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Queimaduras: Lesões e Classificações

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Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
QUEIMADURAS 
 
▪ As queimaduras são lesões decorrentes de agentes agressores (tais como a energia 
térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os 
diversos tecidos corporais e gera morte celular. 
▪ Lesões por queimaduras são fenômenos dinâmicos -> Um exame clínico inicial 
realizado logo após o acidente nem sempre será um diagnóstico definitivo. A lesão sofre 
alterações de profundidade nas primeiras 72h, alterando sua aparência. 
▪ Essas lesões de pele, a depender da gravidade, podem causar uma resposta 
inflamatória intensa com repercussão sistêmica. 
▪ Efeitos sistêmicos: 
➢ Alterações hemodinâmicas; 
➢ Hipermetabolismo; 
➢ Aumento da permeabilidade capilar; 
➢ Edema; 
➢ Imunossupressão; 
➢ Diminuição do fluxo sanguíneo renal. 
 
- Epidemiologia 
▪ Ocorrem de 1.000.000 de casos por ano, com 51 mil internações hospitalares, sendo 
4ª causa de morte por trauma com cerca de 2.500 óbitos. 
▪ Na população geral os líquidos aquecidos (queimadura térmica) representam a causa 
mais frequente de queimadura que ocorre geralmente em ambiente domiciliar, 
principalmente em crianças menores de 5anos. 
▪ O álcool no Brasil, se destaca como a causa mais frequente entre os líquidos 
inflamáveis. 
▪ As queimaduras por tentativa de auto-extermínio são mais frequentes nas mulheres. 
 
- Fisiopatologia 
▪ As queimaduras causam necrose de coagulação do tecido. 
▪ A profundidade da lesão depende da temperatura, tempo de exposição e calor 
específico. 
• Resposta Local: as temperaturas excessivamente altas produzem lesão tecidual 
gradual irradiando a partir do ponto de contato e tornam- se progressivamente 
manos graves em direção a periferia. 
o A maior parte das mudanças acontece localmente. 
o A formação máxima de edema= 
▪ 8-12hs após lesão em queimaduras menores; 
▪ 12-24h após queimaduras maiores. 
o A temperatura da fonte de calor e o tempo de exposição determinam o 
grau de destruição dos tecidos. 
o A profundidade final da lesão só se torna obvia após 48-72h. 
• Resposta Sistêmica: a liberação de citocinas e outros mediadores inflamatórios 
ocorre quando SCQ>20%. 
o Um componente importante do choque por queimaduras é o aumento 
da permeabilidade capilar total do corpo. 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
o O aumento dos valores do hematócrito que ocorre logo após a ocorrência 
de uma lesão grave por queimadura é resultado da translocação de 
líquidos e de proteínas nos tecidos queimados e não queimados. 
o Hipovolemia e Extravasamento de Líquidos: 
▪ A formação do edema frequentemente segue um padrão bifásico: 
• Aumento imediato do edema na área lesada com pico 
máximo em 6-8h; 
• Aumento gradual do edema na pele queimada e não 
queimada nas próximas 12-24h. 
o Mediadores da lesão de queimadura: 
▪ O HIPERMETABOLISMO é mediado por hormônios como 
catecolaminas, glucagon, e particularmente, cortisol. 
▪ O aumento da permeabilidade vascular pós-queimadura é 
mediado por histamina e inúmeras substâncias vasoativas e 
mediadores inflamatórios: 
• Principais mediadores inflamatórios na queimadura: 
✓ Histamina: Produzida pelos mastócitos, aumenta a 
permeabilidade capilar; 
✓ Serotonina: Produzida pelas plaquetas, aumentam 
a resistência vascular nos pulmões e amplifica os 
efeitos vasoconstritores da noradrenalina e 
angiotensina II; 
✓ Prostaglandinas: Metabólitos do ácido 
araquidônico, induzem a vasodilatação; 
✓ Bradicinina: Produzida pelos macrófagos, 
aumenta a permeabilidade capilar; 
✓ Tromboxane A2: Causa vasoconstrição e 
agregação plaquetária. 
 
▪ Zonas de lesão – ZONAS DE JACKSON: 
• Zona de Necrose ou Coagulação: necrose 
(irreversível) devido a coagulação protica onde não há 
células viáveis, localiza-se no ponto mais íntimo entre a 
fonte de energia e a pele, área central da lesão; 
• Zona de Estase: hipoperfusão (reversível), ocorre 
a vasoconstrição, isquemia, células viáveis e não viáveis. 
Pode evoluir para recuperação (área a ser salva com 
tratamento) ou para necrose – *Zona alvo de 
ressuscitação volêmica; 
• Zona de Hiperemia: vasodilatação (viável), zona 
mais afastada da fonte de energia, com vasodilatação, 
hiperemia e células viáveis. Apresenta melhor 
prognóstico e pode ser totalmente recuperado. 
 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
● CLASSIFICAÇÕES 
○ Classificação por CAUSAS 
• Queimadura Térmica: 
o Flash e Chama: 
▪ São a causa mais frequente de internação de adultos com 
queimaduras. 
▪ Em geral, a flash Burn atinge camadas progressivas da derme em 
proporção a quantidade e tipo do combustível que explode. 
▪ Em contraste com lesões do tipo flash, as queimaduras por 
chama são invariavelmente de derme profunda, se não forem de 
espessura completa por causa da exposição mais prolongada ao 
calor intenso. 
o Escaldo: 
▪ As queimaduras por água quente são a causa mais comum de 
internação de queimaduras pediátricas E frequentemente em 
idosos. 
▪ A profundidade do ferimento de escaldadura depende da 
temperatura da água, da espessura da pele e do tempo de 
contato. 
▪ Óleos de lubrificação quentes geralmente causam queimaduras 
dérmicas. 
o Contato: 
▪ O objeto tocado deve estar extremamente quente ou o contato 
for anormalmente longo (mais comum). 
▪ Geralmente vistos em pessoas com epilepsia ou aquelas que 
abusam de álcool ou drogas, ou idosos com perda da 
consciência. 
▪ Metais, plásticos, vidros quentes ou carvão em brasa. 
o Piche: 
▪ É feito a partir de derivados do petróleo e possuem um ponto de 
ebulição elevado, assim os acidentes com piche tendem a ser 
associados com as queimaduras mais profundas. 
• Queimadura Elétrica: 
▪ Baixa voltagem - <1000V; 
▪ Alta Voltagem - >1000V – mortalidade ate 21%; 
▪ Flash Burn - no qual não existe fluxo de corrente elétrica através 
do corpo do paciente; 
▪ Queimadura por frio. 
o A maioria das queimaduras elétricas são relacionadas ao trabalho. 
o Em lesões de alta voltagem, a vítima geralmente não permanece 
agarrada ao ondutor, muitas vezes esses pacientes são jogados para 
longe do circuito elétrico. 
o A principal causa de morte é a falência múltipla de órgãos secundaria à 
sepse de origem cutânea. 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
○ Classificação por PROFUNDIDADE (GRAU) 
▪ Avaliação clínica inicial: 
➢ Aparência da lesão; 
➢ Cor; 
➢ Sensibilidade tátil dolorosa; 
➢ Presença ou não de flictemas; 
➢ Umidade; 
➢ Enchimento capilar. 
 
◌ Primeiro Grau ou Superficial 
▪ Limitada à epiderme. 
▪ Eritematosas, dolorosas e não apresentam flictenas. 
▪ Geralmente em 5 dias sofre descamação e cicatriza espontaneamente sem 
sequelas. 
▪ Não provocam alterações clínicas ou hemodinâmicas. 
▪ Ex: QUEIMADURA SOLAR. 
 
◌ Segundo Grau 
▪ É dividida em superficial e profunda: 
• Superficial: até a derme superficial (papilar), flictemas 
(bolhas), úmida, hiperemia, dor intensa, empalidece quando 
sofre compressão. 
o Acomete a derme em sua camada mais superficial 
(papilar) com a formação de flictenas. 
o Quando flictena removidos percebe-se leito róseo, 
úmido e sensível. 
o Preenchimento vascular rápido. 
o Epitelização de forma espontânea geralmente entre 
2 e 3 semanas. 
▪ Ex: ESCALDADURA POR LIQUIDOS AQUECIDOS. 
• Profunda: até a derme profunda (reticular), flictemas áreas 
esbranquiçadas, dor menos intensa ou indolor e seca. 
o Acomete a derme em sua camada mais profunda 
(reticular) e grande parte dos anexos cutâneos. 
o Pode apresentar flictenas mas seu aspecto é moteado 
entre vermelho e branco logo após acidente. 
o Preenchimento capilar diminuído ou inexistente 
descrevendo fluxo sanguíneo comprometido. 
o Sensibilidade alterada (pouca dor). 
o Com a evolução lesão torna-se seca, esbranquiçada e 
sujeita a infecção. 
o Caso ocorra regeneração será ́acima de 3 semanas OU 
é candidata a excisão e enxertia. 
▪ EX: ESCALDO POR ÓLEO QUENTE. 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra– Universidade Nove de Julho 
 
◌ Terceiro Grau 
▪ Queimadura de espessura total, que envolve toda a pele (todas as camadas), 
podendo invadir tecidos mais profundos. 
▪ Aparência seca, endurecida (firme), com aspecto de ‘’couraça ou couro’’, 
mosqueada ou marmórea (queima as terminações nervosas), e deprimida. 
▪ Sem sensibilidade ao toque e sem nenhuma circulação. 
▪ Lesões devem ser removidas o quanto antes para evitar infecção e 
cicatrização patológica. 
▪ Vasos sanguíneos trombosados -> Sinal patognomônico. 
▪ EX: IMERSÃO COM ÓLEO QUENTE. 
 
❖ ESCAROTOMIA: indicada nas queimaduras de 3º ou 2º grau profundo em 
áreas circulares dos membros superiores ou inferiores ou torácica porque 
produzem compressão com diminuição do fluxo sanguíneo e retorno 
venoso. São incisões de descompressão para liberar artérias e veias da 
pressão causada pela constrição e edema. 
 
❖ FASCIOTOMIA: é um procedimento cirúrgico no qual a fáscia é 
cortada para aliviar a pressão (e tratar a perda de circulação em 
uma área de tecido ou músculo). É um procedimento de 
salvamento para membros quando utilizada para tratar a 
síndrome compartimental. 
 
◌ Quarto Grau 
▪ São lesões profundas e potencialmente fatais que se estendem através da pele até os 
tecidos moles subjacentes e podem envolver fáscias, músculos e ossos. 
▪ Perda funcional, muito comum em queimaduras elétricas de alta voltagem, indolor. 
 
◊ Lesão Inalatória 
▪ A inalação de fumaça provoca mais de 50% das mortes relacionada com o fogo. 
▪ Pacientes presos em ambientes fechados estão em maior risco 
▪ Avaliação deve ocorrer com laringoscopia e broncoscopia. 
* A radiografia não é sensível!!!! 
• Intoxicação por Monóxido de Carbono: 
o Afinidade da HB ao CO é200-250 vezes maior que pelo oxigênio. 
o O oxímetro de pulso não diferencia carboxi-hemoglobina da oxi-
hemoglobina e fornecerá resultados normais. 
o Devemos observar: 
▪ Coloração tipo framboesa da pele e mucosas; 
▪ Dispneia intensa e gasometria normal; 
▪ Acidose metabólica grave com aumento do lactato arterial. 
• TTO: oxigenoterapia a 100%. Se necessário a oxigenoterapia hiperbárica. 
 
 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
 
○ Classificação por EXTENSÃO 
▪ Cálculo da Superfície Corporal Queimada: 
• Esquema de Lund-Browder: 
o Método mais fidedigno, principalmente para crianças; 
o Variação de acordo com a idade do paciente: cabeça, coxa e perna; 
o Mais precisa, usada em CTQ. 
• Regra ‘’dos Nove’’ (Wallace): 
o Mais utilizado em casos de queimaduras extensas. 
o Se baseia no princípio de unidades anatômicas com áreas de superfície 
múltiplas de 9%: 
▪ Cabeça e pescoço: 9%; 
▪ Tronco: 18% cada lado (anterior e posterior); 
▪ MMSS: 9% inteiro (4,5% anterior e 4,5% posterior); 
▪ Genitália e períneo: 1%; 
▪ MMII: 18% CADA. 
✓ Regra da Palma da Mão: 
o Utilizada para queimaduras de pouca extensão ou que atinjam apenas 
partes dos segmentos corporais; 
o A palma da mão do paciente corresponde a 1% da sua superfície 
corpórea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
 
 
 
* Estimativa do tamanho da queimadura segundo a “regra dos nove" de Wallace. 
 
 
● Critérios de Internação 
• Lesão de 3 grau em mais de 2% em crianças; 
• Lesão de 3 grau em mais de 5% em adultos; 
• Lesão de 2 grau em mais de 10% em crianças; 
• Lesão de 2 grau em mais de 15% em adultos. 
 
✓ Espessura parcial > 10% SCT; 
✓ Qualquer queimadura de espessura total; 
✓ Queimaduras de face ou pé ou mão ou pescoço; 
✓ Queimadura de região perineal ou genitália→ maior risco de evoluir com 
complicações; 
✓ Queimadura circunferencial de extremidade ou tórax; 
✓ Queimadura por descarga elétrica; 
✓ Queimaduras químicas; 
✓ Lesão inalatória de fumaça ou lesão de via aérea; 
✓ Queimaduras menores concomitantes com traumas ou comorbidades. 
 
 
● Tratamento 
❖ Atendimento Inicial do Trauma 
▪ Lembrar que o paciente queimado frequentemente é um politraumatizado, devemos 
ter atenção a outras possíveis lesões e traumas sofridos por esse paciente. 
• Pré-hospitalar: 
o Remover o paciente da cena com segurança; 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
o Interromper o processo lesivo e o contato com a substância, como 
cintos, roupas, joias, relógio e metais diversos – podem reter calor e 
provocar constrição; 
o Suspeitar de lesão por inalação: suplementar O2 em máscara a 100%; 
o Água em temperatura ambiente pode ser vertida no ferimento nos 
primeiros 15 minutos. 
 
❖ Exame Primário: ABCDE 
• A: Permeabilidade da Via Aérea: 
o Na suspeita de lesão inalatória deverá ser feita intubação orotraqueal 
(via aérea definitiva) o mais rápido possível, pois esses pacientes 
evoluem com edema da região supraglótica de forma muito rápida e, 
consequentemente, obstrução de via aérea. 
o Suspeitar de lesão inalatória quando: queimaduras da face, vibrissas 
nasais chamuscadas, escarro carbonáceo, taquipneia e rouquidão. 
o Realizar a estabilização da coluna cervical. 
• B: Ventilação: 
o Queimadura circunferencial de tórax: fazer escarotomia (garantir a boa 
expansão torácica). 
o Intoxicação por monóxido de carbono (CO): fazer oxigenoterapia 
suplementar com máscara a 100%. 
o Intubação: 
▪ Orotraqueal; 
▪ Criotireoidostomia; 
▪ Traqueostomia. 
• C: Reposição Volêmica: 
o Uso preferencialmente de soluções cristaloides. 
o o Cálculos iniciais: 
▪ Fórmula de Parkland: 4ml/kg por % SCQ; 
▪ Fórmula de Brooke modificada: 2ml/kg por % SCQ; 
o Avalia-se a resposta do paciente a fluidospara medir a necessidade de 
administrar mais volume, visto que são pacientes que possuem a 
permeabilidade vascular muito aumentada, perdendo líquido para o 
terceiro espaço e ficando hipovolêmicos. 
o Infundir 50% nas primeiras 8 horas e os outros 50% nas 16 horas 
seguintes. 
o Manter a diurese entre 0,5 a 1 ml/kg/h. No trauma elétrico, manter a 
diurese em torno de 1,5 ml/kg/h ou até o clareamento da urina. 
• D: Neurológico: 
o Escala de coma de Glasgow e resposta pupilar. 
• E: Prevenir hipotermia: 
o O paciente queimado não tem a barreira natural da pele para proteger 
contra hipotermia, logo é necessário manter o paciente aquecido. 
 
❖ Exame Secundário 
▪ Avaliar localização, extensão e profundidade das feridas. 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
▪ Sonda vesical de demora: acompanhar reposição volêmica e perfusão através do 
débito urinário. 
▪ Sonda nasogástrica: descompressão gástrica. 
▪ Profilaxia de tétano nos casos indicados. 
• Escarotomias: 
▪ Fazer em queimaduras de 2º e 3º graus que apresentem alteração de 
perfusão; 
▪ Evitar isquemia de extremidades. 
 
• Fasciotomia: 
▪ Geralmente é necessária em pacientes com queimaduras 
mais profundas, principalmente naqueles que possuem 
queimaduras elétricas de alta voltagem. 
▪ O aumento da pressão nos compartimentos musculares (Sd. 
Compartimental) causa a compressão de nervos e vasos e, 
consequentemente, isquemia e perda do membro. 
 
❖ Tratamento das Feridas 
▪ 03 fases: avaliação, tratamento e reabilitação. 
▪ Limpeza e desbridamento da ferida com água e clorexidina degermante a 2% (na falta 
desta, usar sabão neutro). 
▪ Cobertura com curativo adequado: atadura de tecido sintético + sulfadiazina de prata 
a 1%, com objetivo de: 
o Diminuir colonização bacteriana e fúngica; 
o Manter posição funcional dos membros; 
o Diminuir perdas de calor, líquidos e eletrólitos; 
o Diminuir a dor. 
▪ Não utilizar antibióticos sistêmicos na fase inicial das queimaduras, somente os 
tópicos quando necessários. 
▪ Antibióticos sistêmicos são reservados para infecções confirmadas, o que pode correr 
dentro de alguns dias, sendo a principal causa de morte nesses pacientes. 
▪ Alguns sinais e sintomas de infecção em queimaduras: mudança da coloração da 
lesão, edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado, profundamento 
das lesões, mudança de odor, descolamento precoce da escara seca e transformação 
em escara úmida,coloração hemorrágica sob a escara, celulite ao redor da lesão, 
vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados), aumento ou modificação da 
queixa dolorosa. 
• Por profundidade: 
o 1º grau: hidratante + analgesia → Regenera; 
o 2º grau superficial: antibiótico tópico ou revestimento sintético ou biológico 
temporário → Restaura; 
o 2º grau profundo e 3º grau: excisão + enxertia → cicatriza; 
• Nutrição: 
o Hipermetabolismo: 200% taxa normal; 
o Reposição energética - fórmula de Curreri: 25kcal/kg/dia + 40kcal por % 
SCQ; 
o Reposição proteica: 1-2g/kg/dia; 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
o Via de administração: preferencialmente enteral ou, quando não é possível, 
parenteral. 
 
❖ Queimadura Elétrica 
▪ Identificar se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou 
contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. 
• Ferida de Entrada: porção do paciente em contato com maior voltagem, 
apresenta-se carbonizada, deprimida, podendo ocorrer a formação de bolhas e 
entumescimento ao redor. 
• Ferida de Saída: porção do paciente do menor voltagem, apresenta-se seca, 
deprimida, circunscrita e com aspecto de explosão. 
▪ Avaliar outros traumas associados. 
▪ Avaliar se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória no momento 
do acidente. 
▪ Exames laboratoriais: Gases sanguíneo e eletrólitos séricos (potássio) são mediadores 
importantes para guiar a terapia. 
o Se o K+ sérico estiver alto sugere necrose muscular extensa, sendo o 
desbridamento cirúrgico provavelmente realizado mais precoce. 
o A elevação da creatinina e creatinina fosfoquinase sugerem destruição tecidual 
maçica. 
▪ É mandatória a avaliação do status cardiorespiratório pela possibilidade de assistolia, 
FV ou parada respiratória. 
▪ O risco de rabdomiólise com IRA por mioglobinúria ou hemoglobinúria requer 
ressuscitação com grandes volumes de solução salina + manitol + alcalinização da urina 
para manter o débito em 2 ml/kg/h. 
▪ Alterações cardíacas são encontradas de 10 a 25% dos pacientes adultos após o 
acidente elétrico e a rabdomiólise pode levar ao aumento das enzimas cardíacas sem 
dano ao miocárdio. 
▪ Tratamento Cirúrgico: 
o RNM identifica focos de necrose tecidual profunda propiciando tratamento 
cirúrgico precoce. 
o Excisões tangenciais nos focos de necrose + sulfadiazina 1% para controle 
bacteriológico, após deve ser feita cobertura com enxertos autólogos. 
o As estruturas nobres devem ser cobertas por retalhos e os membros acometidos 
necessitam de escarotomia ou fasciotomia para liberação de vasos, nervos e 
musculatura edemaciada. 
* Queimadura elétrica sempre requer internação hospitalar sempre!!! 
 
❖ Tratamento da Dor: 
o Adultos: Dipirona 500mg a 1g em injeção endovenosa (EV) ou Morfina 1ml (ou 
10mg) + 9ml SF 0,9%, fazer de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso; 
o Criança: Dipirona 15-25 mg/kg em EV ou Morfina 10mg diluído em 9ml de SF 
0,9%, fazer de 0,5 a 1 mg para cada 10kg. 
 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
○ Reposição da Volemia 
▪ Infusões adicionais devem ser feitas para manter a PAS média acima de 70 mmHg e a 
diurese mínima: 
▪ de 0,5 a 1 ml/kg/h em adultos; 
▪ de 1,0-2,0ml/kg/h em crianças; 
▪ COLOIDES: deve ser iniciada apenas no 2 dia de evolução e/ou quando albumina sérica 
é inferior a 2g% repor: 
▪ 0,3 a 0,5 ml/kg/acq de uma solução coloide. 
▪ As crianças apresentam maior superfície corporal exposta que os adultos em relação 
ao seu peso e, portanto, maiores perdas pela superfície queimada. Necessitando de 
maiores volumes a serem infundidos. 
▪ Cálculo para reposição nas primeiras 24 h em crianças: 
▪ 100 ml/kg para os primeiros 10 kg; 
▪ 50 ml/kg para os subsequente 10-20 kg; 
▪ 20 ml/kg para os demais 20 a 30 kg. 
 
• Composição dos Fluídos: 
o Cloreto de sódio a 0,9%: tem osmolaridade de 308 mOsm/L (plasma 
humano 285-295 mOsm/L). 
▪ A grande quantidade de cloro oferecida pode levar a 
hipercloremia com aumento da acidose e consequente alteração 
da hemostasia – distúrbio da coagulação. 
o Ringer Lactato: 130 mEq/L de sódio + 109 mEq/L cloro + 4 mEq/L potássio 
+ 3 mEq/L de cálcio + 28 mEq/L lactato. 
▪ Tem osmoralidade é de 273 mOsm/L. 
▪ Apresentando melhor balanço eletrolítico. 
o Soro Glicosado a 5%: não é indicado pela sua hiposmolaridade e 
consequente aumento do edema. 
o Colóides (expansores de volumes): albumina, amidos e gelatinas. Usados 
após as primeiras 24 horas quando o paciente apresenta edema 
significativo, pois provoca expansão plasmática com redução deste 
edema. 
 
○ Nutrição 
▪ Deve ser iniciada idealmente 6h admissão (<24h) 
▪ Preferencialmente oral em SCQ < 20% ou associada a enteral em SCQ > 20%. A via 
parenteral é a última opção! 
▪ Realizar a antropometria do paciente para 
determinar a necessidade. 
❖ HIPERMETABOLISMO: suporte nutricional édecisivo na manutenção do sistema 
imune. O queimado necessita de maior aporte nutricional devido ao seu estado 
hipermetabólico a fim de prevenir infecção, acelerar cicatrização e reduzir o 
tempo de permanência hospitalar. 
 
 
 
 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
○ Alterações do Metabolismo 
• Alterações Cardiovasculares: a permeabilidade capilar éaumentada, levando à 
perda de proteínas intravasculares e de líquidos para o compartimento 
intersticial. 
o Ocorre VC periférica e esplênica. 
o A contratilidade miocárdica fica diminuída, possivelmente devido à 
liberação de fator de necrose tumoral. 
o Hipotensão sistêmica e em hipoperfusão de órgãos terminais. 
• Alterações Respiratórias: os mediadores inflamatórios causam 
broncoconstricção e pode ocorrer síndrome da angustia respiratória em 
pacientes adultos gravemente queimados. 
• Alterações Metabólicas: a taxa metabólica aumenta em até 3x o seu valor 
original. Isso, em combinação coma hipoperfusão esplênica, requer a 
alimentação enteral precoce e agressiva para diminuir o catabolismo e manter a 
integridade intestinal. 
• Alterações Imunológicas: ocorre regulação negativa inespecífica da resposta 
imune, afetando as vias mediadas por células e humoral. 
 
○ Uso de Antibiótico 
▪ ATB devem ser iniciados após suspeita de infecção: 
▪ Hipertermia > 38 graus; 
▪ Hipotermia < 36 graus; 
▪ Agitação, distensão abdominal; 
▪ Taquipnéia, taquicardia; 
▪ Diarréia; 
▪ Oligúria, modificação do aspecto da lesão; 
▪ Deve-se iniciar antibioticoterapia empírico após coleta de cultura, hemograma, 
gasometria, lactato raio-x tórax e urocultura se necessário. 
* Não usar antibiótico profilático! 
 
○ Curativos e Pomadas 
• Abertos: utilizado na face, pescoço e períneo, podendo ocorrer desconforto e 
prurido nas primeiras 48h , sendo mais confortável no calor. Possibilita 
observação contínua da ferida, porém com maior perda hídrica e de calor 
corporal. O paciente mantido imóvel e sob tenda. 
• Fechados: utilizado nos membros e troncos, permite a movimentação do 
paciente e isolamento do meio externo. Apresenta troca dolorosa de curativos. 
Intolerância ao calor. Tem a desvantagem de postergar o diagnóstico de infecção 
 
o Sulfadiazina de Prata: é a pomada de uso mais comum. Possui penetração 
intermediaria na ferida e um bom espectro antibacteriano. A atividade 
antimicrobiana dura 8-10 h e os curativos devem ser trocados duas vezes aos 
dias. * Leucopenia transitória 
o Acetato de Mafenida: possui excelente penetração em escaras e ação 
bacteriostática, previne infecções profundas. Frequentemente utilizado em 
orelha, auxilia contra a infecção da cartilagem. 
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho 
 
* Acidose metabólica pela inibição da anidrase carbônica. O efeito geralmente é 
observado após 3-5 dias. 
 
○ Tratamento Cirúrgico 
▪ O melhor momento para enxertar queimadura se encontra dentro dos primeiros cinco 
dias da lesão. 
❖ Desbridamento: a principal limitação para a remoção da pele morta em grandes 
queimaduras é a grave perturbaçãofisiológica causada pela perda de sangue 
rápida e abundante. 
▪ Em adultos, a perda sangue chega a 100ml para cada 1% de SCQ da pele 
desbridada. 
▪ Limitar sessões de desbridamento 10-20% da SCQ. 
▪ Cobertura com enxertos de pele parcial autólogo. 
 
 
● Prognóstico 
▪ Melhor prognóstico: Pacientes jovens, previamente hígidos com queimaduras 
superficiais menor que 40% SC. 
▪ Gravidade (Pior Prognóstico): 
➢ Extremos de Idade < 2 anos e > 65 anos; 
➢ Doença debilitante pré-existente; 
➢ Queimaduras profundas e ou > 40% SC; 
➢ Queimadura inalatória; 
➢ Traumas associados 
▪ Fórmula para prever taxa de mortalidade: 
➢ (SCQ de 3º grau) + (idade do paciente) = taxa de mortalidade (adiciona-se 20% 
se houver lesão por inalação); 
➢ Índice de 90 a 100 tem uma taxa de mortalidade de 50 a 70%. 
 
 
● Síndrome do Choque Tóxico 
▪ Ocorre em crianças após escaldaduras, geralmente sem bacteremia onde a área 
queimada pode ser pequena e geralmente de aparência limpa. 
▪ É causada pela absorção de uma endotoxina produzida pelo estafilococos 
▪ A mortalidade chega a 50%. 
▪ Geralmente tem como pródromos: 
➢ Febre maior que 39ºC; 
➢ Taquicardia; 
➢ Taquipneia; 
➢ Irritabilidade; 
➢ Linfopenia.

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