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Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho QUEIMADURAS ▪ As queimaduras são lesões decorrentes de agentes agressores (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os diversos tecidos corporais e gera morte celular. ▪ Lesões por queimaduras são fenômenos dinâmicos -> Um exame clínico inicial realizado logo após o acidente nem sempre será um diagnóstico definitivo. A lesão sofre alterações de profundidade nas primeiras 72h, alterando sua aparência. ▪ Essas lesões de pele, a depender da gravidade, podem causar uma resposta inflamatória intensa com repercussão sistêmica. ▪ Efeitos sistêmicos: ➢ Alterações hemodinâmicas; ➢ Hipermetabolismo; ➢ Aumento da permeabilidade capilar; ➢ Edema; ➢ Imunossupressão; ➢ Diminuição do fluxo sanguíneo renal. - Epidemiologia ▪ Ocorrem de 1.000.000 de casos por ano, com 51 mil internações hospitalares, sendo 4ª causa de morte por trauma com cerca de 2.500 óbitos. ▪ Na população geral os líquidos aquecidos (queimadura térmica) representam a causa mais frequente de queimadura que ocorre geralmente em ambiente domiciliar, principalmente em crianças menores de 5anos. ▪ O álcool no Brasil, se destaca como a causa mais frequente entre os líquidos inflamáveis. ▪ As queimaduras por tentativa de auto-extermínio são mais frequentes nas mulheres. - Fisiopatologia ▪ As queimaduras causam necrose de coagulação do tecido. ▪ A profundidade da lesão depende da temperatura, tempo de exposição e calor específico. • Resposta Local: as temperaturas excessivamente altas produzem lesão tecidual gradual irradiando a partir do ponto de contato e tornam- se progressivamente manos graves em direção a periferia. o A maior parte das mudanças acontece localmente. o A formação máxima de edema= ▪ 8-12hs após lesão em queimaduras menores; ▪ 12-24h após queimaduras maiores. o A temperatura da fonte de calor e o tempo de exposição determinam o grau de destruição dos tecidos. o A profundidade final da lesão só se torna obvia após 48-72h. • Resposta Sistêmica: a liberação de citocinas e outros mediadores inflamatórios ocorre quando SCQ>20%. o Um componente importante do choque por queimaduras é o aumento da permeabilidade capilar total do corpo. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho o O aumento dos valores do hematócrito que ocorre logo após a ocorrência de uma lesão grave por queimadura é resultado da translocação de líquidos e de proteínas nos tecidos queimados e não queimados. o Hipovolemia e Extravasamento de Líquidos: ▪ A formação do edema frequentemente segue um padrão bifásico: • Aumento imediato do edema na área lesada com pico máximo em 6-8h; • Aumento gradual do edema na pele queimada e não queimada nas próximas 12-24h. o Mediadores da lesão de queimadura: ▪ O HIPERMETABOLISMO é mediado por hormônios como catecolaminas, glucagon, e particularmente, cortisol. ▪ O aumento da permeabilidade vascular pós-queimadura é mediado por histamina e inúmeras substâncias vasoativas e mediadores inflamatórios: • Principais mediadores inflamatórios na queimadura: ✓ Histamina: Produzida pelos mastócitos, aumenta a permeabilidade capilar; ✓ Serotonina: Produzida pelas plaquetas, aumentam a resistência vascular nos pulmões e amplifica os efeitos vasoconstritores da noradrenalina e angiotensina II; ✓ Prostaglandinas: Metabólitos do ácido araquidônico, induzem a vasodilatação; ✓ Bradicinina: Produzida pelos macrófagos, aumenta a permeabilidade capilar; ✓ Tromboxane A2: Causa vasoconstrição e agregação plaquetária. ▪ Zonas de lesão – ZONAS DE JACKSON: • Zona de Necrose ou Coagulação: necrose (irreversível) devido a coagulação protica onde não há células viáveis, localiza-se no ponto mais íntimo entre a fonte de energia e a pele, área central da lesão; • Zona de Estase: hipoperfusão (reversível), ocorre a vasoconstrição, isquemia, células viáveis e não viáveis. Pode evoluir para recuperação (área a ser salva com tratamento) ou para necrose – *Zona alvo de ressuscitação volêmica; • Zona de Hiperemia: vasodilatação (viável), zona mais afastada da fonte de energia, com vasodilatação, hiperemia e células viáveis. Apresenta melhor prognóstico e pode ser totalmente recuperado. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ● CLASSIFICAÇÕES ○ Classificação por CAUSAS • Queimadura Térmica: o Flash e Chama: ▪ São a causa mais frequente de internação de adultos com queimaduras. ▪ Em geral, a flash Burn atinge camadas progressivas da derme em proporção a quantidade e tipo do combustível que explode. ▪ Em contraste com lesões do tipo flash, as queimaduras por chama são invariavelmente de derme profunda, se não forem de espessura completa por causa da exposição mais prolongada ao calor intenso. o Escaldo: ▪ As queimaduras por água quente são a causa mais comum de internação de queimaduras pediátricas E frequentemente em idosos. ▪ A profundidade do ferimento de escaldadura depende da temperatura da água, da espessura da pele e do tempo de contato. ▪ Óleos de lubrificação quentes geralmente causam queimaduras dérmicas. o Contato: ▪ O objeto tocado deve estar extremamente quente ou o contato for anormalmente longo (mais comum). ▪ Geralmente vistos em pessoas com epilepsia ou aquelas que abusam de álcool ou drogas, ou idosos com perda da consciência. ▪ Metais, plásticos, vidros quentes ou carvão em brasa. o Piche: ▪ É feito a partir de derivados do petróleo e possuem um ponto de ebulição elevado, assim os acidentes com piche tendem a ser associados com as queimaduras mais profundas. • Queimadura Elétrica: ▪ Baixa voltagem - <1000V; ▪ Alta Voltagem - >1000V – mortalidade ate 21%; ▪ Flash Burn - no qual não existe fluxo de corrente elétrica através do corpo do paciente; ▪ Queimadura por frio. o A maioria das queimaduras elétricas são relacionadas ao trabalho. o Em lesões de alta voltagem, a vítima geralmente não permanece agarrada ao ondutor, muitas vezes esses pacientes são jogados para longe do circuito elétrico. o A principal causa de morte é a falência múltipla de órgãos secundaria à sepse de origem cutânea. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ○ Classificação por PROFUNDIDADE (GRAU) ▪ Avaliação clínica inicial: ➢ Aparência da lesão; ➢ Cor; ➢ Sensibilidade tátil dolorosa; ➢ Presença ou não de flictemas; ➢ Umidade; ➢ Enchimento capilar. ◌ Primeiro Grau ou Superficial ▪ Limitada à epiderme. ▪ Eritematosas, dolorosas e não apresentam flictenas. ▪ Geralmente em 5 dias sofre descamação e cicatriza espontaneamente sem sequelas. ▪ Não provocam alterações clínicas ou hemodinâmicas. ▪ Ex: QUEIMADURA SOLAR. ◌ Segundo Grau ▪ É dividida em superficial e profunda: • Superficial: até a derme superficial (papilar), flictemas (bolhas), úmida, hiperemia, dor intensa, empalidece quando sofre compressão. o Acomete a derme em sua camada mais superficial (papilar) com a formação de flictenas. o Quando flictena removidos percebe-se leito róseo, úmido e sensível. o Preenchimento vascular rápido. o Epitelização de forma espontânea geralmente entre 2 e 3 semanas. ▪ Ex: ESCALDADURA POR LIQUIDOS AQUECIDOS. • Profunda: até a derme profunda (reticular), flictemas áreas esbranquiçadas, dor menos intensa ou indolor e seca. o Acomete a derme em sua camada mais profunda (reticular) e grande parte dos anexos cutâneos. o Pode apresentar flictenas mas seu aspecto é moteado entre vermelho e branco logo após acidente. o Preenchimento capilar diminuído ou inexistente descrevendo fluxo sanguíneo comprometido. o Sensibilidade alterada (pouca dor). o Com a evolução lesão torna-se seca, esbranquiçada e sujeita a infecção. o Caso ocorra regeneração será ́acima de 3 semanas OU é candidata a excisão e enxertia. ▪ EX: ESCALDO POR ÓLEO QUENTE. Luiza Weizenmann Massafra– Universidade Nove de Julho ◌ Terceiro Grau ▪ Queimadura de espessura total, que envolve toda a pele (todas as camadas), podendo invadir tecidos mais profundos. ▪ Aparência seca, endurecida (firme), com aspecto de ‘’couraça ou couro’’, mosqueada ou marmórea (queima as terminações nervosas), e deprimida. ▪ Sem sensibilidade ao toque e sem nenhuma circulação. ▪ Lesões devem ser removidas o quanto antes para evitar infecção e cicatrização patológica. ▪ Vasos sanguíneos trombosados -> Sinal patognomônico. ▪ EX: IMERSÃO COM ÓLEO QUENTE. ❖ ESCAROTOMIA: indicada nas queimaduras de 3º ou 2º grau profundo em áreas circulares dos membros superiores ou inferiores ou torácica porque produzem compressão com diminuição do fluxo sanguíneo e retorno venoso. São incisões de descompressão para liberar artérias e veias da pressão causada pela constrição e edema. ❖ FASCIOTOMIA: é um procedimento cirúrgico no qual a fáscia é cortada para aliviar a pressão (e tratar a perda de circulação em uma área de tecido ou músculo). É um procedimento de salvamento para membros quando utilizada para tratar a síndrome compartimental. ◌ Quarto Grau ▪ São lesões profundas e potencialmente fatais que se estendem através da pele até os tecidos moles subjacentes e podem envolver fáscias, músculos e ossos. ▪ Perda funcional, muito comum em queimaduras elétricas de alta voltagem, indolor. ◊ Lesão Inalatória ▪ A inalação de fumaça provoca mais de 50% das mortes relacionada com o fogo. ▪ Pacientes presos em ambientes fechados estão em maior risco ▪ Avaliação deve ocorrer com laringoscopia e broncoscopia. * A radiografia não é sensível!!!! • Intoxicação por Monóxido de Carbono: o Afinidade da HB ao CO é200-250 vezes maior que pelo oxigênio. o O oxímetro de pulso não diferencia carboxi-hemoglobina da oxi- hemoglobina e fornecerá resultados normais. o Devemos observar: ▪ Coloração tipo framboesa da pele e mucosas; ▪ Dispneia intensa e gasometria normal; ▪ Acidose metabólica grave com aumento do lactato arterial. • TTO: oxigenoterapia a 100%. Se necessário a oxigenoterapia hiperbárica. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ○ Classificação por EXTENSÃO ▪ Cálculo da Superfície Corporal Queimada: • Esquema de Lund-Browder: o Método mais fidedigno, principalmente para crianças; o Variação de acordo com a idade do paciente: cabeça, coxa e perna; o Mais precisa, usada em CTQ. • Regra ‘’dos Nove’’ (Wallace): o Mais utilizado em casos de queimaduras extensas. o Se baseia no princípio de unidades anatômicas com áreas de superfície múltiplas de 9%: ▪ Cabeça e pescoço: 9%; ▪ Tronco: 18% cada lado (anterior e posterior); ▪ MMSS: 9% inteiro (4,5% anterior e 4,5% posterior); ▪ Genitália e períneo: 1%; ▪ MMII: 18% CADA. ✓ Regra da Palma da Mão: o Utilizada para queimaduras de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corporais; o A palma da mão do paciente corresponde a 1% da sua superfície corpórea. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho * Estimativa do tamanho da queimadura segundo a “regra dos nove" de Wallace. ● Critérios de Internação • Lesão de 3 grau em mais de 2% em crianças; • Lesão de 3 grau em mais de 5% em adultos; • Lesão de 2 grau em mais de 10% em crianças; • Lesão de 2 grau em mais de 15% em adultos. ✓ Espessura parcial > 10% SCT; ✓ Qualquer queimadura de espessura total; ✓ Queimaduras de face ou pé ou mão ou pescoço; ✓ Queimadura de região perineal ou genitália→ maior risco de evoluir com complicações; ✓ Queimadura circunferencial de extremidade ou tórax; ✓ Queimadura por descarga elétrica; ✓ Queimaduras químicas; ✓ Lesão inalatória de fumaça ou lesão de via aérea; ✓ Queimaduras menores concomitantes com traumas ou comorbidades. ● Tratamento ❖ Atendimento Inicial do Trauma ▪ Lembrar que o paciente queimado frequentemente é um politraumatizado, devemos ter atenção a outras possíveis lesões e traumas sofridos por esse paciente. • Pré-hospitalar: o Remover o paciente da cena com segurança; Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho o Interromper o processo lesivo e o contato com a substância, como cintos, roupas, joias, relógio e metais diversos – podem reter calor e provocar constrição; o Suspeitar de lesão por inalação: suplementar O2 em máscara a 100%; o Água em temperatura ambiente pode ser vertida no ferimento nos primeiros 15 minutos. ❖ Exame Primário: ABCDE • A: Permeabilidade da Via Aérea: o Na suspeita de lesão inalatória deverá ser feita intubação orotraqueal (via aérea definitiva) o mais rápido possível, pois esses pacientes evoluem com edema da região supraglótica de forma muito rápida e, consequentemente, obstrução de via aérea. o Suspeitar de lesão inalatória quando: queimaduras da face, vibrissas nasais chamuscadas, escarro carbonáceo, taquipneia e rouquidão. o Realizar a estabilização da coluna cervical. • B: Ventilação: o Queimadura circunferencial de tórax: fazer escarotomia (garantir a boa expansão torácica). o Intoxicação por monóxido de carbono (CO): fazer oxigenoterapia suplementar com máscara a 100%. o Intubação: ▪ Orotraqueal; ▪ Criotireoidostomia; ▪ Traqueostomia. • C: Reposição Volêmica: o Uso preferencialmente de soluções cristaloides. o o Cálculos iniciais: ▪ Fórmula de Parkland: 4ml/kg por % SCQ; ▪ Fórmula de Brooke modificada: 2ml/kg por % SCQ; o Avalia-se a resposta do paciente a fluidospara medir a necessidade de administrar mais volume, visto que são pacientes que possuem a permeabilidade vascular muito aumentada, perdendo líquido para o terceiro espaço e ficando hipovolêmicos. o Infundir 50% nas primeiras 8 horas e os outros 50% nas 16 horas seguintes. o Manter a diurese entre 0,5 a 1 ml/kg/h. No trauma elétrico, manter a diurese em torno de 1,5 ml/kg/h ou até o clareamento da urina. • D: Neurológico: o Escala de coma de Glasgow e resposta pupilar. • E: Prevenir hipotermia: o O paciente queimado não tem a barreira natural da pele para proteger contra hipotermia, logo é necessário manter o paciente aquecido. ❖ Exame Secundário ▪ Avaliar localização, extensão e profundidade das feridas. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ▪ Sonda vesical de demora: acompanhar reposição volêmica e perfusão através do débito urinário. ▪ Sonda nasogástrica: descompressão gástrica. ▪ Profilaxia de tétano nos casos indicados. • Escarotomias: ▪ Fazer em queimaduras de 2º e 3º graus que apresentem alteração de perfusão; ▪ Evitar isquemia de extremidades. • Fasciotomia: ▪ Geralmente é necessária em pacientes com queimaduras mais profundas, principalmente naqueles que possuem queimaduras elétricas de alta voltagem. ▪ O aumento da pressão nos compartimentos musculares (Sd. Compartimental) causa a compressão de nervos e vasos e, consequentemente, isquemia e perda do membro. ❖ Tratamento das Feridas ▪ 03 fases: avaliação, tratamento e reabilitação. ▪ Limpeza e desbridamento da ferida com água e clorexidina degermante a 2% (na falta desta, usar sabão neutro). ▪ Cobertura com curativo adequado: atadura de tecido sintético + sulfadiazina de prata a 1%, com objetivo de: o Diminuir colonização bacteriana e fúngica; o Manter posição funcional dos membros; o Diminuir perdas de calor, líquidos e eletrólitos; o Diminuir a dor. ▪ Não utilizar antibióticos sistêmicos na fase inicial das queimaduras, somente os tópicos quando necessários. ▪ Antibióticos sistêmicos são reservados para infecções confirmadas, o que pode correr dentro de alguns dias, sendo a principal causa de morte nesses pacientes. ▪ Alguns sinais e sintomas de infecção em queimaduras: mudança da coloração da lesão, edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado, profundamento das lesões, mudança de odor, descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida,coloração hemorrágica sob a escara, celulite ao redor da lesão, vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados), aumento ou modificação da queixa dolorosa. • Por profundidade: o 1º grau: hidratante + analgesia → Regenera; o 2º grau superficial: antibiótico tópico ou revestimento sintético ou biológico temporário → Restaura; o 2º grau profundo e 3º grau: excisão + enxertia → cicatriza; • Nutrição: o Hipermetabolismo: 200% taxa normal; o Reposição energética - fórmula de Curreri: 25kcal/kg/dia + 40kcal por % SCQ; o Reposição proteica: 1-2g/kg/dia; Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho o Via de administração: preferencialmente enteral ou, quando não é possível, parenteral. ❖ Queimadura Elétrica ▪ Identificar se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. • Ferida de Entrada: porção do paciente em contato com maior voltagem, apresenta-se carbonizada, deprimida, podendo ocorrer a formação de bolhas e entumescimento ao redor. • Ferida de Saída: porção do paciente do menor voltagem, apresenta-se seca, deprimida, circunscrita e com aspecto de explosão. ▪ Avaliar outros traumas associados. ▪ Avaliar se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória no momento do acidente. ▪ Exames laboratoriais: Gases sanguíneo e eletrólitos séricos (potássio) são mediadores importantes para guiar a terapia. o Se o K+ sérico estiver alto sugere necrose muscular extensa, sendo o desbridamento cirúrgico provavelmente realizado mais precoce. o A elevação da creatinina e creatinina fosfoquinase sugerem destruição tecidual maçica. ▪ É mandatória a avaliação do status cardiorespiratório pela possibilidade de assistolia, FV ou parada respiratória. ▪ O risco de rabdomiólise com IRA por mioglobinúria ou hemoglobinúria requer ressuscitação com grandes volumes de solução salina + manitol + alcalinização da urina para manter o débito em 2 ml/kg/h. ▪ Alterações cardíacas são encontradas de 10 a 25% dos pacientes adultos após o acidente elétrico e a rabdomiólise pode levar ao aumento das enzimas cardíacas sem dano ao miocárdio. ▪ Tratamento Cirúrgico: o RNM identifica focos de necrose tecidual profunda propiciando tratamento cirúrgico precoce. o Excisões tangenciais nos focos de necrose + sulfadiazina 1% para controle bacteriológico, após deve ser feita cobertura com enxertos autólogos. o As estruturas nobres devem ser cobertas por retalhos e os membros acometidos necessitam de escarotomia ou fasciotomia para liberação de vasos, nervos e musculatura edemaciada. * Queimadura elétrica sempre requer internação hospitalar sempre!!! ❖ Tratamento da Dor: o Adultos: Dipirona 500mg a 1g em injeção endovenosa (EV) ou Morfina 1ml (ou 10mg) + 9ml SF 0,9%, fazer de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso; o Criança: Dipirona 15-25 mg/kg em EV ou Morfina 10mg diluído em 9ml de SF 0,9%, fazer de 0,5 a 1 mg para cada 10kg. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ○ Reposição da Volemia ▪ Infusões adicionais devem ser feitas para manter a PAS média acima de 70 mmHg e a diurese mínima: ▪ de 0,5 a 1 ml/kg/h em adultos; ▪ de 1,0-2,0ml/kg/h em crianças; ▪ COLOIDES: deve ser iniciada apenas no 2 dia de evolução e/ou quando albumina sérica é inferior a 2g% repor: ▪ 0,3 a 0,5 ml/kg/acq de uma solução coloide. ▪ As crianças apresentam maior superfície corporal exposta que os adultos em relação ao seu peso e, portanto, maiores perdas pela superfície queimada. Necessitando de maiores volumes a serem infundidos. ▪ Cálculo para reposição nas primeiras 24 h em crianças: ▪ 100 ml/kg para os primeiros 10 kg; ▪ 50 ml/kg para os subsequente 10-20 kg; ▪ 20 ml/kg para os demais 20 a 30 kg. • Composição dos Fluídos: o Cloreto de sódio a 0,9%: tem osmolaridade de 308 mOsm/L (plasma humano 285-295 mOsm/L). ▪ A grande quantidade de cloro oferecida pode levar a hipercloremia com aumento da acidose e consequente alteração da hemostasia – distúrbio da coagulação. o Ringer Lactato: 130 mEq/L de sódio + 109 mEq/L cloro + 4 mEq/L potássio + 3 mEq/L de cálcio + 28 mEq/L lactato. ▪ Tem osmoralidade é de 273 mOsm/L. ▪ Apresentando melhor balanço eletrolítico. o Soro Glicosado a 5%: não é indicado pela sua hiposmolaridade e consequente aumento do edema. o Colóides (expansores de volumes): albumina, amidos e gelatinas. Usados após as primeiras 24 horas quando o paciente apresenta edema significativo, pois provoca expansão plasmática com redução deste edema. ○ Nutrição ▪ Deve ser iniciada idealmente 6h admissão (<24h) ▪ Preferencialmente oral em SCQ < 20% ou associada a enteral em SCQ > 20%. A via parenteral é a última opção! ▪ Realizar a antropometria do paciente para determinar a necessidade. ❖ HIPERMETABOLISMO: suporte nutricional édecisivo na manutenção do sistema imune. O queimado necessita de maior aporte nutricional devido ao seu estado hipermetabólico a fim de prevenir infecção, acelerar cicatrização e reduzir o tempo de permanência hospitalar. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ○ Alterações do Metabolismo • Alterações Cardiovasculares: a permeabilidade capilar éaumentada, levando à perda de proteínas intravasculares e de líquidos para o compartimento intersticial. o Ocorre VC periférica e esplênica. o A contratilidade miocárdica fica diminuída, possivelmente devido à liberação de fator de necrose tumoral. o Hipotensão sistêmica e em hipoperfusão de órgãos terminais. • Alterações Respiratórias: os mediadores inflamatórios causam broncoconstricção e pode ocorrer síndrome da angustia respiratória em pacientes adultos gravemente queimados. • Alterações Metabólicas: a taxa metabólica aumenta em até 3x o seu valor original. Isso, em combinação coma hipoperfusão esplênica, requer a alimentação enteral precoce e agressiva para diminuir o catabolismo e manter a integridade intestinal. • Alterações Imunológicas: ocorre regulação negativa inespecífica da resposta imune, afetando as vias mediadas por células e humoral. ○ Uso de Antibiótico ▪ ATB devem ser iniciados após suspeita de infecção: ▪ Hipertermia > 38 graus; ▪ Hipotermia < 36 graus; ▪ Agitação, distensão abdominal; ▪ Taquipnéia, taquicardia; ▪ Diarréia; ▪ Oligúria, modificação do aspecto da lesão; ▪ Deve-se iniciar antibioticoterapia empírico após coleta de cultura, hemograma, gasometria, lactato raio-x tórax e urocultura se necessário. * Não usar antibiótico profilático! ○ Curativos e Pomadas • Abertos: utilizado na face, pescoço e períneo, podendo ocorrer desconforto e prurido nas primeiras 48h , sendo mais confortável no calor. Possibilita observação contínua da ferida, porém com maior perda hídrica e de calor corporal. O paciente mantido imóvel e sob tenda. • Fechados: utilizado nos membros e troncos, permite a movimentação do paciente e isolamento do meio externo. Apresenta troca dolorosa de curativos. Intolerância ao calor. Tem a desvantagem de postergar o diagnóstico de infecção o Sulfadiazina de Prata: é a pomada de uso mais comum. Possui penetração intermediaria na ferida e um bom espectro antibacteriano. A atividade antimicrobiana dura 8-10 h e os curativos devem ser trocados duas vezes aos dias. * Leucopenia transitória o Acetato de Mafenida: possui excelente penetração em escaras e ação bacteriostática, previne infecções profundas. Frequentemente utilizado em orelha, auxilia contra a infecção da cartilagem. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho * Acidose metabólica pela inibição da anidrase carbônica. O efeito geralmente é observado após 3-5 dias. ○ Tratamento Cirúrgico ▪ O melhor momento para enxertar queimadura se encontra dentro dos primeiros cinco dias da lesão. ❖ Desbridamento: a principal limitação para a remoção da pele morta em grandes queimaduras é a grave perturbaçãofisiológica causada pela perda de sangue rápida e abundante. ▪ Em adultos, a perda sangue chega a 100ml para cada 1% de SCQ da pele desbridada. ▪ Limitar sessões de desbridamento 10-20% da SCQ. ▪ Cobertura com enxertos de pele parcial autólogo. ● Prognóstico ▪ Melhor prognóstico: Pacientes jovens, previamente hígidos com queimaduras superficiais menor que 40% SC. ▪ Gravidade (Pior Prognóstico): ➢ Extremos de Idade < 2 anos e > 65 anos; ➢ Doença debilitante pré-existente; ➢ Queimaduras profundas e ou > 40% SC; ➢ Queimadura inalatória; ➢ Traumas associados ▪ Fórmula para prever taxa de mortalidade: ➢ (SCQ de 3º grau) + (idade do paciente) = taxa de mortalidade (adiciona-se 20% se houver lesão por inalação); ➢ Índice de 90 a 100 tem uma taxa de mortalidade de 50 a 70%. ● Síndrome do Choque Tóxico ▪ Ocorre em crianças após escaldaduras, geralmente sem bacteremia onde a área queimada pode ser pequena e geralmente de aparência limpa. ▪ É causada pela absorção de uma endotoxina produzida pelo estafilococos ▪ A mortalidade chega a 50%. ▪ Geralmente tem como pródromos: ➢ Febre maior que 39ºC; ➢ Taquicardia; ➢ Taquipneia; ➢ Irritabilidade; ➢ Linfopenia.
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