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Queimaduras Mecanismos de lesão térmica O calor altera a estrutura molecular do tecido e a desnaturação de proteínas é um efeito comum de todos os tipos de queimaduras. A extensão dos dados depende da temperatura do agente, da concentração de calor e da duração do contato. Lesões térmicas ● Queimaduras de flash e chama ● Escaldaduras ● Queimaduras de contato ● Piche ● Química ● Elétrica Flash e Chama ● O flash é resultado de uma explosão e do aquecimento do ar em resposta à explosão; ● Causa mais frequente de internação em adultos queimados; ● Queimaduras por chama são frequentemente associadas a queimaduras inalatórias; ● As chamas são responsáveis por queimaduras mais profundas que flash. Escaldaduras ● Causa mais comum de queimaduras pediátricas; ● Frequente em idosos também; ● A profundidade da queimadura depende do tempo de exposição e temperatura do líquido; ● Os óleos geralmente causam queimaduras mais profundas que água. Pacientes com queimaduras por escaldaduras é sempre importante perguntar qual era o líquido, se houver sal na água por exemplo, aumenta a temperatura de ebulição. Portanto, líquidos com soluto causam queimaduras mais graves. Piche ● Derivado do petróleo ● Ponto de ebulição elevado ● Queimaduras profundas ● A remoção do piche não é essencial. Contato ● Contato com objeto ou superfície aquecida; ● Idosos com perda de consciência, epiléticos, etilistas, pessoas com vício em drogas; Elétricas ● Alta (>=1000V) ou baixa (<1000V) ● Flash burn ● Raio ● Geralmente associados ao trabalho ● Vítimas podem ser ejetados e sofrer outros traumatismos (TCE, trauma torácico, abdominal). ● Disfunção cardíaca: fibrilação atrial ou arritmias supraventriculares; ● A função elétrica do coração deve ser avaliada por um ECG e monitoramento contínuo do ritmo cardíaco durante as primeiras 24h após a lesão. A eletricidade flui através dos tecidos, e gera calor, o que os danifica. A resistência dos tecidos aumenta gradualmente partindo dos nervos, para os vasos sanguíneos, músculos, pele, tendões, ossos e gordura. → Pode ocorrer uma síndrome compartimental, visto que primeiro queima as estruturas profundas, causando edema e aumenta a pressão nos compartimentos. Os ossos são mais resistentes ao fluxo da eletricidade, produzindo a maior quantidade de calor com a mesma corrente, em conformidade com o efeito Joule. O grau de dano aos tecidos é mais extenso do que pode ser percebido na análise inicial Exame para avaliar a profundidade da queimadura: Cintilografia Óssea. Geladuras/Frostbite Cristais de gelo que formam dentro ou entre as células dos tecidos, congelando-os e causando sua morte. Regiões adjacentes não congeladas apresentam risco, pois vasoconstrição e trombose local podem causar dano isquêmico. Queimaduras químicas ● 3% das queimaduras ● 30% de todas as mortes por queimaduras ● Alterações do pH levam a hidrólise, que danifica continuamente as proteínas ● Agentes químicos: lesão por reação química direta, e não pela produção de calor. ● Ação sistêmica por absorção e distribuição por todo o corpo, provocando toxicidade metabólica e falência múltipla de órgãos. Queimaduras não acidentais 1/10 das queimaduras pediátricas ⅓ das crianças abusadas acabam morrendo Perda da barreira da pele Barreira lipídica, barreira imunológica. Com a perda da barreira estamos sujeitos a: Infecção, perda de água, de calor, além de mudanças nas sensibilidade, aparência. Classificação das queimaduras Epidérmica: 1º grau Não tem acometimento da camada basal, portanto, não vai ter cicatriz e nem sequelas. Reepitelização em 7 dias Cor: rosada Superficial de espessura parcial: 2º grau superficial Acometimento da epiderme e da derme papilar, portanto já há acometimento da camada basal. Lembrete: a derme se divide em papilar e reticular Paciente evolui com cicatrização de 10 à 14 dias Cor: vermelha Profunda de espessura parcial: 2º grau profundo Acometimento da epiderme, derme papilar e reticular. Ocorre cicatrização entre 3 e 9 semanas. Acometimento dos receptores de dor, ou seja, possui menos dor por destruição desses receptores. Cor: vermelho, rosa ou vermelho pálido Obs: nesse caso pode ser feito cirurgia como opção de tratamento, utilização de um enxerto. Espessura total: 3º grau Acomete toda a pele + tecido subcutâneo (até estruturas mais profundas) Tratamento cirúrgico. Cor: esbranquiçada ou carbonizado As escaras também causam síndrome compartimental, pois por ser um tecido duro não permite que haja expansão das estruturas, como por exemplo a expansibilidade do tórax para que ocorra o processo de respiração normalmente. Zonas Zona de coagulação = Área com desnaturação de proteínas ⇒ Necrose Zona de estase = diminuição da perfusão Zona de hiperemia =aumento do aporte sanguíneo + área dolorosa Resposta sistêmica Área de superfície corporal queimada maior que 30% Avaliação inicial Avaliação pode ABDCDE do trauma A: vias aéreas e coluna cervical B: respiração C: circulação D: neurológico E: exposição F: ressuscitação volêmica Cálculo da porcentagem corporal queimada Regra dos 9 de Wallace Obs: Cabeça inteira é 9% Tratamento O principal é analgesia e hidratação; É necessário fazer profilaxia do tétano; Prevenção de TVP; Tratamento de Mioglobinúria Se o paciente evoluir com febre, é necessário utilizar antibiótico. Hidratação A hidratação é sempre com ringer lactato Fórmula de Parkland: Volume total: 4mL x Peso (Kg) x %SCQ Administrar metade nas primeiras 8 horas e metade das 16 horas seguintes ATLS e American Burn Association (Formula de Brooke modificada): 2mL x Peso (kg) x %SCQ Metade nas 1ª 8 horas Metade nas 16 horas seguintes é possível analisar a necessidade de hidratação do paciente pela diurese: O ideal é de 0,5 - 1mL/kg/h ou entre 30-50 ml/h. Tratamento de infecções O principal sinal de alerta para infecção é a febre É necessário solicitar cultura para que possa utilizar os antibióticos Curativos Fazer o curativo em 4 camadas Utilizar atadura de morim ou tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata 1%) Gaze absorvente/gaze queimado Algodão hidrófilo Atadura de crepe É importante fazer a troca do curativo diariamente. Pomadas Suldiazina de prata: mais comum. Possui antimicrobiana entre 8-10h, e os curativos devem ser trocados duas vezes ao dia. A sulfadiazina de prata produz uma leucopenia transitória em alguns pacientes quando é usada em grandes áreas abertas. Depois de 48h é importante trocar a pomada. Acetato de Mafenida: ótimo para cartilagem, mas não é tão utilizado por causar acidose metabólica. Nitrato de Prata: possui excelente propriedade antibacteriana, mas provoca descoloração da pele e pode provocar hiponatremia Outros: colagenase, dersani, óleo de girassol. Cirurgia: escarotomias, fasciotomias, desbridamentos, enxertos e retalhos. Escarotomia As escaras provocam uma dificuldade na expansibilidade de algumas áreas corporais No processo de cicatrização, pode ocorrer um encurtamento da região, por isso, em muitas vezes nas incisões é feito cortes em zigue-zague para que não limite a funcionalidade da região no processo de cicatrização. Fasciotomia Na escarotomia a queimadura é externa, na fasciotomia geralmente as estruturas queimadas são internas, como por exemplo através de uma descarga elétrica. Assim, a musculatura pode ocluir os vasos sanguíneos, devido ao edema. Então a fasciotomia abre as fáscias para aliviar essa pressão e evitar a compressão dos vasos sanguíneos e nervos. Desbridamentos Ações mecânicas de retirada de tecidos necróticos, deixando apenas os tecidos saudáveis. Enxertos Retirada de um segmento de pele de uma área saudável para colocar na área a ser recebida, recebendo aporte sanguíneo da área colocada. Retalhos Conjuntos de tecidos que são usados para cobrir uma área adjacente ou a distância, mas que possui um pedículo vascular, portanto, recebe sangue da área original. Acompanhamento a longo prazo Malhas compressivas Hidratação da pele e cicatrizes Fisioterapiae Terapia Ocupacional Psicologia Tratamento de sequelas Queimaduras de vias aéreas e intoxicações Suspeitar de pacientes que estavam em ambientes fechados Queimadura dos pelos de face Edema de face Evoluem com edema das vias aéreas, lesão no pulmão. Observar que o paciente pode dar entrada no PS bem, mas evoluir mal com o passar do tempo. Devido ao edema das vias aéreas, impossibilita a intubação, por isso é preciso analisar os sinais e intubar antes. → Broncoscopia para observar e lavar a árvore brônquica para retiradas das substâncias tóxicas. Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO) Gás incolor e inodoro, resultante da combustão incompleta de hidrocarbonetos. Fontes: incêndio na residência, automóveis vedados, aquecedores de ar a gás. aquecedores de água quente. Sintomas agudos: cefaleia, náuseas, angina, fraqueza, dispnéia, perda da consciência, convulsões e coma. Intoxicação por gás cianídrico/cianeto O cianeto pode ser liberado durante a combustão de produtos carbono e nitrogênio. Esses produtos incluem lã, seda, poliuretano, poliacrilonitrilos, resinas.
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