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1 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax As lesões do tórax são a principal causa de morte por trauma (1:4) - Alta mortalidade (8,4% a 47,5%) 90% traumas fechados + 70-85% traumas penetrantes = tratados sem cirurgia Uma das principais causas de morte evitáveis, uma vez que poderiam ser prevenidas com diagnóstico e tratamento precoce. Tipos de trauma: • Trauma contuso: + comum, < 10% precisam de operação • Trauma penetrante: 15 a 30 % precisam de operação Mecanismo do trauma: • Colisões (acidentes automobilísticos + motociclísticos) • Quedas • Lesões por prática de esporte • Lesões por esmagamento • PAF • PAB Conhecer: anatomia + fisiologia Diagnóstico: clínico + complementar Etiologia e Fisiopatologia As lesões torácicas são responsáveis por alterações da homeostase na ventilação e, concomitantemente ou não, na circulação. Seus resultados mais frequentes são: hipóxia, hipercapnia e acidose. • Hipóxia = [O2 ] nos tecidos hipovolemia, alteração na relação ventilação/perfusão pulmonar e alterações pressóricas intratorácicas. • Hipercapnia = ventilação inadequada alterações nas relações pressóricas intratorácicas e nível de consciência. • Acidose metabólica = hipoperfusão dos tecidos. Sinais e sintomas • Desvio de traqueia • Alteração na ausculta • Dispneia • Palidez cutânea + sudorese • Deformidade da parede torácica • Desconforto respiratório • Alteração na percussão • Simetria do tórax e lesões • Hipóxia • Dor torácica Lesões de trauma de tórax • Fratura de costela • Tórax instável • Contusão pulmonar • Pneumotórax • Hemotórax • Contusão cardíaca • Tamponamento cardíaco • Rotura traqueia/brônquio • Rotura de aorta • Asfixia traumática • Rotura do diafragma • Lesões esofágicas Outros • Fratura do esterno • Enfisema mediastinal • Insuficiência pulmonar pós-traumática Risco de Morte Imediata -Pneumotórax hipertensivo -Pneumotórax aberto -Tamponamento cardíaco -Hemotórax volumoso -Lesão na Árvore Traqueobrônquica -Obstrução de VA *Devem ser identificadas na Avaliação Primária Avaliação primária: • Via aérea: obstrução das VAs + Lesão traqueobrônquica 2 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax • Respiração + Oxigenação: pneumotórax hipertensivo + pneumotórax aberto • Circulação: hemotórax maciço + tamponamento cardíaco Pneumotórax Hipertensivo Fisiopatologia: • Entrada de ar no espaço pleural devido a uma lesão no parênquima pulmonar que permite a formação de uma válvula unidirecional • Ar entra mas não sai → ↑ pressão intrapleural → ↓ retorno venoso → ↓ DC = CHOQUE OBSTRUTIVO Diagnóstico = CLÍNICO • Dor torácica • Desvio de traqueia • Taquipneia • MV abolido • Dispneia • Tórax elevado (s/ respiração) • Desconforto respiratório • Estase de jugular • Hipotensão • Cianose (tardia) Tratamento: • Paracentese 2º EIC linha hemiclavicular / 5º EIC LAA e LAM • Toracotomia por dedo + Drenagem torácica: 4º ou 5º EIC anterior à LAM Pneumotórax Aberto Fisiopatologia • Lesão na parede torácica com pelo menos 2/3 do diâmetro da traqueia • Equilíbrio das pressões é imediato Quadro Clínico • Dor torácica • Taquipneia • Dispneia • MV abolido Conduta • Curativo de 3 pontas: colocar um material estéril sobre a lesão + fixa-lo em apenas 3 lados → deixa um lado livre → produz um efeito de válvula unidirecional • Drenagem torácica • Cirurgia = fechamento da lesão Hemotórax Maciço Fisiopatologia • Presença de sangue na cavidade pleural • Considerado maciço quando o volume de sangue > 1500ml ou 1/3 ou + do volume de sangue do doente na cavidade torácica • Etiologia: ferimentos penetrantes que dilaceram vasos sistêmicos ou hilares Quadro Clínico • MV abolido • Choque • Macicez à percussão Conduta • Drenagem torácica + reposição volêmica simultaneamente • 1º cristaloides → depois transfusão sanguínea (autotransfusão) • Toracotomia cirúrgica: indicada quando ocorre a drenagem imediata de 1,5 ml ou velocidade > 200ml/h por 2-4 horas 3 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax Pneumotórax Hipertensivo Hemotórax Maciço Ausculta ↓ ↓ Percussão Hipertimpânico Maciço Traqueia Desviada Colapsada Jugular Distendida Colapsada Tórax Expandido + imóvel Móvel Tamponamento Cardíaco Fisiopatologia: Acúmulo de fluído dentro do saco pericárdico → compressão do coração → comprometimento do enchimento + DC = CHOQUE RESTRITIVO Quadro Clínico: Tríade de Beck: PV elevada + hipovolemia + abafamento de bulhas (aula Elson) Tríade de Beck: hipotensão + estase de jugular + abafamento de bulhas • Sinal de Kussmaul • AESP • Pressão venosa durante a inspiração Diagnóstico: • Clínico • Ecocardiograma • FAST (90-99% dos casos) – Janela pericardica Tratamento: • Pericardiocentese (punção de Marfan) → não é definitivo + indicado uso de USG • Infundir fluído: ↑ PV + DC enquanto espera a cirurgia • Toracotomia de emergência / de reanimação (PCR) Sinais vitais Sinais de vida Pulso PA respiração Reflexo pupilar Mov. Ocular Reflexo de deglutição Atv. Motora involuntária Morto ao chegar - - Fatal - + Agônico Pulso filiforme PA ausente + Choque profundo + + Toracotomia de Reanimação – Indicações • Lesões torácicas penetrantes = sinais vitais ou sinais de vida antes da chegada ao PS + RCP < 15 minutos + descompressão de tamponamento cardíaco + hipotensão (PA < 80mmHg refratária à reposição volêmica • Hipotensão persistente pós-traumática devido a hemorragia intratorácica não responsiva a ressuscitação com fluídos • Hipotensão grave persistente com evidências de embolismo gasoso sistêmico ou tamponamento cardíaco (trauma contuso) Obstrução de Vias Aéreas Fisiopatologia: • Resulta do edema /sangramento/vômito que é aspirado para as VAs, interferindo na troca gasosa • Causada por lesão: trama torácico/ golpe no pescoço/ luxação posterior da cabeça clavicular Sinais e sintomas: • Dispneia • Retrações dos músculos intercostais + supraclavicular • Estridor • Enfisema subcutâneo • Alteração da voz/ rouquidão • Crepitação no pescoço anterior Conduta: • Aspiração das VAs • Retirada de corpo estranho • IOT Lesão na Árvore Traqueobrônquica Fisiopatologia • + comum numa distância de até 2,5cm da carina • Intubação pode causar ou agravar potencialmente uma lesão na traqueia ou brônquios proximais • Relacionada com grande força de desaceleração / laceração direta / transferência da lesão cinética com cavitação • Intubação pode causar ou agravar lesões Quadro Clínico • Hemoptise • Enfisema subcutâneo • Pneumotórax hipertensivo • Cianose • Fuga aérea pele dreno pleural Diagnóstico • Clínico (observar mecanismo do trauma) • Broncoscopia Conduta • Intubação cuidadosa • Intervenção cirúrgica imediata 4 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax Sem risco de morte imediata -Pneumotórax simples -Hemotórax -Contusão cardíaca -Ruptura Traumática de Aorta -Ruptura Traumática de Diafragma -Ruptura esofágica por trauma contuso -Tórax instável + contusão pulmonar *Identificados na avaliação secundária Avaliação secundária = exame físico + ECG + oximetria de pulso + gasometria arterial + raio-x + USG Fast + TC Pneumotórax Simples Fisiopatologia • Resulta da entrada de ar no espaço pleural, sem que haja instabilidade hemodinâmica • Laceração pulmonar com vazamento de ar = causa mais comum de pneumotórax de trauma contuso • Pode ocorrer tanto em traumas fechados quanto penetrantes Sinais e Sintomas • Percussão hipertimpânica • MV abolido unilateral • Tórax elevado + sem movimentos respiratórios • Dispneia Diagnóstico Radiografia + Clínica Conduta • Drenagem torácica com selo d’ água • Raio-x de tórax para confirmar posicionamento do tubo + reexpansão pulmonar Obs: SEMPRE fazer drenagem antesde anestesia geral, ventilação com pressão positiva e transporte aéreo Hemotórax Patologia + comum nos traumatizados de tórax – 90% hemotórax maciço Fisiopatologia • Acúmulo de sangue < 1500 mL no espaço pleural • Geralmente autolimitado + não requer intervenção cirúrgica • Ocorre devido a lesão pulmonar / grandes vasos / vasos intercostais • Pode estar associado a fratura de coluna torácica Sinais e sintomas • Dispneia • MV abolido unilateral • Percussão com macicez • Hipotensão/ hipovolemia Diagnóstico • Raio-x em posição ortostática + clínica Conduta • Drenagem torácica com tubo 28-32 French • Reduz o risco de hemotórax coagulado • Monitoramento contínuo da perda de sangue Tórax instável Fisiopatologia • Causado por impacto frontal no esterno ou parede lateral torácica. • Perda da continuidade de uma parte da caixa torácica • Ocorre quando 2 ou + costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos 2 lugares • Cria um retalho na parede torácica, que se move de forma independente e oposta ao restantes da caixa torácica (quando a parede torácica se expande, o retalho se retraia e vice-versa) • Funcionalmente manifesta-se pela respiração paradoxal = pressão torácica intratorácica ↓ durante a inspiração + Patm externa empurra a parede torácica para dentro. Quando a pressão intratorácica ↑ durante a expiração + parede torácica é empurrada para fora Sinais e sintomas • Dispneia • Crepitação do tórax • Dor ventilatório-dependente • Respiração paradoxal Diagnóstico • Raio-x • Clínica 5 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax Contusão pulmonar • Sangramento intersticial + alveolar • Ocorre associada à tórax instável ou isoladamente • Potencialmente letal • Leva a IR grave nas primeiras 8-24 horas Fisiopatologia • “Hematoma dentro do pulmão” • Sangue + fluidos se acumulam no tecido pulmonar, interferindo na ventilação e podendo levar a hipóxia Sinais e sintomas • Hipóxia (boa ventilação) • Esforço respiratório Diagnóstico • Raio-x • Clínica Conduta (tórax instável + Contusão pulmonar) - Administração de O2 umidificado - Ventilação adequada - Iniciar reposição volêmica (cuidadosa) - Analgesia → Narcóticos IV ou anestésico local (evita a depressão respiratória) - Intubação indicada quando o paciente apresenta hipóxia significativa – PaO2 < 60 mmHg ou SaO2 < 90% Observações: Crianças: geralmente contusão pulmonar isolada (menor concentração de cálcio nos ossos – costela vai e volta) Adultos: tórax instável + contusão pulmonar Idosos: contusão pulmonar fica semelhante a uma pneumonia Contusão cardíaca • VD: + lesado • Leva a ↓ DC + arritmias (taquiarritmias + ESV + FA) • Distúrbio de sistema condução elétrica • Ruptura valvular + Ruptura parede miocárdica Fisiopatologia • 50% ocorrem devido a acidente de carro/moto + atropelamento + queda > 6m • Principais repercussões: contusão do músculo cardíaco + ruptura cardíaca + dissecção e/ou trombose de artéria coronária + lesão valvar Diagnóstico • ECG (apresenta disritmia) • Ecocardiograma Sinais e sintomas • Hipotensão • Desconforto torácico • Arritmias • Palpitações • Anormalidade de mobilidade de parede (ECG) Conduta • Monitorar o paciente nas primeiras 24h (risco de arritmias súbitas) • Fármacos antiarrítmicos • Medicações que melhoram a função ventricular direita (inotrópicos e infusão de volume) O coração pode ser comprimido entre o esterno (quando o esterno para contra a coluna de direção ou o painel) e a parede torácica posterior Rotura de aorta • Diagnóstico difícil (choque inexplicável) • Mecanismo de desaceleração (cisalhamento) • Diagnóstico: RX + TC de tórax + Aortografia • Em 80-90% dos pacientes a exsanguinação completa para espaço pleural esquerda = óbito em 1h A ruptura de aorta por forças de cisalhamento ocorre na junção entre o arco aórtico e a aorta descendente Fisiopatologia • Causa + comum de morte súbita no trauma torácico • Ruptura incompleta da aorta (continuidade é mantida pela camada adventícia ou por um hematoma – sangue contido no mediastino) 6 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax Sinais e sintomas • Mediastino alargado • Desvio da traqueia para direita • Brônquio-fonte esquerdo baixo • Hemotórax à esquerda • Derrame extrapleural apical • Alargamento de faixa paratraqueal • Obliteração do cajado • Desvio do esôfago para direita • Brônquio-fonte direito elevado • Obliteração do espaço entre a Artéria pulmonar e Aorta • Fratura de escápula ou primeiros arcos costais • Alargamento das interfaces paraespinhais Diagnóstico • Raio-x de tórax • TC Conduta Vítima hemodinamicamente estável • Controlar a FC + PA com betabloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio (FC<80bpm e PAM<60-70mmHg) • Correção cirúrgica Vítima hemodinamicamente instável • Correção cirúrgica imediata Rotura do diafragma • 95% das hérnias traumáticas ocorrem do lado esquerdo • Fator mecânico (toracotomia traumática) Fisiopatologia • + comum do lado esquerdo (fígado “protege” o lado direito) • Lesões contusas = perfurações maiores + cursam com herniação • Lesões penetrantes = perfurações menores + permanecem assintomáticas por anos Quadro Clínico • Dispneia intensa + cianose + angustia respiratória + hipotensão + estase jugular + desvio do mediastino + assintomático (obstrução intestinal) • Elevação da cúpula diafragmática • Dilatação gástrica aguda • Hemopneumotórax loculado • Hematoma subpneumônico • MV abolido unilateral Diagnóstico • Raio-x: simples + contrastado • TC • Raio-x com contraste • Laparotomia • Toracoscopia A rotura diafragmática pode causar uma herniação do intestino ou outras estruturas através da laceração → compressão parcial do pulmão + IR Tratamento: • Toracotomia – correção cirúrgica Ruptura Esofágica por trauma contuso Fisiopatologia • Ocorre devido a uma expulsão forçada do contudo gástrico pelo esôfago → lesões lineares na musculatura → conteúdo vaza no mediastino e/ou espaço pleural → mediastinite e empiema Sinais e sintomas • Pneumotórax esquerdo • Hemotórax sem fratura de costelas • Dor ou choque desproporcional à lesão aparente • Saída de secreção salivar e/ou alimentar pelo dreno pleural Diagnóstico • Estudos contrastados (raio-x e/ou TC) • Endoscopia Conduta • Drenagem do espaço pleural e do mediastino • Toracotomia de emergência (sutura primária na lesão) • Correção cirúrgica Outras Lesões Fratura de costelas Lesões 1ª-2ª Lesões 3ª-8ª Lesões8ª-12ª As costelas 3 a 8 que são longas e finas, geralmente são formadas por compressão externa 7 Emergência @emanuellycardoso Trauma de Tórax Rotura de traqueia e brônquios Produz pneumotórax hipertensivo que pode ser refratário à descompressão 10% dos casos são assimétricas Leva à enfisema subcutâneo + enfisema de mediastino + dispneia intensa + cianose + hemoptise + pneumotórax O quadro pode ser grave e sugestivo em até 11% dos casos Asfixia traumática Trauma toracoabdominal fechado grave Máscara equimótica • Cianose de face + pescoço • Distensão das veias jugulares • Edema + hemorragia conjuntival Manifestações de Lesões Torácicas Enfisema subcutâneo • Ocorre devido a lesão nas vias aéreas + lesão pulmonar + lesão por explosão • Não precisa de TTO + sempre investigar lesões subjacentes Esmagamento torácico • Achados associados: pletora em tronco, faces e MMSS + petéquias secundárias à compressão aguda e transitória da VCS • Pode ser encontrado edema maciço + edema cerebral Fratura de arcos costais + esterno + escápula • Dor a movimentação resulta na restrição dos movimentos respiratórios = prejudica na ventilação + oxigenação + tosse • Fraturas da escapula e do primeiro ou segundo arco costal indica trauma de grande magnitude • Fraturas da escapula e esterno = decorrentesde impactos diretos • Fraturas dos últimos arcos costais = ↑ suspeita de trauma hepatoesplênico Toracotomia de urgência Saída de: 100 ml/h por 6 h ou + ↑ 1500 ml de uma só vez - Hemotórax maciço - Tamponamento cardíaco - Perfuração esôfago - Toracotomia traumática - Lesões de grandes VAs (traqueia/brônquios) - Rotura de diafragma Insuficiência respiratória Mecânica: • Rotura do diafragma • Obstrução das vias aéreas • Tórax instável Restritiva: • Pneumotórax • Hemotórax • Enfisema mediastino Intrínseca: • Pulmão de choque • Atelectasia congestiva • Insuficiência pulmonar pós-traumática
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