual o crime é considerado bicomum. 2. Conduta São quatro as condutas típicas do caput: Produzir, pôr em prática, fotografar, imprimir por meio de fotografia, filmar, registrar por meio de vídeo, registrar, alocar em base de dados, cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado. Se o ato ocorre em local público, ou seja, o bem jurídico tutelado é exposto pelo próprio titular, não há de se falar em violação pelo agente. Pode ser responsabilizado também o indivíduo participante que grava sem autorização dos demais. Trata-se de um tipo misto alternativo, se o agente pratica mais de uma ação típica pratica apenas um delito. A conduta equiparada do parágrafo único não envolve propriamente a violação da intimidade, pois não consiste na captura de imagens reais de alguém nu ou praticando um ato sexual. Trata-se de montagem em fotografia, vídeo, áudio, ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual. Caso o agente faça o registro e divulgue a cena, deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C. 3. Voluntariedade Consiste no dolo de praticar uma das condutas sem autorização dos participantes. Não exige-se nenhuma finalidade. 4. Consumação e tentativa O delito se consuma com a prática de uma das ações típicas, que podem ser fracionadas e admitem a tentativa. Pena de 8 a 15 anos. 1. Sujeitos do crime O crime é comum, podendo ser praticado porqualquer pessoa. Porém da vítima se exige que: Seja menor de 14 anos; Ou portadora de enfermidade ou deficiência mental incapaz de discernimento para a prática do ato; Ou por qualquer outra causa seja incapaz de oferecer resistência. Se o agente mantiver relação sexual com menor de quatorze e filmar, responderá pelo crime de estupro de vulnerável em concurso formal impróprio com o art. 240 do ECA. 2. Conduta Pune-se o agente que tem conjunção carnal ou pratica outro ato libidinoso com vítima com menos de 14 anos ou portadora de enfermidade ou deficiência mental incapaz de discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não tenha condições de oferecer resistência, pouco importando se a incapacidade foi ou não provocada pelo agente, neste último caso. Crime de execução livre. Nesse caso é irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso do agente. 3. Voluntariedade O crime é punido a título de dolo, devendo o agente ter ciência de que age em face de pessoa vulnerável. Na hipótese de enfermidade ou deficiência mental, a qualidade da vítima deve ser, quando não espetacular, pelo menos aparente, reconhecível por qualquer leigo, para caracterizar o crime. O erro que conduz o indivíduo a desconhecer a vulnerabilidade da vítima o isenta de pena, erro de tipo, salvo em casos de emprego de violência ou fraude. 4. Consumação e tentativa Consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem, sendo perfeitamente possível a tentativa. 5. Qualificadoras §§3º e 4º, nos traz qualificadoras preterdolosas. Pena de 10 a 20 anos, quando resulta lesão grave; Pena de 12 a 30 anos, quando resulta a morte. Pena de 1 a 5 anos. Admite a suspensão condicional do processo. 1. Sujeitos do crime O crime é comum. Não se exige qualidade especial da vítima, porém se ela mantém ou manteve relação íntima de afeto com o autor, aumenta-se a pena de um a dois terços. Tratando-se de vítima menor de 18 anos, o comportamento do agente pode subsumir-se ao disposto do art. 241 do ECA. 2. Conduta Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar. O tipo é misto alternativo, bastando uma ação nuclear ou várias delas para configurar um mesmo crime, sendo avaliado posteriormente na pena-base. São objetos do crime fotografias, vídeos ou outros registros audiovisuais que: a) Contenham cena de estupro ou estupro de vulnerável; b) Façam apologia ou induzam a sua prática; c) Consistam em registros de cenas de sexo, nudez ou pornografia sem consentimento da vítima. O §2º nos traz uma excludente de ilicitude para situações em que o fato é praticado em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica, desde que preserve a identidade da vítima. 3. Voluntariedade É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar algum dos núcleos do tipo. 4. Consumação e tentativa O crime se consuma no momento em que se pratica uma das ações descritas no tipo. Certas modalidades fazem do crime permanente, como a exposição à venda, a disponibilização e a divulgação. A tentativa afigura-se possível, exceto na conduta de oferecer. 5. Majorante §1º nos traz que a pena é majorada de 1 a 2/3, se: a) Por quem mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima; b) Se tiver finalidade de vingança ou humilhação. Art. 225, nos traz que em crimes contra a dignidade sexual será sempre pública incondicionada. Para os crimes deste título, a pena é aumentada: De ¼ quando é cometido em concurso de duas ou mais pessoas; De metade quando o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer título tiver autonomia sobre ela; 1 a 2/3 quando é praticado: estupro coletivo e estupro corretivo.
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